Começou muito bem com aquela história da primeira trilogia não passar de um jogo de videogame, e com o Thomas não passando de um esquizofrênico. Teria sido fantástico e, realmente, inovador insistir nessa releitura autocrítica e bem humorada. Mas o dinheiro dos produtores, como sempre, deve ter exigido que voltassem com as cenas de ação e com a velha trama da guerrinha contra as máquinas. Matrix Resurrections caiu, assim, na vala comum dos filmes do gênero, com sua narrativa requentada e sem um pingo de inspiração. É uma pena.
É legalzinho, montagem criativa, algumas partes realmente engraçadas, mas por vezes a metáfora é óbvia demais, escancarada demais. E senti um tom de soberba permeando o filme, como se McKay, ao escrever, estivesse pensando o tempo todo o quanto ele (e os que pensam como ele) é superior aos trouxas da extrema-direita. "Vejam, somos totalmente racionais e sensatos, enquanto esses primatas do outro lado, de tão alienados e idiotas, são capazes de matar a todos nós. Vamos rir deles". Algo que fica evidente nos arroubos histéricos da Jennifer Lawrence e do DiCaprio, implorando para que os "tapados" os escutem. Não me levem a mal, não sou negacionista, pertenço à turma do McKay, mas, se a ideia era fazer uma "puta crítica social", uma abordagem dessas não contribui nem com a mitigação, nem com a compreensão do problema que é esse movimento fascistóide e anticiência. Em uma frase, é um filme da bolha para a bolha.
Lançado um mês e meio depois do meu nascimento, fui ver só hoje, 33 anos depois, no clima da data. Esse filme é um verdadeiro milagre de Natal. Faz jus à fama, totalmente. Posso estar contaminado pela nostalgia, mas me parece que havia uma preocupação do cinema dessa época em sempre entregar uma grande produção, independentemente do gênero. A acuidade do roteiro, as sutilezas, a criatividade, o sarcasmo; a trilha musical, uma releitura dramática de clássicos natalinos, conduzindo nossas sensações; os movimentos de câmera e a montagem, que demonstram planejamento e intenção. Duro de Matar é um filme que tem alma, que tem assinatura. Não vejo isso no cinema de entretenimento atual, ou vejo menos. Há muita padronização (a cansativa e banalizada câmera na mão, por exemplo), lugar-comum, pobreza narrativa e subestimação da inteligência do público, sugerindo preguiça e apego a uma fórmula. Enlatados, no pior sentido da palavra.
E a assistente de voz da Amazon deu a luz a um ciborguezinho! Inicialmente, o comportamento violento da protagonista me pareceu gratuito, ou desproporcional, então conclui que seria uma psicopata. Mas ela acabou mostrando afeição ao "pai adotivo", o que não se encaixa nesse perfil, aí fiquei em dúvida e resolvi dar um descanso pro raciocínio lógico e embarcar na viagem de sensações (bom, depois do sexo com o carro acho que já não há alternativa). E isso o filme entrega demais. Raw tem um roteiro mais redondo e focado, mas imergi demais em Titane. Ansioso pelos próximos trabalhos da diretora.
É mesmo muito difícil para a indústria apostar num filme medieval que ouse divergir minimamente dos clichês narrativos estabelecidos por Coração Valente. Aqui tudo é ainda mais descarado, já que o contexto histórico é o mesmo.
Não sei qual o objetivo final do diretor/roteirista, porque o que vi foi um filme extremamente contraditório, ao mesmo tempo abstrato (longos planos estáticos, uso de montagem ideológica, pouco diálogo, conclusões narrativas deixadas para o espectador) e simplificador (maniqueísmo clichê, estereótipos culturais, referências ideológicas nada criativas e atiradas na cara, sem sutileza). E esse discurso de fundo, de que há uma cultura brasileira que é autêntica e outra que é invasora (e que busca sufocar a primeira), em última análise é um discurso que não se sustenta, porque aqui, à exceção dos indígenas, todos somos imigrantes (claro que a população de origem africana foi trazida à força), e a cultura germânica compõe o caldo cultural brasileiro tanto quanto qualquer outra que veio de fora. Acho importante não confundir essa dinâmica com a dinâmica do racismo, que é um comportamento resultante da escravidão e que é perceptível em toda a população brasileira branca, seja ela de origem germânica, italiana, portuguesa. Não estou dizendo que, na prática, essas dinâmicas não acabam perpassando-se; é bem verdade que o racismo é mais evidente no sul, dado o predomínio populacional dos brancos. Mas daí a concluir que todo descendente de germânico é racista e segregador... Por fim, o que se leva do filme são as expressões marcantes de Antonio Pitanga e alguma competência na direção de arte e de fotografia.
