O impacto é intenso. O ato diário de resistir é desgastante, testa os limites de humanidade. Condução simples, mas envolvente. O final pesa um pouco a mão no drama, já era esperado. História ideal para o tipo de cinema que o Bayona gosta de fazer. Não sou fã, confesso.
A solidão. A busca por se sentir querido e ter alguém. A amizade. O amor. O amor pelo outro. O amor pela vida quando sentimos algo lindo por dentro. Ver o rosto de quem amamos por aí.
O que sonhamos e queremos que nos faz viajar, mas não se concretiza. O que é substituível(infelizmente ou felizmente?). O que não volta atrás. O que foi inesquecível e não se apaga. A conexão que sempre irá existir.
O sol que se abre quando não parecia mais ser possível. Os novos sentimentos dão sentido aos dias. As vivências seguirão despertando lembranças boas, ruins e saudade, mas o novo deve e merece todas as chances.
Uma história sobre o tempo(tão belo quanto cruel) e suas mudanças. Um longa que fala de forma muito madura sobre encontros e separações. Um cachorro e um robô mostrando o quanto nossos corações são infinitos em complexidade. O cinema é capaz disso.
Inventividade visual e narrativa especiais. E um enorme coração. Belíssimo.
Encontrar quem goste de nós por sermos quem de fato somos.
A mais bonita beleza é a interior. A bondade e o heroísmo que podem nascer em qualquer lugar. O que viramos quando o mundo não nos aceita. A solidão do 'diferente'. A resistência num mundo que rejeita quem não é como a maioria.
Nimona é uma personagem foda. A personagem dá um vigor especial a uma história que poderia ser super comum.
Quando os opostos se atraem e fazem despertar algo novo.
Amar quem quiser, ser quem quiser e fazer o que quiser. Sobre crescer em família e ter um caminho já traçado desde o berço, mas decidir criar seu próprio caminho. Padrão visual de beleza Pixar. Há alguns lindos momentos de sensibilidade e romantismo.
Sobre olhar mais de perto o que num primeiro momento é estranho, desagradável, irritante, chato e diferente do que estamos acostumados. Sobre olhar mais de perto e ver que todo mundo tá meio quebrado por dentro - os traumas, dores e medos estão ali. Todos têm cicatrizes e defeitos. Sobre compreender isso e a partir daí ser um pouquinho melhor com o outro.
O entendimento que vem ao perceber que todo mundo é parecido e gostaria de estar acompanhado de alguém que se importa, que goste de nós e nos queira bem. Quando duas pessoas se abrem e mostram vulnerabilidade é como se olhar no espelho.
Comédia dramática típica do Payne, que sabe muito bem criar e colocar na tela bons personagens. E aqui temos 3 belos personagens e atuações.
"Os Rejeitados" não atinge o nível dos melhores filmes do diretor, não tem a sensibilidade e beleza de "Sideways", por exemplo, mas é muito bom, humano e tocante.
O homem que não consegue se conectar com os outros na vida pessoal e nem na ficção(não pelo menos como ele deseja).
A farsa que conversa com o público em geral. Criar uma conexão com o mundo externo abraçando um eu diferente para ter sucesso. Entender que quando se trata de consumo externo: o que os outros querem de você acaba sendo mais importante do que quem você é. Por mais complicado que seja, chutar o balde tem suas vantagens.
A ideia é interessante, por isso o longa chamou a atenção na temporada e fez sucesso. O humor tem seus momentos, mas é um pouco repetitivo ao bater sempre na mesma tecla. A história familiar não é ruim, porém não conversa tão bem com o lado crítico e ácido do filme. Apesar de ter momentos inegavelmente bons, o longa parece um pouco desajustado, não flui como deveria.
Gostei muito de ver juntos em cena dois atores que gosto taanto como Jeffrey Wright e Sterling K. Brown, ambos estão muito bem.
A estrutura é de um drama clássico, faz o filme caminhar de forma consistente. A montagem e as cenas musicais acontecem no ritmo da inspiração do protagonista.
A primeira parte que mostra a paixão do casal é bonita. A relação entre os dois é o que move o "Maestro". Se a conexão entre os dois revela que eles deveriam ficar juntos, o tempo mostra que a convivência não será fácil. A vida que Leonard 'precisa'/deseja ter é dura demais para uma esposa aceitar(e como aceitar, né?).
O filme mergulha nessa dificuldade deles não conseguirem ter uma relação 'normal'. O peso dos anos, desgaste e cicatrizes são sentidos. Assim como também o amor em toda sua complexidade. Por mais magoada e já distante, Felicia jamais perde o encantamento no olhar ao ver o talento do marido nas apresentações e também não deixa apoiá-lo de coração nesses momentos - e em toda a carreira. Leonard se envolve com alguns homens, mas jamais deixa de achar que a sua companheira de vida deve ser Felicia.
Uma história de amor entre duas pessoas que se magoam, porém entendem o que são um para o outro. Nas horas mais importantes eles precisam, devem e querem ficar juntos. Complexo, torto, porém humano. Boas atuações da dupla principal. Adoro a Mulligan.
