Foi bastante tempo sem um filme da Marvel para assistir. A distância dos cinemas por causa da pandemia impactou isso, mas o Disney Plus chegou ao Brasil e, junto dele, os lançamentos da produtora. Na última semana foi a vez de ‘Viúva Negra’ chegar nas plataformas de streaming do país e, com isso, ganhar espaço aqui na coluna semanal sobre cinema.
No filme acompanhamos a vida de Natasha Romanoff após os eventos de Guerra Civil. Se escondendo do governo devido a sua aliança com o Capitão América, Natasha ainda precisa confrontar sua história quando surge uma conspiração perigosa ligada ao passado. Perseguida por uma força que não irá parar, ela terá que lidar com sua vida de espiã, e reencontrar membros de sua família que abandonou antes.
O desafio de fazer esse filme era enorme. Isso porque ele é um longa-metragem que sai depois de ‘Vingadores – Ultimato’, onde conhecemos o final da personagem. Então, mesmo sabendo do final, iriamos acompanhar uma produção que tinha como objetivo aprofundar a história de uma das mais importantes – e subestimadas – personagens do universo Marvel.
Aqui não vemos situações do passado antes dela entrar nos Vingadores, mas sim o que ela viveu após a Guerra Civil e antes da chegada de Thanos. A ideia foi boa e fez com que o público se aproximasse mais da personagem. Por mais que ela fosse uma das mais antigas do MCU, não havia muita coisa do seu passado e o seu tempo de tela nunca foi muito grande. Agora a empatia cresce muito mais.
A viúva negra é uma personagem com muitas camadas e sempre se mostrou muito dura nos filmes da Marvel – com exceção do último. Agora temos a oportunidade de conhecer de forma profunda a personagem, seus medos e defeitos. Por mais que não seja uma história de origem, ela traz muitas reflexões que nos fazem pensar no que aconteceu para ela chegar onde chegou.
Isso, aliado a atuação de Scarlett Johansson e dos três principais coadjuvantes – Florence Pugh, Rachel Weisz e David Harbour – faz com que a experiência cinematográfica seja mais bem aproveitada. Isso porque, por mais que eles tenham pouco espaço de tela, suas tramas são verossímeis e o carisma de todos faz com que o desenrolar seja com fluidez e natural.
Para quem não assistiu, ‘Viúva Negra’ é uma ótima pedida para este feriadão que se aproxima. Como eu sou um receoso da pandemia, acho que vocês devem ficar em casa (quem puder) e assistir ao longa-metragem. Como dito no início, ele já está disponível no serviço de streaming da Disney e funciona tanto para quem é um fã do universo criado da Marvel como para quem procura um bom entretenimento.
Infelizmente os cinemas seguem com restrições e este colunista que vos escreve acredita que o momento ainda é de se resguardar. Por isso, essa semana trago um filme que chegou ao Brasil diretamente nas plataformas de streaming. Estou falando de ‘Luca’, animação disponível no Disney Plus, que é uma ótima opção para assistir neste final de semana – com toda a família.
Em ‘Luca’, acompanhamos uma história de amadurecimento sobre um jovem que vive um verão inesquecível repleto de sorvetes, massas e passeios intermináveis de scooter. Luca compartilha essas aventuras com seu novo melhor amigo, mas toda a diversão é ameaçada por um segredo profundamente bem guardado: eles são monstros marinhos de outro mundo, logo abaixo da superfície da água.
Essa é mais uma animação da Pixar e eu preciso dizer o óbvio: aqui teremos emoção e uma mensagem impactante no final – além de ser feito para todos os públicos. Contudo, ao contrário dos filmes mais recentes do estúdio, não temos aquela profundidade de camadas e a mensagem subliminar. O filme se permite ser mais simples no seu discurso, porém isso não afeta no objetivo final.
Vemos o medo do preconceito muito presente em todo o longa-metragem. Isso tanto de quem sofre como de quem é o preconceituoso. O ponto é que, quando isso passa para o ponto de vista da criança, a leitura é diferente. Isso porque sentimentos como esse estão permeados nos adultos, mas não nos jovens. É aqui que o filme ganha pela simplicidade sequer precisar abordar essa temática.
Ele foca na aventura e nos medos dos jovens e nos preconceitos dos adultos. Obviamente que tem o vilão caricato também, mas até nisso a Pixar acerta ao controlar a dosagem do personagem. Tudo funciona muito bem e isso traz o envolvimento e a emoção necessária. Sem falar do ambiente. Tanto a Itália quanto o fundo do mar ficaram lindos sob o ponto de vista do diretor Enrico Casarosa.
‘Luca’ é uma ótima pedida para quem está sem saber o que vai fazer neste final de semana. Está disponível no serviço de streaming da Disney e pode ser visto por todos os públicos – seja separado ou ao mesmo tempo. Provavelmente deve aparecer nas temporadas de premiações. Uma pena não poder ter sido apreciado nos cinemas, tendo o visual exuberante na grande tela. Contudo, mesmo assim, vale muito a pena.
Recentemente eu trouxe aqui nesse espaço o texto falando do filme ‘Um Lugar Silencioso’. O longa-metragem foi uma grata surpresa no ano de 2018 pelo clima criado em um misto de terror e suspense. A recepção da crítica e do público foi tão grande que uma sequência foi anunciada. E é essa sequência que ganha espaço aqui no espaço de críticas desta semana.
Em ‘Um Lugar Silencioso - Parte 2’, logo após os acontecimentos mortais do primeiro filme, a família Abbott precisa agora encarar o terror mundo afora, continuando a lutar para sobreviver em silêncio. Obrigados a se aventurar pelo desconhecido, eles rapidamente percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças que os observam pelo caminho de areia.
Como eu citei anteriormente, a primeira parte da franquia é muito boa e o ambiente do cinema faz com que cresça demais. Infelizmente não tive essa experiência desta vez. Devido a pandemia, optei por assistir o longa-metragem em casa e posso adiantar que temos uma grande sequência, mas que perde pontos quando não se assiste nos cinemas. O ambiente e a concentração não são as mesmas.
Contudo, mesmo sem o mesmo ambiente e com os riscos de uma sequência desnecessária, ‘Um Lugar Silencioso – Parte 2’ consegue entreter o público e entregar uma história simples, mas competente. Ela não visa aumentar a mística do universo criado e sim trabalha na sequência dos acontecimentos da família Abbott em meio ao caos que se vive.
Apesar de não focar na explicação dos acontecimentos, o filme traz algumas referências no início e apresenta um final esperançoso. Isso já mostra uma diferença grande entre os dois filmes: enquanto o primeiro tinha um arco fechado, essa segunda parte deixa ganchos para uma sequência – um spin-off já foi confirmado – que pode sim ampliar o universo e explicar mais sobre esse mundo.
‘Um Lugar Silencioso – Parte 2’ agrada aos fãs que assistiram ao primeiro filme da franquia – mesmo sem a experiência cinematográfica. Apesar de perder bilheteria exatamente pela falta dos cinemas, o longa-metragem vem agradando a crítica devido ao trabalho de direção e atuação. Tudo isso novamente em um roteiro simples e coeso. Mais uma bola dentro para este universo – aguardo que a academia veja dessa vez.
Existem filmes que ficam para sempre no nosso imaginário. Um deles é ‘Space Jam’, estrelado por Michael Jordan nos anos 90... Porém o saudosismo resolveu atacar novamente e, anos depois, temos uma nova versão daquele filme com mais uma grande estrela do basquete. É sobre ‘Space Jam – Um Novo Legado’ e Lebron James que trata o espaço de cinema desta semana.
Em ‘Space Jam: Um Novo Legado’, a inteligência artificial sequestra o filho de Lebron James e envia o jogador para uma realidade paralela, onde vivem apenas os personagens da Warner. Para resgatar o seu filho, ele precisará vencer uma partida de basquete contra superversões das estrelas da NBA e da WNBA. Para essa dura missão, King James terá a ajuda de Pernalonga, Patolino, Lola Bunny entre outros personagens.
Que filme gostoso de assistir! Acho que essa é a melhor definição que se pode fazer sobre o novo longa-metragem. Primeiro pela experiência de poder rever personagens tão queridos pela nossa infância e segundo pela história. Isso porque, apesar de cair em vários clichês, ela cumpre o seu papel de divertir o público. Eu mesmo assisti no final deste domingo de forma muito leve.
Rever esses personagens e ver os outros easter-eggs são o ponto alto do filme. Digo isso porque não são apenas os personagens de 96 que aparecem, mas também referências a todo o universo da Warner. Temos Harry Potter, Matrix, DC Comics, Game of Thrones... Diversos personagens homenageados em algo divertido e que serve para apresentar a franquia para uma nova geração.
Contudo, talvez aqui esteja minha única ressalva ao filme: poderia ser mais nostálgico. Obviamente que o filme tem o saudosismo muito presente, mas o foco está mais em apresentar o conceito para uma nova geração. Isso é louvável, mas eu sou o chato que queria mais fan service no filme. Queria mais recordações do passado e menos apresentações para essa geração atual que sequer conhece alguns personagens.
Posso criticar também os clichês sobre motivação que envolvem a relação de Lebron com o seu filho ou ainda o vilão mais clichê e espalhafatoso, mas quero terminar falando sobre o sentimento de poder rever Patolino, Taz, Lola, Ligeirinho... Todos personagens queridos pelo público mais velho e que não apareciam há bastante tempo nas telonas ou na televisão dos brasileiros.
‘Space Jam – Um Novo Legado’ funciona tanto para a nova geração quanto para o público saudosista (no meu caso esperava mais) e cumpre o papel de entreter o público. Tomara que esse seja o filme que traga novamente personagens tão queridos por nós para os cinemas – talvez com outros esportes. Ganchos para uma sequência ficaram no ar, mas temos de aguardar para crer.
Na última semana a gente falou sobre o especial de ‘Um Maluco no Pedaço’ e muitos esperaram que, dessa vez, viesse para cá ‘Friends: The Reunion’. Como gosto de atender os desejos das pessoas, trago a minha opinião sobre o reencontro de mais uma grande série estadunidense e que também faz parte do catálogo de lançamento da HBO Max – novo serviço de streaming – no Brasil.
Assim como no especial que trouxe na semana passada, aqui também temos a ideia de brincar com a nostalgia do público ao promover o encontro de um elenco muito carismático e que fez sucesso. Então é impossível dizer que esse produto daria errado ou que não teria a audiência esperada. Todos aguardavam por isso ao longo dos anos e pode-se dizer que as expectativas foram alcançadas e superadas.
Ao contrário do que foi feito com a série de Will Smith, nesse caso temos um apresentador, plateia e diversas participações especiais. Além disso, existem interações entre os participantes em jogos e brincadeiras. Pode-se dizer que esse encontro de Friends é mais emblemático e emocionante para os fãs, mas tenho algumas ressalvas em comparação ao especial da última semana.
De ponto positivo – quando se comparam as diferenças – temos a participação de outros personagens secundários. Isso é muito importante porque foge um pouco apenas do núcleo principal. Senti muita falta disso na reunião de ‘Um Maluco no Pedaço’, que focou apenas nos protagonistas. Nesse encontro de ‘Friends’ temos o ressurgimento de diversos personagens que tinham um carinho do público.
Contudo, algo me incomodou no reencontro de ‘Friends’. Em determinado momento, a direção resolve rodar pelo mundo e entrevistar anônimos e famosos sobre sua relação com ‘Friends’. Talvez isso tenha funcionado para quem é muito fã da série, mas no meu caso, eu queria ver mais cenas de bastidores e do sexteto. Como o especial é longo, essa parte me incomodou e a achei desnecessária – mesmo sabendo do proposito.
Entre prós e contras, a reunião de ‘Friends’ alcançou com êxito o seu objetivo: ser um dos diferenciais da HBO Max e fazer grande audiência com o público saudosista e nostálgico que sente falta da sitcom. Vale muito a pena para quem sente saudade da série que marcou uma geração e, provavelmente, será a última vez que veremos o sexteto reunido em algum programa.
Essa é uma das críticas mais difíceis de escrever, pois desde que trabalho nesta coluna, nunca teve uma produção que tratava da nostalgia comigo nesta intensidade. Estou falando de ‘The Fresh Prince of Bel-Air Reunion’, que estreou no Brasil junto do novo serviço de streaming HBO Max. Esse documentário especial para celebrar a série que marcou uma geração é um dos carros-chefes da plataforma.
Em comemoração ao 30º aniversário da série, o elenco de ‘Um Maluco no Pedaço’ se reúne para um especial. Gravado no cenário recriado da sala de estar da série, esta reunião relembra o papel de Will Smith como uma versão ficcional de si mesmo, enviado do oeste da Filadélfia para Bel-Air para viver com seu rico tio Phil e sua família, e o impacto cultural da série inovadora de seis temporadas.
Nesse caso não tem como analisar aspectos técnicos. É a reunião de um elenco que fez muito sucesso se reencontrando e relembrando passagens memoráveis de uma série que marcou gerações. Todos muito bem sintonizados e brincando. Um reencontro de amigos que lembra o que fazemos quando reunimos os antigos colegas de classe. Tem risada, brincadeira e boas lembranças.
Muitas dessas lembranças trazem a emoção. Os momentos de recordação de cenas impactantes – como a cena do pai de Will – e os flashbacks de James Avery, que interpretava o tio Phil e faleceu em 2013, fazem com que as lágrimas escorram nos olhos. Não tem como não se emocionar ao se recordar dele e ouvir todos falando da importância que ele tinha para a série.
É muito fácil rir também ao assistir ao documentário. Alfonso Ribeiro é um caso a parte e diverte a todos. Foi muito legal rever o elenco reunido, mas senti falta de personagens secundários e importantes: mãe de Phil, mãe de Will e suas irmãs, os outros amigos da Philadelphia e algumas das namoradas do protagonista. Foram muitos personagens pequenos e marcantes que poderiam ter sido recordados.
