Normalmente o início do ano não trazia grandes filmes para o Brasil – principalmente após o Oscar – contudo, após o sucesso de 2017 com “Corra!”, Jordan Peele conseguiu subverter essa data, afinal o filme foi lançado no início do ano e esteve presente em toda a temporada de premiações. Agora a ideia pode ser fazer o mesmo, por isso chega aos cinemas o filme desta semana, “Nós”.
O longa-metragem acompanha o casal Adelaide e Gabe, que decidem levar a família para passar um fim de semana na praia (onde a protagonista veraneava na infância) e descansar em uma casa de veraneio. Eles viajam com os filhos e começam a aproveitar o ensolarado local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna refém de seus próprios duplos.
Já podemos dizer que o filme vem sendo um sucesso de critica por unir alegorias do cinema de massa com o cinema de circuito fechado. Ele trabalha muito com filosofia e semiótica, em uma ideia de preparar o público que está no cinema sobre o que acontecerá. Apesar de se vender como um filme de terror, ele é muito diferente do que estamos habituados.
Não existe demônio, extraterrestre ou possessão. Muito pelo contrário. Existe toda uma sociedade (explicada e apresentada durante ao filme) que vive embaixo da terra e são sombras dos que vivem acima. Isso consegue mostrar o talento dos quatro personagens principais, que acabam interpretando dois personagens com características distintas.
O filme é tenso e consegue manter isso até o final. O problema está justamente no final do longa-metragem. Não quero dar spoilers da produção, mas sim dizer que há um problema nas últimas cenas. Isso porque o fato que acontece derruba toda a premissa que vinha sendo desenvolvida até aquele momento. Isso mais confunde a cabeça do telespectador do que mostra alguma genialidade.
“Nós” é filme de premiação. Com certeza estará sendo lembrado mais para frente e deve até voltar ao cinema no final do ano. O ponto é se a genialidade dele é só mérito exclusivo do filme ou se o nome de Jordan Peele pode ser a referência que todos procuram. Uma coisa é certa: o filme é bom e pode ser o primeiro pós-horror a me conquistar.
A primeira bomba de 2019. Não tem forma melhor de definir a comédia “Um Funeral em Família”, que deve estrear no começo de abril. Um filme que poderia ser engraçado se soubesse quando uma piada deve encerrar. Sem o dinamismo necessário, atores conhecidos como Tyler Perry (Vice), Jen Harper (Felicidade por um Fio) e Aeriel Miranda (Straight Outta Compton); acabam sucumbindo e não conseguem entregar boas atuações.
O filme acompanha Madea e seus companheiros que achavam estar indo para uma reunião de família como outra qualquer. Porém, tudo se transforma em um pesadelo quando de repente eles precisam planejar um funeral no meio de sua viagem a Georgia. Isso devido ao falecimento de um dos aniversariantes. Basicamente é uma confusão só e sem nenhuma verossimilhança.
Esse foi mais um filme protagonizado por Madea. Na realidade, sabe-se que pelo menos sete longas-metragens desde 2006 contam histórias desta personagem. Muitos deles sequer foram lançados no Brasil. Talvez “Um Funeral em Família” seja o primeiro a ter ganhado uma chance no cinema. Não posso afirmar isso, mas posso prever que deve ser a última chance também.
Tudo devido à falta de dinamismo ou tempo de comédia. Existem cenas que até arrancam risos (se for feito bastante força), mas elas se arrastam demais. Falta a velocidade do esquete. São dez minutos remoendo uma piada que já era forçada, como tudo no filme. O quinteto de idosos é maçante demais, apelando para piadas de cunho sexual ou físico há todo momento.
Cansa demais porque não existe gancho e nem papel no desenvolvimento da história. Acaba truncando tudo. No cinema eu só pensava em quando eles iam sair de cena. O outro grupo de protagonistas até que conseguem levar a história. Obviamente que não existe profundidade e nem grandes atuações. É uma novela costurada e que não apresenta nada que gere identificação ou empatia com o público.
“Um Funeral em Família” funciona com dois núcleos. Idosos tarados de um lado, problemas amorosos no outro. Tudo isso ridicularizando os negros e sua cultura, criando estereótipos – ou reforçando eles – ao invés de se trabalhar com a subversão destes valores. Obviamente que a ideia é fazer um humor escrachado e sátiro, mas a falta de tempo de comédia faz com que vire a primeira bomba de 2019.
Um final de semana estendido de carnaval. Tempo de relaxar, fazer festa ou colocar certas coisas em dia. Eu aproveitei a última opção e assisti “Roma”, primeiro filme original da Netflix indicado ao Oscar. Vencedor da categoria de melhor diretor (Alfonso Cuarón já havia vencido em outra oportunidade). Elogiadíssimo por todos, está produção é o filme d’A Semana.
O longa-metragem se passa na Cidade do México, em 1970. A rotina de uma família de classe média é controlada de maneira silenciosa por uma mulher, que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante um ano, diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais.
“Roma” foi dirigido, escrito, produzido, fotografado e montado por Cuarón. Um grande trabalho do mexicano, que consegue aqui entregar um filme coeso e com uma boa história. Além disso, o diretor constrói algo que pode ser considerado uma ruptura no cinema mundial – seja por ser um filme de streaming, pelo preto e branco e também pelo olhar intimista do mexicano.
Contudo, talvez a maior genialidade de Cuarón em “Roma” seja no modo com que ele desenvolve a história. Todo o filme foi gravado em sequência linear dos fatos e não havia atores. O diretor convidou pessoas “normais” para protagonizarem o filme. Com isso, por mais que não existam grandes nomes, a trama fica verossímil e visceral. Muito verdadeira e envolvendo o telespectador.
Tecnicamente não há o que ser questionado. Cuarón é um grande diretor e desenvolve trabalhos magníficos em todas as áreas que trabalhou no filme. Os grandes destaques talvez sejam os planos parados, onde os personagens andam no entorno da câmera, e a fotografia. Apesar de serem grandiosos, também se tornam intimistas. Indo do maximalista ao minimalismo.
Sei que elogiei bastante o filme aqui, mas saliento uma coisa: não é uma produção para todo mundo. Eu mesmo compreendo toda a importância que o longa-metragem tem, porém ele não me fisgou. Não consegui me envolver com os personagens e nem me apegar na trama. É uma pena, mas acontece. Digo isso para todos que leem essa coluna. Cinema são arte e subjetivo. Todos têm seus gostos e isso não define a qualidade de um filme.
Passamos o Oscar de 2019. Acabaram as premiações e voltamos para nossa programação normal. Não que filmes que estiveram na premiação não apareçam mais aqui – o calendário no Brasil é diferente dos Estados Unidos – mas agora diminuirá bastante a frequência de longas-metragens de tão alto nível. Um caso deste nível mediano é o filme desta semana: “Não Olhe”.
O filme conta a história de uma solitária jovem de 18 anos que não encontra suporte familiar e nem amigos para que possa desabafar sobre os problemas de sua vida. Cansada, ela começa a conversar com o próprio reflexo no espelho apenas para externalizar sua angústia, mas rapidamente descobre que está trocando de lugar com uma espécie de clone que tenta convencê-la a tomar atitudes vingativas.
O filme divide opiniões. Isso é fato. O problema é que ele acaba pesando mais para um lado negativo do que positivo. As coisas não fazem sentido, tornando-se desnecessárias e sem verossimilhança alguma. E isso nem é culpa da protagonista, que entrega uma atuação convincente e visceral, mas sim do roteiro que peca em entregar consistência à história.
Além disso, falta profundidade nos coadjuvantes. As suas motivações não são apresentadas e – intencionalmente ou não – só temos o ponto de vista da jovem no presente. Falta bagagem para se envolver de melhor forma com os outros personagens. Isso faz com que faltem explicações e construções de virada no roteiro, algo que prende o telespectador.
Obviamente que o filme constrói de maneira assertiva todo o ambiente envolvente para que o público fique curioso com os próximos passos, mas a falta de profundidade prejudica os aspectos de preocupação entre público e trama. Talvez por isso tenha faltado um envolvimento mais intenso de quem assiste com quem está no cinema. Uma pena para um filme com potencial interessante.
“Não Olhe” está num limbo entre filme bom e ruim. Tem qualidade para mais, porém não consegue entregar. Não creio que exista a necessidade de assistir no cinema, porém não precisa ser desprezado quando for encontrado em serviços de streaming ou na televisão. Uma produção B que consegue entreter, mas não consegue ser cinema na sua essência.
Abro o e-mail e está escrito: Cabine de Imprensa de “Todos Já Sabem”, com Javier Barden, Ricardo Darín e Penélope Cruz. Não tinha como dizer não para um filme com esse elenco. Fui ao cinema esperançoso e com as expectativas altas – algo que felizmente não estragou minha experiência. Vi um excelente filme, com um elenco premiado e que, graças ao trabalho do diretor iraniano Asghar Farhadi, consegue fugir de todos os clichês que poderia ter caído.
O filme se passa durante o casamento da irmã de Laura, que é quando ela retorna para a Espanha para a cerimônia. Por motivos de trabalho, o marido não pode ir. Chegando ao local, Laura reencontra o ex-namorado, Paco. Durante a festa, uma tragédia acontece. Toda a família precisa se unir diante de um possível crime de grandes proporções, enquanto se questionam se o culpado não está entre eles. Na busca por uma solução, segredos e mentiras são revelados sobre o passado de cada um.
Apesar de um grande elenco, não existe um protagonista definido ou uma cena onde um acabe se sobressaindo. Muito pelo contrário. Todos os três grandes nomes deste elenco dividem muito bem o espaço com os outros personagens. A história não é desenhada pelo ponto de vista de um ou outro protagonista, mas sim eles permeiam toda a trama e auxiliam na contação desta história. O trabalho destacado de Farhadi mostra o poder que ele tinha em cima do roteiro para que a trama fosse desenvolvida.
A trama é recheada de reviravoltas e dramas familiares. Todos têm motivações e muitos geram desconfiança sobre o ocorrido na noite do casamento. Contudo, a produção não cai na mesmice. Ele é um filme que desenvolve bem a maioria das tramas e consegue fazer tudo com naturalidade. Quando o filme termina, nem parece que passou mais de 90 minutos na sala de cinema. Tudo porque a história acaba envolvendo quem está assistindo ao longa-metragem.
“Todos Já Sabem” passou em festivais de cinema e, pelo elenco, pode-se acreditar que foi pensado para a temporada de premiações – apesar de ter sido esnobado. Apesar disso, deve ser assistido por todos que tiverem oportunidade. Grandes atores, grande elenco e uma trama envolvente. Talvez o meu único adento seja que o final do filme é aberto e isso pode desagradar alguns telespectadores. Contudo, isso não atrapalha toda a experiência cinematográfica que aqui existe.
Essa semana o filme não será uma estreia nos cinemas, mas sim um dos com mais indicações ao Oscar 2019. Estamos falando de “Bohemian Rhapsody”, produção que conta toda a formação da icônica Queen. Estrelado por Rami Malek, o longa-metragem passou por bastantes polêmicas antes de ser lançado e coroado com indicações e conquistas na temporada de premiações.
O filme conta a história de Freddie Mercury e seus companheiros Brian May, Roger Taylor e John Deacon mudam o mundo da música para sempre ao formar a banda Queen, durante a década de 1970. Porém, quando o estilo de vida extravagante de Mercury começa a sair do controle, a banda tem que enfrentar o desafio de conciliar a fama e o sucesso com suas vidas pessoais cada vez mais complicadas.
Sabe-se que o filme conta a história da banda, mas obviamente que a vida de Freddie Mercury é o foco da produção. Com isso, a atuação de Rami Malek acaba sendo um ponto crucial da trama. Visualmente está perfeito e, nas cenas onde não é necessário cantar, ator dá conta do recado. O problema é que estamos falando de Freddie Mercury e os momentos musicais são os mais emblemáticos.
Nesse aspecto, Malek peca e não é pouco. Todos sabem que ele dubla no filme, mas falta verdade no trabalho dele. Peguei-me comparando-o com o que Andreia Horta fez no filme “Elis”. Ela também dubla, mas passa verdade. Todos acreditam que ela está cantando. No caso de Malek isso não existe. Falta verdade e isso prejudica muito o trabalho do ator.
Além disso, a produção sofre com furos de roteiro e/ou histórias contadas de formas diferentes. Muitos são os fatos inventados ou adiantados/atrasados na narrativa do filme. Basta uma pequena pesquisa sobre licenças poéticas que foram tomadas para descobrir isso. Sem falar que o filme não traz nada realmente inédito. Todas essas histórias já eram de conhecimento do público por livros e documentários.