Funciona quase que totalmente como uma ideia automaticamente concebida(que depende do conhecimento histórico prévio do espectador), e não como um filme em si. É um problema. Obviamente, todas as nossas avaliações como espectador são subjetivas e afetadas por nossas experiências de vida, porém um filme que não sai minimamente da sua zona de conforto(ou seria de 'interesse'? não resisti) e não suja as mãos é decepcionante. "Zona de Interesse" fica preso no seu senso de autoimportância e não vai além disso, além da sua premissa.
Um Sub-Haneke. Podemos dizer isso em relação a objetividade muito direta(e eventual frieza) característica do diretor austríaco, mas as obras de Haneke geralmente mexem conosco de alguma forma. Esse aqui pouco faz isso. Vemos o cotidiano dos personagens e um mundo que ignora a crueldade que ocorre lá fora, porém tudo é tão sem contundência que o que sobra é apenas um longa vazio. Simplesmente não há envolvimento, não há como se importar com nada colocado na tela. Fica de positivo o uso excelente do som, o mesmo mostra que há algo terrível por perto.
P.S.: Não curti esse, mas quero todos os anos 2 filmes de destaque com a maravilhosa Sandra Huller.
Um garoto e seu luto. Um Japão que lida com sua tragédia. Uma família em reconstrução. Miyazaki revisita o passado, constrói um presente de traumas e fantasia(sombrio e colorido ao mesmo tempo) e olha com esperança para o futuro.
Visualmente é um filme absolutamente espetacular, hipnotizante. Uma obra sobre os labirintos da mente, da alma e da percepção de mundo. Fantasia e realidade jamais soltam as mãos nesta grande viagem onírica sobre escape das angústias, entendimento interior e reconciliação com o seu próprio universo.
Aceitar o que foi vivido e perceber o amor recebido. Querer voltar, mas agora sabendo que pode dar mais em troca. Entender que a beleza em volta e a poesia que se vê, sente e não se pode explicar são acima de tudo uma questão de olhar.
Escolher o amor numa realidade de cicatrizes, turbilhões e inevitáveis dores. Não poderia ser mais Miyazaki. Caso tenha sido a despedida do fantástico diretor: Obrigado por tudo! Seu cinema incrivelmente rico em detalhes, significados e beleza nunca será esquecido.
Um olhar acerca do processo de criação: da arte, de um personagem e sua caracterização. Do quanto você coloca nisso no processo e do quanto esse mergulho em outra vida te transforma.
Um filme sobre falsas aparências. Um mundo, vida e relação construídas num terreno tão complicado que se varre para debaixo do tapete uma reflexão maior em relação ao que iniciou essa história. Uma obra sobre se sentir preso. E não conseguir falar, nem desvencilhar da conexão construída, pois a dependência emocional e psicológica são grandes demais.
Fingir normalidade para tornar tudo mais suportável de lidar. Mas até que ponto e até quando se pode minimizar algo tão profundo? O incômodo e alguma angústia sempre estarão presentes.
Na vida ou na arte, somos afetados o tempo todo, mas cada um é protagonista de sua complexa história. Apenas quem sentiu na pele pode dizer o que viveu.
Julianne Moore, Natalie Portman e Charles Melton ótimos. Todd Haynes sabe o que faz.
"Pobres Criaturas" parte do clássico 'criador e criatura' para mostrar quem de fato são as criaturas. O domador e o ser domado. Apenas quando se perde o controle do outro se vê a verdadeira face do sentimento e interesse.
O prazer da descoberta. A paz do não-saber. A dor de conhecer o mundo como ele é. O conhecimento que clareia a mente e mostra o caminho a ser traçado. A maior das experiências é vivenciar a verdadeira liberdade, a aventura que é ser você mesma. Uma liberdade que apenas por existir confronta os costumes, as prisões e um mundo criado pelo que há de pior nos homens.
Quem já não gostava do cinema de Lanthimos vai continuar não curtindo seus 'exageros', 'excentricidades' e 'humor particular', seguirá enxergando fortemente isso neste longa. Os que curtiram os filmes anteriores, provavelmente vão gostar muito e se envolver com esse seu mais novo filme.
Belo momento de Emma Stone e Willem Dafoe(sempre, né) no cinema, ambos brilham.
A música que retrata uma época culturalmente inspirada. O calor carioca de todas as épocas. O descontentamento com a realidade do momento - que também não mudou. A grande turbulência que é viver. O grande caos que é amar. Um cinema livre de amarras em temas e linguagem. Sganzerla é do caralho.
Um filme sobre um personagem incapaz de se relacionar. De fazer parte do mesmo ambiente que outras pessoas. Que vive uma rotina de profundo incômodo. Um protagonista que é o oposto dos outros, que vivem e compartilham genuinamente o que são, querem, sentem, sonham, vivem e respiram. Que possuem mentes e corpos livres.
Um autor incapaz de chegar minimamente perto do que deseja, do que o toca. De demonstrar o que sente por sua musa. Incapaz de viver, sentir e se entregar aos momentos. Um observador da vida. E apenas isso. Mas não por vontade própria.
As metáforas são fortes e ricas, fluem bastante bem na narrativa. Há algo de sobrenatural que não se explica. Embora o filme respire uma simplicidade fascinante nas interações e ambiente, existe algo que torna aquele local meio mágico e também muito misterioso.
