Confesso que não esperava uma série tão pesada. E acho que tudo se torna ainda mais denso quando sabemos que é uma história real, tanto do Richard Gaad quanto de várias outras pessoas por aí que ainda desconhecemos, que passam diariamente por vários tipos de abusos e sofrimentos inimagináveis.
Primeiro, destaco a coragem de Gaad em contar suas experiências para o público. Requer um alto nível de sensibilidade e de autoconhecimento. Sua história foi contada de forma responsável, alertando para outros tipos de violência que em muitas vezes nos passam despercebidas. Aquela cena
foi muito simbólica, e o silêncio dela diz muito sobre a quantidade de pessoas que são violentadas sexualmente e são ignoradas pelas instituições que deveriam protege-las ou mesmo tem alguma vergonha de falar como se elas tivessem alguma culpa. Donny passou a sentir ódio de si mesmo, e pensou realmente que a Martha era o que ele merecia.
E no segundo ponto, temos a figura da Martha que é de fato bastante complexa. Acho que não se trata somente de uma "stalker", mas sim de uma pessoa extremamente solitária, com sérios problemas mentais que foram se desenvolvendo desde cedo e que infelizmente não encontrou a ajuda necessária para impedir o avanço deles.
Essa foi uma série complicada de assistir. Me deixou bastante angustiado. Mas a considerei muito importante, como uma espécie de alerta muito necessário.
Provavelmente uma das adaptações mais aguardadas dos últimos anos. História muito interessante, batalhas insanas e animação muito bem feita. Tudo em Solo Leveling funcionou sem nenhum problema, e fiquei bastante feliz com o resultado.
De fato um excelente elenco, mas um péssimo roteiro para uma última temporada. Quando vi que seriam somente três episódios, já fiquei com o pé atrás. E piorou quando introduziram novos plots como
o caso da mãe da Verônica. Até então, não lembro dela se questionar em nada sobre isso (a questão sempre foi muito sobre o pai dela, o que ele fez ou não), mas foram revelar a mãe biológica dela logo no último episódio da última temporada?!
E assim, não é como se isso fosse importante, pois realmente não acrescenta em nada para a personagem ou para a história como um todo. É só uma "informação" jogada, que não teve e nem terá desenvolvimento algum. Não teve uso, não teve objetivo. Foi realmente inútil.
O roteiro chamou a gente de burro e nem disfarçou. Mas não contentes com isso, também transformaram a protagonista em uma pessoa burra.
Verônica era analítica, desconfiada, sempre cuidadosa... e todas essas características que a faziam uma excelente investigadora foram jogadas no lixo no primeiro episódio quando ela conhece o Jerônimo e passa a confiar cegamente nele. Não fez o menor sentido.
A relação dela com a família também é posta de lado. A Glória simplesmente desaparece. As questões sobre o Jerônimo e o orfanato foram esquecidas.
Com exceção das cenas finais muito satisfatórias, todo o resto foi de mediano para ruim. É uma pena pois essa série começou muito bem. Mas também não acho correto julgar toda uma obra com base somente em três episódios: é inegável a importância social que uma produção como "Bom Dia, Verônica" possui, principalmente quando lembramos das estatísticas sobre violência doméstica e abusos contra as mulheres no Brasil. Essa série é apenas um pequeno recorte de tristes realidades, e que precisamos denunciar.
A série tem uma proposta muito boa, e começa bem, mas vai perdendo ritmo. Algumas resoluções são muito simples, muitos personagens - tirando o trio de protagonistas - nada carismáticos, e histórias que não conseguem te prender o suficiente. A ambientação é incrível, cenários muito bem escolhidos e trilha sonora igualmente boa, mas o roteiro poderia ter sido bem melhor e maior. Há um nível excelente de representatividade indígena, que considero necessário e foi bem executado. Mas todos os outros plots são fracos, infelizmente.
Merecia mais cuidado? Sim. Bem mais. O maior destaque é o grande Alfred Molina, numa atuação impecável, mas que também viu o desenvolvimento do seu personagem barrado nas limitações do roteiro. Infelizmente foi cancelada, mas acho que uma segunda temporada poderia ter consertado muitos erros.
Esse anime pegava o meu coração e o cortava em pequenos pedaços da forma mais impiedosa possível... ao mesmo tempo que o restaurava e me deixava quente e confortável. Uma obra bela, sensível e emocionante como poucas conseguem, e que toca nos nossos mais profundos sentimentos. Vou levar um tempo para me recuperar dessa jornada, mas foi algo que valeu muito a pena.
Imagina dizer que JUJUTSU NÃO TEM HISTÓRIA! hahahaha. Coisas que a gente só vê no filmow.
Esse anime/mangá está longe de ser somente pancadaria. Há uma série de questões no mundo jujutsu, e essa temporada mostrou como os ideais de dois grandes personagens se chocaram com relação à maneira que eles veem a dinâmica entre feiticeiros e humanidade. O Itadori é um exemplo de protagonista bem desenvolvido, que é falho e se sente inseguro, mas se arrisca mesmo diante de tantas perdas tão significativas. E uma das coisas boas: a história consegue sobreviver mesmo quando personagens muito carismáticos não aparecem na maior parte dos episódios, e ela vai além do seu protagonista. A construção do mundo Jujustsu é muito boa, apesar de que o sistema de poder é bastante complexo e, por vezes, ruim de entender. Mas ainda assim, no final, os personagens fazem valer a pena.
Excelente temporada. Uma pena todas as péssimas condições que o Mappa dá aos seus animadores, mas ainda assim é necessário ressaltar o incrível trabalho deles em muitos episódios.
É diferente do material base? Sim. Isso significa que é algo ruim? Não. Essa animação tomou várias liberdades e o resultado foi algo bastante criativo e divertido de acompanhar. Curti.
Pluto é uma criação de Naoki Urasawa e baseada em Astro Boy, do gênio Osamu Tezuka, mais especificamente em um arco chamado “The Greatest Robot on Earth”, em que um androide persegue e luta contra outros robôs para provar ser o mais forte. Astro Boy foi publicado entre 1952 e 1968, e o anime foi lançado em 1963.
Em “Pluto” (publicado entre 2003 e 2009), Urasawa reimagina uma parte do trabalho de Tezuka de uma maneira mais adulta, ganhando tons de mistério e suspense. No enredo, o robô detetive Gesicht passa a ser o responsável por investigar estranhos assassinatos, e logo ele descobre que há muito mais acontecendo.
Urasawa construiu uma história que nos fala sobre a dor e a construção do ódio. Um dos focos principais da trama
é em uma guerra que, no passado, destruiu um Estado chamado Pérsia.
Suas consequências são sentidas tanto para seres humanos quanto para robôs. O autor trabalha muito bem a mensagem antiguerra, mostrando que os conflitos nascem de um ódio injustificável em que todas as partes envolvidas sofrem perdas inocentes. É desse conjunto de traumas que nasce o ódio que alimenta os personagens. Mas o que fazer com o ódio? Ele é capaz de cegar, de controlar nossas ações. Ele nos rodeia, e ceifa diariamente milhares de vidas. Ele desaparece? Sua intensidade diminui com o tempo? No fim, ele será aquilo que nós faremos com ele. E no que conseguiremos transformá-lo? O que se pode fazer para evitar esse ciclo de dor?
