Cheguei nesse filme analisando a filmografia do ator Christoph Waltz (o inesquecível caçador de judeus, Hans Landa do Inglourious Basterds). Fiquei surpreso por Big Eyes ser um filme do Tim Burton, porém o mais impressionante é a história da pintora Margaret D. H. Keane que o filme do Burton retrata. Waltz em uma excelente performance interpreta Water, segundo esposo Margaret. A sinopse diz tudo por si só. Qualquer coisa que eu diga agora é spoiler. É um filme divertido e ao mesmo tempo você consegue ficar puto com Christoph Waltz. Ele tem o dom de incorporar personificações filhas da puta rs
Depois de muitos anos assistindo a filmes de terror de modo geral, algumas coisas se tornam tão previsíveis e maçantes, principalmente na indústria americana, que perdemos (não somos cativados) a ilusão que a narrativa de uma história nos trás. “Son” pode funcionar muito bem para quem é viajante de primeira viagem nos filmes de terror. Para quem é novo na narrativa “crianças e o capiroto” ou para quem se impressiona com muita facilidade. Para mim “Son” foi o motivo de longos cochilos entre um clichê e outro.
O filme é um copilado de edições manjadas inspirado em uma fórmula mastigada do cenário de terror americano. Fórmula que existe desde 1970 e já foi usada, tantas vezes, que perdeu o brilho. Principalmente nas mãos de quem não sabe usa-la. Veja bem, não é errado usar referências do passado no cinema atual, mas é necessário muita habilidade do diretor para se inovar, evocando tais referências em sua obra. O filme não está nem perto de ser algo inovador, tão pouco de ser algo promissor. A sensação que tive foi que diretor soou mais como um adolescente que, em sua empolgação por AC\DC forma sua primeira banda de rock, porém sem identidade, tudo o que faz parece um cover nada empolgante daquilo que lhe empolgou.
O filme apresenta sonolentos jump scare, somado a alegações aleatórias (“o culto”) que não tornam interessante a imersão na história. Os personagens são rascunho de todas as outras histórias que envolvem policial, mãe, filho dócil, trama diabólica. Nada soa como original e tudo soa como sonolento. Os assassinatos não tem uma motivação que conduz a curiosidade e o ator que faz o garoto capiroto não é nada convincente. É uma amabilidade e inocência maçante, chata e cartunesca. O ator mirim de “Responsible Child” do diretor Nick Holt consegue te cativar nos primeiros 15 minutos.
São poucos os diretores americanos (ou que representam o cenário americano do cinema de horror) que me fazem ter vontade de os filmes da cena. Nesse aspecto os franceses, hispânicos, orientais e alemães estão representando com mais vigor de surpresa e novidade esse gênero que a cena americana já não consegue mais tirar suco. Poucos diretores da cena americana realmente estão inovando. Os que mais me causam surpresa são Ari Aster, Jordan Peele e S. Craig Zahler.
Quem já tem em sua vivência cinematográfica a referencia de filmes como O Bebê de Rosemary, The Omen (A Profecia), Children of the Corn e os filmes que se seguiram influenciados pelos mesmos, dificilmente vai ficar impressionado com “Son”. Como é o meu caso. Talvez seja uma boa experiência para outras pessoas. Para mim só foi tédio, mas valeu o cochilo.
Responsible Child nos faz pensar em todos os clichês dos discursos políticos "bandido bom é bandido morto", "Se a idade penal fosse inferior a 16 anos não haveria crime". Nos faz entender que BEM e MAL não estão tão bem definidos com em um conto de fadas ou na bíblia sagrada. Que o ser humano é repleto de nuances. E geralmente toda família desestrutura são frutos de uma criação desequilibrada. O filme não narra a vida da mãe de Ray, mas subentende-se em como ela é omissa a tudo. Existem vários gatilhos que transformam o individuo e pensar que o mal absoluto é a razão de uma pessoa "ser boa" ou "ruim", é em suma, excesso de ignorância ou inocência.
O filme nos faz questionar a responsabilidade criminal na infância, mas acima de tudo, nos faz questionar a omissão da familia, dos profissionais responsáveis e do Estado.
ASPECTOS TÉCNICOS
A direção é muito boa e o roteiro nos mantém intrigados sobre a inocência ou culpa. Billy Barratt, o ator que interpreta o menino Ray, é excelente na expressão de seus sentimentos. Esquecemos que estamos diante de um filme. Faltou um aspecto mais documental que abordasse a origem da família. Mas isso não tira o aspecto dramático e a excelência do filme, pois filmes sobre crianças problemáticas tendem a ser muito bons ou muito caricatas. (A Orfa) Como um filme dramático, cumpriu com maestria seu papel
Rhode Island é a cidade preferida de H.P Lovecraft, e consecutivamente seu admirador, Stephen King. Potters Bluff é a Rhode Island desta narrativa. Quem está familiarizado com os contos Lovecraft e King, logo terá algumas sacadas da trama que se constrói. Por ser um filme de 1981, ainda carrega um pouco daquele método 70's de fazer filmes de suspense com forte influência das narrativas literárias da mesma época. As vezes parecia que eu estava lendo algum livro da série Vagalume de livros de mistério com uma pitada Contos da Crypta. Mas em suma é aquele típico filme, mistério e noir, aonde o telespectador conhece o crime praticado e conhece os malfeitores. Porém aos olhos do detetive você parte em uma jornada de investigação e mistério para entender a motivação de tais crime e porque eles são executados da mesma maneira. Com requintes de crueldade. Em alguns aspectos o filme se torna datado, pois o que nos provoca susto hoje é muito diferente da motivação do final dos anos 70. Quem gosta de vide-game vai entender o que eu quero dizer. Muitas vezes o jogo consegue nos deixar mais imersos e envolvidos na trama do que um filme de 2021, imagine um filme de 1981. Porém o diferencial de Dead & Buried é o roteiro, a forma como a trama se desenvolvendo. Por uma razão ou outra você vai desejar ficar até o final e entender a motivação de tudo isso. Mesmo com alguns clichês, escolhas de personagens que não faz sentido e medos inexistentes. O mistério e o plottwist na conclusão da trama faz com que a experiência em assistir ao filme seja divertida a sua maneira. (29/05/2021)
Em Army of the Dead eu esperava encontrar o Zack Snyder que inovou com o remake de Dawn of the Dead de George Romero. Sendo original de 1978. O remake de Snyder de 2004, além de inovação gráfica, fez a ruptura de um conceito criado pelo pai mitologia dos zumbis, George Romero. Esse conceito era a ideia que todos os zumbis eram lerdos e o perigo dessas criaturas estava justamente em sua identidade de grupo, seu modo de agir como manada. Snyder atualizou esse conceito com base no rigor mortis, ou seja, o tempo em que o indivíduo foi infectado. Pois fazia mais sentido os zumbis serem lerdos aqueles que eram frutos de cadáveres reanimados, mas seres humanos, recém-infectados e que atravessaram o pós-morte, faz todo sentido terem ainda sua função corpórea em pleno estado após serem reanimados pela infecção.
Dawn of the Dead remake, Snyder não só inovou em conceitos da mitologia, como também inovou nos conceitos gráficos e na morfologia dos zumbis. Fez tudo isso sem destituir a ideia original do filme. O motivo pelo qual todos os zumbis iam ao shopping center, devido a uma consciência animal adormecida de suas atividades passadas. O remake da obra George Romero não perdeu a sua essência, apresentou a catástrofe dos zumbis como pano de fundo para críticas como sociedade de consumo e a alienação da religião. Tudo isso só foi possível pois o roteiro se sustentava, trazendo possibilidades lógicas e personagens cativantes.