“Bohemian Rhapsody” está longe de ser um filme ruim, ainda mais para mim que não conheço tão profundamente a história da banda. Contudo, não pode ser considerado o melhor filme do ano. Muito menos Malek pode ser visto como o melhor ator. A produção é boa por mexer com um fenômeno da cultura e que toca no coração de todos, porém peca nos aspectos técnicos de filme.
Já adianto que hoje não é um filme do Oscar e nem uma grande pérola do cinema, porém posso afirmar que é um entretenimento honesto e que, com certeza, irá divertir muita gente. Estou falando da produção “Alita – Anjo de Combate”, dirigida por Robert Rodriguez e que adapta um mangá de mesmo nome.
O longa-metragem conta a história de uma ciborgue que é descoberta por um cientista. Ela não tem memórias de sua criação, mas possui grande conhecimento de artes marciais. Enquanto busca informações sobre seu passado, trabalha como caçadora de recompensas e descobre um interesse amoroso.
Em 2008, com “Homem de Ferro”, teve início as adaptações de histórias em quadrinhos e pode-se ver que o mesmo está sendo feito – ou tentado – com os mangás. Ano passado saiu “Ghost in the Shell” e agora foi à vez de outra ‘super-heroína’ feminina ganhar sua adaptação nas telonas.
E, comparado com o filme de Scarlett Johansson, já podemos afirmar que Alita é superior. A produção tem cenas de ação melhores coreografadas e consegue deixar o telespectador sem fôlego e apreensivo em alguns momentos. Além disso, todos os efeitos especiais são muito bem desenvolvidos pelo diretor.
O grande problema do longa-metragem está no roteiro, que acaba desenvolvendo cenários inverossímeis e mirabolantes demais. Isso não estraga a experiência de quem vai ao cinema, mas pode incomodar quem espera algo mais complexo. Talvez possa atrapalhar também quem leu o mangá, mas esse não é meu caso.
“Alita – Anjo de Combate” é um bom entretenimento para as férias. Cenas de ação bem desenvolvidas, romances impossíveis e uma trama que deixa tudo pronto para sua sequência. Tudo isso é visto na produção que chega aos cinemas na próxima semana. Se possível, assista no IMAX para ter a experiência completa.
Iniciamos 2019, voltamos aos cinemas e, finalmente, teve início a temporada de premiações nos Estados Unidos. Quando isso acontece, o Brasil fica recheado de ótimos filmes estreando - principalmente no início do ano. É o momento que o público daqui conhece o que foi de melhor produzido no cinema em 2018. Para começar isso, nada melhor do que o bom filme japonês que representará o país no Oscar deste ano, “Assunto de Família”.
O filme começa logo após uma das sessões de furtos de Osamu e seu filho, quando se deparam com uma garotinha. A princípio eles relutam em abrigar a menina, mas a esposa de Osamu concorda em cuidar dela depois de saber das dificuldades que enfrenta. Embora a família seja pobre e mal ganhem dinheiro dos pequenos crimes que cometem, eles parecem viver felizes juntos até que um incidente revela segredos escondidos, testando os laços que os unem.
A produção é cheia de nuances e muda há todo momento. Existem situações onde se acredita que ali existe uma família “normal”, mas que logo é surpreendido. O talento do diretor está em conseguir transformar todas as peculiaridades daquelas pessoas em algo orgânico e verossímil. Isso sem falar no talento do diretor em construir a empatia com o público, que acaba torcendo para que o assalto dê certo ou que não descubram o paradeiro da avó da família.
“Assunto de Família” é o que o próprio nome quer dizer. É a constituição de uma família, com suas dificuldades e perrengues, mas aproveitando as coisas simples da vida. Tudo baseada em dificuldades e percalços enfrentados por todos. Cada um na sua realidade e com o seu problema. Um filme que começa com uma pegada simples e acaba se transformando em uma trama que flerta com os suspenses ou filmes policiais, tamanho o drama desenvolvido.
Não posso deixar de dizer que o longa-metragem japonês é uma grata surpresa neste início de 2019. Obviamente que esse é o primeiro filme estrangeiro do Oscar que assisto, mas podemos afirmar que aqui se encontra um dos favoritos a estatueta. Isso por ter conhecimento do seu alcance e conseguir transformar uma história simples e cotidiana em uma produção envolvente e cativante.
A semana entre o natal e o ano novo sempre é corrida e, muitas vezes, falta tempo para ir ao cinema – talvez essa nem seja a prioridade da semana. Contudo, o Netflix está aí para quem quiser aproveitar e assistir há algum bom filme. O catálogo é cheio de novidades e clássicos, mas tem um filme em especial que vem chamando a atenção de todos. Estamos falando de “Bird Box”, o longa-metragem da semana.
O longa-metragem se passa em um mundo pós-apocalíptico, onde Malorie e seus filhos precisam chegar a um refúgio para escapar do Problema, criaturas que ao seres vistas fazem pessoas se tornarem extremamente violento e cometerem suicidio. De olhos vendados para não serem afetados, a família segue o curso de um rio para chegar à segurança.
Para quem acompanha semanalmente este espaço, é impossível não comparar essa produção com “Um Lugar Silencioso”. Neste caso, o longa-metragem está bem acima do que o da Netflix, mas é bom ver os dois. Ambos criam climas agoniantes e claustrofóbicos quando necessitam tirar um dos sentidos dos protagonistas. Nesse caso é a visão, pois todos andam vendados no filme.
O problema é que não existe nenhuma explicação de como eles descobriram isso (o olhar causa toda a catástrofe). Apesar de ter outros pontos que não são explicados, acredito que pelo menos isso deveria ter tido um aprofundamento maior. Ele não mostrar o que é ‘a coisa’ ou como elas surgiram é uma boa. Deixa no imaginário do público, mas aspectos inverossímeis poderiam ter sido evitados.
Apesar de contar com esse problema, o filme tem pontos fortes, como a atuação visceral de Sandra Bullock e um ponto que é pouco utilizado em filmes assim: seja egoísta e sobreviva; pense-nos outros e morra. Uma mensagem contundente que é comprovada em diversos momentos do filme e mostra como não se pode confiar em ninguém se quiser um lugar ao sol. Impactante.
Uma estreia peculiar. É assim que podemos definir a estreia desta nova produção nacional intitulada “A Voz do Silêncio”. A obra tenta beber da fonte que premiou “Crash – No Limite” e “Dunkirk” de contar histórias paralelas que se relacionam no decorrer da trama. O problema é que bebe desta fonte, mas sem a genialidade dos outros diretores/roteiristas.
No longa-metragem, sete personagens aparentemente comuns conduzem suas vidas buscando, cada um, aquilo que acredita lhe trazer satisfação pessoal. Mas, mesmo com vidas distintas e distantes, eles se aproximam pela maneira como orientam suas existências com base em preocupações mundanas. O passar dos anos é impiedoso para todos.
O problema é que, apesar de um elenco recheado de figuras conhecidas do grande público e de boas atuações, o roteiro peca em relacionar tantas histórias em uma única linha narrativa. Falta desenvolvimento de personagens relevantes para a trama e, muitas vezes, se retirarmos alguns deles da produção, nenhuma falta será sentida. Isso sem falar da falta de empatia com o público.
Um filme com essa pretensão sendo desenvolvido em 01h30 de filme já soava perigoso antes dele começar. Eram muitas histórias – algumas bem dramáticas e complexas – para serem trabalhadas com início, meio e fim; além do desenvolvimento dos personagens, em tão pouco tempo. Com isso o foco foi dado para a trama que envolvia Marieta Severo e, consequentemente, teve mais espaço.
É uma pena ver que a produção “A Voz do Silêncio” tinha a pretensão de ser algo grandioso e diferente, mas acabou se perdendo dentro de sua prepotência. Com uma ideia de algo cult, o longa-metragem acaba se fechando em um nicho e não deve conquistar muitas pessoas. Gera curiosidade pelo experimentalismo e pode atiçar a curiosidade, mas com certeza não é um filme popular.
Tem vezes que se pensa: pior que está não pode ficar. Infelizmente nem sempre essa é a verdade. Após ver a primeira inserção de Danilo Gentilli (humorista e apresentador do The Noite) nos cinemas com o filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, pensei que não teríamos outra tentativa dele em ganhar as telonas. Porém chega “Os Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro” para mostrar que eu estava enganado.
O filme acompanha um grupo de três youtubers que se dizem especialistas em seres sobrenaturais e decidem conquistar o reconhecimento do público de uma vez por todas. Para isso eles traçam um plano para capturar um ser conhecido por todos. Trata-se do espírito de uma mulher de cabelos claros que morreram de modo desconhecido e que assombra os banheiros das escolas de todo o país: a loura do banheiro.
O ponto é que, quando eu digo enganado, não é sobre ele aumentar sua qualidade – até porque ele consegue o feito de baixar ela – e sim para entender os motivos que o fazem tentar de novo. Não faz o menor sentido ele insistir em um mercado onde não conseguiu sucesso de crítica e nem de público, afinal menos de 500 mil pessoas foram ao cinema assistir ao longa-metragem – o filme brasileiro mais assistido em 2017 contou com 1.3 milhões de pessoas.
Contudo, mesmo com todas essas ressalvas, ele investiu em um elenco “melhor”, com nomes como Léo Lins, Murilo Couto e Dani Calabresa para desenvolver essa parodia de “Caça-Fantasmas” com besteirol americano na era do YouTube. Uma bagunça sem pé e nem cabeça, com um roteiro sem fundamento e com nenhuma verossimilhança. Identificação e empatia com o público então? Nem se fala. Nada existe neste projeto.
Danilo Gentilli é um dos melhores humoristas da sua geração e pode ser conhecido por ter reinventado o talk-show no Brasil, mas infelizmente ele peca nas produções cinematográficas. Podendo ser uma espécie de Seth Rogen brasileiro, o apresentador do SBT se aproxima mais da franquia “American Pie”. O problema é que não falo da era de ouro, mas sim dos últimos longas-metragens, quando ninguém mais queria saber disso.
Junto com a temporada de filmes premiáveis, chegam também aos cinemas os famosos filmes natalinos, que mostram crianças perdidas, festas de natal e pessoas que não acreditam nas festividades e acabam mudando de ideia no final. Contudo, as produções normalmente clichês sempre conquistam o público com o sentimentalismo e isso não será diferente com “O Grinch”.
A obra acompanha a trajetória de Grinch, um ser verde que não suporta o Natal e, todo ano, precisa aturar que os habitantes da cidade vizinha de Quemlândia comemorem a data. Decidido a acabar com a festa, ele resolve invadir os lares dos vizinhos e roubar tudo o que está relacionado ao Natal. Para quem não se recorda o filme é um remake de um live-action de mesmo nome, que foi lançado em 2000.
Não temos comparações com o filme original, que é superior graças ao talento de Jim Carrey e a profundidade que o primeiro tem. Entretanto, é necessário fazer ressalvas: os públicos-alvo são diferentes e a profundidade do roteiro também. Porém nada disso impede que a diversão e emoção cheguem a todos os públicos e é isso que todos procuram e alcançam com a animação.
O único contraponto que pode ser feito é referente aos coadjuvantes - principalmente da cidade - que são bons, porém sem profundidade e espaço para serem melhores desenvolvidos. Provavelmente isso seja consequência de um longa-metragem curto (menos de 01h30) e que prejudica o desenvolvimento mais aprofundado personagens que desviem do foco central.
“O Grinch” é o clássico filme de natal para crianças, causando simpatia, riso, diversão, emoção e a mensagem de natal – ou moral da história, como preferir. Não se compara ao clássico, mas nem tem essa pretensão. É uma releitura autêntica e fidedigna de um bom trabalho feito no passado e agora atualizado para um novo público que consome esse tipo de conteúdo. A obra tem seus méritos e abre a agenda natalina desta coluna.
Um filme histórico e que conta a história de um dos maiores comunicadores que já existiu no Brasil. Pelo menos é assim que se vende o longa-metragem “Chacrinha – O Velho Guerreiro”, que chegam aos cinemas na próxima quinta-feira, 08 de novembro, em todo o Brasil. A nossa alegria é que pudemos assistir ele antes para preparar vocês, leitores, sobre a produção.
