Essa é uma história sobre família, perda, amor, ódio, redenção, sofrimento, alegria, esperança. Essa é uma história sobre encontros, erros e acertos. Essa é uma história sobre sentimentos e ações.
É com a frase "Essa é uma história" que Jeff Lemire encerra Sweet Tooth nas HQs, um quadrinho belíssimo que nos guia por várias aventuras sobre a vida de um garotinho num mundo tomado pelo caos. O autor tem uma capacidade maravilhosa de colocar seus sentimentos em sua escrita e de provocar o leitor a participar da trama e, também, a se emocionar. Acompanho o trabalho dele há anos, e não perco nenhum lançamento dele no Brasil porque são histórias como "Sweet Tooth" que encantam, que abrem nossos olhos para ver mais sobre o mundo e nós mesmos. A adaptação da Netflix manteve o alto nível do quadrinho, adicionou novos personagens, modificou objetivos e emocionou muito, especialmente na reta final da primeira temporada.
A adaptação expande o universo de Sweet Tooth, muda algumas motivações dos personagens principais (principalmente do Gus) e consegue ser original, e ainda mantém facilmente a sensibilidade da HQ. Senti em vários momentos que o roteiro procurava "solucionar" alguns poucos problemas presentes no material original. Gostei muito de ver mais do pai dele, da vida da Wendy com a Aimee e como era a vida do Singh. Ressignificar personagens e suas particularidades foi um dos pontos altos, todos bem apresentados e com objetivos claros.
A série da Netflix é claramente mais "fofa" que a HQ (em vários aspectos, até mesmo na fisionomia do protagonista), mas não é nenhum problema. O lado sombrio continua se fazendo presente na humanidade, com a mais pura crueldade.
As cenas em que aqueles moradores queimam uma pessoa doente enquanto cantam uma música é muito perturbadora. A construção do Abott é muito bem feita, porém ele ainda não mostrou todo o seu lado sádico.
Os atores tem uma química fantástica. O trio formado por Christian Convery, Nonso Anozie e Stefania LaVie Owen seguram muito bem os momentos mais divertidos e também as cenas mais tensas.
Há claras relações com o contexto mundial atual (usem máscaras, pelo amor de Bobby, Wendy e Gus), e as maldades que o ser humano é capaz de fazer. Tanto série quanto HQ exploram muito bem a relação "homem-natureza", e talvez esse seja um dos principais temas da história. As nossas ações tem impacto no mundo... e ele retribui. A natureza tem sua forma de responder perante o desprezo do homem.
Fiquei positivamente surpreso com tudo o que vi e me emocionei ao final. E ainda há muita coisa interessante para contar.
(O Gus é fofinho e tals, mas... o Bobby? Ele é meu personagem favorito nas HQs e extremamente amável. Wendy também é uma rainha <3)
O meu primeiro anime de esportes. E que anime! Tudo é muito bonito, desde animação até desenvolvimento de personagens. O final deixa um gosto de quero mais, porém foi concluído no momento certo. Adorável.
Falcão e Soldado Invernal foi uma experiência muito boa. Uma série inteligente, que focou nos aspectos mais "detetivescos" dos personagens e elevou os status dos mesmos dentro do MCU com uma história envolvente, cheia de aspectos políticos e sociais.
Nos quadrinhos, a Marvel costuma ter uma posição política bem clara, mas tive receio que isso fosse podado de alguma forma pela Disney, ou que fosse tratado somente de forma superficial. Ainda assim, há uma discussão presente aqui sobre racismo nos EUA, e o que significaria um homem negro carregar um símbolo com as cores de um país que assassina o povo negro. Entendi que, para o Sam, carregar o escudo é uma forma de resistência, de dizer que é possível para ele, e de fazer justiça a dor de quem veio antes dele. Aliás, as emoções dele são bem trabalhadas, mesmo em poucos em episódios.
Bucky, por sua vez, tem a tarefa de esquecer e, ao mesmo tempo, se redimir das atrocidades que cometeu enquanto estava sendo controlado. Também é um personagem psicologicamente complexo, mas sua amizade com o Sam vai sendo construída aos poucos e o ajudando a ver as imagens com mais clareza em um mundo voltando a normalidade.
O debate político sobre desigualdade social também existe na figura da Karli, uma "vilã" que deseja somente proteger os seus, mesmo que seus meios sejam profundamente questionáveis. Mas as perguntas dela sobre as injustiças que cobrem o mundo e o porque de poucos decidirem o destino de muitos são extremamente válidas para nossos tempos.
Uma série muito boa. Espero que continue, afinal diferente de WandaVision (que de fato é uma minissérie), ainda há muito para o Sam contar enquanto capitão, além do que essa dupla com o Bucky é realmente divertida.
Feliz surpresa da temporada de animes de 2020. Me interesso bastante pela temática sobrenatural/feitiçaria em animes, e Jujutsu Kaisen foi algo que me deixou bastante animado. Tem alguns conceitos que não sei se entendi completamente, mas isso resolvo com uma velha pesquisa. Alguns arcos de fato pareciam entediantes, mas todos eles acrescentaram para o desenvolvimento do trio de protagonistas (que é bastante carismático).
Drama, comédia, ação, diálogos motivacionais e reflexivos... um bom anime, que em muito lembra várias outras obras e até faz homenagem a grandes animes. O que me surpreendeu foi a força de Gojou e em não persistirem no ato de esconder toda a sua face, o que achei criativo e foge da imagem "kakashi" que queriam colocar nele. No aguardo da próxima temporada e do filme.
Como um anime tão bom em sua primeira temporada, com uma história tão intrigante e promissora... se tornou... isso aí? A segunda temporada começou bem e terminou de uma forma MUITO decepcionante. Como não li o mangá (e a vontade depois dessa temporada foi quase embora) não avalio no sentido de adaptação, mas sei (e isso é perceptível) que muitos capítulos ficaram de fora.
Apressaram completamente a obra, e tivemos um final feliz (que não sei se segue o que ocorreu no mangá) mas sem impacto algum, sem emoção alguma, porque não houve uma devida construção para esse final. As coisas aconteceram de forma simples, sem contexto, sem ação. O sentimento que fica é que subestimaram a inteligência de quem acompanha.
O "final feliz" não incomoda, mas sim a falta de desenvolvimento para chegar até ele. Não houve. Cortaram muito e estragaram o anime, o que é realmente uma pena.
Das três primeiras, disparado a pior em todos os sentidos. Mais da maior parte dos casos foram fracos. A saída da Annabelle também pesou muito pois ela era extremamente carismática e dava mais vida ao elenco; Bull ficou ainda mais insuportável (gostava muito dele na primeira temporada, na segunda mais ou menos, e na terceira foi horrível). Gostei de terem dado mais espaço para os dramas de outros personagens e gostei principalmente do
Succession é uma série em que não há vilões ou mocinhos, mas a busca doentia e absurdamente inescrupulosa pelo poder. Ao retratar uma família completamente desequilibrada, o roteiro nos leva aos lugares mais obscuros de nossos comportamentos, e nos convida a uma reflexão sobre o que de fato é "poder", sobre o que seria "ter" algo, possuir, ser usado e etc. Em outro nível, as "brigas" - que provavelmente são os momentos em que essa dinâmica é muito mais visível - concede um leve olhar para nosso próprio âmbito familiar, qual seria o nosso papel e se estaríamos desempenhando o mesmo. Ou se ao menos teríamos um.
As relações de força são mostradas através de diálogos e posturas as vezes sutis, em outras muito escancaradas, mas definitivamente presentes, com atores em uma excelente sincronia e demonstrando todas as seguranças e inseguranças de seus respectivos personagens. Cada um ali é fraco e forte em sua própria maneira, e isso é muito bem explorado. Os personagens são "humanos", possuem momentos em que são profundamente detestáveis e outros em que nos identificamos com algum deles em algum nível ou aspecto.
É uma série incrível, e eu diria que ensina bastante sobre a fluídez do poder - de como ir do céu ao inferno em questão de segundos, de como tudo pode parecer frágil, temporário e estranho (especialmente caso não saiba o que fazer o que está em suas mãos). No caso de Logan Roy, ele sabe. Por mais detestável que seja, ele vê uma realidade e a pega para si, expande e impôe para os outros. Como dito por um personagem em um episódio, ele é um planeta (se não me engano, é essa a fala). Ele não só atrai as pesssoas, mas faz com que tudo funcione ao seu redor de acordo com seus gostos. E no fim, tudo volta para, ele, para o patriarca. Não importa o que ele faça. Ele é a última palavra. No fim, tudo volta para a família.
A sensibilidade de "After Life" tem um gosto brutal, ainda que muito suave e real. Existe o fim, o inevitável. E também existe a jornada, o novo e o desconhecido. Vida e morte se encontram, o começo e o fim se abraçam. Mas aprendemos que existe esperança, que existe felicidade. Sempre há, mesmo quando você pensa ter desistido de encontra-las. Podem vir em diferentes formas, em diferentes tamanhos. Mas existem.
Em um roteiro emocionante, com toques sutis de um humor inteligente, podemos descobrir sobre nós mesmos e nosso processo de aceitação sobre o mundo, sobre nossas culpas, arrependimentos, memórias e acasos.
Ideias boas, porém mal desenvolvidas. Personagens interessantes, mas que não tem grandes motivações. A história em si é um grande clichê, por consequência bastante superficial. Lados positivos: a excelente qualidade da animação e a "coragem" do roteiro em matar personagens. Mas fica nisso.
Infelizmente as discussões políticas que o anime poderia ter realizado ficaram de lado para dar lugar a cenas de um humor com gosto bastante duvidoso. Até mesmo as partes mais emocionantes são ofuscadas por essa ausência de noção do roteiro. Não há como sentir o impacto das mortes, pois mesmo os personagens sendo carismáticos, a dinâmica entre eles me parece muito mal resolvida. Os diálogos não tem peso, caem no lugar comum.
