Quanto a Cannes, eu estava na torcida. Mas, me conformei: assim também saíram da mostra principal 12 outros grandes filmes que não receberam nenhum prêmio, mas ganharam notoriedade e vão ser exibidos no planeta. Para isso servem os festivais. Ter sido selecionado foi um grande prêmio. "Aquarius" era um dos favoritos para a Palma de Ouro. Da mesma forma, as indicações para melhor atriz e melhor roteiro também têm considerável importância. Meus respeitos ao filme, desde já. Aguardo com expectativa sua estreia no sul do Brasil.
Saindo da sessão agora. Filminho B. Metáfora? Não: lição de moral conservadora, como tudo que passa pelo crivo da grande indústria. É o velho status quo dizendo pros rebeldes: "Portem-se, garotos; se não, botam a perder a humanidade!" Eu, hein!
Fiquei inteiramente decepcionado com o filme de Nolan. Na verdade, mais por culpa minha do que dele. É que a imprensa (paga pela distribuidora) difundiu tão veementes textos e releases empolgantes, que acabei indo para o cinema com uma expectativa superior. Minha curiosidade era pelo tratamento dado às grandes teorias da física. E considerando que era um filme realizado meio fora do esquemão de Hollywood, pensei que haveria certa independência e novidades – sobretudo novidades cinematográficas. E que seria um filme pra gente grande.
E o que vi? – Um "sessão da tarde" que conta a historinha de um pai às voltas com uma filha e vice-versa, destas tantas que passam na sessão da tarde. (A preocupação heróica do cara não é a humanidade. Ele é um egoísta: quer se resolver com a SUA filha, como se ela fosse o único ser vivo que importasse no mundo. O resto ocorre, se ocorre, por acaso.
Além disso, vi toda a bagaceira que vejo nos trailers desse monte de filmes do mercadão cinematográfico que ocupa quase todas as nossas telas e em que se gasta mais balas do que frames ou fotogramas. Vi, por exemplo, um engenheiro de voo todo nervosinho e metido a engraçado, que parece pular de uma zorra para um carro de boi e fica todo desesperado porque não encontra os comandos. Vi uma equipe se perdendo toda num plano de voo em relação ao qual já sabemos há décadas a precisão de que necessita.
Enfim, vi dois espadachins medievais fantasiados de astronautas tentando arrancar o ar um do outro! Brincadeira como os personagens desse tipo de cinema mudam de caráter de uma hora para outra em função do número de bilhetes que a produção quer vender nos cinemas!
Bem, talvez eu ainda reveja o filme e meus conceitos. Por enquanto, é um desapontamento só.
Peço desculpas às pessoas que amaram o filme, mas propaganda enganosa sempre me deixa indignado.
Bem bonito. Claro, o romance (que nasceu do roteiro originalmente escrito pelo próprio Carl Sagan e Ann Druyan) é mais próprio para reflexões filosóficas e poéticas acerca do universo. Mas, a experiência do filme é marcante.
Gostei deste "Noé", que não tem, me pareceu, nada a ver com o estardalhaço que vi tanta gente fazer em torno dele. Partindo do conto fantástico da Arca de Noé, o roteiro reinventa o mito para a imaginação do século XXI. Me emocionou profundamente a cena em que Noé, depois do dilúvio, reconta o gênesis com imagens a que só a humanidade do nosso tempo pôde ter acesso. Hoje, após a longa aventura das ciências, nos tempos da escrita e da imagem técnica, podemos recontar ludicamente essas narrativas mitológicas. Outrora (no caso das estórias bíblicas) os mitos eram contados como um ato pedagógico e de memória coletiva; eram um modo de construir um sentido para o passado enigmático da espécie e do universo. Sim, é um filme comercial, digamos assim; uma história fácil de seguir. Mas, gostei da visualidade, da música. Compadeci-me por Caim e torci para que Tubalcaim conseguisse, afinal, romper o horrível desígnio do cruel deus abraâmico. No fim, a história termina bonitinha e aceitável para os cristãos... que é pra não escandalizar as bilheterias – compreende-se.
Belíssimo filme. Cinema contemporâneo. A trilha sonora, assim como a direção de arte, pede visitas periódicas à obra. Acho que se Fellini estivesse fazendo cinema hoje, seus filmes teriam mais ou menos esta cara.
Tenho saudades físicas deste filme. Sei lá o que isso significa, mas, depende das circunstâncias que estou vivendo, dá vontade de repetir determinada sequência dele. E, claro, há momentos em que a vontade é ir rapidamente para o final!
