A temática é extremamente atual e os últimos minutos do filme deixam isso o mais evidente possível, para aqueles que depois de duas horas ainda não se tocaram. O roteiro consegue criar uma profundidade orgânica ao mostrar que o racismo não está apenas naqueles que emitem sua carteirinha de supremacista branco, mas se encontra diluído na sociedade como um todo, vindo à tona em pequenas atitudes e comentários.
Para um filme Star Wars, é bem farofa. Ele tem o mérito de canonizar muita coisa que ainda não era oficial, mas peca por querer mostrar acontecimentos demais sem dar a proporção e a profundidade necessárias.
"O mais legal sobre a confiança é que você pode simplesmente começar a agir assim, mesmo sentindo que não tem nem um pouco de confiança."
Eu já esperava um bom roteiro vindo do menino Burnham, que tem no currículo os dois melhores especiais de comédia stand-up já produzidos pela humanidade (pelo menos na opinião deste que vos fala, e que assistiu poucos especiais de comédia stand-up). Mas, ainda assim, fui surpreendido por uma história real e crua, que retrata toda a insegurança, solidão, incertezas e incompreensão que sofremos nesse período da vida. O roteiro não é apelativo para tornar os personagens mais interessantes e nem descamba para clichês batidos: a Kayla não é mais inteligente do que a idade sugere; a sua turma na escola não a humilha, na verdade nem a notam; e os adultos não têm todas as respostas. Isso gera um senso de identificação e empatia muito natural e quase instantâneo. E, como se não bastasse, a direção do Burnham também surpreende. Tanto nos posicionamentos de câmera, filmando as costas da Kayla quando ela vai encarar uma situação nova (como nas cenas da piscina e do shopping) ou fazendo long takes (como na cena do jantar com o pai), quanto na direção dos atores, retirando deles as interpretações realistas que o roteiro demanda.
Acho que a melhor palavra para descrever esse filme seja "sutileza". As atuações fazem com que o desenvolvimento dos personagens seja sutil; o ritmo da narrativa não se apressa, levando todo o tempo necessário para estabelecer o seu tom; e a própria atitude dos familiares do Lars, de sua psicóloga e dos habitantes da cidade acabam perdendo um pouco da verossimilhança para que a mensagem do filme seja passada de uma forma sutil, porém muito poderosa.
"Há poucas coisas mais heroicas no mundo do que ser pai... Quando se faz direito!"
Os Incríveis 2 era um dos filmes que eu mais aguardava para este ano e, infelizmente, agora ele é uma das maiores decepções até então. O primeiro filme está entre as minhas animações favoritas, e não só por causa da minha impressão enquanto criança: todos os personagens tinham profundidade, o vilão tinha uma motivação plausível e o roteiro era sólido. As minhas maiores críticas a esse segundo filme se inserem exatamente nessas três qualidades que o seu predecessor apresentou. Nem todos os personagens são aprofundados aqui, mesmo isso sendo mais fácil em uma continuação do que em um filme de origem. O Flecha, por exemplo, é reduzido a um pirralho enjoado, e o Gelado tem ainda menos para fazer nesse filme, mesmo tendo mais tempo de tela. O vilão é provavelmente o mais fraco de todos os filmes da Pixar, se encaixando na história apenas como uma justificativa para um twist previsível; e se tem uma coisa que sua motivação não é, é plausível. E, enfim, o roteiro. Assim como no primeiro, esse filme fala muito de relações familiares e tem um subtexto fácil de absorver sobre as funções retrógradas de pais e de mães em uma família, mas o eixo principal da narrativa simplesmente não faz sentido. Ainda é bom de acompanhar, afinal são os Incríveis de volta à ação, mas tudo se baseia mais na nostalgia do que na narrativa que está sendo contada. Como eu disse, Os Incríveis é uma das minhas animações favoritas, então eu não posso finalizar essa crítica sem antes destacar alguns pontos positivos também. Como já deve dar para perceber pelos comentários abaixo e, certamente, também acima do meu, o Zezé rouba a cena e é o melhor personagem do filme. A forma como os poderes de cada um são explorados, em especial o da Mulher-Elástica, são extremamente criativos; essa inclusive é a maior vantagem de um filme animado de super-heróis sobre um live-action: os poderes podem ser explorados até onde a imaginação quiser. E a inversão de padrões de gênero se encaixa muito bem à história contada: a própria sinopse já revela uma dessas inversões, mas elas estão ao longo de todo o filme, sendo representadas em quase todas as personagens femininas.
