Spielberg é um cara "diferenciado", como se diz, não adianta. Já dá pra ver aqui muita coisa que faria sua fama posteriormente: os enquadramentos e movimentos de câmera que transmitem uma ideia por si, o ritmo da montagem, o estilo e a contribuição da trilha musical para o suspense. Encurralado pode ser visto como um ensaio para Tubarão, que terá uma estrutura narrativa semelhante, mas com isso não quero dizer que aquele filme é menor do que este.
Ridley Scott ainda dá um caldo! Produção excelente em todos os aspectos, com destaque para a estrutura narrativa não-usual (e que se encaixa perfeitamente), as atuações e a ambientação. Não sei até que ponto, entretanto, é verossímil a busca de Marguerite por justiça, ou pelo menos a postura "feminista contemporânea" da personagem. Sendo o filme baseado num livro com pesquisa histórica, quero ler para entender melhor. Não estou dizendo que as mulheres da época não se sentiam violentadas e agredidas pelo estupro, mas creio que a postura predominante perante o ocorrido era mais parecida com a da sogra de Marguerite, dada a conjuntura de opressão social e religiosa (é interessante, aliás, como a própria personagem reconhece, depois de virar mãe, que o melhor talvez fosse não ter procurado seus direitos).
Essa série entrega 100% aquilo que se propõe a ser. Dentro dessas produções assentadas na nostalgia, diria que é a melhor. Que baita trabalho de roteiro. Eu teria curiosidade de saber se ela é capaz de dialogar também com o público mais jovem.
Começou muito bem com aquela história da primeira trilogia não passar de um jogo de videogame, e com o Thomas não passando de um esquizofrênico. Teria sido fantástico e, realmente, inovador insistir nessa releitura autocrítica e bem humorada. Mas o dinheiro dos produtores, como sempre, deve ter exigido que voltassem com as cenas de ação e com a velha trama da guerrinha contra as máquinas. Matrix Resurrections caiu, assim, na vala comum dos filmes do gênero, com sua narrativa requentada e sem um pingo de inspiração. É uma pena.
É legalzinho, montagem criativa, algumas partes realmente engraçadas, mas por vezes a metáfora é óbvia demais, escancarada demais. E senti um tom de soberba permeando o filme, como se McKay, ao escrever, estivesse pensando o tempo todo o quanto ele (e os que pensam como ele) é superior aos trouxas da extrema-direita. "Vejam, somos totalmente racionais e sensatos, enquanto esses primatas do outro lado, de tão alienados e idiotas, são capazes de matar a todos nós. Vamos rir deles". Algo que fica evidente nos arroubos histéricos da Jennifer Lawrence e do DiCaprio, implorando para que os "tapados" os escutem. Não me levem a mal, não sou negacionista, pertenço à turma do McKay, mas, se a ideia era fazer uma "puta crítica social", uma abordagem dessas não contribui nem com a mitigação, nem com a compreensão do problema que é esse movimento fascistóide e anticiência. Em uma frase, é um filme da bolha para a bolha.
Lançado um mês e meio depois do meu nascimento, fui ver só hoje, 33 anos depois, no clima da data. Esse filme é um verdadeiro milagre de Natal. Faz jus à fama, totalmente. Posso estar contaminado pela nostalgia, mas me parece que havia uma preocupação do cinema dessa época em sempre entregar uma grande produção, independentemente do gênero. A acuidade do roteiro, as sutilezas, a criatividade, o sarcasmo; a trilha musical, uma releitura dramática de clássicos natalinos, conduzindo nossas sensações; os movimentos de câmera e a montagem, que demonstram planejamento e intenção. Duro de Matar é um filme que tem alma, que tem assinatura. Não vejo isso no cinema de entretenimento atual, ou vejo menos. Há muita padronização (a cansativa e banalizada câmera na mão, por exemplo), lugar-comum, pobreza narrativa e subestimação da inteligência do público, sugerindo preguiça e apego a uma fórmula. Enlatados, no pior sentido da palavra.
Gostei demais, ainda tô tentando entender o motivo. Talvez por ser uma mistura de Super Choque com Liga da Justiça banhada à sangue? Mas tem algo que me incomoda aqui, parece uma produção sem alma, não sei se é por causa da técnica de animação bastante simplória ou por causa da dublagem (incrivelmente repleta de estrelas) perfeitinha demais.