Um escritor incapaz de viver como poderia - e deveria. E justamente por conta dessa incapacidade ele atinge o mínimo de humanidade, colocando no papel, na sua obra, na sua arte algo real, seu, bonito e de coração.
A dor e a perda que ensinam e viram matéria para algo belo e eterno.
"Godzilla" resgata muito a questão histórica e tradicional da honra. De cumprir o seu papel pelo bem do país, essa coisa patriótica que está acima das razões pessoais. Porém, esse dever está envolto em enorme culpa. Uma culpa que martiriza e não deixa seguir em frente.
O Godzilla é visualmente espetacular. Muitas das imagens mais poderosas e inesquecíveis do ano estão neste filme. São sequências que colocam obras dos EUA de caráter similar no bolso. O contexto, o uso e a presença do personagem-título dialogam com presente e passado, acompanham as evoluções técnicas(e como impressiona) e de gênero.
Um filme que investe no clássico, mas que também olha para a frente e entende o novo. O novo que existe na possibilidade de construir uma família com pessoas que não tinham mais nada e, agora, podem ter tudo. Que entende que construir uma família com amor é maior do que qualquer coisa.
Longa de olhar maduro sobre as guerras tão catastróficas e o resultado das mesmas. E também sobre humanidade.
O improvável milagre da vida e do amor construído do zero. Final bonito.
Quando surge um transformador sim num mundo de nãos.
Uma realidade na qual tudo em volta é difícil e incerto. Um mundo de desemprego. Um mundo em guerra. Um mundo de frieza. De defeitos e contratempos que (quase) afastam as possibilidades de se enxergar algo bom dentro de uma rotina de empregos monótonos, instáveis, ruins.
Uma vida de solidão e desesperança. Personagens muito humanos, cheios de defeitos, banhados numa calmaria paralisante. Mas há algo que aproxima e une de forma improvável e muito bonita os dois protagonistas. Duas pessoas comuns como todas as outras naquela cidade. Duas pessoas que se conectam. Mesmo quando tudo indica que é difícil se conectar - e até se encontrar. Mesmo que remeta a dores e traumas.
Apesar de todos os vários contratempos do destino, a frieza e o cinza vão dando espaço a uma nova possibilidade. A novas possibilidades de companhia e sorrisos. Dão espaço a luz. A luz no presente e a um futuro melhor sem solidão.
Os silêncios. As músicas. Os desencontros. O humor. O amor sem muito jeito, mas sincero. Tudo encanta. Está tudo no lugar certo.
Lindamente dirigido e atuado. Um dos melhores filmes de 2023.
Vivendo no perigo. Vivendo segundo seus próprios termos, códigos de conduta e sem se importar com o que os outros estão pensando. Os personagens apenas fazem o que precisa ser feito, o necessário segundo os próprios. Apenas vão em frente.
O policial e o motorista. Prenda-me Se For Capaz. Um jogo de gato e rato muito consciente. Obsessão e perfeição. As formas de proceder de ambos, tão particulares, os tornam imprevisíveis e mais parecidos um com o outro.
As apostas são altas. Os riscos também. Porém não existe medo, pois não há pessoas e relações a perder. Não há espaço para isso nesse tipo de vida. Filme de mais silêncio que palavras. As palavras do motorista e da jogadora são sempre muito, muito diretas. Tão diretas quanto suas ações.
Uma obra movida e resolvida pela ação. Pelas longas perseguições de carros fabulosas(das melhores do cinema). Pelos rastros e corpos que ficam. E também, claro, pelos mistérios escondidos e motivações que só os próprios personagens sabem exatamente quais são.
O amor que desarma. O amor que nasce também no constrangimento. O amor que melhora o outro. O amor que causa uma explosão que só ele é capaz.
Paula Prentiss(ótima) entrega uma Abigail super esperta, porém bem mais insegura do que nos acostumamos a ver nas protagonistas de 'longas irmãos' dirigidos pelo diretor. Prentiss e Rock Hudson(sempre muito bom vê-lo em cena) esbanjam boa química desde o primeiro minuto. A forma como eles percebem, passo a passo, o que são um para o outro é bonita de ver.
Uma screwball comedy do jeito apaixonante que ninguém fez tantas vezes tão bem quanto Howard Hawks.
A dura sobrevivência feminina. A inocência tirada forçadamente pela vida. A culpa interna que não é culpa sua. O medo do julgamento. O medo de perder quem se ama. A imagem criada e projeção do outro que se torna maior que o amor por simples orgulho, bloqueando o que antes era tão puro.
Não é a pobreza que é trágica. E ter que se forçar a viver algo que não é você. A sensibilidade poética da alma fez nascer tudo e a vivência dolorosa mostrou o que vale de verdade. O amor é maior que erros e orgulhos, mas o mesmo não é capaz de consertar o mundo.
Um Polanski movie bem diferente em forma e estilo, porém os temores internos e os males da sociedade que tanto oprimem são bem conhecidos. Drama/romance clássico, triste e belo.
Uma conversa, com um possível flerte. Uma provocação. E algo trágico inesperado. E uma acusação. [Não há mais como ouvir "P.I.M.P." e não pensar nesse filme].