Contudo, o momento mais impactante, foi o encontro das duas atrizes que interpretaram a tia Vivian no decorrer da série. Isso porque Will nunca mais tinha se encontrado com Janet Hubert. Além do reencontro deles e do elenco todo, temos as explicações dos motivos que culminaram na troca das atrizes. Tudo isso junto com a redenção de Will Smith sobre o caso.
‘The Fresh Prince of Bel-Air Reunion’ funciona perfeitamente como o fechamento de tudo o que a minha geração acompanhou. Mesmo sendo simples e sem grandes rodeios – como outro especial que deve aparecer por aqui em breve – a produção ataca diretamente no nosso coração com a nostalgia de rever atores e personagens marcantes relembrando momentos que estão na história da televisão.
Existem personagens que entram para a eternidade pelo seu trabalho. Isso acontece no mundo todo e não seria diferente no Brasil. O que dizer então de um sambista e humorista que fez história nas duas artes e, em sua passagem meteórica pela terra, marcou uma geração de brasileiros. Estou falando de Mussum, membro dos trapalhões e que teve um documentário contando sua trajetória. É sobre ele que falaremos hoje.
O documentário acompanha a trajetória de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o "Mussum", contada de diferentes ângulos. São reveladas facetas mais sérias da figura que foi eternizada no imaginário popular brasileiro por sua participação no programa "Os Trapalhões". Por trás de sua persona humorística e debochada, Antônio Carlos mantinha uma rotina de responsabilidades com sua família, projetos e compromissos.
“Mussum, um Filme do Cacildis” é um documentário que repete a fórmula de imagens de arquivo e entrevistas exclusivas (filhos, atores e membros dos trapalhões), mas que também traz recursos narrativos e visuais muito diferentes. Referências na paleta de cores que remetem a Mangueira e retrata as duas vidas que o artista levou: humorista e sambista – um dos maiores para quem desconhece.
Obviamente que a ideia do documentário é retratar a passagem de Mussum pelo samba e pela comédia, mas ele também pincela momentos interessantes envolvendo os casamentos e filhos dele e sua relação com o racismo. Obvio que a ideia do documentário não é polemizar, então momentos que poderiam ser mais aprofundados, acabam passando batido.
Também prejudica um pouco a falta de linearidade em alguns momentos. Fica confuso – talvez porque a vida dele era assim – compreender os momentos que estamos acompanhando de sua vida. Contudo, devido aos momentos apresentados com os trapalhões, com a família e com o samba em sua vida boemia, tudo vale a pena. Muito a pena pela história.
Me chama muito a atenção a presença de Renato Aragão no documentário. Não fica claro se é imagem de arquivo ou entrevista exclusiva para a produção, mas é legal ver ele relembrando momentos como a morte de Zacarias e, posteriormente, de Mussum. Infelizmente ele nos deixou cedo, mas com uma história rica no circo, televisão e barracões de samba. Que todos possam ver e relembrar do querido Mussum.
Há cada semana a gente compreende a importância deste espaço para os finais de semana dos nossos assinantes. Isso porque muitos estão ficando em casa devido a pandemia do coronavírus e os filmes apresentados aqui estão disponíveis nos serviços de streaming. Isso faz com que as pessoas tenham opções do que fazer durante o final de semana. Por isso hoje trago ‘A Casa Caiu – Um Cassino na Vizinhança’.
Em ‘A Casa Caiu – Um Cassino na Vizinhança’, após gastar todo o dinheiro guardado no fundo destinado para pagar a faculdade de sua filha, um homem reúne seus amigos para montar um cassino ilegal em seu porão como forma de recuperar o dinheiro. O filme é estrelado por nomes como Will Ferrell, Amy Poehler e Jason Mantzoukas; que já figuraram em outras críticas deste espaço.
Já posso adiantar dizendo que as risadas do humor trazido pela dupla Will Ferrell e Amy Poehler são impagáveis. É muito fácil se divertir e deixar o tempo passar enquanto acompanha a trama. Obviamente que, como muitos devem imaginar, esse é o tipo de filme para desligar o cérebro e permitir a diversão. É assim que tudo funciona e faz com que se tenha algo leve no final de semana.
Obviamente que são diversos os clichês trazidos, como o vereador que se acha o dono da cidade e a ideia de colocar a família contra a comunidade quando se pensa na bolsa de estudos vs um clube de piscina. Contudo, ao assistir o filme, as galhofas – principalmente envolvendo a parte “agressiva” do cassino, faz com que tudo se torne divertido e engraçado.
As falhas existem e ‘A Casa Caiu – Um Cassino na Vizinhança’ está longe de ser uma produção perfeita. Contudo, o longa-metragem disponível na Netflix não se propõe a ser perfeito. Ele se propõe a divertir e isso é alcançado graças a trama surpreendente e ao carisma dos protagonistas. E, para quem não conhece Jason Mantzoukas, assistam Brooklyn Nine-Nine que vão saber do que estou falando.
Um filme cheio de polêmicas e que era muito aguardado desde 2019, quando teve sua estreia anunciada e adiada. ‘Marighella’, dirigido por Wagner Moura, finalmente chega ao Brasil. Primeiro em filme e já com o projeto de ser transformado em uma série da Globo, o longa-metragem gera a curiosidade em muitos devido a história do protagonista e o momento político de hoje.
Neste filme biográfico, acompanhamos a história de Carlos Marighella, em 1969, um homem que não teve tempo pra ter medo. De um lado, uma violenta ditadura militar. Do outro, uma esquerda intimidada. Cercado por guerrilheiros 30 anos mais novos e dispostos a reagir, o líder revolucionário escolheu a ação. Marighella era político, escritor e guerrilheiro contra a ditadura militar brasileira.
Antes de começar a falar propriamente do filme, cabe ressaltar que não serão abordados neste texto os aspectos políticos, mas sim cinematográficos do projeto. Um excelente projeto por sinal. Grandes atuações em uma história que apresenta o político que viveu no Brasil durante o regime militar e trabalhou para tentar retomar o processo democrático ao país.
O protagonista é interpretado por seu Jorge, mas o elenco conta com outros nomes conhecidos, como Bruno Gagliasso e Adriana Esteves. Tudo isso sob direção de Wagner Moura, que lutou muito para ver o seu filme no ar. Apesar de retratar um momento político recente do Brasil, muitas vezes o filme acaba se tornando um thriller policial que destaca a liderança de Marighella.
A idolatria que o protagonista vive é mostrada várias vezes, mas felizmente os outros personagens também tem seu espaço. Tanto é que existem algumas cenas bem emblemáticas onde seu Jorge não está envolvido. Esse tempo – o filme é bem longo – para outros personagens auxilia na experiência e nos aspectos de empatia e preocupação com os demais personagens.
Contudo, é preciso deixar um aviso: existem cenas que embrulham o estômago. Por retratar um momento específico onde houve casos de tortura no Brasil, a produção opta por deixar explícito alguns métodos que ficaram populares. Isso sem falar em assassinatos realizados pelos dois lados da história. É necessário estar preparado para esses momentos.
‘Marighella’ é um filme que vai ter um bom público. Seja de militantes, pessoas que não gostam dele ou até curiosos que não tinham conhecimento de sua história. Muitos estão querendo ver também pela demora que envolveu o seu lançamento. É um filme que vale a pena ser visto. Seja por retratar um período recente do Brasil como também pelos aspectos técnicos que o permeiam. Mas repito: preparem-se para cenas fortes.
Mais uma semana e mais uma coluna de indicações de filmes para vocês. Devido a pandemia do coronavírus, seguimos sem trazer os grandes lançamentos e sim filmes leves para que vocês possam descansar e se entreter durante o final de semana. Dessa vez, o longa-metragem escolhido foi ‘Um Tio Quase Perfeito 2’, sequência estrelada por Marcus Majella.
Em ‘Um Tio Quase Perfeito 2’, longe da vida de trambiques e vivendo em harmonia com sua família, Tony reina soberano no coração de seus sobrinhos. Porém, quando sua irmã começa a namorar Beto, um homem aparentemente exemplar, ele corre o risco de perder a atenção dos pequenos. Determinado a acabar com a "concorrência", Tony vai fazer de tudo para que Beto não entre oficialmente para a família.
Nesse longa-metragem não se pode esperar grandes reviravoltas e um roteiro complexo. A ideia não é essa. Aqui temos um filme montado ao torno de Marcus Majella, que através do seu personagem, diverte e causa riso ao público. Tudo isso de forma muito fantasiosa e com cenas bem caricatas – o personagem do Danton Mello que o diga, afinal é uma caricatura pura.
Contudo, mesmo com a leveza e sem o comprometimento com a trama, o filme gera algumas pequenas reflexões – principalmente sobre mudanças. Vemos que tudo se desenrola no convívio do padrasto e como isso impacta a família de Tony, a família de Beto, as crianças e o próprio Tony. Só que, como dito anteriormente, o tema é levantado de forma bem rasa.
Existem ótimas cenas – todas arquitetadas por Tony – e muitos clichês e caricaturas de uma sociedade. Porém, mesmo com cenas previsíveis, o longa-metragem cumpre o seu papel de entreter o público. Não precisa muito – nem é necessário assistir ao primeiro filme – para compreender a história e aproveitar o filme, que não pode ir aos cinemas e estreou direto nas plataformas de streaming.
‘Um Tio Quase Perfeito 2’ é uma ótima pedida para assistir em um final de semana chuvoso com a família. Leve e descompromissado, ele gera ótimas cenas e garante risadas. Não é nada genial, mas cumpre o seu papel de entreter o público sem apelar para a vala comum de muitas comédias do passado. Assistam que não será arrependimento algum.
Na última semana, muitos brasileiros se solidarizaram com a morte do comediante Paulo Gustavo. O ator, conhecido pelos seus filmes e séries, era muito querido pela população, mas acabou vindo a óbito por complicações do coronavírus. Por isso, como uma singela tentativa de homenageá-lo, dessa vez vamos falar de seu último longa-metragem: ‘Minha Mãe é uma Peça 3’.
Em ‘Minha Mãe é uma Peça 3’, Dona Hermínia vai ter que se redescobrir e se reinventar porque seus filhos estão formando novas famílias. Ela vai ter que segurar a emoção para lidar com esse novo cenário: Marcelina está grávida e Juliano vai casar-se. Para completar as confusões, Carlos Alberto, seu ex-marido, que esteve sempre por perto, agora resolve se mudar para o apartamento ao lado.
Essa é uma franquia consolidada do cinema nacional. Tem recordes de bilheteria em todos os longas-metragens. Tudo isso sem um roteiro complexo demais, mas também sem esquetes soltas. É uma vida normal com uma personagem muito bem desenvolvida e identificada com o povo brasileiro. Isso tudo rende ótimas cenas que marcam a história do cinema brasileiro.
Além disso, o filme traz um debate muito importante para os dias de hoje: casamento homossexual. Isso vem desde as referências ao marido de Paulo Gustavo e aos filhos adotados pelo casal, fotos do casamento deles nos créditos e falas importantes da Dona Hermínia no decorrer do filme (na festa do Sítio do Pica-Pau Amarelo e no casamento de Juliano).
Contudo, o filme tem algumas falhas. Talvez tenha faltado coragem para o beijo homossexual no casamento e existem cenas que não contam com verissimilidade alguma: policial sendo coagido a trabalhar no casamento e a viagem para os Estados Unidos. Contudo, tirando isso, o filme é muito coeso e não uma junção de esquetes como outras longas-metragens de comédia nacional.
Paulo Gustavo nos deixou no vigor de quem tinha uma vida toda pela frente. Infelizmente não teremos novos momentos com a dona Hermínia e com os seus outros personagens. Contudo, certamente eles ficam vivos na nossa memória. Assistam ‘Minha Mãe é uma Peça 3’ – disponível no Telecine Play – que certamente vocês não vão se arrepender dessa experiência.
Essa semana trago um filme bem leve, afinal já estamos todos cheios de problemas e com o ambiente pesado devido a pandemia. Por isso, hoje falo de ‘Raya e o Último Dragão’, que foi lançado direto no streaming da Disney aqui no Brasil. Uma animação leve, que introduz uma nova princesa no universo e que faz com que a gente reflita muito sobre os dias de hoje.
Em ‘Raya e o Último Dragão’, Kumandra é um reino habitado por uma vasta e antiga civilização conhecida por ter passado gerações venerando os dragões. Porém, com as criaturas desaparecidas, a terra é tomada por uma força obscura. Quando uma guerreira chamada Raya, convencida de que a espécie não foi extinta, decide sair em busca do último dragão, sua aventura pode mudar o curso de todo o mundo.
Muitos podem estar se questionando: “Mas Guilherme, como um filme de dragão pode fazer com que a gente reflita sobre os dias de hoje?” e eu explico os motivos. O grande mote por trás deste longa-metragem está no egoísmo das pessoas, na sede pelo poder e em como isso pode fazer com que tenhamos dificuldade de confiar nas pessoas. Isso mesmo. Tudo isso em um filme de dragão.
Essas reflexões acontecem em diversos momentos do filme. No início vemos a sede pelo poder e o egoísmo das pessoas em quererem para si o poder deixado pelos dragões. Isso faz com que a protagonista se decepcione com as pessoas e deixe de confiar nos outros. Contudo, no decorrer do filme e com os ensinamentos do dragão, ela começa a mudar sua perspectiva sobre os outros.
Tudo isso em uma animação muito bem produzida. A riqueza dos detalhes e em coisas simples (textura da pele do dragão e “estátuas” abandonadas) fazem com que a gente compreenda o tamanho deste longa-metragem. É uma pena que o grande público não tenha assistido ao filme nos cinemas, pois a tela grande mostraria mais da magnitude desta obra da Disney.
