"Anatomia de uma Queda" é um filme sobre verdade. Ou melhor, sobre verdades. Ao contrário do que supomos, a verdade não é uma certeza, é a construção de uma possibilidade. Ou ainda um conjunto de sentimentos que são reais, verídicos, que carregam sentido e sentimento. A verdade só se materializa a partir da narrativa, e a narrativa é um constructo possível pela vivência de quem é o portador daquela verdade.
A ideia da diretora, e roteirista, de levar a crise do relacionamento ao tribunal a partir da morte de Samuel é genial porque transporta esse conflito de verdades inerentes às crises conjugais ao julgamento fático, que é o campo jurídico. Que, na verdade, não ironicamente, é a limitação material da justiça. Os julgamentos dos tribunais se dão a partir de provas, não convicções, diferentemente do julgamento ético ou moral que fazemos da vida fora deles.
Tudo no filme é muito bem pensado e nos leva a uma discussão de gênero, de permissões, de inversões de papéis, de questionamentos éticos. E a conclusão é lógica, materialmente coerente. O que necessiamente não significa justa, partindo de uma premissa que aborda também as conjunturas, as deduções e as convicções amparadas em fatos. Um filme muito bem feito, um filme para ser visto, discutido e recomendado.
O resultado do julgamento não descerra a verdade sobre o caso em si. Ele cristaliza uma verdade. A verdade material e, materialmente, é uma verdade justa. Não haviam provas suficientes que encriminassem Sandra para além das suposições com base na forma abusiva que se definhava a relação desde o acidente com Daniel. Porém, é preciso se atentar a algumas situações que são pontos de virada da narrativa.
A primeira delas é o segundo depoimento de Daniel. A personagem, diante de todo desgaste causado pela briga dos pais, precisou desenvolver ao longo desses anos uma maturidade precoce. Comportamento que se prova no "experimento" que testa no seu cachorro para testar por tabela a versão da própria mãe, bem como na sobriedade de pedir que a mãe não ficasse na mesma casa que ele antes do seu depoimento. Vemos aqui um amadurecimento precoce do menino (que já estava suportando toda situação pública de sua própria vida em um nível teoricamente insuportável para tão pouca idade). Verdade também é o que escolhemos acreditar, por isso é construção de possibilidade. Ele escolheu acreditar que o pai realmente havia tentando suicídio a partir da associação do vômito e do cachorro, da mesma forma que a conversa da ida ao veterinário se tratava de uma metáfora do próprio pai se despedindo dele. Poderia ter decidido acreditar que o vômito era um envenenamento e que a conversa sobre brevidade da vida era estrita ao cachorro, mas, ao fazer isso, estaria validando a culpa da mãe na morte do pai, o que, insconscientemente, resultaria na perda de um outro tutor (a mãe seria presa e ele provavelmente cresceria por alguns anos sem pai e sem mãe).
O segundo ponto, e esse aqui eu considero um ato falho, é a conversa que Sandra mantém com o advogado, agora amigo, após a absolvição. Um inocente, em toda sua certeza, não deveria questionar se o vencer, ou a vitória em si, é insuficiente. O inocente que recebe absolvição exulta a justiça, não deveria haver espaço para questionar a moral da vitória nesta altura. Não digo que Sandra de fato foi a responsável pela morte de Samuel, porque materialmente é insuficiente e porque o próprio filme constrói essa narrativa para que haja a dúvida (e o debate), mas, mesmo que tenha sido de fato um suicídio, a protagonista acusa algum nível de culpa (mesmo se mostrando extremamente egoísta e narcísica), a questão é: a culpa que carrega é pelo fato de ter cometido o crime e saído impune ou de saber que a forma dura como desgastou a relação com marido após o acidente com o filho foi a consequência do suicídio. Nunca saberemos, lidemos com a dúvida e com a condição material (e inconclusiva) das verdades.
Talvez seja um dos filmes mais geniais que eu assisti. Acho que poucos diretores conseguem praticar um suspense/terror psicológico como Lynch. A forma como manipula imagens e sons para criar ambiências que prendem o espectador é genial. O filme é sobre ilusão e realidade, sonho e verdade. Ou tudo junto. Um consciente inconsciente. O filme é um primor. Clássico.
Tem humor satírico, tem pedagogia de classe, tem aprofundamento do debate de gênero e da futilidade contemporânea. Diálogos bem construídos e bem montados.
Um diálogo relativamente simples mostrou a inteligência de Ostlund. A discussão entre Yaya e Carl no elevador ganhou muito mais sensibilidade pela inteligência do diretor. Aliás, que grata surpresa o trampo desse sueco.
A sensação que eu tive quando terminei é de que na questão de gênero, o filme aprofunda a mensagem em Midsommar.
Filme muito bem feito e pungente nas discussões contemporâneas.
Pra um filme transmitir exatamente a ambientação onde a protagonista está inserida não precisa ser arrastado, enfadonho. A narrativa simplesmente não prende. Não instiga você a imaginar o que vem em seguida na trama. Não envolve o espectador.