Outras questões muito boas levantadas aqui são referentes às inteligências artificiais, os avanços tecnológicos e seus limites éticos e morais. Em Pluto, os robôs
estão se questionando e sendo questionados o tempo inteiro sobre seus “sentimentos” e como deveriam se portar em determinadas situações.
Urasawa produz uma versão humana desses robôs e traz eles para dilemas próximos daquilo que também vivemos, mas não sem criticar o desejo de autodestruição que a raça humana parece se orgulhar tanto.
Cada um dos sete robôs mais avançados é bem apresentado no anime, e todos eles possuem facetas carismáticas e desejos com os quais conseguimos nos conectar.
Algo que identifiquei quando li “Monster”, é que o autor sabe criar personagens interessantes, complexos e com uma boa carga contextual, mesmo que eles venham a aparecer pouco.
A Netflix fez um trabalho primoroso na direção artística. Os efeitos visuais estão absurdos, e possivelmente é o anime mais lindo do ano. É uma arte que brilha aos olhos, com cores que chamam atenção para o mundo futurista da série. Um trabalho primoroso, que no meu limitadíssimo conhecimento não consigo encontrar defeitos.
Facilmente uma das melhores produções do ano. Pluto traz temas e mensagens necessárias para nossa atualidade em uma perspectiva realista sobre o que é o homem.
Por não conhecer os contos do Poe de maneira tão profunda quanto gostaria (li alguns, há muito tempo), vou me limitar ao que a série apresentou. E dizer que Mike Flanagan acertou novamente. "The Fall Of The House Of Usher" tem uma atmosfera rica em suspense e terror, com personagens que beiram ao absurdo de tão detestáveis, e trabalha temáticas bem importantes como plano de fundo.
Até que ponto você iria pela chamada "glória eterna"? Pelo sucesso, riqueza e poder? Se alguém aparecesse na sua frente oferecendo o controle do mundo, você aceitaria? Tentador, certo? Acho que são questões que todos nós, em algum nível, pensamos em algum momento: sobre até onde o ser humano consegue ir para alcançar aquilo que quer, o que ele estaria disposto a sacrificar, mesmo sabendo dos riscos e consequências. O roteiro acerta o ponto na crítica à ganância e ao egoísmo do indivíduo, e em cada episódio somos conduzidos aos mundinhos particulares dos personagens e apresentados aos seus lados mais deploráveis.
Eles se pensam como invencíveis. Seus impérios são construídos encima dos corpos inocentes de outros seres humanos. O poder é tudo o que importa. Mas uma hora a conta chega, e não importa quem ou o quê voce é. A série vai muito bem ao expor as hipocrisias e contradiçoes dos mais ricos, e algumas falas da Verna botam o dedo na ferida sobre a concentração de renda em alguns poucos privilegiados que se veem como invencíveis. O horror sobrenatural existe, mas acho que o Flanagan acerta muito mais quando trabalha o "horror humano", bem presente nas figuras do Roderick, da Madeline e de uma família completamente desequilibrada. Não há laços entre os personagens, mas uma enorme indiferença. O fato de terem o mesmo sangue é um mero "detalhe". Tal como a HBO fez com Succession, a Netflix conseguiu apresentar bem a temática de uma família destruída por dentro.
Particularmente, gostei muito. Já curto bastante o Mike Flanagan desde "Hush", e aí veio Hill House. E aqui mais uma vez ele traz uma história muito envolvente com um elenco absurdamente talentoso. Bruce Greenwood tá ótimo, Willa Fitzgerald no papel da jovem Madeline foi excelente, mas de fato foi a Carla Gugino que roubava a cena.
(Novamente: não conheço tanto as obras do Poe, mas acho que devemos compreender que essa série adapta contos do autor, e muitas coisas vão funcionar e outras não.
Acho que agora entendo um pouco do porquê dizem que The Wire é uma das melhores séries já feitas.
A realidade que essa série trouxe é uma que muitos de nós, ainda hoje, esquecemos ou fingimos que não existe: a violência nas ruas, o tráfico, a negligência policial. O texto de The Wire é honesto e forte, não romantiza as vitórias e as derrotas. Não coloca os personagens nos campos do "bem" e do "mal", mas numa área profundamente cinzenta e cheia de camadas complexas. Todos aqui possuem uma moral profundamente questionável, pois os cenários e as relações de poder são voláteis. A qualquer momento o jogo muda, e uma vírgula errada pode significar o seu fim nele. Nada é certo.
E assim também é a vida, com todas as suas complicações.
McNulty é definitivamente um dos personagens mais simples e, ao mesmo tempo, dificeis que eu já vi numa série. Simples pois ele possui uma ideologia que o torna um policial comprometido, mas é esse nível de entrega que o torna complexo e autodestrutivo, uma bomba que pode explodir e levar quem estiver por perto. Um protagonista que consegue deixar o público intrigado, capaz de despertar empatia no mesmo nível que desperta o ódio. Mas nós não somos assim também? Quer dizer, ninguém agrada a todos, certo? A ideia é que não somos perfeitos. Os defeitos e qualidades do Jimmy são o que fazem dele um ser humano. E ele entende muito bem quem ele é.
Enfim. The Wire foi uma série de extrema importância, e tem muito a dizer para a sociedade atual. É uma verdadeira experiência.
De fato é impossível olhar para essa temporada e não dizer "OBRA-PRIMA!". Os novos personagens aprofundaram as temáticas que The Wire já trabalhava. O elenco juvenil e o núcleo envolvendo a escola foram um ponto alto do roteiro, que soube identificar o que muitos jovens sofrem na realidade. Temáticas como abuso e abandono parental são muito bem discutidas aqui.
As mudanças feitas nos status de alguns personagens serviram para mostrar como esse roteiro trabalha bem o desenvolvimento dos mesmos. Alguns desapareceram, outros ganharam mais espaço.
The Wire faz essas representações de mundo de uma forma muito crua, mas absurdamente interessantes. Que série incrível.
No começo me pareceu somente mais uma história de romance, porém vai se desenvolvendo de uma forma interessante e mostrando mais camadas. Ainda há muita coisa que precisa de explicação. E embora não tenha apresentado nada de muito novo, foi bem reconfortante em alguns momentos e as ideias foram bem executadas.
Não sei o que motivou a HBO a cancelar essa série. O criador falou que não era o final que ele tinha em mente, e de fato isso fica bem claro. Foi algo que me pegou de surpresa porque pensei que poderia facilmente ter mais umas duas ou três temporadas. Também li rapidamente que a audiência baixou, e que algumas personalidades não gostaram da forma como foram adaptadas. Entendo que modificações em personalidades e em resultados dos jogos (como ocorreu aqui) foram feitos para fins de dramatização, mas vai ver a HBO não quis mais seguir com esse formato.