O filme conta a história de José Abelardo Barbosa, que é narrada desde a época de sua juventude, quando trabalhava de baterista de uma banda em um cruzeiro no período da guerra e larga tudo para se aventurar como locutor em uma rádio. Depois de então, acompanhamos a transformação de sua vida e a criação seu alter-ego, Chacrinha, nosso velho guerreiro.
A produção retrata do surgimento até o retorno dele a Rede Globo, mostrando trechos da vida do comunicador que muitos desconheciam – o caso dele com a cantora Clara Nunes e sua vida conturbada. Contudo, também retrata o carinho dele com Elke Maravilha e o cuidado que tinha com as chacretes, muitas vezes abrindo mão do próprio cachê e tirando dinheiro do bolso para pagar elas.
No papel principal o ator Stepan Nercessian, que já interpreta o velho guerreiro no teatro, da à vida de forma magistral ao comunicador que ficou conhecido no mundo inteiro. Mas não é só ele que faz uma boa atuação, mas todo o elenco consegue se destacar nos seus papéis. Talvez o único ponto negativo das atuações esteja na dublagem dos cantores, que não parece nada convincente.
Obviamente que o filme tem seus problemas, como a falta de profundidade de personagens como Rita Cadillac, Elke Maravilha, Pedro de Lara e outros personagens importantes na trajetória do artista. Porém a importância de eternizar a história de Chacrinha em uma cinebiografia é válida e consegue reunir pontos importantes da trajetória do comunicador que conquistou o Brasil e influenciou gerações.
Voltamos ao cinema para conferir mais um lançamento da semana. Dessa vez o longa-metragem assistido foi “Meu Anjo”, que passou por diversos festivais de cinema e chega ao Brasil nesta semana. Acredito que a produção não terá um circuito comercial muito grande e nem que deva fica muito tempo em exibição, por isso quem quiser deve correr e aproveitar já nos primeiros dias para conferir.
O filme acompanha a história de Marlène, que tem uma filha de oito anos a quem não dispensa muito atenção, mais interessada em bebedeiras, festas e homens. Certa noite ela vai a uma celebração numa boate acompanhada da menina, mas a manda sozinha para casa, permanecendo com um novo pretendente. Os dias passam e Marlène não vai ao reencontro da menina, deixando-a entregue à sua própria sorte e sem qualquer notícia da mãe.
Quando vi o elenco e peguei o início do filme, compreendendo mais ou menos para onde ele iria, fiquei curioso e achei que poderia ser surpreendido com um grande filme, afinal chegamos à temporada de premiações. Porém, para minha tristeza, ele não foi tão bom quanto eu esperava. O grande culpado disso? O roteiro cheio de furos e resoluções forçadas para construir tramas inverossímeis e que busquem o choque do público.
Isso prejudica a experiência, pois o roteiro não flui de forma natural e é todo desenvolvido para as cenas finais e todo o clímax que já é esperado pela obviedade e não pela ansiedade em ver o que aconteceria. Além disso, pontas ficam em aberto – sem spoilers aqui – e sabe-se que não haverá uma sequência, fazendo com que isso não faça sentido.
Infelizmente “Meu Anjo” decepciona pela expectativa criada – não sei por que ainda vou ao cinema assim – e não consegue atingir o clímax esperado. Pode ser lembrado na temporada de premiações pelas atuações das duas protagonistas, que dão o seu melhor de forma visceral. Além disso, pode ser lembrado em outras áreas, mas não acredito que vencerá pelo que foi apresentado.
Estamos de volta mais uma semana com o nosso querido e aconchegante espaço para falarmos de cinema. Desta vez, devido às agendas redação e da disponibilidade cabines de imprensa (eventos onde jornalistas assistem aos filmes antes da estreia), estaremos falando de mais um filme que está no catálogo da Netflix há menos de um mês, mas que já vem rendendo bons debates em rodas de conversa por aí. A produção em questão se chama “Felicidade por um Fio”, dirigida por Haifaa Al Mansour e protagonizada por Sanaa Lathan.
O filme acompanha a história de Violet Jones, uma publicitária bem-sucedida que considera sua vida perfeita, tendo um ótimo namorado e uma rotina organizada meticulosamente para conseguir estar sempre impecável. Após uma enorme desilusão, ela resolve repaginar o visual e o caminho de aceitação de seu cabelo está intrinsecamente ligado à sua reformulação como mulher, superando traumas que vêm desde a infância e pela primeira vez se colocando acima da opinião alheia.
Neste longa-metragem que pode parecer raso e bobinho – assim como “Sierra Burgess É uma Loser” e “Para Todos os Garotos que Já Amei” – mas traz, mesmo de forma simples, uma discussão importante ao quebrar preconceitos referentes ao cabelo da mulher negra e o seu empoderamento. No decorrer dos pouco mais de 90 minutos, a protagonista Violet passa por diversas fases capilares e mostra os desafios pessoais dela dentro da sociedade em que foi criada para se aceitar do jeito que é. Sem perucas ou tratamentos para alisar o cabelo.
Obviamente que o filme não toma uma discussão mais séria e mostra embates mais fortes. Toda a temática é tratada de forma mais leve, porém não menos importante e necessária. Além de mostrar a realidade da mulher negra e os preconceitos vividos, “Felicidade por um Fio” também mostra como essa liberdade capilar move uma série de outros fatores na vida dela e, principalmente, em sua carreira profissional e vida amorosa, onde muita coisa muda com o desenrolar da trama.
“Felicidade por um Fio” não funciona como romance. Muito pelo contrário. As cenas e os pares românticos são fracos e vazios, com personagens sumindo e voltando sem explicação alguma. Ao mesmo tempo ele não cumpre 100% o seu papel quando problematiza os preconceitos sofridos pela mulher negra referente ao seu cabelo. Talvez seja pelo público-alvo, perfil do consumidor ou por falta de coragem da Netflix em mexer com esse tema. Contudo já é um começo interessante para desmistificar esse e outros paradigmas. É o que espero.
Sabe quando você vai ao cinema cheio de expectativas e ainda consegue supera-las? Isso é muito bom, não é? Agora imagina você ir assistir ao mesmo filme sem expectativas nenhuma, pois não viu nenhum trailer e pouco sabe do longa-metragem, com exceção do título, diretor e elenco. Se você está lendo a crítica desta semana, isso não acontecerá, mas comigo aconteceu e a experiência em assistir ao filme “Nasce Uma Estrela” é inexplicável.
A produção acompanha a jovem cantora Ally ascende ao estrelato ao mesmo tempo em que seu parceiro Jackson Maine, um renomado artista de longa carreira, cai no esquecimento devido aos problemas com o álcool. Os momentos opostos nas carreiras acabam por minar o relacionamento amoroso dos dois.
Protagonizando o filme estão Bradley Cooper (que também estreia como diretor de cinema) e Lady Gaga. O filme basicamente gira em torno dos dois, com raras exceções envolvendo o empresário, o pai e o melhor amigo de Ally; e o irmão de Jackson Maine. Porém são aparições pontuais – e assertivas – mas que não influenciam na trama e em todo o seu desenrolar.
Agora, focando nos dois protagonistas: que atuações foram essas. Ambos estão muito bem em seus papéis e conseguem construir dois pontos extremamente necessários para a história: verossimilhança e identificação com o público. Todos acreditam no que está acontecendo e muitos já se viram passando por aquelas situações ou querendo alcançar os sonhos e anseios dos dois personagens.
Eu adoro filmes assim, como “Mesmo Se Nada Der Certo” ou “La La Land”. Musicais que não são com “falas cantadas”, mas sim com a música servindo como pano de fundo para toda a história. “Nasce Uma Estrela” funciona muito bem deste jeito. Quando surgem as músicas (tirando uma cena no início) é muito natural e autêntico, sem parecer forçado. Inclusive durante muitas vezes tu já se pega cantarolando ou esperando que as canções toquem.
Quem puder ir ao cinema, vá e assista “Nasce Uma Estrela”. A experiência na tela grande fará muita diferença, principalmente pelo som do cinema. Além disso, muitos terão chance de ver um dos filmes que, provavelmente, será lembrado na temporada de premiações do cinema internacional, seja no Oscar como também em outros festivais que devem começar a surgir nos próximos meses.
Um filme nacional e que foge do convencional. Não é uma comédia pastelão e nem um drama forte. Sequer é uma aventura romântica. Nada disso. “Mare Nostrum” é um filme do cotidiano, verossímil e que conta uma história com início, meio e fim. Tudo de forma simples e coerente, podendo essa história acontecer com qualquer um de nós. Isso mesmo. Todos nós podemos protagonizar essa trama.
O roteiro apresenta ao público Roberto e Mitsuo, dois desconhecidos que, após uma série de coincidências, voltam para o Brasil no mesmo dia, depois de um longo tempo no exterior. Eles se encontram devido a um terreno que foi negociado por seus pais décadas atrás e decidem tentar ganhar dinheiro em cima do local. No entanto, eles entram em conflito quando começam a achar que o lote possui poderes mágicos.
Acredito que nem seja necessário comentar as atuações e motivações do elenco. Todas elas estão condizentes da nossa realidade e o talento de todos faz com que o público se identifique e solidarize pelos problemas de cada um. Talvez a única exceção seja a ex-esposa do nosso protagonista, que nunca dependeu dele para nada, mas assim que ele volta para o Brasil surgem problemas para ela resolver pelo mundo.
Se o roteiro tem falhas? Claro que tem e, infelizmente, elas não são poucas. Bares vazios, praia vazia, todo mundo em casa quando se precisa. Isso sem falar de aspectos técnicos, afinal todas as câmeras estão estáticas sempre no mesmo local – apesar do longa-metragem apresentar uma fotografia muito boa. Faltam inovação e ousadia na parte técnica e, por mais que isso seja uma pena, acredito que nunca foi o foco do diretor Ricardo Elias.
Todo o filme é baseado e construído através de diálogos. E esse é o diferencial dele. É através destas interações que o público acompanha e se situa em toda a trama. Em nenhum momento o telespectador é considerado burro. As explicações são verossímeis e a fantasia nunca se torna algo sobrenatural. É folclórico e todo mundo pode realmente acreditar nas coincidências que acontecem. Isso só torna a experiência de “Mare Nostrum” mais impactante.
Voltamos ao cinema e aos lançamentos que estão saindo quentinhos das telonas para as páginas do Jornal A Semana. Após algumas semanas sem comentar o que sai de melhor – ou pior – nos cinemas brasileiros, eu fui novamente a uma cabine de imprensa. Desta vez a produção assistida foi “Um Pequeno Favor” e já podemos dizer que foi uma grata surpresa.
O filme acompanha a história de Stephanie, uma jovem mãe que divide o tempo entre a criação do filho e o trabalho como vlogueira. Quando sua melhor amiga Emily desaparece, ela parte em uma jornada para descobrir a verdade por trás do ocorrido.
O que podemos dizer deste longa-metragem? Ele não tem uma grande história. Muito pelo contrário. Apesar de parecer uma trama novelesca, o roteiro se fecha e é bom conciso/enxuto. Isso é bom. Em nenhum momento eles se propõem a ser algo maior do que são e, com o pé no chão, conseguem entregar uma história que prende o telespectador.
Porém os grandes destaques estão nas protagonistas (Anna Kendrick Blake Lively), que entregam personagens complexas e cheias de nuances de forma convincente. Além de ser possível gerar identificação e verossimilhança, ambas conseguem construir uma relação de cumplicidade e preocupação com o público.
Isso sem falar de um roteiro que, como eu disse, é simples e consistente, porém também é surpreendente. Em vários momentos o longa-metragem me levava para um caminho que eu não esperava encontrar. Era estranho porque, em diversos momentos, eu me ajeitava no cinema para entender para onde aquela história estava me levando.
Existem filmes que fazem isso e atrapalham a experiência no cinema. Contudo isso não acontece em “Um Pequeno Favor”. Essas quebras e reviravoltas novelescas do roteiro prendem o telespectador e não atrapalham a experiência. Obviamente que isso se soma ao talento e carisma das protagonistas e do restante do elenco.
“Um Pequeno Favor” não é um grande filme, nem buscará espaços em prêmios ou algo do gênero. O ponto é que esta produção cumpre seu objetivo de entregar uma história fechada, consistente e que consegue entreter o público que vai ao cinema. Neste sentido o longa-metragem é uma ótima pedida e uma grata surpresa para quem quer se divertir.
Estamos de volta queridos leitores e com mais um filme bacana lançado na Netflix – maior plataforma de streaming no Brasil – para vocês conferirem. Pedimos desculpas por não termos publicado nada na semana passada. A edição festiva de aniversário acabou prejudicando o nosso espaço e, com o feriado desta semana, não foi possível ir ao cinema acompanhar algum lançamento.