É só um suspense psicológico em uma história de vida comum a tantas trabalhadoras e trabalhadores, um suspense vazio, que não se apega de onde vem, nem pra onde vai. Muito difícil de construir uma empatia com a personagem.
Conta com alguns easter eggs, em alguns outros momentos você vê um cuidado na montagem da cena, os planos longos, mas é preciso muita boa vontade para ir além e dar uma chance do filme acabar...
Quando você não consegue construir uma narrativa que proporcione UM plot twist decente, você precisa sair soltando plot twists como quem tá salgando comida.
Narrativa forçada, inverossímil em vários aspectos. Gasta muito tempo para construir as personas dos protagonistas, e pouquíssimo tempo pra enfiar goela abaixo uma sequência de plot twists que deixa o enredo ainda mais absurdo.
Um puta "metafilme", mostrando uma versão alternativa (ou não) do mundo underground de Hollywood. Cheio de referências a filmes e diretores clássicos. Mas o grande trabalho em torno do filme é a forma como o diretor constrói a narrativa como se o protagonista estivesse o tempo todo na iminência de abrir uma fenda e acessar uma realidade paralela,
quando no fundo, toda paranoia em torno dos códigos, levou a uma "seita", que não chega a ser uma outra dimensão, mas de fato é algo tão recluso e envolve tantos ilícitos que acaba sendo, de certa forma, uma realidade alternativa.
"Ain mas deixou ponta solta". "Ain mas e aquela parte lá que ficou sem explicação...". Então, jovem, alguns trechos do filme foram feitos justamente pra fornecer experiências que não são, necessariamente, ajudar a fechar a história do arco principal. A geração "Marvel x DC" dos cinemas precisa (re)aprender a ver filme. Pensei que o "homem-aranha" como protagonista fosse ajudar nessa pedagogia....
Faltou se aprofundar no enredo de forma que o filme passasse alguma mensagem. O roteiro se perde muito nas relações pessoais da família protagonista e ainda assim na profundidade de um pires. Fazendo muita força, você encontra uma moral no filme, mas o desfecho da história não comove, não causa impacto, não gera sentimentos. Uma narrativa bem interessante, numa ambientação razoavelmente explorada nos filmes de ficção científica, mas muito mal desenvolvida.
Incrível como usando praticamente só dois personagens em um ilha, numa filmagem P&B, o diretor conseguiu contar tanta coisa em uma única narrativa (relação dos dois vigias do farol) e com tanta riqueza de hipertextualidade com a mitologia grega.
Um filme fundamental pra entendermos a composição de classes nos países sulamericanos, mas, ainda mais fundamental pra entendermos que golpes e ditaduras militares não brotam do nada. É preciso primeiramente lastro popular, depois a evolução das modulações do Estado de exceção, passando desde a antipatia velada com padres por serem "vermelhos demais" até passeatas públicas com direito às batidas de panelas (!?).
A História mostra. A plenitude da beleza da Democracia nos países com governos progressistas é diretamente proporcional à certeza de que a durabilidade desses tempos é curta pela intolerância das elites sulamericanas, oligárquicas e escravagistas em sua maioria.
Com perdão do trocadilho, mas Machuca deixar o coração da gente doído por mostrar tanta semelhanças com a história que vivenciamos neste Brasil dos últimos tempos...
Parasita mostra que dá pra fazer cinema de crítica social fora do luga comum. Um filme completo, cheio de momentos que fazem refletir sobre as complexidades sociais do mundo capitalista e logo depois entrega cenas cômicas ou de suspense que nos fazem esquecer que o filme se trata eminentemente de uma cinema "social".
De todas as mensagens deixadas por Parasita, a mais forte é a do cheiro. Não importa o que você faça, quão próximo da elite você seja, o quanto de acesso que tenha a privilégios, o seu cheiro (enquanto metáfora de uma barreira social quase invisível) vai tratar de recolocar você ao lugar que pertence.
História tão forte com execução incompatível. A edição, os cortes abruptos na narrativa, fragmentos dos acontecimentos como forma de fazer o expectador interpretar da sua forma tira o impacto dos fatos.
A morte de Yuki foi atenuada na montagem de cenas. Não sei se era a ideia de passar minimalismo ou foi preguiça mesmo do diretor.
Atuação das crianças é um primor. A trama do protagonista, Akira, é muito legal, mas também causa menos impacto do que deveria.
Ainda que o diretor tivesse a intenção de causar uma expectativa para o desenrolar da história em quem assiste ao filme, numa eterna espera de uma virada de chave que nunca chega (assim como os meninos esperam pela volta da sua mãe), o andamento do filme deixou a desejar.
Quem não entendeu, devia tá sóbrio. Maravilhosa história sobre morte, pós-vida e vida. Gaspar Noé dá uma aula de como narrar com as câmeras a viagem de um espírito quando desencarna. Tempo circular, a vida como energia e um conceito sucinto de reencarnação. Cinema de arte, não de comércio. Gaspar Noé é foda!
