Seria bom não dar a menor bola para notas e comentários de pessoas que não gostam de musicais. Até porque elas geralmente não gostam porque não entendem o gênero.
Larson escreveu sobre o futuro num tipo de profecia assertiva, porque criou o retrato de como vivemos hoje. Enquanto isso, a história dele parece a da maioria dos jovens adultos com transtornos de ansiedade num mundo que demanda sucesso absoluto e sublime.
Desde La La Land, eu não via um protagonista de musical com quem fosse tão profunda e fácil a identificação.
Quanto à música, a genialidade de Larson fica mais evidente à medida que o filme progride, culminando na cena do Central Park, onde a qualidade da sua escrita impressiona, o que é reforçado pelo fato de a canção mais tocante não depender de vários vocais ou banda.
É uma história sobre crise existencial e de carreira, sobre amizade e amor, sobre modernidade e sonho. Tudo isso apresentado com menos pompa do que os musicais costumam usar, o que torna a apresentação menos mágica e mais humana e, por isso mesmo, mais certeira rumo ao emocional do espectador.
Eu duvido muito que as pessoas rebaixando a música do filme tenham alguma experiência escrevendo canções. Escrever sobre qualquer coisa é um trabalho para poucos. Contar histórias em música utilizando o banal para tratar de assuntos complexos fazendo tudo soar fácil… Coisa de gênio.
Fiquei doído de ver que o tick, tick, boom que Larson profetizou também não era neurose. Ele acertou sobre o futuro da nossa geração e sobre o seu próprio.
Um filminho de 2.000 com ar de anos 90. É tão ingênuo, que parece filme pra criança às vezes, o que faz sentido, já que veio depois de o querido do Brendan fazer George, o Rei da Floresta. Aliás, a versatilidade dele aqui impressiona. O filme pra quando você só quer uma Sessão da Tarde sem compromisso num domingo.
O filme faz tudo o que precisa fazer. Não abusa da sensualidade, não se perde em explicações, não pede que os personagens evidenciem o tempo todo o que sentem.
O Juan Pablo manda muito bem como Ezequiel, mudando sua postura e olhar radicalmente dependendo do alterego que seu personagem adota.
Vi pessoas aqui reclamando de o “tema principal” não ser abordado, mas é porque entenderam que o filme fosse sobre pornografia infantil, e não é. É sobre a experiência do Ezequiel — sobre as escolhas que ele pode fazer e faz.
Outros reclamam do final, mas ele também dá o bastante. Como a pergunta do filme é o que Eze vai fazer, a cena em que ele conversa com seu pai é suficiente pra entender que ele desistiu de prosseguir com seu plano. E a cena final, na piscina, mostra que ele está marcado pra sempre pelas suas experiências, independentemente de não ter dado sequência ao que tinha em mente. Isso é simbolizado pela piscina à noite, em que ele mergulha de roupa, contrastando com a cena ensolarada em que ele, ainda inocente e descamisado, nada com Mono.
Por aqui a gente percebe que a franquia Invocação do Mal não é pioneira em fazer propaganda cristã através do terror. Frank, afinal, foi um cara que buscou prazer acima de tudo, sem se importar se isso o levaria ao céu ou ao inferno. Então, criancinhas, não busquem tanto o prazer. Muito menos o sexual, como a safada da dona Julia, que se tornou uma serial killer de tanto tesão.
Agora, falando sério, Hellraiser hoje é mais asqueroso do que assustador, mas faz o que se propõe a fazer. Gera tensão e angústia apesar dos péssimos enquadramentos, diálogos, e atuações.
Maquiagens realmente impressionantes. Mas o mesmo não se pode dizer do verme gigante. Além de ser muito difícil fazê-lo contracenar com os atores por causa das limitações mecânicas do robô, dá pra ver claramente o maquinário por trás dele logo em sua primeira aparição. Chega a ser mais cômico que os efeitos de raios e luzes “cósmicos”.
De qualquer modo, terror tem que incomodar, e achei esse bem mais legal, nesse sentido, dos que filmes do gênero mais atuais.
Acho hilário que essa franquia anuncia entidades muito poderosas, mas que são sempre meio lerdas, esperando as pessoas se safarem, e sempre meio burras, pegas de surpresa pelas estratégias humanas mais óbvias.
O padre, que tem carreira em eventos místicos, não parece nada experiente. E o Frenchie, que deveria ser um ogro cru do campo que não teve acesso a muita educação, tem a sagacidade, a habilidade social e o charme de um Indiana Jones, o que também se reflete no seu visual com lencinho no pescoço — muito Brendan Fraser em A Múmia.