‘Raya e o Último Dragão’ está disponível na Disney Plus e pode ser visto por todos – no início era necessário comprar o longa-metragem a parte – que gostam de uma boa animação. O padrão de qualidade da Disney foi mantido e, com certeza, toda a família poderá assistir a esta produção. Olha aí, já tem programação para esse final de semana de família no Dia das Mães. Assistam!
Essa semana que passou ficou marcada pela cerimônia de entrega dos prêmios do Oscar de 2021. Contudo, mesmo com todos os filmes indicados, tirei o final de semana para assistir um longa-metragem que foi indicado por um assinante do Jornal A Semana: o fanzineiro Paulo Kobielski. O filme em questão foi “Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta” e que grata surpresa foi essa.
O que acontece quando se junta uma garota de uma cidade pequena do Texas com o movimento feminista? Esse é o mote que o filme quer responder. Inspirada pelo passado da mãe como Riot Grrrl, antiga integrante do feminismo punk dos anos 90, Vivian (Hadley Robinson) decide começar uma mobilização na própria escola. O filme é baseado na obra homônima de Jennifer Mathieu.
O filme traz discussões importantes e isso tem seu lado positivo e negativo. Vamos começar pelo positivo: trazer para a pauta debates importantes como estupro, abuso e demais crimes. Isso dentro de uma escola. A realidade pode chocar, mas infelizmente acontece e a decisão de trazer esse debate para o cinema ajuda a empoderar as mulheres desde a juventude.
Contudo, o ponto negativo é a romantização de tudo. Infelizmente existem embates fortes que são resolvidos de forma simples e “tudo dá certo no final”. Isso pode passar a impressão de simplicidade ou falta de urgência e pode prejudicar no debate. Contudo, por mais que tenha esse ponto negativo, não acredito que o debate deva cair na mesmice e sim pode servir como exemplo de conquista.
O mais legal é o meio com que isso acontece. Os fanzines – motivo que o assinante Paulo me indicou o filme – são o mote usado para liderar esse movimento. Por mais que seja uma mídia pouco conhecida e considerada por alguns como ultrapassada, no longa-metragem a gente consegue compreender o alcance e a importância que essa publicação pode ter ainda nos dias de hoje.
Tudo isso é mostrado através de boas atuações, mas de uma direção confusa. Apesar de criarmos uma empatia com a protagonista, falta o senso de preocupação. Isso porque todos os conflitos são resolvidos de forma apurada – isso quando a gente compreende as suas origens – e parece que o filme foi mal editado. O potencial era enorme não só na temática, mas também como entretenimento. Contudo isso não aconteceu.
“Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta” é um filme que deve ser visto por todos. Homens, mulheres, adultos e adolescentes. Todos vão se identificar com algum momento que o roteiro traz. Para quem quiser assistir, ele está disponível na Netflix. Além de um momento de entretenimento, todos vão encontrar temas que se tornam reflexões depois. E isso é o mais importante.
Esse fim de semana teremos a cerimônia do Oscar. Então nada melhor do que trazer um filme que está entre os indicados – não na categoria principal. Estou falando de ‘Amor e Monstros’, que está disponível na Netflix. Já adianto que me surpreendi em ver esse filme entre os indicados pela academia, mas com o seu entretenimento leve e, muitas vezes, tombando para o clichê, ele cumpre muito bem o seu papel.
No filme, criaturas gigantes assumem o controle da terra, fazendo com que o resto da humanidade busque por refúgio no subsolo. Após sete anos, Joel Dawson consegue se reconectar via rádio com Aimee, sua namorada da época de escola, e a paixão ressurge. Mesmo com ela vivendo a quase 130 km de distância, Joel percebe que não há nada que o prenda ao subterrâneo e resolve ir em busca de Aimee.
O longa-metragem traz tudo que a gente espera de um bom entretenimento: aventura, romance e monstros gigantes (risos). Dito isso, é importante deixar claro que o filme é muito bom e, ao contrário do que muitos podem achar, os monstros não são o foco dessa produção. É óbvio que eles aparecem, mas o foco está na humanidade do protagonista e dos coadjuvantes.
Ele traz cenas com diálogos muito bons e verossímeis, fazendo com que o público se preocupe com os personagens. Não só isso. Ele também faz com que o leitor se apegue com a história. Isso tudo graças ao roteiro e a direção do filme, mas também ao protagonista, interpretado por Dylan O'Brien, que entrega um personagem cheio de camadas e falhas – como todos nós.
É óbvio que este não é um filme perfeito. Ele tem seus clichês – ALERTA DE SPOILER – ou alguém achava que o misterioso capitão não era um vilão da história? – FIM DO ALERTA DE SPOILER. Contudo, por mais que ele caia para alguns caminhos óbvios, isso não tira a qualidade do filme. Tanto é que admito ter colocado na TV por achar algo leve e, por mais que seja, ele me prendeu bastante.
Sobre o futuro: o filme é fechado e se sustenta sozinho, mas deixa o caminho aberto para uma sequência ou criação de uma franquia nesse universo. Eu não sei se precisa disso, pois acho que ele funciona muito bem desse jeito, contudo vou ver se sair um novo longa-metragem. Acho que isso já mostra o quão legal é ‘Amor e Monstros’ e, por isso, peço que assistam ele na Netflix.
Sabe aquele filme clichê, feito para desligar o cérebro, mas que consegue entreter o público que está em frente a televisão. Acho que é assim que se pode definir o longa-metragem ‘Socorro, Virei uma Garota!’, que esteve nos cinemas em 2019 e que hoje está disponível na maior plataforma de streaming do país – patrocina a gente Netflix – para todos assistirem.
O filme acompanha Júlio, um garoto tímido e praticamente invisível aos olhos de seus colegas. Um dia, ao ver uma estrela cadente, ele faz um pedido: deseja ser a pessoa mais popular da escola. Logo ele se transforma em uma garota, Júlia, que é extremamente popular. Sem saber como lidar com o corpo que acabou de ganhar, ele precisa ainda lidar com a proximidade de Melina, a garota por quem é perdidamente apaixonado.
Para quem lê a sinopse já enxerga semelhanças com outras obras nacionais. Talvez o mais semelhante exemplo seja ‘Se Eu Fosse Você’. Contudo, aqui ele não traz a genialidade do filme estrelado por Tony Ramos e Glória Pires. Muito pelo contrário. Aqui ele apela para estereótipos que garantem o riso rápido – apesar de errar a mão em alguns momentos e se tornar machista.
Apesar das falhas e de um roteiro raso, as cenas criadas geram o riso espontâneo. Muitas vezes, mesmo sem querer, a gente se pega leve ao assistir ao filme. Acredito que ele seja isso mesmo. Em nenhum momento ele tem o objetivo de ser algo genial, mas sim simples e que prenda o telespectador. É como eu disse no início: desligue o cérebro e se permita apreciar a obra.
Uma pena ele não ter aproveitado o espaço para problematizar algumas questões como a homossexualidade e a objetificação/vulgaridade feminina que ele apresenta na história. Contudo, é como disse, ele nunca teve essa pretensão. O problema talvez seja que, em normatizar algo que não é assim, ele possa estar prestando um desserviço. Por isso é importante desligar o cérebro para questões como essa.
Senão é um fato inédito, com certeza é raro. Assim podemos começar a falar do Snyder Cut, movimento de fãs da DC que fizeram com que a Warner autorizasse a conclusão do projeto desenvolvido por Zack Snyder que não foi ao cinema. E, para não perder o costume e o bordão, podemos dizer que essa aposta foi uma grata surpresa e que é triste não poder assistir este filme nos cinemas.
Depois de restaurar sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Superman, Bruce Wayne convoca Diana Prince para combater um inimigo ainda maior. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes -- Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman, Ciborgue, e Flash -- poderá ser tarde demais para salvar o planeta.
Antes de mais nada é importante ressaltar que sem os fãs da DC nada disso teria acontecido, então o filme é desenvolvido por um fã e para os fãs. Ele é perfeito? Claro que não. Inclusive existem diversos furos de roteiro e excessos nas quatro horas de filme. Isso é ruim? Claro que não. O filme é muito bom e faz com que muitos queiram esquecer do longa-metragem de 2017.
Existem muitas mudanças no tom do filme, que fica mais sombrio e com menos alívios cômicos – algo previsível tendo em vista o trabalho do Snyder. Contudo, isso não é problema e até condiz mais com a realidade que os heróis estão vivendo. Outra coisa importante que essas horas a mais de filme dão é no aprofundamento dos personagens. Isso faz com que a perspectiva de alguns mude bastante.
Não sei se seria necessária às quatro horas de filme, pois temos cenas “desnecessárias” para a trama, mas como havia esse espaço, Snyder as colocou na versão final. Existem apenas dois momentos que prefiro do longa-metragem de 2017: o embate entre Mulher-Maravilha e Batman sobre o Superman e a chegada da Lois Lane em um momento importante da trama.
No mais, Snyder melhora – e muito – o filme de 2017. Personagens aprofundados e com camadas, as câmeras lentas (amadas por uns e odiadas por outros) e cenas de ação muito bem dirigidas e de tirar o fôlego. Isso tudo é mérito do Snyder, que conseguiu fazer com que um projeto ousado como esse saísse do papel e tivesse o apoio de elenco e fãs.
Infelizmente tudo indica que Snyder não seguirá com o seu universo na DC Comics, que já tinha tido oito filmes relacionados (Homem de Aço, Batman Vs Superman, Esquadrão Suicida, Mulher-Maravilha, Aquaman, Shazam, Arlequina e Mulher-Maravilha 1984). Contudo, depois desse lançamento, eu não duvido que ele seja procurado para retomar o universo que estava criando... E não seria ruim.
Saiu a lista dos indicados ao Oscar 2021. Isso mesmo. Ela saiu um pouco atrasada devido a pandemia do coronavírus, mas agora já temos acesso a lista dos indicados e chegou o momento da nossa maratona. Isso mesmo. Até o dia da premiação só vamos falar de filmes indicados que estão disponíveis nos serviços de streaming. Para começar vamos falar de ‘Soul’, animação da Pixar que está disponível no Disney+.
Em ‘Soul’, duas perguntas se destacam: Você já se perguntou de onde vêm sua paixão, seus sonhos e seus interesses? O que é que faz de você... Você? A Pixar Animation Studios nos leva a uma jornada pelas ruas da cidade de Nova York e aos reinos cósmicos para descobrir respostas às perguntas mais importantes da vida. Dirigido por Pete Docter e produzido por Dana Murray.
Apesar de ser um filme diferente, é nítido que a fórmula Pixar de fazer cinema está muito bem representada. Como outras animações recentes (‘Divertidamente’, ‘Viva’ e ‘Dois Irmãos’), nós temos uma relação muito bem construída e que trabalha com o luto/tristeza para crianças e os adultos. Talvez esse seja o filme que mais se pareça com ‘Divertidamente’, que foi um sucesso e conta com o mesmo diretor.
A sensibilidade do filme e suas sacadas do mundo real com o “mundo espiritual” funcionam e, pela primeira vez, a Pixar deixa de lado os alívios cômicos. Não é que eles não existam, mas dessa vez eles não são necessários para que a trama agrade a todos os públicos. É uma pena que esse filme tenha ido direto para o streaming e não tivesse passado pelos cinemas, afinal a experiência e o alcance seriam maiores.
‘Soul’ brinca com a morte, traz referências clichês (ocupar o corpo de um animal e a troca de almas) e brinca com a nossa cabeça ao nos fazer ter a reflexão mais óbvia possível: “O que importa é o destino ou a jornada?”. Contudo, apesar do óbvio/clichê, essa comparação é feita de forma sútil e isso torna a animação tão genial quanto era a expectativa do público.
Para quem não sabe, a produção está concorrendo em três categorias: melhor animação, melhor trilha sonora original e melhor som. Acredito que tenha grandes chances de vencer na melhor trilha sonora original. Já na melhor animação têm fortes concorrentes, mas desponta como favorita. Só que isso é papo para outra hora. Agora eu só quero que tu assistas ‘Soul’, pois garanto que não vai se arrepender.
Hoje trago um filme diferente aqui. Acredito que, com exceção dos documentários que já escrevi, esse é o longa-metragem com carga histórica mais importante que trago. Pelo menos quando falei da história do nosso país eu tenho certeza. Isso porque ‘Legalidade’ retrata um momento marcante do Brasil que se passou aqui no Rio Grande do Sul: a rede da legalidade.
Quando Jânio Quadros renuncia à presidência, o vice João Goulart torna-se o sucessor natural ao cargo. No entanto, setores liderados pelos militares clamavam pelo impedimento da posse de Jango, temerosos de suas posições de esquerda. Liderado por Leonel Brizola, o movimento Legalidade é criado para garantir a posse do vice-presidente, colocando grande parte do Rio Grande do Sul contra o núcleo do exército.
Esse momento histórico tem muita relação com o jornalismo, afinal é através do rádio que Brizola se comunica com o país e mantêm acesa a chama da esperança do povo brasileiro. Tudo isso muito bem interpretado por Leonardo Machado (in memoriam), que dá vida há um dos políticos mais importantes do Rio Grande do Sul e do Brasil, que foi governador em dois estados e candidato a presidente.
A história por si só tem força para sustentar um filme. Pelo menos para mim, curioso por fatos políticos e maravilhado pela coragem de Brizola. Contudo, o diretor Zeca Brito resolve inserir na trama um triângulo amoroso formado entre Cecília (Cléo Pires), Luís Carlos (Fernando Alves Pinto) e Tonho (José Henrique Ligabue). Tudo isso em meio a questões de espionagem, CIA e relação com o argentino Che Guevara.
Contudo, por mais que o longa-metragem tenha sua importância histórica, pontos como esse romance acabam destoando. Isso sem falar da subtrama envolvendo Letícia Sabatella. São todos temas que contam com liberdade poética e não os fatos em si. Não que sejam momentos ruins da produção, mas sim destoantes do filme que vemos e que tem a relevância histórica.