Army of the Dead é uma excelência suprema em qualidade gráfica. Suas qualidades terminam aqui, pois qualidade gráfica não sustenta um roteiro com acontecimentos que servem para entreter um jovem de 8 anos. Os personagens não são carismáticos, suas motivações são desconexas, fazem perder o ritmo do filme. Os personagens na verdade são um amontado de clichês. Em Army of the Dead eu vi um publicitário fazendo uma campanha de marketing para agradar o público mediano americano com pirotecnia visual ao invés de ver o diretor que inovou em Dawn of the Dead.
Em uma escala “Resident Evil de qualidade” em seu Making-of sobre o filme eles falaram de si mesmo como se Army of the Dead fosse um Resident Evil 3 (o classicão), mas não passou de um Resident Evil 6. Snyder precisa rever os diretores atuais que inovaram na narrativa do gênero e maratonar George Romero. Ler o HQ Walking Dead e ter algumas horas de jogatina com jogos do gênero. Condensar tudo isso e aí sim criar sua perspectiva. Pois Army of the Dead é um filme pipocão de sessão da tarde para crianças de 8 anos.
01-04-2021 Efeitos visuais sensacionais, batalhas divertidas e empolgantes. Os pontos positivos terminam aqui. O filme não é ruim, mas também não é sensacional. Ou seja, faz o que tem que fazer. Pois o roteiro, a concepção dos personagens, a trama é a mesma coisa do que qualquer outro filme de ação\aventura: Jurassic Park, Independence Day, Homem-Formiga (...) ou qualquer outro filme a lá "saga do herói". A premissa, a motivação, o enredo e os personagens tem a mesma "áurea". O que muda é só a roupagem da história narrada. Mais do mesmo, filme de sessão da tarde para entreter crianças e adultos. No final das contas mais um caça-niquel de bilheteria (se houvesse). Nada de excepcional, mas uma boa diversão para relaxar a mente e esquecer dos problemas.
Com “His House” o diretor Remi Weekes faz sua estreia na cena atual dos filmes de suspense e terror . Assim como os diretores Ari Aster (Midsommar), Robert Eggers (The Witch: A New-England Folktale) e Jordan Peele (Get Out), Weekes nos apresenta uma jornada narrativa vivenciarmos a essência do seu terror.
Utilizando mitos da cultura africana muito bem norteados em uma narrativa de identificação intimista pela nossa cultura, somos levados, pouco a pouco, a um estado de suspense e terror com um medo desconhecido a nós. Apesar de nunca vivermos uma guerra civil, e poucos de nós, creio eu, vivenciou a experiência de ser um estranho em terras estrangeiras. O filme tenta nos apresentar a sensação de como é ser deslocado de sua própria existência. Porém, utilizando do horror psicológico e da manifestação de entidade desconhecidas.
Remi Weekes nos apresenta esse horror através de aflições psicológicas e uma entidade maligna oriundo da mitologia africana que se faz presente como personificação de uma culpa maior que os personagens centrais carregam consigo desde a fulga de um país em guerra civil, a luta pela sobrevivência para chegar em novas terras e a adequação de suas personalidades diante de um país que os vê como estranhos e inferiores.
O filme apresenta leves jump-scare, como uma forma de introduzir o telespectador ao que ele já conhece: o terror americano. Mas o filme não abusa da inteligência de quem está diante dele, pois esses recursos cinematográficos já interiorizados por todos, serve apenas para aceitação dos personagens e compressão de uma cultura diferente que se apresenta. As aparições são tão instigantes como qualquer filme de casa assombrada, porém, sem os clichês exaustivos da narrativa de assombração. Com a progressão da narrativa, observamos um horror mais humano que se expressa, quase de forma psicossomática, através da cultura dos personagens.
Li algumas comparações com Jordan Peele, equivocadas ao meu ver. Remi Weekes não segue o “mesmo estilo” que Peele, não existe estilo. O que os diretores citados aqui fazem, cada um a sua maneira, é narrar outras perspectivas de se sentir horrorizado com o desconhecido ou conhecido, além do que já é proposto e subentendido no cinema de terror como: serial killer, casa assombrada, possessão, objetos malignos e espíritos. Jordan Peele, Ari Aster podem ser novidade para o cenário de filmes americanos (e seu público), mas o franceses e os espanhóis já fazem isso a muito tempo. Utilizar o terror com subtexto para tratar de temas sociais, antropológicos, culturais, raciais e até sexuais. Dos franceses Gaspar Noé (Enter the Void - 2009), Pascal Laugier (Martyrs-2008), Alain Robbe-Grillet (Gradiva-2006), Fabrice Du Welz (Calvaire-2006), Claire Denis (Trouble Every Day-2001).
Remi Weekes e Jordan Peele são completamente diferentes. Peele utiliza de sua narrativa para falar do problema estrutural norte americano, mais principalmente o racismo. Além de ser tecnicamente diferente. Em Get Out (Corra!), Peele utiliza o humor como alívio dramático da tensão da trama. Já Remi Weekes segura a tensão do começo ao fim, sem alívio cômico, sem diálogos secundários para aliviar a tensão. O diretor vai do começo ao fim “esticando a corda” até apresentar o seu plot twist, sua grande revelação, motivador de toda tensão.
“His House” não é um filme esplêndido, mas está muito longe de ser ruim. Sua carga de tensão e narrativa são excelentes. Vamos esperar para os próximos trabalhos do diretor.
Lynyrd Skynyrd como músicos são muito criativos e vigorosos. Sabem equilibrar harmonia, ritmo, feeling e energia em suas canções. Como artistas, sofrem de um problema terrível de maturidade de espírito e humildade. O ego sulista que não é muito diferente daquela ideia sem contexto histórico de que "o Paraná é a Europa brasileira" faz com que arrogância seja um detector evidente da própria ignorância sobre História. Aos membros do Lynyrd Skynyrd faltou lições de experiência de vida com o pessoal do Rush ou Ronnie James Dio.
Quanto ao filme, deixou a desejar. O filme focou mais no ego do baterista e suas opiniões de como ele foi importante para a história da banda. Do que propriamente a história da música que fez a banda. Além de como "sem ele e o vocalista da formação original, Lynyrd Skynyrd não existe." Se debruçar sobre o acidente tornou o filme ainda mais massante, pois não duvido da trágica perca, mas a narrativa apresentou um único herói. Como se houvesse heróis, senão a história como ela realmente ocorreu.
Você pode até questionar: Mas é um filme que sobre tragédia aérea, não tem como ser diferente. Tem sim. La Bamba de 1987 sobre a história do jovem cantor Ritchie Valens que morreu após um desastre de avião, prova isso. La Bamba é um bom exemplo de que um roteiro sabe apresentar drama, música, história e desastre sem deixar de focar no que tornou a música de Ritchie Valens tão importante em sua época.
É exatamente isso que faltou ao filme. Falar mais de música e história (com coerência narrativa) antes de se debruçar no desastre. O filme continua sendo irrelevante a história do Lynyrd Skynyrd da mesma forma como se nunca tivesse sido produzido. O que eu vi não é um filme. Mais um "post" de um baterista ressentido e um individuo com ego sulista ferido.
O grande mérito do filme é a nostalgia, por essa razão, tantas recepções positivas. Pois como simbolismo de um momento pessoal de nossas vidas a obra se torna um link as memórias de felicidades de nossas vidas que vão muito além do filme. Nesse aspecto, sem dúvida, vale a maior nota possível.
Quanto ao caráter cinematográfico da obra, não trás nada de extraordinário, além curiosa experiência de vir Bill e Ted novamente. Fiquei muito feliz ao ver a singela homenagem a um dos maiores comediantes de todos os tempos George Carlin ou como é conhecido no filme "Rufus". Vejo a continuação de Bill e Ted como uma iniciativa da industria de passar o bastão. Porém longe de ser um filme inesquecível de comédia ou relevante. Assim como o filme de 1991 é um bom filme besteirol para comer pipoca, passar a tarde com os amigos e não ter preocupações.