Frenchie pertence a uma aventura/comédia. Por isso o diálogo mais engraçado do filme é entre ele e o padre: — Holy shit! — The holiest.
Se não era pra ser engraçado, foi uma péssima escolha, porque é impossível não rir.
Não preciso elogiar o filme. Então vou registrar que quem vê O Poderoso Chefão jamais imagina que o Marlon Brando pudesse atuar tão mal como Jor-El. Curiosidade: ele se recusava a decorar as falas para ter uma performance mais espontânea, forçando a produção a segurar as falas em cartazes. Nas primeiras cenas do filme, é fácil notar que o Marlon estava lendo. Sofrível e cômico ao mesmo tempo.
É claro que, com os recursos da época pra algo tão ousado, não assusta tanto hoje em dia. Mas é fácil sacar porque foi fenomenal. Os eventos sobrenaturais são realmente assustadores e, nesse sentido, o filme traz muito mais do que obras de terror mais recentes. Uma superprodução digna do autor da história, com efeitos práticos audaciosos e jumpscares que ainda funcionam. Nem as tomadas que hoje parecem cômicas podem tirar o mérito desse clássico.
O filme tá com nota baixa pelos motivos errados. Porque você esperava uma comédia pastelão e encontrou outra coisa, não é motivo pra dar nota baixa. Você tem que avaliar o filme pelo que ele é, e não pelo que você esperava que ele fosse.
Enfim, não é uma comédia pastelão e não foca em provocar risadas. É mais uma reflexão sobre encontrar caminhos para reconciliação num mundo polarizado. Super necessário.
Uma boa premissa, mas mal escrito e mal executado. Acaba que é bem fraquinho e sem personalidade. Nenhum dos personagens cativa. A coisa mais interessante do filme é o apartamento de Hall ser o mesmo do detetive Deckard, do clássico Blade Runner.
Chapelle sempre extremamente inteligente. Boa parte de sua controvérsia está no fato de as pessoas ouvirem seus textos, mas não o que está intrínseco neles. Ouvem as palavras, mas não o conteúdo. Falha típica de quem não entende sarcasmo nem tem senso de humor. Claro, além de as pessoas acreditarem que existe uma maneira de censurar o que seja potencialmente ofensivo para alguém, o que é incoerência pura, já que tudo tem o potencial de ser ofensivo para alguém — especialmente pessoas propensas a levar as coisas para o pessoal. Chapelle faz comédia para inteligentes. Ele é necessário, incorporando o poder do humor de abrir linhas para o diálogo e para o respeito mesmo onde há discordância.
Não entende o filme quem tem as seguintes reclamações:
1. Não troca de cenário; 2. Não explica a história de fundo do protagonista.
Sobre o ponto um:
Filmes como este, com basicamente um personagem e um cenário apenas, formam seu próprio nicho, onde o desafio é exatamente sustentar a atmosfera que se pretende sem depender de muitos artifícios visuais. Chegar a um bom resultado, como "prender do começo ao fim", que é o que todo mundo alega ter sentido, é uma responsabilidade que recai sobre o texto, a edição, e um protagonista muito forte, que precisa ocupar bem mais tempo de tela do que na maioria dos filmes que costumamos ver. Esse tipo de filme exige uma série de soluções criativas com demanda muito mais intensa do que teríamos em filmes visualmente mais dinâmicos.
Sem falar, é claro, que um filme que faz você se sentir confinado por não usar muitos cenários tinha exatamente essa intenção — que você experimentasse a claustrofobia e monotonia que cercam o protagonista. Ou seja, quem reclama de sentir emoções negativas em decorrência da não variação de cenários apenas atesta que o filme acertou.
O filme não oferece mais detalhes sobre a vida pessoal do personagem central de propósito, porque são irrelevantes para o que o filme propõe. Ele não está ali para contar uma historinha sobre esse Joe e sua família. Ele vem retratar a universalidade do sofrimento de Joe. Seja qual for a história dele, e seja qual for a sua, ambos fazem escolhas duvidosas motivadas por culpa. Para gerar essa identificação, é irrelevante se a culpa de Joe é por X ou Y. O importante é que ela existe e que, enquanto não é aceita, fode seu mundo interior de maneira que isso se desdobra em todas as suas relações interpessoais, prejudica sua saúde, atrapalha drasticamente sua vida profissional, e assim por diante.