"– Isso nem sequer é humano! – Se não fizermos nada, nós também não somos."
Talvez seja falta de sensibilidade da minha parte, mas eu esperava bem mais do del Toro nesse filme. O subtexto contra a intolerância e a discriminação é forte e fácil de absorver, mas o roteiro em si deixa muito a desejar. Além de a história ser muito previsível (o que não chega a ser um problema, já que é bacana de acompanhá-la), os personagens são bastante caricatos (e isso sim é um problema). Achei os personagens da Octavia Spencer e do Richard Jenkins bem rasos (nem entendi as indicações ao Oscar que eles receberam, inclusive) e o vilão também é bem unidimensional (e esse é o ponto que mais me entristece, porque o Capitão Vidal, de O Labirinto do Fauno, é um dos meus vilões favoritos do cinema). Comentando sobre as 13 indicações que o filme recebeu: achei exagerado, como talvez já tenha dado pra perceber, pelo meu texto, mas algumas são muito justas e inclusive têm a minha torcida para levarem a estatueta. A principal é a indicação da Sally Hawkins (embora se a Frances McDormand levar eu vou ficar feliz também), e eu queria ver o Guillermo del Toro subindo no palco pelo menos uma vez, então ele poderia ganhar como melhor diretor ou como melhor roteiro original (mas apenas um dos dois, porque o outro é do Jordan Peele). Também vou achar merecido se levar melhor trilha sonora original (mesmo eu torcendo bastante pro Hans Zimmer), melhor fotografia e mais um ou outro prêmio técnico que eu não vou saber avaliar.
Sabe quando você assistiu Killer Joe e pensou: "Ué, até que esse Matthew McConaughey manda bem fora das suas comédias românticas"? É mais ou menos o que acontece aqui com Vince Vaughn... – Mas ele já mandou bem em Hacksaw Ridge também. – Sim, mas... – E eu também gostei dele em Into The Wild. – Tudo bem, talvez tenha sido um exemplo mal dado. O ponto é que o foco está todo nele aqui. Então você acaba percebendo que ele também manda benzão fora das suas "comédias ft. Owen Wilson". E a ótima atuação do Vaughn nem é o ponto mais alto do filme, que na minha opinião está no roteiro objetivo, nas cenas de luta e de gore e nos efeitos práticos propositalmente "mal feitos" que dão um charme a mais no todo. Só depois de terminar de assistir que eu fui procurar saber quem era o diretor e, pra minha surpresa, é o mesmo cara que dirigiu Bone Tomahawk, que foi direto pros meus favoritos em 2016. Então, tudo que posso fazer é te indicar entusiasticamente esses dois filmes e torcer para que esse tal de Zahler me surpreenda mais uma vez. E logo.
"– My dad says: "Those who can, do. And those who can't, supervise." – Your father is a hippie."
Nhé... Não achei que mereceu a indicação ao Oscar de melhor animação. Poderiam ter dado pra LEGO: Batman, já que esnobaram o The LEGO Movie em 2015. Ou então pra algum filme japonês (tinha cinco filmes do Japão naquela lista pré-indicação). Podiam dar até pra Carros 3, já que não há problemas em ter dois filmes da Pixar entre os indicados...
"Toda geração deve ter a chance de destruir o mundo."