Filmar ou refilmar algo consagrado pela história não é uma tarefa nada fácil. Por mais que seja compreensível a releitura que o diretor quis fazer, expondo as fragilidades sociais atuais. O filme não me impactou. Talvez chamá-lo de Frankenstein não foi uma boa idéia. Quem leu o livro, entende a profundidade de alguns aspectos que o filme não alcançou. O que faltou ao diretor é tomar Mary Shelley (e o seu romance) como inspiração e não como referência fidedigna, passo à passo. Tomando como referência, ele copiou tudo o que há na obra original. E mesmo contextualizando no tempo presente, não soou como uma ode ao clássico, nem tornou seu filme mais digno. Se tornou algo medíocre, pois não foi capaz nem de homenagear, nem desenvolver algo nova baseado na inspiração. Pois quando fazemos referências e não respeitamos o tempo histórico em que a obra original foi narrada, o resultado da referência se torna algo deslocado, desconexo. Pois não há propósito.
Como inspiração o contexto é diferente. Entendemos o subtexto no monstro medieval, mas não precisamos evoca-lo. Um bom exemplo disso é o filme “The Lighthouse (O Farol)” do diretor Robert Eggers. É evidente que o filme foi inspirado pelas obras de H.P Lovecraft. Porém se o filme se chamasse Cthulhu e tentasse narrar a história da criatura mitológica, conforme o conto do escritor, porém dentro do roteiro do filme. Com certeza o filme perderia seu valor, se tornaria medíocre. Principalmente porque Lovecraft é um dos escritores, praticamente, impossíveis de se adaptar uma obra que soe com a mesma essência em um filme. Robert Eggers trouxe a narrativa todas as sensações que existem nas leituras de uma obra tétrica do Lovecraft. Mesmo o filme não sendo uma adaptação direta do conto de Lovecraft, a inspiração criou sutis referencias que fez com que a obra caminhasse por si só, sem desmerecer a honrada homenagem a quem o inspirou.
O que não aconteceu com o Frankenstein do diretor Bernard Rose. Com o título e toda narrativa exatamente similar a obra literária, parece-me que ele simplesmente disse: “olha é nisso que me inspirei”. E como sabemos de fio a pavio qual é a história do Frankenstein. O filme soou como: “Veja essa história que você já conhece, agora contextualize com essa realidade aqui”. Ou seja, não houve nada de surpreendente. Nem na tentativa de homenagear a obra de Mary Shelley, nem na inspiração que levou Bernard Rose a trazer o tema para o presente. Filmes como “A.I. Inteligência Artificial” do Steven Spielberg ou “O Homem Bicentenário” com Robin Williams foram mais grandiosos na inspiração e louváveis na homenagem do que essa tentativa que no final das contas soou como pretenciosa ou um mero desperdício de tempo e dinheiro. Diante dessa tentativas meia-boca, acabo preferindo o Frankenstein com Robert DeNiro e os filmes B da produtora Hammer sobre a criatura de Mary Shelley.
O erro dos novos filmes com zumbis é contar histórias que todos já viram. Isso não trás clímax, pois todos conhecem a regra do jogo: sabem de alguma forma como os zumbis surgiram, como sobreviver, como mata-los e quais erros não cometer. Todos os gêneros, todos temas, todos os contextos, tem seus clichês e narrativas que já estão subentendidas devido a experiência do público com aquele contexto. In un giorno la fine seria um filme grandioso, se pudéssemos através de uma máquina do tempo apresentar ao público de 1940 ou alguém que tenha o primeiro contato com a temática zumbi através desse filme. Fora essas duas exceções, qualquer um que assistir ao filme vai se sentir desafiado intelectualmente. E de uma forma não positiva.
É difícil engolir um filme retratado em pleno século 21, com smartphones e redes de vídeo streaming, que aquele individuo nunca se deparou com filmes, documentários, desenhos ou jogos sobre zumbis. É difícil engolir que o pavor seja realmente do desconhecido. Cada passo, cada “enigma”, cada “peco sem saída” proposto pelo filme nos soa tão previsível que sabemos o que irá acontecer minutos após. O subtexto, drama no relacionamento pessoal e empresário insensível, não faz a sua química. Não cria uma ligação com a ideia “o caos é transformador e exercita no ser humano a reflexão sobre empatia”. O tema é batido, mas pode ser superado, como em Invasão Zumbi (Busanhaeng), filme sul coreano do diretor Yeon Sang-Ho. Havia o empresário insensível, havia drama familiar, havia zumbi em lugar confinado. O problema é o roteiro, narrativa e principalmente, não subestimar a inteligência de quem assiste.
Sou um entusiasta por filmes de zumbis e mesmo no primórdio do gênero o segredo de um bom filme é não subestimar a inteligência do telespectador com as mesmas referências do gênero. Um homem me ensinou isso: George A. Romero. Tirando isso e o roteiro que não se sustenta por um tempo é um filme muito bem produzido. Os efeitos visuais são interessantes. Mas eles não são tudo se a história se torna cansativa e a argumentação e referência pobre de criatividade.
O que faltou para a diretora Daniele Misischia foi usar o que já sabemos e vimos sobre zumbi a favor do filme. Considerar que o telespectador, assim como personagem no primeiro sinal de um contexto familiar, ficaria surpreso por estar dentro dele, mas estaria mais “preparado”, principalmente no sentido de supor o que está por vir. Com isso em mente o filme poderia lidar com os dramas humanos e ser mais criativo na reviravolta. Sendo um terror gore de zumbi, tudo isso poderia passar batido, pois aí o que conta é a diversão pela diversão. Humor negro a cada frame. Mas com o andar do filme fica claro que essa não foi a proposta da diretora. Falhando assim, miseravelmente nos clichês.
Não tem como não assistir ao filme e ter aquela sensação que o filme foi feito sob medida para os momentos atuais. Pois é, infelizmente o preconceito, o racismo e a ganância são tão antigas e lamentavelmente é uma luta para sair de moda. Gostei muito do filme, principalmente pela forma como o Spike Lee se utilizou do artificio documental para nos contextualizar ao longa. Isso fez com que o filme não soasse como mais um filme de guerra falando sobre a vitória fictícia dos EUA sobre o Vietnã ou como o EUA lutou com bravura e honra, honrando seus soldados que não voltaram. Sabemos que essas duas visões são baboseira. Mas a coexistência de estilos dentro do longa, documental e narrativa, nos aproxima da profundidade dos fatos.
Gostei do artificio utilizado para falar do passado, só não achei interessante usar os mesmos atores do presente representando o passado que viveram. Foge ao tom, soa desconexo, limita a imersão ao passado da narrativa
Filmes de exorcismo e bruxas seguem um tradicional na industria americana. É um terror entretenimento para o público comum: Já sabe o que esperar, já sabe o que vai acontecer, só quer garantir a diversão. Bom, esse não é o caso deste filme. Robert Eggers fez inúmeras pesquisas e registros de dados da época em que o malleus maleficarum era considerado um livro sério. Dessa pesquisa nasceu The VVitch: A New-England Folktale. Um filme com excelente fotografia, ótimos atores e uma representação de como a ignorância e as crenças geram uma doença psicológica. Porém no filme tudo é tratado com muita realidade, tornando a narrativa sobre a bruxaria em algo mais interessante. Pois o filme se baseia em relatos daqueles que acreditaram viver ou ver tais experiências.
Uma ficção inspirada em fatos reais que não fogem da ferrugem que é a corrupção em nosso país. Assim como continua sendo, aqueles que deveriam ser representantes do povo, eleitos pelo povo. São representantes de seus próprios interesses, aliados a criminalidade que a ausência do Estado e Políticas Públicas criou. Infelizmente, ainda há muito a acontecer para uma verdadeira consciência social e principalmente, empatia pelo próximo, exerça uma necessidade real de igualdade e justiça. Enquanto isso, ainda fará parte da nossa identidade cultural a demagogia e atos em benefício próprio. Desde o cidadão comum que não respeita uma vaga para deficiente ou define "industria da multa" quando julga injusto a lei se aplicar a ele. Até o mais auto grau da presidência que foi colocado por nós, não por ser o mais capaz, mas o mais popular. Pois ainda o brasileiro vota com o mesmo principio de um jogador em uma mesa de apostas e briga pelo seu candidato como se estivesse assistindo ao Campeonato Brasileiro de Futebol. Enquanto não lutarmos pela educação, estaremos a mercê de nossos vícios culturais e dos políticos corruptos que sabem usar isso ao seu favor. Independente do partido que ele pertença.