Fazendo eco aqui, é simplesmente uma das melhores animações de todos os tempos. Um primor de roteiro e de produção. Estou chocado, e nunca joguei LOL. Netflix acertou muito.
E a assistente de voz da Amazon deu a luz a um ciborguezinho! Inicialmente, o comportamento violento da protagonista me pareceu gratuito, ou desproporcional, então conclui que seria uma psicopata. Mas ela acabou mostrando afeição ao "pai adotivo", o que não se encaixa nesse perfil, aí fiquei em dúvida e resolvi dar um descanso pro raciocínio lógico e embarcar na viagem de sensações (bom, depois do sexo com o carro acho que já não há alternativa). E isso o filme entrega demais. Raw tem um roteiro mais redondo e focado, mas imergi demais em Titane. Ansioso pelos próximos trabalhos da diretora.
É mesmo muito difícil para a indústria apostar num filme medieval que ouse divergir minimamente dos clichês narrativos estabelecidos por Coração Valente. Aqui tudo é ainda mais descarado, já que o contexto histórico é o mesmo.
Adorei a série, mas não por "explorar vários conceitos filosóficos" (foi o que me pescou, mas Cowboy Bebop, no máximo, flerta com esses conceitos), e sim pela ótima e bem equilibrada mistura de cinema noir com despretensão, temperada com o característico humor japonês e ambientada no espaço. É uma produção bem peculiar, e a trilha musical é sensacional.
Começou muito bem, mas com o "esclarecimento" do mistério acabou próxima de um dramalhão de fundo sobrenatural. A ambientação da série é muito boa e há alguns diálogos realmente bem escritos.
Não sei qual o objetivo final do diretor/roteirista, porque o que vi foi um filme extremamente contraditório, ao mesmo tempo abstrato (longos planos estáticos, uso de montagem ideológica, pouco diálogo, conclusões narrativas deixadas para o espectador) e simplificador (maniqueísmo clichê, estereótipos culturais, referências ideológicas nada criativas e atiradas na cara, sem sutileza). E esse discurso de fundo, de que há uma cultura brasileira que é autêntica e outra que é invasora (e que busca sufocar a primeira), em última análise é um discurso que não se sustenta, porque aqui, à exceção dos indígenas, todos somos imigrantes (claro que a população de origem africana foi trazida à força), e a cultura germânica compõe o caldo cultural brasileiro tanto quanto qualquer outra que veio de fora. Acho importante não confundir essa dinâmica com a dinâmica do racismo, que é um comportamento resultante da escravidão e que é perceptível em toda a população brasileira branca, seja ela de origem germânica, italiana, portuguesa. Não estou dizendo que, na prática, essas dinâmicas não acabam perpassando-se; é bem verdade que o racismo é mais evidente no sul, dado o predomínio populacional dos brancos. Mas daí a concluir que todo descendente de germânico é racista e segregador... Por fim, o que se leva do filme são as expressões marcantes de Antonio Pitanga e alguma competência na direção de arte e de fotografia.
Boogie Nights: Prazer Sem Limites
4.0 551 Assista AgoraFilmão. Um mergulho naquela época e naquele contexto específico. O Tarantino bebeu um pouco disso aqui pra fazer o seu Era Uma Vez em Hollywood.
Anticristo
3.5 2,2K Assista AgoraCinema.
Pra mim, isso é cinema.
(Como é que eu durmo agora?)
Psicopata Americano
3.7 1,9K Assista AgoraÉ... overrated.
Encurralado
3.9 432 Assista AgoraSpielberg é um cara "diferenciado", como se diz, não adianta. Já dá pra ver aqui muita coisa que faria sua fama posteriormente: os enquadramentos e movimentos de câmera que transmitem uma ideia por si, o ritmo da montagem, o estilo e a contribuição da trilha musical para o suspense. Encurralado pode ser visto como um ensaio para Tubarão, que terá uma estrutura narrativa semelhante, mas com isso não quero dizer que aquele filme é menor do que este.