Tem ideias fantásticas para algo mais sombrio e adulto, porém não executam isso. Há piadinhas ruins inseridas em momentos errados. Da metade para o final, mais parece que estavam "jogando" todos os elementos fantásticos de qualquer forma para ver se faria sentido. Não fez. Decepcionante.
o ritmo da série se manteve, os planos mirabolantes pareciam "mais do mesmo". Ainda é um ótimo entretenimento, ainda é uma ótima série, mas que precisa de mais elementos novos para continuar chamando a atenção. O mais "novo" que vi foi
para a morte na Nairobi, que embora previsível pelos caminhos que o roteiro estava sendo conduzido, continuava sendo a personagem mais carismática dali.
Sem grandes inovações, e embora tenha focado bastante na parte sensível e nas perdas dos personagens, foi a temporada mais fraca até o momento.
Uma temporada que começou bem, mas deixou a desejar no seu desenvolvimento e terminou de forma mediana. Senti que algumas tramas se perderam, especialmente o núcleo envolvendo a Wendy. A personagem foi posta de lado no aspecto profissional, e logo quando me animei em vê-la no campo fazendo as entrevistas e se impondo, cortaram essa parte. Por outro lado, exploraram um relacionamento com seus níveis de intensidade e que mostraram mais facetas pessoais dela.
Os ataques de pânico do Ford foram esquecidos de forma muito brusca. Em um momento, todos devem vigia-lo para que não comprometa nenhum caso e não tenha nenhum episódio, e no outro é como se nada tivesse acontecido com ele. Esse ponto da saúde mental do personagem poderia ter sido mais enfatizado para deixar a trama da temporada mais intensa.
O Bill foi o único que teve uma trama pessoal mais bem elaborada. Particularmente, me simpatizei mais com o personagem nessa temporada. A sua história foi além do aspecto de conciliar pessoal/profissional, mas de tentar entender todos os acontecimentos ao seu redor e como administra-los. É interessante o diálogo que ele tem com a Wendy, em que ele diz que sente estar começando várias coisas, mas não terminando nenhuma. Esse sentimento de impotência entra em conflito com a necessidade que o mesmo tem de se mostrar forte diante das situações que lhe aparecem.
Quanto ao personagem do Michael Cerveris (poxa, colocaram ele e a Anna Torv pra contracenar juntos novamente... poderiam ter inserido uma referência à Fringe rsr)... me pareceu que ele seria uma espécie de "vilão", no sentido de que iria expandir o trabalho da equipe, porém dentro dos seus próprios termos. De certa forma, é isso que acontece, porém não da maneira como eu pensava que seria (com mais entraves, rigidez e problemas do que soluções). O personagem acaba passando bem. O único problema (e talvez isso possa render bons embates) é ele limitar o trabalho da Wendy. Por mais que ela seja uma acadêmica e não uma agente, acho que para as entrevistas seria uma experiência bastante válida.
Sobre a trama principal da temporada: eu não li sinopses, nem entrevistas, nem nada do tipo. Vi um trailer. Só. Esperava mais do BTK? Sim. Na verdade, eu achava que a temporada inteira seria sobre ele, mas não foi (guardando para o final?). Então focaram em Atlanta, que teve momentos bastante intensos. Foi um pouco arrastado, mas de maneira geral não atrapalhou minha experiência - eu não conhecia a História dos assassinatos e do Wayne Williams, então fiquei bastante curioso pela trama. Ainda Abordaram a questão racial e a negligencia das autoridades quando se trata da vida de pessoas negras (especialmente se estivermos falando do Sul dos EUA naquele período), sendo fácil estabelecer uma conexão com o nosso presente e ver que essa negligência ainda existe.
De forma geral foi uma boa temporada, mas acho que muitos pensavam que seria focada em outros momentos e não deve ter correspondido muito bem. Espero que a Netflix não demore mais dois anos para a próxima.
Fullmetal Alchemist é meu mangá favorito, minha história favorita e o Brotherhood meu anime favorito. Logo, é muito difícil ver essa versão, pois as comparações são inevitáveis - embora injustas, pois a autora não havia terminado o mangá na época do primeiro anime. É preciso considerar esse contexto.
O que me incomodou foi o excesso de drama. Em muitos momentos, o nível de dramaticidade impedia que eu - por mais contraditório que pareça - me importasse com o destino dos personagens, pois as narrativas se tornavam arrastadas (muitas vezes sem sentido) e por consequência cansativas. Nesse aspecto, pode até ser superior ao segundo anime, mas não significa que seja melhor. Havia uma boa e divertida dosagem entre humor e drama em FMAB que a dita "versão clássica" não teve.
As questões filosóficas e sobre o autoritarismo estão muito presentes aqui, mas até nesse aspecto o Brotherhood se sai melhor. Ele amplia os horizontes de temáticas que podem ser abordadas: vai dos próprios conceitos usados na alquimia, passando por questões de sobrevivência, geopolítica, fundamentalismo religioso e intolerância a outros povos/religiões. Nesse campo, o primeiro peca pela ausência de personagens extremamente importantes para a trama (Ling, May, mais espaço para o Scar, para o Marcoh e etc) para abordar com mais liberdade esses temas.
Sobre o final: Fullmetal é também uma história sobre sacrifícios. O final dos personagens (que foi de fato concluído em um filme) faz sentido, mas não foi algo que apreciei. Prefiro o velho "final feliz" porque é impensável que eles tenham passado por todo aquele inferno e ainda assim terminarem separados. Aliás, foi um final tão confuso e sem sentido que foi preciso outra produção para enfim dar um final mais satisfatório.
Em comparação, o primeiro anime é muito inferior ao segundo. Mas ele sofreu dessa desvantagem de não ter uma história já pronta para ser adaptada.
Minissérie da Netflix com direção de Ava DuVernay (também responsável por "Selma") relata a história real conhecida como "Os Cinco do Central Park", quando em 1989 quatro jovens negros e um de origem hispânica foram injustamente acusados do estupro de Trisha Meili, que foi brutalmente violentada aos seus 28 anos. Nenhum dos jovens cometeu esse ato, mas seus testemunhos foram coagidos pela polícia, que usou de violência física, verbal e psicológica para influenciar garotos de 14 a 16 anos a confessarem um crime que eles NÃO COMETEREM.
Antron McCray, Yusef Salaam, Korey Wise, Raymond Santana e Kevin Richardson passaram por tristes sessões de julgamentos (no qual até o desgraçado Trump pediu pena de morte na época). Os policiais e detetives que estavam conduzindo o caso modificaram textos, inventaram provas e criaram situações para que exatamente aqueles cinco garotos fossem os culpados. Eles são tratados como animais (e isso fica claro em diversos diálogos quando de fato são chamados assim). A minissérie mostrou que nunca houve de fato um caso consistente contra os garotos, que eles foram obrigados pelos policiais e manipulados durante todo o tempo em que estiveram confinados na delegacia - os garotos nem ao menos se conheciam, mas os detetives utilizaram técnicas de interrogatório para que os rapazes se culpassem, e ignoraram as profundas e absurdas incoerências. Não falaram com a presença de advogados, ou mesmo dos pais (que também foram ameaçados pela força policial). O objetivo era culpar... Haviam jovens negros para isso. Não é muito difícil descobrir o que vem depois.
O racismo escancarado dos policiais e dos detetives conduziu o caso, mesmo quando estava claro para qualquer pessoa com bom senso e que analisassem com cuidado o contexto, que eles não tiveram MENHUMA relação com o estupro (o verdadeiro culpado confessaria somente em meados de 2002). Essa minissérie mostra muito bem como a brutalidade policial age, de como tentam a todo custo controlar a situação e criar o caso perfeito para culpar jovens negros. Em vários momentos fiquei paralisado de medo e raiva pela forma como os cinco garotos foram tratados, e ainda mais sabendo que a situação não mudou muito atualmente.
É ainda uma minissérie sobre a perda da infância e suas consequências, pois esses mesmos jovens tinham sonhos e que foram duramente e injustamente interrompidos. Cada um deles é retratado de uma forma única e emocionante. E essa perda também foi possível graças ao falho sistema de justiça dos EUA, em que o próprio significado da palavra "justiça" se perde rapidamente após o veredito.
Todos os cinco rapazes foram absolvidos em 2002. Em 2014, cada um foi indenizado pelo Estado de Nova York em 40 milhões (https://www.terra.com.br/…/ny-pagara-us-40-mi-em-compensaca…). Não, não é o suficiente. A verdade é que nada é. Eles passaram de 6 meses a 13 anos na prisão, tendo suas vidas dilaceradas, sofrendo devido a maldade e incompetência.
São quatro episódios desconcertantes e brutais sobre cinco jovens inocentes que foram presos devido ao ódio, e que vão expor a violência que os negros sofrem. Há cenas fortes, muitas simbólicas, mas que exploram esse racismo e de como ele ainda continua presente no cotidiano. E principalmente o caminho que devemos tomar para confrontar essa falta de humanidade. Casos como esses dos cinco jovens acontecem todos os dias, pois o jovem negro da periferia é sempre o primeiro e principal alvo da força arbitrária. Quando disserem que racismo não existe, que "negros se vitimizam"... Mostrem essa história a essas pessoas
Chernobyl é uma minissérie da HBO que retrata os eventos do acidente nuclear que ocorreu na Ucrânia, em abril de 1986, sendo considerado como uma das maiores catástrofes nucleares da História. Foi liberado uma grande quantidade de material radioativo na atmosfera que contaminou uma área em que viviam cerca de 7 milhões de pessoas.
Devido aos efeitos da radiação, e embora até hoje não exista um número exato de vítimas, estimssse que milhares morreram. Com o tempo, várias foram as pessoas que desenvolveram câncer.
