Ao fim da projeção, os créditos finais anunciam: “Você assistiu à Suspiria”. Esta ênfase na experiência denota a intenção central de Dario Argento ao criar uma peça tão lisérgica e fantástica: convidar o espectador a um misto de sensações para as quais a mera absorção passiva de sua história não é suficiente. É preciso recriá-la, com seu próprio medo, sua própria impressão dos eventos que se desenrolam em corredores banhados de múltiplas cores e sons arrepiantes. Suzy Banion (Jessica Harper, em seu primeiro papel no cinema) é a grande catalisadora das emoções do público. Recém-ingressa em uma academia de dança, ela logo descobre que estranhas forças agem naquele lugar, e sua sobrevivência exigirá mais do que talento para ficar na ponta dos pés. Interessante notar como, mesmo sendo a grande protagonista, Suzy passa boa parte do filme dopada e inerte, e cabe a quem assiste ser os seus olhos e tentar desvendar os enigmas por trás de cada porta fechada. Esta invocação da subjetividade faz com que muitos se levantem contra o que alegam ser um roteiro cheio de furos, mas nenhum elemento cênico dá indícios de que tem algum compromisso com a realidade. Esta abstração intencional de Argento justifica a plasticidade empregada nas cenas de morte. O vermelho saturado de um sangue falso se combina a pedaços de vidro igualmente coloridos e geometricamente recortados que perfuram um belo corpo feminino caído no chão, representando a violência como uma pintura. Em tempos em que o terror constantemente apela para um realismo brutal e sádico para chocar uma plateia cada vez menos impressionável (a violência como fetiche), “Suspiria” pode soar bastante inocente. Mas não se engane: é nas coisas que ignoramos que o verdadeiro medo se estabelece. Em 2018, Luca Guadagnino dirigiu um remake desta obra-prima italiana, traindo os princípios mais importantes de seu predecessor para dar lugar a uma narrativa presunçosa e inconsistente. Cabe resgatar uma fala do poeta Stéphane Mallarmé: “Nomear um objeto equivale a suprimir três quartos do prazer da poesia, que é feito de avinhar pouco a pouco; sugeri-lo, eis o sonho.“ E Dario Argento, como tantos outros realizadores daquela época, foi, antes de mais nada e acima de tudo, um grande poeta.
Horroroso em todos os sentidos. Além de falhar como drama sobre a relação professor-aluno e como thriller, ainda parece ser filmado com uma câmera de celular, tão mal filmadas são as cenas.
Há tempos que não saía tão extasiado de uma sala de cinema. "Bacurau" é um sopro de vitalidade não só para o cinema nacional, como para seu próprio povo. Retrata, em um futuro distópico, um Brasil utópico, que acordou, gritou, sangrou, e não deixou pedra sobre pedra. Louco, poético, visceral, extravagante, e ao mesmo tempo simples, quase cafona. Dá para ser mais brasileiro que isso? E toda essa brasilidade se sobrepondo aos elementos tipicamente norte-americanos, subvertendo a lógica dos westerns e slashers, é uma coisa linda de se ver.
Não sei o que é mais constrangedor: o filme em si ou o público aclamando essa fanfic horrenda. Resta saber se no "live action" do Rei Leão vão contar que o Timão e o Pumba cuidaram muito mal do Simba, mas por sorte o Scar estava lá o tempo todo cuidando dele, o que fez com que se afeiçoasse ao sobrinho e lhe devolvesse o reino ao atingir a idade certa.
Há algumas escolhas narrativas interessantes, como introduzir primeiro o assassino e depois as demais personagens e não girar em torno da identidade do mesmo, que é revelada já na metade do filme. Porém, a história não evolui, o final é tosco e falta carisma tanto ao psicopata quanto às vítimas. Amanhã eu já devo esquecer que vi.
"Incêndios" é um excelente representante do cinema enquanto instrumento de contar boas histórias. O poder do relato alinhado às imagens fortes captadas pela câmera possui o DNA de um tradicional folhetim, e nada sobra no roteiro do Villeneuve, que é erroneamente acusado de conduzir a trama com frieza. Não acho que isso seja um demérito, apenas uma escolha. A violência existe e é brutal, mas nunca é mostrada gratuitamente ou para produzir o choque pelo choque. Certamente isto não agradou à Academia na ocasião do Oscar, uma vez que Hollywood adora espetacularizar a barbárie e fazer a tela pingar sangue.
