Olha, eu achei a produção bastante competente, digo até que é uma prova do fortalecimento do audiovisual brasileiro. Claro que poderia ampliar o foco, discutir a questão das supostas curas, trazer gente pra analisar o fenômeno do ponto de vista psicológico/cultural. Mas foi feita uma escolha de abordagem, e não se pode negar que a visão das vítimas é a mais impactante e importante.
A narrativa aqui está claramente em segundo plano, o que acontece, eventualmente, com os filmes do Malick (ou se poderia dizer que ela é mais etérea). Mesmo assim, é uma obra singular, tanto pela fotografia quanto pela direção de arte, que conseguem recriar e nos inserir numa época e num ambiente social belissimamente.
Válido como registro do que foi o evento. Gostaria de ver alguma produção que investigasse as origens desse comportamento destrutivo e raivoso do "homem branco com a vida ganha". Origens psicológicas e também sociais, numa abordagem isenta e sem julgamentos, investigativa mesmo. É um fenômeno sempre presente nos festivais contemporâneos, em maior ou menor grau, sobretudo naqueles de música mais pesada.
O argumento é ótimo, o que não é mérito do filme, e sim do conto em que é baseado. Até que foi filmado com competência, mas tem tantos problemas de roteiro e atuação que fica à beira do amadorismo.
Ver um filme do Hitchcock é como voltar pra casa. Todos os filmes dele são o mesmo filme, mas é uma fórmula que não nos enfastia, é sempre garantido o entretenimento. Há muito de teatralidade artificial nas ambientações e atuações, bem ao estilo "sonho americano", não sei se por vício de época ou se há aí uma crítica velada. Mundinhos perfeitos perturbados pela aparição de pessoas violentas ou psicopatas, que é como o mundo real penetra nas suas narrativas - mas sem que se perca o clima geral de conto ou sonho (nunca nos sentimos verdadeiramente angustiados ou apreensivos nos seus filmes, parece que há um cinto de segurança invisível). Volta e meia, pra temperar a trama, temos as características tiradas sarcásticas ou alguma crítica social mais direta. Essa é a sua maneira de fazer cinema, que eu adoro, e que aqui está bem evidente.
Legal como um panorama geral a respeito dos fungos, e também muito bonito. Mas aqui há muita pseudociência, conjecturas e um clima geral de panaceia e misticismo, é preciso ser visto com as devidas ressalvas.
São incontáveis os paralelos que se pode traçar a partir dessa dualidade carnívoro/herbívoro. A mais evidente, que me ocorreu no início da série, é homem/mulher. Mas também cabem forte/fraco, rico/pobre... em todas essas discussões, uma das partes tem que frear seus instintos ou inclinações naturais em prol de um mundo mais igualitário, pacífico, digno. Em prol da civilização, enquanto a outra parte deve buscar se impor, ou empoderar-se, mas de uma maneira positiva, buscando a igualdade. O desenrolar dessas premissas e a maneira como cada indivíduo reage a elas parece ser a discussão central da série, e é isso que me cativa. No mais, é muito bem escrita e esteticamente primorosa.
Finalmente tirei meu atraso de anos para com esse monumento do documentário. Essa é a história do Brasil. Nosso país passou por tantas transformações, mas continua o mesmo pelos rincões e periferias. Coutinho, seguiremos órfãos seus eternamente.
Caros Camaradas está entre os melhores filmes que vi este ano. Seu discurso, que poderia ser definido como antissoviético mas não anticomunista, é embalado numa estética que mescla harmonicamente o estilo do cinema de suspense dos anos 60 com uma fotografia mais jornalística, ou documentarista, e que é belíssima, aliás (a câmera, que observa pelo zoom os acontecimentos, raramente se move, tudo acontece através da montagem e do minucioso planejamento dos enquadramentos). Parece emular também uma certa teatralidade maior nas atuações, outra característica de filmes mais antigos. A trama intensa nos deixa pouco tempo para respirar, e tem toda sua tensão aliviada somente ao final, culminando na mensagem de esperança contida na frase que citei acima. Caros Camaradas mostra que já é possível criticar a URSS com apoio do Ministério da Cultura russo - críticas à Putin, no entanto, devem esperar mais alguns anos.
Talvez demasiadamente intimista e abstrata, a narrativa consegue atingir a nós, o público, em momentos pontuais, quando trata de questões mais universais. A força do filme reside, assim, na fotografia, movimentos de câmera, montagem, cenografia, atuações. É nesse campo que Tarkovski consegue dialogar, entrar em comunhão com o espectador. Aliás, pelo que vi da filmografia dele até então, diria que isso acontece com a maioria das suas obras.
