A série cresceu enormemente em termos técnicos, percebe-se que a HBO começou a investir. Tomara que o Larry tenha pique pra ficar por pelo menos mais dez anos no ar.
O capricho da série é evidente, do roteiro à finalização. Grande comprometimento dos atores, sobretudo de Richard Jenkins e Niecy Nash. Ótima a proposta de discutir a questão a partir dos mais variados pontos de vista - é uma das vantagens únicas que uma produção em formato de episódios oferece. Gostei de ver a hipótese, ainda que só arranhada, do determinismo genético como causador do comportamento assassino. A psicologia vem alertando para isso há algum tempo, que a herança genética teria um papel mais central do que a criação familiar na constituição das pessoas.
Qualquer peido acontece em slow-motion, na luz do entardecer e ao som de orquestra. Triste, mas até aqui, a série mais cara da história - e uma das mais aguardadas - é apenas essa casca dourada e brilhante. Não é pra menos que os maiores elogios que vem recebendo são apenas estéticos. Na falta de uma narrativa robusta e interessante, a única coisa que se destaca é o visual. Eu vejo como um erro terem baseado uma mega-produção como essa em meros apêndices do Senhor dos Aneis. Bem, a consequência está aí.
O filme no geral é meia-boca, mas há alguns lampejos de genialidade no roteiro que devem ter sido transcritos integralmente do livro. O final, obviamente, é o maior deles.
Que baita final. O personagem Bochev talvez seja o mais interessante, por estar numa encruzilhada entre duas demandas. Debochado e boêmio, apegado às tradições de seu povo, tem bom senso suficiente para entender que os migrantes devem ser tratados com dignidade. E ele tenta proporcionar isso na medida do possível, só que acaba vítima da própria burocracia estatal e da pressão popular. Praticamente um Pilatos búlgaro.
A série ficou um pouco mais comum com a clássica redenção final, por mais que eu goste de redenções. E sabemos que ele só fez isso pela Kim. Ainda assim, foi um desfecho um pouco infiel ao personagem que foi construído ao longo das temporadas.
O saldo, no entanto, é extremamente positivo. O roteiro e a fotografia desses episódios finais foram brilhantes, e já entraram para a história. A ausência das narrativas, discussões morais e da estética do universo de Breaking Bad será sentida.
Eu era um daqueles extremamente desconfiados da possibilidade de se adaptar uma história como a de Sandman para o meio audiovisual, ainda mais nas mãos de uma plataforma de streaming de qualidade tão volátil. Bom, foi uma tremenda surpresa. Dentro dos limites da mídia, falo tranquilamente que é uma das melhores adaptações literárias que vi - logo, uma das melhores coisas que a Netflix já apresentou. Pode não ser uma série tão grandiosa quanto a história merecia (a CG é, realmente, bem básica), mas percebe-se por todo o lado o carinho, o capricho e o compromisso em entregar um material de valor. Elenco muito bem escalado, fotografia peculiar, música sublime, roteiro sensível e fiel ao espírito da HQ. Se, para muitos, Sandman não é a série que gostaríamos, para todos, sem dúvida, é muito melhor do que imaginávamos. A sensação de entrar novamente em contato com essa história, agora em carne e osso, é indescritível.
Roteiro muito inteligente. Trata do tema por vezes com sutileza, por vezes de maneira explícita, e brinca a toda hora com a quebra de expectativa. Uma possível metáfora que me ocorreu foi da seita do filme com os brancos "cirandeiros" (na falta de uma expressão melhor) que vemos, principalmente, na internet. Pessoas aparentemente bem intencionadas, mas que roubam dos negros o protagonismo no debate sobre racismo, acreditando que conseguem sentir o que eles sentem, que é possível tomar suas dores para si. A psicologia já provou que empatia é algo inatingível, que o máximo que podemos fazer é reconhecer, numa postura de alteridade, que somos diferentes, sim, que jamais conseguiremos saber o que se passa na cabeça de outra pessoa, e que precisamos que ela nos conte. A problemática da apropriação cultural entra aí também. Tal como os brancos do filme, essas pessoas agem como se ocupassem seus corpos - sem falar nos que se utilizam desse debate simplesmente para se autopromoverem. Os cirandeiros, como os membros da seita, não são racistas no sentido clássico, mas tem uma verdadeira fascinação pelos negros, o que também acaba sendo uma maneira de objetificação.