Assistam ‘Legalidade’ para conhecer um pouco mais da história recente do Rio Grande do Sul e do Brasil. É de suma importância. A parte amorosa do filme pode ser apreciada, mas não deve se apegar. Existem falhas/furos no roteiro que podem prejudicar, mas que são compensados pela carga histórica e política que esse longa consegue trazer para os telespectadores.
Leandro Hassum me fez chorar. É assim, com essa manchete forte e que chama a atenção que inicio a crítica do longa-metragem ‘Tudo Bem no Natal que Vem’, que está disponível na Netflix. Esse é o impacto que o filme traz ao misturar o clima natalino com o sentimento de quem não gosta da data e deixava o melhor, por mais simples que fosse, passar despercebido.
Em ‘Tudo Bem no Natal que Vem’, Jorge, interpretado por Leandro Hassum, é um homem rabugento que sempre odiou o Natal e costuma fazer de tudo para evitar as comemorações dessa data. Na véspera do feriado, ele cai do telhado e bate a cabeça. Quando acorda, percebe que está vivendo o Natal do ano seguinte, e continua revivendo diversos Natais em um ciclo interminável.
O filme utiliza de recursos semelhantes a filmes como ‘Click’ e ‘A Morte te dá Parabéns’. Isso no sentido de reviver sempre o mesmo dia ou de perder coisas simples da vida que, devido a rotina, passam despercebidas ou ainda chatas para a gente. Sabe aquele tio da piada do pavê que ninguém aguenta? Pois é, nesse filme entendemos o motivo de ninguém aguentar, mas também sentimos falta quando ele não está entre nós.
Apesar de alguns clichês como o beijo na chuva, problemas no roteiro – o filme termina em 2031 e não vemos avanços tecnológicos –, e na chroma key; o longa-metragem alcança o seu objetivo de fazer o público rir e se emocionar. No primeiro, Hassum é gênio e o estilo dele ajuda. O riso vem pelas piadas e deboches que geram a identificação com o público-alvo.
Já no drama, ele surpreende. Não que seja um ator ruim, mas é que raramente vemos ele em cenas de drama e nesse filme ele tem espaço para isso. Muito espaço na verdade. Não quero dar spoilers sobre para não atrapalhar a experiência de descobrir tudo junto com o personagem, porém pode-se dizer que ele dá conta do recado. E mais. Ele é humano na sua interpretação.
Tudo isso faz com que ‘Tudo Bem no Natal que Vem’ se torne um filme obrigatório para se assistir nas festas natalinas de família. Ele consegue entreter, divertir e emocionar. Por mais que o filme tenha falhas, tudo o que está no entorno compensa. Isso sem falar que é o Brasil reconhecido num filme natalino, sem neve e outras coisas mais. Assistam na Netflix que vale bastante a pena.
Essa semana tem feriado e nada melhor do que reencontrar personagens que somos fãs em um novo filme. Isso virou moda em Hollywood – dar sequência a filmes do passado – e vem dando muito certo nas bilheterias. Por isso hoje trago um longa-metragem muito querido pelos fãs da franquia e que voltou aos cinemas em 2020 com uma sequência. Estou falando de ‘Bad Boys Para Sempre’.
O filme acompanha os policiais Mike Lowery e Marcus Burnett, que se juntam novamente para derrubar o líder de um cartel de drogas em Miami. A recém-criada equipe de elite do departamento de polícia de Miami, ao lado de Mike e Marcus, enfrenta o implacável Armando Armas. Isso tudo trazendo personagens interessantes da franquia original.
‘Bad Boys Para Sempre’ soube dosar a novidade do novo filme que dá um restart na franquia, mas ao mesmo tempo trouxe o saudosismo muito forte. Isso indo da trilha sonora até as relações entre Mike Lowery e Marcus Burnett, interpretados por Will Smith e Martin Lawrence. Além disso afirmo: que sintonia esses dois atores têm. Mesmo tantos anos depois, seguem muito afinados.
Outra coisa legal que eles sabem brincar é com a questão de o tempo estar passando para ambos. Isso vai dos debates sobre a aposentadoria até questões mais subjetivas, como pintar a barba e usar óculos. São recursos que trazem o saudosismo do passado, mas recolocam a franquia nos dias de hoje. Com certeza esse foi mais um acerto do terceiro filme da franquia.
Dessa vez também temos menos tempo para a comédia e mais para a ação – algo que pode ter pegado os fãs desprevenidos, mas que ajuda no amadurecimento da franquia. Óbvio que o filme não é uma obra de arte e tem seus defeitos, mas ele deixa bem claro o seu objetivo de entreter o público com uma história conhecida. Isso faz com que ele se permita levar menos a sério e ajuda na experiência.
Após um longo tempo sem ir às cabines de imprensa, nós voltamos aos cinemas de Porto Alegre para assistir um dos lançamentos mais importantes deste mês. Trata-se de ‘Luta por Justiça’, protagonizado pelos atores Michael B. Jordan, Jamie Foxx e Brie Larson – que elenco hein?! E não é só isso. Além de serem grandes nomes do cinema, eles contam uma história que precisa ser contada.
O filme acompanha Bryan Stevenson, um advogado que abre mão de uma carreira lucrativa em escritórios renomados da costa leste para se mudar para o Alabama e se dedicar a prisioneiros condenados à morte que jamais receberam assistência. Ao chegar lá, ele se depara com Walter McMillian, um homem negro falsamente acusado de um assassinato, mas que nunca teve uma defesa apropriada por conta do racismo.
Primeiramente: esse filme é baseado em fatos – e isso enriquece e choca ainda mais a trama. Isso mesmo. Todos os casos de racismo que aparecem nesse longa-metragem são reais e, para a tristeza de muitos, isso ainda segue acontecendo. O filme se passa entre os anos 80 e 90, mas, em 2015, o escritório do advogado que protagoniza a produção venceu mais um julgamento que tirou da fila da pena de morte um inocente.
É chocante ver que ainda existem pessoas inocentes condenadas (muitas vezes executadas) apenas por serem negros. Muitos inocentes acabam tendo esse fim – no filme é dito que um a cada nove presos na fila da morte é inocente. Os números são alarmantes e fazem com que o público se choque com o drama que cada um dos personagens está passando naquele momento.
Muito disso se dá devido ao excelente roteiro e a atuação dos três principais atores. Todos eles demonstram o sentimento de apreensão, esperança, frustração e medo que são necessários para desenrolá-lo da história. Tudo é muito difícil e existe todo um sistema que não faz questão de fazer justiça, mas sim de encerrar um caso da maneira mais fácil.
O longa-metragem estreou no ano passado e, pela sua temática, ouso dizer que havia esperanças por parte dos diretores e elenco de que ele estivesse na temporada de premiações – o que não aconteceu. Não sei se se pode considerar isso uma injustiça na academia, mas que existiam filmes inferiores a ‘Luta por Justiça’ nessa corrida, com certeza tinham.
No último final de semana ocorreu a cerimônia do Oscar, mas muito antes disso já sabíamos de grandes pérolas do cinema que chegaram às telonas em 2019 – muitas delas chegam aqui somente depois da indicação. Um desses casos é ‘Jojo Rabbit’, que estreou nos cinemas recentemente e acompanha uma das histórias mais afetuosas dessa temporada.
O filme se passa durante a Segunda Guerra. Jojo é um nazista de 10 anos, que trata Adolf Hitler como um amigo imaginário. Seu maior sonho é participar da Juventude Hitlerista, um grupo composto por outras pessoas que concordam com os seus ideais. Um dia, Jojo descobre que sua mãe está escondendo uma judia e, depois de várias tentativas para expulsá-la, o jovem começa a desenvolver empatia pela hóspede.
Peguei-me refletindo e muito sobre o filme, mas não consigo enxergar pontos negativos na trama, direção ou elenco. Todos estão muito bem em suas atuações, as direções do Taika Waititi é segura e a adaptação deste livro lançado em 2004 e que dá origem ao longa-metragem. Uma história curiosa é que o pedido de adaptar a obra partiu da mãe do diretor, que prontamente atendeu.
Já o elenco merece um parágrafo a parte. Além do próprio Taika, que interpreta Hitler, existem outros nomes interessantes no elenco. São eles: Roman Griffin Davis, Scarlett Johansson, Sam Rockwell e Rebel Wilson. Todos estão muito bem em seus papeis, mas nenhum tem tanto carisma quanto Archie Yates, que interpreta o melhor amigo de verdade do protagonista.
Não tem como não se emocionar com a relação de carinho dos dois, com a atuação de Scarlett e com todas as paródias feitas pelos nazistas durante o longa-metragem. Tudo funciona muito bem, pois todo o elenco está afiado – mérito da direção de Taika, que mais uma vez entrega um excelente filme. Cabe ressaltar que ele saiu com o prêmio de melhor roteiro adaptado da premiação.
Assista ‘Jojo Rabbit’ nos cinemas. Ele merece demais ser reconhecido como aquele filme que nos faz rir, pensar e aquecer o nosso coração. Mais um grande acerto de todos os envolvidos. Uma pena que não tenha vencido mais categorias do Oscar, mas merece aplacar mais espaço no coração das pessoas. Uma aula de Taika que ficará eternizada nas telonas.
O ano de 2020 começou e com ele também retornam os filmes inéditos no Brasil e que podem dar o que falar na temporada de premiações do cinema. Por isso, nesta semana trago um dos melhores filmes do ano passado (na minha modesta opinião) e que pode ou não alcançar grandes públicos neste início de ano. Trata-se de ‘Adoráveis Mulheres’, dirigido e roteirizado por Greta Gerwig.
O longa-metragem acompanha as irmãs Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh) amadurecem na virada da adolescência para a vida adulta enquanto os Estados Unidos atravessam a Guerra Civil. Com personalidades completamente diferentes, elas enfrentam os desafios de crescer unidas pelo amor que nutrem umas pelas outras.
O trabalho da diretora e roteirista é o grande ponto deste filme. Que direção Greta deu ao longa-metragem, conseguindo misturar passado e presente com maestria e fugindo do lugar comum. Não existem textos que sinalizem isso. Tudo é feito com base em algumas características das personagens (tamanho do cabelo) ou na paleta de cores utilizada.
Contudo, nada disso seria possível sem o elenco recheado de grandes nomes, como Meryl Streep, Emma Watson, Saoirse Ronan e Timothée Chalamet. Esses nomes são o destaque de um projeto que adapta um livro clássico para os dias atuais e passa mensagens que o feminismo de hoje em dia defende, mas que já era pauta antes de 1900.
Com certeza indicações devem ocorrer nas premiações. O longa-metragem merece esse reconhecimento, mas merece algo maior: ser assistido no cinema. Somente assim será possível compreender todas as nuances apresentadas pela diretora e o trabalho magistral de um elenco seguro de si, mesmo misturando novos nomes com o de artistas consagrados.
Bons filmes costumam chegar ao final do ano – ao lado de excelentes obras para a temporada de premiações e de produções natalinas. É com a premissa de ser um filme de investigação bem executado, mas sem grandes pretensões, que chega aos cinemas nesta semana ‘Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe’. A obra, dirigida pelo excêntrico Edward Norton, adapta o livro homônimo de Jonathan Lethem com um elenco recheado de bons e consagrados atores.
O filme acompanha Lionel Essrog, um solitário detetive particular com síndrome de Tourette, o que faz com que não tenha controle sobre o que diz. No momento ele está investigando o assassinato de seu amigo e mentor, Frank Minna, mas tem poucas pistas sobre o que aconteceu. Obsessivo, Lionel passa a percorrer vários trechos da cidade em busca de respostas, até encontrar um caminho através da especulação imobiliária em vizinhanças resididas em sua maioria por pobres e negros.
Não se pode dizer que este é um filme ruim. Longe disso. Contudo, o projeto é cansativo demais para o público presente. A investigação é óbvia – fazia tempo que o público tinha sacado tudo – e alguns personagens têm arcos maçantes. Um caro exemplo é o protagonista e sua síndrome de Tourette. A doença serve apenas como válvula de escape para o cômico, pois de nada interfere na investigação ou no decorrer da trama. Tanto é que, mesmo os sustos, acabam não funcionando mais.
Isso tudo se torna mais cansativo quando se pensa que o longa-metragem tem duas horas e meia de duração. O tempo de um filme nunca é problema senão existem barrigas dentro dele. Infelizmente isso acontece muito em ‘Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe’. Existem cenas prolongadas ou desnecessárias para o desenvolvimento da história. Quando se atrela isso ao tempo do filme, pode-se acreditar que 20 minutos há menos não fariam falta alguma.
‘Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe’ está longe de ser um filme ruim, mas acredito que os produtores esperavam mais. Um longa-metragem com essa temática e elenco, sendo lançado em dezembro, é o estigma de buscar algo no Oscar. Obviamente que pode rolar algo para Edward Norton, afinal ele está muito bem no papel. Contudo, isso seria o reconhecimento de um trabalho isolado dentro de um filme que, mesmo que não seja ruim, está longe das expectativas criadas.
Viúva Negra
3.5 1,0K Assista AgoraFoi bastante tempo sem um filme da Marvel para assistir. A distância dos cinemas por causa da pandemia impactou isso, mas o Disney Plus chegou ao Brasil e, junto dele, os lançamentos da produtora. Na última semana foi a vez de ‘Viúva Negra’ chegar nas plataformas de streaming do país e, com isso, ganhar espaço aqui na coluna semanal sobre cinema.
No filme acompanhamos a vida de Natasha Romanoff após os eventos de Guerra Civil. Se escondendo do governo devido a sua aliança com o Capitão América, Natasha ainda precisa confrontar sua história quando surge uma conspiração perigosa ligada ao passado. Perseguida por uma força que não irá parar, ela terá que lidar com sua vida de espiã, e reencontrar membros de sua família que abandonou antes.