A minissérie da HBO é de uma qualidade única, que vai desde o seu roteiro bem organizado, passando pelos personagens carregados até chegar na construção de imagens, cenários e cores.
Toda a parte técnica é muito bem executada, e nos passa o suspense, a frieza e a tristeza das situações. De fato é uma minissérie de suspense/terror, que buscou representar um período triste da História de uma forma que o espectador sentisse um pouco da dor daqueles personagens, em que acabamos por nos perguntar sobre o tanto de sofrimento que aquele povo passou e os sacrifícios feitos para que erros não fossem perpetuados.
Os personagens são densos, parecem carregar sentimentos conflitantes de culpa, desespero e raiva. O governo da URSS tentou de todas as formas esconder o ocorrido para manter a imagem da soberania nacional, e isso pesa nas decisões que os protagonistas precisam tomar: dizer a verdade e serem caçados por seus próprio sistema político, ou continuar mentindo. Aliás, a minissérie passa muito o espírito de desconfiança, omissões e espionagem num contexto dos últimos anos de guerra fria.
As lindas atuações de Jared Harris (Valery Legasov) e Stellan Skarsgård (Boris Shcherbina) são hipnotizantes e emocionantes. O Jared Harris mostra que tem uma espécie de dom em dominar falas em diálogos mais técnicos. A dupla é complementada por Emily Watson (Ilana Khomyuk, personagem criada para a minissérie como forma de homenagear todos os que estiveram ao lado de Boris e Valery).
Essa é uma produção que toca em várias questões históricas, políticas, econômicas e sociais, em particular do declínio da URSS, e relembra os nomes daqueles que realmente estiveram a frente para que a tragédia de Chernobyl não se propagasse e não se repetisse. É uma produção que valoriza a História, que trabalha com informações e deixa os documentos expostos, e nos leva a uma bela reflexão sobre o que é verdade, seus usos e consequências.
E não é somente isso. Seus efeitos cinematográficos e seu roteiro complexo fazem com que "Chernobyl" impulsione uma série de temas e debates em diversas áreas - sobre a energia nuclear, a sobrevivência e o futuro de populações, formas alternativas de energia, a manipulação de informações pelo governo. Creio que dependendo de como você assiste (e o número de vezes), mais reflexões podem ser retiradas.
Chernobyl mostra outras faces da tragédia, seus tristes e pesados bastidores. É assustadora porque foi algo que ocorreu, em níveis que, mesmo com essas e outras produções, nem sequer somos capazes de imaginar se pensarmos em quem estava vivenciando aqueles momentos. É triste, impactante e forte, porém muito necessária para entender um capítulo da nossa História.
Sense8 não é apenas mais uma série para preencher uma lacuna num serviço de streaming, ou simplesmente para o efeito do lucro. Sense8 é uma representação sobre a celebração do amor, do encontro entre sensibilidades e também funciona perfeitamente como uma feliz comemoração à diversidade cultural.
Vários dos meus preconceitos e das minhas barreiras em relação ao entendimento do mundo foram derrubadas devido aos ensinamentos dessa série, devido aos diálogos que nos faziam querer sentir intensamente o universo fora da ficção, e da união dos personagens que, mesmo em diferentes locais do mundo, mostravam que não existem limites para o ato de amar, de cuidar, de estar presente para o outro quando ele precisa.
Sim, claro, é uma obra de ficção. Mas ela nos deixa um ensinamento sobre humanidade que, em tempos de indiferenças e práticas de ódio, é mais do que necessário: a prova de que o simples amor - em suas diferentes formas - e a amizade que nasce dele são respostas para curar um mundo doente pela intolerância e pelo medo.
O amor existe em vários tamanhos, formas, cores... ele é diverso porque nós somos diversos. Ele se transforma, enquanto nos transforma. É a arte de compartilhar todos os momentos, de captura-los e vive-los intensamente com alguém. E nesse ponto, Sense8 celebra, também, toda a comunidade LGBTq, mostrando que não importa se você é gay, bi, lésbica ou trans, de que claramente não há nada de errado: errado seria simplesmente não amar. Errado é o ódio a qual essas pessoas são vítimas dia após dia. E essa foi uma crítica social constante no roteiro desde a primeira temporada, e foi feliz em todos os momentos.
Sinto que realmente aprendi muito com suas narrativas e seus personagens tão incríveis e lindos, o que me ajudou muito a desconstruir velhos conceitos, buscar e expandir novas visões. Afinal, não seria essa uma das finalidades da arte?
O meu amor por Sense8 é anorme, e a considero como um dos grandes favores para a humanidade no campo artístico dos últimos anos.
> COMENTÁRIO CONTÉM SPOILERS DA TEMPORADA -----------------------------------------------------------------------------
13 Reasons Why - Temporada 2 (2018), Netflix.
Eu já havia comentado brevemente sobre a minha preocupação com relação à possível "espetacularização" que 13 Reasons Why faz sobre o suicídio - e também sobre outros assuntos igualmente espinhosos. Acontece que o segundo ano da série se mostrou mais cuidadoso e eu diria que até bem mais crítico com as temáticas expostas.
Após algumas pesquisas, vi que após a estreia da 1ª temporada de 13RW, o Centro de Valorização da Vida (CVV) registrou mais de 400% nos pedidos de ajuda. Se isso teve relação direta com a série? Creio que sim. Falar sobre o suicídio não está exatamente entre os tópicos preferidos do modelo perfeito e mentiroso de nossa sociedade.
Pois bem, crianças, meninos e meninas, adultos, senhoras e senhores... O SUICÍDIO EXISTE. ELE É REAL. ELE PRECISA SER EVITADO. AS PESSOAS PRECISAM DE AJUDA. (Vai em caixa alta mesmo)
A segunda temporada deixou clara que o propósito da série não é fazer apologia ao estupro, à agressão verbal ou suicídio, mas sim denunciar algo que, os hipócritas tradicionais querendo ou não, está presente e provavelmente bem mais perto de você do que imagina. Já há notícias de pais querendo retirar a série do ar (faça-me rir um pouco, ao menos) devido a uma cena de estupro (que foi mostrada exatamente com o objetivo de impactar e dizer "olhem... isso existe na realidade de vocês e POUCOS FALAM SOBRE ISSO"). Vocês, pais, sabiam que existe uma coisa chamada "faixa-etária"? Se o seu filho(a) está vendo algo que não é para ele, a culpa é inteiramente sua pela falta de supervisão.
Não vou culpar um programa de ficção por trabalhar com conteúdos que evitamos discutir. Se falássemos mais sobre eles, poderiam ser evitados. A questão é que a velha cultura do bullying está tão enraizada que para muitos um apelido pejorativo se torna "normal". As próprias escolas não falam sobre isso. Os próprios professores evitam o tema... e isso ainda em 2018. Acha que não? Pois faça uma pesquisa em sua cidade sobre isso. Saia perguntando aos profissionais responsáveis o que eles fazem quando veem um jovem em estado depressivo.
Sem mais delongas... sobre a temporada em si: inicialmente, achei desnecessária. Mas a medida que a narrativa foi criando um corpo, vi que a personagem da Hannah estava ganhando outras facetas. Essa parte foi interessante porque na primeira temporada tivemos a perspectiva dela sobre todos os outros personagens, e agora é um outro lado tendo que lidar com o peso de suas decisões e expondo suas respectivas visões sobre a personagem. Nesse ponto, preciso destacar três personagens que se desenvolveram muito bem e criaram uma espécie de nova vida: Zack, Alex e Jessica. Eu diria que a temporada foi deles, pois em vários aspectos demonstraram coragem para enfrentar todos os demônios internos e externos.
Tony está apagado, meio confuso e com medo - uma trama paralela que sinceramente é muito sem gosto. Clay está completamente destruído mentalmente, mostrando mais ainda da sua impotência, fragilidade e seus desequilíbrios por não conseguir esquecer a Hannah - por sinal, o personagem tem várias passagens bem machistas, o que o torna ainda mais irritante.
A trama toda do tribunal me pareceu muito genérica, uma ambientação pouco crível, mas deixei esse aspecto pra lá por não ser o foco. A questão eram os depoimentos, o que eles diziam sobre a Hannah, e que as fitas não haviam falado. Por isso que dá para sentir várias outras dimensões de cada personagem.
O que me irritou mais foi a impunidade. Bryce Walker, que é uma verdadeira representação de um estuprador, saiu ileso das acusações (3 meses em liberdade condicional não é nada), embora tenha violentado sexualmente três garotas - e isso é o que a narrativa expõe, porque o próprio Clay diz em um momento que pode sim existir várias outras garotas que passaram pelo mesmo.
Eu estou discutindo um personagem. O Bryce é um personagem, mas... quantos "Bryces" não existem por aí? É aqui que o roteiro mostra mais força ao expor, no último episódio, uma série de personagens femininas expondo seus casos em que foram abusadas. E os pensamentos lhe ocorrem: você se pergunta quantas mais passam por isso diariamente e quantas mais serão vítimas da nossa cultura machista.
Você pode não gostar de 13 Reasons Why, mas não pode dizer que ela não tem um efeito social importante: a trama nos oferece uma abertura para falar sobre essa cultura do estupro, sobre as agressões feitas de várias formas ao que é diferente, sobre o nosso infeliz machismo que tende a ainda querer reprimir a voz de uma mulher. Por finalmente: eu creio mesmo que essa série, ao falar sobre o suicídio, ao expor imagens e frases fortes, é também uma abertura para quem tem medo ou mesmo vergonha de pedir ajuda e falar sobre aquilo que sente.