Longa de muitas interpretações, de muitas questões que ficam em aberto. Vemos como o que não aparece aos olhos de todos pode esconder muitas coisas. Vemos como somos um reflexo da vida: um mundo de bagagens e um turbilhão de sentimentos entregues a cada momento, sem ter ideia do que acontecerá no futuro.
Uma trama que investiga tudo bem de perto, todos os cenários e possibilidades lógicas. Que usa o máximo de recursos existentes. E a narrativa faz parte disso. O fazer cinematográfico, cada escolha da diretora no que se refere ao que mostrar ou não mostrar, descortina as emoções e inquietações, gera dúvidas e expõe as dores dos personagens.
Conhecer as fraquezas e falhas de caráter da esposa na relação torna a mesma culpada ou apenas mais humana? Ao termos acesso a parte da intimidade deles passamos a entender o casal e o que aconteceu ou apenas estamos inclinados a acreditar no que queremos crer?
Um filme que busca definir com o máximo possível de razão algo feito totalmente com a emoção, motivado por aquilo que não se comunica e que só o dono da ação de fato entende. E, no final, são os olhos da emoção que enxergam o que os outros não conseguiram ver.
Tanto em relação ao que aconteceu quanto ao que unirá ou não aquelas pessoas: trata-se de uma história que é mais sobre escolhas do que sobre respostas.
Sandra Hüller está maravilhosa. Uma das grandes performances do ano. Um dos melhores filmes de 2023.
P.S.: Chorei forte na cena do cachorro(eu vivi essa merda), se fizerem outra cena assim eu paro de ver filmes.
A mãe que vive um trauma e uma hora a saúde mental não aguenta. O filho que tem um sonho do tamanho do seu coração. A filha que vai em frente e sabe o que quer, mesmo que pessoas em volta não a entendam em muitos momentos. O pai que quer o melhor para os filhos, mas que aprende que os filhos sabem melhor do que ele qual caminho devem seguir.
Por vezes tudo dá errado ao mesmo tempo, mas algo sempre é capaz de clarear as coisas, produzir esperança e fazer com que a família passe a se unir e apoiar novamente. É a cara do Brasil. Um filme muito brasileiro. (PS: E DO NADA o Sorín aparece. Também é um filme muito cruzeirense).
O São Luiz. O Nico. As memórias. Os vazios. O tempo.
É muito sobre Recife. É muito sobre Kleber. Mas também fala de um Brasil com constantes e inevitáveis mudanças. E da paixão enorme de quem ama cinema e de tudo envolta da construção dessa paixão.
Gosto mais do primeiro terço do que do restante, mas o final me deixou bem satisfeito. Filme de grande coração e fácil identificação.
A frieza por vezes criticada de Fincher à serviço de uma história que combina perfeitamente com isso. Um assassino que segue rigorosamente seus padrões de comportamento e rotina para executar suas tarefas e missões. E também para se controlar e manter calmo. Para seguir em frente e dar suas duras e devidas respostas. Ou seja: para lidar com a vida. Tendo o coração 100% frio ou não(talvez seja apenas 99%, vai), vemos como ele responde o que o afeta com vigor e sem misericórdia.
Planejar, agir e cumprir. Não se trata de ter um código de justiça, e sim de reparar o dano e garantir a segurança necessária. Um assassino que trabalha como um relógio suíço. Mas que lida com as próprias falhas, ansiedades e fraquezas. Afinal de contas, num mundo caótico até as melhores máquinas não têm certeza do quanto durarão.
Direção rigorosa(no bom sentido), bem eficiente. Bela atuação do Michael Fassbender, que eu sempre considerei um grandíssimo ator. Pode soar meio vazio, mas é um filme que executa exatamente o que é proposto e reflete o caráter do protagonista. Funciona muito.
A ideia de criminosos condenados descartados pela sociedade lutando pela sobrevivência é interessante. Filme de espaços escuros e apertados, na qual a sujeira(de diferentes tipos) é algo que todos estão acostumados a lidar. O jogo de gato e rato funciona razoavelmente bem como filme de gênero, mas no geral é um típico longa bem genérico de franquias blockbusters do cinema. Fincher fez melhor em todos os outros trabalhos de sua carreira.
A Sociedade da Neve
4.2 717Emoção e sobrevivência.
O impacto é intenso. O ato diário de resistir é desgastante, testa os limites de humanidade.
Condução simples, mas envolvente.
O final pesa um pouco a mão no drama, já era esperado.
História ideal para o tipo de cinema que o Bayona gosta de fazer. Não sou fã, confesso.
Meu Amigo Robô
4.0 84A solidão. A busca por se sentir querido e ter alguém.
A amizade. O amor. O amor pelo outro. O amor pela vida quando sentimos algo lindo por dentro.
Ver o rosto de quem amamos por aí.
O que sonhamos e queremos que nos faz viajar, mas não se concretiza.
O que é substituível(infelizmente ou felizmente?). O que não volta atrás.
O que foi inesquecível e não se apaga. A conexão que sempre irá existir.
O sol que se abre quando não parecia mais ser possível. Os novos sentimentos dão sentido aos dias.
As vivências seguirão despertando lembranças boas, ruins e saudade, mas o novo deve e merece todas as chances.
Uma história sobre o tempo(tão belo quanto cruel) e suas mudanças. Um longa que fala de forma muito madura sobre encontros e separações.