Enfim. Não sei o que rolou. Só sei que eu assistiria facilmente por mais um tempo. Não sou fã de basquete, mas essa fase dos Lakers é algo importante para a História do esporte como um todo. Era uma série mais diferente e que merecia mais atenção.
Uma vez que o anime já adaptou tudo que foi lançado no mangá, agora vamos passar um bom tempo sem Bungo Stray Dogs. O que alegra é aquele "não acabou" nos minutos finais do último episódio da temporada. Vai demorar, mas com certeza volta.
The Wire tem um texto muito cru, que capta realidades em suas formas mais duras e densas. Aqui, temos a representação do mundo do tráfico, desde aqueles que comandam até aqueles que vendem e são os primeiros a serem abordados violentamente pois não passam de peões no jogo. E também vemos o lado da forte hierarquia policial e todo seu aparato burocrático, que procura manter o tradicionalismo e uma "forma" de resolver as coisas. A lealdade entre policiais também é um ponto muito bem levantado e questionado pela série, pois diferentes personagens em diferentes níveis se veem em situações que colocam suas carreiras em risco.
Mas o que mais me chamou atenção foi essa grande dimensão social. Alguns diálogos protagonizados por D'Angelo e Wallace trazem essa realidade das ruas que, infelizmente, é muito presente. Há crianças que se envolvem porque não há escolhas para elas. Wallace vê aquele lugar como tudo o que ele é, como tudo o que ele conhece, o que nos leva a pensar quantas crianças e jovens passam por isso diariamente. Naquelas ruas, eles sentem a brutalidade policial enquanto os "Barksdale" da vida se escondem, ou mesmo aqueles que estão por trás dos Barksdale. Os políticos (aqueles mesmos que carregam certas "coisinhas" no avião da FAB, por exemplo) é que financiam todo esse jogo. Todos nós sabemos que o problema não está somente em quem vende, e sim na parcela mais rica da população que também consome - e muito. Mas para eles tudo já é devidamente descriminalizado, certo? Nada os atinge.
Essa série permanece absurdamente atual em muitos aspectos, desde a maneira como trata o tráfico até as questões envolvendo a polícia.
A felicidade que eu senti assistindo essa série só pode ser comparada a felicidade que sinto ao ler o mangá ou quando vejo o anime. Esse live action de One Piece foi extraordinário em todos os aspectos.
Nem todas as adaptações de animes/mangás funcionam, e a própria Netflix nos mostra isso quando adaptou "Death Note" e "Fullmetal Alchemist". Mas, por outro lado, também nos mostrou que com o direcionamento correto podemos ter coisas muito boas, como foi com "Samurai X", "Bleach" e, agora, com a série de "One Piece". Enquanto fã da obra toda, o resultado final desse live action me deixou imensamente alegre e emocionado. E exatamente por ser fã, tive minhas duvidas se funcionaria.
Estamos falando de uma história que possui um mundo absurdamente rico de elementos fantásticos, cheia de personagens com passados importantes para o enredo e que devem ser bem explorados. Há muitos detalhes escondidos, coisas que mesmo após mais de mil capítulos de mangá e anime ainda não foram explicadas. Tentar condensar, mesmo que fosse somente o começo dessa saga, em outra mídia me pareceu um trabalho muito difícil e que certamente iria requerer a supervisão adequada. Felizmente o Eiichiro Oda esteve presente em todas as etapas do processo.
Dessa forma, a série conseguiu unir muito bem quem já conhecia One Piece com aqueles que estavam começando agora ou mesmo tem uma curiosidade de conhecer. Ela funciona bem para o fã mais antigo e para o novo, e isso é um ponto muito positivo pois demonstra o cuidado do roteiro com a forma que conduz os arcos e personagens. Claro que haveriam limitações em termos de efeitos especiais, ou mesmo pequenos personagens que aparecem em uma saga x e não foram adaptados aqui, ou partes que foram encurtadas (pois anime e mangá tem mais tempo), mas mesmo as coisas que foram "deixadas de fora" não prejudicaram de forma alguma o andamento da série. Adiantaram alguns plots,
como toda a parte da revelação de que o Garp é avô do Luffy,
e isso achei particularmente interessante pois não sabemos se essa adaptação terá vida longa. Foram oito episódios que se explicam, que claro deixam margem para continuação (e espero que tenha), mas que também podem ser lidos como uma história "fechada".
A parte essencial estava ali, o que faz One Piece especial estava nessa série. Se mantiveram fieis às personalidades dos personagens, apresentaram bem os conceitos de justiça e liberdade que tanto a Marinha como os piratas defendem (cada lado de sua forma, por seus motivos), e introduziram bem o sistema de poder (que ainda há muito para ser explorado, mas considero que a parte das akuma no mi foi bem explicada). Os cenários e a trilha sonora espetaculares ajudaram a deixar o processo de imersão ainda melhor.
Iñaki Godoy é O Luffy. Dá para sentir o quão eufórico ele estava, e sua interpretação passou toda a felicidade e liberdade que pulsam forte em nosso protagonista. Nos momentos mais tensos ele também soube corresponder. Aliás, que elenco bom! Emily Rudd deu um verdadeiro show como a Nami, e para mim foi como se a personagem tivesse saído diretamente das páginas do mangá. Foi uma entrega excepcional e mostrou que ela conhecia muito da personagem. Mackenyu, Jacob e Taz também fizeram grandes trabalhos, e dá para ver o Zoro, Usopp e o Sanji neles. E outro feliz destaque foi a visão mais densa, porém não menos divertida, que deram ao palhaço Buggy.
Espero que essa série tenha mais algumas temporadas. Foi sinceramente uma experiência emocionante rever algumas cenas
(como o Zoro prometendo ao Luffy que nunca perderia, o Sanji se despedindo do Zeff, ou o Luffy colocando o chapéu dele na Nami após a mesma pedir ajuda)
. A produção acertou demais em todas essas partes que são bem marcantes para os fãs. Quer dizer... "One Piece: A Série" é um grande acerto em todos os níveis.
A série começou muito bem. O clima de espionagem e desconfiança foi bem conduzido, mas até certo ponto. Senti que a partir da metade foi perdendo um pouco de qualidade, e o final me pareceu muito rápido, fácil e genérico.
Até a metade vai se desenvolvendo de forma interessante, mas depois me pareceu que escreveram tudo de qualquer forma. Faltou cuidado em todos os aspectos: desenvolvimento de personagem, direção, efeitos visuais, atuações. Mas a história em si é boa, tem um protagonista bem apresentado e que passa segurança em tela. Mas em alguns momentos a série foi preguiçosa, em outros pecou pelo excesso.
Ao menos pelo trailer, deu para notar uma vibe diferente para a segunda temporada. Se foi renovada, teve algum retorno para a HBO. E nem tudo aqui é ruim. Há conceitos bons que só foram mal explorados, mas com muito potencial para melhorar. Então esperamos que os próximos episódios ganhem esse salto de qualidade.