------- - Os atores deixam claro que se você for menor de idade, que esteja acompanhado dos PAIS ou de algum responsável para assistir junto; - Outra coisa que eles falam: a série contém sim imagens fortes, e tem sim o objetivo de lhe impactar. Logo, se você está passando por um momento difícil, está com depressão ou não se sente bem... NÃO ASSISTA. Primeiro, procure ajuda (Ligue para o CVV: 188; procure conselhos profissionais e sempre mantenha seus amigos e sua família por perto). - Se você está lendo isso, e está passando por um momento difícil: você não está sozinho(a). Eu sei o que é. Infelizmente tive e ainda tenho um pouco da minha cota de pensamentos negativos. Mas lembre-se: valorize sua vida acima de tudo, pois você é importante para o mundo. E se você conhece alguém que esteja passando por algo, apenas estenda a mão: seja um amigo.
Tem tanta coisa aqui para comentar, tantos detalhes, tantas emoções que conflitam... mas só consigo pensar em uma coisa, e essa é a primeira conclusão e a mais clara de todas: o sistema criminal pode ser mais desumano do que nós pensamos. É manipulado por insetos que sugam todo o sangue e a vontade de pessoas pobres. Isso aqui é uma imagem de como provas, depoimentos, advogados e policiais podem facilmente controlar algo ao seu favor para construir vítimas. É um exemplo de como provas podem ser plantadas para incriminar alguém, de como forçar psicologicamente e violar os direitos civis.
É agonizante para quem assiste, pois o documentário analisa a vida de Steven Avery, desde meados de 2003 até 2015, distribuídos em 10 episódios. Ele havia passado 18 anos preso por um crime que não cometeu. Ao ficar livre, em 2003, tocou a vida e, claro, processou o Estado. Em 2005 é acusado e preso pelo assassinato de Teresa Hallbach, até então desaparecida há quatro/cinco dias. É esse o ponto que dá o tom da série. Mas "porque agonizante?" Pelos fatores que descrevi acima, ou seja, estamos vendo todo o um julgamento conduzido de maneira tão ineficiente - partindo tanto do Estado quanto do próprio juiz - que beira ao absurdo: evidências foram moldadas; não houve investigação de outros suspeitos (pois o Estado queria mesmo era a cabeça de Avery); um juri com funcionamento interno no mínimo suspeito e sombrio; violações e mentiras por parte de policiais envolvidos; comportamentos inadequados tanto do irmão quanto do ex-namorado de Teresa (que nem chegou perto de ser considerado como o possível assassino, aparentemente); uma mulher que encontrou o carro de Teresa em menos de 10 minutos num terreno de 16 hectares porque "foi guiada por Deus" (?); chave desse mesmo carro que estava misteriosamente num local muito visível na casa de Steve; colega de Teresa que não notou o desaparecimento da amiga por seus quatro dias; ex-namorado que simplesmente adivinhou a senha da conta de celular de Teresa, mas incapaz de dizer se tinha falado com alguém pela manhã/tarde/noite.
E sim: tudo isso aconteceu. A série não é fantasia da Netflix, sendo na verdade um documentário. E aparentemente omite algumas questões, então é sempre bom ler textos de outras mídias. Foi uma experiência agonizante porque continua sendo difícil acreditar que o sistema pode mover todo um cerco contra você, que não importa o nível de absurdos produzidos, eles serão aceitos numa corte e isso resultará numa trágica mudança de vida para o acusado.
É uma série/documentário bastante densa, mas que na verdade nos diz muito sobre a dinâmica da justiça criminal nos EUA - e considerando o nosso momento, alguns elementos podem até ser transformados e trazidos para o Brasil, por exemplo.
Por favor, veja "Making A Murderer". Mais pessoas precisam sentir o impacto desse documentário. Vejam, só vejam.
Muito melhor que a primeira temporada, que já havia sido boa. O segundo ano intensificou a narrativa, mais fluída, com um ritmo melhor, e também explorou a questão de
origem da Eleven (ou Jane), e dos experimentos científicos que ela e outras crianças passaram - adorei conhecer a "irmã" dela, e a reflexão produzida sobre aqueles que a sociedade deixa para trás.
Penso que esse pode ser um trunfo muito bom para a próxima temporada, pois claramente ainda há muitos segredos e mistérios a serem desvendados, tanto sobre essas crianças quanto sobre o mundo invertido.
Alguns personagens "desapareceram" um pouco do status de protagonismo - o Mike, por exemplo (ainda bem, pois ele é chato) - e outros apareceram e cresceram bem: o Lucas e a "Mad Max", respectivamente. Essa última foi uma ótima adição ao grupo. Aí vem O Dustin, que é um amor, mas tive minhas dificuldades para aceitar um ou outro comportamento dele - como o fato de querer ser amigo de uma espécie de monstro e o manter como "bichinho" de estimação. Mas na cena final do baile, com ele e a Nancy, deixei isso para trás e ele voltou a ser um dos personagens mais legais de toda a série.
Nancy, Jonathan e Steve: pior trio, piores personagens, piores qualquer coisa que você pode imaginar. Eu não teria problemas se os Demo-dogs tivessem levado os três.
Teve um ponto que me deixou inquieto, que foi quando submeteram o Will a todos aqueles testes, por ele ser um "espião". Outra coisa: a química entre Joice e Hooper. É evidente que tem algo ali, só fica a curiosidade para saber se os roteiros e diretores vão querer explorar.
Em minha interpretação desses nove episódios, tudo funcionou bonito: bom ritmo, não engana e nem insulta a inteligência do telespectador, uma excelente trilha sonora, histórias que deixam pontas bem feitas para o futuro, personagens mais amadurecidos e o toque de terror com ficção científica muito bem equilibrado.
O maior erro da Marvel. Indiscutivelmente. Se tivessem esperado mais, planejado mais, teríamos um projeto bacana para os cinemas. Mas a vontade de tentar lucrar rapidamente foi maior. Apostou alto, e a queda foi feia. A série inteira é um verdadeiro desastre: figurinos baratos; diálogos prontos, fáceis e risíveis; atuações preguiçosas: Anson Mount, Serinda Swan e Iwan Rheon tentam, mas acabam ficando, em suas respectivas formas, muito caricatos, enquanto todo o resto é tão ruim que chega a doer; ambientação e efeitos visuais péssimos; personagens secundários sem carisma - mas daí seria pedir muito quando nem mesmo a "realeza" tem isso; tramas bobas
Essa parte, tenho que dizer... foi o fim, pois perderam a oportunidade de mostrar mais de uma das melhores personagens da série dos Inumanos nos quadrinhos - sim, é evidente que quiseram economizar em todas as formas possíveis com efeitos, mas esse foi absurdo; mas de maneira geral, todos os personagens não mostraram nem 10% dos seus poderes, e a Cristalys, na minha percepção, foi a mais apagada em meio a isso tudo; a única coisa boa: o Dentinho. E só. TODO O RESTO (TODO) é ruim, é esquecível, é um verdadeiro lixo. Espero que não tenha segunda temporada. Já basta oito episódios disso contaminando a humanidade
Existe todo um simbolismo em torno do último episódio, e sim ele traz de volta vários elementos que lembram o primeiro ano da série. Mas não há desculpa para a péssima temporada: desconexa, com personagens jogados demais e um final que... bom, bastante desconfortável. Embora a série tenha "vendido" bem essa representação do real, me pareceu que as duas últimas temporadas foram mal conduzidas.
A desconstrução da Alicia no último episódio é interessante, mas também incomoda saber que a personagem passa por tantos altos e baixos que beiram ao absurdo, e que não acabará feliz - não precisa ser um conto de fadas, pessoal, basta apenas que os dois personagens se encontrem e continuem a história, mesmo que para nós tenha acabado. Achei uma pena como acabou com o Jason, mas por outro lado ambos pareciam demasiadamente complexos um para o outro.
Sobre isso dela ter virado "vilã"... não existe. Tomou decisões ruins, sim, mas se tem algo que a série nos ensinou é que não há personagens bonzinhos no roteiro. Creio que ela tomou as mesmas decisões, questionáveis ou não, como forma de defesa (e ainda, claro, de ataque). Isso não é um erro.
Apenas pelas cinco primeiras temporadas, The Good Wife figura facilmente como um dos melhores dramas da tv - e melhor ainda, na tv aberta. Uma pena que a série tenha se desfigurado, perdido seu rumo e apostado em tramas e resoluções repetitivas. Personagens interessantes foram embora, e mesmo os que entraram não conseguiram obter tanta popularidade ou espaço para se desenvolver.
Ainda preciso me aprofundar na mitologia criada por Neil Gaiman, e o seu livro está na minha lista para esse ano. Algumas coisas me passaram despercebidas, o que me levará a um bom trabalho de pesquisa. Mas a sobre a série... em alguns aspectos, foi diferente do que eu pensava, mas de maneira geral gostei muito. Muito bem feita em todos os aspectos, principalmente visuais. E o Ian McShane brilha em sua atuação. Consegui acertar uma teoria... era algo que suspeitava desde o primeiro episódio e foi fortificado nos últimos. Temporada curtinha, tem apenas oito episódios, embora sejam bastante densos.
Sweet Tooth (1ª Temporada)
4.1 295Essa é uma história sobre família, perda, amor, ódio, redenção, sofrimento, alegria, esperança. Essa é uma história sobre encontros, erros e acertos. Essa é uma história sobre sentimentos e ações.
É com a frase "Essa é uma história" que Jeff Lemire encerra Sweet Tooth nas HQs, um quadrinho belíssimo que nos guia por várias aventuras sobre a vida de um garotinho num mundo tomado pelo caos. O autor tem uma capacidade maravilhosa de colocar seus sentimentos em sua escrita e de provocar o leitor a participar da trama e, também, a se emocionar. Acompanho o trabalho dele há anos, e não perco nenhum lançamento dele no Brasil porque são histórias como "Sweet Tooth" que encantam, que abrem nossos olhos para ver mais sobre o mundo e nós mesmos. A adaptação da Netflix manteve o alto nível do quadrinho, adicionou novos personagens, modificou objetivos e emocionou muito, especialmente na reta final da primeira temporada.