Um cachorro e um robô mostrando o quanto nossos corações são infinitos em complexidade. O cinema é capaz disso.
Inventividade visual e narrativa especiais. E um enorme coração. Belíssimo.
Nimona
4.1 234Encontrar quem goste de nós por sermos quem de fato somos.
A mais bonita beleza é a interior. A bondade e o heroísmo que podem nascer em qualquer lugar.
O que viramos quando o mundo não nos aceita. A solidão do 'diferente'.
A resistência num mundo que rejeita quem não é como a maioria.
Nimona é uma personagem foda. A personagem dá um vigor especial a uma história que poderia ser super comum.
Dias Perfeitos
4.2 280Enxergar a poesia no cotidiano.
Fazer o melhor que pode em qualquer cenário, mesmo com pouco.
Viver a beleza de ser você mesmo.
Viver a própria solitude e os momentos de solidão.
Brincar com as sombras é legal, todos deveriam fazer.
Faz todo sentido um filme como este sair das mãos do diretor de "Paris, Texas" e "Asas do Desejo", duas das obras mais lindas já realizadas.
Elementos
3.7 469Quando os opostos se atraem e fazem despertar algo novo.
Amar quem quiser, ser quem quiser e fazer o que quiser.
Sobre crescer em família e ter um caminho já traçado desde o berço, mas decidir criar seu próprio caminho.
Padrão visual de beleza Pixar. Há alguns lindos momentos de sensibilidade e romantismo.
Os Rejeitados
4.0 319A beleza da conexão humana.
Sobre olhar mais de perto o que num primeiro momento é estranho, desagradável, irritante, chato e diferente do que estamos acostumados.
Sobre olhar mais de perto e ver que todo mundo tá meio quebrado por dentro - os traumas, dores e medos estão ali. Todos têm cicatrizes e defeitos. Sobre compreender isso e a partir daí ser um pouquinho melhor com o outro.
O entendimento que vem ao perceber que todo mundo é parecido e gostaria de estar acompanhado de alguém que se importa, que goste de nós e nos queira bem.
Quando duas pessoas se abrem e mostram vulnerabilidade é como se olhar no espelho.
Comédia dramática típica do Payne, que sabe muito bem criar e colocar na tela bons personagens. E aqui temos 3 belos personagens e atuações.
"Os Rejeitados" não atinge o nível dos melhores filmes do diretor, não tem a sensibilidade e beleza de "Sideways", por exemplo, mas é muito bom, humano e tocante.
Ficção Americana
3.8 374O homem que não consegue se conectar com os outros na vida pessoal e nem na ficção(não pelo menos como ele deseja).
A farsa que conversa com o público em geral. Criar uma conexão com o mundo externo abraçando um eu diferente para ter sucesso.
Entender que quando se trata de consumo externo: o que os outros querem de você acaba sendo mais importante do que quem você é.
Por mais complicado que seja, chutar o balde tem suas vantagens.
A ideia é interessante, por isso o longa chamou a atenção na temporada e fez sucesso.
O humor tem seus momentos, mas é um pouco repetitivo ao bater sempre na mesma tecla.
A história familiar não é ruim, porém não conversa tão bem com o lado crítico e ácido do filme.
Apesar de ter momentos inegavelmente bons, o longa parece um pouco desajustado, não flui como deveria.
Gostei muito de ver juntos em cena dois atores que gosto taanto como Jeffrey Wright e Sterling K. Brown, ambos estão muito bem.
Maestro
3.1 260A música e os amores.
A estrutura é de um drama clássico, faz o filme caminhar de forma consistente.
A montagem e as cenas musicais acontecem no ritmo da inspiração do protagonista.
A primeira parte que mostra a paixão do casal é bonita. A relação entre os dois é o que move o "Maestro". Se a conexão entre os dois revela que eles deveriam ficar juntos, o tempo mostra que a convivência não será fácil.
A vida que Leonard 'precisa'/deseja ter é dura demais para uma esposa aceitar(e como aceitar, né?).
O filme mergulha nessa dificuldade deles não conseguirem ter uma relação 'normal'.
O peso dos anos, desgaste e cicatrizes são sentidos. Assim como também o amor em toda sua complexidade.
Por mais magoada e já distante, Felicia jamais perde o encantamento no olhar ao ver o talento do marido nas apresentações e também não deixa apoiá-lo de coração nesses momentos - e em toda a carreira.
Leonard se envolve com alguns homens, mas jamais deixa de achar que a sua companheira de vida deve ser Felicia.
Uma história de amor entre duas pessoas que se magoam, porém entendem o que são um para o outro. Nas horas mais importantes eles precisam, devem e querem ficar juntos.
Complexo, torto, porém humano. Boas atuações da dupla principal. Adoro a Mulligan.
Zona de Interesse
3.6 593 Assista AgoraZona desinteressante.
Funciona quase que totalmente como uma ideia automaticamente concebida(que depende do conhecimento histórico prévio do espectador), e não como um filme em si. É um problema. Obviamente, todas as nossas avaliações como espectador são subjetivas e afetadas por nossas experiências de vida, porém um filme que não sai minimamente da sua zona de conforto(ou seria de 'interesse'? não resisti) e não suja as mãos é decepcionante.
"Zona de Interesse" fica preso no seu senso de autoimportância e não vai além disso, além da sua premissa.