O documentário “Nunca Me Sonharam”, de 2017, apresenta um recorte verossímil e plural da realidade da educação básica no Brasil no que diz respeito em ensino público, especificamente. Montado a partir de depoimentos de estudantes, professores e gestores de escolas de pelo menos quatro regiões do país, o filme apresenta uma narrativa plural na qual é exposto um problema complexo, multifacetado e histórico. Ainda que passível de edição e de uma curadoria das informações a serem retratadas, a direção expõe com honestidade o panorama nas escolas públicas. Relatos que evidenciam desafios semelhantes, muitas vezes uníssonos, embora os depoimentos sejam de jovens e profissionais de pontos geograficamente opostos, extremos culturalmente. Ao passo que dá voz aos estudantes (enquanto adolescentes e jovens), em suas inquietudes e inseguranças, o documentário tenta inserir o espectador dentro da instabilidade emocional dos alunos. Da mesma forma age com os professores e diretores, uma vez que, registra o esforço dos profissionais para driblar as adversidades encontradas na seja perante a falta de recursos, seja pela própria dificuldade em gerir pessoas imaturas e eventualmente intransigentes. “Nunca Me Sonharam” é um trabalho visualmente bonito, construído na simbiose harmônica de depoimentos lúcidos e fotografia esmerada. Um trabalho fundamental para se entender o estágio da educação básica no Brasil do Séc. XXI e traçar planos para reverter as agruras da área.
Um filho de um imigrante italiano. Um afrodescendente, ao mesmo tempo. Um nordestino. Um homem de origem pobre. E o maior nome da resistência armada na ditadura civil-militar brasileira unia quase todos os grupos oprimidos. O líder revolucionário que o Brasil precisava, mas que à época não quis. Um filme que, além de documento histórico rico, é um pedido de desculpas e um "muito obrigado" do Brasil ao talvez maior quadro da esquerda brasileira.
O filme inteiro é uma metalinguagem entre o real e o ficcional. E por isso, tudo que se comentar a respeito de furos na construção do roteiro, será justificado do ponto de vista dessa relação. Nada está fora do lugar, ao meu ver. Direção certeira de Haneke. Praticamente sem cenas explícitas de violência, mas de um terror psicológico que perturba o espectador. Um bom filme, numa pegada mais comercial, mas com pitadas de um cinema mais artístico.
Paul é inserido por Haneke como detentor do poder de migrar entre o ficcional do próprio filme e o real de quem assiste. Tanto que é o único a quebrar a 4ª parede (falar diretamente com o espectador) e o responsável por mudar o rumo do filme na cena do controle. O diálogo entre Paul e Peter no barco, na cena da morte de Anna, é a síntese da mensagem do filme.
A montagem onde o ficcional e o real se misturam é feita com autoridade por Haneke. As vítimas dos dois sádicos são famílias ricas, pessoas que ocupam na sociedade da nossa realidade uma vida praticamente ficcional. As cenas mais importantes tem uma fluidez lenta, para passar uma visceralidade e uma crueza genuinamente reais.
No geral, um bom filme de terror psicológico de um diretor que sempre traz boas discussões.em seus trabalhos.
Filme extramente singelo, mas que fala de amor, em todas as suas vertentes, com uma riqueza de significado tremenda. O romance juvenil em paradoxo ao adulto, o bromance, o amor entre pai e filho. Talvez o desfecho da trama tenha deixado uma sensação de forçação de barra, mas não comprometeu o filme em si. Acredito que os que acharam o filme cansativo se deixaram levar pela tradução tosca brasileira, afinal não se trata de um filme de ação, ou muito menos de um romance.
Mais um bom filme da ótima nova fase de McConaughey.
Pode até ter sido supervalorizado, mas chamar de enfadonho é não ter a mínima sensibilidade para entender que se trata de um filme de drama. O elenco é estelar, as personagens são caricatas, há pitadas de humor e tensão policial, mas não é um blockbuster apenas com objetivo de render gargalhadas para matar o tempo de quem assiste.
É um filme que faz pensar, que questiona valores e verdades. Como aliás foi o anterior de Russell. Também supervalorizado e diretamente aclamado por quem assistiu (vai vê que era porque tinha um romancezinho no meio, né).
A montagem de Trapaça foi muito bem construída. Soube retratar a corrupção de várias formas, sob várias óticas das personagens, trazendo inquietações. Existe a possibilidade de corromper por um bem maior? O fato de ser corrupto já o torna em uma pessoa má? Há uma profundida filosófica no roteiro que talvez tenha passado despercebida por grande parte das pessoas que assistiram acreditando ser apenas um filme pipoca com atores do hype.
A direção de Russell foi decente. Soube costurar as histórias complexas dos personagens sem que o espectador se perdesse com o avançar da trama.
Trapaça é um bom filme, mais uma prova de que a média do Filmow nem sempre é coerente com o que de fato a obra é.
Não é, tecnicamente, um filme para levar Oscar (mesmo sabendo que o prêmio é mais político que técnico), mas sua indicação foi digna.
Padilha, o mestre em transformar filmes que poderiam ser ações rasteiras em clássicos filosoficamente e socialmente densos. Fui assistir a Robocop esperando um filme "político" e foi exatamente o que vi.