Argumento com potencial para um resultado bem superior. A iniciativa de terminar a obra de um grande cineasta é louvável, e pareceu tecnicamente bem feita. No entanto, é um filme superficial, com falta de foco e ares de muito improviso. A questão é: será que o próprio Orson Welles teria conseguido entregar algo melhor do que o que está aí? Quem viu o documentário (aliás, excelente) sabe que O Outro Lado do Vento foi uma produção basicamente amadora desde o início, sem o apoio técnico e logístico de um grande estúdio, com Orson e outros membros da equipe acumulando funções, roteiro em aberto, as etapas da produção atropelando-se mutuamente e sendo filmada "do jeito que dá". O que poderia sair daí? Não me entendam mal, sou um entusiasta da não-profissionalização das artes, estou apenas apontando uma contradição aparentemente inconciliável entre a proposta e a execução. As próprias declarações de Orson no documentário atestam como nem mesmo ele tinha uma concepção clara a respeito do que estava fazendo, dando a impressão de que esse filme era, na verdade, um esforço pessoal para retomar seu prestígio em Hollywood. Mas um filme como esse precisa mais do que boa vontade e ajuda de amigos para dar certo; o amadorismo, infelizmente, tem seus limites. Ainda assim, percebe-se aqui e ali fragmentos da genialidade do diretor/roteirista, em alguns diálogos e especialmente nas cenas do filme dentro do filme, com destaque para a cena de sexo no carro.
Pensa num filme de zumbi genérico... Sim, eu ainda me decepciono com Snyder, porque ele já alcançou muita coisa legal no cinema. Mas aqui não tem nada, obra vazia, sem alma. Não tem nem mesmo uma estética diferenciada, que tem sido a muleta do diretor mais recentemente.
É desesperançoso perceber a total falência de sistemas de governo ou ideologias perante o desafio que é melhorar a vida das pessoas comuns. O chavismo é só mais um modelo que fracassa aqui, não é o primeiro e nem será o último.
Parei de olhar no início da temporada por estar meio saturado da série e dos seus arcos repetitivos, terminei agora por curiosidade e um pouco de saudade também hehe, e gostei do que vi. É inegável que há uma qualidade no roteiro que permeia toda a produção, com altos e baixos, certamente, mas há uma constância, tanto no desenvolvimento de personagens quanto nas discussões envolvendo as relações humanas e formas de organização social. Seguirei acompanhando até o final.
Fazer esse filme foi um delírio maior do que o do próprio Fitzcarraldo. Admiro o Herzog pela empreitada, mas não dá pra deixar de notar que, por mais que ele tenha uma consciência ambiental e cultural bem desenvolvida, continua refém daquele olhar europeizado da floresta e dos povos indígenas (ao menos na época da produção do filme). Continua colocando-os naquela caixinha do exótico, selvagem, violento, caótico, miserável, lascivo... Bom, nem mesmo nós, brasileiros natos, conseguimos nos libertar desse olhar, que dirá um estrangeiro. PS: mais alguém veio aqui pela indicação da Chloé Zhao na premiação do Oscar?
Não sei, a julgar pelos comentários, o pessoal tá querendo que toda produção audiovisual que aborde o racismo seja um tratado sociológico. Não é querer impor regras demais? Pra mim, e aqui uso as palavras do próprio produtor e roteirista Little Marvin, a ideia da série era fazer as pessoas passarem pelas mesmas experiências físicas e psicológicas que os negros passam por causa do racismo (dentro dos possibilidades do audiovisual, é claro). Um exercício de alteridade, portanto, e o fato de ser um exercício mais emocional do que racional foi uma escolha consciente da produção. Claro que não vai agradar à todos, a maneira como nos impactamos perante qualquer obra é relativa, totalmente vinculada ao fator subjetivo. Pessoalmente, foi a produção desse tipo que mais me chocou, a ponto de gerar um sentimento de repulsa pela minha própria etnia. A inserção do sobrenatural na narrativa foi muito bem escrita e trabalhada - o racismo de ontem volta para assombrar a vida daqueles psicologicamente quebrados pelo racismo de hoje. A performance do elenco é excelente, destaco Jeremiah Birkett, que rouba a cena (personagem também muito bem escrito). Concordo que a trama parece um pouco arrastada no início, mas depois o círculo se fecha, com os dois grandiosos episódios finais. Quantos aos aspectos mais técnicos, a qualidade acompanha.