A adaptação expande o universo de Sweet Tooth, muda algumas motivações dos personagens principais (principalmente do Gus) e consegue ser original, e ainda mantém facilmente a sensibilidade da HQ. Senti em vários momentos que o roteiro procurava "solucionar" alguns poucos problemas presentes no material original. Gostei muito de ver mais do pai dele, da vida da Wendy com a Aimee e como era a vida do Singh. Ressignificar personagens e suas particularidades foi um dos pontos altos, todos bem apresentados e com objetivos claros.
A série da Netflix é claramente mais "fofa" que a HQ (em vários aspectos, até mesmo na fisionomia do protagonista), mas não é nenhum problema. O lado sombrio continua se fazendo presente na humanidade, com a mais pura crueldade.
As cenas em que aqueles moradores queimam uma pessoa doente enquanto cantam uma música é muito perturbadora. A construção do Abott é muito bem feita, porém ele ainda não mostrou todo o seu lado sádico.
Os atores tem uma química fantástica. O trio formado por Christian Convery, Nonso Anozie e Stefania LaVie Owen seguram muito bem os momentos mais divertidos e também as cenas mais tensas.
Há claras relações com o contexto mundial atual (usem máscaras, pelo amor de Bobby, Wendy e Gus), e as maldades que o ser humano é capaz de fazer. Tanto série quanto HQ exploram muito bem a relação "homem-natureza", e talvez esse seja um dos principais temas da história. As nossas ações tem impacto no mundo... e ele retribui. A natureza tem sua forma de responder perante o desprezo do homem.
Fiquei positivamente surpreso com tudo o que vi e me emocionei ao final. E ainda há muita coisa interessante para contar.
(O Gus é fofinho e tals, mas... o Bobby? Ele é meu personagem favorito nas HQs e extremamente amável. Wendy também é uma rainha <3)
Kuroko no Basket (3ª Temporada)
4.3 24O meu primeiro anime de esportes. E que anime! Tudo é muito bonito, desde animação até desenvolvimento de personagens. O final deixa um gosto de quero mais, porém foi concluído no momento certo. Adorável.
Falcão e o Soldado Invernal
3.9 381 Assista AgoraFalcão e Soldado Invernal foi uma experiência muito boa. Uma série inteligente, que focou nos aspectos mais "detetivescos" dos personagens e elevou os status dos mesmos dentro do MCU com uma história envolvente, cheia de aspectos políticos e sociais.
Nos quadrinhos, a Marvel costuma ter uma posição política bem clara, mas tive receio que isso fosse podado de alguma forma pela Disney, ou que fosse tratado somente de forma superficial. Ainda assim, há uma discussão presente aqui sobre racismo nos EUA, e o que significaria um homem negro carregar um símbolo com as cores de um país que assassina o povo negro. Entendi que, para o Sam, carregar o escudo é uma forma de resistência, de dizer que é possível para ele, e de fazer justiça a dor de quem veio antes dele. Aliás, as emoções dele são bem trabalhadas, mesmo em poucos em episódios.
Bucky, por sua vez, tem a tarefa de esquecer e, ao mesmo tempo, se redimir das atrocidades que cometeu enquanto estava sendo controlado. Também é um personagem psicologicamente complexo, mas sua amizade com o Sam vai sendo construída aos poucos e o ajudando a ver as imagens com mais clareza em um mundo voltando a normalidade.
O debate político sobre desigualdade social também existe na figura da Karli, uma "vilã" que deseja somente proteger os seus, mesmo que seus meios sejam profundamente questionáveis. Mas as perguntas dela sobre as injustiças que cobrem o mundo e o porque de poucos decidirem o destino de muitos são extremamente válidas para nossos tempos.
Uma série muito boa. Espero que continue, afinal diferente de WandaVision (que de fato é uma minissérie), ainda há muito para o Sam contar enquanto capitão, além do que essa dupla com o Bucky é realmente divertida.
Jujutsu Kaisen (1ª Temporada)
4.4 153 Assista AgoraFeliz surpresa da temporada de animes de 2020. Me interesso bastante pela temática sobrenatural/feitiçaria em animes, e Jujutsu Kaisen foi algo que me deixou bastante animado. Tem alguns conceitos que não sei se entendi completamente, mas isso resolvo com uma velha pesquisa. Alguns arcos de fato pareciam entediantes, mas todos eles acrescentaram para o desenvolvimento do trio de protagonistas (que é bastante carismático).
Drama, comédia, ação, diálogos motivacionais e reflexivos... um bom anime, que em muito lembra várias outras obras e até faz homenagem a grandes animes. O que me surpreendeu foi a força de Gojou e em não persistirem no ato de esconder toda a sua face, o que achei criativo e foge da imagem "kakashi" que queriam colocar nele. No aguardo da próxima temporada e do filme.
The Promised Neverland (2ª Temporada)
2.6 60Como um anime tão bom em sua primeira temporada, com uma história tão intrigante e promissora... se tornou... isso aí? A segunda temporada começou bem e terminou de uma forma MUITO decepcionante. Como não li o mangá (e a vontade depois dessa temporada foi quase embora) não avalio no sentido de adaptação, mas sei (e isso é perceptível) que muitos capítulos ficaram de fora.
Apressaram completamente a obra, e tivemos um final feliz (que não sei se segue o que ocorreu no mangá) mas sem impacto algum, sem emoção alguma, porque não houve uma devida construção para esse final. As coisas aconteceram de forma simples, sem contexto, sem ação. O sentimento que fica é que subestimaram a inteligência de quem acompanha.
O "final feliz" não incomoda, mas sim a falta de desenvolvimento para chegar até ele. Não houve. Cortaram muito e estragaram o anime, o que é realmente uma pena.
Bull (3ª Temporada)
3.5 4 Assista AgoraDas três primeiras, disparado a pior em todos os sentidos. Mais da maior parte dos casos foram fracos. A saída da Annabelle também pesou muito pois ela era extremamente carismática e dava mais vida ao elenco; Bull ficou ainda mais insuportável (gostava muito dele na primeira temporada, na segunda mais ou menos, e na terceira foi horrível). Gostei de terem dado mais espaço para os dramas de outros personagens e gostei principalmente do
soco que o Benny deu na cara do Bull
Succession (2ª Temporada)
4.5 228 Assista AgoraESSE FINAL! O FINAL!!!! O grito que eu dei, senhor.
Que série incrível, meus amigos. HBO, quero a terceira temporada na minha mesa AMANHÃ!
Succession (1ª Temporada)
4.2 261Succession é uma série em que não há vilões ou mocinhos, mas a busca doentia e absurdamente inescrupulosa pelo poder. Ao retratar uma família completamente desequilibrada, o roteiro nos leva aos lugares mais obscuros de nossos comportamentos, e nos convida a uma reflexão sobre o que de fato é "poder", sobre o que seria "ter" algo, possuir, ser usado e etc. Em outro nível, as "brigas" - que provavelmente são os momentos em que essa dinâmica é muito mais visível - concede um leve olhar para nosso próprio âmbito familiar, qual seria o nosso papel e se estaríamos desempenhando o mesmo. Ou se ao menos teríamos um.
As relações de força são mostradas através de diálogos e posturas as vezes sutis, em outras muito escancaradas, mas definitivamente presentes, com atores em uma excelente sincronia e demonstrando todas as seguranças e inseguranças de seus respectivos personagens. Cada um ali é fraco e forte em sua própria maneira, e isso é muito bem explorado. Os personagens são "humanos", possuem momentos em que são profundamente detestáveis e outros em que nos identificamos com algum deles em algum nível ou aspecto.
É uma série incrível, e eu diria que ensina bastante sobre a fluídez do poder - de como ir do céu ao inferno em questão de segundos, de como tudo pode parecer frágil, temporário e estranho (especialmente caso não saiba o que fazer o que está em suas mãos). No caso de Logan Roy, ele sabe. Por mais detestável que seja, ele vê uma realidade e a pega para si, expande e impôe para os outros. Como dito por um personagem em um episódio, ele é um planeta (se não me engano, é essa a fala). Ele não só atrai as pesssoas, mas faz com que tudo funcione ao seu redor de acordo com seus gostos. E no fim, tudo volta para, ele, para o patriarca. Não importa o que ele faça. Ele é a última palavra. No fim, tudo volta para a família.
After Life: Vocês Vão Ter de Me Engolir (2ª Temporada)
4.2 94A sensibilidade de "After Life" tem um gosto brutal, ainda que muito suave e real. Existe o fim, o inevitável. E também existe a jornada, o novo e o desconhecido. Vida e morte se encontram, o começo e o fim se abraçam. Mas aprendemos que existe esperança, que existe felicidade. Sempre há, mesmo quando você pensa ter desistido de encontra-las. Podem vir em diferentes formas, em diferentes tamanhos. Mas existem.
Em um roteiro emocionante, com toques sutis de um humor inteligente, podemos descobrir sobre nós mesmos e nosso processo de aceitação sobre o mundo, sobre nossas culpas, arrependimentos, memórias e acasos.
Obrigado, Rick Gervais.
Akame ga Kill!
4.1 97 Assista AgoraIdeias boas, porém mal desenvolvidas. Personagens interessantes, mas que não tem grandes motivações. A história em si é um grande clichê, por consequência bastante superficial. Lados positivos: a excelente qualidade da animação e a "coragem" do roteiro em matar personagens. Mas fica nisso.