O desafio de fazer esse filme era enorme. Isso porque ele é um longa-metragem que sai depois de ‘Vingadores – Ultimato’, onde conhecemos o final da personagem. Então, mesmo sabendo do final, iriamos acompanhar uma produção que tinha como objetivo aprofundar a história de uma das mais importantes – e subestimadas – personagens do universo Marvel.
Aqui não vemos situações do passado antes dela entrar nos Vingadores, mas sim o que ela viveu após a Guerra Civil e antes da chegada de Thanos. A ideia foi boa e fez com que o público se aproximasse mais da personagem. Por mais que ela fosse uma das mais antigas do MCU, não havia muita coisa do seu passado e o seu tempo de tela nunca foi muito grande. Agora a empatia cresce muito mais.
A viúva negra é uma personagem com muitas camadas e sempre se mostrou muito dura nos filmes da Marvel – com exceção do último. Agora temos a oportunidade de conhecer de forma profunda a personagem, seus medos e defeitos. Por mais que não seja uma história de origem, ela traz muitas reflexões que nos fazem pensar no que aconteceu para ela chegar onde chegou.
Isso, aliado a atuação de Scarlett Johansson e dos três principais coadjuvantes – Florence Pugh, Rachel Weisz e David Harbour – faz com que a experiência cinematográfica seja mais bem aproveitada. Isso porque, por mais que eles tenham pouco espaço de tela, suas tramas são verossímeis e o carisma de todos faz com que o desenrolar seja com fluidez e natural.
Para quem não assistiu, ‘Viúva Negra’ é uma ótima pedida para este feriadão que se aproxima. Como eu sou um receoso da pandemia, acho que vocês devem ficar em casa (quem puder) e assistir ao longa-metragem. Como dito no início, ele já está disponível no serviço de streaming da Disney e funciona tanto para quem é um fã do universo criado da Marvel como para quem procura um bom entretenimento.
Luca
4.1 769Infelizmente os cinemas seguem com restrições e este colunista que vos escreve acredita que o momento ainda é de se resguardar. Por isso, essa semana trago um filme que chegou ao Brasil diretamente nas plataformas de streaming. Estou falando de ‘Luca’, animação disponível no Disney Plus, que é uma ótima opção para assistir neste final de semana – com toda a família.
Em ‘Luca’, acompanhamos uma história de amadurecimento sobre um jovem que vive um verão inesquecível repleto de sorvetes, massas e passeios intermináveis de scooter. Luca compartilha essas aventuras com seu novo melhor amigo, mas toda a diversão é ameaçada por um segredo profundamente bem guardado: eles são monstros marinhos de outro mundo, logo abaixo da superfície da água.
Essa é mais uma animação da Pixar e eu preciso dizer o óbvio: aqui teremos emoção e uma mensagem impactante no final – além de ser feito para todos os públicos. Contudo, ao contrário dos filmes mais recentes do estúdio, não temos aquela profundidade de camadas e a mensagem subliminar. O filme se permite ser mais simples no seu discurso, porém isso não afeta no objetivo final.
Vemos o medo do preconceito muito presente em todo o longa-metragem. Isso tanto de quem sofre como de quem é o preconceituoso. O ponto é que, quando isso passa para o ponto de vista da criança, a leitura é diferente. Isso porque sentimentos como esse estão permeados nos adultos, mas não nos jovens. É aqui que o filme ganha pela simplicidade sequer precisar abordar essa temática.
Ele foca na aventura e nos medos dos jovens e nos preconceitos dos adultos. Obviamente que tem o vilão caricato também, mas até nisso a Pixar acerta ao controlar a dosagem do personagem. Tudo funciona muito bem e isso traz o envolvimento e a emoção necessária. Sem falar do ambiente. Tanto a Itália quanto o fundo do mar ficaram lindos sob o ponto de vista do diretor Enrico Casarosa.
‘Luca’ é uma ótima pedida para quem está sem saber o que vai fazer neste final de semana. Está disponível no serviço de streaming da Disney e pode ser visto por todos os públicos – seja separado ou ao mesmo tempo. Provavelmente deve aparecer nas temporadas de premiações. Uma pena não poder ter sido apreciado nos cinemas, tendo o visual exuberante na grande tela. Contudo, mesmo assim, vale muito a pena.
Um Lugar Silencioso - Parte II
3.6 1,2K Assista AgoraRecentemente eu trouxe aqui nesse espaço o texto falando do filme ‘Um Lugar Silencioso’. O longa-metragem foi uma grata surpresa no ano de 2018 pelo clima criado em um misto de terror e suspense. A recepção da crítica e do público foi tão grande que uma sequência foi anunciada. E é essa sequência que ganha espaço aqui no espaço de críticas desta semana.
Em ‘Um Lugar Silencioso - Parte 2’, logo após os acontecimentos mortais do primeiro filme, a família Abbott precisa agora encarar o terror mundo afora, continuando a lutar para sobreviver em silêncio. Obrigados a se aventurar pelo desconhecido, eles rapidamente percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças que os observam pelo caminho de areia.
Como eu citei anteriormente, a primeira parte da franquia é muito boa e o ambiente do cinema faz com que cresça demais. Infelizmente não tive essa experiência desta vez. Devido a pandemia, optei por assistir o longa-metragem em casa e posso adiantar que temos uma grande sequência, mas que perde pontos quando não se assiste nos cinemas. O ambiente e a concentração não são as mesmas.
Contudo, mesmo sem o mesmo ambiente e com os riscos de uma sequência desnecessária, ‘Um Lugar Silencioso – Parte 2’ consegue entreter o público e entregar uma história simples, mas competente. Ela não visa aumentar a mística do universo criado e sim trabalha na sequência dos acontecimentos da família Abbott em meio ao caos que se vive.
Apesar de não focar na explicação dos acontecimentos, o filme traz algumas referências no início e apresenta um final esperançoso. Isso já mostra uma diferença grande entre os dois filmes: enquanto o primeiro tinha um arco fechado, essa segunda parte deixa ganchos para uma sequência – um spin-off já foi confirmado – que pode sim ampliar o universo e explicar mais sobre esse mundo.
‘Um Lugar Silencioso – Parte 2’ agrada aos fãs que assistiram ao primeiro filme da franquia – mesmo sem a experiência cinematográfica. Apesar de perder bilheteria exatamente pela falta dos cinemas, o longa-metragem vem agradando a crítica devido ao trabalho de direção e atuação. Tudo isso novamente em um roteiro simples e coeso. Mais uma bola dentro para este universo – aguardo que a academia veja dessa vez.
Space Jam: Um Novo Legado
2.9 350 Assista AgoraExistem filmes que ficam para sempre no nosso imaginário. Um deles é ‘Space Jam’, estrelado por Michael Jordan nos anos 90... Porém o saudosismo resolveu atacar novamente e, anos depois, temos uma nova versão daquele filme com mais uma grande estrela do basquete. É sobre ‘Space Jam – Um Novo Legado’ e Lebron James que trata o espaço de cinema desta semana.
Em ‘Space Jam: Um Novo Legado’, a inteligência artificial sequestra o filho de Lebron James e envia o jogador para uma realidade paralela, onde vivem apenas os personagens da Warner. Para resgatar o seu filho, ele precisará vencer uma partida de basquete contra superversões das estrelas da NBA e da WNBA. Para essa dura missão, King James terá a ajuda de Pernalonga, Patolino, Lola Bunny entre outros personagens.
Que filme gostoso de assistir! Acho que essa é a melhor definição que se pode fazer sobre o novo longa-metragem. Primeiro pela experiência de poder rever personagens tão queridos pela nossa infância e segundo pela história. Isso porque, apesar de cair em vários clichês, ela cumpre o seu papel de divertir o público. Eu mesmo assisti no final deste domingo de forma muito leve.
Rever esses personagens e ver os outros easter-eggs são o ponto alto do filme. Digo isso porque não são apenas os personagens de 96 que aparecem, mas também referências a todo o universo da Warner. Temos Harry Potter, Matrix, DC Comics, Game of Thrones... Diversos personagens homenageados em algo divertido e que serve para apresentar a franquia para uma nova geração.
Contudo, talvez aqui esteja minha única ressalva ao filme: poderia ser mais nostálgico. Obviamente que o filme tem o saudosismo muito presente, mas o foco está mais em apresentar o conceito para uma nova geração. Isso é louvável, mas eu sou o chato que queria mais fan service no filme. Queria mais recordações do passado e menos apresentações para essa geração atual que sequer conhece alguns personagens.
Posso criticar também os clichês sobre motivação que envolvem a relação de Lebron com o seu filho ou ainda o vilão mais clichê e espalhafatoso, mas quero terminar falando sobre o sentimento de poder rever Patolino, Taz, Lola, Ligeirinho... Todos personagens queridos pelo público mais velho e que não apareciam há bastante tempo nas telonas ou na televisão dos brasileiros.
‘Space Jam – Um Novo Legado’ funciona tanto para a nova geração quanto para o público saudosista (no meu caso esperava mais) e cumpre o papel de entreter o público. Tomara que esse seja o filme que traga novamente personagens tão queridos por nós para os cinemas – talvez com outros esportes. Ganchos para uma sequência ficaram no ar, mas temos de aguardar para crer.
Friends: A Reunião
4.2 329 Assista AgoraNa última semana a gente falou sobre o especial de ‘Um Maluco no Pedaço’ e muitos esperaram que, dessa vez, viesse para cá ‘Friends: The Reunion’. Como gosto de atender os desejos das pessoas, trago a minha opinião sobre o reencontro de mais uma grande série estadunidense e que também faz parte do catálogo de lançamento da HBO Max – novo serviço de streaming – no Brasil.
Assim como no especial que trouxe na semana passada, aqui também temos a ideia de brincar com a nostalgia do público ao promover o encontro de um elenco muito carismático e que fez sucesso. Então é impossível dizer que esse produto daria errado ou que não teria a audiência esperada. Todos aguardavam por isso ao longo dos anos e pode-se dizer que as expectativas foram alcançadas e superadas.
Ao contrário do que foi feito com a série de Will Smith, nesse caso temos um apresentador, plateia e diversas participações especiais. Além disso, existem interações entre os participantes em jogos e brincadeiras. Pode-se dizer que esse encontro de Friends é mais emblemático e emocionante para os fãs, mas tenho algumas ressalvas em comparação ao especial da última semana.
De ponto positivo – quando se comparam as diferenças – temos a participação de outros personagens secundários. Isso é muito importante porque foge um pouco apenas do núcleo principal. Senti muita falta disso na reunião de ‘Um Maluco no Pedaço’, que focou apenas nos protagonistas. Nesse encontro de ‘Friends’ temos o ressurgimento de diversos personagens que tinham um carinho do público.
Contudo, algo me incomodou no reencontro de ‘Friends’. Em determinado momento, a direção resolve rodar pelo mundo e entrevistar anônimos e famosos sobre sua relação com ‘Friends’. Talvez isso tenha funcionado para quem é muito fã da série, mas no meu caso, eu queria ver mais cenas de bastidores e do sexteto. Como o especial é longo, essa parte me incomodou e a achei desnecessária – mesmo sabendo do proposito.
Entre prós e contras, a reunião de ‘Friends’ alcançou com êxito o seu objetivo: ser um dos diferenciais da HBO Max e fazer grande audiência com o público saudosista e nostálgico que sente falta da sitcom. Vale muito a pena para quem sente saudade da série que marcou uma geração e, provavelmente, será a última vez que veremos o sexteto reunido em algum programa.
The Fresh Prince of Bel-Air Reunion
4.2 50 Assista AgoraEssa é uma das críticas mais difíceis de escrever, pois desde que trabalho nesta coluna, nunca teve uma produção que tratava da nostalgia comigo nesta intensidade. Estou falando de ‘The Fresh Prince of Bel-Air Reunion’, que estreou no Brasil junto do novo serviço de streaming HBO Max. Esse documentário especial para celebrar a série que marcou uma geração é um dos carros-chefes da plataforma.
Em comemoração ao 30º aniversário da série, o elenco de ‘Um Maluco no Pedaço’ se reúne para um especial. Gravado no cenário recriado da sala de estar da série, esta reunião relembra o papel de Will Smith como uma versão ficcional de si mesmo, enviado do oeste da Filadélfia para Bel-Air para viver com seu rico tio Phil e sua família, e o impacto cultural da série inovadora de seis temporadas.
Nesse caso não tem como analisar aspectos técnicos. É a reunião de um elenco que fez muito sucesso se reencontrando e relembrando passagens memoráveis de uma série que marcou gerações. Todos muito bem sintonizados e brincando. Um reencontro de amigos que lembra o que fazemos quando reunimos os antigos colegas de classe. Tem risada, brincadeira e boas lembranças.
Muitas dessas lembranças trazem a emoção. Os momentos de recordação de cenas impactantes – como a cena do pai de Will – e os flashbacks de James Avery, que interpretava o tio Phil e faleceu em 2013, fazem com que as lágrimas escorram nos olhos. Não tem como não se emocionar ao se recordar dele e ouvir todos falando da importância que ele tinha para a série.
É muito fácil rir também ao assistir ao documentário. Alfonso Ribeiro é um caso a parte e diverte a todos. Foi muito legal rever o elenco reunido, mas senti falta de personagens secundários e importantes: mãe de Phil, mãe de Will e suas irmãs, os outros amigos da Philadelphia e algumas das namoradas do protagonista. Foram muitos personagens pequenos e marcantes que poderiam ter sido recordados.
Contudo, o momento mais impactante, foi o encontro das duas atrizes que interpretaram a tia Vivian no decorrer da série. Isso porque Will nunca mais tinha se encontrado com Janet Hubert. Além do reencontro deles e do elenco todo, temos as explicações dos motivos que culminaram na troca das atrizes. Tudo isso junto com a redenção de Will Smith sobre o caso.