É definitivamente uma das piores séries já lançadas nos últimos anos. E talvez uma das piores da HBO.
Abel e Sam Levinson pegaram todos os desejos masculinos mais doentios para executarem na personagem da Jocelyn e usarem "isso é a indústria da música" como desculpa. Sabemos das coisas bizarras e sujas que há no ramo do entretenimento, mas a série reduziu esse universo a um softporn barato. O roteiro é cheio de falhas, em especial no último episódio (que parece ter sido feito as pressas) e os personagens não empolgam. A impressão que me passou foi de uma série feita para chocar... e somente isso. O objetivo de mostrar uma cantora pop se reerguendo foi deixado de lado para dar lugar a uma visão machista que execute seus fetiches.
Lily-Rose Depp e The Weeknd não possuem uma boa dinâmica, mas por culpa totalmente do segundo. O Abel não sabe atuar! É engraçado (e um tanto vergonhoso) como ele é péssimo e desce muito o níve sempre que aparece em cena. Um grande cantor, mas péssimo ator. E a Lily-Rose é uma das poucas coisas boas desse buraco, pois nota-se que ela está se esforçando... mas não dá para entregar muito quando o roteiro diminui tanto o potencial da sua personagem.
Adoraria ter visto a versão da Amy Seimetz, e quando a série foi anunciada há alguns anos fiquei realmente empolgado por ver algo sobre a "criação" de uma estrela do pop, tudo o que ela tem que passar e etc. Pois pensei que seria uma boa forma de abordar como jovens garotas são tratadas na indústria musical, até mesmo como um alerta. Mas... sam levinson e abel estragaram tudo. Se os Deuses das séries forem justos, essa bomba não ganha segunda temporada. A HBO deveria ter vergonha de ter aprovado esse lixo.
Já imaginava que seria esse o final, mas não pensava que o caminho para ele seria tão... doloroso? insosso? Não sei. Mas certamente foi uma montanha-russa. Aliás, é isso que Succession foi durante essas quatro temporadas: uma série com histórias e personagens que despertavam os mais variados tipos e níveis de emoções no público, tudo ao mesmo tempo. Amamos e odiamos personagens na mesma medida. O brilhantismo do roteiro foi algo que certamente será lembrado quando pensarmos em séries de sucesso e que falam tão bem sobre relações de poder.
tinha como ser outro? Tinha. Poderíamos sonhar com a Shiv ou o Kendall, mas no fim... será que seria Succession? Acho que não. Na minha visão, um dos objetivos da série não era colocar as coisas em pontos confortáveis, mas sim mostrar um universo sujo, suas jogadas mais arriscadas e podres, e uma enorme falta do que pensamos ser moral. Succession sempre foi nos limites do certo e do errado, e esse era também um dos seus pontos fortes.
Podemos questionar a rapidez das mudanças de decisões dos personagens, mas eles sempre foram voláteis. Afinal, na realidade, nós também somos. Eles eram vilões e mocinhos, o bem e o mal andando de mãos dadas. E nós também somos isso. Apesar de representar o universo dos bilionários, os sentimentos conflitantes da Shiv, do Rome e do Kendall não estavam tão distantes dos nossos.
É por isso que compreendo o desejo da Shiv, e depois a mudança dela. Ela sempre viu os outros ganharem, sendo que ela também tinha boas cartas e bons movimentos. Entendo o Rome e sua dor interna, sua inadequação diante do mundo, a necessidade de se sentir inferior e acolhido para sentir algo a mais. E entendo o Kendall, que foi criado com o pensamento de que ele só seria bom em uma única coisa (já era manipulado pelo pai aos sete anos de idade), que se pensava invencível e que poderia mesmo driblar tudo e todos... igualzinho ao pai. Ser igual e ao mesmo tempo diferente do Logan era uma meta dos três, mesmo que em níveis diferentes.
uma calmaria antes da tempestade. Foi um bom e lindo momento do nosso trio, e por um segundo pensei que iria concluir da maneira como começou a temporada. Mas o poder é tudo o que importa. A desconfiança, no fim, se torna um monstro maior. Um vai aniquilando o outro, até que todos ficam com absolutamente nada. E alguns poucos sortudos no meio do jogo conseguem algo no final, caso se comportem e dancem a música dos mais poderosos.
Isso é Succession. Que viagem! Foi bonito, feio, engraçado e dramático. E vou sentir muita falta.
Gostei como a série detalhou o caso da Candy com o Allan, e como era vida da família Montgomery. Mas no fim, ficou aquela sensação de que tudo teria sido bem condensado em um bom filme e que a série pecou pelos excessos.
Gostei bastante da Elizabeth Olsen. Ótima atuação.
Quando li a sinopse, pensei que iria ver uma comédia despretenciosa, bem bobinha e clichê. Mas fui felizmente surpreendido com uma produção original, reflexiva e com momentos de surtos absurdos.
Amy e Danny são duas almas mais parecidas do que pensam, quebradas pelas inconsistências da vida. Curti muito o conceito da série, e os personagens possuem esses questionamentos com os quais nós podemos nos relacionar em algum nível. Apesar das partes mais surreais, a narrativa é muito coerente no desenvolvimento de seus protagonistas: ela mostra bem que eles não são mocinhos, mas também não são vilões. São seres humanos perdidos e com sentimentos difíceis de descrever.
Insecure mostra a vida acontecendo, com todos os seus problemas e felicidades. Essa série tocou na realidade dos relacionamentos (de todos os tipos, em todos os níveis), e mostrou que há coisas que simplesmente fogem do nosso controle, e que também dificultamos muitos dos nossos caminhos. E isso acontece com todos.
A Issa é uma mulher forte e independente, mas que também possui muitas fragilidades e problemas nos seus relacionamentos. É impossível não se identificar com ela em algum nível. É uma personagem que tem voz, mas que se sente perdida em meio as suas escolhas. Assim como qualquer um, em muitos momentos ela é insegura do que pode e deve fazer ou ser. E dentro desses desencontros, a sua amizade com a Molly é a "rocha" necessária, o ponto de conforto em que ela pode retornar após um dia cansativo. A amizade entre elas é uma das coisas mais lindas da série, e bem construída em todos os lados.
É muito legal ver que séries que carregam essa enorme representatividade obtiveram tanto sucesso. É um elenco formado por pessoas pretas, que exploram todas as questões que somente elas podem entender e sentir, e ainda considerando que boa parte de produções desse tipo são protagonizadas por pessoas brancas e trazem uma visão rasa e as vezes esteriotipada de relacionamentos amorosos. A Issa Rae foi gigante aqui em produzir uma perspectiva mais atraente e realistica para o público, de forma que acredito que mulheres podem se identificar facilmente com ela, ou com a Molly, Kelly e a Tiffany.
Em Insecure nada é fácil, pois a vida em si nao é algo fácil. Mas é uma das séries mais deliciosas que já vi. É engraçada e dramática na medida certa, além de proporcionar reflexões verdadeiras.