Quem pede por explicações sobre o caso pessoal de Joe não entende que, quanto mais explorássemos o que aconteceu, mais propensos seríamos a atuar como juízes, decidindo a respeito da inocência ou culpabilidade do protagonista. Mas Joe é justamente o retrato de que nossos julgamentos sobre culpa e inocência são falhos. Pedir por esclarecimentos é denunciar que a mensagem do filme se perdeu.
Enfim, o filme é genial ao mostrar como nós todos (e não apenas Joe) tendemos a projetar nossas experiências nos outros para decidir quem é vítima e quem é vilão. Como fugimos da nossa culpa por meio do ódio, do sarcasmo, da impaciência, e adotando a ideia de que necessariamente somos os heróis de alguma história, pois precisamos sê-lo para aliviar nossa consciência. Joe corre atrás do vento, não tentando salvar Emily, mas tentando salvar sua mente, porque ele enxerga nela um cônjuge incompreendido e vitimado, que precisa de toda forma voltar à sua filha. Mas Emily não é exatamente isso. Joe é, aos seus próprios olhos.
Um dos principais motivos de querer se safar no tribunal é voltar a sua filha. Joe sabe que, se for para a cadeia, estará longe dela, o que pensa ser injusto. Decidir, no final, admitir sua culpa no tribunal, implica admitir também sua parcela de culpa pelas circunstâncias que o afastam de sua ex-esposa e filha.
Quanto ao Jake, que todo mundo elogia com razão, destaco o modo como pronuncia o nome do seu personagem. Sempre que menciona que seu nome é Joe, algo soa falso, raso, como se não fosse seu nome real. A única vez em que é possível acreditar que o nome dele é Joe é no final, quando a sua última fala é a mesma de tantas vezes, ao telefone: Aqui é o Joe. Dessa vez, essa declaração parece profunda, e é possível sentir que aquele é o nome real do personagem. Porque ele finalmente admitiu quem é para si mesmo; admitiu sua culpa.
Para quem só agora reconsiderou quanto o filme foi brilhante, recomendo Dúvida, com Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman, e Amy Adams.
Dificilmente uma continuação que vem tanto tempo depois de um clássico se sustenta. Não é o caso de Doutor Sono.
Na melhor das hipóteses, as sequências tardias funcionam como homenagens e, muito frequentemente, são atestados de que não deveriam ter sido produzidas, fazendo um desfavor ao universo que retratam.
Talvez Doutor Sono não agrade todo mundo por funcionar mais como Suspense/Fantasia do que como terror. E por esperarem que fosse possível recriar a mesma atmosfera do clássico de Kubrick, o que, sinceramente, é uma expectativa absurda, e claramente não era a intenção do projeto.
Doutor Sono amplia o universo de O Iluminado sem estragar nada. Além de resolver muitas questões incertas do primeiro filme, dando uma sensação de maior clareza sobre a realidade dos iluminados, respondendo a várias perguntas que os fãs do primeiro filme se faziam chegando a muitas interpretações diferentes.
No primeiro filme, embora os iluminados já sejam os heróis — Dick salva Dan, que, por sua vez, salva sua mãe — nem sempre é claro se o shining, a "iluminação", é um dom ou uma maldição, porque Dan é muito novo para lidar com suas habilidades. Em Doutor Sono, o potencial heróico dos iluminados fica muito mais evidente, facilitando a identificação com esses personagens.
Em O Iluminado, é mais fácil se identificar com Jack e Wendy — com os adultos atormentados pela realidade cotidiana. Os medos banais que eles têm se desdobram, e o que mexe com nosso psicológico é ver tais medos, tão identificáveis em nós mesmos, crescerem ao ponto de se tornarem monstros invencíveis.
Em Doutor Sono, ao nos identificarmos com os iluminados, vemos como nossos traumas podem ser superados, e que é possível não sucumbir a nossos vícios e à repetição dos erros dos nossos pais conforme crescemos. Como Dan, aprendemos a enfrentar nossos medos e derrotá-los. Como Abra, aprendemos que não precisamos esconder nossos talentos, por mais estranhos, só por medo de não sermos compreendidos.
Jack Torrance fugia da sua rotina no álcool; uma que ele nunca aceitou ou superou. Permitindo que seus medos o arrastassem, se tornou uma força destruidora para sua família. Dan, que passou a vida entorpecido para não dar vazão ao shining nem às cicatrizes causadas por seus pais e pelo Hotel, aprende a superar seu passado e lidar com seu presente, a ponto de se tornar uma ajuda essencial para Abra e tantas futuras vítimas do Nó.