Um Sub-Haneke. Podemos dizer isso em relação a objetividade muito direta(e eventual frieza) característica do diretor austríaco, mas as obras de Haneke geralmente mexem conosco de alguma forma. Esse aqui pouco faz isso. Vemos o cotidiano dos personagens e um mundo que ignora a crueldade que ocorre lá fora, porém tudo é tão sem contundência que o que sobra é apenas um longa vazio. Simplesmente não há envolvimento, não há como se importar com nada colocado na tela.
Fica de positivo o uso excelente do som, o mesmo mostra que há algo terrível por perto.
P.S.: Não curti esse, mas quero todos os anos 2 filmes de destaque com a maravilhosa Sandra Huller.
O Menino e a Garça
4.0 216O tempo da gente.
Um garoto e seu luto. Um Japão que lida com sua tragédia. Uma família em reconstrução.
Miyazaki revisita o passado, constrói um presente de traumas e fantasia(sombrio e colorido ao mesmo tempo) e olha com esperança para o futuro.
Visualmente é um filme absolutamente espetacular, hipnotizante. Uma obra sobre os labirintos da mente, da alma e da percepção de mundo.
Fantasia e realidade jamais soltam as mãos nesta grande viagem onírica sobre escape das angústias, entendimento interior e reconciliação com o seu próprio universo.
Aceitar o que foi vivido e perceber o amor recebido. Querer voltar, mas agora sabendo que pode dar mais em troca.
Entender que a beleza em volta e a poesia que se vê, sente e não se pode explicar são acima de tudo uma questão de olhar.
Escolher o amor numa realidade de cicatrizes, turbilhões e inevitáveis dores. Não poderia ser mais Miyazaki.
Caso tenha sido a despedida do fantástico diretor: Obrigado por tudo! Seu cinema incrivelmente rico em detalhes, significados e beleza nunca será esquecido.
Segredos de um Escândalo
3.5 313O eu e o outro.
Um olhar acerca do processo de criação: da arte, de um personagem e sua caracterização.
Do quanto você coloca nisso no processo e do quanto esse mergulho em outra vida te transforma.
Um filme sobre falsas aparências. Um mundo, vida e relação construídas num terreno tão complicado que se varre para debaixo do tapete uma reflexão maior em relação ao que iniciou essa história.
Uma obra sobre se sentir preso. E não conseguir falar, nem desvencilhar da conexão construída, pois a dependência emocional e psicológica são grandes demais.
Fingir normalidade para tornar tudo mais suportável de lidar. Mas até que ponto e até quando se pode minimizar algo tão profundo? O incômodo e alguma angústia sempre estarão presentes.
Na vida ou na arte, somos afetados o tempo todo, mas cada um é protagonista de sua complexa história. Apenas quem sentiu na pele pode dizer o que viveu.
Julianne Moore, Natalie Portman e Charles Melton ótimos. Todd Haynes sabe o que faz.
Pobres Criaturas
4.1 1,1KFome de (re)viver.
"Pobres Criaturas" parte do clássico 'criador e criatura' para mostrar quem de fato são as criaturas.
O domador e o ser domado. Apenas quando se perde o controle do outro se vê a verdadeira face do sentimento e interesse.
O prazer da descoberta. A paz do não-saber. A dor de conhecer o mundo como ele é.
O conhecimento que clareia a mente e mostra o caminho a ser traçado.
A maior das experiências é vivenciar a verdadeira liberdade, a aventura que é ser você mesma. Uma liberdade que apenas por existir confronta os costumes, as prisões e um mundo criado pelo que há de pior nos homens.
Quem já não gostava do cinema de Lanthimos vai continuar não curtindo seus 'exageros', 'excentricidades' e 'humor particular', seguirá enxergando fortemente isso neste longa.
Os que curtiram os filmes anteriores, provavelmente vão gostar muito e se envolver com esse seu mais novo filme.
Belo momento de Emma Stone e Willem Dafoe(sempre, né) no cinema, ambos brilham.
Copacabana Mon Amour
3.9 77 Assista AgoraDedo no c* e gritaria. Putaria e bruxaria.
A música que retrata uma época culturalmente inspirada.
O calor carioca de todas as épocas. O descontentamento com a realidade do momento - que também não mudou.
A grande turbulência que é viver. O grande caos que é amar.
Um cinema livre de amarras em temas e linguagem. Sganzerla é do caralho.
Afire
3.8 51Aquele que não sabe viver.
Um filme sobre um personagem incapaz de se relacionar. De fazer parte do mesmo ambiente que outras pessoas. Que vive uma rotina de profundo incômodo.
Um protagonista que é o oposto dos outros, que vivem e compartilham genuinamente o que são, querem, sentem, sonham, vivem e respiram. Que possuem mentes e corpos livres.
Um autor incapaz de chegar minimamente perto do que deseja, do que o toca.
De demonstrar o que sente por sua musa. Incapaz de viver, sentir e se entregar aos momentos.
Um observador da vida. E apenas isso. Mas não por vontade própria.
As metáforas são fortes e ricas, fluem bastante bem na narrativa. Há algo de sobrenatural que não se explica. Embora o filme respire uma simplicidade fascinante nas interações e ambiente, existe algo que torna aquele local meio mágico e também muito misterioso.
