Olha, é sempre difícil dizer que "não gostei" de um filme, simplesmente. Porque sim, a obra é bacana, bem produzida e tem uma qualidade técnica satisfatória. Não dá para desprezar isso.
Mas ainda me incomoda o cinema que se inspira nas novelas. Me incomoda essa mise-en-scène caricatural, com atuações exacerbadas, teatrais talvez, rebuscadas demais. E foi o que percebi do filme: atuações ainda inseguras, expansivas demais, que expressam mais do que deveriam.
O enredo, por sua vez, também apresenta saídas simplistas e, por vezes, pouco críveis. A fuga do hospital, por exemplo, acabou ganhando um tom meio zorra total. Aliás, o quarteto envolvido no Drive-In todo acabou se revestindo de características meio "trapalhões", meio novela de meio de tarde do SBT.
A intenção da obra é bem bacana, a fotografia muito bem produzida. Mas ainda falta um bocado para atingir ao seu potencial de maturidade.
O autor apresenta uma proposta interessante: seis pessoas, divididas duas em duas, tem a missão de passar 24 horas na casa da outra pessoa, munida de uma câmera, podendo filmar o que quiser. E no final das 24 horas, gravar um depoimento sobre a pessoa dona da casa.
A proposta, inicialmente básica e bem parecida com o programa de TV "Troca de família", na verdade disfarça um segundo objetivo do filme. As pessoas gostam de falar de si mesmos, e acabam construindo uma imagem que entendem ser a ideal. Uma máscara. Mas quando são colocadas para falar de outras pessoas, essa "via de mão dupla" do título se mostra. Revelam-se integral e genuinamente ao falarem e julgarem o próximo. Despreocupados de construirem uma auto imagem, e distraídos julgando outra pessoa, a máscara cai.
De qualquer forma, pelo amadorismo proposital das filmagens, e a preocupação em repassar a experiência ao espectador, o filme acaba se tornando bastante enfadonho.
A obra, entretanto, vale como experimento, principalmente se considerada dentro do aspecto de arte contemporânea.
A temática é interessante e, apesar de ter envelhecido, o filme continua fazendo sentido. Os embates entre classe média (que, na época, era uma classe alta emergente), da filha que se casará com o empresário estrangeiro, e classe baixa, dos trabalhadores e empregados, também podem ser notados em "Que horas ela volta?" e "Casa Grande".
A aparente benevolência da classe alta, que trata a classe baixa no limite da civilidade, mas não suporta os conflitos inerentes à pobreza também são bem representados.
De qualquer forma, não gosto da câmera quase imóvel, como se retratasse uma imensa peça teatral. Prefiro o plano analítico que aprofunda a existência dos personagens. Nos raros momentos em que utiliza-se do zoom ou de planos mais fechados para ressaltar os conflitos, o filme também não tem zelo com a continuidade, frequentemente deixando à mostra os erros básicos como posicionamento de objetos e de poses dos personagens. Por óbvio que é um desmazelo intencional. O som também incomoda.
Do mesmo modo, o pézinho na chanchada (com pedreiros estereotipados e comicidade exacerbada) não me atrai.
Enfim, apesar de grandes atuações de Stênio Garcia, Jorge Loredo e Fernanda Montenegro, não é o tipo de filme que eu gosto. Uma obra significativa, mas que certamente não está entre os melhores filmes brasileiros - a despeito da lista da ABRACCINE
Que dia estreia no Brasil? Ouvi 17 de fevereiro nos EUA, e 17 de novembro no Brasil. Alguém confirma? Alguém tem link de torrent e legenda para postar?
As coincidências entre a casa observada, com Megan; o envolvimento desta com o casal; e a observadora do trem são absolutamente ridículos. O mundo gira em torno da Rachel!
Também é um pouco forçado a mudança de opinião de Anna em relação a Tom, mais ao final do filme. Com uma diferença de poucos minutos, ela passa de defensora contumaz para vítima e, após, assassina. A gente sabe que na vida real não funciona assim.
O clima frio do filme é bom, a música é bastante incipiente e cumpre papel secundário. A fotografia é boa (na sessão em que assisti, o enquadramento não preencheu a tela toda e frequentemente era cortado. Experimentaram legendas dinâmicas também, ocupando laterais da tela, por vez ou outra, tentando inseri-la no contexto dramático do filme - não funcionou 100%. São detalhes que poderiam ser melhor previstos pela produção do filme e pela sala exibidora).