O Iluminado explora o medo de ser engolido pela banalidade da vida, por ciclos de violência que parecem inevitáveis — talvez, inclusive, por termos certa violência como parte da nossa natureza. Mas Doutor Sono afirma que, com ajuda de Dans, Abras, Dicks, e Billies, podemos escapar dos ciclos aos quais estaríamos fadados se nos tornássemos isolados como Jack, e podemos até descobrir que as qualidades que temíamos em nós mesmos podem ajudar outras pessoas.
A riqueza desta animação, na minha opinião, é que o Batman não é o herói invencível da história. Ele passa o filme todo correndo de um lado para o outro como uma barata tonta sem nem saber atrás de quem.
É irônico que Andy, o Fantasma, diga para Bruce que ele finalmente está agindo como o melhor detetive do mundo. Porque ele não se dá conta de que a pessoa fazendo a limpa entre os mafiosos de Gotham estava na cara dele o tempo todo até o último momento, quando o plano de vingança da Femme Fatale já está praticamente concluído.
Esse é o tipo de coisa que o Batman farejaria mais cedo, como acontece no caso do Capuz Vermelho. Mas dessa vez Wayne está cego pelo amor.
Outra coisa interessante é que o Bruce menciona que a última coisa que seu pai lhe disse foi que um vigilante mascarado não seria bem recebido em Gotham, mas provavelmente colocado em Arkham. Ele, ainda assombrado pelo fantasma dos pais, sofre mais um trauma, que é ter seu coração quebrado novamente, não apenas por uma mulher, mas por uma que aprendeu a vingança mascarada na intimidade com ele mesmo, e ainda o superou. Esta é mais uma história sobre como Bruce se aproxima de ter seu nome no quadro de internos do Asilo.
Nesta animação, vemos quebrado o mundo interior de Wayne, que já sabemos que é atormentado pelo passado, mas que agora desce a um novo nível justamente quando cogitava que seria capaz de romper o laço nocivo com seus pais e, pela primeira vez na vida, ser feliz.
Isso introduz maior clareza sobre os motivos de Batman sempre mergulhar na escuridão implacavelmente, mesmo quando está a solto pela cidade como um maníaco, sem ideia do que está acontecendo, e causando mais estragos do que soluções.
Básico não é o mesmo que raso. O grande público cristão e não cristão que ainda acredita em terapia de reversão precisa de informação básica.
Só não dei cinco estrelas porque o documentário poderia ter apresentado pelo menos uns três testemunhos de especialistas da saúde oferecendo dados sobre depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, automutilação e suicídio.
Fora isso, é necessário entender que este é o primeiro documentário tão explícito sobre o tema numa grande plataforma de streaming popular, e que a importância disso é inegável e imensurável. O fato de o documentário não ser ácido e oferecer o ponto de vista de pessoas religiosas sem atacar ninguém ou polemizar o assunto é o que o torna acessível para o maior número de pessoas.
Só porque a comunidade LGBTQIA+ sabe que há muito mais a explorar sobre o assunto, não significa que o grande público não precise urgentemente de acesso a informações básicas sobre o assunto. Básico não é o mesmo que raso.
tick, tick... BOOM!
3.8 450Seria bom não dar a menor bola para notas e comentários de pessoas que não gostam de musicais. Até porque elas geralmente não gostam porque não entendem o gênero.
Larson escreveu sobre o futuro num tipo de profecia assertiva, porque criou o retrato de como vivemos hoje. Enquanto isso, a história dele parece a da maioria dos jovens adultos com transtornos de ansiedade num mundo que demanda sucesso absoluto e sublime.
Desde La La Land, eu não via um protagonista de musical com quem fosse tão profunda e fácil a identificação.
Quanto à música, a genialidade de Larson fica mais evidente à medida que o filme progride, culminando na cena do Central Park, onde a qualidade da sua escrita impressiona, o que é reforçado pelo fato de a canção mais tocante não depender de vários vocais ou banda.
É uma história sobre crise existencial e de carreira, sobre amizade e amor, sobre modernidade e sonho. Tudo isso apresentado com menos pompa do que os musicais costumam usar, o que torna a apresentação menos mágica e mais humana e, por isso mesmo, mais certeira rumo ao emocional do espectador.
Eu duvido muito que as pessoas rebaixando a música do filme tenham alguma experiência escrevendo canções. Escrever sobre qualquer coisa é um trabalho para poucos. Contar histórias em música utilizando o banal para tratar de assuntos complexos fazendo tudo soar fácil… Coisa de gênio.
Fiquei doído de ver que o tick, tick, boom que Larson profetizou também não era neurose. Ele acertou sobre o futuro da nossa geração e sobre o seu próprio.