A narrativa aqui está claramente em segundo plano, o que acontece, eventualmente, com os filmes do Malick (ou se poderia dizer que ela é mais etérea). Mesmo assim, é uma obra singular, tanto pela fotografia quanto pela direção de arte, que conseguem recriar e nos inserir numa época e num ambiente social belissimamente.
Válido como registro do que foi o evento. Gostaria de ver alguma produção que investigasse as origens desse comportamento destrutivo e raivoso do "homem branco com a vida ganha". Origens psicológicas e também sociais, numa abordagem isenta e sem julgamentos, investigativa mesmo. É um fenômeno sempre presente nos festivais contemporâneos, em maior ou menor grau, sobretudo naqueles de música mais pesada.
O argumento é ótimo, o que não é mérito do filme, e sim do conto em que é baseado. Até que foi filmado com competência, mas tem tantos problemas de roteiro e atuação que fica à beira do amadorismo.
Ver um filme do Hitchcock é como voltar pra casa. Todos os filmes dele são o mesmo filme, mas é uma fórmula que não nos enfastia, é sempre garantido o entretenimento. Há muito de teatralidade artificial nas ambientações e atuações, bem ao estilo "sonho americano", não sei se por vício de época ou se há aí uma crítica velada. Mundinhos perfeitos perturbados pela aparição de pessoas violentas ou psicopatas, que é como o mundo real penetra nas suas narrativas - mas sem que se perca o clima geral de conto ou sonho (nunca nos sentimos verdadeiramente angustiados ou apreensivos nos seus filmes, parece que há um cinto de segurança invisível). Volta e meia, pra temperar a trama, temos as características tiradas sarcásticas ou alguma crítica social mais direta. Essa é a sua maneira de fazer cinema, que eu adoro, e que aqui está bem evidente.
Legal como um panorama geral a respeito dos fungos, e também muito bonito. Mas aqui há muita pseudociência, conjecturas e um clima geral de panaceia e misticismo, é preciso ser visto com as devidas ressalvas.
Finalmente tirei meu atraso de anos para com esse monumento do documentário. Essa é a história do Brasil. Nosso país passou por tantas transformações, mas continua o mesmo pelos rincões e periferias. Coutinho, seguiremos órfãos seus eternamente.
Caros Camaradas está entre os melhores filmes que vi este ano. Seu discurso, que poderia ser definido como antissoviético mas não anticomunista, é embalado numa estética que mescla harmonicamente o estilo do cinema de suspense dos anos 60 com uma fotografia mais jornalística, ou documentarista, e que é belíssima, aliás (a câmera, que observa pelo zoom os acontecimentos, raramente se move, tudo acontece através da montagem e do minucioso planejamento dos enquadramentos). Parece emular também uma certa teatralidade maior nas atuações, outra característica de filmes mais antigos. A trama intensa nos deixa pouco tempo para respirar, e tem toda sua tensão aliviada somente ao final, culminando na mensagem de esperança contida na frase que citei acima. Caros Camaradas mostra que já é possível criticar a URSS com apoio do Ministério da Cultura russo - críticas à Putin, no entanto, devem esperar mais alguns anos.
Talvez demasiadamente intimista e abstrata, a narrativa consegue atingir a nós, o público, em momentos pontuais, quando trata de questões mais universais. A força do filme reside, assim, na fotografia, movimentos de câmera, montagem, cenografia, atuações. É nesse campo que Tarkovski consegue dialogar, entrar em comunhão com o espectador. Aliás, pelo que vi da filmografia dele até então, diria que isso acontece com a maioria das suas obras.