Infelizmente as discussões políticas que o anime poderia ter realizado ficaram de lado para dar lugar a cenas de um humor com gosto bastante duvidoso. Até mesmo as partes mais emocionantes são ofuscadas por essa ausência de noção do roteiro. Não há como sentir o impacto das mortes, pois mesmo os personagens sendo carismáticos, a dinâmica entre eles me parece muito mal resolvida. Os diálogos não tem peso, caem no lugar comum.
Tem ideias fantásticas para algo mais sombrio e adulto, porém não executam isso. Há piadinhas ruins inseridas em momentos errados. Da metade para o final, mais parece que estavam "jogando" todos os elementos fantásticos de qualquer forma para ver se faria sentido. Não fez. Decepcionante.
La Casa de Papel (Parte 4)
3.7 658 Assista Agorao ritmo da série se manteve, os planos mirabolantes pareciam "mais do mesmo". Ainda é um ótimo entretenimento, ainda é uma ótima série, mas que precisa de mais elementos novos para continuar chamando a atenção. O mais "novo" que vi foi
segurança sendo o inimigo dentro do banco
E boa parte da minha nota vai
para a morte na Nairobi, que embora previsível pelos caminhos que o roteiro estava sendo conduzido, continuava sendo a personagem mais carismática dali.
Sem grandes inovações, e embora tenha focado bastante na parte sensível e nas perdas dos personagens, foi a temporada mais fraca até o momento.
The Voice (17ª Temporada)
3.4 3Uma baita temporada cheia de talentos incríveis. Fiquei feliz com o resultado
(embora estivesse torcendo para a Katie, e achei muita injustiça a sua colocação. O mesmo para a Rose)
Mindhunter (2ª Temporada)
4.3 412 Assista Agora==SPOILERS ABAIXO==
Uma temporada que começou bem, mas deixou a desejar no seu desenvolvimento e terminou de forma mediana. Senti que algumas tramas se perderam, especialmente o núcleo envolvendo a Wendy. A personagem foi posta de lado no aspecto profissional, e logo quando me animei em vê-la no campo fazendo as entrevistas e se impondo, cortaram essa parte. Por outro lado, exploraram um relacionamento com seus níveis de intensidade e que mostraram mais facetas pessoais dela.
Os ataques de pânico do Ford foram esquecidos de forma muito brusca. Em um momento, todos devem vigia-lo para que não comprometa nenhum caso e não tenha nenhum episódio, e no outro é como se nada tivesse acontecido com ele. Esse ponto da saúde mental do personagem poderia ter sido mais enfatizado para deixar a trama da temporada mais intensa.
O Bill foi o único que teve uma trama pessoal mais bem elaborada. Particularmente, me simpatizei mais com o personagem nessa temporada. A sua história foi além do aspecto de conciliar pessoal/profissional, mas de tentar entender todos os acontecimentos ao seu redor e como administra-los. É interessante o diálogo que ele tem com a Wendy, em que ele diz que sente estar começando várias coisas, mas não terminando nenhuma. Esse sentimento de impotência entra em conflito com a necessidade que o mesmo tem de se mostrar forte diante das situações que lhe aparecem.
Quanto ao personagem do Michael Cerveris (poxa, colocaram ele e a Anna Torv pra contracenar juntos novamente... poderiam ter inserido uma referência à Fringe rsr)... me pareceu que ele seria uma espécie de "vilão", no sentido de que iria expandir o trabalho da equipe, porém dentro dos seus próprios termos. De certa forma, é isso que acontece, porém não da maneira como eu pensava que seria (com mais entraves, rigidez e problemas do que soluções). O personagem acaba passando bem. O único problema (e talvez isso possa render bons embates) é ele limitar o trabalho da Wendy. Por mais que ela seja uma acadêmica e não uma agente, acho que para as entrevistas seria uma experiência bastante válida.
Sobre a trama principal da temporada: eu não li sinopses, nem entrevistas, nem nada do tipo. Vi um trailer. Só. Esperava mais do BTK? Sim. Na verdade, eu achava que a temporada inteira seria sobre ele, mas não foi (guardando para o final?). Então focaram em Atlanta, que teve momentos bastante intensos. Foi um pouco arrastado, mas de maneira geral não atrapalhou minha experiência - eu não conhecia a História dos assassinatos e do Wayne Williams, então fiquei bastante curioso pela trama. Ainda Abordaram a questão racial e a negligencia das autoridades quando se trata da vida de pessoas negras (especialmente se estivermos falando do Sul dos EUA naquele período), sendo fácil estabelecer uma conexão com o nosso presente e ver que essa negligência ainda existe.
De forma geral foi uma boa temporada, mas acho que muitos pensavam que seria focada em outros momentos e não deve ter correspondido muito bem. Espero que a Netflix não demore mais dois anos para a próxima.
Fullmetal Alchemist
4.4 150 Assista AgoraFullmetal Alchemist é meu mangá favorito, minha história favorita e o Brotherhood meu anime favorito. Logo, é muito difícil ver essa versão, pois as comparações são inevitáveis - embora injustas, pois a autora não havia terminado o mangá na época do primeiro anime. É preciso considerar esse contexto.
O que me incomodou foi o excesso de drama. Em muitos momentos, o nível de dramaticidade impedia que eu - por mais contraditório que pareça - me importasse com o destino dos personagens, pois as narrativas se tornavam arrastadas (muitas vezes sem sentido) e por consequência cansativas. Nesse aspecto, pode até ser superior ao segundo anime, mas não significa que seja melhor. Havia uma boa e divertida dosagem entre humor e drama em FMAB que a dita "versão clássica" não teve.
As questões filosóficas e sobre o autoritarismo estão muito presentes aqui, mas até nesse aspecto o Brotherhood se sai melhor. Ele amplia os horizontes de temáticas que podem ser abordadas: vai dos próprios conceitos usados na alquimia, passando por questões de sobrevivência, geopolítica, fundamentalismo religioso e intolerância a outros povos/religiões. Nesse campo, o primeiro peca pela ausência de personagens extremamente importantes para a trama (Ling, May, mais espaço para o Scar, para o Marcoh e etc) para abordar com mais liberdade esses temas.
Sobre o final: Fullmetal é também uma história sobre sacrifícios. O final dos personagens (que foi de fato concluído em um filme) faz sentido, mas não foi algo que apreciei. Prefiro o velho "final feliz" porque é impensável que eles tenham passado por todo aquele inferno e ainda assim terminarem separados. Aliás, foi um final tão confuso e sem sentido que foi preciso outra produção para enfim dar um final mais satisfatório.
Em comparação, o primeiro anime é muito inferior ao segundo. Mas ele sofreu dessa desvantagem de não ter uma história já pronta para ser adaptada.
Olhos que Condenam
4.7 680 Assista AgoraMinissérie da Netflix com direção de Ava DuVernay (também responsável por "Selma") relata a história real conhecida como "Os Cinco do Central Park", quando em 1989 quatro jovens negros e um de origem hispânica foram injustamente acusados do estupro de Trisha Meili, que foi brutalmente violentada aos seus 28 anos. Nenhum dos jovens cometeu esse ato, mas seus testemunhos foram coagidos pela polícia, que usou de violência física, verbal e psicológica para influenciar garotos de 14 a 16 anos a confessarem um crime que eles NÃO COMETEREM.
Antron McCray, Yusef Salaam, Korey Wise, Raymond Santana e Kevin Richardson passaram por tristes sessões de julgamentos (no qual até o desgraçado Trump pediu pena de morte na época). Os policiais e detetives que estavam conduzindo o caso modificaram textos, inventaram provas e criaram situações para que exatamente aqueles cinco garotos fossem os culpados. Eles são tratados como animais (e isso fica claro em diversos diálogos quando de fato são chamados assim). A minissérie mostrou que nunca houve de fato um caso consistente contra os garotos, que eles foram obrigados pelos policiais e manipulados durante todo o tempo em que estiveram confinados na delegacia - os garotos nem ao menos se conheciam, mas os detetives utilizaram técnicas de interrogatório para que os rapazes se culpassem, e ignoraram as profundas e absurdas incoerências. Não falaram com a presença de advogados, ou mesmo dos pais (que também foram ameaçados pela força policial). O objetivo era culpar... Haviam jovens negros para isso. Não é muito difícil descobrir o que vem depois.
O racismo escancarado dos policiais e dos detetives conduziu o caso, mesmo quando estava claro para qualquer pessoa com bom senso e que analisassem com cuidado o contexto, que eles não tiveram MENHUMA relação com o estupro (o verdadeiro culpado confessaria somente em meados de 2002). Essa minissérie mostra muito bem como a brutalidade policial age, de como tentam a todo custo controlar a situação e criar o caso perfeito para culpar jovens negros. Em vários momentos fiquei paralisado de medo e raiva pela forma como os cinco garotos foram tratados, e ainda mais sabendo que a situação não mudou muito atualmente.
É ainda uma minissérie sobre a perda da infância e suas consequências, pois esses mesmos jovens tinham sonhos e que foram duramente e injustamente interrompidos. Cada um deles é retratado de uma forma única e emocionante. E essa perda também foi possível graças ao falho sistema de justiça dos EUA, em que o próprio significado da palavra "justiça" se perde rapidamente após o veredito.
Todos os cinco rapazes foram absolvidos em 2002. Em 2014, cada um foi indenizado pelo Estado de Nova York em 40 milhões (https://www.terra.com.br/…/ny-pagara-us-40-mi-em-compensaca…). Não, não é o suficiente. A verdade é que nada é. Eles passaram de 6 meses a 13 anos na prisão, tendo suas vidas dilaceradas, sofrendo devido a maldade e incompetência.