Filme de uma beleza dolorosa e delicada. Como disse aqui Luiz Otávio de Andrade Machado há 7 meses, a "luta entre o esquecer e o esquecido". E é isto. A poesia como ruptura com o opaco e duríssimo cotidiano.
Essa mulher frágil, tocada profundamente no seu senso ético, ameaçada de se esquecer de seus substantivos, dividida entre a enorme sacanagem que lhe propõem os pais dos meninos e seu desejo de sentir profundamente, de tocar a poesia... é um desafio. Como resolver isso tudo num filme que parece fluir permanentemente como o rio sob a ponte? Chang-dong Lee resolveu tudo com sua "discreta direção" (como anunciou o Arte 1). Nada é enquadrado de frente; os planos reticentes parecem aguardar reações e juízos. Mas, o que testemunhamos são os silêncios da avó e sua perplexidade sem palavras (ela já se esqueceu delas? ou a situação é tão hedionda que ela não consegue formular para si própria um julgamento?) Só a poesia...
Virei fã de Lee e de Jeong-hie Yun, que é uma atriz enorme!
Delicioso. Vou ver de novo em breve e guardar na coleção para rever/reouvir. Também me encantou – como mencionou abaixo Charles Antunes – o devaneio de Tyrone sobre seu encontro com o piano. Durante a sequência final do bar, fiquei pensando na maravilha do cinema: a possibilidade de, por meio das elipses da montagem, editar um evento fílmico de modo a que o resultado represente numerosos eventos que terão provavelmente ocorrido na vida real, limpos agora das pausas, das esperas, dos erros, do difícil aprendizado, dos ensaios, das cordas partidas, das desafinações, das microfonias... no caso da jam final de "Honeydripper", cujo título brasileiro, achatador, não deve ser encarado ao pé da letra. Vale ver!
Muito bonito o filme de Ang Lee. Sou ateu e posso me deliciar com os mitos religiosos sem medo de ser feliz. As lendas sagradas" sempre me fascinam, desde aquelas dos antigos egípcios, dos gregos, dos romanos, até as atuais, como as hindus, islâmicas, judaicas e as cristãs... O filme "As aventuras de Pi", embora queira parecer mais crente do que precisaria ser (politicamente correta em relação às três religiões que aborda: o hinduísmo, o cristianismo e o islamismo), encanta por tratar a mitologia de uma forma poética e visualmente exuberante. Não precisa ser nada mais que isso. Merece os numerosos prêmios que recebeu. (Não vi o filme no cinema, mas em 3D na minha tela de 43'. Quis – mas não consegui me reduzir a isto – perceber a diferença entre o tigre real e o tigre digital. Na narrativa, existe um tigre apenas: o Richard Parker.)
"Depois da Terra" é um filme comercial bem bonito. Direção de arte respeitável: é diferente da metaleira e do sintetismo com que em geral se desenha o futuro. Também gostei porque, nos três ataques das ursas (dentre as poucas sequências violentas), o filme não perde muito tempo com chacinas, diferentemente de alguns superamados blockbusters em que quase metade do tempo é gasta com explodir quarteirões e mutilar corpos. Mesmo sendo um filme com vocação para sessão da tarde, achei digno de ser visto. Há sequências saborosas, como o retorno à "velha" Terra e algumas de suas surpreendentes belezas. Enfim, também acho pura esnobação isso de ficar dizendo que Jaden Smith não trabalha bem. Como não? Claro, a atuação dele não tem nada de profundamente psicológica. Mas, o contrário é que não caberia neste tipo de cinema.
Realmente, não concordo com a malhação geral (e quase sempre sumária, sem argumentos) sobre este filme. É cinemão, sim, e existe tanta coisa ruim no cinemão, que este simplesmente não tem como se destacar (só recebeu um Frambroesa de Ouro, e foi indicado para o Oscar [melhor som] e para o Bafta [melhores efeitos especiais]!). Além disso, me dei ao trabalho de ler os comentários feitos aqui no Filmow e me surpreendi com o enorme número de pessoas que haviam gostado do filme quando o viram e só passaram a malhá-lo depois que souberam, anos mais tarde, que o filme havia sido considerado um fiasco. Ts, ts. Assim não vale.