Bebê Rena
4.1 409 Assista AgoraConfesso que não esperava uma série tão pesada. E acho que tudo se torna ainda mais denso quando sabemos que é uma história real, tanto do Richard Gaad quanto de várias outras pessoas por aí que ainda desconhecemos, que passam diariamente por vários tipos de abusos e sofrimentos inimagináveis.
Primeiro, destaco a coragem de Gaad em contar suas experiências para o público. Requer um alto nível de sensibilidade e de autoconhecimento. Sua história foi contada de forma responsável, alertando para outros tipos de violência que em muitas vezes nos passam despercebidas. Aquela cena
dele com o pai no último episódio
E no segundo ponto, temos a figura da Martha que é de fato bastante complexa. Acho que não se trata somente de uma "stalker", mas sim de uma pessoa extremamente solitária, com sérios problemas mentais que foram se desenvolvendo desde cedo e que infelizmente não encontrou a ajuda necessária para impedir o avanço deles.
Essa foi uma série complicada de assistir. Me deixou bastante angustiado. Mas a considerei muito importante, como uma espécie de alerta muito necessário.
Solo Leveling (1ª Temporada)
4.1 24 Assista AgoraProvavelmente uma das adaptações mais aguardadas dos últimos anos. História muito interessante, batalhas insanas e animação muito bem feita. Tudo em Solo Leveling funcionou sem nenhum problema, e fiquei bastante feliz com o resultado.
(Foi renovada para a segunda temporada).
Mashle (2ª Temporada)
3.8 5Gosto muito. Anime divertido, engraçado, muito confortável de acompanhar e com personagens cativantes. Boa temporada.
Bom Dia, Verônica (3ª Temporada)
2.7 176 Assista AgoraDe fato um excelente elenco, mas um péssimo roteiro para uma última temporada. Quando vi que seriam somente três episódios, já fiquei com o pé atrás. E piorou quando introduziram novos plots como
o caso da mãe da Verônica. Até então, não lembro dela se questionar em nada sobre isso (a questão sempre foi muito sobre o pai dela, o que ele fez ou não), mas foram revelar a mãe biológica dela logo no último episódio da última temporada?!
O roteiro chamou a gente de burro e nem disfarçou. Mas não contentes com isso, também transformaram a protagonista em uma pessoa burra.
Verônica era analítica, desconfiada, sempre cuidadosa... e todas essas características que a faziam uma excelente investigadora foram jogadas no lixo no primeiro episódio quando ela conhece o Jerônimo e passa a confiar cegamente nele. Não fez o menor sentido.
A relação dela com a família também é posta de lado. A Glória simplesmente desaparece. As questões sobre o Jerônimo e o orfanato foram esquecidas.
Com exceção das cenas finais muito satisfatórias, todo o resto foi de mediano para ruim. É uma pena pois essa série começou muito bem. Mas também não acho correto julgar toda uma obra com base somente em três episódios: é inegável a importância social que uma produção como "Bom Dia, Verônica" possui, principalmente quando lembramos das estatísticas sobre violência doméstica e abusos contra as mulheres no Brasil. Essa série é apenas um pequeno recorte de tristes realidades, e que precisamos denunciar.
Three Pines
3.5 10 Assista AgoraA série tem uma proposta muito boa, e começa bem, mas vai perdendo ritmo. Algumas resoluções são muito simples, muitos personagens - tirando o trio de protagonistas - nada carismáticos, e histórias que não conseguem te prender o suficiente. A ambientação é incrível, cenários muito bem escolhidos e trilha sonora igualmente boa, mas o roteiro poderia ter sido bem melhor e maior. Há um nível excelente de representatividade indígena, que considero necessário e foi bem executado. Mas todos os outros plots são fracos, infelizmente.
Merecia mais cuidado? Sim. Bem mais. O maior destaque é o grande Alfred Molina, numa atuação impecável, mas que também viu o desenvolvimento do seu personagem barrado nas limitações do roteiro. Infelizmente foi cancelada, mas acho que uma segunda temporada poderia ter consertado muitos erros.
Shigatsu wa Kimi no Uso
4.5 111 Assista AgoraEsse anime pegava o meu coração e o cortava em pequenos pedaços da forma mais impiedosa possível... ao mesmo tempo que o restaurava e me deixava quente e confortável. Uma obra bela, sensível e emocionante como poucas conseguem, e que toca nos nossos mais profundos sentimentos. Vou levar um tempo para me recuperar dessa jornada, mas foi algo que valeu muito a pena.
Jujutsu Kaisen (2ª Temporada)
4.3 61 Assista AgoraImagina dizer que JUJUTSU NÃO TEM HISTÓRIA! hahahaha. Coisas que a gente só vê no filmow.
Esse anime/mangá está longe de ser somente pancadaria. Há uma série de questões no mundo jujutsu, e essa temporada mostrou como os ideais de dois grandes personagens se chocaram com relação à maneira que eles veem a dinâmica entre feiticeiros e humanidade. O Itadori é um exemplo de protagonista bem desenvolvido, que é falho e se sente inseguro, mas se arrisca mesmo diante de tantas perdas tão significativas. E uma das coisas boas: a história consegue sobreviver mesmo quando personagens muito carismáticos não aparecem na maior parte dos episódios, e ela vai além do seu protagonista. A construção do mundo Jujustsu é muito boa, apesar de que o sistema de poder é bastante complexo e, por vezes, ruim de entender. Mas ainda assim, no final, os personagens fazem valer a pena.
Excelente temporada. Uma pena todas as péssimas condições que o Mappa dá aos seus animadores, mas ainda assim é necessário ressaltar o incrível trabalho deles em muitos episódios.
Scott Pilgrim: A Série
4.0 58É diferente do material base? Sim. Isso significa que é algo ruim? Não. Essa animação tomou várias liberdades e o resultado foi algo bastante criativo e divertido de acompanhar. Curti.
Pluto (1ª Temporada)
4.2 41Pluto é uma criação de Naoki Urasawa e baseada em Astro Boy, do gênio Osamu Tezuka, mais especificamente em um arco chamado “The Greatest Robot on Earth”, em que um androide persegue e luta contra outros robôs para provar ser o mais forte. Astro Boy foi publicado entre 1952 e 1968, e o anime foi lançado em 1963.
Em “Pluto” (publicado entre 2003 e 2009), Urasawa reimagina uma parte do trabalho de Tezuka de uma maneira mais adulta, ganhando tons de mistério e suspense. No enredo, o robô detetive Gesicht passa a ser o responsável por investigar estranhos assassinatos, e logo ele descobre que há muito mais acontecendo.
Urasawa construiu uma história que nos fala sobre a dor e a construção do ódio. Um dos focos principais da trama
é em uma guerra que, no passado, destruiu um Estado chamado Pérsia.