Uma pena ter sido concluído antes da saída de Moro, do escândalo da Vaza-Jato e da entrega do país ao Centrão por Bolsonaro. Teria sido a queda de mais dois heróis. Essa, aliás, parece ser a sina das principais figuras do país, ascensão e queda. A corrupção como uma constante na vida nacional, independentemente de quem está governo, é outra conclusão que se pode tirar da narrativa apresentada. Muito interessante e necessário esse exercício de colocar a era democrática em perspectiva.
Moby Dick é daqueles filmes que te deixam plantado na frente da TV, de olhos arregalados, queixo caído e apertando as almofadas. Que bela maneira de se contar uma história. Mesmo não tendo lido, suspeitei de fidelidade à obra original que muitos comentaram aqui, principalmente pelo tom da narração e dos diálogos, mas também pela fantástica ambientação. Trabalho estupendo de direção de arte, fotografia e montagem. Destacaria a fotografia acima de tudo, com enquadramentos e movimentos de câmera bem planejados, e o recorrente uso de planos fechados, o que aumenta a tensão. Nunca se fez um cinema tão grandioso quanto o cinema da era de ouro de Hollywood. Quanto mais se volta no tempo, mais se percebe a influência da linguagem teatral no cinema, desde o roteiro até as atuações, e passando pela cenografia, construída de verdade, sem uso de fundo verde. Aqui isso ainda está bem evidente, é como se fosse um período de transição. Nosso cinema contemporâneo, por privilegiar narrativas e abordagens mais realistas, quase documentais, acabou ficando um tanto monótono. Perdemos, com isso, possibilidades de experiências cinematográficas diversas. Felizmente sempre há diretores remando contra a maré, como Robert Eggers e David Lowery.
Um filme que se pretende viking, mas que é falado em inglês a maior parte do tempo: isso resume bem a falta de foco da proposta. Teremos que aguardar mais para ver uma obra que ou entre de cabeça na mitologia e no fantástico da cultura viking ou se comprometa em retratar com fidelidade histórica a realidade da época. Aqui não temos nem um, nem outro, mas uma tentativa desencontrada de entregar os dois. Dito isso, as cenas envolvendo o sobrenatural estão entre as mais belas que já vi - é o ponto forte de Eggers. Quanto à trama, o fato de ser clichê nem foi o maior problema, o trailer já deixava claro que o caminho seria esse, mas poderiam ter entregado ao menos uma boa história, e não essa confusão de informações, cenas gratuitas, premissas e personagens mal construídos. As atuações também estão abaixo do esperado, por vezes muito afetadas, mas culpo mais o roteiro por isso.
Uma história simples, mas cativante porque bem construída, e com a qual podemos nos relacionar moralmente. Também gostei bastante da direção de fotografia, com o uso maestral do zoom.
Pelo visto a Disney obrigou o David Lynch a tomar uns remedinhos pra fazer esse filme. Não que eu estivesse esperando as pirações dele - na verdade, dada a proposta, as expectativas eram baixas, então acabei me surpreendendo positivamente. Difícil não se apaixonar por um road movie da terceira idade pelas grotas americanas.
A podridão e a maldade raramente vêm à luz na sociedade do sonho, mas elas estão aí, sempre estiveram. Fazem parte da natureza, como Lynch indica com suas metáforas animais. Dar-se conta disso é dar-se conta do absurdo. A discussão continuaria e se aprofundaria em Twin Peaks.
Segura a Onda (10ª Temporada)
4.3 13 Assista AgoraA série cresceu enormemente em termos técnicos, percebe-se que a HBO começou a investir. Tomara que o Larry tenha pique pra ficar por pelo menos mais dez anos no ar.
Cyberpunk: Mercenários (1ª Temporada)
4.1 99 Assista AgoraQue catarse absurda os dois últimos episódios.
Dahmer: Um Canibal Americano
4.0 671 Assista AgoraO capricho da série é evidente, do roteiro à finalização. Grande comprometimento dos atores, sobretudo de Richard Jenkins e Niecy Nash. Ótima a proposta de discutir a questão a partir dos mais variados pontos de vista - é uma das vantagens únicas que uma produção em formato de episódios oferece.
Gostei de ver a hipótese, ainda que só arranhada, do determinismo genético como causador do comportamento assassino. A psicologia vem alertando para isso há algum tempo, que a herança genética teria um papel mais central do que a criação familiar na constituição das pessoas.
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (1ª Temporada)
3.9 792 Assista AgoraQualquer peido acontece em slow-motion, na luz do entardecer e ao som de orquestra.