Em dado momento do filme, a personagem Sally diz que o sexo pode botar a perder uma amizade. Ironicamente, isso acaba afetando o próprio filme, uma vez que a talentosa dupla de atores funciona muito bem como amigos, porém, não convence como amantes. Isso e os poucos números musicais prejudicaram um pouco a experiência para mim, mas nada que não faça valer - e muito, a projeção. Liza Minelli honrou o legado de sua mãe com louvor!
Nunca deixa de me surpreender a capacidade humana de criar situações que podem conduzir a todos nós à morte. Não menos surpreendente é constatar quão próximos nós já estivemos disso em ocasiões como esta. E a despeito das mais baixas expectativas, cá estamos nós, assimilando a barbárie, transformando o horror em arte, reconstruindo nosso passado - do qual pouco há para se orgulhar, com opulência. Ainda que trate de conceitos físicos bastante além da realidade da grande maioria de nós, "Chernobyl" é uma minissérie totalmente palatável. Se a verdade foi obscurecida à época do desastre, aqui ela é clara e cristalina, para não deixar dúvidas sobre quem está certo e quem está errado, nem que para isso precise abraçar com força o maniqueísmo. No frigir dos ovos, é impossível ignorar que é uma história russa contada por americanos, e esta intenção não se deixa disfarçar nem pelo idioma praticado pelas personagens (alô, Glória Perez), nem por todo verniz que conduz o espetáculo, embalado por frases de efeito rasas sobre verdades e mentiras (kkkk, ah, EUA..). Mas nada disso importa quando nossa insaciável e mórbida curiosidade pelo desastre é sanada com tamanha precisão, sem que precisemos nos expor à radiação.
O pai, transtornado por perder uma testemunha que poderia levá-lo ao ladrão, esbofeteia o filho, que chora, se afasta, mas obedece. O pai não pede desculpas, diz que ele mereceu. Eles caminham mais um pouco, até que chegam a uma ponte, onde o pai pede ao menino que aguarde enquanto ele tenta localizar a testemunha. Ele dá alguns passos e logo ouve vozes que gritam por socorro, pois alguém está se afogando no rio. O pai, quando toma consciência do ocorrido, se desespera e grita pelo filho. Ao chegar à margem, vê um grupo de resgate tirando um corpo da água. Ele olha para o outro lado, e vê o filho sentado nas escadas. Seu semblante se ameniza. Eles se olham, não há um abraço e nenhum contato físico. Mesmo assim, podemos sentir todo o amor que eles sentem um pelo outro. A sequência final pode ser desoladora, mas essa sim me levou às lágrimas.
"Um Estranho no Lago" não é um filme para qualquer público. Se você não é do meio LGBT, provavelmente o classificará como um thriller entediante e sem muito sentido. Mas há muito mais em seu conteúdo. O suspense abriga uma metáfora para o vazio que tomou as relações deste meio: o afogamento como apagamento do outro; o sexo como vício; o físico como moeda de troca e mola propulsora para uma busca por aceitação, reflexo da falta de autoestima, muitas vezes consequência da rejeição perante à marginalização na sociedade. Marginalização esta perfeitamente transporta ao ambiente da margem de um lago, que oferece a liquidez própria dos contatos buscados naquele ambiente. A fala do investigador no final do filme é de se ouvir de joelhos, pois sintetiza todo o comportamento de um grupo cada vez menos preocupado com seus integrantes, que de tanto esperar do mundo, oferece aquilo que sempre conseguiu: nada.
Pela proposta da série, achei que poderia mesclar mais os estilos de animação, já que a grande maioria segue aquele estilo ultrarealista que deixa o episódio com ares de videogame. Algumas histórias são extremamente banais, o que também tira um pouco o seu peso, mas o todo é bem agradável de assistir, e a curta duração dos episódios contribui para essa fluidez gostosa. Zima Blue é a pérola da temporada, mas destacam-se também "Good Hunt" e "Help Handing", que talvez sejam os melhores em contar uma história bem definida e que justificam o estilo adotado.
Tem o seu valor pela época em que foi lançado, e, obviamente, muitas produções posteriores replicaram sua essência, o que, por si só, elimina o ineditismo para o público de hoje. Porém, seu jogo metalinguístico logo cansa, uma vez que, para confundir o espectador, lança mão, diversas vezes, do recurso
"ainda estamos no jogo?". Isso acaba soando como uma tentativa de complexificar algo simples ou até mesmo fugir da responsabilidade de explorar o próprio universo.