Por isso o filme desta semana é a comédia romântica e adolescente “Sierra Burgess É uma Loser”, lançada diretamente na Netflix no início deste mês e que movimentou os debates de cinema. O motivo? Possíveis semelhanças com “Para Todos os Garotos que Já Amei” devido ao tema semelhante (coragem em assumir uma paixão adolescente) fizeram com que as duas produções ganhassem espaço e comparações.
O filme acompanha a história de Sierra, uma adolescente inteligente, mas que não se encaixa exatamente nos padrões de beleza impostos no ensino médio. Quando um incidente de confusão de identidade resulta em um romance inesperado em sua vida, ela se vê precisando se juntar a garota mais popular da escola para poder ficar com o menino que gosta.
“Sierra Burgess É uma Loser” é um bom filme, tem um elenco jovem, carismático e surpreendentemente talentoso. O roteiro é bem construído, apesar de alguns furos (é sério que ele não notou que beijava outra pessoa na cena do carro?) e descompromissado. Serve para entreter o público com uma história simples e bobinha, sem toda a profundidade de “Para Todos os Garotos que Já Amei”.
Não que a ideia seja comparar os dois longas-metragens, até porque eles não têm comparações, mas sim estão no mesmo gênero e contam com um ator nos dois filmes. O ponto é que essa comparação está existindo e as duas produções não tem comparações e a culpa não é dos diretores, roteiro e nem do elenco das duas produções.
“Sierra Burgess É uma Loser” é uma boa produção, mas também é despretensiosa e não quer alçar voos maiores. A ideia é entreter o público e contar uma história simples, com início, meio e fim. Assim ele consegue gerar identificação com o público adolescente e conquistar fãs pelo mundo. Todos torcendo pela protagonista, são óbvios.
Essa semana este colunista que vos escreve está de férias, mas não poderíamos deixar de dar uma excelente dica de cinema para quem acompanha este espaço semanalmente. Por isso a dica não pode ser de um filme ruim e sim de uma das maiores bilheterias deste ano, que está chegando aos blu-rays de todo o Brasil. Estamos falando de “Vingadores: Guerra Infinita”.
O filme mostra a chegada de Thanos à Terra, disposto a reunir as Joias do Infinito. Para enfrentá-lo, os Vingadores precisam unir forças com os Guardiões da Galáxia, ao mesmo tempo em que lidam com desavenças entre alguns de seus integrantes. Podemos classificar o longa-metragem como a maior união de super-heróis da história do cinema.
A produção conta com todos os heróis apresentados até agora pela Marvel nos cinemas. São dez anos de filmes sendo concluída em uma mega saga que, certamente, pegou muitos de surpresa. Não quero dar spoilers aqui, mas afirmo que todos que assistirem ao final não precisam se preocupar. As coisas vão voltar.
Sei que plantei uma pulga atrás da orelha de vocês agora: “o que vai voltar?” vocês devem estar se perguntando. Assistam ao filme e confiram o que quero dizer. Agora, sobre as atuações, direção e roteiro, não tem nada o que criticar. Sem sombras de dúvidas este é o melhor filme já produzido pela Marvel e todos estão perfeitos em seus papéis.
Talvez quem mereça um destaque seja o Thor e o Capitão América. O primeiro pela mudança que tivemos desde Ragnarok, onde agora sim existe um deus nórdico entre nós. A transformação do personagem faz com que o filme ganhe muito. Já o nosso capitão Steve Rogers começa a concluir seu arco e acredito que o próximo filme seja o seu último na franquia.
Para quem não teve a oportunidade de assistir, aproveite o lançamento do blu-ray e confira. Em breve o longa-metragem também deve entrar nos canais de TV a cabo ou serviços de streaming, então fiquem de olho. Esse filme é um divisor de águas no gênero de super-heróis e merece ser visto por todos – mais de uma vez inclusive.
Estamos de volta. Após uma semana de descanso aqui estamos para, novamente, falarmos dos lançamentos do cinema – ou da Netflix (patrocina a gente). Desta vez o filme é da gigante de streaming, devido ao burburinho que um dos seus últimos lançamentos está fazendo. Estamos falando de “Para Todos os Garotos que Já Amei”.
Para quem não sabe, o longa-metragem acompanha Lara Jean Song Covey escreve cartas de amor secretas para todos os seus antigos paqueras. Um dia, essas cartas são misteriosamente enviadas para os meninos sobre os quem ela escreve, virando sua vida de cabeça para baixo.
A produção adapta um livro adolescente muito popular. Eu tenho que assumir que não li o livro, apesar de acreditar que deve ter sido bem retratado. É um romance adolescente que bebe muito de “Amor de Aluguel” (2003) e outras preocupações bobas que circundam a cabeça dos adolescentes sobre os primeiros amores.
O ponto que difere essa produção de outros filmes do gênero é a seriedade com que ele trata os temas. Em nenhum momento ele acha que o telespectador é burro ou constrói tramas inverossímeis. Tudo funciona e é coeso dentro daquele universo, com todos os dramas pessoais de cada personagem sendo apresentados e fazendo sentido para a trama.
Tudo isso sendo bem dirigido e com atuações convincentes – inclusive fiquei com curiosidade de ler o livro. O filme vem sendo bem falado por todos que assistem e o hype ainda está grande em cima de “Para Todos os Garotos que Já Amei”. Não perca a oportunidade de voltar ao ensino médio e vivenciar essa experiência novamente.
Após bastante tempo voltamos a ter dois gêneros comentados aqui, desta vez em um único filme. Estamos falando de “Slender Man – Pesadelo Sem Rosto”, que é um filme de terror e ficou muito conhecido por um videogame em primeira pessoa jogado nos PCs. Muitos não conhecem o personagem, mas o filme consegue explicar bem quem ele é. Pelo menos uma virtude ele tem.
As amigas Wren, Hallie, Chloe e Katie levam uma vida entediante no colégio. Quando ouvem falar num monstro chamado Slender Man, decidem invocá-lo através de um vídeo na Internet. A brincadeira se transforma num perigo real quando todas começam a ter pesadelos e visões do homem se rosto, com vários braços, capaz de fazer as suas vítimas alucinarem. Um dia, Katie desaparece. Como a polícia não dispõe de nenhuma prova para a investigação, cabe às três amigas fazerem a sua própria busca, enfrentando a criatura.
Confesso que fui ao cinema esperançoso, tendo em vista os elogios que estavam sendo feitos a produção e também a minha expectativa. Isso porque joguei muito o jogo quando novo e ele me assustavam muito. Porém, não sei se não estava esperando aquilo, porque ele não pegou e foi totalmente contrário as minhas expectativas. Ele se preocupou em explicar demais e em construir dramas adolescentes, ao invés de focar na construção de um ambiente realmente aterrorizante.
O elenco é jovem e todo ele está bem, é verdade. Até podemos dizer que o roteiro não apresenta muitos furos – pelo menos eu esperava mais. Ele simplesmente tem uma história fraca e inconsistente, com um trabalho de efeitos especiais triste para não dizer nada pior. Tudo soa falso demais e nem as atuações convincentes do quarteto de protagonistas consegue salvar um longa-metragem que deixa mais pontas soltas do que presas.
Existem diversos personagens apresentados na trama que não tem suas histórias concluídas e que deixam futuros em aberto para personagens que certamente não serão trabalhados no futuro. Isso sem falar das inúmeras variações e mudanças na lenda do personagem que dá o título ao filme. Com certeza, “Slender Man – Pesadelo Sem Rosto” tinha tudo para ser um filme diferente e a primeira metade apresenta isso. O problema é o quanto você se decepcionará com o resto. Comigo foi bastante.
Hoje, mais uma vez, este que vos escreve não foi ao cinema assistir ao grande lançamento do cinema – confira no final da coluna. Contudo, desta vez é por uma boa causa. Como foi possível ler na matéria acima, Evandro Berlesi lançou o seu mais novo filme e, com exclusividade, a reportagem do Jornal A Semana teve acesso e poderá escrever sobre “Cidade Dormitório”.
O filme começa em 1988, quando os irmãos Flávio e Patrícia traçam um plano para levar pra cama Cassandra, a garota mais popular da escola. Trinta anos depois, afastados pelo tempo, eles ainda residem na pequena cidade de Alvorada/RS, onde suas vidas são interligadas por habitantes de diversas classes sociais e personalidades obscuras.
Cassandra tornou-se dona de casa, é casada com Glauco da Pet, suposto vereador da causa animal. Flávio, viúvo, tornou-se um músico fracassado e um péssimo pai. Patrícia, ainda bela e solteira, é proprietária de uma escolinha infantil, foco de uma tragédia eminente.
Antes de discorrer sobre a produção, cabe ressaltar que o mesmo foi feito apenas com atores de Alvorada e sem apoio financeiro algum de entidades públicas ou programas de incentivo a cultura. Tanto é que o orçamento do longa-metragem gira em torno de R$ 7 mil e isso mostra a realidade e as dificuldades que podem ter sido enfrentadas.
Apesar disso, temos atuações consistentes de nomes conhecidos da cidade em uma história verossímil e cheia de referências a casos municipais e regionais que já foram vivenciados. Obviamente que tem alguns pontos do roteiro que parecem forçados e com um diálogo formal demais e pouco natural, mas ele não atrapalha a experiência de quem está assistindo.
Além disso, a direção é ousada em alguns planos pouco usuais, ainda mais na carreira de Berlesi, que sempre foi focada na comédia. É possível afirmar que este é o filme mais complexo e maduro do diretor em sua carreira e isso pode afastar quem conhece a filmografia de Berlesi e procura algo semelhante. Entretanto, “Cidade Dormitório” é um importante passo dado para quem quer viver de cinema e busca seu espaço em todos os nichos.
Quando você vai ao cinema para assistir a qualquer filme estrelado por Jason Statham, não tem como não esperar algo de ação e visceral do início ao fim. É isso que, felizmente, vemos no bom filme que estreia nesta semana, intitulado “Megatubarão”, mas que também pode ser considerado uma mistura de “Rampage” com “Velozes & Furiosos” embaixo d’água. Pode parecer louco, mas garanto que funciona.
O filme apresenta a tripulação de um submarino fica preso dentro da fossa mais profunda do Oceano Pacífico após ser atacada por uma criatura pré-histórica que se achava estar extinta, um tubarão de mais de 20 metros de comprimento, o Megalodon. Para salvá-los, oceanógrafo chinês contrata Jonas Taylor, um mergulhador especializado em resgates em água profundo que já encontrou com a criatura anteriormente.
Agora você têm duas opções: criticar os clichês, furos de roteiro e outros problemas que o filme apresenta; ou desligar o cérebro e curtir o carisma de Statham matando um tubarão de 25 metros de comprimento – isso não é spoiler e sim uma obviedade né? O filme é divertido e entrega cenas de ação que estamos acostumados a ver sempre que a estrela das produções de ação está envolvida e isso não foi diferente aqui.
Talvez o problema do filme seja não ter comprado essa ideia da galhofa. “Megatubarão” é um filme pipoca e diversão para toda família, mas ele não quer assumir isso. Em diversas situações ele se propõe a ser sério e dramático e isso não funciona. Isso pelos problemas citados anteriormente, mas também porque as pessoas que vão assistir a um filme do Statham com um tubarão não procuram essa “profundidade”, com o perdão do trocadilho.
A produção funciona como um entretenimento para o público e os fãs do ator encontrará nele exatamente o que procuram. Talvez, se os envolvidos tivessem assumido isso e buscado esse público, o sucesso seria maior ainda. Não existem dúvidas disso. Contudo, mesmo com eles não assumindo esse lado, muita gente irá ao cinema assistir ao filme e eu digo: façam isso. Desliguem o cérebro e vão se divertir no cinema com “Megatubarão”.
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraNormalmente o início do ano não trazia grandes filmes para o Brasil – principalmente após o Oscar – contudo, após o sucesso de 2017 com “Corra!”, Jordan Peele conseguiu subverter essa data, afinal o filme foi lançado no início do ano e esteve presente em toda a temporada de premiações. Agora a ideia pode ser fazer o mesmo, por isso chega aos cinemas o filme desta semana, “Nós”.
O longa-metragem acompanha o casal Adelaide e Gabe, que decidem levar a família para passar um fim de semana na praia (onde a protagonista veraneava na infância) e descansar em uma casa de veraneio. Eles viajam com os filhos e começam a aproveitar o ensolarado local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna refém de seus próprios duplos.