Padilha fez mais do mesmo, só que com um orçamento largo e com uma estrutura de divulgação hollywoodiana. Lembro pouco dos primeiros Robocops, mas depois desse eu tenho certeza que qualquer um dos anteriores parecerá meio vazio.
Foi lindo ver um filme bancado por norte-americanos, remake de um clássico norte-americano, criticando "verdades" norte-americanas.
Ótimo filme pela história em si, pela direção "extrassensorial" de Greengrass e por mais uma aula de atuação de Tom Hanks. Mas a mensagem moral, de uma maneira geral, não busca em mostrar o contraponto da trama.
Configuram os piratas como os inimigos, mas não apresentam o porquê daquela atitude. Mostrar um trechinho dos piratas se arregimentando na Somália não cumpre esse papel. Em um ou outro diálogo entre Muse e "Irish" é possível, sim, notar uma nuance do tal contraponto, mas algo muito superficial para um tema tão complexo.
Vale a pena pela direção e atuação magistrais, mas fica uma sensação de que o filme poderia ter sido melhor contextualizado no aspecto social. Ainda prefiro DiCaprio a Hanks e Scorsese a Greengrass neste Oscar.
Joseph faz você pensar que se trata de mais filme vazio, mas prova o contrário no desfecho da história. Pode não parecer, mas é SIM uma comédia romântica. Aliás, uma boa comédia romântica, com questões reais que envolvem um relacionamento nos dias de hoje, sem aquela baboseira sentimentalista que faz sucesso.
Ele consegue fazer um paralelo entre o amor real e a mera desejo sexual, mostrando como essa diferença interfere diretamente nas atitudes de uma pessoa. Assim como questiona a escassez de amor diante da pressão vinda de todos os lados em buscar o prazer sexual emocionalmente vazio.
A prova de que a média do Filmow nem sempre condiz com o que o filme de fato é.
A melhor coisa é ver a revolta das "Barbara Sugarman" da vida real se decepcionando com o final. Só não gostou quem curte romance unilateral.
Tony Kaye e David McKenna foram geniais. O P&B cirurgicamente usado para reforçar o contraste em torno do racismo. Os diálogos, cada fala no filme tem relevância, evitando que a inquietação trazida como principal não seja sobreposta por outra secundária. Ao passo que o perfil de cada personagem é muito bem construído e inserido naturalmente na trama. Não achei Norton tão brilhante quanto em Clube da Luta (que seria lançado um ano depois) mas ainda assim uma atuação de impacto. Um filme para ser reassistido e recomendado.
Atuação discreta de Bullock. Quase despercebida de Clooney. Capricharam nos efeitos, mas o sentimentalismo barato e recorrente deixa até as cenas com mais apelo visual meio piegas. A melhor sacada de Cuarón foi ilustrar o astronauta um bebê se for considerar a inexperiência e a fragilidade humana no espaço. Eu diria que entra para galeria dos bons filmes superestimados.
Visceral. Real. Cru. Repugnante. Um retrato do definhamento da cultura canavieira, presa em um sistema de trabalho arcaico, em um modo de vida que parece ter parado em meados do Século XVII. Um Nordeste que é cada vez menor, que perdeu espaço para o crescimento urbano e o progresso cultural, mas ainda assim uma parte viva da história que remanesce. Um filme duro, extremamente crítico. Um filme de Cláudio Assis.
Quando um filme de três horas acaba como se fosse o episódio de um seriado de 45 minutos é porque o filme é realmente muito bom.
O Lobo de Wall Street tem tudo que um grande filme precisa ter. Um elenco com nomes consagrados e outros em franca ascensão. Roteiro e edição (montagem) magistrais. E um dinossauro de Hollywood em uma direção convincente e eloquente, que puxa o espectador pra dentro da trama.
As atuações de Leonardo de DiCaprio e Jonah Hill estão no mínimo sensacionais. O primeiro já marcou seu nome como um dos maiores da geração. O outro, mostrou de novo (antes em O Homem Que Mudou o Jogo) que tem talento de sobra pra não ficar marcado pelas comédias comerciais.
Um filme que conta a história de um viciado em poder (há em Jordan Belfort um pouco de Heisenberg). Um enredo extremamente dramático e visceral, que poderia ter sido retratado como um drama comum, mas que de maneira genial é contado como uma comédia de humor certeiro, sem descambar para o pastelão.
Anatomia de uma Queda
4.0 801 Assista Agora"Anatomia de uma Queda" é um filme sobre verdade. Ou melhor, sobre verdades. Ao contrário do que supomos, a verdade não é uma certeza, é a construção de uma possibilidade. Ou ainda um conjunto de sentimentos que são reais, verídicos, que carregam sentido e sentimento. A verdade só se materializa a partir da narrativa, e a narrativa é um constructo possível pela vivência de quem é o portador daquela verdade.