Mas dá para divertir. Tem aquele clima de "Garota Exemplar".
Um filme bem banal. Uma versão "American Pie" dos anos 70/80. Bastante abaixo da qualidade que esperamos para as produções do Linklater. E bem abaixo do "Dazed and confused".
O filme é muito ruim. O roteiro é fraco, os diálogos são óbvios e forçados. As situações induzem a uma nostalgia e uma melancolia que, apesar de acontecer, não provocam análises mais profundas do que isso. O final é clichê ao extremo.
Talvez possa ser classificado como uma tentativa (fracassada) de fazer uma trilogia Linklater para adolescentes (Antes do Amanhecer, Antes do Por do Sol e Antes da Meia Noite).
Nem de longe chega a ser o melhor brasileiro de todos os tempos (tenho medo da supervalorização que aprontaram com "O Som ao Redor", também do Kleber Mendonça Filho), mas é uma das excelentes obras feitas nos últimos anos, sem dúvida.
Primeiro, pela trilha sonora. Excelente, escolhida a dedo, participando da dramaticidade, influindo no suspense. A moldura perfeita.
Segundo, pela atuação do elenco. Eu já havia detestado a tentativa (frustrada, a meu ver) de reproduzir o real em "O Som ao redor", com atuações pífias inclusive do Irandhir Santos. Nesse aqui, o nível da coisa sobe surpreendente. Irandhir recobra sua autoestima, e a Sonia Braga dá show (dizem que foi a melhor interpretação da carreira dela - eu tendo a concordar, ainda que me falte assistir "O Beijo da Mulher Aranha").
Terceiro, a trama bem amarrada. Aqueles elementos de tensão, de ameaça velada prestes a eclodir, de drama urbano (um quê de Hitchcock velado, abrasileirado, dissimulado - repare na cena envolvendo o traficante pleibói, bem como nas cenas com janelas).
Pelo trailer e pela sinopse, dá pra pensar que o fio da meada não é muito original. O Doutor Abobrinha, no início dos anos 90, já tentava tomar o Castelo Rá-Tim-Bum do Dr. Victor e família, para construir um shopping center de última geração no lugar. A especulação imobiliária desordenada (com o perdão da redundância) sempre foi algo preocupante. Mas a forma como foi desenvolvido o tema, permeando a vida pessoal dos personagens, influenciando suas brigas, causando guerra, numa disputa entre indivíduo x sociedade, apagando memórias, traz uma profundidade ímpar. Principalmente se analisarmos o contexto de outras obras recifenses como "Som ao Redor" e "Um Lugar ao Sol" (Gabriel Mascaro, 2009).
Caramba, na época a galera deve ter pirado. O filme é bom, e ainda hoje causa alguns arrepios. A estética expressionista acho que pode levar o maior mérito nisso tudo.
Mas a trilha sonora - em que pese ser belíssima - enjoa. Acho que, salvo raríssimos casos, não há espaço hoje em dia para uma narrativa preenchida única e exclusivamente com música. Era um peso grande demais para o compositor da trilha ter que carregar a parte sonora do filme nas costas, e são poucos os exemplos em que isso foi feito de forma magistral.
Um filme bastante interessante, dentro do contexto em que surgiu. Primeiramente, é bom fazer o contraponto do estilo cinematográfico da obra (buscando a descoberta de uma identidade nacional, da consolidação de uma indústria cinematográfica brasileira - ainda que por um caminho um pouco mais independente do que o dos grandes estúdios - Cinédia, Atlântida e a própria Companhia Vera Cruz) em contraposição às já decadentes chanchadas. Dai vem a desmistificação não só do olhar estrangeiro sobre o Brasil (mais evidente em Orfeu Negro, por exemplo, lançado alguns anos depois), mas da própria ideia utópica/ingênua/hipócrita de "democracia racial". O Brasil nunca foi um país de oportunidades iguais para todos, mas Oscarito e Grande Otelo difundiram (conscientemente ou não) uma noção de que brancos e negros viviam harmonicamente, por meio das chanchadas. E esse filme vem mostrar que não é bem assim, ousando inclusive ao colocar os protagonistas como negros vendedores de amendoim. Apesar desse contraponto, o foco é mais na desigualdade social do que na racial, propriamente dita. No filme, o negro é o pobre. E assim permanece.