Já podemos dizer que o filme vem sendo um sucesso de critica por unir alegorias do cinema de massa com o cinema de circuito fechado. Ele trabalha muito com filosofia e semiótica, em uma ideia de preparar o público que está no cinema sobre o que acontecerá. Apesar de se vender como um filme de terror, ele é muito diferente do que estamos habituados.
Não existe demônio, extraterrestre ou possessão. Muito pelo contrário. Existe toda uma sociedade (explicada e apresentada durante ao filme) que vive embaixo da terra e são sombras dos que vivem acima. Isso consegue mostrar o talento dos quatro personagens principais, que acabam interpretando dois personagens com características distintas.
O filme é tenso e consegue manter isso até o final. O problema está justamente no final do longa-metragem. Não quero dar spoilers da produção, mas sim dizer que há um problema nas últimas cenas. Isso porque o fato que acontece derruba toda a premissa que vinha sendo desenvolvida até aquele momento. Isso mais confunde a cabeça do telespectador do que mostra alguma genialidade.
“Nós” é filme de premiação. Com certeza estará sendo lembrado mais para frente e deve até voltar ao cinema no final do ano. O ponto é se a genialidade dele é só mérito exclusivo do filme ou se o nome de Jordan Peele pode ser a referência que todos procuram. Uma coisa é certa: o filme é bom e pode ser o primeiro pós-horror a me conquistar.
Um Funeral em Família
2.0 26A primeira bomba de 2019. Não tem forma melhor de definir a comédia “Um Funeral em Família”, que deve estrear no começo de abril. Um filme que poderia ser engraçado se soubesse quando uma piada deve encerrar. Sem o dinamismo necessário, atores conhecidos como Tyler Perry (Vice), Jen Harper (Felicidade por um Fio) e Aeriel Miranda (Straight Outta Compton); acabam sucumbindo e não conseguem entregar boas atuações.
O filme acompanha Madea e seus companheiros que achavam estar indo para uma reunião de família como outra qualquer. Porém, tudo se transforma em um pesadelo quando de repente eles precisam planejar um funeral no meio de sua viagem a Georgia. Isso devido ao falecimento de um dos aniversariantes. Basicamente é uma confusão só e sem nenhuma verossimilhança.
Esse foi mais um filme protagonizado por Madea. Na realidade, sabe-se que pelo menos sete longas-metragens desde 2006 contam histórias desta personagem. Muitos deles sequer foram lançados no Brasil. Talvez “Um Funeral em Família” seja o primeiro a ter ganhado uma chance no cinema. Não posso afirmar isso, mas posso prever que deve ser a última chance também.
Tudo devido à falta de dinamismo ou tempo de comédia. Existem cenas que até arrancam risos (se for feito bastante força), mas elas se arrastam demais. Falta a velocidade do esquete. São dez minutos remoendo uma piada que já era forçada, como tudo no filme. O quinteto de idosos é maçante demais, apelando para piadas de cunho sexual ou físico há todo momento.
Cansa demais porque não existe gancho e nem papel no desenvolvimento da história. Acaba truncando tudo. No cinema eu só pensava em quando eles iam sair de cena. O outro grupo de protagonistas até que conseguem levar a história. Obviamente que não existe profundidade e nem grandes atuações. É uma novela costurada e que não apresenta nada que gere identificação ou empatia com o público.
“Um Funeral em Família” funciona com dois núcleos. Idosos tarados de um lado, problemas amorosos no outro. Tudo isso ridicularizando os negros e sua cultura, criando estereótipos – ou reforçando eles – ao invés de se trabalhar com a subversão destes valores. Obviamente que a ideia é fazer um humor escrachado e sátiro, mas a falta de tempo de comédia faz com que vire a primeira bomba de 2019.
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraUm final de semana estendido de carnaval. Tempo de relaxar, fazer festa ou colocar certas coisas em dia. Eu aproveitei a última opção e assisti “Roma”, primeiro filme original da Netflix indicado ao Oscar. Vencedor da categoria de melhor diretor (Alfonso Cuarón já havia vencido em outra oportunidade). Elogiadíssimo por todos, está produção é o filme d’A Semana.
O longa-metragem se passa na Cidade do México, em 1970. A rotina de uma família de classe média é controlada de maneira silenciosa por uma mulher, que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante um ano, diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais.
“Roma” foi dirigido, escrito, produzido, fotografado e montado por Cuarón. Um grande trabalho do mexicano, que consegue aqui entregar um filme coeso e com uma boa história. Além disso, o diretor constrói algo que pode ser considerado uma ruptura no cinema mundial – seja por ser um filme de streaming, pelo preto e branco e também pelo olhar intimista do mexicano.
Contudo, talvez a maior genialidade de Cuarón em “Roma” seja no modo com que ele desenvolve a história. Todo o filme foi gravado em sequência linear dos fatos e não havia atores. O diretor convidou pessoas “normais” para protagonizarem o filme. Com isso, por mais que não existam grandes nomes, a trama fica verossímil e visceral. Muito verdadeira e envolvendo o telespectador.
Tecnicamente não há o que ser questionado. Cuarón é um grande diretor e desenvolve trabalhos magníficos em todas as áreas que trabalhou no filme. Os grandes destaques talvez sejam os planos parados, onde os personagens andam no entorno da câmera, e a fotografia. Apesar de serem grandiosos, também se tornam intimistas. Indo do maximalista ao minimalismo.
Sei que elogiei bastante o filme aqui, mas saliento uma coisa: não é uma produção para todo mundo. Eu mesmo compreendo toda a importância que o longa-metragem tem, porém ele não me fisgou. Não consegui me envolver com os personagens e nem me apegar na trama. É uma pena, mas acontece. Digo isso para todos que leem essa coluna. Cinema são arte e subjetivo. Todos têm seus gostos e isso não define a qualidade de um filme.
Não Olhe
2.5 224 Assista AgoraPassamos o Oscar de 2019. Acabaram as premiações e voltamos para nossa programação normal. Não que filmes que estiveram na premiação não apareçam mais aqui – o calendário no Brasil é diferente dos Estados Unidos – mas agora diminuirá bastante a frequência de longas-metragens de tão alto nível. Um caso deste nível mediano é o filme desta semana: “Não Olhe”.
O filme conta a história de uma solitária jovem de 18 anos que não encontra suporte familiar e nem amigos para que possa desabafar sobre os problemas de sua vida. Cansada, ela começa a conversar com o próprio reflexo no espelho apenas para externalizar sua angústia, mas rapidamente descobre que está trocando de lugar com uma espécie de clone que tenta convencê-la a tomar atitudes vingativas.
O filme divide opiniões. Isso é fato. O problema é que ele acaba pesando mais para um lado negativo do que positivo. As coisas não fazem sentido, tornando-se desnecessárias e sem verossimilhança alguma. E isso nem é culpa da protagonista, que entrega uma atuação convincente e visceral, mas sim do roteiro que peca em entregar consistência à história.
Além disso, falta profundidade nos coadjuvantes. As suas motivações não são apresentadas e – intencionalmente ou não – só temos o ponto de vista da jovem no presente. Falta bagagem para se envolver de melhor forma com os outros personagens. Isso faz com que faltem explicações e construções de virada no roteiro, algo que prende o telespectador.
Obviamente que o filme constrói de maneira assertiva todo o ambiente envolvente para que o público fique curioso com os próximos passos, mas a falta de profundidade prejudica os aspectos de preocupação entre público e trama. Talvez por isso tenha faltado um envolvimento mais intenso de quem assiste com quem está no cinema. Uma pena para um filme com potencial interessante.
“Não Olhe” está num limbo entre filme bom e ruim. Tem qualidade para mais, porém não consegue entregar. Não creio que exista a necessidade de assistir no cinema, porém não precisa ser desprezado quando for encontrado em serviços de streaming ou na televisão. Uma produção B que consegue entreter, mas não consegue ser cinema na sua essência.
Todos Já Sabem
3.4 216 Assista AgoraAbro o e-mail e está escrito: Cabine de Imprensa de “Todos Já Sabem”, com Javier Barden, Ricardo Darín e Penélope Cruz. Não tinha como dizer não para um filme com esse elenco. Fui ao cinema esperançoso e com as expectativas altas – algo que felizmente não estragou minha experiência. Vi um excelente filme, com um elenco premiado e que, graças ao trabalho do diretor iraniano Asghar Farhadi, consegue fugir de todos os clichês que poderia ter caído.
O filme se passa durante o casamento da irmã de Laura, que é quando ela retorna para a Espanha para a cerimônia. Por motivos de trabalho, o marido não pode ir. Chegando ao local, Laura reencontra o ex-namorado, Paco. Durante a festa, uma tragédia acontece. Toda a família precisa se unir diante de um possível crime de grandes proporções, enquanto se questionam se o culpado não está entre eles. Na busca por uma solução, segredos e mentiras são revelados sobre o passado de cada um.
Apesar de um grande elenco, não existe um protagonista definido ou uma cena onde um acabe se sobressaindo. Muito pelo contrário. Todos os três grandes nomes deste elenco dividem muito bem o espaço com os outros personagens. A história não é desenhada pelo ponto de vista de um ou outro protagonista, mas sim eles permeiam toda a trama e auxiliam na contação desta história. O trabalho destacado de Farhadi mostra o poder que ele tinha em cima do roteiro para que a trama fosse desenvolvida.
A trama é recheada de reviravoltas e dramas familiares. Todos têm motivações e muitos geram desconfiança sobre o ocorrido na noite do casamento. Contudo, a produção não cai na mesmice. Ele é um filme que desenvolve bem a maioria das tramas e consegue fazer tudo com naturalidade. Quando o filme termina, nem parece que passou mais de 90 minutos na sala de cinema. Tudo porque a história acaba envolvendo quem está assistindo ao longa-metragem.
“Todos Já Sabem” passou em festivais de cinema e, pelo elenco, pode-se acreditar que foi pensado para a temporada de premiações – apesar de ter sido esnobado. Apesar disso, deve ser assistido por todos que tiverem oportunidade. Grandes atores, grande elenco e uma trama envolvente. Talvez o meu único adento seja que o final do filme é aberto e isso pode desagradar alguns telespectadores. Contudo, isso não atrapalha toda a experiência cinematográfica que aqui existe.
Bohemian Rhapsody
4.1 2,2K Assista AgoraEssa semana o filme não será uma estreia nos cinemas, mas sim um dos com mais indicações ao Oscar 2019. Estamos falando de “Bohemian Rhapsody”, produção que conta toda a formação da icônica Queen. Estrelado por Rami Malek, o longa-metragem passou por bastantes polêmicas antes de ser lançado e coroado com indicações e conquistas na temporada de premiações.
O filme conta a história de Freddie Mercury e seus companheiros Brian May, Roger Taylor e John Deacon mudam o mundo da música para sempre ao formar a banda Queen, durante a década de 1970. Porém, quando o estilo de vida extravagante de Mercury começa a sair do controle, a banda tem que enfrentar o desafio de conciliar a fama e o sucesso com suas vidas pessoais cada vez mais complicadas.
Sabe-se que o filme conta a história da banda, mas obviamente que a vida de Freddie Mercury é o foco da produção. Com isso, a atuação de Rami Malek acaba sendo um ponto crucial da trama. Visualmente está perfeito e, nas cenas onde não é necessário cantar, ator dá conta do recado. O problema é que estamos falando de Freddie Mercury e os momentos musicais são os mais emblemáticos.
Nesse aspecto, Malek peca e não é pouco. Todos sabem que ele dubla no filme, mas falta verdade no trabalho dele. Peguei-me comparando-o com o que Andreia Horta fez no filme “Elis”. Ela também dubla, mas passa verdade. Todos acreditam que ela está cantando. No caso de Malek isso não existe. Falta verdade e isso prejudica muito o trabalho do ator.
Além disso, a produção sofre com furos de roteiro e/ou histórias contadas de formas diferentes. Muitos são os fatos inventados ou adiantados/atrasados na narrativa do filme. Basta uma pequena pesquisa sobre licenças poéticas que foram tomadas para descobrir isso. Sem falar que o filme não traz nada realmente inédito. Todas essas histórias já eram de conhecimento do público por livros e documentários.
“Bohemian Rhapsody” está longe de ser um filme ruim, ainda mais para mim que não conheço tão profundamente a história da banda. Contudo, não pode ser considerado o melhor filme do ano. Muito menos Malek pode ser visto como o melhor ator. A produção é boa por mexer com um fenômeno da cultura e que toca no coração de todos, porém peca nos aspectos técnicos de filme.