A ideia da diretora, e roteirista, de levar a crise do relacionamento ao tribunal a partir da morte de Samuel é genial porque transporta esse conflito de verdades inerentes às crises conjugais ao julgamento fático, que é o campo jurídico. Que, na verdade, não ironicamente, é a limitação material da justiça. Os julgamentos dos tribunais se dão a partir de provas, não convicções, diferentemente do julgamento ético ou moral que fazemos da vida fora deles.
Tudo no filme é muito bem pensado e nos leva a uma discussão de gênero, de permissões, de inversões de papéis, de questionamentos éticos. E a conclusão é lógica, materialmente coerente. O que necessiamente não significa justa, partindo de uma premissa que aborda também as conjunturas, as deduções e as convicções amparadas em fatos. Um filme muito bem feito, um filme para ser visto, discutido e recomendado.
O resultado do julgamento não descerra a verdade sobre o caso em si. Ele cristaliza uma verdade. A verdade material e, materialmente, é uma verdade justa. Não haviam provas suficientes que encriminassem Sandra para além das suposições com base na forma abusiva que se definhava a relação desde o acidente com Daniel. Porém, é preciso se atentar a algumas situações que são pontos de virada da narrativa.
A primeira delas é o segundo depoimento de Daniel. A personagem, diante de todo desgaste causado pela briga dos pais, precisou desenvolver ao longo desses anos uma maturidade precoce. Comportamento que se prova no "experimento" que testa no seu cachorro para testar por tabela a versão da própria mãe, bem como na sobriedade de pedir que a mãe não ficasse na mesma casa que ele antes do seu depoimento. Vemos aqui um amadurecimento precoce do menino (que já estava suportando toda situação pública de sua própria vida em um nível teoricamente insuportável para tão pouca idade). Verdade também é o que escolhemos acreditar, por isso é construção de possibilidade. Ele escolheu acreditar que o pai realmente havia tentando suicídio a partir da associação do vômito e do cachorro, da mesma forma que a conversa da ida ao veterinário se tratava de uma metáfora do próprio pai se despedindo dele. Poderia ter decidido acreditar que o vômito era um envenenamento e que a conversa sobre brevidade da vida era estrita ao cachorro, mas, ao fazer isso, estaria validando a culpa da mãe na morte do pai, o que, insconscientemente, resultaria na perda de um outro tutor (a mãe seria presa e ele provavelmente cresceria por alguns anos sem pai e sem mãe).
O segundo ponto, e esse aqui eu considero um ato falho, é a conversa que Sandra mantém com o advogado, agora amigo, após a absolvição. Um inocente, em toda sua certeza, não deveria questionar se o vencer, ou a vitória em si, é insuficiente. O inocente que recebe absolvição exulta a justiça, não deveria haver espaço para questionar a moral da vitória nesta altura. Não digo que Sandra de fato foi a responsável pela morte de Samuel, porque materialmente é insuficiente e porque o próprio filme constrói essa narrativa para que haja a dúvida (e o debate), mas, mesmo que tenha sido de fato um suicídio, a protagonista acusa algum nível de culpa (mesmo se mostrando extremamente egoísta e narcísica), a questão é: a culpa que carrega é pelo fato de ter cometido o crime e saído impune ou de saber que a forma dura como desgastou a relação com marido após o acidente com o filho foi a consequência do suicídio. Nunca saberemos, lidemos com a dúvida e com a condição material (e inconclusiva) das verdades.
Cidade dos Sonhos
4.2 1,7K Assista AgoraTalvez seja um dos filmes mais geniais que eu assisti. Acho que poucos diretores conseguem praticar um suspense/terror psicológico como Lynch. A forma como manipula imagens e sons para criar ambiências que prendem o espectador é genial. O filme é sobre ilusão e realidade, sonho e verdade. Ou tudo junto. Um consciente inconsciente. O filme é um primor. Clássico.
Triângulo da Tristeza
3.6 730 Assista AgoraTem humor satírico, tem pedagogia de classe, tem aprofundamento do debate de gênero e da futilidade contemporânea. Diálogos bem construídos e bem montados.
Um diálogo relativamente simples mostrou a inteligência de Ostlund. A discussão entre Yaya e Carl no elevador ganhou muito mais sensibilidade pela inteligência do diretor. Aliás, que grata surpresa o trampo desse sueco.
A sensação que eu tive quando terminei é de que na questão de gênero, o filme aprofunda a mensagem em Midsommar.
Filme muito bem feito e pungente nas discussões contemporâneas.
A Assistente
3.3 199 Assista AgoraPra um filme transmitir exatamente a ambientação onde a protagonista está inserida não precisa ser arrastado, enfadonho. A narrativa simplesmente não prende. Não instiga você a imaginar o que vem em seguida na trama. Não envolve o espectador.
É só um suspense psicológico em uma história de vida comum a tantas trabalhadoras e trabalhadores, um suspense vazio, que não se apega de onde vem, nem pra onde vai. Muito difícil de construir uma empatia com a personagem.
Conta com alguns easter eggs, em alguns outros momentos você vê um cuidado na montagem da cena, os planos longos, mas é preciso muita boa vontade para ir além e dar uma chance do filme acabar...