Talvez você tenha as mesmas reações que eu ao assistir esse filme: você começa com a expectativa lá embaixo, afinal é mais um filme do Vin Diesel com nome genérico. Daí o filme começa e você repara nos efeitos especiais, na maquiagem e na caracterização do Vin Diesel, que passa fácil como guerreiro medieval: talvez você até cometa o erro de esperar um bom filme, afinal. Mas então ele vai pro futuro e lá estamos nós com o mesmo Vin Diesel careca de sempre e sua incrível habilidade de interpretar ele mesmo em todos os filmes. Depois disso você já está de volta à estaca zero e se perguntando por que escolheu assistir esse filme. Há ainda alguns highlights de esperança quando o Michael Caine, o Elijah Wood e a Rose Leslie aparecem em cena, mas nada que tire a história do buraco que o roteiro mal escrito, com seus furos e conveniências, cavou. Talvez você tenha a mesma dúvida que eu ao terminar de assistir esse filme: Será que esse já foi o pior que vou ver esse ano ou ainda vão conseguir superar?
"Não foi o que você fez, filho, que me irrita tanto assim. Foi com quem você fez."
Pela capa e sinopse você já percebe que originalidade não vai ser o ponto aqui. Esse é aquele tipo de filme que você já sabe pra onde vai depois dos primeiros minutos, mas o acompanha apreciando todo o seu desenrolar previsível e (prazerosamente) violento.
"América. Eles querem alguém para amar, mas também querem alguém para odiar."
Ah, cara, é tão bom ver esforço em cena! Um esforço genuíno de tentar contar essa história da melhor maneira possível, empregando todas as estratégias que podem ser empregadas, desde variações no formato da tela até inserções digitais de rosto, passando por piadas de humor negro, maquiagem de diferentes épocas dos personagens (com qualidade questionável) e quebras pontuais na quarta parede. Eu também acho que o filme poderia ser o décimo indicado pra melhor filme no Oscar desse ano, mas já acho justas as três indicações que ele recebeu.
"Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil."
Bem como eu imaginava: fiz bem em esperar pra ver esse filme sozinho, evitando as sessões de choro coletivo no cinema. Acabei perdendo a conta de quantas cenas me fizeram chorar, mesmo já conhecendo a história. Depois dos primeiros minutos o filme já me colocou naquele "mood" em que seus olhos ficam a um passo de marejarem, esperando só uma cena bonitinha acompanhada de um leve aumento na música para as lágrimas rolarem de vez. O filme é bem fantástico e utópico mesmo, mas acho que a intenção do filme não é ser realista e documentar as dificuldades do Auggie em frequentar a escola; em vez disso, o foco está todo na mensagem, no apelo por gentileza. O principal objetivo é mostrar que todo mundo tem suas dificuldades na vida e seus motivos para fazer o que faz, então, passando sua mensagem e te entretendo no processo, o filme poderia ser até ainda mais fantasioso que eu ainda estaria completamente dentro.
"– Quais são os seus superpoderes mesmo? – Eu sou rico."
Honesto. E digo isso com a pior das intenções. Tem lá seus momentos, como o Superman deslocado, a cena das amazonas, as piadas do Flash... Até a escolha de um "vilão menor" para esse primeiro filme (evitando ter que introduzir mais um personagem importante) é justificável. Mas, num contexto geral, esse filme ainda é muito fraco perto do que a Liga da Justiça é e merece. Se você parar pra listar, dá pra criticar tudo nesse filme, sobrando farpa até pros efeitos especiais. Então, sim, é um filme honesto, que respeita o universo DC dentro do pré-estabelecido pelos filmes anteriores, mas ainda está muito abaixo do que a Warner é capaz de fazer e, para a inflamação da úlcera dos DCzetes, muito abaixo também de qualquer um dos três filmes que a Marvel lançou no ano passado.
Eu sou um fã declarado de feel-good movies. Tanto que comecei a assistir esse filme achando que ele seria genérico e superficial, mas, antes mesmo da metade, já estava completamente envolvido, deixando escapar aquele sorrisinho de lado em alguns momentos e uma ou duas lágrimas em outros. Não é o melhor filme que você vai assistir no mês (se você tiver o hábito de assistir, sei lá, mais de dez filmes num mês), mas vale todo o seu engajamento emocional para absorver as mensagens que o filme passa.
"Meros códigos fazem uma pessoa. A, C, T e G. Todo o seu alfabeto, composto por apenas quatro símbolos. Eu sou apenas dois: 1 e 0."