Não é um filme tradicional de terror. Isso já o torna interessante. Ser em preto e branco torna a fotografia tétrica e bela ao mesmo tempo. Um erotismo cósmico e ensandecido pelo próprio isolamento que corrompe o espírito dos personagens. Referências a H.P Lovecraft são nítidas e por serem referencias na inspiração e não uma tentativa de adaptação, torna a obra mais interessante. Não assista cansado ou com sono. E ao ler "terror" em sua classificação, limpe todas as referencias que a palavra trás. Pois o filme é uma experiência sensorial. Desde o marasmo no isolamento em uma ilha inóspita até a adaptação com alguém que se compartilha o mesmo espaço por muito tempo (Tipo a pandemia). É um grande filme, mas tem que se assistir no momento propício. É impossível não se sentir por volta de 1900
O documentário é divertido, mas perdeu uma boa oportunidade de realmente abrir um dialogo sobre o assunto. Assim como os "videos educativos contra drogas" foram um ponto extremo sobre o tema, sem trazer luz a questão. Have a Good Trip foi o ponto oposto da mesma questão, pois não saiu das viagens individuais. Qualquer composto que altere nosso estado de consciência e percepção faz isso. Faltou a discussão sobre o quão isso é natural. Pois podemos encontrar na natureza, consciente ou acidentalmente ou em uma mesa cirurgia. O documentário é divertido. Mas assim como os filmes de Cheec e Chong não passam disso, diversão. Perdeu a oportunidade de ser um documentário sério sobre um tema necessário. Se tornou uma carta branca para qualquer conservador extremista opinar o que quiser, sem ter base sobre aquilo que diz, tendo apenas o documentário como base.
O mérito de Poltergeist está em conduzir os atores a uma carga dramática convincente. No entanto o mais interessante e o subtexto que coexiste com a narrativa da manifestação do sobrenatural. Esse subtexto narra nos detalhes de como os Estados Unidos edificou o "estilo de vida americano" (American way of life) com suas conquistas e riquezas. Logo no inicio vemos o patriarca da família lendo uma biografia de Ronald Reagan, o 40º presidente dos Estados Unidos. Reagan, antes de ser presidente, é ator. Seus filmes, principalmente os da década de 50, representam a ideologia “American way of life”. Essa ideologia não é nova. Na verdade é uma nova roupagem do “Manifest Destiny” (doutrina do destino manifesto). No século 19, a doutrina do destino manifesto era uma crença comum entre os habitantes dos Estados Unidos que dizia que os colonizadores americanos deveriam se expandir pela América do Norte. Ela expressa a crença de que o povo americano foi eleito por Deus para civilizar o seu continente.
Voltando ao Poltergeist. O filme é uma crítica direta ao consumismo do American way of life. Ronald Reagan é um símbolo, tantos das transformações econômicas, quanto “garoto propaganda” do American way of life através de seus filmes. Dentre os quais entram os Western (velho o oeste) que sempre retratam os indígenas como selvagens, perversos, monstros, inferiores e não merecedores das terras que possui. Em Poltergeist o patriarca da família está inserido no estilo American way of life. Vemos isso através de sua leitura, sua casa, seus objetos de consumos e seus objetivos profissionais. Como representante imobiliário ele é responsável por 70% das vendas do novo condomínio de casas. No entanto, essas casas foram construídas sobre um cemitério indígena.
A presença do Poltergeist poderia ter várias origens. Mas a maldição indígena foi uma forma do diretor Tobe Hooper e Steven Spielberg criticar e se desculpar por anos de um cinema ideológico que se apropriou da imagem do índio para edificar suas intenções capitalistas. Mas principalmente, devido a Poltergeist ser produzido em uma época de extrema liberdade autoral. A década de 80. Pois se olhando para o passado, se pegarmos os filmes da década de 50, era praticamente proibido um filme ter um final não didático ou infeliz. Com os anos 80 tudo mudou, pois muito dos diretores em ascensão viviam na marginalidade cinematográfica. Com os sucessos de seus filmes, os estúdios se viram na necessidade de dar liberdade autoral.
Enquanto entretenimento, Poltergeist traz uma nostalgia individual e coletiva. Os efeitos visuais são datados se comparado a evolução do cinema e dos videogames que apresentam efeitos em CGI bem mais convincentes. Mas de modo geral são divertidos. Não classificaria Poltergeist como terror, pois não soava como terror em 1982 (a não ser para quem era criança), não soa hoje. Considero Poltergeist um filme do E.T com espíritos. Pois carrega a mesma carga dramática e suspense. Suspense moderado como na série, também oitentista, Amazing Stories.
28-04-2020 Os atores são excelentes, Almodóvar tem seu mérito como diretor, mas o filme não me cativou. Já vi outros filmes do diretor, como A Pele que Habito, que me segurou do começo ao fim. No entanto com esse filme, não tive a mesma imersão, muito pelo contrário, apesar de reconhecer o talento inegável do elenco, o filme em si não fluía diante de mim. Se arrastava. E por fim, o filme me venceu por cansaço. Talvez não seja o momento ideal para entende-lo, talvez o filme seja realmente arrastado, talvez esse filme não seja para mim. Só o tempo dirá.
Confesso que levei anos para ver esse filme. Conheci o Leonardo DiCaprio com Titanic e todo hype do filme e glamourização sobre o ator, o colocou, naquela época, em um altar, um pedestal que não estava presente em sua maturidade com ator. Só depois de muitos anos quando Martin Scorsese o adotou para ser o seu novo "Robert DeNiro" me permite assistir seus trabalhos anteriores. Mas nessa época eu também já havia amadurecido como telespectador. Com um conhecimento mais refinado em apreciar filmes, seja bons ou ruins e independente do gênero. Fez-me ver a maturidade do DiCaprio além do passado distante de Titanic.
The Basketball Diaries não é um filme lendário e tão pouco DiCaprio está na sua maturidade como ator. Mas é um bom filme que revelou grandes atores e nos apresentou outros de grandeza maior: Juliette Lewis (uma das minhas atrizes favoritas em papeis de loucura, non-sense e personagens únicas), Ernie Hudson (nosso eterno Winston Zeddemore, 4º caça fantasmas, dentre outros papéis brilhantes), Mark Wahlberg e Michael Imperioli (Bons Companheiros e um bom italiano de todos os filmes de Gângsters).
The Basketball Diaries nos demostra que as drogas estão presentes em todos os níveis sociais, mas são mais vitimizados principalmente aqueles os níveis mais oprimidos pela carência de oportunidades, principalmente o apoio emocional.
A ideia é sensacional, mas a execução é um desastre. Faltou profissionais em todas as esferas dessa produção: roteiro, direção, edição, fotografia, cinegrafista.
Grandes Olhos
3.8 1,1K Assista grátisCheguei nesse filme analisando a filmografia do ator Christoph Waltz (o inesquecível caçador de judeus, Hans Landa do Inglourious Basterds). Fiquei surpreso por Big Eyes ser um filme do Tim Burton, porém o mais impressionante é a história da pintora Margaret D. H. Keane que o filme do Burton retrata. Waltz em uma excelente performance interpreta Water, segundo esposo Margaret. A sinopse diz tudo por si só. Qualquer coisa que eu diga agora é spoiler. É um filme divertido e ao mesmo tempo você consegue ficar puto com Christoph Waltz. Ele tem o dom de incorporar personificações filhas da puta rs
03/06/2021
Herdeiro
2.8 65 Assista AgoraDepois de muitos anos assistindo a filmes de terror de modo geral, algumas coisas se tornam tão previsíveis e maçantes, principalmente na indústria americana, que perdemos (não somos cativados) a ilusão que a narrativa de uma história nos trás. “Son” pode funcionar muito bem para quem é viajante de primeira viagem nos filmes de terror. Para quem é novo na narrativa “crianças e o capiroto” ou para quem se impressiona com muita facilidade. Para mim “Son” foi o motivo de longos cochilos entre um clichê e outro.