Outras questões muito boas levantadas aqui são referentes às inteligências artificiais, os avanços tecnológicos e seus limites éticos e morais. Em Pluto, os robôs
estão se questionando e sendo questionados o tempo inteiro sobre seus “sentimentos” e como deveriam se portar em determinadas situações.
Cada um dos sete robôs mais avançados é bem apresentado no anime, e todos eles possuem facetas carismáticas e desejos com os quais conseguimos nos conectar.
A Netflix fez um trabalho primoroso na direção artística. Os efeitos visuais estão absurdos, e possivelmente é o anime mais lindo do ano. É uma arte que brilha aos olhos, com cores que chamam atenção para o mundo futurista da série. Um trabalho primoroso, que no meu limitadíssimo conhecimento não consigo encontrar defeitos.
Facilmente uma das melhores produções do ano. Pluto traz temas e mensagens necessárias para nossa atualidade em uma perspectiva realista sobre o que é o homem.
A Queda da Casa de Usher
4.0 287 Assista AgoraPor não conhecer os contos do Poe de maneira tão profunda quanto gostaria (li alguns, há muito tempo), vou me limitar ao que a série apresentou. E dizer que Mike Flanagan acertou novamente. "The Fall Of The House Of Usher" tem uma atmosfera rica em suspense e terror, com personagens que beiram ao absurdo de tão detestáveis, e trabalha temáticas bem importantes como plano de fundo.
Até que ponto você iria pela chamada "glória eterna"? Pelo sucesso, riqueza e poder? Se alguém aparecesse na sua frente oferecendo o controle do mundo, você aceitaria? Tentador, certo? Acho que são questões que todos nós, em algum nível, pensamos em algum momento: sobre até onde o ser humano consegue ir para alcançar aquilo que quer, o que ele estaria disposto a sacrificar, mesmo sabendo dos riscos e consequências. O roteiro acerta o ponto na crítica à ganância e ao egoísmo do indivíduo, e em cada episódio somos conduzidos aos mundinhos particulares dos personagens e apresentados aos seus lados mais deploráveis.
Eles se pensam como invencíveis. Seus impérios são construídos encima dos corpos inocentes de outros seres humanos. O poder é tudo o que importa. Mas uma hora a conta chega, e não importa quem ou o quê voce é. A série vai muito bem ao expor as hipocrisias e contradiçoes dos mais ricos, e algumas falas da Verna botam o dedo na ferida sobre a concentração de renda em alguns poucos privilegiados que se veem como invencíveis. O horror sobrenatural existe, mas acho que o Flanagan acerta muito mais quando trabalha o "horror humano", bem presente nas figuras do Roderick, da Madeline e de uma família completamente desequilibrada. Não há laços entre os personagens, mas uma enorme indiferença. O fato de terem o mesmo sangue é um mero "detalhe". Tal como a HBO fez com Succession, a Netflix conseguiu apresentar bem a temática de uma família destruída por dentro.
Particularmente, gostei muito. Já curto bastante o Mike Flanagan desde "Hush", e aí veio Hill House. E aqui mais uma vez ele traz uma história muito envolvente com um elenco absurdamente talentoso. Bruce Greenwood tá ótimo, Willa Fitzgerald no papel da jovem Madeline foi excelente, mas de fato foi a Carla Gugino que roubava a cena.
(Novamente: não conheço tanto as obras do Poe, mas acho que devemos compreender que essa série adapta contos do autor, e muitas coisas vão funcionar e outras não.
The Wire (5ª Temporada)
4.6 113Acho que agora entendo um pouco do porquê dizem que The Wire é uma das melhores séries já feitas.
A realidade que essa série trouxe é uma que muitos de nós, ainda hoje, esquecemos ou fingimos que não existe: a violência nas ruas, o tráfico, a negligência policial. O texto de The Wire é honesto e forte, não romantiza as vitórias e as derrotas. Não coloca os personagens nos campos do "bem" e do "mal", mas numa área profundamente cinzenta e cheia de camadas complexas. Todos aqui possuem uma moral profundamente questionável, pois os cenários e as relações de poder são voláteis. A qualquer momento o jogo muda, e uma vírgula errada pode significar o seu fim nele. Nada é certo.
E assim também é a vida, com todas as suas complicações.
McNulty é definitivamente um dos personagens mais simples e, ao mesmo tempo, dificeis que eu já vi numa série. Simples pois ele possui uma ideologia que o torna um policial comprometido, mas é esse nível de entrega que o torna complexo e autodestrutivo, uma bomba que pode explodir e levar quem estiver por perto. Um protagonista que consegue deixar o público intrigado, capaz de despertar empatia no mesmo nível que desperta o ódio. Mas nós não somos assim também? Quer dizer, ninguém agrada a todos, certo? A ideia é que não somos perfeitos. Os defeitos e qualidades do Jimmy são o que fazem dele um ser humano. E ele entende muito bem quem ele é.
Enfim. The Wire foi uma série de extrema importância, e tem muito a dizer para a sociedade atual. É uma verdadeira experiência.
The Wire (4ª Temporada)
4.7 84De fato é impossível olhar para essa temporada e não dizer "OBRA-PRIMA!". Os novos personagens aprofundaram as temáticas que The Wire já trabalhava. O elenco juvenil e o núcleo envolvendo a escola foram um ponto alto do roteiro, que soube identificar o que muitos jovens sofrem na realidade. Temáticas como abuso e abandono parental são muito bem discutidas aqui.
As mudanças feitas nos status de alguns personagens serviram para mostrar como esse roteiro trabalha bem o desenvolvimento dos mesmos. Alguns desapareceram, outros ganharam mais espaço.
The Wire faz essas representações de mundo de uma forma muito crua, mas absurdamente interessantes. Que série incrível.
Meu Casamento Feliz (1ª Temporada)
3.8 27 Assista AgoraNo começo me pareceu somente mais uma história de romance, porém vai se desenvolvendo de uma forma interessante e mostrando mais camadas. Ainda há muita coisa que precisa de explicação. E embora não tenha apresentado nada de muito novo, foi bem reconfortante em alguns momentos e as ideias foram bem executadas.
Lakers: Hora de Vencer (2ª Temporada)
4.1 8 Assista AgoraNão sei o que motivou a HBO a cancelar essa série. O criador falou que não era o final que ele tinha em mente, e de fato isso fica bem claro. Foi algo que me pegou de surpresa porque pensei que poderia facilmente ter mais umas duas ou três temporadas. Também li rapidamente que a audiência baixou, e que algumas personalidades não gostaram da forma como foram adaptadas. Entendo que modificações em personalidades e em resultados dos jogos (como ocorreu aqui) foram feitos para fins de dramatização, mas vai ver a HBO não quis mais seguir com esse formato.
Enfim. Não sei o que rolou. Só sei que eu assistiria facilmente por mais um tempo. Não sou fã de basquete, mas essa fase dos Lakers é algo importante para a História do esporte como um todo. Era uma série mais diferente e que merecia mais atenção.