Antes de mais nada: eu não gosto do Blade Runner original. Já o assisti umas três vezes quando era mais novo, li várias especulações na internet sobre a natureza do Deckard... Enfim, pra mim não rolou. Aqui nos é apresentada a mesma atmosfera cyberpunk, os mesmos planos contemplativos, alguns dos mesmos questionamentos, mas melhor trabalhados. Na minha opinião, Blade Runner 2049 não é só uma boa continuação, é uma continuação que consegue superar seu predecessor (mesmo com todo o hype acerca dele). Existem alguns furos no roteiro que não serão perdoados pelos fãs mais aficionados, mas eu consegui passar por cima sem grandes problemas.
Gostei muito de como eles inseriram toda essa discussão do Deckard ser humano ou replicante no personagem do K: ele começa como replicante, daí passa a questionar sua escravidão e se entende como humano, mas então lhe é revelado que ele é, de fato, um replicante. Só que, a essa altura, nada disso mais importa. No final, não fazia mais diferença se ele havia sido criado ou nascido, porque ele tinha consciência e podia fazer as próprias escolhas: e escolheu não seguir as ordens nem da Wallace, nem da resistência, se sacrificando em favor de outros e demonstrando uma qualidade que, teoricamente, define os humanos.
"Não tenha medo de falhar. Você devia ter medo de não ter a chance, mas você tem essa chance!"
Só vi acertos aqui. O maior deles, logicamente, foi obliterar qualquer vestígio que o segundo filme tenha deixado. Mas existem vários outros: ele reutiliza mecânicas que funcionaram no primeiro filme de maneira diferente, dá um final coeso para cada personagem, introduz novos personagens e os desenvolve bem, causa nostalgia na medida certa e finaliza passando uma mensagem maravilhosa. É um filme muito bem concebido. Feito tanto para crianças quanto para os fãs que cresceram assistindo o primeiro (e minhas expectativas só aumentam para Os Incríveis 2).
É só o segundo filme do ano, mas já derramei minhas primeiras lágrimas. O filme é cru e certeiro em suas críticas. Tem pelo menos duas cenas que não vão sair da minha cabeça tão cedo.
Infiltrado na Klan
4.3 1,9K Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 025 / 100 )
"All power to all the people!"
A temática é extremamente atual e os últimos minutos do filme deixam isso o mais evidente possível, para aqueles que depois de duas horas ainda não se tocaram. O roteiro consegue criar uma profundidade orgânica ao mostrar que o racismo não está apenas naqueles que emitem sua carteirinha de supremacista branco, mas se encontra diluído na sociedade como um todo, vindo à tona em pequenas atitudes e comentários.
Capuzes brancos: 8,6 / 10
Te Peguei!
3.3 238 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 024 / 100 )
"Nós não paramos de brincar porque envelhecemos, mas envelhecemos porque paramos de brincar."
A ceninha final, mostrando as pessoas que inspiraram o filme, foi melhor que o filme inteiro.
Disfarces: 3,3 / 10
Han Solo: Uma História Star Wars
3.3 638 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 023 / 100 )
"– I hate you.
– I know."
Para um filme Star Wars, é bem farofa. Ele tem o mérito de canonizar muita coisa que ainda não era oficial, mas peca por querer mostrar acontecimentos demais sem dar a proporção e a profundidade necessárias.
Dados: 5,9 / 10
Oitava Série
3.8 336 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 022 / 100 )
"O mais legal sobre a confiança é que você pode simplesmente começar a agir assim, mesmo sentindo que não tem nem um pouco de confiança."
Eu já esperava um bom roteiro vindo do menino Burnham, que tem no currículo os dois melhores especiais de comédia stand-up já produzidos pela humanidade (pelo menos na opinião deste que vos fala, e que assistiu poucos especiais de comédia stand-up). Mas, ainda assim, fui surpreendido por uma história real e crua, que retrata toda a insegurança, solidão, incertezas e incompreensão que sofremos nesse período da vida.