Argumento com potencial para um resultado bem superior. A iniciativa de terminar a obra de um grande cineasta é louvável, e pareceu tecnicamente bem feita. No entanto, é um filme superficial, com falta de foco e ares de muito improviso. A questão é: será que o próprio Orson Welles teria conseguido entregar algo melhor do que o que está aí? Quem viu o documentário (aliás, excelente) sabe que O Outro Lado do Vento foi uma produção basicamente amadora desde o início, sem o apoio técnico e logístico de um grande estúdio, com Orson e outros membros da equipe acumulando funções, roteiro em aberto, as etapas da produção atropelando-se mutuamente e sendo filmada "do jeito que dá". O que poderia sair daí? Não me entendam mal, sou um entusiasta da não-profissionalização das artes, estou apenas apontando uma contradição aparentemente inconciliável entre a proposta e a execução. As próprias declarações de Orson no documentário atestam como nem mesmo ele tinha uma concepção clara a respeito do que estava fazendo, dando a impressão de que esse filme era, na verdade, um esforço pessoal para retomar seu prestígio em Hollywood. Mas um filme como esse precisa mais do que boa vontade e ajuda de amigos para dar certo; o amadorismo, infelizmente, tem seus limites. Ainda assim, percebe-se aqui e ali fragmentos da genialidade do diretor/roteirista, em alguns diálogos e especialmente nas cenas do filme dentro do filme, com destaque para a cena de sexo no carro.
Pensa num filme de zumbi genérico... Sim, eu ainda me decepciono com Snyder, porque ele já alcançou muita coisa legal no cinema. Mas aqui não tem nada, obra vazia, sem alma. Não tem nem mesmo uma estética diferenciada, que tem sido a muleta do diretor mais recentemente.
A Hora do Espanto
3.6 588 Assista AgoraA produção é ótima, bem fotografado e montado, efeitos práticos de qualidade. Chris Sarandon rouba a cena na atuação. O roteiro fica um pouco abaixo.
Viagem ao Topo da Terra
4.0 25 Assista AgoraRoteiro excelente e uma animação de muita qualidade, belíssima.
14 Montanhas, 8 Mil Metros e 7 Meses
3.9 24 Assista AgoraA história é incrível, mas achei a produção bem comum. Estava esperando uma fotografia diferenciada, ou uma abordagem mais detalhada das escaladas.
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraKeanu Reeves tá mais pra Ted do que pra Neo nesse filme.
Começou muito bem com aquela história da primeira trilogia não passar de um jogo de videogame, e com o Thomas não passando de um esquizofrênico. Teria sido fantástico e, realmente, inovador insistir nessa releitura autocrítica e bem humorada. Mas o dinheiro dos produtores, como sempre, deve ter exigido que voltassem com as cenas de ação e com a velha trama da guerrinha contra as máquinas. Matrix Resurrections caiu, assim, na vala comum dos filmes do gênero, com sua narrativa requentada e sem um pingo de inspiração. É uma pena.
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraÉ legalzinho, montagem criativa, algumas partes realmente engraçadas, mas por vezes a metáfora é óbvia demais, escancarada demais. E senti um tom de soberba permeando o filme, como se McKay, ao escrever, estivesse pensando o tempo todo o quanto ele (e os que pensam como ele) é superior aos trouxas da extrema-direita. "Vejam, somos totalmente racionais e sensatos, enquanto esses primatas do outro lado, de tão alienados e idiotas, são capazes de matar a todos nós. Vamos rir deles". Algo que fica evidente nos arroubos histéricos da Jennifer Lawrence e do DiCaprio, implorando para que os "tapados" os escutem. Não me levem a mal, não sou negacionista, pertenço à turma do McKay, mas, se a ideia era fazer uma "puta crítica social", uma abordagem dessas não contribui nem com a mitigação, nem com a compreensão do problema que é esse movimento fascistóide e anticiência. Em uma frase, é um filme da bolha para a bolha.
Duro de Matar
3.8 735 Assista AgoraLançado um mês e meio depois do meu nascimento, fui ver só hoje, 33 anos depois, no clima da data. Esse filme é um verdadeiro milagre de Natal. Faz jus à fama, totalmente. Posso estar contaminado pela nostalgia, mas me parece que havia uma preocupação do cinema dessa época em sempre entregar uma grande produção, independentemente do gênero. A acuidade do roteiro, as sutilezas, a criatividade, o sarcasmo; a trilha musical, uma releitura dramática de clássicos natalinos, conduzindo nossas sensações; os movimentos de câmera e a montagem, que demonstram planejamento e intenção. Duro de Matar é um filme que tem alma, que tem assinatura. Não vejo isso no cinema de entretenimento atual, ou vejo menos. Há muita padronização (a cansativa e banalizada câmera na mão, por exemplo), lugar-comum, pobreza narrativa e subestimação da inteligência do público, sugerindo preguiça e apego a uma fórmula. Enlatados, no pior sentido da palavra.
Titane
3.5 390 Assista AgoraE a assistente de voz da Amazon deu a luz a um ciborguezinho!