Mas, o argumento de "Waterworld" é perturbador, sim, e há coisas que perduram na gente (a "solidão apocalíptica" de que fala Rodrigo Beduschi é uma delas). É um "Mad Max" dos mares, sim – não há outra referência – e, afinal, o "Mad Max" também não é lá essas coisas – é cinemão de porrada, perseguição interminável, destruição e final feliz.
Me lembro deste filme sempre que se fala em aquecimento global, derretimento das geleiras, elevação dos oceanos etc. Há também uma boa surpresa visual em certo momento, que me lembra o final do primeiro "O planeta dos macacos".
Enfim, também entro na onda, mas ao inverso: depois de ler tanto comentário ruim, acho que até passei a gostar mais do filme do que havia gostado quando o vi no cinema, no século passado. Acho que vou vê-lo de novo. ;)
O filme é interessante, embora seja, vá lá, muito adocicado. A sacanagem eclesiástica aparece ali, mas, como diz o Calouro, estão meio soltas, incosequentes – parecem coisas de guris levados, quando sabemos que não são, que as sacanagens dos cardeais apoiam ou estão apoiadas em trocentas toneladas de sofrimento pelo mundo afora, àquela época e hoje. Vi o filme, por coincidência, na véspera da eleição do novo papa católico, quando havia saído da chaminé da Capela Sistina a baforada de fumaça escura. Pergunto-me: as coisas lá dentro do Vaticano são diferentes hoje? Basta acompanhar a trajetória dos cardeais (com algumas exceções, vá lá!) pra ver como se comportam os líderes políticos do cristianismo católico. Voltando à vaca fria, isto é, ao filme: a sequência final, toda aquela piedade e aquele choro em torno da eleição do cardeal Piccolomini, quase me provocou gargalhadas. Depois, concluí que também isto tem a ver com a realidade: mesmo os sacanas acreditam que suas sacanagens têm motivação e finalidade divinas. Haja paciência histórica!
Linda obra! Me remeteu a Derek Jarman, Jodorowsky, Bela Tárr, Tarkovsky, Angelopoulos... Filme de contemplar. Perfeita conexão com a música de Arvo Pärt.
Almodóvar sempre me desmonta: acho suas histórias inverídicas, uns verdadeiros dramalhões... mas acabo mergulhando e acreditando nelas de tal modo que elas se desdobram em subleituras e metáforas que me enternecem e proporcionam grande prazer como espectador. Depois de ver "Volver" (apenas ontem), fiquei intrigado: como um argumento desses pode me prender? Depois, comecei a pensar nos argumentos de Nelson Rodrigues e de Shakespeare. Depois, pensei nos filmes de Hitchcock (que, parece, nada têm a ver com os de Almodóvar). Mas, é isto: cada obra é construída respeitando uma finalidade superior, que é divertir o espectador com grande respeito à sua inteligência – o que acaba diferenciando os filmes de Almodóvar dos blockbusters, em geral mais agressivos e rombudos.
É maravilhoso, encantador. Poético. Como uma sinfonia: para ser visto muitas e muitas vezes, de pé à ponta ou em partes. Algumas sequências já sei de cor.
Tenho saudade deste filme precisamente porque ele me desconcertou inteiro. Quando o vi pela primeira vez (era 2000, mais ou menos), eu andava meio torporizado pela frequência constante às salas de cinema de Joinville, que, naquela época – como hoje, só exibiam essas produções do tipo montanha-russa-de-parque-de-diversão. Eu não tinha DVD e me recusava a ver filmes em VHS, porque as conversões adaptavam cortando as laterais da imagem. Salvava-me quando ia a Curitiba, São Paulo, ao Rio etc. No dia-a-dia, era arrastado pelos alunos para as salas dos shoppings daqui. Foi nesse clima que vi "O céu de Lisboa". Haja! Renasci.
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraQuanto a Cannes, eu estava na torcida. Mas, me conformei: assim também saíram da mostra principal 12 outros grandes filmes que não receberam nenhum prêmio, mas ganharam notoriedade e vão ser exibidos no planeta. Para isso servem os festivais. Ter sido selecionado foi um grande prêmio. "Aquarius" era um dos favoritos para a Palma de Ouro. Da mesma forma, as indicações para melhor atriz e melhor roteiro também têm considerável importância. Meus respeitos ao filme, desde já. Aguardo com expectativa sua estreia no sul do Brasil.