Endiabrado
3.0 353 Assista AgoraUm filminho de 2.000 com ar de anos 90. É tão ingênuo, que parece filme pra criança às vezes, o que faz sentido, já que veio depois de o querido do Brendan fazer George, o Rei da Floresta. Aliás, a versatilidade dele aqui impressiona. O filme pra quando você só quer uma Sessão da Tarde sem compromisso num domingo.
O Caçador
3.0 60 Assista AgoraO filme faz tudo o que precisa fazer. Não abusa da sensualidade, não se perde em explicações, não pede que os personagens evidenciem o tempo todo o que sentem.
O Juan Pablo manda muito bem como Ezequiel, mudando sua postura e olhar radicalmente dependendo do alterego que seu personagem adota.
Vi pessoas aqui reclamando de o “tema principal” não ser abordado, mas é porque entenderam que o filme fosse sobre pornografia infantil, e não é. É sobre a experiência do Ezequiel — sobre as escolhas que ele pode fazer e faz.
Outros reclamam do final, mas ele também dá o bastante. Como a pergunta do filme é o que Eze vai fazer, a cena em que ele conversa com seu pai é suficiente pra entender que ele desistiu de prosseguir com seu plano. E a cena final, na piscina, mostra que ele está marcado pra sempre pelas suas experiências, independentemente de não ter dado sequência ao que tinha em mente. Isso é simbolizado pela piscina à noite, em que ele mergulha de roupa, contrastando com a cena ensolarada em que ele, ainda inocente e descamisado, nada com Mono.
Hellraiser: Renascido do Inferno
3.5 857 Assista AgoraPor aqui a gente percebe que a franquia Invocação do Mal não é pioneira em fazer propaganda cristã através do terror. Frank, afinal, foi um cara que buscou prazer acima de tudo, sem se importar se isso o levaria ao céu ou ao inferno. Então, criancinhas, não busquem tanto o prazer. Muito menos o sexual, como a safada da dona Julia, que se tornou uma serial killer de tanto tesão.
Agora, falando sério, Hellraiser hoje é mais asqueroso do que assustador, mas faz o que se propõe a fazer. Gera tensão e angústia apesar dos péssimos enquadramentos, diálogos, e atuações.
Maquiagens realmente impressionantes. Mas o mesmo não se pode dizer do verme gigante. Além de ser muito difícil fazê-lo contracenar com os atores por causa das limitações mecânicas do robô, dá pra ver claramente o maquinário por trás dele logo em sua primeira aparição. Chega a ser mais cômico que os efeitos de raios e luzes “cósmicos”.
De qualquer modo, terror tem que incomodar, e achei esse bem mais legal, nesse sentido, dos que filmes do gênero mais atuais.
A Freira
2.5 1,5K Assista AgoraO melhor do filme são os jumpscares.
Acho hilário que essa franquia anuncia entidades muito poderosas, mas que são sempre meio lerdas, esperando as pessoas se safarem, e sempre meio burras, pegas de surpresa pelas estratégias humanas mais óbvias.
O padre, que tem carreira em eventos místicos, não parece nada experiente. E o Frenchie, que deveria ser um ogro cru do campo que não teve acesso a muita educação, tem a sagacidade, a habilidade social e o charme de um Indiana Jones, o que também se reflete no seu visual com lencinho no pescoço — muito Brendan Fraser em A Múmia.
Frenchie pertence a uma aventura/comédia. Por isso o diálogo mais engraçado do filme é entre ele e o padre:
— Holy shit!
— The holiest.
Se não era pra ser engraçado, foi uma péssima escolha, porque é impossível não rir.
Alerta Vermelho
3.1 528Bonitinho. Pra quando você quer só passar o tempo com algo leve. A Gal numa atuação péssima. Mas o Ryan sempre entrega.
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
4.0 550 Assista AgoraHilário. Visual icônico. Atuações excelentes. Original. Irretocável.
Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa
3.4 1,4KAchei o desempenho menos convincente do Ewan, o que é uma pena, porque adoro tudo que ele faz.
Mas pelo menos a morte do Sionis foi satisfatória — a única do filme que foi realmente legal de assistir.
Poderiam ter aproveitado mais o Bruce. Raramente um mascote é tão carismático e inusitado.
A cena que deveria revelar a crueldade do Sionis, no clube com a garota sobre a mesa… Faltou uma direção que realmente tornasse a coisa assustadora.
A Harley é sempre divertida e a Margot é perfeita no papel em todos os filmes. Só o longa é fraquinho, mesmo.