O filme é um copilado de edições manjadas inspirado em uma fórmula mastigada do cenário de terror americano. Fórmula que existe desde 1970 e já foi usada, tantas vezes, que perdeu o brilho. Principalmente nas mãos de quem não sabe usa-la. Veja bem, não é errado usar referências do passado no cinema atual, mas é necessário muita habilidade do diretor para se inovar, evocando tais referências em sua obra. O filme não está nem perto de ser algo inovador, tão pouco de ser algo promissor. A sensação que tive foi que diretor soou mais como um adolescente que, em sua empolgação por AC\DC forma sua primeira banda de rock, porém sem identidade, tudo o que faz parece um cover nada empolgante daquilo que lhe empolgou.
O filme apresenta sonolentos jump scare, somado a alegações aleatórias (“o culto”) que não tornam interessante a imersão na história. Os personagens são rascunho de todas as outras histórias que envolvem policial, mãe, filho dócil, trama diabólica. Nada soa como original e tudo soa como sonolento. Os assassinatos não tem uma motivação que conduz a curiosidade e o ator que faz o garoto capiroto não é nada convincente. É uma amabilidade e inocência maçante, chata e cartunesca. O ator mirim de “Responsible Child” do diretor Nick Holt consegue te cativar nos primeiros 15 minutos.
São poucos os diretores americanos (ou que representam o cenário americano do cinema de horror) que me fazem ter vontade de os filmes da cena. Nesse aspecto os franceses, hispânicos, orientais e alemães estão representando com mais vigor de surpresa e novidade esse gênero que a cena americana já não consegue mais tirar suco. Poucos diretores da cena americana realmente estão inovando. Os que mais me causam surpresa são Ari Aster, Jordan Peele e S. Craig Zahler.
Quem já tem em sua vivência cinematográfica a referencia de filmes como O Bebê de Rosemary, The Omen (A Profecia), Children of the Corn e os filmes que se seguiram influenciados pelos mesmos, dificilmente vai ficar impressionado com “Son”. Como é o meu caso. Talvez seja uma boa experiência para outras pessoas. Para mim só foi tédio, mas valeu o cochilo.
02/06/2021
Responsible Child
3.4 11Responsible Child nos faz pensar em todos os clichês dos discursos políticos "bandido bom é bandido morto", "Se a idade penal fosse inferior a 16 anos não haveria crime". Nos faz entender que BEM e MAL não estão tão bem definidos com em um conto de fadas ou na bíblia sagrada. Que o ser humano é repleto de nuances. E geralmente toda família desestrutura são frutos de uma criação desequilibrada. O filme não narra a vida da mãe de Ray, mas subentende-se em como ela é omissa a tudo. Existem vários gatilhos que transformam o individuo e pensar que o mal absoluto é a razão de uma pessoa "ser boa" ou "ruim", é em suma, excesso de ignorância ou inocência.
O filme nos faz questionar a responsabilidade criminal na infância, mas acima de tudo, nos faz questionar a omissão da familia, dos profissionais responsáveis e do Estado.
ASPECTOS TÉCNICOS
A direção é muito boa e o roteiro nos mantém intrigados sobre a inocência ou culpa. Billy Barratt, o ator que interpreta o menino Ray, é excelente na expressão de seus sentimentos. Esquecemos que estamos diante de um filme. Faltou um aspecto mais documental que abordasse a origem da família. Mas isso não tira o aspecto dramático e a excelência do filme, pois filmes sobre crianças problemáticas tendem a ser muito bons ou muito caricatas. (A Orfa) Como um filme dramático, cumpriu com maestria seu papel
Demônios
3.3 29Alguém sabe aonde posso baixar a legenda em PT-BR?
Os Mortos Vivos
3.5 79Rhode Island é a cidade preferida de H.P Lovecraft, e consecutivamente seu admirador, Stephen King. Potters Bluff é a Rhode Island desta narrativa. Quem está familiarizado com os contos Lovecraft e King, logo terá algumas sacadas da trama que se constrói. Por ser um filme de 1981, ainda carrega um pouco daquele método 70's de fazer filmes de suspense com forte influência das narrativas literárias da mesma época. As vezes parecia que eu estava lendo algum livro da série Vagalume de livros de mistério com uma pitada Contos da Crypta.
Mas em suma é aquele típico filme, mistério e noir, aonde o telespectador conhece o crime praticado e conhece os malfeitores. Porém aos olhos do detetive você parte em uma jornada de investigação e mistério para entender a motivação de tais crime e porque eles são executados da mesma maneira. Com requintes de crueldade.
Em alguns aspectos o filme se torna datado, pois o que nos provoca susto hoje é muito diferente da motivação do final dos anos 70. Quem gosta de vide-game vai entender o que eu quero dizer. Muitas vezes o jogo consegue nos deixar mais imersos e envolvidos na trama do que um filme de 2021, imagine um filme de 1981. Porém o diferencial de Dead & Buried é o roteiro, a forma como a trama se desenvolvendo. Por uma razão ou outra você vai desejar ficar até o final e entender a motivação de tudo isso. Mesmo com alguns clichês, escolhas de personagens que não faz sentido e medos inexistentes. O mistério e o plottwist na conclusão da trama faz com que a experiência em assistir ao filme seja divertida a sua maneira.
(29/05/2021)
Army of the Dead: Invasão em Las Vegas
2.8 955Em Army of the Dead eu esperava encontrar o Zack Snyder que inovou com o remake de Dawn of the Dead de George Romero. Sendo original de 1978. O remake de Snyder de 2004, além de inovação gráfica, fez a ruptura de um conceito criado pelo pai mitologia dos zumbis, George Romero. Esse conceito era a ideia que todos os zumbis eram lerdos e o perigo dessas criaturas estava justamente em sua identidade de grupo, seu modo de agir como manada. Snyder atualizou esse conceito com base no rigor mortis, ou seja, o tempo em que o indivíduo foi infectado. Pois fazia mais sentido os zumbis serem lerdos aqueles que eram frutos de cadáveres reanimados, mas seres humanos, recém-infectados e que atravessaram o pós-morte, faz todo sentido terem ainda sua função corpórea em pleno estado após serem reanimados pela infecção.
Dawn of the Dead remake, Snyder não só inovou em conceitos da mitologia, como também inovou nos conceitos gráficos e na morfologia dos zumbis. Fez tudo isso sem destituir a ideia original do filme. O motivo pelo qual todos os zumbis iam ao shopping center, devido a uma consciência animal adormecida de suas atividades passadas. O remake da obra George Romero não perdeu a sua essência, apresentou a catástrofe dos zumbis como pano de fundo para críticas como sociedade de consumo e a alienação da religião. Tudo isso só foi possível pois o roteiro se sustentava, trazendo possibilidades lógicas e personagens cativantes.
Army of the Dead é uma excelência suprema em qualidade gráfica. Suas qualidades terminam aqui, pois qualidade gráfica não sustenta um roteiro com acontecimentos que servem para entreter um jovem de 8 anos. Os personagens não são carismáticos, suas motivações são desconexas, fazem perder o ritmo do filme. Os personagens na verdade são um amontado de clichês. Em Army of the Dead eu vi um publicitário fazendo uma campanha de marketing para agradar o público mediano americano com pirotecnia visual ao invés de ver o diretor que inovou em Dawn of the Dead.