Expresso do Amanhã
3.5 1,3K Assista grátisSaindo da sessão agora. Filminho B. Metáfora? Não: lição de moral conservadora, como tudo que passa pelo crivo da grande indústria. É o velho status quo dizendo pros rebeldes: "Portem-se, garotos; se não, botam a perder a humanidade!" Eu, hein!
As Quatro Voltas
3.9 35Belíssimo filme. É como uma sinfonia a que sinto vontade de voltar de quando em quando.
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraGostei do filme. Leve e elegante.
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraFiquei inteiramente decepcionado com o filme de Nolan. Na verdade, mais por culpa minha do que dele. É que a imprensa (paga pela distribuidora) difundiu tão veementes textos e releases empolgantes, que acabei indo para o cinema com uma expectativa superior. Minha curiosidade era pelo tratamento dado às grandes teorias da física. E considerando que era um filme realizado meio fora do esquemão de Hollywood, pensei que haveria certa independência e novidades – sobretudo novidades cinematográficas. E que seria um filme pra gente grande.
E o que vi? – Um "sessão da tarde" que conta a historinha de um pai às voltas com uma filha e vice-versa, destas tantas que passam na sessão da tarde. (A preocupação heróica do cara não é a humanidade. Ele é um egoísta: quer se resolver com a SUA filha, como se ela fosse o único ser vivo que importasse no mundo. O resto ocorre, se ocorre, por acaso.
Além disso, vi toda a bagaceira que vejo nos trailers desse monte de filmes do mercadão cinematográfico que ocupa quase todas as nossas telas e em que se gasta mais balas do que frames ou fotogramas. Vi, por exemplo, um engenheiro de voo todo nervosinho e metido a engraçado, que parece pular de uma zorra para um carro de boi e fica todo desesperado porque não encontra os comandos. Vi uma equipe se perdendo toda num plano de voo em relação ao qual já sabemos há décadas a precisão de que necessita.
Enfim, vi dois espadachins medievais fantasiados de astronautas tentando arrancar o ar um do outro! Brincadeira como os personagens desse tipo de cinema mudam de caráter de uma hora para outra em função do número de bilhetes que a produção quer vender nos cinemas!
Bem, talvez eu ainda reveja o filme e meus conceitos. Por enquanto, é um desapontamento só.
Peço desculpas às pessoas que amaram o filme, mas propaganda enganosa sempre me deixa indignado.
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista AgoraQue beleza! Revi há dois dias. Filme capaz de nos reencantar com o tempo que vivemos.
Contato
4.1 804 Assista AgoraBem bonito. Claro, o romance (que nasceu do roteiro originalmente escrito pelo próprio Carl Sagan e Ann Druyan) é mais próprio para reflexões filosóficas e poéticas acerca do universo. Mas, a experiência do filme é marcante.
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraGostei deste "Noé", que não tem, me pareceu, nada a ver com o estardalhaço que vi tanta gente fazer em torno dele. Partindo do conto fantástico da Arca de Noé, o roteiro reinventa o mito para a imaginação do século XXI. Me emocionou profundamente a cena em que Noé, depois do dilúvio, reconta o gênesis com imagens a que só a humanidade do nosso tempo pôde ter acesso. Hoje, após a longa aventura das ciências, nos tempos da escrita e da imagem técnica, podemos recontar ludicamente essas narrativas mitológicas. Outrora (no caso das estórias bíblicas) os mitos eram contados como um ato pedagógico e de memória coletiva; eram um modo de construir um sentido para o passado enigmático da espécie e do universo. Sim, é um filme comercial, digamos assim; uma história fácil de seguir. Mas, gostei da visualidade, da música. Compadeci-me por Caim e torci para que Tubalcaim conseguisse, afinal, romper o horrível desígnio do cruel deus abraâmico. No fim, a história termina bonitinha e aceitável para os cristãos... que é pra não escandalizar as bilheterias – compreende-se.
A Grande Beleza
3.9 463 Assista AgoraBelíssimo filme. Cinema contemporâneo. A trilha sonora, assim como a direção de arte, pede visitas periódicas à obra. Acho que se Fellini estivesse fazendo cinema hoje, seus filmes teriam mais ou menos esta cara.
Zabriskie Point
3.9 109Tenho saudades físicas deste filme. Sei lá o que isso significa, mas, depende das circunstâncias que estou vivendo, dá vontade de repetir determinada sequência dele. E, claro, há momentos em que a vontade é ir rapidamente para o final!