Superman: O Filme
3.7 515 Assista AgoraNão preciso elogiar o filme. Então vou registrar que quem vê O Poderoso Chefão jamais imagina que o Marlon Brando pudesse atuar tão mal como Jor-El. Curiosidade: ele se recusava a decorar as falas para ter uma performance mais espontânea, forçando a produção a segurar as falas em cartazes. Nas primeiras cenas do filme, é fácil notar que o Marlon estava lendo. Sofrível e cômico ao mesmo tempo.
A Convenção das Bruxas
3.5 1K Assista AgoraSe eu visse isso quando criança, ficaria apavorado.
Poltergeist: O Fenômeno
3.5 1,1K Assista AgoraÉ claro que, com os recursos da época pra algo tão ousado, não assusta tanto hoje em dia. Mas é fácil sacar porque foi fenomenal. Os eventos sobrenaturais são realmente assustadores e, nesse sentido, o filme traz muito mais do que obras de terror mais recentes. Uma superprodução digna do autor da história, com efeitos práticos audaciosos e jumpscares que ainda funcionam. Nem as tomadas que hoje parecem cômicas podem tirar o mérito desse clássico.
Suspiria
3.8 981 Assista AgoraClássico com motivo. Em vários momentos, mais assustador que a releitura de 2018.
An American Pickle
2.9 51O filme tá com nota baixa pelos motivos errados. Porque você esperava uma comédia pastelão e encontrou outra coisa, não é motivo pra dar nota baixa. Você tem que avaliar o filme pelo que ele é, e não pelo que você esperava que ele fosse.
Enfim, não é uma comédia pastelão e não foca em provocar risadas. É mais uma reflexão sobre encontrar caminhos para reconciliação num mundo polarizado. Super necessário.
13º Andar
3.5 222 Assista AgoraUma boa premissa, mas mal escrito e mal executado. Acaba que é bem fraquinho e sem personalidade. Nenhum dos personagens cativa. A coisa mais interessante do filme é o apartamento de Hall ser o mesmo do detetive Deckard, do clássico Blade Runner.
Observadores
3.0 416 Assista AgoraFraquinho, teria se salvado se soubesse a hora certa de encerrar a história. Mas o final beira o cômico. Só a fotografia é interessante.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraEssa versão conserta vários problemas graves do primeiro filme, tornando a história e os motivos mais fáceis de acompanhar e, o longa, tolerável.
Mas não merece quarto estrelas. É bem chatinho e não tem nada de extraordinário.
Venom: Tempo de Carnificina
2.7 637 Assista AgoraPéssimo. Monótono. Nem as tentativas de comédia ajudam. Achei pior que o primeiro.
Top Gun: Ases Indomáveis
3.5 922 Assista AgoraFilminho bobo com trilha triste. Certo que algumas músicas são épicas. Mas a trilha, como um todo, não salva. Vale a pena pela fotografia, só.
Dave Chappelle: Encerramento
3.6 24 Assista AgoraChapelle sempre extremamente inteligente. Boa parte de sua controvérsia está no fato de as pessoas ouvirem seus textos, mas não o que está intrínseco neles. Ouvem as palavras, mas não o conteúdo. Falha típica de quem não entende sarcasmo nem tem senso de humor. Claro, além de as pessoas acreditarem que existe uma maneira de censurar o que seja potencialmente ofensivo para alguém, o que é incoerência pura, já que tudo tem o potencial de ser ofensivo para alguém — especialmente pessoas propensas a levar as coisas para o pessoal. Chapelle faz comédia para inteligentes. Ele é necessário, incorporando o poder do humor de abrir linhas para o diálogo e para o respeito mesmo onde há discordância.
O Culpado
3.0 453 Assista AgoraNão entende o filme quem tem as seguintes reclamações:
1. Não troca de cenário;
2. Não explica a história de fundo do protagonista.
Sobre o ponto um:
Filmes como este, com basicamente um personagem e um cenário apenas, formam seu próprio nicho, onde o desafio é exatamente sustentar a atmosfera que se pretende sem depender de muitos artifícios visuais. Chegar a um bom resultado, como "prender do começo ao fim", que é o que todo mundo alega ter sentido, é uma responsabilidade que recai sobre o texto, a edição, e um protagonista muito forte, que precisa ocupar bem mais tempo de tela do que na maioria dos filmes que costumamos ver. Esse tipo de filme exige uma série de soluções criativas com demanda muito mais intensa do que teríamos em filmes visualmente mais dinâmicos.