Em uma escala “Resident Evil de qualidade” em seu Making-of sobre o filme eles falaram de si mesmo como se Army of the Dead fosse um Resident Evil 3 (o classicão), mas não passou de um Resident Evil 6. Snyder precisa rever os diretores atuais que inovaram na narrativa do gênero e maratonar George Romero. Ler o HQ Walking Dead e ter algumas horas de jogatina com jogos do gênero. Condensar tudo isso e aí sim criar sua perspectiva. Pois Army of the Dead é um filme pipocão de sessão da tarde para crianças de 8 anos.
Godzilla vs. Kong
3.1 794 Assista Agora01-04-2021 Efeitos visuais sensacionais, batalhas divertidas e empolgantes. Os pontos positivos terminam aqui. O filme não é ruim, mas também não é sensacional. Ou seja, faz o que tem que fazer. Pois o roteiro, a concepção dos personagens, a trama é a mesma coisa do que qualquer outro filme de ação\aventura: Jurassic Park, Independence Day, Homem-Formiga (...) ou qualquer outro filme a lá "saga do herói". A premissa, a motivação, o enredo e os personagens tem a mesma "áurea". O que muda é só a roupagem da história narrada. Mais do mesmo, filme de sessão da tarde para entreter crianças e adultos. No final das contas mais um caça-niquel de bilheteria (se houvesse). Nada de excepcional, mas uma boa diversão para relaxar a mente e esquecer dos problemas.
The Black Frost
3.2 1Alguém sabe aonde posso encontrar a lengenda em PT ou PTBR? Obrigado!
O Que Ficou Para Trás
3.6 510 Assista AgoraCom “His House” o diretor Remi Weekes faz sua estreia na cena atual dos filmes de suspense e terror . Assim como os diretores Ari Aster (Midsommar), Robert Eggers (The Witch: A New-England Folktale) e Jordan Peele (Get Out), Weekes nos apresenta uma jornada narrativa vivenciarmos a essência do seu terror.
Utilizando mitos da cultura africana muito bem norteados em uma narrativa de identificação intimista pela nossa cultura, somos levados, pouco a pouco, a um estado de suspense e terror com um medo desconhecido a nós. Apesar de nunca vivermos uma guerra civil, e poucos de nós, creio eu, vivenciou a experiência de ser um estranho em terras estrangeiras. O filme tenta nos apresentar a sensação de como é ser deslocado de sua própria existência. Porém, utilizando do horror psicológico e da manifestação de entidade desconhecidas.
Remi Weekes nos apresenta esse horror através de aflições psicológicas e uma entidade maligna oriundo da mitologia africana que se faz presente como personificação de uma culpa maior que os personagens centrais carregam consigo desde a fulga de um país em guerra civil, a luta pela sobrevivência para chegar em novas terras e a adequação de suas personalidades diante de um país que os vê como estranhos e inferiores.
O filme apresenta leves jump-scare, como uma forma de introduzir o telespectador ao que ele já conhece: o terror americano. Mas o filme não abusa da inteligência de quem está diante dele, pois esses recursos cinematográficos já interiorizados por todos, serve apenas para aceitação dos personagens e compressão de uma cultura diferente que se apresenta. As aparições são tão instigantes como qualquer filme de casa assombrada, porém, sem os clichês exaustivos da narrativa de assombração. Com a progressão da narrativa, observamos um horror mais humano que se expressa, quase de forma psicossomática, através da cultura dos personagens.
Li algumas comparações com Jordan Peele, equivocadas ao meu ver. Remi Weekes não segue o “mesmo estilo” que Peele, não existe estilo. O que os diretores citados aqui fazem, cada um a sua maneira, é narrar outras perspectivas de se sentir horrorizado com o desconhecido ou conhecido, além do que já é proposto e subentendido no cinema de terror como: serial killer, casa assombrada, possessão, objetos malignos e espíritos. Jordan Peele, Ari Aster podem ser novidade para o cenário de filmes americanos (e seu público), mas o franceses e os espanhóis já fazem isso a muito tempo. Utilizar o terror com subtexto para tratar de temas sociais, antropológicos, culturais, raciais e até sexuais. Dos franceses Gaspar Noé (Enter the Void - 2009), Pascal Laugier (Martyrs-2008), Alain Robbe-Grillet (Gradiva-2006), Fabrice Du Welz (Calvaire-2006), Claire Denis (Trouble Every Day-2001).
Remi Weekes e Jordan Peele são completamente diferentes. Peele utiliza de sua narrativa para falar do problema estrutural norte americano, mais principalmente o racismo. Além de ser tecnicamente diferente. Em Get Out (Corra!), Peele utiliza o humor como alívio dramático da tensão da trama. Já Remi Weekes segura a tensão do começo ao fim, sem alívio cômico, sem diálogos secundários para aliviar a tensão. O diretor vai do começo ao fim “esticando a corda” até apresentar o seu plot twist, sua grande revelação, motivador de toda tensão.
“His House” não é um filme esplêndido, mas está muito longe de ser ruim. Sua carga de tensão e narrativa são excelentes. Vamos esperar para os próximos trabalhos do diretor.
Fingers
2.0 2Disponivel via torrent no RARBG
Street Survivors: A verdadeira história do acidente de avião do …
2.8 6Lynyrd Skynyrd como músicos são muito criativos e vigorosos. Sabem equilibrar harmonia, ritmo, feeling e energia em suas canções. Como artistas, sofrem de um problema terrível de maturidade de espírito e humildade. O ego sulista que não é muito diferente daquela ideia sem contexto histórico de que "o Paraná é a Europa brasileira" faz com que arrogância seja um detector evidente da própria ignorância sobre História. Aos membros do Lynyrd Skynyrd faltou lições de experiência de vida com o pessoal do Rush ou Ronnie James Dio.
Quanto ao filme, deixou a desejar. O filme focou mais no ego do baterista e suas opiniões de como ele foi importante para a história da banda. Do que propriamente a história da música que fez a banda. Além de como "sem ele e o vocalista da formação original, Lynyrd Skynyrd não existe." Se debruçar sobre o acidente tornou o filme ainda mais massante, pois não duvido da trágica perca, mas a narrativa apresentou um único herói. Como se houvesse heróis, senão a história como ela realmente ocorreu.
Você pode até questionar: Mas é um filme que sobre tragédia aérea, não tem como ser diferente. Tem sim. La Bamba de 1987 sobre a história do jovem cantor Ritchie Valens que morreu após um desastre de avião, prova isso. La Bamba é um bom exemplo de que um roteiro sabe apresentar drama, música, história e desastre sem deixar de focar no que tornou a música de Ritchie Valens tão importante em sua época.
É exatamente isso que faltou ao filme. Falar mais de música e história (com coerência narrativa) antes de se debruçar no desastre. O filme continua sendo irrelevante a história do Lynyrd Skynyrd da mesma forma como se nunca tivesse sido produzido. O que eu vi não é um filme. Mais um "post" de um baterista ressentido e um individuo com ego sulista ferido.
Bill & Ted: Encare a Música
2.8 147 Assista AgoraO grande mérito do filme é a nostalgia, por essa razão, tantas recepções positivas. Pois como simbolismo de um momento pessoal de nossas vidas a obra se torna um link as memórias de felicidades de nossas vidas que vão muito além do filme. Nesse aspecto, sem dúvida, vale a maior nota possível.
Quanto ao caráter cinematográfico da obra, não trás nada de extraordinário, além curiosa experiência de vir Bill e Ted novamente. Fiquei muito feliz ao ver a singela homenagem a um dos maiores comediantes de todos os tempos George Carlin ou como é conhecido no filme "Rufus". Vejo a continuação de Bill e Ted como uma iniciativa da industria de passar o bastão. Porém longe de ser um filme inesquecível de comédia ou relevante. Assim como o filme de 1991 é um bom filme besteirol para comer pipoca, passar a tarde com os amigos e não ter preocupações.