O Último Duelo
3.9 326Ridley Scott ainda dá um caldo! Produção excelente em todos os aspectos, com destaque para a estrutura narrativa não-usual (e que se encaixa perfeitamente), as atuações e a ambientação. Não sei até que ponto, entretanto, é verossímil a busca de Marguerite por justiça, ou pelo menos a postura "feminista contemporânea" da personagem. Sendo o filme baseado num livro com pesquisa histórica, quero ler para entender melhor. Não estou dizendo que as mulheres da época não se sentiam violentadas e agredidas pelo estupro, mas creio que a postura predominante perante o ocorrido era mais parecida com a da sogra de Marguerite, dada a conjuntura de opressão social e religiosa (é interessante, aliás, como a própria personagem reconhece, depois de virar mãe, que o melhor talvez fosse não ter procurado seus direitos).
Fora de Órbita - Parte I
3.0 8 Assista AgoraPor que tudo o que o Japão faz é tão bom? Droga!
Perfeitos Desconhecidos
3.4 22Que baita roteiro. Não vi o original nem as outras versões, mas o elenco aqui está fantástico.
A Hora do Espanto
3.6 588 Assista AgoraA produção é ótima, bem fotografado e montado, efeitos práticos de qualidade. Chris Sarandon rouba a cena na atuação. O roteiro fica um pouco abaixo.
Viagem ao Topo da Terra
4.0 25 Assista AgoraRoteiro excelente e uma animação de muita qualidade, belíssima.
14 Montanhas, 8 Mil Metros e 7 Meses
3.9 24 Assista AgoraA história é incrível, mas achei a produção bem comum. Estava esperando uma fotografia diferenciada, ou uma abordagem mais detalhada das escaladas.
Cobra Kai (4ª Temporada)
4.0 225 Assista AgoraEssa série entrega 100% aquilo que se propõe a ser. Dentro dessas produções assentadas na nostalgia, diria que é a melhor. Que baita trabalho de roteiro. Eu teria curiosidade de saber se ela é capaz de dialogar também com o público mais jovem.
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraKeanu Reeves tá mais pra Ted do que pra Neo nesse filme.
Começou muito bem com aquela história da primeira trilogia não passar de um jogo de videogame, e com o Thomas não passando de um esquizofrênico. Teria sido fantástico e, realmente, inovador insistir nessa releitura autocrítica e bem humorada. Mas o dinheiro dos produtores, como sempre, deve ter exigido que voltassem com as cenas de ação e com a velha trama da guerrinha contra as máquinas. Matrix Resurrections caiu, assim, na vala comum dos filmes do gênero, com sua narrativa requentada e sem um pingo de inspiração. É uma pena.
Segura a Onda (1ª Temporada)
4.3 47 Assista AgoraÉ Seinfeld continuando com um orçamento mais baixo e um George ainda mais idiossincrático. Coisa boa.
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraÉ legalzinho, montagem criativa, algumas partes realmente engraçadas, mas por vezes a metáfora é óbvia demais, escancarada demais. E senti um tom de soberba permeando o filme, como se McKay, ao escrever, estivesse pensando o tempo todo o quanto ele (e os que pensam como ele) é superior aos trouxas da extrema-direita. "Vejam, somos totalmente racionais e sensatos, enquanto esses primatas do outro lado, de tão alienados e idiotas, são capazes de matar a todos nós. Vamos rir deles". Algo que fica evidente nos arroubos histéricos da Jennifer Lawrence e do DiCaprio, implorando para que os "tapados" os escutem. Não me levem a mal, não sou negacionista, pertenço à turma do McKay, mas, se a ideia era fazer uma "puta crítica social", uma abordagem dessas não contribui nem com a mitigação, nem com a compreensão do problema que é esse movimento fascistóide e anticiência. Em uma frase, é um filme da bolha para a bolha.
Duro de Matar
3.8 734 Assista AgoraLançado um mês e meio depois do meu nascimento, fui ver só hoje, 33 anos depois, no clima da data. Esse filme é um verdadeiro milagre de Natal. Faz jus à fama, totalmente. Posso estar contaminado pela nostalgia, mas me parece que havia uma preocupação do cinema dessa época em sempre entregar uma grande produção, independentemente do gênero. A acuidade do roteiro, as sutilezas, a criatividade, o sarcasmo; a trilha musical, uma releitura dramática de clássicos natalinos, conduzindo nossas sensações; os movimentos de câmera e a montagem, que demonstram planejamento e intenção. Duro de Matar é um filme que tem alma, que tem assinatura. Não vejo isso no cinema de entretenimento atual, ou vejo menos. Há muita padronização (a cansativa e banalizada câmera na mão, por exemplo), lugar-comum, pobreza narrativa e subestimação da inteligência do público, sugerindo preguiça e apego a uma fórmula. Enlatados, no pior sentido da palavra.