O que "Nós" discute, pela lente radicalizada do terror explícito, é a mecânica social de que, para cada vitorioso, existe um derrotado. Toda conquista reflete um fracasso. Uma corrente do bem só pode existir se houver quem por ela seja acorrentado. Como coelhos, nos reproduzimos descontroladamente, mas para quantos de nós há espaço sob o Sol? E no fim das contas, o que torna cada um de nós diferentes um do outro? Em um sistema opressivo, determinista e intransigente, a única forma de superar o status quo é tornando-se o lobo. É o que a Addy "do mal" faz, quando prende sua versão da superfície no subsolo, adquirindo a posição de opressora, da qual ela não está disposta a abrir mão, doa a quem doer. É matar ou morrer. Viva para ser o modelo, ou morra reproduzindo os gestos dos outros, mas sem a metade dos recursos deles.
É o tipo de filme que não é interessante o tempo todo, mas que quando te fisga, faz de um jeito tão maravilhoso que compensa um ou outro momento de barriga. Mastroianni supremo e lindo, mesmo em um personagem que beira o insuportável, bem diferente do Guido de Otto i Mezzo.
Este encontro de Eraserhead com Cronenberg, no mundo de Akira que leu Kafka foi uma das viagens mais alucinantes que fiz no cinema. Sujo, grotesco, maldito, pagão, experimental, inapropriado... Tudo que eu gosto em uma boa fita está aí. E ainda por cima, tem a duração exata para não se tornar cansativo, fazendo com que nenhuma cena fique sobrando. Não merecia 5 estrelas, mas sim uma constelação inteira!
Suspiria
3.8 981 Assista AgoraAo fim da projeção, os créditos finais anunciam: “Você assistiu à Suspiria”. Esta ênfase na experiência denota a intenção central de Dario Argento ao criar uma peça tão lisérgica e fantástica: convidar o espectador a um misto de sensações para as quais a mera absorção passiva de sua história não é suficiente. É preciso recriá-la, com seu próprio medo, sua própria impressão dos eventos que se desenrolam em corredores banhados de múltiplas cores e sons arrepiantes.
Suzy Banion (Jessica Harper, em seu primeiro papel no cinema) é a grande catalisadora das emoções do público. Recém-ingressa em uma academia de dança, ela logo descobre que estranhas forças agem naquele lugar, e sua sobrevivência exigirá mais do que talento para ficar na ponta dos pés. Interessante notar como, mesmo sendo a grande protagonista, Suzy passa boa parte do filme dopada e inerte, e cabe a quem assiste ser os seus olhos e tentar desvendar os enigmas por trás de cada porta fechada. Esta invocação da subjetividade faz com que muitos se levantem contra o que alegam ser um roteiro cheio de furos, mas nenhum elemento cênico dá indícios de que tem algum compromisso com a realidade.
Esta abstração intencional de Argento justifica a plasticidade empregada nas cenas de morte. O vermelho saturado de um sangue falso se combina a pedaços de vidro igualmente coloridos e geometricamente recortados que perfuram um belo corpo feminino caído no chão, representando a violência como uma pintura. Em tempos em que o terror constantemente apela para um realismo brutal e sádico para chocar uma plateia cada vez menos impressionável (a violência como fetiche), “Suspiria” pode soar bastante inocente. Mas não se engane: é nas coisas que ignoramos que o verdadeiro medo se estabelece.
Em 2018, Luca Guadagnino dirigiu um remake desta obra-prima italiana, traindo os princípios mais importantes de seu predecessor para dar lugar a uma narrativa presunçosa e inconsistente. Cabe resgatar uma fala do poeta Stéphane Mallarmé: “Nomear um objeto equivale a suprimir três quartos do prazer da poesia, que é feito de avinhar pouco a pouco; sugeri-lo, eis o sonho.“ E Dario Argento, como tantos outros realizadores daquela época, foi, antes de mais nada e acima de tudo, um grande poeta.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraComo já era de se esperar, uma triste e longa bosta. Quando começou a tocar aquela musiquinha indie em pleno clímax, eu desisti.
Síndrome Mortal
3.4 42Talvez o trabalho mais subestimado do Argento.
O Professor Substituto
3.7 70 Assista AgoraHorroroso em todos os sentidos. Além de falhar como drama sobre a relação professor-aluno e como thriller, ainda parece ser filmado com uma câmera de celular, tão mal filmadas são as cenas.
Bacurau
4.3 2,8K Assista AgoraHá tempos que não saía tão extasiado de uma sala de cinema.
"Bacurau" é um sopro de vitalidade não só para o cinema nacional, como para seu próprio povo. Retrata, em um futuro distópico, um Brasil utópico, que acordou, gritou, sangrou, e não deixou pedra sobre pedra. Louco, poético, visceral, extravagante, e ao mesmo tempo simples, quase cafona. Dá para ser mais brasileiro que isso? E toda essa brasilidade se sobrepondo aos elementos tipicamente norte-americanos, subvertendo a lógica dos westerns e slashers, é uma coisa linda de se ver.