Um escritor incapaz de viver como poderia - e deveria. E justamente por conta dessa incapacidade ele atinge o mínimo de humanidade, colocando no papel, na sua obra, na sua arte algo real, seu, bonito e de coração.
A dor e a perda que ensinam e viram matéria para algo belo e eterno.
Paula Beer. S2
Outro grande longa de Petzold.
Godzilla: Minus One
4.1 302Melodrama e espetáculo.
Trauma e finalmente se permitir recomeçar.
"Godzilla" resgata muito a questão histórica e tradicional da honra. De cumprir o seu papel pelo bem do país, essa coisa patriótica que está acima das razões pessoais. Porém, esse dever está envolto em enorme culpa. Uma culpa que martiriza e não deixa seguir em frente.
O Godzilla é visualmente espetacular. Muitas das imagens mais poderosas e inesquecíveis do ano estão neste filme. São sequências que colocam obras dos EUA de caráter similar no bolso.
O contexto, o uso e a presença do personagem-título dialogam com presente e passado, acompanham as evoluções técnicas(e como impressiona) e de gênero.
Um filme que investe no clássico, mas que também olha para a frente e entende o novo.
O novo que existe na possibilidade de construir uma família com pessoas que não tinham mais nada e, agora, podem ter tudo. Que entende que construir uma família com amor é maior do que qualquer coisa.
Longa de olhar maduro sobre as guerras tão catastróficas e o resultado das mesmas.
E também sobre humanidade.
O improvável milagre da vida e do amor construído do zero. Final bonito.
Folhas de Outono
3.8 100*Possíveis spoilers abaixo!*
Quando surge um transformador sim num mundo de nãos.
Uma realidade na qual tudo em volta é difícil e incerto. Um mundo de desemprego.
Um mundo em guerra. Um mundo de frieza. De defeitos e contratempos que (quase) afastam as possibilidades de se enxergar algo bom dentro de uma rotina de empregos monótonos, instáveis, ruins.
Uma vida de solidão e desesperança. Personagens muito humanos, cheios de defeitos, banhados numa calmaria paralisante. Mas há algo que aproxima e une de forma improvável e muito bonita os dois protagonistas.
Duas pessoas comuns como todas as outras naquela cidade. Duas pessoas que se conectam. Mesmo quando tudo indica que é difícil se conectar - e até se encontrar. Mesmo que remeta a dores e traumas.
Apesar de todos os vários contratempos do destino, a frieza e o cinza vão dando espaço a uma nova possibilidade. A novas possibilidades de companhia e sorrisos. Dão espaço a luz. A luz no presente e a um futuro melhor sem solidão.
Os silêncios. As músicas. Os desencontros. O humor. O amor sem muito jeito, mas sincero. Tudo encanta. Está tudo no lugar certo.
Lindamente dirigido e atuado. Um dos melhores filmes de 2023.
Caçador de Morte
3.7 54Vivendo no Limite.
Vivendo no perigo.
Vivendo segundo seus próprios termos, códigos de conduta e sem se importar com o que os outros estão pensando. Os personagens apenas fazem o que precisa ser feito, o necessário segundo os próprios. Apenas vão em frente.
O policial e o motorista. Prenda-me Se For Capaz. Um jogo de gato e rato muito consciente. Obsessão e perfeição. As formas de proceder de ambos, tão particulares, os tornam imprevisíveis e mais parecidos um com o outro.
As apostas são altas. Os riscos também. Porém não existe medo, pois não há pessoas e relações a perder. Não há espaço para isso nesse tipo de vida.
Filme de mais silêncio que palavras. As palavras do motorista e da jogadora são sempre muito, muito diretas. Tão diretas quanto suas ações.
Uma obra movida e resolvida pela ação. Pelas longas perseguições de carros fabulosas(das melhores do cinema). Pelos rastros e corpos que ficam. E também, claro, pelos mistérios escondidos e motivações que só os próprios personagens sabem exatamente quais são.
Belo trio principal de atores. Grande filme.
O Esporte Favorito dos Homens
4.1 18Amor & Humor.
O amor que desarma.
O amor que nasce também no constrangimento.
O amor que melhora o outro.
O amor que causa uma explosão que só ele é capaz.
Paula Prentiss(ótima) entrega uma Abigail super esperta, porém bem mais insegura do que nos acostumamos a ver nas protagonistas de 'longas irmãos' dirigidos pelo diretor.
Prentiss e Rock Hudson(sempre muito bom vê-lo em cena) esbanjam boa química desde o primeiro minuto. A forma como eles percebem, passo a passo, o que são um para o outro é bonita de ver.
Uma screwball comedy do jeito apaixonante que ninguém fez tantas vezes tão bem quanto Howard Hawks.
Tess: Uma Lição de Vida
3.7 125 Assista AgoraTarde demais para amar.
A dura sobrevivência feminina. A inocência tirada forçadamente pela vida. A culpa interna que não é culpa sua.
O medo do julgamento. O medo de perder quem se ama. A imagem criada e projeção do outro que se torna maior que o amor por simples orgulho, bloqueando o que antes era tão puro.
Não é a pobreza que é trágica. E ter que se forçar a viver algo que não é você.