Invencível (1ª Temporada)
4.3 400 Assista AgoraGostei demais, ainda tô tentando entender o motivo. Talvez por ser uma mistura de Super Choque com Liga da Justiça banhada à sangue? Mas tem algo que me incomoda aqui, parece uma produção sem alma, não sei se é por causa da técnica de animação bastante simplória ou por causa da dublagem (incrivelmente repleta de estrelas) perfeitinha demais.
Arcane: League of Legends (1ª Temporada)
4.6 393Fazendo eco aqui, é simplesmente uma das melhores animações de todos os tempos. Um primor de roteiro e de produção. Estou chocado, e nunca joguei LOL. Netflix acertou muito.
Titane
3.5 391 Assista AgoraE a assistente de voz da Amazon deu a luz a um ciborguezinho!
Inicialmente, o comportamento violento da protagonista me pareceu gratuito, ou desproporcional, então conclui que seria uma psicopata. Mas ela acabou mostrando afeição ao "pai adotivo", o que não se encaixa nesse perfil, aí fiquei em dúvida e resolvi dar um descanso pro raciocínio lógico e embarcar na viagem de sensações (bom, depois do sexo com o carro acho que já não há alternativa). E isso o filme entrega demais. Raw tem um roteiro mais redondo e focado, mas imergi demais em Titane. Ansioso pelos próximos trabalhos da diretora.
Halloween: A Noite do Terror
3.7 1,2K Assista AgoraPalmas para o diretor de fotografia e para o maestro da ópera toda.
Legítimo Rei
3.5 197 Assista AgoraÉ mesmo muito difícil para a indústria apostar num filme medieval que ouse divergir minimamente dos clichês narrativos estabelecidos por Coração Valente. Aqui tudo é ainda mais descarado, já que o contexto histórico é o mesmo.
Cowboy Bebop
4.6 252 Assista AgoraAdorei a série, mas não por "explorar vários conceitos filosóficos" (foi o que me pescou, mas Cowboy Bebop, no máximo, flerta com esses conceitos), e sim pela ótima e bem equilibrada mistura de cinema noir com despretensão, temperada com o característico humor japonês e ambientada no espaço. É uma produção bem peculiar, e a trilha musical é sensacional.
Missa da Meia-Noite
3.9 732Começou muito bem, mas com o "esclarecimento" do mistério acabou próxima de um dramalhão de fundo sobrenatural. A ambientação da série é muito boa e há alguns diálogos realmente bem escritos.
Gostei e achei bastante pertinente a analogia vampirismo-ressurreição (como ninguém pensou nisso antes?).
Cemitério Maldito
2.7 891Fez da adaptação de 89 uma obra-prima.
Casa de Antiguidades
3.1 30Não sei qual o objetivo final do diretor/roteirista, porque o que vi foi um filme extremamente contraditório, ao mesmo tempo abstrato (longos planos estáticos, uso de montagem ideológica, pouco diálogo, conclusões narrativas deixadas para o espectador) e simplificador (maniqueísmo clichê, estereótipos culturais, referências ideológicas nada criativas e atiradas na cara, sem sutileza). E esse discurso de fundo, de que há uma cultura brasileira que é autêntica e outra que é invasora (e que busca sufocar a primeira), em última análise é um discurso que não se sustenta, porque aqui, à exceção dos indígenas, todos somos imigrantes (claro que a população de origem africana foi trazida à força), e a cultura germânica compõe o caldo cultural brasileiro tanto quanto qualquer outra que veio de fora. Acho importante não confundir essa dinâmica com a dinâmica do racismo, que é um comportamento resultante da escravidão e que é perceptível em toda a população brasileira branca, seja ela de origem germânica, italiana, portuguesa. Não estou dizendo que, na prática, essas dinâmicas não acabam perpassando-se; é bem verdade que o racismo é mais evidente no sul, dado o predomínio populacional dos brancos. Mas daí a concluir que todo descendente de germânico é racista e segregador...
Por fim, o que se leva do filme são as expressões marcantes de Antonio Pitanga e alguma competência na direção de arte e de fotografia.