O roteiro não é apelativo para tornar os personagens mais interessantes e nem descamba para clichês batidos: a Kayla não é mais inteligente do que a idade sugere; a sua turma na escola não a humilha, na verdade nem a notam; e os adultos não têm todas as respostas. Isso gera um senso de identificação e empatia muito natural e quase instantâneo.
E, como se não bastasse, a direção do Burnham também surpreende. Tanto nos posicionamentos de câmera, filmando as costas da Kayla quando ela vai encarar uma situação nova (como nas cenas da piscina e do shopping) ou fazendo long takes (como na cena do jantar com o pai), quanto na direção dos atores, retirando deles as interpretações realistas que o roteiro demanda.
Pendrives do Bob Esponja: 8,2 / 10
A Garota Ideal
3.8 1,2K Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 021 / 100 )
"Como você soube que já era adulto?"
Acho que a melhor palavra para descrever esse filme seja "sutileza".
As atuações fazem com que o desenvolvimento dos personagens seja sutil; o ritmo da narrativa não se apressa, levando todo o tempo necessário para estabelecer o seu tom; e a própria atitude dos familiares do Lars, de sua psicóloga e dos habitantes da cidade acabam perdendo um pouco da verossimilhança para que a mensagem do filme seja passada de uma forma sutil, porém muito poderosa.
Flores de plástico: 7,7 / 10
Pequena Grande Vida
2.7 431 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 020 / 100 )
"What kind of fuck you give me?"
Essa é realmente uma ótima oportunidade de estrear a sua lista de "Não Quero Ver". Não a desperdice.
Rosas gigantes: 4,2 / 10
Os Incríveis 2
4.1 1,4K Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 019 / 100 )
"Há poucas coisas mais heroicas no mundo do que ser pai... Quando se faz direito!"
Os Incríveis 2 era um dos filmes que eu mais aguardava para este ano e, infelizmente, agora ele é uma das maiores decepções até então. O primeiro filme está entre as minhas animações favoritas, e não só por causa da minha impressão enquanto criança: todos os personagens tinham profundidade, o vilão tinha uma motivação plausível e o roteiro era sólido. As minhas maiores críticas a esse segundo filme se inserem exatamente nessas três qualidades que o seu predecessor apresentou.
Nem todos os personagens são aprofundados aqui, mesmo isso sendo mais fácil em uma continuação do que em um filme de origem. O Flecha, por exemplo, é reduzido a um pirralho enjoado, e o Gelado tem ainda menos para fazer nesse filme, mesmo tendo mais tempo de tela.
O vilão é provavelmente o mais fraco de todos os filmes da Pixar, se encaixando na história apenas como uma justificativa para um twist previsível; e se tem uma coisa que sua motivação não é, é plausível.
E, enfim, o roteiro. Assim como no primeiro, esse filme fala muito de relações familiares e tem um subtexto fácil de absorver sobre as funções retrógradas de pais e de mães em uma família, mas o eixo principal da narrativa simplesmente não faz sentido. Ainda é bom de acompanhar, afinal são os Incríveis de volta à ação, mas tudo se baseia mais na nostalgia do que na narrativa que está sendo contada.
Como eu disse, Os Incríveis é uma das minhas animações favoritas, então eu não posso finalizar essa crítica sem antes destacar alguns pontos positivos também. Como já deve dar para perceber pelos comentários abaixo e, certamente, também acima do meu, o Zezé rouba a cena e é o melhor personagem do filme. A forma como os poderes de cada um são explorados, em especial o da Mulher-Elástica, são extremamente criativos; essa inclusive é a maior vantagem de um filme animado de super-heróis sobre um live-action: os poderes podem ser explorados até onde a imaginação quiser. E a inversão de padrões de gênero se encaixa muito bem à história contada: a própria sinopse já revela uma dessas inversões, mas elas estão ao longo de todo o filme, sendo representadas em quase todas as personagens femininas.
Trajes: 6,8 / 10
A Forma da Água
3.9 2,7KPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 018 / 100 )
"– Isso nem sequer é humano!
– Se não fizermos nada, nós também não somos."