A cena em que Damiano e a esposa, nus, atiram contra os forasteiros, é pra ficar na memória e lavar a alma com sangue.
Malévola
3.7 3,8K Assista AgoraNão sei o que é mais constrangedor: o filme em si ou o público aclamando essa fanfic horrenda.
Resta saber se no "live action" do Rei Leão vão contar que o Timão e o Pumba cuidaram muito mal do Simba, mas por sorte o Scar estava lá o tempo todo cuidando dele, o que fez com que se afeiçoasse ao sobrinho e lhe devolvesse o reino ao atingir a idade certa.
Maniac Cop: O Exterminador
3.2 85Há algumas escolhas narrativas interessantes, como introduzir primeiro o assassino e depois as demais personagens e não girar em torno da identidade do mesmo, que é revelada já na metade do filme. Porém, a história não evolui, o final é tosco e falta carisma tanto ao psicopata quanto às vítimas. Amanhã eu já devo esquecer que vi.
Incêndios
4.5 1,9K"Incêndios" é um excelente representante do cinema enquanto instrumento de contar boas histórias. O poder do relato alinhado às imagens fortes captadas pela câmera possui o DNA de um tradicional folhetim, e nada sobra no roteiro do Villeneuve, que é erroneamente acusado de conduzir a trama com frieza. Não acho que isso seja um demérito, apenas uma escolha.
A violência existe e é brutal, mas nunca é mostrada gratuitamente ou para produzir o choque pelo choque. Certamente isto não agradou à Academia na ocasião do Oscar, uma vez que Hollywood adora espetacularizar a barbárie e fazer a tela pingar sangue.
Cabaret
4.2 253Em dado momento do filme, a personagem Sally diz que o sexo pode botar a perder uma amizade. Ironicamente, isso acaba afetando o próprio filme, uma vez que a talentosa dupla de atores funciona muito bem como amigos, porém, não convence como amantes. Isso e os poucos números musicais prejudicaram um pouco a experiência para mim, mas nada que não faça valer - e muito, a projeção.
Liza Minelli honrou o legado de sua mãe com louvor!
Mulheres Diabólicas
4.0 86 Assista AgoraVale a pena esperar quase duas horas para ver
gente rica se fodendo.
Chernobyl
4.7 1,4K Assista AgoraNunca deixa de me surpreender a capacidade humana de criar situações que podem conduzir a todos nós à morte. Não menos surpreendente é constatar quão próximos nós já estivemos disso em ocasiões como esta. E a despeito das mais baixas expectativas, cá estamos nós, assimilando a barbárie, transformando o horror em arte, reconstruindo nosso passado - do qual pouco há para se orgulhar, com opulência.
Ainda que trate de conceitos físicos bastante além da realidade da grande maioria de nós, "Chernobyl" é uma minissérie totalmente palatável. Se a verdade foi obscurecida à época do desastre, aqui ela é clara e cristalina, para não deixar dúvidas sobre quem está certo e quem está errado, nem que para isso precise abraçar com força o maniqueísmo.
No frigir dos ovos, é impossível ignorar que é uma história russa contada por americanos, e esta intenção não se deixa disfarçar nem pelo idioma praticado pelas personagens (alô, Glória Perez), nem por todo verniz que conduz o espetáculo, embalado por frases de efeito rasas sobre verdades e mentiras (kkkk, ah, EUA..). Mas nada disso importa quando nossa insaciável e mórbida curiosidade pelo desastre é sanada com tamanha precisão, sem que precisemos nos expor à radiação.
Feios, Sujos e Malvados
4.2 107 Assista AgoraRapaz, nem mesmo "Saló" me deixou tão pasmo quanto esta fita.
Creio que nem a própria miséria seja capaz de representar tão bem a si mesma.
Ladrões de Bicicleta
4.4 534 Assista AgoraO pai, transtornado por perder uma testemunha que poderia levá-lo ao ladrão, esbofeteia o filho, que chora, se afasta, mas obedece. O pai não pede desculpas, diz que ele mereceu. Eles caminham mais um pouco, até que chegam a uma ponte, onde o pai pede ao menino que aguarde enquanto ele tenta localizar a testemunha. Ele dá alguns passos e logo ouve vozes que gritam por socorro, pois alguém está se afogando no rio. O pai, quando toma consciência do ocorrido, se desespera e grita pelo filho. Ao chegar à margem, vê um grupo de resgate tirando um corpo da água. Ele olha para o outro lado, e vê o filho sentado nas escadas. Seu semblante se ameniza. Eles se olham, não há um abraço e nenhum contato físico. Mesmo assim, podemos sentir todo o amor que eles sentem um pelo outro. A sequência final pode ser desoladora, mas essa sim me levou às lágrimas.