Sem falar, é claro, que um filme que faz você se sentir confinado por não usar muitos cenários tinha exatamente essa intenção — que você experimentasse a claustrofobia e monotonia que cercam o protagonista. Ou seja, quem reclama de sentir emoções negativas em decorrência da não variação de cenários apenas atesta que o filme acertou.
Sobre o ponto dois:
O filme não oferece mais detalhes sobre a vida pessoal do personagem central de propósito, porque são irrelevantes para o que o filme propõe. Ele não está ali para contar uma historinha sobre esse Joe e sua família. Ele vem retratar a universalidade do sofrimento de Joe. Seja qual for a história dele, e seja qual for a sua, ambos fazem escolhas duvidosas motivadas por culpa. Para gerar essa identificação, é irrelevante se a culpa de Joe é por X ou Y. O importante é que ela existe e que, enquanto não é aceita, fode seu mundo interior de maneira que isso se desdobra em todas as suas relações interpessoais, prejudica sua saúde, atrapalha drasticamente sua vida profissional, e assim por diante.
Quem pede por explicações sobre o caso pessoal de Joe não entende que, quanto mais explorássemos o que aconteceu, mais propensos seríamos a atuar como juízes, decidindo a respeito da inocência ou culpabilidade do protagonista. Mas Joe é justamente o retrato de que nossos julgamentos sobre culpa e inocência são falhos. Pedir por esclarecimentos é denunciar que a mensagem do filme se perdeu.
Enfim, o filme é genial ao mostrar como nós todos (e não apenas Joe) tendemos a projetar nossas experiências nos outros para decidir quem é vítima e quem é vilão. Como fugimos da nossa culpa por meio do ódio, do sarcasmo, da impaciência, e adotando a ideia de que necessariamente somos os heróis de alguma história, pois precisamos sê-lo para aliviar nossa consciência. Joe corre atrás do vento, não tentando salvar Emily, mas tentando salvar sua mente, porque ele enxerga nela um cônjuge incompreendido e vitimado, que precisa de toda forma voltar à sua filha. Mas Emily não é exatamente isso. Joe é, aos seus próprios olhos.
Um dos principais motivos de querer se safar no tribunal é voltar a sua filha. Joe sabe que, se for para a cadeia, estará longe dela, o que pensa ser injusto. Decidir, no final, admitir sua culpa no tribunal, implica admitir também sua parcela de culpa pelas circunstâncias que o afastam de sua ex-esposa e filha.
Quanto ao Jake, que todo mundo elogia com razão, destaco o modo como pronuncia o nome do seu personagem. Sempre que menciona que seu nome é Joe, algo soa falso, raso, como se não fosse seu nome real. A única vez em que é possível acreditar que o nome dele é Joe é no final, quando a sua última fala é a mesma de tantas vezes, ao telefone: Aqui é o Joe. Dessa vez, essa declaração parece profunda, e é possível sentir que aquele é o nome real do personagem. Porque ele finalmente admitiu quem é para si mesmo; admitiu sua culpa.
Para quem só agora reconsiderou quanto o filme foi brilhante, recomendo Dúvida, com Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman, e Amy Adams.
Doutor Sono
3.7 1,0K Assista AgoraDificilmente uma continuação que vem tanto tempo depois de um clássico se sustenta. Não é o caso de Doutor Sono.
Na melhor das hipóteses, as sequências tardias funcionam como homenagens e, muito frequentemente, são atestados de que não deveriam ter sido produzidas, fazendo um desfavor ao universo que retratam.
Talvez Doutor Sono não agrade todo mundo por funcionar mais como Suspense/Fantasia do que como terror. E por esperarem que fosse possível recriar a mesma atmosfera do clássico de Kubrick, o que, sinceramente, é uma expectativa absurda, e claramente não era a intenção do projeto.
Doutor Sono amplia o universo de O Iluminado sem estragar nada. Além de resolver muitas questões incertas do primeiro filme, dando uma sensação de maior clareza sobre a realidade dos iluminados, respondendo a várias perguntas que os fãs do primeiro filme se faziam chegando a muitas interpretações diferentes.
Outro fator muito importante:
No primeiro filme, embora os iluminados já sejam os heróis — Dick salva Dan, que, por sua vez, salva sua mãe — nem sempre é claro se o shining, a "iluminação", é um dom ou uma maldição, porque Dan é muito novo para lidar com suas habilidades. Em Doutor Sono, o potencial heróico dos iluminados fica muito mais evidente, facilitando a identificação com esses personagens.