Talvez seja falta de sensibilidade da minha parte, mas eu esperava bem mais do del Toro nesse filme. O subtexto contra a intolerância e a discriminação é forte e fácil de absorver, mas o roteiro em si deixa muito a desejar. Além de a história ser muito previsível (o que não chega a ser um problema, já que é bacana de acompanhá-la), os personagens são bastante caricatos (e isso sim é um problema). Achei os personagens da Octavia Spencer e do Richard Jenkins bem rasos (nem entendi as indicações ao Oscar que eles receberam, inclusive) e o vilão também é bem unidimensional (e esse é o ponto que mais me entristece, porque o Capitão Vidal, de O Labirinto do Fauno, é um dos meus vilões favoritos do cinema).
Comentando sobre as 13 indicações que o filme recebeu: achei exagerado, como talvez já tenha dado pra perceber, pelo meu texto, mas algumas são muito justas e inclusive têm a minha torcida para levarem a estatueta. A principal é a indicação da Sally Hawkins (embora se a Frances McDormand levar eu vou ficar feliz também), e eu queria ver o Guillermo del Toro subindo no palco pelo menos uma vez, então ele poderia ganhar como melhor diretor ou como melhor roteiro original (mas apenas um dos dois, porque o outro é do Jordan Peele). Também vou achar merecido se levar melhor trilha sonora original (mesmo eu torcendo bastante pro Hans Zimmer), melhor fotografia e mais um ou outro prêmio técnico que eu não vou saber avaliar.
Ovos cozidos: 6,3 / 10
Trama Fantasma
3.7 804 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 017 / 100 )
"Kiss me, my girl, before I'm sick."
Glória Kalil curtiu isso.
Vestidos: 6,7 / 10
Confronto no Pavilhão 99
3.7 218 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 016 / 100 )
"South of ok. North of cancer."
Sabe quando você assistiu Killer Joe e pensou: "Ué, até que esse Matthew McConaughey manda bem fora das suas comédias românticas"? É mais ou menos o que acontece aqui com Vince Vaughn...
– Mas ele já mandou bem em Hacksaw Ridge também.
– Sim, mas...
– E eu também gostei dele em Into The Wild.
– Tudo bem, talvez tenha sido um exemplo mal dado.
O ponto é que o foco está todo nele aqui. Então você acaba percebendo que ele também manda benzão fora das suas "comédias ft. Owen Wilson".
E a ótima atuação do Vaughn nem é o ponto mais alto do filme, que na minha opinião está no roteiro objetivo, nas cenas de luta e de gore e nos efeitos práticos propositalmente "mal feitos" que dão um charme a mais no todo.
Só depois de terminar de assistir que eu fui procurar saber quem era o diretor e, pra minha surpresa, é o mesmo cara que dirigiu Bone Tomahawk, que foi direto pros meus favoritos em 2016. Então, tudo que posso fazer é te indicar entusiasticamente esses dois filmes e torcer para que esse tal de Zahler me surpreenda mais uma vez. E logo.
Cacos de vidro: 9,6 / 10
Fútil e Inútil
3.1 51 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 015 / 100 )
"– E se você dissesse: 'eu fui aquele que mudou a comédia para sempre, mas não pude mudar a mim mesmo'?
– Sério?"
Fútil e inútil. E superficial. E desinteressante. E sem graça.
Revistas: 3,0 / 10
O Poderoso Chefinho
3.4 521 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 014 / 100 )
"– My dad says: "Those who can, do. And those who can't, supervise."
– Your father is a hippie."
Nhé... Não achei que mereceu a indicação ao Oscar de melhor animação. Poderiam ter dado pra LEGO: Batman, já que esnobaram o The LEGO Movie em 2015. Ou então pra algum filme japonês (tinha cinco filmes do Japão naquela lista pré-indicação). Podiam dar até pra Carros 3, já que não há problemas em ter dois filmes da Pixar entre os indicados...
Chupetas: 5,8 / 10
O Último Caçador de Bruxas
2.8 534 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 013 / 100 )
"Toda geração deve ter a chance de destruir o mundo."