São quatro episódios desconcertantes e brutais sobre cinco jovens inocentes que foram presos devido ao ódio, e que vão expor a violência que os negros sofrem. Há cenas fortes, muitas simbólicas, mas que exploram esse racismo e de como ele ainda continua presente no cotidiano. E principalmente o caminho que devemos tomar para confrontar essa falta de humanidade. Casos como esses dos cinco jovens acontecem todos os dias, pois o jovem negro da periferia é sempre o primeiro e principal alvo da força arbitrária. Quando disserem que racismo não existe, que "negros se vitimizam"... Mostrem essa história a essas pessoas
Chernobyl
4.7 1,4K Assista AgoraChernobyl é uma minissérie da HBO que retrata os eventos do acidente nuclear que ocorreu na Ucrânia, em abril de 1986, sendo considerado como uma das maiores catástrofes nucleares da História. Foi liberado uma grande quantidade de material radioativo na atmosfera que contaminou uma área em que viviam cerca de 7 milhões de pessoas.
Devido aos efeitos da radiação, e embora até hoje não exista um número exato de vítimas, estimssse que milhares morreram. Com o tempo, várias foram as pessoas que desenvolveram câncer.
A minissérie da HBO é de uma qualidade única, que vai desde o seu roteiro bem organizado, passando pelos personagens carregados até chegar na construção de imagens, cenários e cores.
Toda a parte técnica é muito bem executada, e nos passa o suspense, a frieza e a tristeza das situações. De fato é uma minissérie de suspense/terror, que buscou representar um período triste da História de uma forma que o espectador sentisse um pouco da dor daqueles personagens, em que acabamos por nos perguntar sobre o tanto de sofrimento que aquele povo passou e os sacrifícios feitos para que erros não fossem perpetuados.
Os personagens são densos, parecem carregar sentimentos conflitantes de culpa, desespero e raiva. O governo da URSS tentou de todas as formas esconder o ocorrido para manter a imagem da soberania nacional, e isso pesa nas decisões que os protagonistas precisam tomar: dizer a verdade e serem caçados por seus próprio sistema político, ou continuar mentindo. Aliás, a minissérie passa muito o espírito de desconfiança, omissões e espionagem num contexto dos últimos anos de guerra fria.
As lindas atuações de Jared Harris (Valery Legasov) e Stellan Skarsgård (Boris Shcherbina) são hipnotizantes e emocionantes. O Jared Harris mostra que tem uma espécie de dom em dominar falas em diálogos mais técnicos. A dupla é complementada por Emily Watson (Ilana Khomyuk, personagem criada para a minissérie como forma de homenagear todos os que estiveram ao lado de Boris e Valery).
Essa é uma produção que toca em várias questões históricas, políticas, econômicas e sociais, em particular do declínio da URSS, e relembra os nomes daqueles que realmente estiveram a frente para que a tragédia de Chernobyl não se propagasse e não se repetisse. É uma produção que valoriza a História, que trabalha com informações e deixa os documentos expostos, e nos leva a uma bela reflexão sobre o que é verdade, seus usos e consequências.
E não é somente isso. Seus efeitos cinematográficos e seu roteiro complexo fazem com que "Chernobyl" impulsione uma série de temas e debates em diversas áreas - sobre a energia nuclear, a sobrevivência e o futuro de populações, formas alternativas de energia, a manipulação de informações pelo governo. Creio que dependendo de como você assiste (e o número de vezes), mais reflexões podem ser retiradas.
Chernobyl mostra outras faces da tragédia, seus tristes e pesados bastidores. É assustadora porque foi algo que ocorreu, em níveis que, mesmo com essas e outras produções, nem sequer somos capazes de imaginar se pensarmos em quem estava vivenciando aqueles momentos. É triste, impactante e forte, porém muito necessária para entender um capítulo da nossa História.
Game of Thrones (8ª Temporada)
3.0 2,2K Assista AgoraVamos fingir que a série terminou quando
A Arya matou o Night King
Sense8 - Episódio Final
4.2 343Sense8 não é apenas mais uma série para preencher uma lacuna num serviço de streaming, ou simplesmente para o efeito do lucro. Sense8 é uma representação sobre a celebração do amor, do encontro entre sensibilidades e também funciona perfeitamente como uma feliz comemoração à diversidade cultural.
Vários dos meus preconceitos e das minhas barreiras em relação ao entendimento do mundo foram derrubadas devido aos ensinamentos dessa série, devido aos diálogos que nos faziam querer sentir intensamente o universo fora da ficção, e da união dos personagens que, mesmo em diferentes locais do mundo, mostravam que não existem limites para o ato de amar, de cuidar, de estar presente para o outro quando ele precisa.
Sim, claro, é uma obra de ficção. Mas ela nos deixa um ensinamento sobre humanidade que, em tempos de indiferenças e práticas de ódio, é mais do que necessário: a prova de que o simples amor - em suas diferentes formas - e a amizade que nasce dele são respostas para curar um mundo doente pela intolerância e pelo medo.
O amor existe em vários tamanhos, formas, cores... ele é diverso porque nós somos diversos. Ele se transforma, enquanto nos transforma. É a arte de compartilhar todos os momentos, de captura-los e vive-los intensamente com alguém. E nesse ponto, Sense8 celebra, também, toda a comunidade LGBTq, mostrando que não importa se você é gay, bi, lésbica ou trans, de que claramente não há nada de errado: errado seria simplesmente não amar. Errado é o ódio a qual essas pessoas são vítimas dia após dia. E essa foi uma crítica social constante no roteiro desde a primeira temporada, e foi feliz em todos os momentos.
Sinto que realmente aprendi muito com suas narrativas e seus personagens tão incríveis e lindos, o que me ajudou muito a desconstruir velhos conceitos, buscar e expandir novas visões. Afinal, não seria essa uma das finalidades da arte?
O meu amor por Sense8 é anorme, e a considero como um dos grandes favores para a humanidade no campo artístico dos últimos anos.
13 Reasons Why (2ª Temporada)
3.2 587 Assista Agora> COMENTÁRIO CONTÉM SPOILERS DA TEMPORADA
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13 Reasons Why - Temporada 2 (2018), Netflix.
Eu já havia comentado brevemente sobre a minha preocupação com relação à possível "espetacularização" que 13 Reasons Why faz sobre o suicídio - e também sobre outros assuntos igualmente espinhosos. Acontece que o segundo ano da série se mostrou mais cuidadoso e eu diria que até bem mais crítico com as temáticas expostas.
Após algumas pesquisas, vi que após a estreia da 1ª temporada de 13RW, o Centro de Valorização da Vida (CVV) registrou mais de 400% nos pedidos de ajuda. Se isso teve relação direta com a série? Creio que sim. Falar sobre o suicídio não está exatamente entre os tópicos preferidos do modelo perfeito e mentiroso de nossa sociedade.
Pois bem, crianças, meninos e meninas, adultos, senhoras e senhores... O SUICÍDIO EXISTE. ELE É REAL. ELE PRECISA SER EVITADO. AS PESSOAS PRECISAM DE AJUDA. (Vai em caixa alta mesmo)
A segunda temporada deixou clara que o propósito da série não é fazer apologia ao estupro, à agressão verbal ou suicídio, mas sim denunciar algo que, os hipócritas tradicionais querendo ou não, está presente e provavelmente bem mais perto de você do que imagina. Já há notícias de pais querendo retirar a série do ar (faça-me rir um pouco, ao menos) devido a uma cena de estupro (que foi mostrada exatamente com o objetivo de impactar e dizer "olhem... isso existe na realidade de vocês e POUCOS FALAM SOBRE ISSO"). Vocês, pais, sabiam que existe uma coisa chamada "faixa-etária"? Se o seu filho(a) está vendo algo que não é para ele, a culpa é inteiramente sua pela falta de supervisão.
Não vou culpar um programa de ficção por trabalhar com conteúdos que evitamos discutir. Se falássemos mais sobre eles, poderiam ser evitados. A questão é que a velha cultura do bullying está tão enraizada que para muitos um apelido pejorativo se torna "normal". As próprias escolas não falam sobre isso. Os próprios professores evitam o tema... e isso ainda em 2018. Acha que não? Pois faça uma pesquisa em sua cidade sobre isso. Saia perguntando aos profissionais responsáveis o que eles fazem quando veem um jovem em estado depressivo.
Sem mais delongas... sobre a temporada em si: inicialmente, achei desnecessária. Mas a medida que a narrativa foi criando um corpo, vi que a personagem da Hannah estava ganhando outras facetas. Essa parte foi interessante porque na primeira temporada tivemos a perspectiva dela sobre todos os outros personagens, e agora é um outro lado tendo que lidar com o peso de suas decisões e expondo suas respectivas visões sobre a personagem. Nesse ponto, preciso destacar três personagens que se desenvolveram muito bem e criaram uma espécie de nova vida: Zack, Alex e Jessica. Eu diria que a temporada foi deles, pois em vários aspectos demonstraram coragem para enfrentar todos os demônios internos e externos.
Tony está apagado, meio confuso e com medo - uma trama paralela que sinceramente é muito sem gosto. Clay está completamente destruído mentalmente, mostrando mais ainda da sua impotência, fragilidade e seus desequilíbrios por não conseguir esquecer a Hannah - por sinal, o personagem tem várias passagens bem machistas, o que o torna ainda mais irritante.
A trama toda do tribunal me pareceu muito genérica, uma ambientação pouco crível, mas deixei esse aspecto pra lá por não ser o foco. A questão eram os depoimentos, o que eles diziam sobre a Hannah, e que as fitas não haviam falado. Por isso que dá para sentir várias outras dimensões de cada personagem.
O que me irritou mais foi a impunidade. Bryce Walker, que é uma verdadeira representação de um estuprador, saiu ileso das acusações (3 meses em liberdade condicional não é nada), embora tenha violentado sexualmente três garotas - e isso é o que a narrativa expõe, porque o próprio Clay diz em um momento que pode sim existir várias outras garotas que passaram pelo mesmo.