Bungou Stray Dogs (5ª Temporada)
3.8 6 Assista AgoraUma vez que o anime já adaptou tudo que foi lançado no mangá, agora vamos passar um bom tempo sem Bungo Stray Dogs. O que alegra é aquele "não acabou" nos minutos finais do último episódio da temporada. Vai demorar, mas com certeza volta.
The Wire (1ª Temporada)
4.6 170 Assista AgoraThe Wire tem um texto muito cru, que capta realidades em suas formas mais duras e densas. Aqui, temos a representação do mundo do tráfico, desde aqueles que comandam até aqueles que vendem e são os primeiros a serem abordados violentamente pois não passam de peões no jogo. E também vemos o lado da forte hierarquia policial e todo seu aparato burocrático, que procura manter o tradicionalismo e uma "forma" de resolver as coisas. A lealdade entre policiais também é um ponto muito bem levantado e questionado pela série, pois diferentes personagens em diferentes níveis se veem em situações que colocam suas carreiras em risco.
Mas o que mais me chamou atenção foi essa grande dimensão social. Alguns diálogos protagonizados por D'Angelo e Wallace trazem essa realidade das ruas que, infelizmente, é muito presente. Há crianças que se envolvem porque não há escolhas para elas. Wallace vê aquele lugar como tudo o que ele é, como tudo o que ele conhece, o que nos leva a pensar quantas crianças e jovens passam por isso diariamente. Naquelas ruas, eles sentem a brutalidade policial enquanto os "Barksdale" da vida se escondem, ou mesmo aqueles que estão por trás dos Barksdale. Os políticos (aqueles mesmos que carregam certas "coisinhas" no avião da FAB, por exemplo) é que financiam todo esse jogo. Todos nós sabemos que o problema não está somente em quem vende, e sim na parcela mais rica da população que também consome - e muito. Mas para eles tudo já é devidamente descriminalizado, certo? Nada os atinge.
Essa série permanece absurdamente atual em muitos aspectos, desde a maneira como trata o tráfico até as questões envolvendo a polícia.
One Piece: A Série (1ª Temporada)
4.2 264 Assista AgoraA felicidade que eu senti assistindo essa série só pode ser comparada a felicidade que sinto ao ler o mangá ou quando vejo o anime. Esse live action de One Piece foi extraordinário em todos os aspectos.
Nem todas as adaptações de animes/mangás funcionam, e a própria Netflix nos mostra isso quando adaptou "Death Note" e "Fullmetal Alchemist". Mas, por outro lado, também nos mostrou que com o direcionamento correto podemos ter coisas muito boas, como foi com "Samurai X", "Bleach" e, agora, com a série de "One Piece". Enquanto fã da obra toda, o resultado final desse live action me deixou imensamente alegre e emocionado. E exatamente por ser fã, tive minhas duvidas se funcionaria.
Estamos falando de uma história que possui um mundo absurdamente rico de elementos fantásticos, cheia de personagens com passados importantes para o enredo e que devem ser bem explorados. Há muitos detalhes escondidos, coisas que mesmo após mais de mil capítulos de mangá e anime ainda não foram explicadas. Tentar condensar, mesmo que fosse somente o começo dessa saga, em outra mídia me pareceu um trabalho muito difícil e que certamente iria requerer a supervisão adequada. Felizmente o Eiichiro Oda esteve presente em todas as etapas do processo.
Dessa forma, a série conseguiu unir muito bem quem já conhecia One Piece com aqueles que estavam começando agora ou mesmo tem uma curiosidade de conhecer. Ela funciona bem para o fã mais antigo e para o novo, e isso é um ponto muito positivo pois demonstra o cuidado do roteiro com a forma que conduz os arcos e personagens. Claro que haveriam limitações em termos de efeitos especiais, ou mesmo pequenos personagens que aparecem em uma saga x e não foram adaptados aqui, ou partes que foram encurtadas (pois anime e mangá tem mais tempo), mas mesmo as coisas que foram "deixadas de fora" não prejudicaram de forma alguma o andamento da série. Adiantaram alguns plots,
como toda a parte da revelação de que o Garp é avô do Luffy,
A parte essencial estava ali, o que faz One Piece especial estava nessa série. Se mantiveram fieis às personalidades dos personagens, apresentaram bem os conceitos de justiça e liberdade que tanto a Marinha como os piratas defendem (cada lado de sua forma, por seus motivos), e introduziram bem o sistema de poder (que ainda há muito para ser explorado, mas considero que a parte das akuma no mi foi bem explicada). Os cenários e a trilha sonora espetaculares ajudaram a deixar o processo de imersão ainda melhor.
Iñaki Godoy é O Luffy. Dá para sentir o quão eufórico ele estava, e sua interpretação passou toda a felicidade e liberdade que pulsam forte em nosso protagonista. Nos momentos mais tensos ele também soube corresponder. Aliás, que elenco bom! Emily Rudd deu um verdadeiro show como a Nami, e para mim foi como se a personagem tivesse saído diretamente das páginas do mangá. Foi uma entrega excepcional e mostrou que ela conhecia muito da personagem. Mackenyu, Jacob e Taz também fizeram grandes trabalhos, e dá para ver o Zoro, Usopp e o Sanji neles. E outro feliz destaque foi a visão mais densa, porém não menos divertida, que deram ao palhaço Buggy.
Espero que essa série tenha mais algumas temporadas. Foi sinceramente uma experiência emocionante rever algumas cenas
(como o Zoro prometendo ao Luffy que nunca perderia, o Sanji se despedindo do Zeff, ou o Luffy colocando o chapéu dele na Nami após a mesma pedir ajuda)
Invasão Secreta
2.8 183 Assista AgoraA série começou muito bem. O clima de espionagem e desconfiança foi bem conduzido, mas até certo ponto. Senti que a partir da metade foi perdendo um pouco de qualidade, e o final me pareceu muito rápido, fácil e genérico.
30 Moedas (1° Temporada)
3.2 31 Assista AgoraAté a metade vai se desenvolvendo de forma interessante, mas depois me pareceu que escreveram tudo de qualquer forma. Faltou cuidado em todos os aspectos: desenvolvimento de personagem, direção, efeitos visuais, atuações. Mas a história em si é boa, tem um protagonista bem apresentado e que passa segurança em tela. Mas em alguns momentos a série foi preguiçosa, em outros pecou pelo excesso.
Ao menos pelo trailer, deu para notar uma vibe diferente para a segunda temporada. Se foi renovada, teve algum retorno para a HBO. E nem tudo aqui é ruim. Há conceitos bons que só foram mal explorados, mas com muito potencial para melhorar. Então esperamos que os próximos episódios ganhem esse salto de qualidade.
The Idol (1ª Temporada)
1.7 146 Assista AgoraÉ definitivamente uma das piores séries já lançadas nos últimos anos. E talvez uma das piores da HBO.