Alita: Anjo de Combate
3.6 814 Assista AgoraJá adianto que hoje não é um filme do Oscar e nem uma grande pérola do cinema, porém posso afirmar que é um entretenimento honesto e que, com certeza, irá divertir muita gente. Estou falando da produção “Alita – Anjo de Combate”, dirigida por Robert Rodriguez e que adapta um mangá de mesmo nome.
O longa-metragem conta a história de uma ciborgue que é descoberta por um cientista. Ela não tem memórias de sua criação, mas possui grande conhecimento de artes marciais. Enquanto busca informações sobre seu passado, trabalha como caçadora de recompensas e descobre um interesse amoroso.
Em 2008, com “Homem de Ferro”, teve início as adaptações de histórias em quadrinhos e pode-se ver que o mesmo está sendo feito – ou tentado – com os mangás. Ano passado saiu “Ghost in the Shell” e agora foi à vez de outra ‘super-heroína’ feminina ganhar sua adaptação nas telonas.
E, comparado com o filme de Scarlett Johansson, já podemos afirmar que Alita é superior. A produção tem cenas de ação melhores coreografadas e consegue deixar o telespectador sem fôlego e apreensivo em alguns momentos. Além disso, todos os efeitos especiais são muito bem desenvolvidos pelo diretor.
O grande problema do longa-metragem está no roteiro, que acaba desenvolvendo cenários inverossímeis e mirabolantes demais. Isso não estraga a experiência de quem vai ao cinema, mas pode incomodar quem espera algo mais complexo. Talvez possa atrapalhar também quem leu o mangá, mas esse não é meu caso.
“Alita – Anjo de Combate” é um bom entretenimento para as férias. Cenas de ação bem desenvolvidas, romances impossíveis e uma trama que deixa tudo pronto para sua sequência. Tudo isso é visto na produção que chega aos cinemas na próxima semana. Se possível, assista no IMAX para ter a experiência completa.
Assunto de Família
4.2 399 Assista AgoraIniciamos 2019, voltamos aos cinemas e, finalmente, teve início a temporada de premiações nos Estados Unidos. Quando isso acontece, o Brasil fica recheado de ótimos filmes estreando - principalmente no início do ano. É o momento que o público daqui conhece o que foi de melhor produzido no cinema em 2018. Para começar isso, nada melhor do que o bom filme japonês que representará o país no Oscar deste ano, “Assunto de Família”.
O filme começa logo após uma das sessões de furtos de Osamu e seu filho, quando se deparam com uma garotinha. A princípio eles relutam em abrigar a menina, mas a esposa de Osamu concorda em cuidar dela depois de saber das dificuldades que enfrenta. Embora a família seja pobre e mal ganhem dinheiro dos pequenos crimes que cometem, eles parecem viver felizes juntos até que um incidente revela segredos escondidos, testando os laços que os unem.
A produção é cheia de nuances e muda há todo momento. Existem situações onde se acredita que ali existe uma família “normal”, mas que logo é surpreendido. O talento do diretor está em conseguir transformar todas as peculiaridades daquelas pessoas em algo orgânico e verossímil. Isso sem falar no talento do diretor em construir a empatia com o público, que acaba torcendo para que o assalto dê certo ou que não descubram o paradeiro da avó da família.
“Assunto de Família” é o que o próprio nome quer dizer. É a constituição de uma família, com suas dificuldades e perrengues, mas aproveitando as coisas simples da vida. Tudo baseada em dificuldades e percalços enfrentados por todos. Cada um na sua realidade e com o seu problema. Um filme que começa com uma pegada simples e acaba se transformando em uma trama que flerta com os suspenses ou filmes policiais, tamanho o drama desenvolvido.
Não posso deixar de dizer que o longa-metragem japonês é uma grata surpresa neste início de 2019. Obviamente que esse é o primeiro filme estrangeiro do Oscar que assisto, mas podemos afirmar que aqui se encontra um dos favoritos a estatueta. Isso por ter conhecimento do seu alcance e conseguir transformar uma história simples e cotidiana em uma produção envolvente e cativante.
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraA semana entre o natal e o ano novo sempre é corrida e, muitas vezes, falta tempo para ir ao cinema – talvez essa nem seja a prioridade da semana. Contudo, o Netflix está aí para quem quiser aproveitar e assistir há algum bom filme. O catálogo é cheio de novidades e clássicos, mas tem um filme em especial que vem chamando a atenção de todos. Estamos falando de “Bird Box”, o longa-metragem da semana.
O longa-metragem se passa em um mundo pós-apocalíptico, onde Malorie e seus filhos precisam chegar a um refúgio para escapar do Problema, criaturas que ao seres vistas fazem pessoas se tornarem extremamente violento e cometerem suicidio. De olhos vendados para não serem afetados, a família segue o curso de um rio para chegar à segurança.
Para quem acompanha semanalmente este espaço, é impossível não comparar essa produção com “Um Lugar Silencioso”. Neste caso, o longa-metragem está bem acima do que o da Netflix, mas é bom ver os dois. Ambos criam climas agoniantes e claustrofóbicos quando necessitam tirar um dos sentidos dos protagonistas. Nesse caso é a visão, pois todos andam vendados no filme.
O problema é que não existe nenhuma explicação de como eles descobriram isso (o olhar causa toda a catástrofe). Apesar de ter outros pontos que não são explicados, acredito que pelo menos isso deveria ter tido um aprofundamento maior. Ele não mostrar o que é ‘a coisa’ ou como elas surgiram é uma boa. Deixa no imaginário do público, mas aspectos inverossímeis poderiam ter sido evitados.
Apesar de contar com esse problema, o filme tem pontos fortes, como a atuação visceral de Sandra Bullock e um ponto que é pouco utilizado em filmes assim: seja egoísta e sobreviva; pense-nos outros e morra. Uma mensagem contundente que é comprovada em diversos momentos do filme e mostra como não se pode confiar em ninguém se quiser um lugar ao sol. Impactante.
A Voz do Silêncio
3.2 26Uma estreia peculiar. É assim que podemos definir a estreia desta nova produção nacional intitulada “A Voz do Silêncio”. A obra tenta beber da fonte que premiou “Crash – No Limite” e “Dunkirk” de contar histórias paralelas que se relacionam no decorrer da trama. O problema é que bebe desta fonte, mas sem a genialidade dos outros diretores/roteiristas.
No longa-metragem, sete personagens aparentemente comuns conduzem suas vidas buscando, cada um, aquilo que acredita lhe trazer satisfação pessoal. Mas, mesmo com vidas distintas e distantes, eles se aproximam pela maneira como orientam suas existências com base em preocupações mundanas. O passar dos anos é impiedoso para todos.
O problema é que, apesar de um elenco recheado de figuras conhecidas do grande público e de boas atuações, o roteiro peca em relacionar tantas histórias em uma única linha narrativa. Falta desenvolvimento de personagens relevantes para a trama e, muitas vezes, se retirarmos alguns deles da produção, nenhuma falta será sentida. Isso sem falar da falta de empatia com o público.
Um filme com essa pretensão sendo desenvolvido em 01h30 de filme já soava perigoso antes dele começar. Eram muitas histórias – algumas bem dramáticas e complexas – para serem trabalhadas com início, meio e fim; além do desenvolvimento dos personagens, em tão pouco tempo. Com isso o foco foi dado para a trama que envolvia Marieta Severo e, consequentemente, teve mais espaço.
É uma pena ver que a produção “A Voz do Silêncio” tinha a pretensão de ser algo grandioso e diferente, mas acabou se perdendo dentro de sua prepotência. Com uma ideia de algo cult, o longa-metragem acaba se fechando em um nicho e não deve conquistar muitas pessoas. Gera curiosidade pelo experimentalismo e pode atiçar a curiosidade, mas com certeza não é um filme popular.
Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro
2.7 264 Assista AgoraTem vezes que se pensa: pior que está não pode ficar. Infelizmente nem sempre essa é a verdade. Após ver a primeira inserção de Danilo Gentilli (humorista e apresentador do The Noite) nos cinemas com o filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, pensei que não teríamos outra tentativa dele em ganhar as telonas. Porém chega “Os Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro” para mostrar que eu estava enganado.
O filme acompanha um grupo de três youtubers que se dizem especialistas em seres sobrenaturais e decidem conquistar o reconhecimento do público de uma vez por todas. Para isso eles traçam um plano para capturar um ser conhecido por todos. Trata-se do espírito de uma mulher de cabelos claros que morreram de modo desconhecido e que assombra os banheiros das escolas de todo o país: a loura do banheiro.
O ponto é que, quando eu digo enganado, não é sobre ele aumentar sua qualidade – até porque ele consegue o feito de baixar ela – e sim para entender os motivos que o fazem tentar de novo. Não faz o menor sentido ele insistir em um mercado onde não conseguiu sucesso de crítica e nem de público, afinal menos de 500 mil pessoas foram ao cinema assistir ao longa-metragem – o filme brasileiro mais assistido em 2017 contou com 1.3 milhões de pessoas.
Contudo, mesmo com todas essas ressalvas, ele investiu em um elenco “melhor”, com nomes como Léo Lins, Murilo Couto e Dani Calabresa para desenvolver essa parodia de “Caça-Fantasmas” com besteirol americano na era do YouTube. Uma bagunça sem pé e nem cabeça, com um roteiro sem fundamento e com nenhuma verossimilhança. Identificação e empatia com o público então? Nem se fala. Nada existe neste projeto.
Danilo Gentilli é um dos melhores humoristas da sua geração e pode ser conhecido por ter reinventado o talk-show no Brasil, mas infelizmente ele peca nas produções cinematográficas. Podendo ser uma espécie de Seth Rogen brasileiro, o apresentador do SBT se aproxima mais da franquia “American Pie”. O problema é que não falo da era de ouro, mas sim dos últimos longas-metragens, quando ninguém mais queria saber disso.
O Grinch
3.3 195 Assista AgoraJunto com a temporada de filmes premiáveis, chegam também aos cinemas os famosos filmes natalinos, que mostram crianças perdidas, festas de natal e pessoas que não acreditam nas festividades e acabam mudando de ideia no final. Contudo, as produções normalmente clichês sempre conquistam o público com o sentimentalismo e isso não será diferente com “O Grinch”.
A obra acompanha a trajetória de Grinch, um ser verde que não suporta o Natal e, todo ano, precisa aturar que os habitantes da cidade vizinha de Quemlândia comemorem a data. Decidido a acabar com a festa, ele resolve invadir os lares dos vizinhos e roubar tudo o que está relacionado ao Natal. Para quem não se recorda o filme é um remake de um live-action de mesmo nome, que foi lançado em 2000.
Não temos comparações com o filme original, que é superior graças ao talento de Jim Carrey e a profundidade que o primeiro tem. Entretanto, é necessário fazer ressalvas: os públicos-alvo são diferentes e a profundidade do roteiro também. Porém nada disso impede que a diversão e emoção cheguem a todos os públicos e é isso que todos procuram e alcançam com a animação.
O único contraponto que pode ser feito é referente aos coadjuvantes - principalmente da cidade - que são bons, porém sem profundidade e espaço para serem melhores desenvolvidos. Provavelmente isso seja consequência de um longa-metragem curto (menos de 01h30) e que prejudica o desenvolvimento mais aprofundado personagens que desviem do foco central.
“O Grinch” é o clássico filme de natal para crianças, causando simpatia, riso, diversão, emoção e a mensagem de natal – ou moral da história, como preferir. Não se compara ao clássico, mas nem tem essa pretensão. É uma releitura autêntica e fidedigna de um bom trabalho feito no passado e agora atualizado para um novo público que consome esse tipo de conteúdo. A obra tem seus méritos e abre a agenda natalina desta coluna.
Chacrinha: O Velho Guerreiro
3.4 83 Assista AgoraUm filme histórico e que conta a história de um dos maiores comunicadores que já existiu no Brasil. Pelo menos é assim que se vende o longa-metragem “Chacrinha – O Velho Guerreiro”, que chegam aos cinemas na próxima quinta-feira, 08 de novembro, em todo o Brasil. A nossa alegria é que pudemos assistir ele antes para preparar vocês, leitores, sobre a produção.