Grande obra que ressignifica e traz profundidade ao cinema nacional, trazendo para perto o neorrealismo italiano e cuidando de dar os primeiros passos rumo ao Cinema Novo.
Um belo filme, que mostra a realidade das violências silenciosas. O quanto um indivíduo consegue suportar de limitações, repressões e desorganização antes de explodir?
Ótimas atuações. O filme, aliás, entra para a lista dos representantes do trabalho magistral da Fátima Toledo como preparadora de elenco.
Merece ser visto, revisto e interpretado por milhares de ângulos.
Um grande filme! Assisti pela primeira vez somente agora, e me surpreendi com a grande obra que Michael Curtiz entrega.
A despeito da grandiosidade do filme - algo que não vou nem comentar - fico impressionado em como os grandes atores antigos eram reverenciados. O Humphrey Bogart está bem no papel, mas a cara e a voz dele são extremamente desagradáveis. Aliás, me parece que existia certa estética de impostação de voz comum aos atores da época - Cary Grant, Clark Gable e a trupe toda repetem o estilo cantado de falar. O Bogart carrega uma voz de banana, ruidosa, desagradável, fanha, que nao condiz com seu status.
As divas, por outro lado, reinam absolutas. Particularmente, prefiro a Rita Hayworth. Mas a Ingrid Bergman é, sem dúvida, uma das grandes atrizes dos filmes clássicos, tanto em atuação quanto em beleza.
Um filme sobre alteridade, em todos os seus aspectos positivos e negativos. Como tratar o outro? Santificando-o e erguendo um altar a ele, correndo o risco da frustração? Demonizando-o e desejando sua morte pelo erro cometido? Apesar de aparentemente monótono, o filme traz uma riqueza enorme de personagens, com a profundidade que o amor, a obsessão e a vingança podem proporcionar.
Um bom filme, que precisa de meditação para ser compreendido de forma completa.
Os documentários do Moore sempre beiram à ficção. Apesar de abordar questões reais, com pessoas reais, ficamos sempre nos perguntando se isso é verdade mesmo. Se não foram pegas exceções como regras, enfim. Talvez mais pelas situações inusitadas apresentadas, do que pela forma de abordagem.
E esse não poderia ser diferente. A sensação que fica sempre é a de que o ser humano ainda tem muito o que evoluir, mas, felizmente, existem bons exemplos a serem seguidos e compartilhados.
Um ótimo filme! Os diálogos realmente prendem a atenção. Além de serem muito engraçados! A trama consegue se desenvolver inteira em pouquíssimas locações. Cary Grant, mais uma vez, impagável! (Hellooooo, Hildyyyy!) Não por acaso, foi escolhido pelo Tarantino como uma das melhores comédias de todos os tempos. Um dos grandes momentos de Howard Hawks na direção (as cenas externas são muito boas e já demonstram o tom arrojado do diretor).
Pra início de conversa, vamos deixar claro uma coisa: Pixar é o filme principal, mais o curta inicial. Sempre foi assim, e sempre será (aliás, é uma estratégia fundamental para incentivar a produção de curtas, e deveria ser adotada em todas as sessões regulares, de todos os filmes. Pixar saindo na frente, mais uma vez).
Na sessão em que eu assisti a esse filme, a galera (os pais de crianças - pra variar) reclamavam "Gente, mas que hora começa o filme?" "Será que entrei na sessão errada?", durante a exibição do curta! Tá de sacanagem.
Mas enfim, é um filme sensacional. Eu sempre achei o mundo do Toy Story (especialmente o 3) o melhor que a Disney-Pixar jamais produziu, mas está cada vez mais difícil escolher o melhor. Aliás, pra quê escolher? É tudo maravilhoso, mensagens importantes e diversão garantida para as crianças, e aquele tratamento espiritual com a infância que cada adulto deveria fazer sempre.
Não interessa se você tem 4 anos, 14 anos, ou 44 anos. A Pixar te bota no colo e faz você se esquecer da vida por algumas horinhas.
Produção impecável. Trilha sonora ótima, construção das histórias, dos personagens, da trama (reparou que não existe "vilão" no filme? Aquele clássico, mau, obscuro... Mesmo o polvo Hank, que se mostra como vilão no início, vira uma peça fundamental para o sucesso da aventura da Dory. Enfim, o vilão de verdade é a vida, as circunstâncias, os obstáculos, as dificuldades.).