Tanto o argumento quanto sua execução são cativantes, há muita sensibilidade aqui. Os roteiros dos episódios são bem trabalhados, o único problema que vejo é na atuação, que seguidamente parece exagerada, novelesca demais. Tenho assistido quando chego em casa do trabalho, antes de dormir, sincronizando meu relógio com o relógio da série (e vejo que não sou o único). Só fica faltando algum dos pratos fantásticos do Mestre pra acompanhar haha.
Obra-prima. Só não dou 5 estrelas porque a moral presenta na narrativa meio que culpa o morador de rua, de certa forma, por sua situação, desconsiderando o fator socioeconômico (o que, realmente, tem menos força numa sociedade com mais oportunidades como a japonesa).
Eu, particularmente, tenho um gosto por essas narrativas em tempo "real", numa só locação. Dão mais peso à trama, e os personagens conseguem se desenvolver melhor. O principal problema aqui é a falta de uma real motivação por trás do desenrolar dos acontecimentos (ou uma motivação mais convincente), o que faz o argumento em si do filme superior ao roteiro. É uma iniciativa louvável, entretanto. Proposta bem fora da curva em termos de cinema nacional. O elenco todo está muito bem, sobretudo o Murilo Benício, que parece que nasceu pra esse papel.
Filme competente, fornece um bom panorama geral do personagem e da época em que viveu. Destaque para a dramatização metafórica com as rosas, no melhor estilo "clipe dos anos 90" hehe. Ah, e assisti no Prime, vejam só. Não sei até quando vai estar disponível.
João de Deus: Cura e Crime
3.6 96Olha, eu achei a produção bastante competente, digo até que é uma prova do fortalecimento do audiovisual brasileiro. Claro que poderia ampliar o foco, discutir a questão das supostas curas, trazer gente pra analisar o fenômeno do ponto de vista psicológico/cultural. Mas foi feita uma escolha de abordagem, e não se pode negar que a visão das vítimas é a mais impactante e importante.
Cinzas no Paraíso
4.0 172 Assista AgoraA narrativa aqui está claramente em segundo plano, o que acontece, eventualmente, com os filmes do Malick (ou se poderia dizer que ela é mais etérea). Mesmo assim, é uma obra singular, tanto pela fotografia quanto pela direção de arte, que conseguem recriar e nos inserir numa época e num ambiente social belissimamente.
Music Box - Woodstock 99: Peace, Love, And Rage
3.9 38 Assista AgoraVálido como registro do que foi o evento. Gostaria de ver alguma produção que investigasse as origens desse comportamento destrutivo e raivoso do "homem branco com a vida ganha". Origens psicológicas e também sociais, numa abordagem isenta e sem julgamentos, investigativa mesmo. É um fenômeno sempre presente nos festivais contemporâneos, em maior ou menor grau, sobretudo naqueles de música mais pesada.
Eles Vivem
3.7 734 Assista AgoraO argumento é ótimo, o que não é mérito do filme, e sim do conto em que é baseado. Até que foi filmado com competência, mas tem tantos problemas de roteiro e atuação que fica à beira do amadorismo.
A Sombra de uma Dúvida
4.0 196 Assista AgoraVer um filme do Hitchcock é como voltar pra casa. Todos os filmes dele são o mesmo filme, mas é uma fórmula que não nos enfastia, é sempre garantido o entretenimento. Há muito de teatralidade artificial nas ambientações e atuações, bem ao estilo "sonho americano", não sei se por vício de época ou se há aí uma crítica velada. Mundinhos perfeitos perturbados pela aparição de pessoas violentas ou psicopatas, que é como o mundo real penetra nas suas narrativas - mas sem que se perca o clima geral de conto ou sonho (nunca nos sentimos verdadeiramente angustiados ou apreensivos nos seus filmes, parece que há um cinto de segurança invisível). Volta e meia, pra temperar a trama, temos as características tiradas sarcásticas ou alguma crítica social mais direta. Essa é a sua maneira de fazer cinema, que eu adoro, e que aqui está bem evidente.
Fungos Fantásticos
3.9 60 Assista AgoraLegal como um panorama geral a respeito dos fungos, e também muito bonito. Mas aqui há muita pseudociência, conjecturas e um clima geral de panaceia e misticismo, é preciso ser visto com as devidas ressalvas.
A Força de Grayskull: A História de "He-Man e os …
3.6 22Fiquei sabendo que o nome do Pacato no original é Cringer. Que coisa, não?