Frankenstein
2.5 27Filmar ou refilmar algo consagrado pela história não é uma tarefa nada fácil. Por mais que seja compreensível a releitura que o diretor quis fazer, expondo as fragilidades sociais atuais. O filme não me impactou. Talvez chamá-lo de Frankenstein não foi uma boa idéia. Quem leu o livro, entende a profundidade de alguns aspectos que o filme não alcançou. O que faltou ao diretor é tomar Mary Shelley (e o seu romance) como inspiração e não como referência fidedigna, passo à passo. Tomando como referência, ele copiou tudo o que há na obra original. E mesmo contextualizando no tempo presente, não soou como uma ode ao clássico, nem tornou seu filme mais digno. Se tornou algo medíocre, pois não foi capaz nem de homenagear, nem desenvolver algo nova baseado na inspiração. Pois quando fazemos referências e não respeitamos o tempo histórico em que a obra original foi narrada, o resultado da referência se torna algo deslocado, desconexo. Pois não há propósito.
Como inspiração o contexto é diferente. Entendemos o subtexto no monstro medieval, mas não precisamos evoca-lo. Um bom exemplo disso é o filme “The Lighthouse (O Farol)” do diretor Robert Eggers. É evidente que o filme foi inspirado pelas obras de H.P Lovecraft. Porém se o filme se chamasse Cthulhu e tentasse narrar a história da criatura mitológica, conforme o conto do escritor, porém dentro do roteiro do filme. Com certeza o filme perderia seu valor, se tornaria medíocre. Principalmente porque Lovecraft é um dos escritores, praticamente, impossíveis de se adaptar uma obra que soe com a mesma essência em um filme. Robert Eggers trouxe a narrativa todas as sensações que existem nas leituras de uma obra tétrica do Lovecraft. Mesmo o filme não sendo uma adaptação direta do conto de Lovecraft, a inspiração criou sutis referencias que fez com que a obra caminhasse por si só, sem desmerecer a honrada homenagem a quem o inspirou.
O que não aconteceu com o Frankenstein do diretor Bernard Rose. Com o título e toda narrativa exatamente similar a obra literária, parece-me que ele simplesmente disse: “olha é nisso que me inspirei”. E como sabemos de fio a pavio qual é a história do Frankenstein. O filme soou como: “Veja essa história que você já conhece, agora contextualize com essa realidade aqui”. Ou seja, não houve nada de surpreendente. Nem na tentativa de homenagear a obra de Mary Shelley, nem na inspiração que levou Bernard Rose a trazer o tema para o presente. Filmes como “A.I. Inteligência Artificial” do Steven Spielberg ou “O Homem Bicentenário” com Robin Williams foram mais grandiosos na inspiração e louváveis na homenagem do que essa tentativa que no final das contas soou como pretenciosa ou um mero desperdício de tempo e dinheiro. Diante dessa tentativas meia-boca, acabo preferindo o Frankenstein com Robert DeNiro e os filmes B da produtora Hammer sobre a criatura de Mary Shelley.
The End?
2.7 32O erro dos novos filmes com zumbis é contar histórias que todos já viram. Isso não trás clímax, pois todos conhecem a regra do jogo: sabem de alguma forma como os zumbis surgiram, como sobreviver, como mata-los e quais erros não cometer. Todos os gêneros, todos temas, todos os contextos, tem seus clichês e narrativas que já estão subentendidas devido a experiência do público com aquele contexto. In un giorno la fine seria um filme grandioso, se pudéssemos através de uma máquina do tempo apresentar ao público de 1940 ou alguém que tenha o primeiro contato com a temática zumbi através desse filme. Fora essas duas exceções, qualquer um que assistir ao filme vai se sentir desafiado intelectualmente. E de uma forma não positiva.
É difícil engolir um filme retratado em pleno século 21, com smartphones e redes de vídeo streaming, que aquele individuo nunca se deparou com filmes, documentários, desenhos ou jogos sobre zumbis. É difícil engolir que o pavor seja realmente do desconhecido. Cada passo, cada “enigma”, cada “peco sem saída” proposto pelo filme nos soa tão previsível que sabemos o que irá acontecer minutos após. O subtexto, drama no relacionamento pessoal e empresário insensível, não faz a sua química. Não cria uma ligação com a ideia “o caos é transformador e exercita no ser humano a reflexão sobre empatia”. O tema é batido, mas pode ser superado, como em Invasão Zumbi (Busanhaeng), filme sul coreano do diretor Yeon Sang-Ho. Havia o empresário insensível, havia drama familiar, havia zumbi em lugar confinado. O problema é o roteiro, narrativa e principalmente, não subestimar a inteligência de quem assiste.
Sou um entusiasta por filmes de zumbis e mesmo no primórdio do gênero o segredo de um bom filme é não subestimar a inteligência do telespectador com as mesmas referências do gênero. Um homem me ensinou isso: George A. Romero. Tirando isso e o roteiro que não se sustenta por um tempo é um filme muito bem produzido. Os efeitos visuais são interessantes. Mas eles não são tudo se a história se torna cansativa e a argumentação e referência pobre de criatividade.
O que faltou para a diretora Daniele Misischia foi usar o que já sabemos e vimos sobre zumbi a favor do filme. Considerar que o telespectador, assim como personagem no primeiro sinal de um contexto familiar, ficaria surpreso por estar dentro dele, mas estaria mais “preparado”, principalmente no sentido de supor o que está por vir. Com isso em mente o filme poderia lidar com os dramas humanos e ser mais criativo na reviravolta. Sendo um terror gore de zumbi, tudo isso poderia passar batido, pois aí o que conta é a diversão pela diversão. Humor negro a cada frame. Mas com o andar do filme fica claro que essa não foi a proposta da diretora. Falhando assim, miseravelmente nos clichês.
Destacamento Blood
3.8 448 Assista AgoraNão tem como não assistir ao filme e ter aquela sensação que o filme foi feito sob medida para os momentos atuais. Pois é, infelizmente o preconceito, o racismo e a ganância são tão antigas e lamentavelmente é uma luta para sair de moda.
Gostei muito do filme, principalmente pela forma como o Spike Lee se utilizou do artificio documental para nos contextualizar ao longa. Isso fez com que o filme não soasse como mais um filme de guerra falando sobre a vitória fictícia dos EUA sobre o Vietnã ou como o EUA lutou com bravura e honra, honrando seus soldados que não voltaram. Sabemos que essas duas visões são baboseira. Mas a coexistência de estilos dentro do longa, documental e narrativa, nos aproxima da profundidade dos fatos.
Gostei do artificio utilizado para falar do passado, só não achei interessante usar os mesmos atores do presente representando o passado que viveram. Foge ao tom, soa desconexo, limita a imersão ao passado da narrativa
A Century of Black Cinema
4.2 1Aonde encontrar?
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraFilmes de exorcismo e bruxas seguem um tradicional na industria americana. É um terror entretenimento para o público comum: Já sabe o que esperar, já sabe o que vai acontecer, só quer garantir a diversão. Bom, esse não é o caso deste filme. Robert Eggers fez inúmeras pesquisas e registros de dados da época em que o malleus maleficarum era considerado um livro sério. Dessa pesquisa nasceu The VVitch: A New-England Folktale. Um filme com excelente fotografia, ótimos atores e uma representação de como a ignorância e as crenças geram uma doença psicológica. Porém no filme tudo é tratado com muita realidade, tornando a narrativa sobre a bruxaria em algo mais interessante. Pois o filme se baseia em relatos daqueles que acreditaram viver ou ver tais experiências.