Um belíssimo filme. Não tão tocante quanto forte, mas demonstra a fragilidade da mulher quando exposta a um sistema cruel e, ao mesmo tempo, implícito.
Não pense que os casamentos arranjados e as grades nas janelas lá na Turquia estão muito distante da nossa cultura. São apenas formas diferentes de manifestações da mesma ideia: a mulher como objeto.
De qualquer forma, levo pra mim a seguinte lição: o feminismo (e equilíbrio entre gêneros) está muito mais nas atitudes do que nos discursos. Temos que falar menos e fazer mais. Não discuta: faça.
Que filme fantástico! A cada obra que assisto do Koreeda, me fascino mais com a sua capacidade de sintetizar sentimentos em cenas, silêncios, atitudes.
Uma cena fantástica: Sachi e sua mãe estão de visita no túmulo da avó, e a mãe diz "Me desculpe por demorar tanto a visitá-la". Sachi se surpreende e olha para a mãe. Esta completa: "Não tenho sido uma boa filha", sintetizando o sentimento de frustração que Sachi carrega por não ter tido o carinho esperado a vida toda.
Afinal, porque demoramos tanto tempo para reconhecer a importância de nossos pais, irmãos, familiares? Mais uma vez, Koreeda usa a ausência como elemento diferencial na vida do ser humano. As quatro irmãs lidam de maneira diferente com a ausência do pai e da mãe. Três delas o perderam ainda em vida, quando ele se separou da mãe (e a mãe, apesar de viva, quase não dá as caras). A quarta, o perdeu com a morte (e a mãe, há muito tempo se foi também).
Certamente está entre os melhores filmes que vi esse ano.
Tá ok, eu curto Shrek também. Mas filmes como esse mostram que animações podem ser feitas para crianças e adultos, sem apelar. Podem trazer mensagens positivas, respeitar todo mundo, com um ótimo puxão de orelha em relação a racismo e machismo, contemplando a comunidade LGBT, sem se tornar um filme-manifesto, um filme-bandeira.
Muita gente nem percebeu a mensagem anti-racismo, nem percebeu a inserção do personagem homossexual, justamente porque o equilíbrio utópico (nesse caso, zootópico) vai existir quando ninguém precise lembrar ao outro que também é ser humano, tem sentimentos, tem razão de ser e de existir. O caminho é longo!
Cara, eu sou fã da Disney, sou fã da Pixar, sou fã das duas juntas. E enquanto elas continuarem existindo eu vou continuar botando fé na humanidade.
Esse filme é um daqueles para serem pensados durante horas, dias, semanas. Recheado de metáforas (e com uma atuação impecável da Bae Doona - aquela do Sense 8), é impossível descobrir o mosaico inteiro de uma vez.
De início, dá pra gente perceber claramente a metáfora sobre a mulher - esse objeto sexual que os homens (mas, não raro, as próprias mulheres também, seja do ponto de vista sexual, seja do ponto de vista estético auto imposto) insistem em manter. E nesse sentido, o elemento "ar" (ou vento, em alguns momentos) é o cerne da questão, resume, talvez, a palavra "essência". A personagem o troca por "coração" - que é a representação maior.
Percebam, Hideo a preenche com o ar de uma bomba. Um ar pasteurizado, industrial, descartável. Junichi, numa explícita comparação com o ato sexual, a preenche com ar da própria boca. De seu próprio interior. Na metáfora final, o ar de Nozomi se espalha pelo ar e volta ao mundo, onde pertencem todas as coisas.
O filme é uma versão mais realista da fábula universal de Pinocchio (também vista em "O Homem Bicentenário", "Inteligência Artificial", "Eu, Robô", e tantas outras), na qual um ser artificial busca superar um limite aparentemente intransponível para se tornar humano. Mas em todas as versões da fábula, ser humano é algo maravilhoso, um milagre, uma dádiva. Nesta obra de Koreeda, mais realista, ser humano traz também toda uma carga negativa. Responsabilidades, relacionamentos, frustrações, enfim.