Talvez você tenha as mesmas reações que eu ao assistir esse filme: você começa com a expectativa lá embaixo, afinal é mais um filme do Vin Diesel com nome genérico. Daí o filme começa e você repara nos efeitos especiais, na maquiagem e na caracterização do Vin Diesel, que passa fácil como guerreiro medieval: talvez você até cometa o erro de esperar um bom filme, afinal. Mas então ele vai pro futuro e lá estamos nós com o mesmo Vin Diesel careca de sempre e sua incrível habilidade de interpretar ele mesmo em todos os filmes. Depois disso você já está de volta à estaca zero e se perguntando por que escolheu assistir esse filme. Há ainda alguns highlights de esperança quando o Michael Caine, o Elijah Wood e a Rose Leslie aparecem em cena, mas nada que tire a história do buraco que o roteiro mal escrito, com seus furos e conveniências, cavou.
Talvez você tenha a mesma dúvida que eu ao terminar de assistir esse filme: Será que esse já foi o pior que vou ver esse ano ou ainda vão conseguir superar?
Corações de bruxas: 2,1 / 10
Velozes e Furiosos 8
3.4 745 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 012 / 100 )
"– Por que estão todos atirando em mim?
– Eu não sei. Talvez porque você está numa Lamborghini laranja."
Carecas e furiosos 8.
Carecas: 3,4 / 10
John Wick: De Volta ao Jogo
3.8 1,8K Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 011 / 100 )
"Não foi o que você fez, filho, que me irrita tanto assim. Foi com quem você fez."
Pela capa e sinopse você já percebe que originalidade não vai ser o ponto aqui. Esse é aquele tipo de filme que você já sabe pra onde vai depois dos primeiros minutos, mas o acompanha apreciando todo o seu desenrolar previsível e (prazerosamente) violento.
Coleiras: 7,8 / 10
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 010 / 100 )
"América. Eles querem alguém para amar, mas também querem alguém para odiar."
Ah, cara, é tão bom ver esforço em cena! Um esforço genuíno de tentar contar essa história da melhor maneira possível, empregando todas as estratégias que podem ser empregadas, desde variações no formato da tela até inserções digitais de rosto, passando por piadas de humor negro, maquiagem de diferentes épocas dos personagens (com qualidade questionável) e quebras pontuais na quarta parede. Eu também acho que o filme poderia ser o décimo indicado pra melhor filme no Oscar desse ano, mas já acho justas as três indicações que ele recebeu.
Patins: 9,3 / 10
Esposa de Mentirinha
3.4 2,4K Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 009 / 100 )
"Tirando as piadas, a viagem foi de primeira."
Tirando as piadas, até que é um filme de segunda.
Cocos: 4,4 / 10
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 008 / 100 )
"Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil."
Bem como eu imaginava: fiz bem em esperar pra ver esse filme sozinho, evitando as sessões de choro coletivo no cinema. Acabei perdendo a conta de quantas cenas me fizeram chorar, mesmo já conhecendo a história. Depois dos primeiros minutos o filme já me colocou naquele "mood" em que seus olhos ficam a um passo de marejarem, esperando só uma cena bonitinha acompanhada de um leve aumento na música para as lágrimas rolarem de vez.
O filme é bem fantástico e utópico mesmo, mas acho que a intenção do filme não é ser realista e documentar as dificuldades do Auggie em frequentar a escola; em vez disso, o foco está todo na mensagem, no apelo por gentileza. O principal objetivo é mostrar que todo mundo tem suas dificuldades na vida e seus motivos para fazer o que faz, então, passando sua mensagem e te entretendo no processo, o filme poderia ser até ainda mais fantasioso que eu ainda estaria completamente dentro.
Capacetes de astronauta: 9,8 / 10
Liga da Justiça
3.3 2,5K Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 007 / 100 )
"– Quais são os seus superpoderes mesmo?
– Eu sou rico."
Honesto. E digo isso com a pior das intenções.
Tem lá seus momentos, como o Superman deslocado, a cena das amazonas, as piadas do Flash... Até a escolha de um "vilão menor" para esse primeiro filme (evitando ter que introduzir mais um personagem importante) é justificável. Mas, num contexto geral, esse filme ainda é muito fraco perto do que a Liga da Justiça é e merece. Se você parar pra listar, dá pra criticar tudo nesse filme, sobrando farpa até pros efeitos especiais.