Beastars: O Lobo Bom (2ª Temporada)
3.6 40São incontáveis os paralelos que se pode traçar a partir dessa dualidade carnívoro/herbívoro. A mais evidente, que me ocorreu no início da série, é homem/mulher. Mas também cabem forte/fraco, rico/pobre... em todas essas discussões, uma das partes tem que frear seus instintos ou inclinações naturais em prol de um mundo mais igualitário, pacífico, digno. Em prol da civilização, enquanto a outra parte deve buscar se impor, ou empoderar-se, mas de uma maneira positiva, buscando a igualdade. O desenrolar dessas premissas e a maneira como cada indivíduo reage a elas parece ser a discussão central da série, e é isso que me cativa. No mais, é muito bem escrita e esteticamente primorosa.
Cabra Marcado Para Morrer
4.5 253 Assista AgoraFinalmente tirei meu atraso de anos para com esse monumento do documentário. Essa é a história do Brasil. Nosso país passou por tantas transformações, mas continua o mesmo pelos rincões e periferias. Coutinho, seguiremos órfãos seus eternamente.
Caros Camaradas - Trabalhadores em Luta
3.8 24 Assista Agora"Seremos melhores."
Caros Camaradas está entre os melhores filmes que vi este ano. Seu discurso, que poderia ser definido como antissoviético mas não anticomunista, é embalado numa estética que mescla harmonicamente o estilo do cinema de suspense dos anos 60 com uma fotografia mais jornalística, ou documentarista, e que é belíssima, aliás (a câmera, que observa pelo zoom os acontecimentos, raramente se move, tudo acontece através da montagem e do minucioso planejamento dos enquadramentos). Parece emular também uma certa teatralidade maior nas atuações, outra característica de filmes mais antigos.
A trama intensa nos deixa pouco tempo para respirar, e tem toda sua tensão aliviada somente ao final, culminando na mensagem de esperança contida na frase que citei acima. Caros Camaradas mostra que já é possível criticar a URSS com apoio do Ministério da Cultura russo - críticas à Putin, no entanto, devem esperar mais alguns anos.
O Espelho
4.3 264 Assista AgoraTalvez demasiadamente intimista e abstrata, a narrativa consegue atingir a nós, o público, em momentos pontuais, quando trata de questões mais universais. A força do filme reside, assim, na fotografia, movimentos de câmera, montagem, cenografia, atuações. É nesse campo que Tarkovski consegue dialogar, entrar em comunhão com o espectador. Aliás, pelo que vi da filmografia dele até então, diria que isso acontece com a maioria das suas obras.
O Outro Lado do Vento
3.6 36 Assista AgoraArgumento com potencial para um resultado bem superior.
A iniciativa de terminar a obra de um grande cineasta é louvável, e pareceu tecnicamente bem feita. No entanto, é um filme superficial, com falta de foco e ares de muito improviso. A questão é: será que o próprio Orson Welles teria conseguido entregar algo melhor do que o que está aí? Quem viu o documentário (aliás, excelente) sabe que O Outro Lado do Vento foi uma produção basicamente amadora desde o início, sem o apoio técnico e logístico de um grande estúdio, com Orson e outros membros da equipe acumulando funções, roteiro em aberto, as etapas da produção atropelando-se mutuamente e sendo filmada "do jeito que dá". O que poderia sair daí?
Não me entendam mal, sou um entusiasta da não-profissionalização das artes, estou apenas apontando uma contradição aparentemente inconciliável entre a proposta e a execução. As próprias declarações de Orson no documentário atestam como nem mesmo ele tinha uma concepção clara a respeito do que estava fazendo, dando a impressão de que esse filme era, na verdade, um esforço pessoal para retomar seu prestígio em Hollywood. Mas um filme como esse precisa mais do que boa vontade e ajuda de amigos para dar certo; o amadorismo, infelizmente, tem seus limites. Ainda assim, percebe-se aqui e ali fragmentos da genialidade do diretor/roteirista, em alguns diálogos e especialmente nas cenas do filme dentro do filme, com destaque para a cena de sexo no carro.
Army of the Dead: Invasão em Las Vegas
2.8 957Pensa num filme de zumbi genérico... Sim, eu ainda me decepciono com Snyder, porque ele já alcançou muita coisa legal no cinema. Mas aqui não tem nada, obra vazia, sem alma. Não tem nem mesmo uma estética diferenciada, que tem sido a muleta do diretor mais recentemente.
Shaman - RituAlive
4.7 11Ouro. Ouro puro. Paguei caro pelo DVD, mas valeu cada centavo.
A Caverna
2.7 291 Assista AgoraMas que bela b... até que tava interessante, ali, nos primeiros 5 minutos.
O Mundo de Gloria
2.9 5 Assista Agora2.7 na avaliação? Sério mesmo, Filmow?