O filme conta a história de José Abelardo Barbosa, que é narrada desde a época de sua juventude, quando trabalhava de baterista de uma banda em um cruzeiro no período da guerra e larga tudo para se aventurar como locutor em uma rádio. Depois de então, acompanhamos a transformação de sua vida e a criação seu alter-ego, Chacrinha, nosso velho guerreiro.
A produção retrata do surgimento até o retorno dele a Rede Globo, mostrando trechos da vida do comunicador que muitos desconheciam – o caso dele com a cantora Clara Nunes e sua vida conturbada. Contudo, também retrata o carinho dele com Elke Maravilha e o cuidado que tinha com as chacretes, muitas vezes abrindo mão do próprio cachê e tirando dinheiro do bolso para pagar elas.
No papel principal o ator Stepan Nercessian, que já interpreta o velho guerreiro no teatro, da à vida de forma magistral ao comunicador que ficou conhecido no mundo inteiro. Mas não é só ele que faz uma boa atuação, mas todo o elenco consegue se destacar nos seus papéis. Talvez o único ponto negativo das atuações esteja na dublagem dos cantores, que não parece nada convincente.
Obviamente que o filme tem seus problemas, como a falta de profundidade de personagens como Rita Cadillac, Elke Maravilha, Pedro de Lara e outros personagens importantes na trajetória do artista. Porém a importância de eternizar a história de Chacrinha em uma cinebiografia é válida e consegue reunir pontos importantes da trajetória do comunicador que conquistou o Brasil e influenciou gerações.
Meu Anjo
3.5 39Voltamos ao cinema para conferir mais um lançamento da semana. Dessa vez o longa-metragem assistido foi “Meu Anjo”, que passou por diversos festivais de cinema e chega ao Brasil nesta semana. Acredito que a produção não terá um circuito comercial muito grande e nem que deva fica muito tempo em exibição, por isso quem quiser deve correr e aproveitar já nos primeiros dias para conferir.
O filme acompanha a história de Marlène, que tem uma filha de oito anos a quem não dispensa muito atenção, mais interessada em bebedeiras, festas e homens. Certa noite ela vai a uma celebração numa boate acompanhada da menina, mas a manda sozinha para casa, permanecendo com um novo pretendente. Os dias passam e Marlène não vai ao reencontro da menina, deixando-a entregue à sua própria sorte e sem qualquer notícia da mãe.
Quando vi o elenco e peguei o início do filme, compreendendo mais ou menos para onde ele iria, fiquei curioso e achei que poderia ser surpreendido com um grande filme, afinal chegamos à temporada de premiações. Porém, para minha tristeza, ele não foi tão bom quanto eu esperava. O grande culpado disso? O roteiro cheio de furos e resoluções forçadas para construir tramas inverossímeis e que busquem o choque do público.
Isso prejudica a experiência, pois o roteiro não flui de forma natural e é todo desenvolvido para as cenas finais e todo o clímax que já é esperado pela obviedade e não pela ansiedade em ver o que aconteceria. Além disso, pontas ficam em aberto – sem spoilers aqui – e sabe-se que não haverá uma sequência, fazendo com que isso não faça sentido.
Infelizmente “Meu Anjo” decepciona pela expectativa criada – não sei por que ainda vou ao cinema assim – e não consegue atingir o clímax esperado. Pode ser lembrado na temporada de premiações pelas atuações das duas protagonistas, que dão o seu melhor de forma visceral. Além disso, pode ser lembrado em outras áreas, mas não acredito que vencerá pelo que foi apresentado.
Felicidade Por Um Fio
3.8 465 Assista AgoraEstamos de volta mais uma semana com o nosso querido e aconchegante espaço para falarmos de cinema. Desta vez, devido às agendas redação e da disponibilidade cabines de imprensa (eventos onde jornalistas assistem aos filmes antes da estreia), estaremos falando de mais um filme que está no catálogo da Netflix há menos de um mês, mas que já vem rendendo bons debates em rodas de conversa por aí. A produção em questão se chama “Felicidade por um Fio”, dirigida por Haifaa Al Mansour e protagonizada por Sanaa Lathan.
O filme acompanha a história de Violet Jones, uma publicitária bem-sucedida que considera sua vida perfeita, tendo um ótimo namorado e uma rotina organizada meticulosamente para conseguir estar sempre impecável. Após uma enorme desilusão, ela resolve repaginar o visual e o caminho de aceitação de seu cabelo está intrinsecamente ligado à sua reformulação como mulher, superando traumas que vêm desde a infância e pela primeira vez se colocando acima da opinião alheia.
Neste longa-metragem que pode parecer raso e bobinho – assim como “Sierra Burgess É uma Loser” e “Para Todos os Garotos que Já Amei” – mas traz, mesmo de forma simples, uma discussão importante ao quebrar preconceitos referentes ao cabelo da mulher negra e o seu empoderamento. No decorrer dos pouco mais de 90 minutos, a protagonista Violet passa por diversas fases capilares e mostra os desafios pessoais dela dentro da sociedade em que foi criada para se aceitar do jeito que é. Sem perucas ou tratamentos para alisar o cabelo.
Obviamente que o filme não toma uma discussão mais séria e mostra embates mais fortes. Toda a temática é tratada de forma mais leve, porém não menos importante e necessária. Além de mostrar a realidade da mulher negra e os preconceitos vividos, “Felicidade por um Fio” também mostra como essa liberdade capilar move uma série de outros fatores na vida dela e, principalmente, em sua carreira profissional e vida amorosa, onde muita coisa muda com o desenrolar da trama.
“Felicidade por um Fio” não funciona como romance. Muito pelo contrário. As cenas e os pares românticos são fracos e vazios, com personagens sumindo e voltando sem explicação alguma. Ao mesmo tempo ele não cumpre 100% o seu papel quando problematiza os preconceitos sofridos pela mulher negra referente ao seu cabelo. Talvez seja pelo público-alvo, perfil do consumidor ou por falta de coragem da Netflix em mexer com esse tema. Contudo já é um começo interessante para desmistificar esse e outros paradigmas. É o que espero.
Nasce Uma Estrela
4.0 2,4K Assista AgoraSabe quando você vai ao cinema cheio de expectativas e ainda consegue supera-las? Isso é muito bom, não é? Agora imagina você ir assistir ao mesmo filme sem expectativas nenhuma, pois não viu nenhum trailer e pouco sabe do longa-metragem, com exceção do título, diretor e elenco. Se você está lendo a crítica desta semana, isso não acontecerá, mas comigo aconteceu e a experiência em assistir ao filme “Nasce Uma Estrela” é inexplicável.
A produção acompanha a jovem cantora Ally ascende ao estrelato ao mesmo tempo em que seu parceiro Jackson Maine, um renomado artista de longa carreira, cai no esquecimento devido aos problemas com o álcool. Os momentos opostos nas carreiras acabam por minar o relacionamento amoroso dos dois.
Protagonizando o filme estão Bradley Cooper (que também estreia como diretor de cinema) e Lady Gaga. O filme basicamente gira em torno dos dois, com raras exceções envolvendo o empresário, o pai e o melhor amigo de Ally; e o irmão de Jackson Maine. Porém são aparições pontuais – e assertivas – mas que não influenciam na trama e em todo o seu desenrolar.
Agora, focando nos dois protagonistas: que atuações foram essas. Ambos estão muito bem em seus papéis e conseguem construir dois pontos extremamente necessários para a história: verossimilhança e identificação com o público. Todos acreditam no que está acontecendo e muitos já se viram passando por aquelas situações ou querendo alcançar os sonhos e anseios dos dois personagens.
Eu adoro filmes assim, como “Mesmo Se Nada Der Certo” ou “La La Land”. Musicais que não são com “falas cantadas”, mas sim com a música servindo como pano de fundo para toda a história. “Nasce Uma Estrela” funciona muito bem deste jeito. Quando surgem as músicas (tirando uma cena no início) é muito natural e autêntico, sem parecer forçado. Inclusive durante muitas vezes tu já se pega cantarolando ou esperando que as canções toquem.
Quem puder ir ao cinema, vá e assista “Nasce Uma Estrela”. A experiência na tela grande fará muita diferença, principalmente pelo som do cinema. Além disso, muitos terão chance de ver um dos filmes que, provavelmente, será lembrado na temporada de premiações do cinema internacional, seja no Oscar como também em outros festivais que devem começar a surgir nos próximos meses.
Mare Nostrum
2.8 15Um filme nacional e que foge do convencional. Não é uma comédia pastelão e nem um drama forte. Sequer é uma aventura romântica. Nada disso. “Mare Nostrum” é um filme do cotidiano, verossímil e que conta uma história com início, meio e fim. Tudo de forma simples e coerente, podendo essa história acontecer com qualquer um de nós. Isso mesmo. Todos nós podemos protagonizar essa trama.
O roteiro apresenta ao público Roberto e Mitsuo, dois desconhecidos que, após uma série de coincidências, voltam para o Brasil no mesmo dia, depois de um longo tempo no exterior. Eles se encontram devido a um terreno que foi negociado por seus pais décadas atrás e decidem tentar ganhar dinheiro em cima do local. No entanto, eles entram em conflito quando começam a achar que o lote possui poderes mágicos.
Acredito que nem seja necessário comentar as atuações e motivações do elenco. Todas elas estão condizentes da nossa realidade e o talento de todos faz com que o público se identifique e solidarize pelos problemas de cada um. Talvez a única exceção seja a ex-esposa do nosso protagonista, que nunca dependeu dele para nada, mas assim que ele volta para o Brasil surgem problemas para ela resolver pelo mundo.
Se o roteiro tem falhas? Claro que tem e, infelizmente, elas não são poucas. Bares vazios, praia vazia, todo mundo em casa quando se precisa. Isso sem falar de aspectos técnicos, afinal todas as câmeras estão estáticas sempre no mesmo local – apesar do longa-metragem apresentar uma fotografia muito boa. Faltam inovação e ousadia na parte técnica e, por mais que isso seja uma pena, acredito que nunca foi o foco do diretor Ricardo Elias.
Todo o filme é baseado e construído através de diálogos. E esse é o diferencial dele. É através destas interações que o público acompanha e se situa em toda a trama. Em nenhum momento o telespectador é considerado burro. As explicações são verossímeis e a fantasia nunca se torna algo sobrenatural. É folclórico e todo mundo pode realmente acreditar nas coincidências que acontecem. Isso só torna a experiência de “Mare Nostrum” mais impactante.
Um Pequeno Favor
3.3 694 Assista AgoraVoltamos ao cinema e aos lançamentos que estão saindo quentinhos das telonas para as páginas do Jornal A Semana. Após algumas semanas sem comentar o que sai de melhor – ou pior – nos cinemas brasileiros, eu fui novamente a uma cabine de imprensa. Desta vez a produção assistida foi “Um Pequeno Favor” e já podemos dizer que foi uma grata surpresa.
O filme acompanha a história de Stephanie, uma jovem mãe que divide o tempo entre a criação do filho e o trabalho como vlogueira. Quando sua melhor amiga Emily desaparece, ela parte em uma jornada para descobrir a verdade por trás do ocorrido.
O que podemos dizer deste longa-metragem? Ele não tem uma grande história. Muito pelo contrário. Apesar de parecer uma trama novelesca, o roteiro se fecha e é bom conciso/enxuto. Isso é bom. Em nenhum momento eles se propõem a ser algo maior do que são e, com o pé no chão, conseguem entregar uma história que prende o telespectador.
Porém os grandes destaques estão nas protagonistas (Anna Kendrick Blake Lively), que entregam personagens complexas e cheias de nuances de forma convincente. Além de ser possível gerar identificação e verossimilhança, ambas conseguem construir uma relação de cumplicidade e preocupação com o público.
Isso sem falar de um roteiro que, como eu disse, é simples e consistente, porém também é surpreendente. Em vários momentos o longa-metragem me levava para um caminho que eu não esperava encontrar. Era estranho porque, em diversos momentos, eu me ajeitava no cinema para entender para onde aquela história estava me levando.
Existem filmes que fazem isso e atrapalham a experiência no cinema. Contudo isso não acontece em “Um Pequeno Favor”. Essas quebras e reviravoltas novelescas do roteiro prendem o telespectador e não atrapalham a experiência. Obviamente que isso se soma ao talento e carisma das protagonistas e do restante do elenco.
“Um Pequeno Favor” não é um grande filme, nem buscará espaços em prêmios ou algo do gênero. O ponto é que esta produção cumpre seu objetivo de entregar uma história fechada, consistente e que consegue entreter o público que vai ao cinema. Neste sentido o longa-metragem é uma ótima pedida e uma grata surpresa para quem quer se divertir.
