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Últimas opiniões enviadas

  • André Resende

    "Anatomia de uma Queda" é um filme sobre verdade. Ou melhor, sobre verdades. Ao contrário do que supomos, a verdade não é uma certeza, é a construção de uma possibilidade. Ou ainda um conjunto de sentimentos que são reais, verídicos, que carregam sentido e sentimento. A verdade só se materializa a partir da narrativa, e a narrativa é um constructo possível pela vivência de quem é o portador daquela verdade.

    A ideia da diretora, e roteirista, de levar a crise do relacionamento ao tribunal a partir da morte de Samuel é genial porque transporta esse conflito de verdades inerentes às crises conjugais ao julgamento fático, que é o campo jurídico. Que, na verdade, não ironicamente, é a limitação material da justiça. Os julgamentos dos tribunais se dão a partir de provas, não convicções, diferentemente do julgamento ético ou moral que fazemos da vida fora deles.

    Tudo no filme é muito bem pensado e nos leva a uma discussão de gênero, de permissões, de inversões de papéis, de questionamentos éticos. E a conclusão é lógica, materialmente coerente. O que necessiamente não significa justa, partindo de uma premissa que aborda também as conjunturas, as deduções e as convicções amparadas em fatos. Um filme muito bem feito, um filme para ser visto, discutido e recomendado.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    O resultado do julgamento não descerra a verdade sobre o caso em si. Ele cristaliza uma verdade. A verdade material e, materialmente, é uma verdade justa. Não haviam provas suficientes que encriminassem Sandra para além das suposições com base na forma abusiva que se definhava a relação desde o acidente com Daniel. Porém, é preciso se atentar a algumas situações que são pontos de virada da narrativa.

    A primeira delas é o segundo depoimento de Daniel. A personagem, diante de todo desgaste causado pela briga dos pais, precisou desenvolver ao longo desses anos uma maturidade precoce. Comportamento que se prova no "experimento" que testa no seu cachorro para testar por tabela a versão da própria mãe, bem como na sobriedade de pedir que a mãe não ficasse na mesma casa que ele antes do seu depoimento. Vemos aqui um amadurecimento precoce do menino (que já estava suportando toda situação pública de sua própria vida em um nível teoricamente insuportável para tão pouca idade). Verdade também é o que escolhemos acreditar, por isso é construção de possibilidade. Ele escolheu acreditar que o pai realmente havia tentando suicídio a partir da associação do vômito e do cachorro, da mesma forma que a conversa da ida ao veterinário se tratava de uma metáfora do próprio pai se despedindo dele. Poderia ter decidido acreditar que o vômito era um envenenamento e que a conversa sobre brevidade da vida era estrita ao cachorro, mas, ao fazer isso, estaria validando a culpa da mãe na morte do pai, o que, insconscientemente, resultaria na perda de um outro tutor (a mãe seria presa e ele provavelmente cresceria por alguns anos sem pai e sem mãe).

    O segundo ponto, e esse aqui eu considero um ato falho, é a conversa que Sandra mantém com o advogado, agora amigo, após a absolvição. Um inocente, em toda sua certeza, não deveria questionar se o vencer, ou a vitória em si, é insuficiente. O inocente que recebe absolvição exulta a justiça, não deveria haver espaço para questionar a moral da vitória nesta altura. Não digo que Sandra de fato foi a responsável pela morte de Samuel, porque materialmente é insuficiente e porque o próprio filme constrói essa narrativa para que haja a dúvida (e o debate), mas, mesmo que tenha sido de fato um suicídio, a protagonista acusa algum nível de culpa (mesmo se mostrando extremamente egoísta e narcísica), a questão é: a culpa que carrega é pelo fato de ter cometido o crime e saído impune ou de saber que a forma dura como desgastou a relação com marido após o acidente com o filho foi a consequência do suicídio. Nunca saberemos, lidemos com a dúvida e com a condição material (e inconclusiva) das verdades.

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  • André Resende

    Talvez seja um dos filmes mais geniais que eu assisti. Acho que poucos diretores conseguem praticar um suspense/terror psicológico como Lynch. A forma como manipula imagens e sons para criar ambiências que prendem o espectador é genial. O filme é sobre ilusão e realidade, sonho e verdade. Ou tudo junto. Um consciente inconsciente. O filme é um primor. Clássico.

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  • André Resende

    Desenvolveu outras faces das personagens, aprofundou as narrativas, trouxe mais humanidade aos protagonistas. Mas a grande mensagem da temporada (que deveria ter terminado com a revanche de 85 haha) é o tensionamento entre coletivo e indíviduo, ego e compaixão. É uma temporada também sobre poder e as consequências do uso de quem o detém. Ótima temporada (pena que cancelaram, porém, entendo que a questão da representação de personagens da vida real seja realmente complexo e gere algum desgaste na produção dos roteiros)

    PS.: A parte do "suave" de Westhead com Magic se tornou na minha cena favorita de toda série =)

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