Poesia
4.1 189Filme de uma beleza dolorosa e delicada. Como disse aqui Luiz Otávio de Andrade Machado há 7 meses, a "luta entre o esquecer e o esquecido". E é isto. A poesia como ruptura com o opaco e duríssimo cotidiano.
Essa mulher frágil, tocada profundamente no seu senso ético, ameaçada de se esquecer de seus substantivos, dividida entre a enorme sacanagem que lhe propõem os pais dos meninos e seu desejo de sentir profundamente, de tocar a poesia... é um desafio. Como resolver isso tudo num filme que parece fluir permanentemente como o rio sob a ponte? Chang-dong Lee resolveu tudo com sua "discreta direção" (como anunciou o Arte 1). Nada é enquadrado de frente; os planos reticentes parecem aguardar reações e juízos. Mas, o que testemunhamos são os silêncios da avó e sua perplexidade sem palavras (ela já se esqueceu delas? ou a situação é tão hedionda que ela não consegue formular para si própria um julgamento?) Só a poesia...
Virei fã de Lee e de Jeong-hie Yun, que é uma atriz enorme!
Honeydripper - Do Blues ao Rock
3.8 20Delicioso. Vou ver de novo em breve e guardar na coleção para rever/reouvir.
Também me encantou – como mencionou abaixo Charles Antunes – o devaneio de Tyrone sobre seu encontro com o piano.
Durante a sequência final do bar, fiquei pensando na maravilha do cinema: a possibilidade de, por meio das elipses da montagem, editar um evento fílmico de modo a que o resultado represente numerosos eventos que terão provavelmente ocorrido na vida real, limpos agora das pausas, das esperas, dos erros, do difícil aprendizado, dos ensaios, das cordas partidas, das desafinações, das microfonias... no caso da jam final de "Honeydripper", cujo título brasileiro, achatador, não deve ser encarado ao pé da letra. Vale ver!
As Aventuras de Pi
3.9 4,4KMuito bonito o filme de Ang Lee. Sou ateu e posso me deliciar com os mitos religiosos sem medo de ser feliz. As lendas sagradas" sempre me fascinam, desde aquelas dos antigos egípcios, dos gregos, dos romanos, até as atuais, como as hindus, islâmicas, judaicas e as cristãs... O filme "As aventuras de Pi", embora queira parecer mais crente do que precisaria ser (politicamente correta em relação às três religiões que aborda: o hinduísmo, o cristianismo e o islamismo), encanta por tratar a mitologia de uma forma poética e visualmente exuberante. Não precisa ser nada mais que isso. Merece os numerosos prêmios que recebeu. (Não vi o filme no cinema, mas em 3D na minha tela de 43'. Quis – mas não consegui me reduzir a isto – perceber a diferença entre o tigre real e o tigre digital. Na narrativa, existe um tigre apenas: o Richard Parker.)
Depois da Terra
2.6 1,4K Assista Agora"Depois da Terra" é um filme comercial bem bonito. Direção de arte respeitável: é diferente da metaleira e do sintetismo com que em geral se desenha o futuro. Também gostei porque, nos três ataques das ursas (dentre as poucas sequências violentas), o filme não perde muito tempo com chacinas, diferentemente de alguns superamados blockbusters em que quase metade do tempo é gasta com explodir quarteirões e mutilar corpos. Mesmo sendo um filme com vocação para sessão da tarde, achei digno de ser visto. Há sequências saborosas, como o retorno à "velha" Terra e algumas de suas surpreendentes belezas. Enfim, também acho pura esnobação isso de ficar dizendo que Jaden Smith não trabalha bem. Como não? Claro, a atuação dele não tem nada de profundamente psicológica. Mas, o contrário é que não caberia neste tipo de cinema.
Bad Boy Street
2.4 6 Assista AgoraPutz! tradução automática é um horror! Quando vir o filme, vou sugerir mudança dessa sinopse aí.
Waterworld: O Segredo das Águas
3.0 399 Assista AgoraRealmente, não concordo com a malhação geral (e quase sempre sumária, sem argumentos) sobre este filme. É cinemão, sim, e existe tanta coisa ruim no cinemão, que este simplesmente não tem como se destacar (só recebeu um Frambroesa de Ouro, e foi indicado para o Oscar [melhor som] e para o Bafta [melhores efeitos especiais]!). Além disso, me dei ao trabalho de ler os comentários feitos aqui no Filmow e me surpreendi com o enorme número de pessoas que haviam gostado do filme quando o viram e só passaram a malhá-lo depois que souberam, anos mais tarde, que o filme havia sido considerado um fiasco. Ts, ts. Assim não vale.