Abel e Sam Levinson pegaram todos os desejos masculinos mais doentios para executarem na personagem da Jocelyn e usarem "isso é a indústria da música" como desculpa. Sabemos das coisas bizarras e sujas que há no ramo do entretenimento, mas a série reduziu esse universo a um softporn barato. O roteiro é cheio de falhas, em especial no último episódio (que parece ter sido feito as pressas) e os personagens não empolgam. A impressão que me passou foi de uma série feita para chocar... e somente isso. O objetivo de mostrar uma cantora pop se reerguendo foi deixado de lado para dar lugar a uma visão machista que execute seus fetiches.
Lily-Rose Depp e The Weeknd não possuem uma boa dinâmica, mas por culpa totalmente do segundo. O Abel não sabe atuar! É engraçado (e um tanto vergonhoso) como ele é péssimo e desce muito o níve sempre que aparece em cena. Um grande cantor, mas péssimo ator. E a Lily-Rose é uma das poucas coisas boas desse buraco, pois nota-se que ela está se esforçando... mas não dá para entregar muito quando o roteiro diminui tanto o potencial da sua personagem.
Adoraria ter visto a versão da Amy Seimetz, e quando a série foi anunciada há alguns anos fiquei realmente empolgado por ver algo sobre a "criação" de uma estrela do pop, tudo o que ela tem que passar e etc. Pois pensei que seria uma boa forma de abordar como jovens garotas são tratadas na indústria musical, até mesmo como um alerta. Mas... sam levinson e abel estragaram tudo. Se os Deuses das séries forem justos, essa bomba não ganha segunda temporada. A HBO deveria ter vergonha de ter aprovado esse lixo.
Succession (4ª Temporada)
4.5 215 Assista AgoraTodas as coisas boas chegam ao final...
Já imaginava que seria esse o final, mas não pensava que o caminho para ele seria tão... doloroso? insosso? Não sei. Mas certamente foi uma montanha-russa. Aliás, é isso que Succession foi durante essas quatro temporadas: uma série com histórias e personagens que despertavam os mais variados tipos e níveis de emoções no público, tudo ao mesmo tempo. Amamos e odiamos personagens na mesma medida. O brilhantismo do roteiro foi algo que certamente será lembrado quando pensarmos em séries de sucesso e que falam tão bem sobre relações de poder.
Sobre o final em si:
tinha como ser outro? Tinha. Poderíamos sonhar com a Shiv ou o Kendall, mas no fim... será que seria Succession? Acho que não. Na minha visão, um dos objetivos da série não era colocar as coisas em pontos confortáveis, mas sim mostrar um universo sujo, suas jogadas mais arriscadas e podres, e uma enorme falta do que pensamos ser moral. Succession sempre foi nos limites do certo e do errado, e esse era também um dos seus pontos fortes.
Podemos questionar a rapidez das mudanças de decisões dos personagens, mas eles sempre foram voláteis. Afinal, na realidade, nós também somos. Eles eram vilões e mocinhos, o bem e o mal andando de mãos dadas. E nós também somos isso. Apesar de representar o universo dos bilionários, os sentimentos conflitantes da Shiv, do Rome e do Kendall não estavam tão distantes dos nossos.
É por isso que compreendo o desejo da Shiv, e depois a mudança dela. Ela sempre viu os outros ganharem, sendo que ela também tinha boas cartas e bons movimentos. Entendo o Rome e sua dor interna, sua inadequação diante do mundo, a necessidade de se sentir inferior e acolhido para sentir algo a mais. E entendo o Kendall, que foi criado com o pensamento de que ele só seria bom em uma única coisa (já era manipulado pelo pai aos sete anos de idade), que se pensava invencível e que poderia mesmo driblar tudo e todos... igualzinho ao pai. Ser igual e ao mesmo tempo diferente do Logan era uma meta dos três, mesmo que em níveis diferentes.
O último episódio mostrou
uma calmaria antes da tempestade. Foi um bom e lindo momento do nosso trio, e por um segundo pensei que iria concluir da maneira como começou a temporada. Mas o poder é tudo o que importa. A desconfiança, no fim, se torna um monstro maior. Um vai aniquilando o outro, até que todos ficam com absolutamente nada. E alguns poucos sortudos no meio do jogo conseguem algo no final, caso se comportem e dancem a música dos mais poderosos.
Isso é Succession. Que viagem! Foi bonito, feio, engraçado e dramático. E vou sentir muita falta.
Amor e Morte
3.8 128 Assista AgoraGostei como a série detalhou o caso da Candy com o Allan, e como era vida da família Montgomery. Mas no fim, ficou aquela sensação de que tudo teria sido bem condensado em um bom filme e que a série pecou pelos excessos.
Gostei bastante da Elizabeth Olsen. Ótima atuação.
Treta
4.1 310 Assista AgoraQuando li a sinopse, pensei que iria ver uma comédia despretenciosa, bem bobinha e clichê. Mas fui felizmente surpreendido com uma produção original, reflexiva e com momentos de surtos absurdos.
Amy e Danny são duas almas mais parecidas do que pensam, quebradas pelas inconsistências da vida. Curti muito o conceito da série, e os personagens possuem esses questionamentos com os quais nós podemos nos relacionar em algum nível. Apesar das partes mais surreais, a narrativa é muito coerente no desenvolvimento de seus protagonistas: ela mostra bem que eles não são mocinhos, mas também não são vilões. São seres humanos perdidos e com sentimentos difíceis de descrever.
Boa série. E fica sempre a lição:
cuidado ao dirigir
Insecure (5ª Temporada)
4.3 50Insecure mostra a vida acontecendo, com todos os seus problemas e felicidades. Essa série tocou na realidade dos relacionamentos (de todos os tipos, em todos os níveis), e mostrou que há coisas que simplesmente fogem do nosso controle, e que também dificultamos muitos dos nossos caminhos. E isso acontece com todos.
A Issa é uma mulher forte e independente, mas que também possui muitas fragilidades e problemas nos seus relacionamentos. É impossível não se identificar com ela em algum nível. É uma personagem que tem voz, mas que se sente perdida em meio as suas escolhas. Assim como qualquer um, em muitos momentos ela é insegura do que pode e deve fazer ou ser. E dentro desses desencontros, a sua amizade com a Molly é a "rocha" necessária, o ponto de conforto em que ela pode retornar após um dia cansativo. A amizade entre elas é uma das coisas mais lindas da série, e bem construída em todos os lados.
É muito legal ver que séries que carregam essa enorme representatividade obtiveram tanto sucesso. É um elenco formado por pessoas pretas, que exploram todas as questões que somente elas podem entender e sentir, e ainda considerando que boa parte de produções desse tipo são protagonizadas por pessoas brancas e trazem uma visão rasa e as vezes esteriotipada de relacionamentos amorosos. A Issa Rae foi gigante aqui em produzir uma perspectiva mais atraente e realistica para o público, de forma que acredito que mulheres podem se identificar facilmente com ela, ou com a Molly, Kelly e a Tiffany.
Em Insecure nada é fácil, pois a vida em si nao é algo fácil. Mas é uma das séries mais deliciosas que já vi. É engraçada e dramática na medida certa, além de proporcionar reflexões verdadeiras.