Em O Iluminado, é mais fácil se identificar com Jack e Wendy — com os adultos atormentados pela realidade cotidiana. Os medos banais que eles têm se desdobram, e o que mexe com nosso psicológico é ver tais medos, tão identificáveis em nós mesmos, crescerem ao ponto de se tornarem monstros invencíveis.
Em Doutor Sono, ao nos identificarmos com os iluminados, vemos como nossos traumas podem ser superados, e que é possível não sucumbir a nossos vícios e à repetição dos erros dos nossos pais conforme crescemos. Como Dan, aprendemos a enfrentar nossos medos e derrotá-los. Como Abra, aprendemos que não precisamos esconder nossos talentos, por mais estranhos, só por medo de não sermos compreendidos.
Jack Torrance fugia da sua rotina no álcool; uma que ele nunca aceitou ou superou. Permitindo que seus medos o arrastassem, se tornou uma força destruidora para sua família. Dan, que passou a vida entorpecido para não dar vazão ao shining nem às cicatrizes causadas por seus pais e pelo Hotel, aprende a superar seu passado e lidar com seu presente, a ponto de se tornar uma ajuda essencial para Abra e tantas futuras vítimas do Nó.
O Iluminado explora o medo de ser engolido pela banalidade da vida, por ciclos de violência que parecem inevitáveis — talvez, inclusive, por termos certa violência como parte da nossa natureza. Mas Doutor Sono afirma que, com ajuda de Dans, Abras, Dicks, e Billies, podemos escapar dos ciclos aos quais estaríamos fadados se nos tornássemos isolados como Jack, e podemos até descobrir que as qualidades que temíamos em nós mesmos podem ajudar outras pessoas.
Batman: A Máscara do Fantasma
3.7 143 Assista AgoraEste comentário é especialmente em resposta para quem achou que a história é muito básica.
A riqueza desta animação, na minha opinião, é que o Batman não é o herói invencível da história. Ele passa o filme todo correndo de um lado para o outro como uma barata tonta sem nem saber atrás de quem.
É irônico que Andy, o Fantasma, diga para Bruce que ele finalmente está agindo como o melhor detetive do mundo. Porque ele não se dá conta de que a pessoa fazendo a limpa entre os mafiosos de Gotham estava na cara dele o tempo todo até o último momento, quando o plano de vingança da Femme Fatale já está praticamente concluído.
Esse é o tipo de coisa que o Batman farejaria mais cedo, como acontece no caso do Capuz Vermelho. Mas dessa vez Wayne está cego pelo amor.
Outra coisa interessante é que o Bruce menciona que a última coisa que seu pai lhe disse foi que um vigilante mascarado não seria bem recebido em Gotham, mas provavelmente colocado em Arkham. Ele, ainda assombrado pelo fantasma dos pais, sofre mais um trauma, que é ter seu coração quebrado novamente, não apenas por uma mulher, mas por uma que aprendeu a vingança mascarada na intimidade com ele mesmo, e ainda o superou. Esta é mais uma história sobre como Bruce se aproxima de ter seu nome no quadro de internos do Asilo.
Nesta animação, vemos quebrado o mundo interior de Wayne, que já sabemos que é atormentado pelo passado, mas que agora desce a um novo nível justamente quando cogitava que seria capaz de romper o laço nocivo com seus pais e, pela primeira vez na vida, ser feliz.
Isso introduz maior clareza sobre os motivos de Batman sempre mergulhar na escuridão implacavelmente, mesmo quando está a solto pela cidade como um maníaco, sem ideia do que está acontecendo, e causando mais estragos do que soluções.
Pray Away
3.5 45 Assista AgoraBásico não é o mesmo que raso. O grande público cristão e não cristão que ainda acredita em terapia de reversão precisa de informação básica.
Só não dei cinco estrelas porque o documentário poderia ter apresentado pelo menos uns três testemunhos de especialistas da saúde oferecendo dados sobre depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, automutilação e suicídio.
Fora isso, é necessário entender que este é o primeiro documentário tão explícito sobre o tema numa grande plataforma de streaming popular, e que a importância disso é inegável e imensurável. O fato de o documentário não ser ácido e oferecer o ponto de vista de pessoas religiosas sem atacar ninguém ou polemizar o assunto é o que o torna acessível para o maior número de pessoas.
Só porque a comunidade LGBTQIA+ sabe que há muito mais a explorar sobre o assunto, não significa que o grande público não precise urgentemente de acesso a informações básicas sobre o assunto. Básico não é o mesmo que raso.
Asperger's are us
3.8 7Para a temática que tem, imaginei que seria muito mais. Mais engraçado, cativante, esclarecedor, curioso, vibrante... É só OK.