Inicialmente, o comportamento violento da protagonista me pareceu gratuito, ou desproporcional, então conclui que seria uma psicopata. Mas ela acabou mostrando afeição ao "pai adotivo", o que não se encaixa nesse perfil, aí fiquei em dúvida e resolvi dar um descanso pro raciocínio lógico e embarcar na viagem de sensações (bom, depois do sexo com o carro acho que já não há alternativa). E isso o filme entrega demais. Raw tem um roteiro mais redondo e focado, mas imergi demais em Titane. Ansioso pelos próximos trabalhos da diretora.
Halloween: A Noite do Terror
3.7 1,2K Assista AgoraPalmas para o diretor de fotografia e para o maestro da ópera toda.
Legítimo Rei
3.5 197 Assista AgoraÉ mesmo muito difícil para a indústria apostar num filme medieval que ouse divergir minimamente dos clichês narrativos estabelecidos por Coração Valente. Aqui tudo é ainda mais descarado, já que o contexto histórico é o mesmo.
Cemitério Maldito
2.7 891Fez da adaptação de 89 uma obra-prima.
Casa de Antiguidades
3.1 30Não sei qual o objetivo final do diretor/roteirista, porque o que vi foi um filme extremamente contraditório, ao mesmo tempo abstrato (longos planos estáticos, uso de montagem ideológica, pouco diálogo, conclusões narrativas deixadas para o espectador) e simplificador (maniqueísmo clichê, estereótipos culturais, referências ideológicas nada criativas e atiradas na cara, sem sutileza). E esse discurso de fundo, de que há uma cultura brasileira que é autêntica e outra que é invasora (e que busca sufocar a primeira), em última análise é um discurso que não se sustenta, porque aqui, à exceção dos indígenas, todos somos imigrantes (claro que a população de origem africana foi trazida à força), e a cultura germânica compõe o caldo cultural brasileiro tanto quanto qualquer outra que veio de fora. Acho importante não confundir essa dinâmica com a dinâmica do racismo, que é um comportamento resultante da escravidão e que é perceptível em toda a população brasileira branca, seja ela de origem germânica, italiana, portuguesa. Não estou dizendo que, na prática, essas dinâmicas não acabam perpassando-se; é bem verdade que o racismo é mais evidente no sul, dado o predomínio populacional dos brancos. Mas daí a concluir que todo descendente de germânico é racista e segregador...
Por fim, o que se leva do filme são as expressões marcantes de Antonio Pitanga e alguma competência na direção de arte e de fotografia.
Cinzas no Paraíso
4.0 172 Assista AgoraA narrativa aqui está claramente em segundo plano, o que acontece, eventualmente, com os filmes do Malick (ou se poderia dizer que ela é mais etérea). Mesmo assim, é uma obra singular, tanto pela fotografia quanto pela direção de arte, que conseguem recriar e nos inserir numa época e num ambiente social belissimamente.
Music Box - Woodstock 99: Peace, Love, And Rage
3.9 38 Assista AgoraVálido como registro do que foi o evento. Gostaria de ver alguma produção que investigasse as origens desse comportamento destrutivo e raivoso do "homem branco com a vida ganha". Origens psicológicas e também sociais, numa abordagem isenta e sem julgamentos, investigativa mesmo. É um fenômeno sempre presente nos festivais contemporâneos, em maior ou menor grau, sobretudo naqueles de música mais pesada.
Eles Vivem
3.7 730 Assista AgoraO argumento é ótimo, o que não é mérito do filme, e sim do conto em que é baseado. Até que foi filmado com competência, mas tem tantos problemas de roteiro e atuação que fica à beira do amadorismo.
A Sombra de uma Dúvida
4.0 195 Assista AgoraVer um filme do Hitchcock é como voltar pra casa. Todos os filmes dele são o mesmo filme, mas é uma fórmula que não nos enfastia, é sempre garantido o entretenimento. Há muito de teatralidade artificial nas ambientações e atuações, bem ao estilo "sonho americano", não sei se por vício de época ou se há aí uma crítica velada. Mundinhos perfeitos perturbados pela aparição de pessoas violentas ou psicopatas, que é como o mundo real penetra nas suas narrativas - mas sem que se perca o clima geral de conto ou sonho (nunca nos sentimos verdadeiramente angustiados ou apreensivos nos seus filmes, parece que há um cinto de segurança invisível). Volta e meia, pra temperar a trama, temos as características tiradas sarcásticas ou alguma crítica social mais direta. Essa é a sua maneira de fazer cinema, que eu adoro, e que aqui está bem evidente.