A Divisão (1ª Temporada)
3.3 24 Assista AgoraUma ficção inspirada em fatos reais que não fogem da ferrugem que é a corrupção em nosso país. Assim como continua sendo, aqueles que deveriam ser representantes do povo, eleitos pelo povo. São representantes de seus próprios interesses, aliados a criminalidade que a ausência do Estado e Políticas Públicas criou. Infelizmente, ainda há muito a acontecer para uma verdadeira consciência social e principalmente, empatia pelo próximo, exerça uma necessidade real de igualdade e justiça. Enquanto isso, ainda fará parte da nossa identidade cultural a demagogia e atos em benefício próprio. Desde o cidadão comum que não respeita uma vaga para deficiente ou define "industria da multa" quando julga injusto a lei se aplicar a ele. Até o mais auto grau da presidência que foi colocado por nós, não por ser o mais capaz, mas o mais popular. Pois ainda o brasileiro vota com o mesmo principio de um jogador em uma mesa de apostas e briga pelo seu candidato como se estivesse assistindo ao Campeonato Brasileiro de Futebol. Enquanto não lutarmos pela educação, estaremos a mercê de nossos vícios culturais e dos políticos corruptos que sabem usar isso ao seu favor. Independente do partido que ele pertença.
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraNão é um filme tradicional de terror. Isso já o torna interessante. Ser em preto e branco torna a fotografia tétrica e bela ao mesmo tempo. Um erotismo cósmico e ensandecido pelo próprio isolamento que corrompe o espírito dos personagens. Referências a H.P Lovecraft são nítidas e por serem referencias na inspiração e não uma tentativa de adaptação, torna a obra mais interessante.
Não assista cansado ou com sono. E ao ler "terror" em sua classificação, limpe todas as referencias que a palavra trás. Pois o filme é uma experiência sensorial. Desde o marasmo no isolamento em uma ilha inóspita até a adaptação com alguém que se compartilha o mesmo espaço por muito tempo (Tipo a pandemia). É um grande filme, mas tem que se assistir no momento propício. É impossível não se sentir por volta de 1900
Maior Viagem: Uma Aventura Psicodélica
3.7 76O documentário é divertido, mas perdeu uma boa oportunidade de realmente abrir um dialogo sobre o assunto. Assim como os "videos educativos contra drogas" foram um ponto extremo sobre o tema, sem trazer luz a questão. Have a Good Trip foi o ponto oposto da mesma questão, pois não saiu das viagens individuais. Qualquer composto que altere nosso estado de consciência e percepção faz isso. Faltou a discussão sobre o quão isso é natural. Pois podemos encontrar na natureza, consciente ou acidentalmente ou em uma mesa cirurgia. O documentário é divertido. Mas assim como os filmes de Cheec e Chong não passam disso, diversão. Perdeu a oportunidade de ser um documentário sério sobre um tema necessário. Se tornou uma carta branca para qualquer conservador extremista opinar o que quiser, sem ter base sobre aquilo que diz, tendo apenas o documentário como base.
Poltergeist: O Fenômeno
3.5 1,1K Assista AgoraO mérito de Poltergeist está em conduzir os atores a uma carga dramática convincente. No entanto o mais interessante e o subtexto que coexiste com a narrativa da manifestação do sobrenatural. Esse subtexto narra nos detalhes de como os Estados Unidos edificou o "estilo de vida americano" (American way of life) com suas conquistas e riquezas. Logo no inicio vemos o patriarca da família lendo uma biografia de Ronald Reagan, o 40º presidente dos Estados Unidos. Reagan, antes de ser presidente, é ator. Seus filmes, principalmente os da década de 50, representam a ideologia “American way of life”. Essa ideologia não é nova. Na verdade é uma nova roupagem do “Manifest Destiny” (doutrina do destino manifesto). No século 19, a doutrina do destino manifesto era uma crença comum entre os habitantes dos Estados Unidos que dizia que os colonizadores americanos deveriam se expandir pela América do Norte. Ela expressa a crença de que o povo americano foi eleito por Deus para civilizar o seu continente.
Voltando ao Poltergeist. O filme é uma crítica direta ao consumismo do American way of life. Ronald Reagan é um símbolo, tantos das transformações econômicas, quanto “garoto propaganda” do American way of life através de seus filmes. Dentre os quais entram os Western (velho o oeste) que sempre retratam os indígenas como selvagens, perversos, monstros, inferiores e não merecedores das terras que possui. Em Poltergeist o patriarca da família está inserido no estilo American way of life. Vemos isso através de sua leitura, sua casa, seus objetos de consumos e seus objetivos profissionais. Como representante imobiliário ele é responsável por 70% das vendas do novo condomínio de casas. No entanto, essas casas foram construídas sobre um cemitério indígena.
A presença do Poltergeist poderia ter várias origens. Mas a maldição indígena foi uma forma do diretor Tobe Hooper e Steven Spielberg criticar e se desculpar por anos de um cinema ideológico que se apropriou da imagem do índio para edificar suas intenções capitalistas. Mas principalmente, devido a Poltergeist ser produzido em uma época de extrema liberdade autoral. A década de 80. Pois se olhando para o passado, se pegarmos os filmes da década de 50, era praticamente proibido um filme ter um final não didático ou infeliz. Com os anos 80 tudo mudou, pois muito dos diretores em ascensão viviam na marginalidade cinematográfica. Com os sucessos de seus filmes, os estúdios se viram na necessidade de dar liberdade autoral.
Enquanto entretenimento, Poltergeist traz uma nostalgia individual e coletiva. Os efeitos visuais são datados se comparado a evolução do cinema e dos videogames que apresentam efeitos em CGI bem mais convincentes. Mas de modo geral são divertidos. Não classificaria Poltergeist como terror, pois não soava como terror em 1982 (a não ser para quem era criança), não soa hoje. Considero Poltergeist um filme do E.T com espíritos. Pois carrega a mesma carga dramática e suspense. Suspense moderado como na série, também oitentista, Amazing Stories.
Dor e Glória
4.2 619 Assista Agora28-04-2020 Os atores são excelentes, Almodóvar tem seu mérito como diretor, mas o filme não me cativou. Já vi outros filmes do diretor, como A Pele que Habito, que me segurou do começo ao fim. No entanto com esse filme, não tive a mesma imersão, muito pelo contrário, apesar de reconhecer o talento inegável do elenco, o filme em si não fluía diante de mim. Se arrastava. E por fim, o filme me venceu por cansaço. Talvez não seja o momento ideal para entende-lo, talvez o filme seja realmente arrastado, talvez esse filme não seja para mim. Só o tempo dirá.
Diário de um Adolescente
3.8 779 Assista AgoraConfesso que levei anos para ver esse filme. Conheci o Leonardo DiCaprio com Titanic e todo hype do filme e glamourização sobre o ator, o colocou, naquela época, em um altar, um pedestal que não estava presente em sua maturidade com ator. Só depois de muitos anos quando Martin Scorsese o adotou para ser o seu novo "Robert DeNiro" me permite assistir seus trabalhos anteriores. Mas nessa época eu também já havia amadurecido como telespectador. Com um conhecimento mais refinado em apreciar filmes, seja bons ou ruins e independente do gênero. Fez-me ver a maturidade do DiCaprio além do passado distante de Titanic.
The Basketball Diaries não é um filme lendário e tão pouco DiCaprio está na sua maturidade como ator. Mas é um bom filme que revelou grandes atores e nos apresentou outros de grandeza maior: Juliette Lewis (uma das minhas atrizes favoritas em papeis de loucura, non-sense e personagens únicas), Ernie Hudson (nosso eterno Winston Zeddemore, 4º caça fantasmas, dentre outros papéis brilhantes), Mark Wahlberg e Michael Imperioli (Bons Companheiros e um bom italiano de todos os filmes de Gângsters).
The Basketball Diaries nos demostra que as drogas estão presentes em todos os níveis sociais, mas são mais vitimizados principalmente aqueles os níveis mais oprimidos pela carência de oportunidades, principalmente o apoio emocional.
New Chilling Tales: The Anthology
1.9 3A ideia é sensacional, mas a execução é um desastre. Faltou profissionais em todas as esferas dessa produção: roteiro, direção, edição, fotografia, cinegrafista.