Observadores
3.0 412 Assista AgoraQuando você não consegue construir uma narrativa que proporcione UM plot twist decente, você precisa sair soltando plot twists como quem tá salgando comida.
Narrativa forçada, inverossímil em vários aspectos. Gasta muito tempo para construir as personas dos protagonistas, e pouquíssimo tempo pra enfiar goela abaixo uma sequência de plot twists que deixa o enredo ainda mais absurdo.
Nível '50 Tons de Cinza'
O Mistério de Silver Lake
3.0 290 Assista AgoraUm puta "metafilme", mostrando uma versão alternativa (ou não) do mundo underground de Hollywood. Cheio de referências a filmes e diretores clássicos. Mas o grande trabalho em torno do filme é a forma como o diretor constrói a narrativa como se o protagonista estivesse o tempo todo na iminência de abrir uma fenda e acessar uma realidade paralela,
quando no fundo, toda paranoia em torno dos códigos, levou a uma "seita", que não chega a ser uma outra dimensão, mas de fato é algo tão recluso e envolve tantos ilícitos que acaba sendo, de certa forma, uma realidade alternativa.
"Ain mas deixou ponta solta". "Ain mas e aquela parte lá que ficou sem explicação...". Então, jovem, alguns trechos do filme foram feitos justamente pra fornecer experiências que não são, necessariamente, ajudar a fechar a história do arco principal. A geração "Marvel x DC" dos cinemas precisa (re)aprender a ver filme. Pensei que o "homem-aranha" como protagonista fosse ajudar nessa pedagogia....
O Último Suspiro
3.0 138 Assista AgoraFaltou se aprofundar no enredo de forma que o filme passasse alguma mensagem. O roteiro se perde muito nas relações pessoais da família protagonista e ainda assim na profundidade de um pires. Fazendo muita força, você encontra uma moral no filme, mas o desfecho da história não comove, não causa impacto, não gera sentimentos. Uma narrativa bem interessante, numa ambientação razoavelmente explorada nos filmes de ficção científica, mas muito mal desenvolvida.
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraIncrível como usando praticamente só dois personagens em um ilha, numa filmagem P&B, o diretor conseguiu contar tanta coisa em uma única narrativa (relação dos dois vigias do farol) e com tanta riqueza de hipertextualidade com a mitologia grega.
Filme pra ver sem deixar escapar nenhuma detalhe.
(E que atuação do vampirinho, hein?)
Machuca
4.3 281Tão indigesto quanto necessário.
Um filme fundamental pra entendermos a composição de classes nos países sulamericanos, mas, ainda mais fundamental pra entendermos que golpes e ditaduras militares não brotam do nada. É preciso primeiramente lastro popular, depois a evolução das modulações do Estado de exceção, passando desde a antipatia velada com padres por serem "vermelhos demais" até passeatas públicas com direito às batidas de panelas (!?).
A História mostra. A plenitude da beleza da Democracia nos países com governos progressistas é diretamente proporcional à certeza de que a durabilidade desses tempos é curta pela intolerância das elites sulamericanas, oligárquicas e escravagistas em sua maioria.
Com perdão do trocadilho, mas Machuca deixar o coração da gente doído por mostrar tanta semelhanças com a história que vivenciamos neste Brasil dos últimos tempos...
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraParasita mostra que dá pra fazer cinema de crítica social fora do luga comum. Um filme completo, cheio de momentos que fazem refletir sobre as complexidades sociais do mundo capitalista e logo depois entrega cenas cômicas ou de suspense que nos fazem esquecer que o filme se trata eminentemente de uma cinema "social".
De todas as mensagens deixadas por Parasita, a mais forte é a do cheiro. Não importa o que você faça, quão próximo da elite você seja, o quanto de acesso que tenha a privilégios, o seu cheiro (enquanto metáfora de uma barreira social quase invisível) vai tratar de recolocar você ao lugar que pertence.
Filmaço!
Ninguém Pode Saber
4.3 228História tão forte com execução incompatível. A edição, os cortes abruptos na narrativa, fragmentos dos acontecimentos como forma de fazer o expectador interpretar da sua forma tira o impacto dos fatos.
A morte de Yuki foi atenuada na montagem de cenas. Não sei se era a ideia de passar minimalismo ou foi preguiça mesmo do diretor.
Atuação das crianças é um primor. A trama do protagonista, Akira, é muito legal, mas também causa menos impacto do que deveria.
Ainda que o diretor tivesse a intenção de causar uma expectativa para o desenrolar da história em quem assiste ao filme, numa eterna espera de uma virada de chave que nunca chega (assim como os meninos esperam pela volta da sua mãe), o andamento do filme deixou a desejar.
Enter The Void: Viagem Alucinante
4.0 871Quem não entendeu, devia tá sóbrio. Maravilhosa história sobre morte, pós-vida e vida. Gaspar Noé dá uma aula de como narrar com as câmeras a viagem de um espírito quando desencarna. Tempo circular, a vida como energia e um conceito sucinto de reencarnação. Cinema de arte, não de comércio. Gaspar Noé é foda!