Triste, mas até aqui, a série mais cara da história - e uma das mais aguardadas - é apenas essa casca dourada e brilhante. Não é pra menos que os maiores elogios que vem recebendo são apenas estéticos. Na falta de uma narrativa robusta e interessante, a única coisa que se destaca é o visual. Eu vejo como um erro terem baseado uma mega-produção como essa em meros apêndices do Senhor dos Aneis. Bem, a consequência está aí.
O Nevoeiro
3.5 2,6K Assista AgoraO filme no geral é meia-boca, mas há alguns lampejos de genialidade no roteiro que devem ter sido transcritos integralmente do livro. O final, obviamente, é o maior deles.
Cobra Kai (5ª Temporada)
3.8 182 Assista AgoraCobra Kai ainda diverte, apesar do formato da narrativa estar chegando perto de um esgotamento.
Medo
3.6 12 Assista AgoraQue baita final.
O personagem Bochev talvez seja o mais interessante, por estar numa encruzilhada entre duas demandas. Debochado e boêmio, apegado às tradições de seu povo, tem bom senso suficiente para entender que os migrantes devem ser tratados com dignidade. E ele tenta proporcionar isso na medida do possível, só que acaba vítima da própria burocracia estatal e da pressão popular. Praticamente um Pilatos búlgaro.
Não! Não Olhe!
3.5 1,3K Assista AgoraJordan Peele vai se firmando como uma das grandes mentes autorais do cinema pop contemporâneo. Que história única!
PS: Mais uma baita atuação do Kaluuya.
Trailer Park Boys (10ª Temporada)
4.0 9Quem não chorou junto com o Randy quando ele abraçou o Ricky no hospital nem é gente.
Better Call Saul (6ª Temporada)
4.7 407 Assista AgoraA série ficou um pouco mais comum com a clássica redenção final, por mais que eu goste de redenções. E sabemos que ele só fez isso pela Kim. Ainda assim, foi um desfecho um pouco infiel ao personagem que foi construído ao longo das temporadas.
O saldo, no entanto, é extremamente positivo. O roteiro e a fotografia desses episódios finais foram brilhantes, e já entraram para a história. A ausência das narrativas, discussões morais e da estética do universo de Breaking Bad será sentida.
Sandman (1ª Temporada)
4.1 589 Assista AgoraEu era um daqueles extremamente desconfiados da possibilidade de se adaptar uma história como a de Sandman para o meio audiovisual, ainda mais nas mãos de uma plataforma de streaming de qualidade tão volátil. Bom, foi uma tremenda surpresa.
Dentro dos limites da mídia, falo tranquilamente que é uma das melhores adaptações literárias que vi - logo, uma das melhores coisas que a Netflix já apresentou. Pode não ser uma série tão grandiosa quanto a história merecia (a CG é, realmente, bem básica), mas percebe-se por todo o lado o carinho, o capricho e o compromisso em entregar um material de valor. Elenco muito bem escalado, fotografia peculiar, música sublime, roteiro sensível e fiel ao espírito da HQ. Se, para muitos, Sandman não é a série que gostaríamos, para todos, sem dúvida, é muito melhor do que imaginávamos. A sensação de entrar novamente em contato com essa história, agora em carne e osso, é indescritível.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraRoteiro muito inteligente. Trata do tema por vezes com sutileza, por vezes de maneira explícita, e brinca a toda hora com a quebra de expectativa.
Uma possível metáfora que me ocorreu foi da seita do filme com os brancos "cirandeiros" (na falta de uma expressão melhor) que vemos, principalmente, na internet. Pessoas aparentemente bem intencionadas, mas que roubam dos negros o protagonismo no debate sobre racismo, acreditando que conseguem sentir o que eles sentem, que é possível tomar suas dores para si. A psicologia já provou que empatia é algo inatingível, que o máximo que podemos fazer é reconhecer, numa postura de alteridade, que somos diferentes, sim, que jamais conseguiremos saber o que se passa na cabeça de outra pessoa, e que precisamos que ela nos conte. A problemática da apropriação cultural entra aí também. Tal como os brancos do filme, essas pessoas agem como se ocupassem seus corpos - sem falar nos que se utilizam desse debate simplesmente para se autopromoverem. Os cirandeiros, como os membros da seita, não são racistas no sentido clássico, mas tem uma verdadeira fascinação pelos negros, o que também acaba sendo uma maneira de objetificação.
Beavis e Butt-Head Detonam o Universo
3.6 31 Assista AgoraAlgumas risadas isoladas, mas a volta de personagens tão icônicos merecia um roteiro melhor.