E na busca de sua humanidade, Nozomi descobre os tipos de pulsão que movem a vida - basicamente, a pulsão sexual e a pulsão de morte. E o "ar" simboliza essas pulsões (que, na verdade, são uma só, com diferentes vetores). O "ar" é o que ela precisa para viver, é o que proporciona o "orgasmo" quando vem do sopro de Junichi, é o que a mata, é o que a liberta. É o início, o fim e o meio (a cena em que Nozomi submerge na água, vazando seu ar, em sonho, é maravilhosa).
Um filme muito bom, que ainda merece amadurecimento.
Mas é uma obra superestimada. E o consideraria um romance, como há muito não vemos. Um romance bem feito, que utiliza a imigração europeia à America do Norte como pano de fundo para a trajetória pessoal da personagem.
Aliás, isso é, ao mesmo tempo, a beleza e o defeito do filme, porque em alguns momentos não conseguimos captar o que o roteiro realmente quer: homenagear os imigrantes irlandeses, ou dedicar-se à vida pessoal da personagem? Pela fraqueza na primeira intenção, nos resta apenas curtir o romance de Ellies - seus medos, dificuldades, e a busca por um lar (que, no fundo, é nada mais do que estar bem consigo mesma).
De qualquer forma, acostumados que estamos com a vida real, onde a traição é comum, o lado feio da coisas, a fofoca, a intriga e o sexo fácil (principalmente naquela época), soa meio romanesco demais a relação de Ellies com Tony. As dificuldades inerentes à condição de mulher, imigrante, desempregada não são nenhum pouco exploradas, e o grande obstáculo emocional ao final feliz do filme é a saudade de casa e o conflito entre Jim x Tony no coração da personagem.
Enfim, um filme muito bem conduzido, mas que se limita a isso: um romance bem feito.
Para assistir, se divertir e tocar a vida depois da 1h50m.
Achei um bom filme, mas pretensioso ao que se propõe: fazer chegar ao público leigo um assunto restrito às carreiras de economia.
Talvez não tenha conseguido nem um, nem outro: Economistas podem tê-lo achado simplista demais, e eu - leigo no assunto - me perdi enormemente em alguns trechos, ainda que a Selena Gomez tentasse ajudar o entendimento.
No fim, o filme funciona pelo conjunto da obra. Trilha sonora, atuações, fotografia e o tipo de roteiro básico nos fazem torcer, temer, criticar e comemorar junto com os personagens.
Mas, no fundo, é como aqueles filmes sobre futebol americano ou baseball. Rimos porque o herói ri. Comemoramos o 'touchdown' e o 'home run' sem ter absolutamente nenhuma ideia do impacto disso no jogo.
Um Cadáver para Sobreviver
3.5 936 Assista AgoraMeu, que filme completamente frito! Acho que nunca assisti nada tão frito assim nada vida! E, mesmo assim... MUITO BOM! Hahahahahaha.
O Último Cine Drive-in
3.5 69Olha, é sempre difícil dizer que "não gostei" de um filme, simplesmente. Porque sim, a obra é bacana, bem produzida e tem uma qualidade técnica satisfatória. Não dá para desprezar isso.
Mas ainda me incomoda o cinema que se inspira nas novelas. Me incomoda essa mise-en-scène caricatural, com atuações exacerbadas, teatrais talvez, rebuscadas demais. E foi o que percebi do filme: atuações ainda inseguras, expansivas demais, que expressam mais do que deveriam.
O enredo, por sua vez, também apresenta saídas simplistas e, por vezes, pouco críveis. A fuga do hospital, por exemplo, acabou ganhando um tom meio zorra total. Aliás, o quarteto envolvido no Drive-In todo acabou se revestindo de características meio "trapalhões", meio novela de meio de tarde do SBT.
A intenção da obra é bem bacana, a fotografia muito bem produzida. Mas ainda falta um bocado para atingir ao seu potencial de maturidade.
Rua de Mão Dupla
3.7 6O autor apresenta uma proposta interessante: seis pessoas, divididas duas em duas, tem a missão de passar 24 horas na casa da outra pessoa, munida de uma câmera, podendo filmar o que quiser. E no final das 24 horas, gravar um depoimento sobre a pessoa dona da casa.
A proposta, inicialmente básica e bem parecida com o programa de TV "Troca de família", na verdade disfarça um segundo objetivo do filme. As pessoas gostam de falar de si mesmos, e acabam construindo uma imagem que entendem ser a ideal. Uma máscara. Mas quando são colocadas para falar de outras pessoas, essa "via de mão dupla" do título se mostra. Revelam-se integral e genuinamente ao falarem e julgarem o próximo. Despreocupados de construirem uma auto imagem, e distraídos julgando outra pessoa, a máscara cai.