Era Uma Vez na Venezuela
4.0 3É desesperançoso perceber a total falência de sistemas de governo ou ideologias perante o desafio que é melhorar a vida das pessoas comuns. O chavismo é só mais um modelo que fracassa aqui, não é o primeiro e nem será o último.
The Walking Dead (9ª Temporada)
3.7 368 Assista AgoraParei de olhar no início da temporada por estar meio saturado da série e dos seus arcos repetitivos, terminei agora por curiosidade e um pouco de saudade também hehe, e gostei do que vi. É inegável que há uma qualidade no roteiro que permeia toda a produção, com altos e baixos, certamente, mas há uma constância, tanto no desenvolvimento de personagens quanto nas discussões envolvendo as relações humanas e formas de organização social. Seguirei acompanhando até o final.
Burden of Dreams
4.2 19Fazer esse filme foi um delírio maior do que o do próprio Fitzcarraldo. Admiro o Herzog pela empreitada, mas não dá pra deixar de notar que, por mais que ele tenha uma consciência ambiental e cultural bem desenvolvida, continua refém daquele olhar europeizado da floresta e dos povos indígenas (ao menos na época da produção do filme). Continua colocando-os naquela caixinha do exótico, selvagem, violento, caótico, miserável, lascivo... Bom, nem mesmo nós, brasileiros natos, conseguimos nos libertar desse olhar, que dirá um estrangeiro.
PS: mais alguém veio aqui pela indicação da Chloé Zhao na premiação do Oscar?
Eles (1ª Temporada)
4.1 553 Assista AgoraNão sei, a julgar pelos comentários, o pessoal tá querendo que toda produção audiovisual que aborde o racismo seja um tratado sociológico. Não é querer impor regras demais? Pra mim, e aqui uso as palavras do próprio produtor e roteirista Little Marvin, a ideia da série era fazer as pessoas passarem pelas mesmas experiências físicas e psicológicas que os negros passam por causa do racismo (dentro dos possibilidades do audiovisual, é claro). Um exercício de alteridade, portanto, e o fato de ser um exercício mais emocional do que racional foi uma escolha consciente da produção. Claro que não vai agradar à todos, a maneira como nos impactamos perante qualquer obra é relativa, totalmente vinculada ao fator subjetivo.
Pessoalmente, foi a produção desse tipo que mais me chocou, a ponto de gerar um sentimento de repulsa pela minha própria etnia. A inserção do sobrenatural na narrativa foi muito bem escrita e trabalhada - o racismo de ontem volta para assombrar a vida daqueles psicologicamente quebrados pelo racismo de hoje. A performance do elenco é excelente, destaco Jeremiah Birkett, que rouba a cena (personagem também muito bem escrito). Concordo que a trama parece um pouco arrastada no início, mas depois o círculo se fecha, com os dois grandiosos episódios finais. Quantos aos aspectos mais técnicos, a qualidade acompanha.
Midnight Diner: Tokyo Stories (1ª Temporada)
4.4 47 Assista AgoraTanto o argumento quanto sua execução são cativantes, há muita sensibilidade aqui. Os roteiros dos episódios são bem trabalhados, o único problema que vejo é na atuação, que seguidamente parece exagerada, novelesca demais.
Tenho assistido quando chego em casa do trabalho, antes de dormir, sincronizando meu relógio com o relógio da série (e vejo que não sou o único). Só fica faltando algum dos pratos fantásticos do Mestre pra acompanhar haha.
Padrinhos de Tóquio
4.3 202 Assista AgoraObra-prima. Só não dou 5 estrelas porque a moral presenta na narrativa meio que culpa o morador de rua, de certa forma, por sua situação, desconsiderando o fator socioeconômico (o que, realmente, tem menos força numa sociedade com mais oportunidades como a japonesa).
O Animal Cordial
3.4 618 Assista AgoraEu, particularmente, tenho um gosto por essas narrativas em tempo "real", numa só locação. Dão mais peso à trama, e os personagens conseguem se desenvolver melhor. O principal problema aqui é a falta de uma real motivação por trás do desenrolar dos acontecimentos (ou uma motivação mais convincente), o que faz o argumento em si do filme superior ao roteiro. É uma iniciativa louvável, entretanto. Proposta bem fora da curva em termos de cinema nacional. O elenco todo está muito bem, sobretudo o Murilo Benício, que parece que nasceu pra esse papel.
O Velho - A História de Luiz Carlos Prestes
3.9 31Filme competente, fornece um bom panorama geral do personagem e da época em que viveu. Destaque para a dramatização metafórica com as rosas, no melhor estilo "clipe dos anos 90" hehe. Ah, e assisti no Prime, vejam só. Não sei até quando vai estar disponível.