‘The Fresh Prince of Bel-Air Reunion’ funciona perfeitamente como o fechamento de tudo o que a minha geração acompanhou. Mesmo sendo simples e sem grandes rodeios – como outro especial que deve aparecer por aqui em breve – a produção ataca diretamente no nosso coração com a nostalgia de rever atores e personagens marcantes relembrando momentos que estão na história da televisão.
Mussum, Um Filme do Cacildis
3.6 78 Assista AgoraExistem personagens que entram para a eternidade pelo seu trabalho. Isso acontece no mundo todo e não seria diferente no Brasil. O que dizer então de um sambista e humorista que fez história nas duas artes e, em sua passagem meteórica pela terra, marcou uma geração de brasileiros. Estou falando de Mussum, membro dos trapalhões e que teve um documentário contando sua trajetória. É sobre ele que falaremos hoje.
O documentário acompanha a trajetória de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o "Mussum", contada de diferentes ângulos. São reveladas facetas mais sérias da figura que foi eternizada no imaginário popular brasileiro por sua participação no programa "Os Trapalhões". Por trás de sua persona humorística e debochada, Antônio Carlos mantinha uma rotina de responsabilidades com sua família, projetos e compromissos.
“Mussum, um Filme do Cacildis” é um documentário que repete a fórmula de imagens de arquivo e entrevistas exclusivas (filhos, atores e membros dos trapalhões), mas que também traz recursos narrativos e visuais muito diferentes. Referências na paleta de cores que remetem a Mangueira e retrata as duas vidas que o artista levou: humorista e sambista – um dos maiores para quem desconhece.
Obviamente que a ideia do documentário é retratar a passagem de Mussum pelo samba e pela comédia, mas ele também pincela momentos interessantes envolvendo os casamentos e filhos dele e sua relação com o racismo. Obvio que a ideia do documentário não é polemizar, então momentos que poderiam ser mais aprofundados, acabam passando batido.
Também prejudica um pouco a falta de linearidade em alguns momentos. Fica confuso – talvez porque a vida dele era assim – compreender os momentos que estamos acompanhando de sua vida. Contudo, devido aos momentos apresentados com os trapalhões, com a família e com o samba em sua vida boemia, tudo vale a pena. Muito a pena pela história.
Me chama muito a atenção a presença de Renato Aragão no documentário. Não fica claro se é imagem de arquivo ou entrevista exclusiva para a produção, mas é legal ver ele relembrando momentos como a morte de Zacarias e, posteriormente, de Mussum. Infelizmente ele nos deixou cedo, mas com uma história rica no circo, televisão e barracões de samba. Que todos possam ver e relembrar do querido Mussum.
A Casa Caiu - Um Cassino na Vizinhança
2.8 107Há cada semana a gente compreende a importância deste espaço para os finais de semana dos nossos assinantes. Isso porque muitos estão ficando em casa devido a pandemia do coronavírus e os filmes apresentados aqui estão disponíveis nos serviços de streaming. Isso faz com que as pessoas tenham opções do que fazer durante o final de semana. Por isso hoje trago ‘A Casa Caiu – Um Cassino na Vizinhança’.
Em ‘A Casa Caiu – Um Cassino na Vizinhança’, após gastar todo o dinheiro guardado no fundo destinado para pagar a faculdade de sua filha, um homem reúne seus amigos para montar um cassino ilegal em seu porão como forma de recuperar o dinheiro. O filme é estrelado por nomes como Will Ferrell, Amy Poehler e Jason Mantzoukas; que já figuraram em outras críticas deste espaço.
Já posso adiantar dizendo que as risadas do humor trazido pela dupla Will Ferrell e Amy Poehler são impagáveis. É muito fácil se divertir e deixar o tempo passar enquanto acompanha a trama. Obviamente que, como muitos devem imaginar, esse é o tipo de filme para desligar o cérebro e permitir a diversão. É assim que tudo funciona e faz com que se tenha algo leve no final de semana.
Obviamente que são diversos os clichês trazidos, como o vereador que se acha o dono da cidade e a ideia de colocar a família contra a comunidade quando se pensa na bolsa de estudos vs um clube de piscina. Contudo, ao assistir o filme, as galhofas – principalmente envolvendo a parte “agressiva” do cassino, faz com que tudo se torne divertido e engraçado.
As falhas existem e ‘A Casa Caiu – Um Cassino na Vizinhança’ está longe de ser uma produção perfeita. Contudo, o longa-metragem disponível na Netflix não se propõe a ser perfeito. Ele se propõe a divertir e isso é alcançado graças a trama surpreendente e ao carisma dos protagonistas. E, para quem não conhece Jason Mantzoukas, assistam Brooklyn Nine-Nine que vão saber do que estou falando.
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraUm filme cheio de polêmicas e que era muito aguardado desde 2019, quando teve sua estreia anunciada e adiada. ‘Marighella’, dirigido por Wagner Moura, finalmente chega ao Brasil. Primeiro em filme e já com o projeto de ser transformado em uma série da Globo, o longa-metragem gera a curiosidade em muitos devido a história do protagonista e o momento político de hoje.
Neste filme biográfico, acompanhamos a história de Carlos Marighella, em 1969, um homem que não teve tempo pra ter medo. De um lado, uma violenta ditadura militar. Do outro, uma esquerda intimidada. Cercado por guerrilheiros 30 anos mais novos e dispostos a reagir, o líder revolucionário escolheu a ação. Marighella era político, escritor e guerrilheiro contra a ditadura militar brasileira.
Antes de começar a falar propriamente do filme, cabe ressaltar que não serão abordados neste texto os aspectos políticos, mas sim cinematográficos do projeto. Um excelente projeto por sinal. Grandes atuações em uma história que apresenta o político que viveu no Brasil durante o regime militar e trabalhou para tentar retomar o processo democrático ao país.
O protagonista é interpretado por seu Jorge, mas o elenco conta com outros nomes conhecidos, como Bruno Gagliasso e Adriana Esteves. Tudo isso sob direção de Wagner Moura, que lutou muito para ver o seu filme no ar. Apesar de retratar um momento político recente do Brasil, muitas vezes o filme acaba se tornando um thriller policial que destaca a liderança de Marighella.
A idolatria que o protagonista vive é mostrada várias vezes, mas felizmente os outros personagens também tem seu espaço. Tanto é que existem algumas cenas bem emblemáticas onde seu Jorge não está envolvido. Esse tempo – o filme é bem longo – para outros personagens auxilia na experiência e nos aspectos de empatia e preocupação com os demais personagens.
Contudo, é preciso deixar um aviso: existem cenas que embrulham o estômago. Por retratar um momento específico onde houve casos de tortura no Brasil, a produção opta por deixar explícito alguns métodos que ficaram populares. Isso sem falar em assassinatos realizados pelos dois lados da história. É necessário estar preparado para esses momentos.
‘Marighella’ é um filme que vai ter um bom público. Seja de militantes, pessoas que não gostam dele ou até curiosos que não tinham conhecimento de sua história. Muitos estão querendo ver também pela demora que envolveu o seu lançamento. É um filme que vale a pena ser visto. Seja por retratar um período recente do Brasil como também pelos aspectos técnicos que o permeiam. Mas repito: preparem-se para cenas fortes.
Um Tio Quase Perfeito 2
2.6 27Mais uma semana e mais uma coluna de indicações de filmes para vocês. Devido a pandemia do coronavírus, seguimos sem trazer os grandes lançamentos e sim filmes leves para que vocês possam descansar e se entreter durante o final de semana. Dessa vez, o longa-metragem escolhido foi ‘Um Tio Quase Perfeito 2’, sequência estrelada por Marcus Majella.
Em ‘Um Tio Quase Perfeito 2’, longe da vida de trambiques e vivendo em harmonia com sua família, Tony reina soberano no coração de seus sobrinhos. Porém, quando sua irmã começa a namorar Beto, um homem aparentemente exemplar, ele corre o risco de perder a atenção dos pequenos. Determinado a acabar com a "concorrência", Tony vai fazer de tudo para que Beto não entre oficialmente para a família.
Nesse longa-metragem não se pode esperar grandes reviravoltas e um roteiro complexo. A ideia não é essa. Aqui temos um filme montado ao torno de Marcus Majella, que através do seu personagem, diverte e causa riso ao público. Tudo isso de forma muito fantasiosa e com cenas bem caricatas – o personagem do Danton Mello que o diga, afinal é uma caricatura pura.
Contudo, mesmo com a leveza e sem o comprometimento com a trama, o filme gera algumas pequenas reflexões – principalmente sobre mudanças. Vemos que tudo se desenrola no convívio do padrasto e como isso impacta a família de Tony, a família de Beto, as crianças e o próprio Tony. Só que, como dito anteriormente, o tema é levantado de forma bem rasa.
Existem ótimas cenas – todas arquitetadas por Tony – e muitos clichês e caricaturas de uma sociedade. Porém, mesmo com cenas previsíveis, o longa-metragem cumpre o seu papel de entreter o público. Não precisa muito – nem é necessário assistir ao primeiro filme – para compreender a história e aproveitar o filme, que não pode ir aos cinemas e estreou direto nas plataformas de streaming.
‘Um Tio Quase Perfeito 2’ é uma ótima pedida para assistir em um final de semana chuvoso com a família. Leve e descompromissado, ele gera ótimas cenas e garante risadas. Não é nada genial, mas cumpre o seu papel de entreter o público sem apelar para a vala comum de muitas comédias do passado. Assistam que não será arrependimento algum.
Minha Mãe é uma Peça 3
3.7 571Na última semana, muitos brasileiros se solidarizaram com a morte do comediante Paulo Gustavo. O ator, conhecido pelos seus filmes e séries, era muito querido pela população, mas acabou vindo a óbito por complicações do coronavírus. Por isso, como uma singela tentativa de homenageá-lo, dessa vez vamos falar de seu último longa-metragem: ‘Minha Mãe é uma Peça 3’.
Em ‘Minha Mãe é uma Peça 3’, Dona Hermínia vai ter que se redescobrir e se reinventar porque seus filhos estão formando novas famílias. Ela vai ter que segurar a emoção para lidar com esse novo cenário: Marcelina está grávida e Juliano vai casar-se. Para completar as confusões, Carlos Alberto, seu ex-marido, que esteve sempre por perto, agora resolve se mudar para o apartamento ao lado.
Essa é uma franquia consolidada do cinema nacional. Tem recordes de bilheteria em todos os longas-metragens. Tudo isso sem um roteiro complexo demais, mas também sem esquetes soltas. É uma vida normal com uma personagem muito bem desenvolvida e identificada com o povo brasileiro. Isso tudo rende ótimas cenas que marcam a história do cinema brasileiro.
Além disso, o filme traz um debate muito importante para os dias de hoje: casamento homossexual. Isso vem desde as referências ao marido de Paulo Gustavo e aos filhos adotados pelo casal, fotos do casamento deles nos créditos e falas importantes da Dona Hermínia no decorrer do filme (na festa do Sítio do Pica-Pau Amarelo e no casamento de Juliano).
Contudo, o filme tem algumas falhas. Talvez tenha faltado coragem para o beijo homossexual no casamento e existem cenas que não contam com verissimilidade alguma: policial sendo coagido a trabalhar no casamento e a viagem para os Estados Unidos. Contudo, tirando isso, o filme é muito coeso e não uma junção de esquetes como outras longas-metragens de comédia nacional.
Paulo Gustavo nos deixou no vigor de quem tinha uma vida toda pela frente. Infelizmente não teremos novos momentos com a dona Hermínia e com os seus outros personagens. Contudo, certamente eles ficam vivos na nossa memória. Assistam ‘Minha Mãe é uma Peça 3’ – disponível no Telecine Play – que certamente vocês não vão se arrepender dessa experiência.
Raya e o Último Dragão
4.0 646 Assista AgoraEssa semana trago um filme bem leve, afinal já estamos todos cheios de problemas e com o ambiente pesado devido a pandemia. Por isso, hoje falo de ‘Raya e o Último Dragão’, que foi lançado direto no streaming da Disney aqui no Brasil. Uma animação leve, que introduz uma nova princesa no universo e que faz com que a gente reflita muito sobre os dias de hoje.
Em ‘Raya e o Último Dragão’, Kumandra é um reino habitado por uma vasta e antiga civilização conhecida por ter passado gerações venerando os dragões. Porém, com as criaturas desaparecidas, a terra é tomada por uma força obscura. Quando uma guerreira chamada Raya, convencida de que a espécie não foi extinta, decide sair em busca do último dragão, sua aventura pode mudar o curso de todo o mundo.
Muitos podem estar se questionando: “Mas Guilherme, como um filme de dragão pode fazer com que a gente reflita sobre os dias de hoje?” e eu explico os motivos. O grande mote por trás deste longa-metragem está no egoísmo das pessoas, na sede pelo poder e em como isso pode fazer com que tenhamos dificuldade de confiar nas pessoas. Isso mesmo. Tudo isso em um filme de dragão.
Essas reflexões acontecem em diversos momentos do filme. No início vemos a sede pelo poder e o egoísmo das pessoas em quererem para si o poder deixado pelos dragões. Isso faz com que a protagonista se decepcione com as pessoas e deixe de confiar nos outros. Contudo, no decorrer do filme e com os ensinamentos do dragão, ela começa a mudar sua perspectiva sobre os outros.
Tudo isso em uma animação muito bem produzida. A riqueza dos detalhes e em coisas simples (textura da pele do dragão e “estátuas” abandonadas) fazem com que a gente compreenda o tamanho deste longa-metragem. É uma pena que o grande público não tenha assistido ao filme nos cinemas, pois a tela grande mostraria mais da magnitude desta obra da Disney.