Nunca Me Sonharam
4.4 23 Assista AgoraO documentário “Nunca Me Sonharam”, de 2017, apresenta um recorte verossímil e plural da realidade da educação básica no Brasil no que diz respeito em ensino público, especificamente. Montado a partir de depoimentos de estudantes, professores e gestores de escolas de pelo menos quatro regiões do país, o filme apresenta uma narrativa plural na qual é exposto um problema complexo, multifacetado e histórico. Ainda que passível de edição e de uma curadoria das informações a serem retratadas, a direção expõe com honestidade o panorama nas escolas públicas. Relatos que evidenciam desafios semelhantes, muitas vezes uníssonos, embora os depoimentos sejam de jovens e profissionais de pontos geograficamente opostos, extremos culturalmente. Ao passo que dá voz aos estudantes (enquanto adolescentes e jovens), em suas inquietudes e inseguranças, o documentário tenta inserir o espectador dentro da instabilidade emocional dos alunos. Da mesma forma age com os professores e diretores, uma vez que, registra o esforço dos profissionais para driblar as adversidades encontradas na seja perante a falta de recursos, seja pela própria dificuldade em gerir pessoas imaturas e eventualmente intransigentes. “Nunca Me Sonharam” é um trabalho visualmente bonito, construído na simbiose harmônica de depoimentos lúcidos e fotografia esmerada. Um trabalho fundamental para se entender o estágio da educação básica no Brasil do Séc. XXI e traçar planos para reverter as agruras da área.
Marighella
4.1 112Um filho de um imigrante italiano. Um afrodescendente, ao mesmo tempo. Um nordestino. Um homem de origem pobre. E o maior nome da resistência armada na ditadura civil-militar brasileira unia quase todos os grupos oprimidos. O líder revolucionário que o Brasil precisava, mas que à época não quis. Um filme que, além de documento histórico rico, é um pedido de desculpas e um "muito obrigado" do Brasil ao talvez maior quadro da esquerda brasileira.
Violência Gratuita
3.8 738 Assista AgoraO filme inteiro é uma metalinguagem entre o real e o ficcional. E por isso, tudo que se comentar a respeito de furos na construção do roteiro, será justificado do ponto de vista dessa relação. Nada está fora do lugar, ao meu ver. Direção certeira de Haneke. Praticamente sem cenas explícitas de violência, mas de um terror psicológico que perturba o espectador. Um bom filme, numa pegada mais comercial, mas com pitadas de um cinema mais artístico.
Paul é inserido por Haneke como detentor do poder de migrar entre o ficcional do próprio filme e o real de quem assiste. Tanto que é o único a quebrar a 4ª parede (falar diretamente com o espectador) e o responsável por mudar o rumo do filme na cena do controle. O diálogo entre Paul e Peter no barco, na cena da morte de Anna, é a síntese da mensagem do filme.
A montagem onde o ficcional e o real se misturam é feita com autoridade por Haneke. As vítimas dos dois sádicos são famílias ricas, pessoas que ocupam na sociedade da nossa realidade uma vida praticamente ficcional. As cenas mais importantes tem uma fluidez lenta, para passar uma visceralidade e uma crueza genuinamente reais.
No geral, um bom filme de terror psicológico de um diretor que sempre traz boas discussões.em seus trabalhos.
Amor Bandido
3.7 353 Assista AgoraFilme extramente singelo, mas que fala de amor, em todas as suas vertentes, com uma riqueza de significado tremenda. O romance juvenil em paradoxo ao adulto, o bromance, o amor entre pai e filho. Talvez o desfecho da trama tenha deixado uma sensação de forçação de barra, mas não comprometeu o filme em si. Acredito que os que acharam o filme cansativo se deixaram levar pela tradução tosca brasileira, afinal não se trata de um filme de ação, ou muito menos de um romance.
Mais um bom filme da ótima nova fase de McConaughey.
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraPode até ter sido supervalorizado, mas chamar de enfadonho é não ter a mínima sensibilidade para entender que se trata de um filme de drama. O elenco é estelar, as personagens são caricatas, há pitadas de humor e tensão policial, mas não é um blockbuster apenas com objetivo de render gargalhadas para matar o tempo de quem assiste.
É um filme que faz pensar, que questiona valores e verdades. Como aliás foi o anterior de Russell. Também supervalorizado e diretamente aclamado por quem assistiu (vai vê que era porque tinha um romancezinho no meio, né).
A montagem de Trapaça foi muito bem construída. Soube retratar a corrupção de várias formas, sob várias óticas das personagens, trazendo inquietações. Existe a possibilidade de corromper por um bem maior? O fato de ser corrupto já o torna em uma pessoa má? Há uma profundida filosófica no roteiro que talvez tenha passado despercebida por grande parte das pessoas que assistiram acreditando ser apenas um filme pipoca com atores do hype.
A direção de Russell foi decente. Soube costurar as histórias complexas dos personagens sem que o espectador se perdesse com o avançar da trama.
Trapaça é um bom filme, mais uma prova de que a média do Filmow nem sempre é coerente com o que de fato a obra é.