Mas, o argumento de "Waterworld" é perturbador, sim, e há coisas que perduram na gente (a "solidão apocalíptica" de que fala Rodrigo Beduschi é uma delas). É um "Mad Max" dos mares, sim – não há outra referência – e, afinal, o "Mad Max" também não é lá essas coisas – é cinemão de porrada, perseguição interminável, destruição e final feliz.
Me lembro deste filme sempre que se fala em aquecimento global, derretimento das geleiras, elevação dos oceanos etc. Há também uma boa surpresa visual em certo momento, que me lembra o final do primeiro "O planeta dos macacos".
Enfim, também entro na onda, mas ao inverso: depois de ler tanto comentário ruim, acho que até passei a gostar mais do filme do que havia gostado quando o vi no cinema, no século passado. Acho que vou vê-lo de novo. ;)
Vida Medieval
4.1 3Estou procurando este filme e não o encontro! Alguém já o viu?
O Conclave
3.4 9O filme é interessante, embora seja, vá lá, muito adocicado. A sacanagem eclesiástica aparece ali, mas, como diz o Calouro, estão meio soltas, incosequentes – parecem coisas de guris levados, quando sabemos que não são, que as sacanagens dos cardeais apoiam ou estão apoiadas em trocentas toneladas de sofrimento pelo mundo afora, àquela época e hoje.
Vi o filme, por coincidência, na véspera da eleição do novo papa católico, quando havia saído da chaminé da Capela Sistina a baforada de fumaça escura. Pergunto-me: as coisas lá dentro do Vaticano são diferentes hoje? Basta acompanhar a trajetória dos cardeais (com algumas exceções, vá lá!) pra ver como se comportam os líderes políticos do cristianismo católico.
Voltando à vaca fria, isto é, ao filme: a sequência final, toda aquela piedade e aquele choro em torno da eleição do cardeal Piccolomini, quase me provocou gargalhadas. Depois, concluí que também isto tem a ver com a realidade: mesmo os sacanas acreditam que suas sacanagens têm motivação e finalidade divinas. Haja paciência histórica!
Gerry
3.3 92Linda obra! Me remeteu a Derek Jarman, Jodorowsky, Bela Tárr, Tarkovsky, Angelopoulos... Filme de contemplar. Perfeita conexão com a música de Arvo Pärt.
Nosso Lar
3.2 1,4K Assista AgoraPena que a ficha não está completa.
Sou ateu com enorme prazer, mas quero ver este filme. Por causa da música: Philip Glass!
Volver
4.1 1,1K Assista AgoraAlmodóvar sempre me desmonta: acho suas histórias inverídicas, uns verdadeiros dramalhões... mas acabo mergulhando e acreditando nelas de tal modo que elas se desdobram em subleituras e metáforas que me enternecem e proporcionam grande prazer como espectador.
Depois de ver "Volver" (apenas ontem), fiquei intrigado: como um argumento desses pode me prender? Depois, comecei a pensar nos argumentos de Nelson Rodrigues e de Shakespeare. Depois, pensei nos filmes de Hitchcock (que, parece, nada têm a ver com os de Almodóvar). Mas, é isto: cada obra é construída respeitando uma finalidade superior, que é divertir o espectador com grande respeito à sua inteligência – o que acaba diferenciando os filmes de Almodóvar dos blockbusters, em geral mais agressivos e rombudos.
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista AgoraÉ maravilhoso, encantador. Poético. Como uma sinfonia: para ser visto muitas e muitas vezes, de pé à ponta ou em partes. Algumas sequências já sei de cor.
O Céu de Lisboa
4.0 30Tenho saudade deste filme precisamente porque ele me desconcertou inteiro. Quando o vi pela primeira vez (era 2000, mais ou menos), eu andava meio torporizado pela frequência constante às salas de cinema de Joinville, que, naquela época – como hoje, só exibiam essas produções do tipo montanha-russa-de-parque-de-diversão. Eu não tinha DVD e me recusava a ver filmes em VHS, porque as conversões adaptavam cortando as laterais da imagem. Salvava-me quando ia a Curitiba, São Paulo, ao Rio etc. No dia-a-dia, era arrastado pelos alunos para as salas dos shoppings daqui. Foi nesse clima que vi "O céu de Lisboa". Haja! Renasci.
Fausto
3.4 220 Assista AgoraEstá quase na hora!