‘Raya e o Último Dragão’ está disponível na Disney Plus e pode ser visto por todos – no início era necessário comprar o longa-metragem a parte – que gostam de uma boa animação. O padrão de qualidade da Disney foi mantido e, com certeza, toda a família poderá assistir a esta produção. Olha aí, já tem programação para esse final de semana de família no Dia das Mães. Assistam!
Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta
3.6 214 Assista AgoraEssa semana que passou ficou marcada pela cerimônia de entrega dos prêmios do Oscar de 2021. Contudo, mesmo com todos os filmes indicados, tirei o final de semana para assistir um longa-metragem que foi indicado por um assinante do Jornal A Semana: o fanzineiro Paulo Kobielski. O filme em questão foi “Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta” e que grata surpresa foi essa.
O que acontece quando se junta uma garota de uma cidade pequena do Texas com o movimento feminista? Esse é o mote que o filme quer responder. Inspirada pelo passado da mãe como Riot Grrrl, antiga integrante do feminismo punk dos anos 90, Vivian (Hadley Robinson) decide começar uma mobilização na própria escola. O filme é baseado na obra homônima de Jennifer Mathieu.
O filme traz discussões importantes e isso tem seu lado positivo e negativo. Vamos começar pelo positivo: trazer para a pauta debates importantes como estupro, abuso e demais crimes. Isso dentro de uma escola. A realidade pode chocar, mas infelizmente acontece e a decisão de trazer esse debate para o cinema ajuda a empoderar as mulheres desde a juventude.
Contudo, o ponto negativo é a romantização de tudo. Infelizmente existem embates fortes que são resolvidos de forma simples e “tudo dá certo no final”. Isso pode passar a impressão de simplicidade ou falta de urgência e pode prejudicar no debate. Contudo, por mais que tenha esse ponto negativo, não acredito que o debate deva cair na mesmice e sim pode servir como exemplo de conquista.
O mais legal é o meio com que isso acontece. Os fanzines – motivo que o assinante Paulo me indicou o filme – são o mote usado para liderar esse movimento. Por mais que seja uma mídia pouco conhecida e considerada por alguns como ultrapassada, no longa-metragem a gente consegue compreender o alcance e a importância que essa publicação pode ter ainda nos dias de hoje.
Tudo isso é mostrado através de boas atuações, mas de uma direção confusa. Apesar de criarmos uma empatia com a protagonista, falta o senso de preocupação. Isso porque todos os conflitos são resolvidos de forma apurada – isso quando a gente compreende as suas origens – e parece que o filme foi mal editado. O potencial era enorme não só na temática, mas também como entretenimento. Contudo isso não aconteceu.
“Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta” é um filme que deve ser visto por todos. Homens, mulheres, adultos e adolescentes. Todos vão se identificar com algum momento que o roteiro traz. Para quem quiser assistir, ele está disponível na Netflix. Além de um momento de entretenimento, todos vão encontrar temas que se tornam reflexões depois. E isso é o mais importante.
Amor e Monstros
3.5 664 Assista AgoraEsse fim de semana teremos a cerimônia do Oscar. Então nada melhor do que trazer um filme que está entre os indicados – não na categoria principal. Estou falando de ‘Amor e Monstros’, que está disponível na Netflix. Já adianto que me surpreendi em ver esse filme entre os indicados pela academia, mas com o seu entretenimento leve e, muitas vezes, tombando para o clichê, ele cumpre muito bem o seu papel.
No filme, criaturas gigantes assumem o controle da terra, fazendo com que o resto da humanidade busque por refúgio no subsolo. Após sete anos, Joel Dawson consegue se reconectar via rádio com Aimee, sua namorada da época de escola, e a paixão ressurge. Mesmo com ela vivendo a quase 130 km de distância, Joel percebe que não há nada que o prenda ao subterrâneo e resolve ir em busca de Aimee.
O longa-metragem traz tudo que a gente espera de um bom entretenimento: aventura, romance e monstros gigantes (risos). Dito isso, é importante deixar claro que o filme é muito bom e, ao contrário do que muitos podem achar, os monstros não são o foco dessa produção. É óbvio que eles aparecem, mas o foco está na humanidade do protagonista e dos coadjuvantes.
Ele traz cenas com diálogos muito bons e verossímeis, fazendo com que o público se preocupe com os personagens. Não só isso. Ele também faz com que o leitor se apegue com a história. Isso tudo graças ao roteiro e a direção do filme, mas também ao protagonista, interpretado por Dylan O'Brien, que entrega um personagem cheio de camadas e falhas – como todos nós.
É óbvio que este não é um filme perfeito. Ele tem seus clichês – ALERTA DE SPOILER – ou alguém achava que o misterioso capitão não era um vilão da história? – FIM DO ALERTA DE SPOILER. Contudo, por mais que ele caia para alguns caminhos óbvios, isso não tira a qualidade do filme. Tanto é que admito ter colocado na TV por achar algo leve e, por mais que seja, ele me prendeu bastante.
Sobre o futuro: o filme é fechado e se sustenta sozinho, mas deixa o caminho aberto para uma sequência ou criação de uma franquia nesse universo. Eu não sei se precisa disso, pois acho que ele funciona muito bem desse jeito, contudo vou ver se sair um novo longa-metragem. Acho que isso já mostra o quão legal é ‘Amor e Monstros’ e, por isso, peço que assistam ele na Netflix.
Socorro, Virei Uma Garota!
2.8 132 Assista AgoraSabe aquele filme clichê, feito para desligar o cérebro, mas que consegue entreter o público que está em frente a televisão. Acho que é assim que se pode definir o longa-metragem ‘Socorro, Virei uma Garota!’, que esteve nos cinemas em 2019 e que hoje está disponível na maior plataforma de streaming do país – patrocina a gente Netflix – para todos assistirem.
O filme acompanha Júlio, um garoto tímido e praticamente invisível aos olhos de seus colegas. Um dia, ao ver uma estrela cadente, ele faz um pedido: deseja ser a pessoa mais popular da escola. Logo ele se transforma em uma garota, Júlia, que é extremamente popular. Sem saber como lidar com o corpo que acabou de ganhar, ele precisa ainda lidar com a proximidade de Melina, a garota por quem é perdidamente apaixonado.
Para quem lê a sinopse já enxerga semelhanças com outras obras nacionais. Talvez o mais semelhante exemplo seja ‘Se Eu Fosse Você’. Contudo, aqui ele não traz a genialidade do filme estrelado por Tony Ramos e Glória Pires. Muito pelo contrário. Aqui ele apela para estereótipos que garantem o riso rápido – apesar de errar a mão em alguns momentos e se tornar machista.
Apesar das falhas e de um roteiro raso, as cenas criadas geram o riso espontâneo. Muitas vezes, mesmo sem querer, a gente se pega leve ao assistir ao filme. Acredito que ele seja isso mesmo. Em nenhum momento ele tem o objetivo de ser algo genial, mas sim simples e que prenda o telespectador. É como eu disse no início: desligue o cérebro e se permita apreciar a obra.
Uma pena ele não ter aproveitado o espaço para problematizar algumas questões como a homossexualidade e a objetificação/vulgaridade feminina que ele apresenta na história. Contudo, é como disse, ele nunca teve essa pretensão. O problema talvez seja que, em normatizar algo que não é assim, ele possa estar prestando um desserviço. Por isso é importante desligar o cérebro para questões como essa.
Liga da Justiça de Zack Snyder
4.0 1,3KSenão é um fato inédito, com certeza é raro. Assim podemos começar a falar do Snyder Cut, movimento de fãs da DC que fizeram com que a Warner autorizasse a conclusão do projeto desenvolvido por Zack Snyder que não foi ao cinema. E, para não perder o costume e o bordão, podemos dizer que essa aposta foi uma grata surpresa e que é triste não poder assistir este filme nos cinemas.
Depois de restaurar sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Superman, Bruce Wayne convoca Diana Prince para combater um inimigo ainda maior. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes -- Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman, Ciborgue, e Flash -- poderá ser tarde demais para salvar o planeta.
Antes de mais nada é importante ressaltar que sem os fãs da DC nada disso teria acontecido, então o filme é desenvolvido por um fã e para os fãs. Ele é perfeito? Claro que não. Inclusive existem diversos furos de roteiro e excessos nas quatro horas de filme. Isso é ruim? Claro que não. O filme é muito bom e faz com que muitos queiram esquecer do longa-metragem de 2017.
Existem muitas mudanças no tom do filme, que fica mais sombrio e com menos alívios cômicos – algo previsível tendo em vista o trabalho do Snyder. Contudo, isso não é problema e até condiz mais com a realidade que os heróis estão vivendo. Outra coisa importante que essas horas a mais de filme dão é no aprofundamento dos personagens. Isso faz com que a perspectiva de alguns mude bastante.
Não sei se seria necessária às quatro horas de filme, pois temos cenas “desnecessárias” para a trama, mas como havia esse espaço, Snyder as colocou na versão final. Existem apenas dois momentos que prefiro do longa-metragem de 2017: o embate entre Mulher-Maravilha e Batman sobre o Superman e a chegada da Lois Lane em um momento importante da trama.
No mais, Snyder melhora – e muito – o filme de 2017. Personagens aprofundados e com camadas, as câmeras lentas (amadas por uns e odiadas por outros) e cenas de ação muito bem dirigidas e de tirar o fôlego. Isso tudo é mérito do Snyder, que conseguiu fazer com que um projeto ousado como esse saísse do papel e tivesse o apoio de elenco e fãs.
Infelizmente tudo indica que Snyder não seguirá com o seu universo na DC Comics, que já tinha tido oito filmes relacionados (Homem de Aço, Batman Vs Superman, Esquadrão Suicida, Mulher-Maravilha, Aquaman, Shazam, Arlequina e Mulher-Maravilha 1984). Contudo, depois desse lançamento, eu não duvido que ele seja procurado para retomar o universo que estava criando... E não seria ruim.
Soul
4.3 1,4KSaiu a lista dos indicados ao Oscar 2021. Isso mesmo. Ela saiu um pouco atrasada devido a pandemia do coronavírus, mas agora já temos acesso a lista dos indicados e chegou o momento da nossa maratona. Isso mesmo. Até o dia da premiação só vamos falar de filmes indicados que estão disponíveis nos serviços de streaming. Para começar vamos falar de ‘Soul’, animação da Pixar que está disponível no Disney+.
Em ‘Soul’, duas perguntas se destacam: Você já se perguntou de onde vêm sua paixão, seus sonhos e seus interesses? O que é que faz de você... Você? A Pixar Animation Studios nos leva a uma jornada pelas ruas da cidade de Nova York e aos reinos cósmicos para descobrir respostas às perguntas mais importantes da vida. Dirigido por Pete Docter e produzido por Dana Murray.
Apesar de ser um filme diferente, é nítido que a fórmula Pixar de fazer cinema está muito bem representada. Como outras animações recentes (‘Divertidamente’, ‘Viva’ e ‘Dois Irmãos’), nós temos uma relação muito bem construída e que trabalha com o luto/tristeza para crianças e os adultos. Talvez esse seja o filme que mais se pareça com ‘Divertidamente’, que foi um sucesso e conta com o mesmo diretor.
A sensibilidade do filme e suas sacadas do mundo real com o “mundo espiritual” funcionam e, pela primeira vez, a Pixar deixa de lado os alívios cômicos. Não é que eles não existam, mas dessa vez eles não são necessários para que a trama agrade a todos os públicos. É uma pena que esse filme tenha ido direto para o streaming e não tivesse passado pelos cinemas, afinal a experiência e o alcance seriam maiores.
‘Soul’ brinca com a morte, traz referências clichês (ocupar o corpo de um animal e a troca de almas) e brinca com a nossa cabeça ao nos fazer ter a reflexão mais óbvia possível: “O que importa é o destino ou a jornada?”. Contudo, apesar do óbvio/clichê, essa comparação é feita de forma sútil e isso torna a animação tão genial quanto era a expectativa do público.
Para quem não sabe, a produção está concorrendo em três categorias: melhor animação, melhor trilha sonora original e melhor som. Acredito que tenha grandes chances de vencer na melhor trilha sonora original. Já na melhor animação têm fortes concorrentes, mas desponta como favorita. Só que isso é papo para outra hora. Agora eu só quero que tu assistas ‘Soul’, pois garanto que não vai se arrepender.
Legalidade
3.2 25Hoje trago um filme diferente aqui. Acredito que, com exceção dos documentários que já escrevi, esse é o longa-metragem com carga histórica mais importante que trago. Pelo menos quando falei da história do nosso país eu tenho certeza. Isso porque ‘Legalidade’ retrata um momento marcante do Brasil que se passou aqui no Rio Grande do Sul: a rede da legalidade.
Quando Jânio Quadros renuncia à presidência, o vice João Goulart torna-se o sucessor natural ao cargo. No entanto, setores liderados pelos militares clamavam pelo impedimento da posse de Jango, temerosos de suas posições de esquerda. Liderado por Leonel Brizola, o movimento Legalidade é criado para garantir a posse do vice-presidente, colocando grande parte do Rio Grande do Sul contra o núcleo do exército.
Esse momento histórico tem muita relação com o jornalismo, afinal é através do rádio que Brizola se comunica com o país e mantêm acesa a chama da esperança do povo brasileiro. Tudo isso muito bem interpretado por Leonardo Machado (in memoriam), que dá vida há um dos políticos mais importantes do Rio Grande do Sul e do Brasil, que foi governador em dois estados e candidato a presidente.
A história por si só tem força para sustentar um filme. Pelo menos para mim, curioso por fatos políticos e maravilhado pela coragem de Brizola. Contudo, o diretor Zeca Brito resolve inserir na trama um triângulo amoroso formado entre Cecília (Cléo Pires), Luís Carlos (Fernando Alves Pinto) e Tonho (José Henrique Ligabue). Tudo isso em meio a questões de espionagem, CIA e relação com o argentino Che Guevara.