Não é, tecnicamente, um filme para levar Oscar (mesmo sabendo que o prêmio é mais político que técnico), mas sua indicação foi digna.
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraPadilha, o mestre em transformar filmes que poderiam ser ações rasteiras em clássicos filosoficamente e socialmente densos. Fui assistir a Robocop esperando um filme "político" e foi exatamente o que vi.
Padilha fez mais do mesmo, só que com um orçamento largo e com uma estrutura de divulgação hollywoodiana. Lembro pouco dos primeiros Robocops, mas depois desse eu tenho certeza que qualquer um dos anteriores parecerá meio vazio.
Foi lindo ver um filme bancado por norte-americanos, remake de um clássico norte-americano, criticando "verdades" norte-americanas.
Capitão Phillips
4.0 1,6K Assista AgoraÓtimo filme pela história em si, pela direção "extrassensorial" de Greengrass e por mais uma aula de atuação de Tom Hanks. Mas a mensagem moral, de uma maneira geral, não busca em mostrar o contraponto da trama.
Configuram os piratas como os inimigos, mas não apresentam o porquê daquela atitude. Mostrar um trechinho dos piratas se arregimentando na Somália não cumpre esse papel. Em um ou outro diálogo entre Muse e "Irish" é possível, sim, notar uma nuance do tal contraponto, mas algo muito superficial para um tema tão complexo.
Vale a pena pela direção e atuação magistrais, mas fica uma sensação de que o filme poderia ter sido melhor contextualizado no aspecto social. Ainda prefiro DiCaprio a Hanks e Scorsese a Greengrass neste Oscar.
Como Não Perder Essa Mulher
3.0 1,4K Assista AgoraJoseph faz você pensar que se trata de mais filme vazio, mas prova o contrário no desfecho da história. Pode não parecer, mas é SIM uma comédia romântica. Aliás, uma boa comédia romântica, com questões reais que envolvem um relacionamento nos dias de hoje, sem aquela baboseira sentimentalista que faz sucesso.
Ele consegue fazer um paralelo entre o amor real e a mera desejo sexual, mostrando como essa diferença interfere diretamente nas atitudes de uma pessoa. Assim como questiona a escassez de amor diante da pressão vinda de todos os lados em buscar o prazer sexual emocionalmente vazio.
A prova de que a média do Filmow nem sempre condiz com o que o filme de fato é.
A melhor coisa é ver a revolta das "Barbara Sugarman" da vida real se decepcionando com o final. Só não gostou quem curte romance unilateral.
A Outra História Americana
4.4 2,2K Assista AgoraTony Kaye e David McKenna foram geniais.
O P&B cirurgicamente usado para reforçar o contraste em torno do racismo.
Os diálogos, cada fala no filme tem relevância, evitando que a inquietação trazida como principal não seja sobreposta por outra secundária. Ao passo que o perfil de cada personagem é muito bem construído e inserido naturalmente na trama.
Não achei Norton tão brilhante quanto em Clube da Luta (que seria lançado um ano depois) mas ainda assim uma atuação de impacto.
Um filme para ser reassistido e recomendado.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraAtuação discreta de Bullock. Quase despercebida de Clooney.
Capricharam nos efeitos, mas o sentimentalismo barato e recorrente deixa até as cenas com mais apelo visual meio piegas. A melhor sacada de Cuarón foi ilustrar o astronauta um bebê se for considerar a inexperiência e a fragilidade humana no espaço.
Eu diria que entra para galeria dos bons filmes superestimados.
Baixio das Bestas
3.5 397Visceral. Real. Cru. Repugnante.
Um retrato do definhamento da cultura canavieira, presa em um sistema de trabalho arcaico, em um modo de vida que parece ter parado em meados do Século XVII. Um Nordeste que é cada vez menor, que perdeu espaço para o crescimento urbano e o progresso cultural, mas ainda assim uma parte viva da história que remanesce.
Um filme duro, extremamente crítico.
Um filme de Cláudio Assis.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraQuando um filme de três horas acaba como se fosse o episódio de um seriado de 45 minutos é porque o filme é realmente muito bom.
O Lobo de Wall Street tem tudo que um grande filme precisa ter. Um elenco com nomes consagrados e outros em franca ascensão. Roteiro e edição (montagem) magistrais. E um dinossauro de Hollywood em uma direção convincente e eloquente, que puxa o espectador pra dentro da trama.
As atuações de Leonardo de DiCaprio e Jonah Hill estão no mínimo sensacionais. O primeiro já marcou seu nome como um dos maiores da geração. O outro, mostrou de novo (antes em O Homem Que Mudou o Jogo) que tem talento de sobra pra não ficar marcado pelas comédias comerciais.
Um filme que conta a história de um viciado em poder (há em Jordan Belfort um pouco de Heisenberg). Um enredo extremamente dramático e visceral, que poderia ter sido retratado como um drama comum, mas que de maneira genial é contado como uma comédia de humor certeiro, sem descambar para o pastelão.
Mais um filmaço de Scorsese.