A sensibilidade poética da alma fez nascer tudo e a vivência dolorosa mostrou o que vale de verdade.
O amor é maior que erros e orgulhos, mas o mesmo não é capaz de consertar o mundo.
Um Polanski movie bem diferente em forma e estilo, porém os temores internos e os males da sociedade que tanto oprimem são bem conhecidos. Drama/romance clássico, triste e belo.
Amo você, Nastassja Kinski.
Anatomia de uma Queda
4.0 807*Possíveis spoilers abaixo!*
Escolher acreditar.
Uma conversa, com um possível flerte. Uma provocação.
E algo trágico inesperado. E uma acusação.
[Não há mais como ouvir "P.I.M.P." e não pensar nesse filme].
Longa de muitas interpretações, de muitas questões que ficam em aberto. Vemos como o que não aparece aos olhos de todos pode esconder muitas coisas.
Vemos como somos um reflexo da vida: um mundo de bagagens e um turbilhão de sentimentos entregues a cada momento, sem ter ideia do que acontecerá no futuro.
Uma trama que investiga tudo bem de perto, todos os cenários e possibilidades lógicas. Que usa o máximo de recursos existentes. E a narrativa faz parte disso.
O fazer cinematográfico, cada escolha da diretora no que se refere ao que mostrar ou não mostrar, descortina as emoções e inquietações, gera dúvidas e expõe as dores dos personagens.
Conhecer as fraquezas e falhas de caráter da esposa na relação torna a mesma culpada ou apenas mais humana?
Ao termos acesso a parte da intimidade deles passamos a entender o casal e o que aconteceu ou apenas estamos inclinados a acreditar no que queremos crer?
Um filme que busca definir com o máximo possível de razão algo feito totalmente com a emoção, motivado por aquilo que não se comunica e que só o dono da ação de fato entende. E, no final, são os olhos da emoção que enxergam o que os outros não conseguiram ver.
Tanto em relação ao que aconteceu quanto ao que unirá ou não aquelas pessoas: trata-se de uma história que é mais sobre escolhas do que sobre respostas.
Sandra Hüller está maravilhosa. Uma das grandes performances do ano.
Um dos melhores filmes de 2023.
P.S.: Chorei forte na cena do cachorro(eu vivi essa merda), se fizerem outra cena assim eu paro de ver filmes.
Marte Um
4.1 302A mãe que vive um trauma e uma hora a saúde mental não aguenta.
O filho que tem um sonho do tamanho do seu coração.
A filha que vai em frente e sabe o que quer, mesmo que pessoas em volta não a entendam em muitos momentos.
O pai que quer o melhor para os filhos, mas que aprende que os filhos sabem melhor do que ele qual caminho devem seguir.
Por vezes tudo dá errado ao mesmo tempo, mas algo sempre é capaz de clarear as coisas, produzir esperança e fazer com que a família passe a se unir e apoiar novamente.
É a cara do Brasil. Um filme muito brasileiro.
(PS: E DO NADA o Sorín aparece. Também é um filme muito cruzeirense).
Bonito longa de Gabriel Martins.
Retratos Fantasmas
4.2 229"Vejam Barbarella mandando brasa."
Vida e arte como uma só.
O São Luiz. O Nico. As memórias. Os vazios. O tempo.
É muito sobre Recife. É muito sobre Kleber.
Mas também fala de um Brasil com constantes e inevitáveis mudanças.
E da paixão enorme de quem ama cinema e de tudo envolta da construção dessa paixão.
Gosto mais do primeiro terço do que do restante, mas o final me deixou bem satisfeito.
Filme de grande coração e fácil identificação.
O Assassino
3.3 514O que deve ser feito.
A frieza por vezes criticada de Fincher à serviço de uma história que combina perfeitamente com isso. Um assassino que segue rigorosamente seus padrões de comportamento e rotina para executar suas tarefas e missões. E também para se controlar e manter calmo. Para seguir em frente e dar suas duras e devidas respostas. Ou seja: para lidar com a vida.
Tendo o coração 100% frio ou não(talvez seja apenas 99%, vai), vemos como ele responde o que o afeta com vigor e sem misericórdia.
Planejar, agir e cumprir. Não se trata de ter um código de justiça, e sim de reparar o dano e garantir a segurança necessária.
Um assassino que trabalha como um relógio suíço. Mas que lida com as próprias falhas, ansiedades e fraquezas. Afinal de contas, num mundo caótico até as melhores máquinas não têm certeza do quanto durarão.
Direção rigorosa(no bom sentido), bem eficiente. Bela atuação do Michael Fassbender, que eu sempre considerei um grandíssimo ator.
Pode soar meio vazio, mas é um filme que executa exatamente o que é proposto e reflete o caráter do protagonista. Funciona muito.
Alien 3
3.2 541 Assista AgoraO sacrifício frente ao inevitável.
A ideia de criminosos condenados descartados pela sociedade lutando pela sobrevivência é interessante.
Filme de espaços escuros e apertados, na qual a sujeira(de diferentes tipos) é algo que todos estão acostumados a lidar. O jogo de gato e rato funciona razoavelmente bem como filme de gênero, mas no geral é um típico longa bem genérico de franquias blockbusters do cinema.
Fincher fez melhor em todos os outros trabalhos de sua carreira.