Contudo, por mais que o longa-metragem tenha sua importância histórica, pontos como esse romance acabam destoando. Isso sem falar da subtrama envolvendo Letícia Sabatella. São todos temas que contam com liberdade poética e não os fatos em si. Não que sejam momentos ruins da produção, mas sim destoantes do filme que vemos e que tem a relevância histórica.
Assistam ‘Legalidade’ para conhecer um pouco mais da história recente do Rio Grande do Sul e do Brasil. É de suma importância. A parte amorosa do filme pode ser apreciada, mas não deve se apegar. Existem falhas/furos no roteiro que podem prejudicar, mas que são compensados pela carga histórica e política que esse longa consegue trazer para os telespectadores.
Tudo Bem no Natal Que Vem
3.5 563Leandro Hassum me fez chorar. É assim, com essa manchete forte e que chama a atenção que inicio a crítica do longa-metragem ‘Tudo Bem no Natal que Vem’, que está disponível na Netflix. Esse é o impacto que o filme traz ao misturar o clima natalino com o sentimento de quem não gosta da data e deixava o melhor, por mais simples que fosse, passar despercebido.
Em ‘Tudo Bem no Natal que Vem’, Jorge, interpretado por Leandro Hassum, é um homem rabugento que sempre odiou o Natal e costuma fazer de tudo para evitar as comemorações dessa data. Na véspera do feriado, ele cai do telhado e bate a cabeça. Quando acorda, percebe que está vivendo o Natal do ano seguinte, e continua revivendo diversos Natais em um ciclo interminável.
O filme utiliza de recursos semelhantes a filmes como ‘Click’ e ‘A Morte te dá Parabéns’. Isso no sentido de reviver sempre o mesmo dia ou de perder coisas simples da vida que, devido a rotina, passam despercebidas ou ainda chatas para a gente. Sabe aquele tio da piada do pavê que ninguém aguenta? Pois é, nesse filme entendemos o motivo de ninguém aguentar, mas também sentimos falta quando ele não está entre nós.
Apesar de alguns clichês como o beijo na chuva, problemas no roteiro – o filme termina em 2031 e não vemos avanços tecnológicos –, e na chroma key; o longa-metragem alcança o seu objetivo de fazer o público rir e se emocionar. No primeiro, Hassum é gênio e o estilo dele ajuda. O riso vem pelas piadas e deboches que geram a identificação com o público-alvo.
Já no drama, ele surpreende. Não que seja um ator ruim, mas é que raramente vemos ele em cenas de drama e nesse filme ele tem espaço para isso. Muito espaço na verdade. Não quero dar spoilers sobre para não atrapalhar a experiência de descobrir tudo junto com o personagem, porém pode-se dizer que ele dá conta do recado. E mais. Ele é humano na sua interpretação.
Tudo isso faz com que ‘Tudo Bem no Natal que Vem’ se torne um filme obrigatório para se assistir nas festas natalinas de família. Ele consegue entreter, divertir e emocionar. Por mais que o filme tenha falhas, tudo o que está no entorno compensa. Isso sem falar que é o Brasil reconhecido num filme natalino, sem neve e outras coisas mais. Assistam na Netflix que vale bastante a pena.
Bad Boys Para Sempre
3.4 395 Assista AgoraEssa semana tem feriado e nada melhor do que reencontrar personagens que somos fãs em um novo filme. Isso virou moda em Hollywood – dar sequência a filmes do passado – e vem dando muito certo nas bilheterias. Por isso hoje trago um longa-metragem muito querido pelos fãs da franquia e que voltou aos cinemas em 2020 com uma sequência. Estou falando de ‘Bad Boys Para Sempre’.
O filme acompanha os policiais Mike Lowery e Marcus Burnett, que se juntam novamente para derrubar o líder de um cartel de drogas em Miami. A recém-criada equipe de elite do departamento de polícia de Miami, ao lado de Mike e Marcus, enfrenta o implacável Armando Armas. Isso tudo trazendo personagens interessantes da franquia original.
‘Bad Boys Para Sempre’ soube dosar a novidade do novo filme que dá um restart na franquia, mas ao mesmo tempo trouxe o saudosismo muito forte. Isso indo da trilha sonora até as relações entre Mike Lowery e Marcus Burnett, interpretados por Will Smith e Martin Lawrence. Além disso afirmo: que sintonia esses dois atores têm. Mesmo tantos anos depois, seguem muito afinados.
Outra coisa legal que eles sabem brincar é com a questão de o tempo estar passando para ambos. Isso vai dos debates sobre a aposentadoria até questões mais subjetivas, como pintar a barba e usar óculos. São recursos que trazem o saudosismo do passado, mas recolocam a franquia nos dias de hoje. Com certeza esse foi mais um acerto do terceiro filme da franquia.
Dessa vez também temos menos tempo para a comédia e mais para a ação – algo que pode ter pegado os fãs desprevenidos, mas que ajuda no amadurecimento da franquia. Óbvio que o filme não é uma obra de arte e tem seus defeitos, mas ele deixa bem claro o seu objetivo de entreter o público com uma história conhecida. Isso faz com que ele se permita levar menos a sério e ajuda na experiência.
Luta Por Justiça
4.2 250 Assista AgoraApós um longo tempo sem ir às cabines de imprensa, nós voltamos aos cinemas de Porto Alegre para assistir um dos lançamentos mais importantes deste mês. Trata-se de ‘Luta por Justiça’, protagonizado pelos atores Michael B. Jordan, Jamie Foxx e Brie Larson – que elenco hein?! E não é só isso. Além de serem grandes nomes do cinema, eles contam uma história que precisa ser contada.
O filme acompanha Bryan Stevenson, um advogado que abre mão de uma carreira lucrativa em escritórios renomados da costa leste para se mudar para o Alabama e se dedicar a prisioneiros condenados à morte que jamais receberam assistência. Ao chegar lá, ele se depara com Walter McMillian, um homem negro falsamente acusado de um assassinato, mas que nunca teve uma defesa apropriada por conta do racismo.
Primeiramente: esse filme é baseado em fatos – e isso enriquece e choca ainda mais a trama. Isso mesmo. Todos os casos de racismo que aparecem nesse longa-metragem são reais e, para a tristeza de muitos, isso ainda segue acontecendo. O filme se passa entre os anos 80 e 90, mas, em 2015, o escritório do advogado que protagoniza a produção venceu mais um julgamento que tirou da fila da pena de morte um inocente.
É chocante ver que ainda existem pessoas inocentes condenadas (muitas vezes executadas) apenas por serem negros. Muitos inocentes acabam tendo esse fim – no filme é dito que um a cada nove presos na fila da morte é inocente. Os números são alarmantes e fazem com que o público se choque com o drama que cada um dos personagens está passando naquele momento.
Muito disso se dá devido ao excelente roteiro e a atuação dos três principais atores. Todos eles demonstram o sentimento de apreensão, esperança, frustração e medo que são necessários para desenrolá-lo da história. Tudo é muito difícil e existe todo um sistema que não faz questão de fazer justiça, mas sim de encerrar um caso da maneira mais fácil.
O longa-metragem estreou no ano passado e, pela sua temática, ouso dizer que havia esperanças por parte dos diretores e elenco de que ele estivesse na temporada de premiações – o que não aconteceu. Não sei se se pode considerar isso uma injustiça na academia, mas que existiam filmes inferiores a ‘Luta por Justiça’ nessa corrida, com certeza tinham.
Jojo Rabbit
4.2 1,6K Assista AgoraNo último final de semana ocorreu a cerimônia do Oscar, mas muito antes disso já sabíamos de grandes pérolas do cinema que chegaram às telonas em 2019 – muitas delas chegam aqui somente depois da indicação. Um desses casos é ‘Jojo Rabbit’, que estreou nos cinemas recentemente e acompanha uma das histórias mais afetuosas dessa temporada.
O filme se passa durante a Segunda Guerra. Jojo é um nazista de 10 anos, que trata Adolf Hitler como um amigo imaginário. Seu maior sonho é participar da Juventude Hitlerista, um grupo composto por outras pessoas que concordam com os seus ideais. Um dia, Jojo descobre que sua mãe está escondendo uma judia e, depois de várias tentativas para expulsá-la, o jovem começa a desenvolver empatia pela hóspede.
Peguei-me refletindo e muito sobre o filme, mas não consigo enxergar pontos negativos na trama, direção ou elenco. Todos estão muito bem em suas atuações, as direções do Taika Waititi é segura e a adaptação deste livro lançado em 2004 e que dá origem ao longa-metragem. Uma história curiosa é que o pedido de adaptar a obra partiu da mãe do diretor, que prontamente atendeu.
Já o elenco merece um parágrafo a parte. Além do próprio Taika, que interpreta Hitler, existem outros nomes interessantes no elenco. São eles: Roman Griffin Davis, Scarlett Johansson, Sam Rockwell e Rebel Wilson. Todos estão muito bem em seus papeis, mas nenhum tem tanto carisma quanto Archie Yates, que interpreta o melhor amigo de verdade do protagonista.
Não tem como não se emocionar com a relação de carinho dos dois, com a atuação de Scarlett e com todas as paródias feitas pelos nazistas durante o longa-metragem. Tudo funciona muito bem, pois todo o elenco está afiado – mérito da direção de Taika, que mais uma vez entrega um excelente filme. Cabe ressaltar que ele saiu com o prêmio de melhor roteiro adaptado da premiação.
Assista ‘Jojo Rabbit’ nos cinemas. Ele merece demais ser reconhecido como aquele filme que nos faz rir, pensar e aquecer o nosso coração. Mais um grande acerto de todos os envolvidos. Uma pena que não tenha vencido mais categorias do Oscar, mas merece aplacar mais espaço no coração das pessoas. Uma aula de Taika que ficará eternizada nas telonas.
Adoráveis Mulheres
4.0 975 Assista AgoraO ano de 2020 começou e com ele também retornam os filmes inéditos no Brasil e que podem dar o que falar na temporada de premiações do cinema. Por isso, nesta semana trago um dos melhores filmes do ano passado (na minha modesta opinião) e que pode ou não alcançar grandes públicos neste início de ano. Trata-se de ‘Adoráveis Mulheres’, dirigido e roteirizado por Greta Gerwig.
O longa-metragem acompanha as irmãs Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh) amadurecem na virada da adolescência para a vida adulta enquanto os Estados Unidos atravessam a Guerra Civil. Com personalidades completamente diferentes, elas enfrentam os desafios de crescer unidas pelo amor que nutrem umas pelas outras.
O trabalho da diretora e roteirista é o grande ponto deste filme. Que direção Greta deu ao longa-metragem, conseguindo misturar passado e presente com maestria e fugindo do lugar comum. Não existem textos que sinalizem isso. Tudo é feito com base em algumas características das personagens (tamanho do cabelo) ou na paleta de cores utilizada.
Contudo, nada disso seria possível sem o elenco recheado de grandes nomes, como Meryl Streep, Emma Watson, Saoirse Ronan e Timothée Chalamet. Esses nomes são o destaque de um projeto que adapta um livro clássico para os dias atuais e passa mensagens que o feminismo de hoje em dia defende, mas que já era pauta antes de 1900.
Com certeza indicações devem ocorrer nas premiações. O longa-metragem merece esse reconhecimento, mas merece algo maior: ser assistido no cinema. Somente assim será possível compreender todas as nuances apresentadas pela diretora e o trabalho magistral de um elenco seguro de si, mesmo misturando novos nomes com o de artistas consagrados.
Brooklyn: Sem Pai Nem Mãe
3.3 97 Assista AgoraBons filmes costumam chegar ao final do ano – ao lado de excelentes obras para a temporada de premiações e de produções natalinas. É com a premissa de ser um filme de investigação bem executado, mas sem grandes pretensões, que chega aos cinemas nesta semana ‘Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe’. A obra, dirigida pelo excêntrico Edward Norton, adapta o livro homônimo de Jonathan Lethem com um elenco recheado de bons e consagrados atores.
O filme acompanha Lionel Essrog, um solitário detetive particular com síndrome de Tourette, o que faz com que não tenha controle sobre o que diz. No momento ele está investigando o assassinato de seu amigo e mentor, Frank Minna, mas tem poucas pistas sobre o que aconteceu. Obsessivo, Lionel passa a percorrer vários trechos da cidade em busca de respostas, até encontrar um caminho através da especulação imobiliária em vizinhanças resididas em sua maioria por pobres e negros.
Não se pode dizer que este é um filme ruim. Longe disso. Contudo, o projeto é cansativo demais para o público presente. A investigação é óbvia – fazia tempo que o público tinha sacado tudo – e alguns personagens têm arcos maçantes. Um caro exemplo é o protagonista e sua síndrome de Tourette. A doença serve apenas como válvula de escape para o cômico, pois de nada interfere na investigação ou no decorrer da trama. Tanto é que, mesmo os sustos, acabam não funcionando mais.
Isso tudo se torna mais cansativo quando se pensa que o longa-metragem tem duas horas e meia de duração. O tempo de um filme nunca é problema senão existem barrigas dentro dele. Infelizmente isso acontece muito em ‘Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe’. Existem cenas prolongadas ou desnecessárias para o desenvolvimento da história. Quando se atrela isso ao tempo do filme, pode-se acreditar que 20 minutos há menos não fariam falta alguma.
‘Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe’ está longe de ser um filme ruim, mas acredito que os produtores esperavam mais. Um longa-metragem com essa temática e elenco, sendo lançado em dezembro, é o estigma de buscar algo no Oscar. Obviamente que pode rolar algo para Edward Norton, afinal ele está muito bem no papel. Contudo, isso seria o reconhecimento de um trabalho isolado dentro de um filme que, mesmo que não seja ruim, está longe das expectativas criadas.