Então, sim, é um filme honesto, que respeita o universo DC dentro do pré-estabelecido pelos filmes anteriores, mas ainda está muito abaixo do que a Warner é capaz de fazer e, para a inflamação da úlcera dos DCzetes, muito abaixo também de qualquer um dos três filmes que a Marvel lançou no ano passado.
Caixas Maternas: 5,5 / 10
Hector e a Procura da Felicidade
3.9 228PROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 006 / 100 )
"Listening is loving."
Eu sou um fã declarado de feel-good movies. Tanto que comecei a assistir esse filme achando que ele seria genérico e superficial, mas, antes mesmo da metade, já estava completamente envolvido, deixando escapar aquele sorrisinho de lado em alguns momentos e uma ou duas lágrimas em outros. Não é o melhor filme que você vai assistir no mês (se você tiver o hábito de assistir, sei lá, mais de dez filmes num mês), mas vale todo o seu engajamento emocional para absorver as mensagens que o filme passa.
Ensopados de batata doce: 8,8 / 10
Na Selva
3.5 228 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 005 / 100 )
"– Você salvou minha vida.
– E você salvou a minha."
Harry Potter também faz superhero landing!
Jangadas: 8,0 / 10
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 004 / 100 )
"Meros códigos fazem uma pessoa. A, C, T e G. Todo o seu alfabeto, composto por apenas quatro símbolos. Eu sou apenas dois: 1 e 0."
Antes de mais nada: eu não gosto do Blade Runner original. Já o assisti umas três vezes quando era mais novo, li várias especulações na internet sobre a natureza do Deckard... Enfim, pra mim não rolou. Aqui nos é apresentada a mesma atmosfera cyberpunk, os mesmos planos contemplativos, alguns dos mesmos questionamentos, mas melhor trabalhados. Na minha opinião, Blade Runner 2049 não é só uma boa continuação, é uma continuação que consegue superar seu predecessor (mesmo com todo o hype acerca dele). Existem alguns furos no roteiro que não serão perdoados pelos fãs mais aficionados, mas eu consegui passar por cima sem grandes problemas.
Gostei muito de como eles inseriram toda essa discussão do Deckard ser humano ou replicante no personagem do K: ele começa como replicante, daí passa a questionar sua escravidão e se entende como humano, mas então lhe é revelado que ele é, de fato, um replicante. Só que, a essa altura, nada disso mais importa. No final, não fazia mais diferença se ele havia sido criado ou nascido, porque ele tinha consciência e podia fazer as próprias escolhas: e escolheu não seguir as ordens nem da Wallace, nem da resistência, se sacrificando em favor de outros e demonstrando uma qualidade que, teoricamente, define os humanos.
Cavalos entalhados: 8,7 / 10
Carros 3
3.6 315 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 003 / 100 )
"Não tenha medo de falhar. Você devia ter medo de não ter a chance, mas você tem essa chance!"
Só vi acertos aqui. O maior deles, logicamente, foi obliterar qualquer vestígio que o segundo filme tenha deixado. Mas existem vários outros: ele reutiliza mecânicas que funcionaram no primeiro filme de maneira diferente, dá um final coeso para cada personagem, introduz novos personagens e os desenvolve bem, causa nostalgia na medida certa e finaliza passando uma mensagem maravilhosa. É um filme muito bem concebido. Feito tanto para crianças quanto para os fãs que cresceram assistindo o primeiro (e minhas expectativas só aumentam para Os Incríveis 2).
Decalques: 9,5 / 10
Eu, Daniel Blake
4.3 533 Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 002 / 100 )
"Eu, Daniel Blake, sou um cidadão. Nada mais."
É só o segundo filme do ano, mas já derramei minhas primeiras lágrimas. O filme é cru e certeiro em suas críticas. Tem pelo menos duas cenas que não vão sair da minha cabeça tão cedo.
Absorventes: 9,1 / 10