Fungos Fantásticos
3.9 60 Assista AgoraLegal como um panorama geral a respeito dos fungos, e também muito bonito. Mas aqui há muita pseudociência, conjecturas e um clima geral de panaceia e misticismo, é preciso ser visto com as devidas ressalvas.
A Força de Grayskull: A História de "He-Man e os …
3.6 22Fiquei sabendo que o nome do Pacato no original é Cringer. Que coisa, não?
Cabra Marcado Para Morrer
4.5 253 Assista AgoraFinalmente tirei meu atraso de anos para com esse monumento do documentário. Essa é a história do Brasil. Nosso país passou por tantas transformações, mas continua o mesmo pelos rincões e periferias. Coutinho, seguiremos órfãos seus eternamente.
Caros Camaradas - Trabalhadores em Luta
3.8 24 Assista Agora"Seremos melhores."
Caros Camaradas está entre os melhores filmes que vi este ano. Seu discurso, que poderia ser definido como antissoviético mas não anticomunista, é embalado numa estética que mescla harmonicamente o estilo do cinema de suspense dos anos 60 com uma fotografia mais jornalística, ou documentarista, e que é belíssima, aliás (a câmera, que observa pelo zoom os acontecimentos, raramente se move, tudo acontece através da montagem e do minucioso planejamento dos enquadramentos). Parece emular também uma certa teatralidade maior nas atuações, outra característica de filmes mais antigos.
A trama intensa nos deixa pouco tempo para respirar, e tem toda sua tensão aliviada somente ao final, culminando na mensagem de esperança contida na frase que citei acima. Caros Camaradas mostra que já é possível criticar a URSS com apoio do Ministério da Cultura russo - críticas à Putin, no entanto, devem esperar mais alguns anos.
O Espelho
4.3 264 Assista AgoraTalvez demasiadamente intimista e abstrata, a narrativa consegue atingir a nós, o público, em momentos pontuais, quando trata de questões mais universais. A força do filme reside, assim, na fotografia, movimentos de câmera, montagem, cenografia, atuações. É nesse campo que Tarkovski consegue dialogar, entrar em comunhão com o espectador. Aliás, pelo que vi da filmografia dele até então, diria que isso acontece com a maioria das suas obras.
O Outro Lado do Vento
3.6 36 Assista AgoraArgumento com potencial para um resultado bem superior.
A iniciativa de terminar a obra de um grande cineasta é louvável, e pareceu tecnicamente bem feita. No entanto, é um filme superficial, com falta de foco e ares de muito improviso. A questão é: será que o próprio Orson Welles teria conseguido entregar algo melhor do que o que está aí? Quem viu o documentário (aliás, excelente) sabe que O Outro Lado do Vento foi uma produção basicamente amadora desde o início, sem o apoio técnico e logístico de um grande estúdio, com Orson e outros membros da equipe acumulando funções, roteiro em aberto, as etapas da produção atropelando-se mutuamente e sendo filmada "do jeito que dá". O que poderia sair daí?
Não me entendam mal, sou um entusiasta da não-profissionalização das artes, estou apenas apontando uma contradição aparentemente inconciliável entre a proposta e a execução. As próprias declarações de Orson no documentário atestam como nem mesmo ele tinha uma concepção clara a respeito do que estava fazendo, dando a impressão de que esse filme era, na verdade, um esforço pessoal para retomar seu prestígio em Hollywood. Mas um filme como esse precisa mais do que boa vontade e ajuda de amigos para dar certo; o amadorismo, infelizmente, tem seus limites. Ainda assim, percebe-se aqui e ali fragmentos da genialidade do diretor/roteirista, em alguns diálogos e especialmente nas cenas do filme dentro do filme, com destaque para a cena de sexo no carro.
Army of the Dead: Invasão em Las Vegas
2.8 955Pensa num filme de zumbi genérico... Sim, eu ainda me decepciono com Snyder, porque ele já alcançou muita coisa legal no cinema. Mas aqui não tem nada, obra vazia, sem alma. Não tem nem mesmo uma estética diferenciada, que tem sido a muleta do diretor mais recentemente.
Shaman - RituAlive
4.7 11Ouro. Ouro puro. Paguei caro pelo DVD, mas valeu cada centavo.
A Caverna
2.7 290 Assista AgoraMas que bela b... até que tava interessante, ali, nos primeiros 5 minutos.