8 Presidentes 1 Juramento: A História de um Tempo Presente
3.7 20Uma pena ter sido concluído antes da saída de Moro, do escândalo da Vaza-Jato e da entrega do país ao Centrão por Bolsonaro. Teria sido a queda de mais dois heróis. Essa, aliás, parece ser a sina das principais figuras do país, ascensão e queda. A corrupção como uma constante na vida nacional, independentemente de quem está governo, é outra conclusão que se pode tirar da narrativa apresentada. Muito interessante e necessário esse exercício de colocar a era democrática em perspectiva.
Barry Lyndon
4.2 401 Assista AgoraHá uma grandiosidade nos filmes do Kubrick que creio que jamais será igualada por qualquer cineasta.
Moby Dick
3.8 93 Assista AgoraMoby Dick é daqueles filmes que te deixam plantado na frente da TV, de olhos arregalados, queixo caído e apertando as almofadas. Que bela maneira de se contar uma história.
Mesmo não tendo lido, suspeitei de fidelidade à obra original que muitos comentaram aqui, principalmente pelo tom da narração e dos diálogos, mas também pela fantástica ambientação. Trabalho estupendo de direção de arte, fotografia e montagem. Destacaria a fotografia acima de tudo, com enquadramentos e movimentos de câmera bem planejados, e o recorrente uso de planos fechados, o que aumenta a tensão. Nunca se fez um cinema tão grandioso quanto o cinema da era de ouro de Hollywood.
Quanto mais se volta no tempo, mais se percebe a influência da linguagem teatral no cinema, desde o roteiro até as atuações, e passando pela cenografia, construída de verdade, sem uso de fundo verde. Aqui isso ainda está bem evidente, é como se fosse um período de transição. Nosso cinema contemporâneo, por privilegiar narrativas e abordagens mais realistas, quase documentais, acabou ficando um tanto monótono. Perdemos, com isso, possibilidades de experiências cinematográficas diversas. Felizmente sempre há diretores remando contra a maré, como Robert Eggers e David Lowery.
O Homem do Norte
3.7 952 Assista AgoraUm filme que se pretende viking, mas que é falado em inglês a maior parte do tempo: isso resume bem a falta de foco da proposta. Teremos que aguardar mais para ver uma obra que ou entre de cabeça na mitologia e no fantástico da cultura viking ou se comprometa em retratar com fidelidade histórica a realidade da época. Aqui não temos nem um, nem outro, mas uma tentativa desencontrada de entregar os dois.
Dito isso, as cenas envolvendo o sobrenatural estão entre as mais belas que já vi - é o ponto forte de Eggers. Quanto à trama, o fato de ser clichê nem foi o maior problema, o trailer já deixava claro que o caminho seria esse, mas poderiam ter entregado ao menos uma boa história, e não essa confusão de informações, cenas gratuitas, premissas e personagens mal construídos. As atuações também estão abaixo do esperado, por vezes muito afetadas, mas culpo mais o roteiro por isso.
Onde os Homens São Homens
4.0 43 Assista AgoraUma história simples, mas cativante porque bem construída, e com a qual podemos nos relacionar moralmente. Também gostei bastante da direção de fotografia, com o uso maestral do zoom.
Trailer Park Boys (3ª Temporada)
4.5 17Trailer Park Boys foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida nos últimos anos.
Uma História Real
4.2 298Pelo visto a Disney obrigou o David Lynch a tomar uns remedinhos pra fazer esse filme. Não que eu estivesse esperando as pirações dele - na verdade, dada a proposta, as expectativas eram baixas, então acabei me surpreendendo positivamente. Difícil não se apaixonar por um road movie da terceira idade pelas grotas americanas.
Segura a Onda (5ª Temporada)
4.4 13 Assista AgoraO quinto episódio é uma das coisas que mais me fez rir na frente da TV.
Veludo Azul
3.9 777 Assista AgoraA podridão e a maldade raramente vêm à luz na sociedade do sonho, mas elas estão aí, sempre estiveram. Fazem parte da natureza, como Lynch indica com suas metáforas animais. Dar-se conta disso é dar-se conta do absurdo. A discussão continuaria e se aprofundaria em Twin Peaks.
Punks de São Paulo 1983
3.8 8De valor inestimável. E essa pegada experimental casou muito.
Arquivo 81 (1ª Temporada)
3.6 219 Assista AgoraAchei bem pertinente o vilão de uma série envolvendo restauração de fitas se manifestar através do mofo.