Eu estou discutindo um personagem. O Bryce é um personagem, mas... quantos "Bryces" não existem por aí? É aqui que o roteiro mostra mais força ao expor, no último episódio, uma série de personagens femininas expondo seus casos em que foram abusadas. E os pensamentos lhe ocorrem: você se pergunta quantas mais passam por isso diariamente e quantas mais serão vítimas da nossa cultura machista.
Você pode não gostar de 13 Reasons Why, mas não pode dizer que ela não tem um efeito social importante: a trama nos oferece uma abertura para falar sobre essa cultura do estupro, sobre as agressões feitas de várias formas ao que é diferente, sobre o nosso infeliz machismo que tende a ainda querer reprimir a voz de uma mulher. Por finalmente: eu creio mesmo que essa série, ao falar sobre o suicídio, ao expor imagens e frases fortes, é também uma abertura para quem tem medo ou mesmo vergonha de pedir ajuda e falar sobre aquilo que sente.
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- Os atores deixam claro que se você for menor de idade, que esteja acompanhado dos PAIS ou de algum responsável para assistir junto;
- Outra coisa que eles falam: a série contém sim imagens fortes, e tem sim o objetivo de lhe impactar. Logo, se você está passando por um momento difícil, está com depressão ou não se sente bem... NÃO ASSISTA. Primeiro, procure ajuda (Ligue para o CVV: 188; procure conselhos profissionais e sempre mantenha seus amigos e sua família por perto).
- Se você está lendo isso, e está passando por um momento difícil: você não está sozinho(a). Eu sei o que é. Infelizmente tive e ainda tenho um pouco da minha cota de pensamentos negativos. Mas lembre-se: valorize sua vida acima de tudo, pois você é importante para o mundo. E se você conhece alguém que esteja passando por algo, apenas estenda a mão: seja um amigo.
Making a Murderer (1ª Temporada)
4.4 282 Assista AgoraTem tanta coisa aqui para comentar, tantos detalhes, tantas emoções que conflitam... mas só consigo pensar em uma coisa, e essa é a primeira conclusão e a mais clara de todas: o sistema criminal pode ser mais desumano do que nós pensamos. É manipulado por insetos que sugam todo o sangue e a vontade de pessoas pobres. Isso aqui é uma imagem de como provas, depoimentos, advogados e policiais podem facilmente controlar algo ao seu favor para construir vítimas. É um exemplo de como provas podem ser plantadas para incriminar alguém, de como forçar psicologicamente e violar os direitos civis.
É agonizante para quem assiste, pois o documentário analisa a vida de Steven Avery, desde meados de 2003 até 2015, distribuídos em 10 episódios. Ele havia passado 18 anos preso por um crime que não cometeu. Ao ficar livre, em 2003, tocou a vida e, claro, processou o Estado. Em 2005 é acusado e preso pelo assassinato de Teresa Hallbach, até então desaparecida há quatro/cinco dias. É esse o ponto que dá o tom da série. Mas "porque agonizante?" Pelos fatores que descrevi acima, ou seja, estamos vendo todo o um julgamento conduzido de maneira tão ineficiente - partindo tanto do Estado quanto do próprio juiz - que beira ao absurdo: evidências foram moldadas; não houve investigação de outros suspeitos (pois o Estado queria mesmo era a cabeça de Avery); um juri com funcionamento interno no mínimo suspeito e sombrio; violações e mentiras por parte de policiais envolvidos; comportamentos inadequados tanto do irmão quanto do ex-namorado de Teresa (que nem chegou perto de ser considerado como o possível assassino, aparentemente); uma mulher que encontrou o carro de Teresa em menos de 10 minutos num terreno de 16 hectares porque "foi guiada por Deus" (?); chave desse mesmo carro que estava misteriosamente num local muito visível na casa de Steve; colega de Teresa que não notou o desaparecimento da amiga por seus quatro dias; ex-namorado que simplesmente adivinhou a senha da conta de celular de Teresa, mas incapaz de dizer se tinha falado com alguém pela manhã/tarde/noite.
E sim: tudo isso aconteceu. A série não é fantasia da Netflix, sendo na verdade um documentário. E aparentemente omite algumas questões, então é sempre bom ler textos de outras mídias. Foi uma experiência agonizante porque continua sendo difícil acreditar que o sistema pode mover todo um cerco contra você, que não importa o nível de absurdos produzidos, eles serão aceitos numa corte e isso resultará numa trágica mudança de vida para o acusado.
É uma série/documentário bastante densa, mas que na verdade nos diz muito sobre a dinâmica da justiça criminal nos EUA - e considerando o nosso momento, alguns elementos podem até ser transformados e trazidos para o Brasil, por exemplo.
Por favor, veja "Making A Murderer". Mais pessoas precisam sentir o impacto desse documentário. Vejam, só vejam.
Stranger Things (2ª Temporada)
4.3 1,6KMuito melhor que a primeira temporada, que já havia sido boa. O segundo ano intensificou a narrativa, mais fluída, com um ritmo melhor, e também explorou a questão de
origem da Eleven (ou Jane), e dos experimentos científicos que ela e outras crianças passaram - adorei conhecer a "irmã" dela, e a reflexão produzida sobre aqueles que a sociedade deixa para trás.
Alguns personagens "desapareceram" um pouco do status de protagonismo - o Mike, por exemplo (ainda bem, pois ele é chato) - e outros apareceram e cresceram bem: o Lucas e a "Mad Max", respectivamente. Essa última foi uma ótima adição ao grupo. Aí vem O Dustin, que é um amor, mas tive minhas dificuldades para aceitar um ou outro comportamento dele - como o fato de querer ser amigo de uma espécie de monstro e o manter como "bichinho" de estimação. Mas na cena final do baile, com ele e a Nancy, deixei isso para trás e ele voltou a ser um dos personagens mais legais de toda a série.
Nancy, Jonathan e Steve: pior trio, piores personagens, piores qualquer coisa que você pode imaginar. Eu não teria problemas se os Demo-dogs tivessem levado os três.
Teve um ponto que me deixou inquieto, que foi quando submeteram o Will a todos aqueles testes, por ele ser um "espião". Outra coisa: a química entre Joice e Hooper. É evidente que tem algo ali, só fica a curiosidade para saber se os roteiros e diretores vão querer explorar.
Em minha interpretação desses nove episódios, tudo funcionou bonito: bom ritmo, não engana e nem insulta a inteligência do telespectador, uma excelente trilha sonora, histórias que deixam pontas bem feitas para o futuro, personagens mais amadurecidos e o toque de terror com ficção científica muito bem equilibrado.
Inumanos (1ª Temporada)
2.2 118MINHA RAIVA NÃO CABE NUM TEXTO.
O maior erro da Marvel. Indiscutivelmente. Se tivessem esperado mais, planejado mais, teríamos um projeto bacana para os cinemas. Mas a vontade de tentar lucrar rapidamente foi maior. Apostou alto, e a queda foi feia. A série inteira é um verdadeiro desastre: figurinos baratos; diálogos prontos, fáceis e risíveis; atuações preguiçosas: Anson Mount, Serinda Swan e Iwan Rheon tentam, mas acabam ficando, em suas respectivas formas, muito caricatos, enquanto todo o resto é tão ruim que chega a doer; ambientação e efeitos visuais péssimos; personagens secundários sem carisma - mas daí seria pedir muito quando nem mesmo a "realeza" tem isso; tramas bobas
(o namorado da Cristalys, aquele relacionamento do Karnak, o amigo inumano do Raio Negro)
MEDUSA SEM CABELO!
The Good Wife (7ª Temporada)
3.8 111Existe todo um simbolismo em torno do último episódio, e sim ele traz de volta vários elementos que lembram o primeiro ano da série. Mas não há desculpa para a péssima temporada: desconexa, com personagens jogados demais e um final que... bom, bastante desconfortável. Embora a série tenha "vendido" bem essa representação do real, me pareceu que as duas últimas temporadas foram mal conduzidas.
A desconstrução da Alicia no último episódio é interessante, mas também incomoda saber que a personagem passa por tantos altos e baixos que beiram ao absurdo, e que não acabará feliz - não precisa ser um conto de fadas, pessoal, basta apenas que os dois personagens se encontrem e continuem a história, mesmo que para nós tenha acabado. Achei uma pena como acabou com o Jason, mas por outro lado ambos pareciam demasiadamente complexos um para o outro.
Sobre isso dela ter virado "vilã"... não existe. Tomou decisões ruins, sim, mas se tem algo que a série nos ensinou é que não há personagens bonzinhos no roteiro. Creio que ela tomou as mesmas decisões, questionáveis ou não, como forma de defesa (e ainda, claro, de ataque). Isso não é um erro.
Apenas pelas cinco primeiras temporadas, The Good Wife figura facilmente como um dos melhores dramas da tv - e melhor ainda, na tv aberta. Uma pena que a série tenha se desfigurado, perdido seu rumo e apostado em tramas e resoluções repetitivas. Personagens interessantes foram embora, e mesmo os que entraram não conseguiram obter tanta popularidade ou espaço para se desenvolver.
Deuses Americanos (1ª Temporada)
4.1 515 Assista AgoraAinda preciso me aprofundar na mitologia criada por Neil Gaiman, e o seu livro está na minha lista para esse ano. Algumas coisas me passaram despercebidas, o que me levará a um bom trabalho de pesquisa. Mas a sobre a série... em alguns aspectos, foi diferente do que eu pensava, mas de maneira geral gostei muito. Muito bem feita em todos os aspectos, principalmente visuais. E o Ian McShane brilha em sua atuação. Consegui acertar uma teoria... era algo que suspeitava desde o primeiro episódio e foi fortificado nos últimos. Temporada curtinha, tem apenas oito episódios, embora sejam bastante densos.
Agora vamos aguardar a possivel guerra na segunda temporada.