Juliette ou La clef des songes
4.2 1Um encanto de filme. Lembrou-me um pouco Jean Cocteau.
Andrei Rublev
4.3 131Sagrado.
Um Estranho no Lago
3.3 465 Assista Agora"Um Estranho no Lago" não é um filme para qualquer público. Se você não é do meio LGBT, provavelmente o classificará como um thriller entediante e sem muito sentido. Mas há muito mais em seu conteúdo. O suspense abriga uma metáfora para o vazio que tomou as relações deste meio: o afogamento como apagamento do outro; o sexo como vício; o físico como moeda de troca e mola propulsora para uma busca por aceitação, reflexo da falta de autoestima, muitas vezes consequência da rejeição perante à marginalização na sociedade. Marginalização esta perfeitamente transporta ao ambiente da margem de um lago, que oferece a liquidez própria dos contatos buscados naquele ambiente. A fala do investigador no final do filme é de se ouvir de joelhos, pois sintetiza todo o comportamento de um grupo cada vez menos preocupado com seus integrantes, que de tanto esperar do mundo, oferece aquilo que sempre conseguiu: nada.
A Catedral
3.3 58Ícone incompreendido
Amor, Morte e Robôs (Volume 1)
4.3 673 Assista AgoraPela proposta da série, achei que poderia mesclar mais os estilos de animação, já que a grande maioria segue aquele estilo ultrarealista que deixa o episódio com ares de videogame. Algumas histórias são extremamente banais, o que também tira um pouco o seu peso, mas o todo é bem agradável de assistir, e a curta duração dos episódios contribui para essa fluidez gostosa. Zima Blue é a pérola da temporada, mas destacam-se também "Good Hunt" e "Help Handing", que talvez sejam os melhores em contar uma história bem definida e que justificam o estilo adotado.
eXistenZ
3.6 317Tem o seu valor pela época em que foi lançado, e, obviamente, muitas produções posteriores replicaram sua essência, o que, por si só, elimina o ineditismo para o público de hoje. Porém, seu jogo metalinguístico logo cansa, uma vez que, para confundir o espectador, lança mão, diversas vezes, do recurso
"ainda estamos no jogo?". Isso acaba soando como uma tentativa de complexificar algo simples ou até mesmo fugir da responsabilidade de explorar o próprio universo.
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraO que "Nós" discute, pela lente radicalizada do terror explícito, é a mecânica social de que, para cada vitorioso, existe um derrotado. Toda conquista reflete um fracasso. Uma corrente do bem só pode existir se houver quem por ela seja acorrentado. Como coelhos, nos reproduzimos descontroladamente, mas para quantos de nós há espaço sob o Sol? E no fim das contas, o que torna cada um de nós diferentes um do outro? Em um sistema opressivo, determinista e intransigente, a única forma de superar o status quo é tornando-se o lobo. É o que a Addy "do mal" faz, quando prende sua versão da superfície no subsolo, adquirindo a posição de opressora, da qual ela não está disposta a abrir mão, doa a quem doer. É matar ou morrer. Viva para ser o modelo, ou morra reproduzindo os gestos dos outros, mas sem a metade dos recursos deles.
Narciso Negro
4.0 80 Assista AgoraDesce daí, mulher...
A Favorita
3.9 1,2K Assista AgoraNada que você nunca tenha visto em uma novela porém com coelhos
Cidade das Mulheres
3.9 41É o tipo de filme que não é interessante o tempo todo, mas que quando te fisga, faz de um jeito tão maravilhoso que compensa um ou outro momento de barriga. Mastroianni supremo e lindo, mesmo em um personagem que beira o insuportável, bem diferente do Guido de Otto i Mezzo.
A longa cena noturna com os carros e a sequência do balão são das coisas mais lindas que há vi no cinema.
Tetsuo, o Homem de Ferro
3.7 136Este encontro de Eraserhead com Cronenberg, no mundo de Akira que leu Kafka foi uma das viagens mais alucinantes que fiz no cinema. Sujo, grotesco, maldito, pagão, experimental, inapropriado... Tudo que eu gosto em uma boa fita está aí.
E ainda por cima, tem a duração exata para não se tornar cansativo, fazendo com que nenhuma cena fique sobrando.
Não merecia 5 estrelas, mas sim uma constelação inteira!