Sierra Burgess é uma Loser
3.1 748 Assista AgoraEstamos de volta queridos leitores e com mais um filme bacana lançado na Netflix – maior plataforma de streaming no Brasil – para vocês conferirem. Pedimos desculpas por não termos publicado nada na semana passada. A edição festiva de aniversário acabou prejudicando o nosso espaço e, com o feriado desta semana, não foi possível ir ao cinema acompanhar algum lançamento.
Por isso o filme desta semana é a comédia romântica e adolescente “Sierra Burgess É uma Loser”, lançada diretamente na Netflix no início deste mês e que movimentou os debates de cinema. O motivo? Possíveis semelhanças com “Para Todos os Garotos que Já Amei” devido ao tema semelhante (coragem em assumir uma paixão adolescente) fizeram com que as duas produções ganhassem espaço e comparações.
O filme acompanha a história de Sierra, uma adolescente inteligente, mas que não se encaixa exatamente nos padrões de beleza impostos no ensino médio. Quando um incidente de confusão de identidade resulta em um romance inesperado em sua vida, ela se vê precisando se juntar a garota mais popular da escola para poder ficar com o menino que gosta.
“Sierra Burgess É uma Loser” é um bom filme, tem um elenco jovem, carismático e surpreendentemente talentoso. O roteiro é bem construído, apesar de alguns furos (é sério que ele não notou que beijava outra pessoa na cena do carro?) e descompromissado. Serve para entreter o público com uma história simples e bobinha, sem toda a profundidade de “Para Todos os Garotos que Já Amei”.
Não que a ideia seja comparar os dois longas-metragens, até porque eles não têm comparações, mas sim estão no mesmo gênero e contam com um ator nos dois filmes. O ponto é que essa comparação está existindo e as duas produções não tem comparações e a culpa não é dos diretores, roteiro e nem do elenco das duas produções.
“Sierra Burgess É uma Loser” é uma boa produção, mas também é despretensiosa e não quer alçar voos maiores. A ideia é entreter o público e contar uma história simples, com início, meio e fim. Assim ele consegue gerar identificação com o público adolescente e conquistar fãs pelo mundo. Todos torcendo pela protagonista, são óbvios.
Vingadores: Guerra Infinita
4.3 2,6K Assista AgoraEssa semana este colunista que vos escreve está de férias, mas não poderíamos deixar de dar uma excelente dica de cinema para quem acompanha este espaço semanalmente. Por isso a dica não pode ser de um filme ruim e sim de uma das maiores bilheterias deste ano, que está chegando aos blu-rays de todo o Brasil. Estamos falando de “Vingadores: Guerra Infinita”.
O filme mostra a chegada de Thanos à Terra, disposto a reunir as Joias do Infinito. Para enfrentá-lo, os Vingadores precisam unir forças com os Guardiões da Galáxia, ao mesmo tempo em que lidam com desavenças entre alguns de seus integrantes. Podemos classificar o longa-metragem como a maior união de super-heróis da história do cinema.
A produção conta com todos os heróis apresentados até agora pela Marvel nos cinemas. São dez anos de filmes sendo concluída em uma mega saga que, certamente, pegou muitos de surpresa. Não quero dar spoilers aqui, mas afirmo que todos que assistirem ao final não precisam se preocupar. As coisas vão voltar.
Sei que plantei uma pulga atrás da orelha de vocês agora: “o que vai voltar?” vocês devem estar se perguntando. Assistam ao filme e confiram o que quero dizer. Agora, sobre as atuações, direção e roteiro, não tem nada o que criticar. Sem sombras de dúvidas este é o melhor filme já produzido pela Marvel e todos estão perfeitos em seus papéis.
Talvez quem mereça um destaque seja o Thor e o Capitão América. O primeiro pela mudança que tivemos desde Ragnarok, onde agora sim existe um deus nórdico entre nós. A transformação do personagem faz com que o filme ganhe muito. Já o nosso capitão Steve Rogers começa a concluir seu arco e acredito que o próximo filme seja o seu último na franquia.
Para quem não teve a oportunidade de assistir, aproveite o lançamento do blu-ray e confira. Em breve o longa-metragem também deve entrar nos canais de TV a cabo ou serviços de streaming, então fiquem de olho. Esse filme é um divisor de águas no gênero de super-heróis e merece ser visto por todos – mais de uma vez inclusive.
Para Todos os Garotos que Já Amei
3.7 1,2KEstamos de volta. Após uma semana de descanso aqui estamos para, novamente, falarmos dos lançamentos do cinema – ou da Netflix (patrocina a gente). Desta vez o filme é da gigante de streaming, devido ao burburinho que um dos seus últimos lançamentos está fazendo. Estamos falando de “Para Todos os Garotos que Já Amei”.
Para quem não sabe, o longa-metragem acompanha Lara Jean Song Covey escreve cartas de amor secretas para todos os seus antigos paqueras. Um dia, essas cartas são misteriosamente enviadas para os meninos sobre os quem ela escreve, virando sua vida de cabeça para baixo.
A produção adapta um livro adolescente muito popular. Eu tenho que assumir que não li o livro, apesar de acreditar que deve ter sido bem retratado. É um romance adolescente que bebe muito de “Amor de Aluguel” (2003) e outras preocupações bobas que circundam a cabeça dos adolescentes sobre os primeiros amores.
O ponto que difere essa produção de outros filmes do gênero é a seriedade com que ele trata os temas. Em nenhum momento ele acha que o telespectador é burro ou constrói tramas inverossímeis. Tudo funciona e é coeso dentro daquele universo, com todos os dramas pessoais de cada personagem sendo apresentados e fazendo sentido para a trama.
Tudo isso sendo bem dirigido e com atuações convincentes – inclusive fiquei com curiosidade de ler o livro. O filme vem sendo bem falado por todos que assistem e o hype ainda está grande em cima de “Para Todos os Garotos que Já Amei”. Não perca a oportunidade de voltar ao ensino médio e vivenciar essa experiência novamente.
Slender Man: Pesadelo Sem Rosto
1.5 469 Assista AgoraApós bastante tempo voltamos a ter dois gêneros comentados aqui, desta vez em um único filme. Estamos falando de “Slender Man – Pesadelo Sem Rosto”, que é um filme de terror e ficou muito conhecido por um videogame em primeira pessoa jogado nos PCs. Muitos não conhecem o personagem, mas o filme consegue explicar bem quem ele é. Pelo menos uma virtude ele tem.
As amigas Wren, Hallie, Chloe e Katie levam uma vida entediante no colégio. Quando ouvem falar num monstro chamado Slender Man, decidem invocá-lo através de um vídeo na Internet. A brincadeira se transforma num perigo real quando todas começam a ter pesadelos e visões do homem se rosto, com vários braços, capaz de fazer as suas vítimas alucinarem. Um dia, Katie desaparece. Como a polícia não dispõe de nenhuma prova para a investigação, cabe às três amigas fazerem a sua própria busca, enfrentando a criatura.
Confesso que fui ao cinema esperançoso, tendo em vista os elogios que estavam sendo feitos a produção e também a minha expectativa. Isso porque joguei muito o jogo quando novo e ele me assustavam muito. Porém, não sei se não estava esperando aquilo, porque ele não pegou e foi totalmente contrário as minhas expectativas. Ele se preocupou em explicar demais e em construir dramas adolescentes, ao invés de focar na construção de um ambiente realmente aterrorizante.
O elenco é jovem e todo ele está bem, é verdade. Até podemos dizer que o roteiro não apresenta muitos furos – pelo menos eu esperava mais. Ele simplesmente tem uma história fraca e inconsistente, com um trabalho de efeitos especiais triste para não dizer nada pior. Tudo soa falso demais e nem as atuações convincentes do quarteto de protagonistas consegue salvar um longa-metragem que deixa mais pontas soltas do que presas.
Existem diversos personagens apresentados na trama que não tem suas histórias concluídas e que deixam futuros em aberto para personagens que certamente não serão trabalhados no futuro. Isso sem falar das inúmeras variações e mudanças na lenda do personagem que dá o título ao filme. Com certeza, “Slender Man – Pesadelo Sem Rosto” tinha tudo para ser um filme diferente e a primeira metade apresenta isso. O problema é o quanto você se decepcionará com o resto. Comigo foi bastante.
Cidade Dormitório
2.5 3 Assista AgoraHoje, mais uma vez, este que vos escreve não foi ao cinema assistir ao grande lançamento do cinema – confira no final da coluna. Contudo, desta vez é por uma boa causa. Como foi possível ler na matéria acima, Evandro Berlesi lançou o seu mais novo filme e, com exclusividade, a reportagem do Jornal A Semana teve acesso e poderá escrever sobre “Cidade Dormitório”.
O filme começa em 1988, quando os irmãos Flávio e Patrícia traçam um plano para levar pra cama Cassandra, a garota mais popular da escola. Trinta anos depois, afastados pelo tempo, eles ainda residem na pequena cidade de Alvorada/RS, onde suas vidas são interligadas por habitantes de diversas classes sociais e personalidades obscuras.
Cassandra tornou-se dona de casa, é casada com Glauco da Pet, suposto vereador da causa animal. Flávio, viúvo, tornou-se um músico fracassado e um péssimo pai. Patrícia, ainda bela e solteira, é proprietária de uma escolinha infantil, foco de uma tragédia eminente.
Antes de discorrer sobre a produção, cabe ressaltar que o mesmo foi feito apenas com atores de Alvorada e sem apoio financeiro algum de entidades públicas ou programas de incentivo a cultura. Tanto é que o orçamento do longa-metragem gira em torno de R$ 7 mil e isso mostra a realidade e as dificuldades que podem ter sido enfrentadas.
Apesar disso, temos atuações consistentes de nomes conhecidos da cidade em uma história verossímil e cheia de referências a casos municipais e regionais que já foram vivenciados. Obviamente que tem alguns pontos do roteiro que parecem forçados e com um diálogo formal demais e pouco natural, mas ele não atrapalha a experiência de quem está assistindo.
Além disso, a direção é ousada em alguns planos pouco usuais, ainda mais na carreira de Berlesi, que sempre foi focada na comédia. É possível afirmar que este é o filme mais complexo e maduro do diretor em sua carreira e isso pode afastar quem conhece a filmografia de Berlesi e procura algo semelhante. Entretanto, “Cidade Dormitório” é um importante passo dado para quem quer viver de cinema e busca seu espaço em todos os nichos.
Megatubarão
2.8 842Quando você vai ao cinema para assistir a qualquer filme estrelado por Jason Statham, não tem como não esperar algo de ação e visceral do início ao fim. É isso que, felizmente, vemos no bom filme que estreia nesta semana, intitulado “Megatubarão”, mas que também pode ser considerado uma mistura de “Rampage” com “Velozes & Furiosos” embaixo d’água. Pode parecer louco, mas garanto que funciona.
O filme apresenta a tripulação de um submarino fica preso dentro da fossa mais profunda do Oceano Pacífico após ser atacada por uma criatura pré-histórica que se achava estar extinta, um tubarão de mais de 20 metros de comprimento, o Megalodon. Para salvá-los, oceanógrafo chinês contrata Jonas Taylor, um mergulhador especializado em resgates em água profundo que já encontrou com a criatura anteriormente.
Agora você têm duas opções: criticar os clichês, furos de roteiro e outros problemas que o filme apresenta; ou desligar o cérebro e curtir o carisma de Statham matando um tubarão de 25 metros de comprimento – isso não é spoiler e sim uma obviedade né? O filme é divertido e entrega cenas de ação que estamos acostumados a ver sempre que a estrela das produções de ação está envolvida e isso não foi diferente aqui.
Talvez o problema do filme seja não ter comprado essa ideia da galhofa. “Megatubarão” é um filme pipoca e diversão para toda família, mas ele não quer assumir isso. Em diversas situações ele se propõe a ser sério e dramático e isso não funciona. Isso pelos problemas citados anteriormente, mas também porque as pessoas que vão assistir a um filme do Statham com um tubarão não procuram essa “profundidade”, com o perdão do trocadilho.
A produção funciona como um entretenimento para o público e os fãs do ator encontrará nele exatamente o que procuram. Talvez, se os envolvidos tivessem assumido isso e buscado esse público, o sucesso seria maior ainda. Não existem dúvidas disso. Contudo, mesmo com eles não assumindo esse lado, muita gente irá ao cinema assistir ao filme e eu digo: façam isso. Desliguem o cérebro e vão se divertir no cinema com “Megatubarão”.