De qualquer forma, pelo amadorismo proposital das filmagens, e a preocupação em repassar a experiência ao espectador, o filme acaba se tornando bastante enfadonho.
A obra, entretanto, vale como experimento, principalmente se considerada dentro do aspecto de arte contemporânea.
Tudo Bem
3.6 28A temática é interessante e, apesar de ter envelhecido, o filme continua fazendo sentido. Os embates entre classe média (que, na época, era uma classe alta emergente), da filha que se casará com o empresário estrangeiro, e classe baixa, dos trabalhadores e empregados, também podem ser notados em "Que horas ela volta?" e "Casa Grande".
A aparente benevolência da classe alta, que trata a classe baixa no limite da civilidade, mas não suporta os conflitos inerentes à pobreza também são bem representados.
De qualquer forma, não gosto da câmera quase imóvel, como se retratasse uma imensa peça teatral. Prefiro o plano analítico que aprofunda a existência dos personagens. Nos raros momentos em que utiliza-se do zoom ou de planos mais fechados para ressaltar os conflitos, o filme também não tem zelo com a continuidade, frequentemente deixando à mostra os erros básicos como posicionamento de objetos e de poses dos personagens. Por óbvio que é um desmazelo intencional. O som também incomoda.
Do mesmo modo, o pézinho na chanchada (com pedreiros estereotipados e comicidade exacerbada) não me atrai.
Enfim, apesar de grandes atuações de Stênio Garcia, Jorge Loredo e Fernanda Montenegro, não é o tipo de filme que eu gosto. Uma obra significativa, mas que certamente não está entre os melhores filmes brasileiros - a despeito da lista da ABRACCINE
Depois da Tempestade
3.9 53Que dia estreia no Brasil? Ouvi 17 de fevereiro nos EUA, e 17 de novembro no Brasil. Alguém confirma? Alguém tem link de torrent e legenda para postar?
A Garota no Trem
3.6 1,6K Assista AgoraO filme é mediano, não tem absolutamente nada de mais. É um bom filme, mas peca pelo excesso em alguns pontos do roteiro.
As coincidências entre a casa observada, com Megan; o envolvimento desta com o casal; e a observadora do trem são absolutamente ridículos. O mundo gira em torno da Rachel!
Também é um pouco forçado a mudança de opinião de Anna em relação a Tom, mais ao final do filme. Com uma diferença de poucos minutos, ela passa de defensora contumaz para vítima e, após, assassina. A gente sabe que na vida real não funciona assim.
O clima frio do filme é bom, a música é bastante incipiente e cumpre papel secundário. A fotografia é boa (na sessão em que assisti, o enquadramento não preencheu a tela toda e frequentemente era cortado. Experimentaram legendas dinâmicas também, ocupando laterais da tela, por vez ou outra, tentando inseri-la no contexto dramático do filme - não funcionou 100%. São detalhes que poderiam ser melhor previstos pela produção do filme e pela sala exibidora).
Mas dá para divertir. Tem aquele clima de "Garota Exemplar".
Jovens, Loucos e Mais Rebeldes
3.4 147 Assista AgoraUm filme bem banal. Uma versão "American Pie" dos anos 70/80. Bastante abaixo da qualidade que esperamos para as produções do Linklater. E bem abaixo do "Dazed and confused".
O Último Verão
3.0 57O filme é muito ruim. O roteiro é fraco, os diálogos são óbvios e forçados.
As situações induzem a uma nostalgia e uma melancolia que, apesar de acontecer, não provocam análises mais profundas do que isso. O final é clichê ao extremo.
Talvez possa ser classificado como uma tentativa (fracassada) de fazer uma trilogia Linklater para adolescentes (Antes do Amanhecer, Antes do Por do Sol e Antes da Meia Noite).
A trilha sonora é bem bacana, de qualquer forma.
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraOlha, o filme é muito bom!
Nem de longe chega a ser o melhor brasileiro de todos os tempos (tenho medo da supervalorização que aprontaram com "O Som ao Redor", também do Kleber Mendonça Filho), mas é uma das excelentes obras feitas nos últimos anos, sem dúvida.
Primeiro, pela trilha sonora. Excelente, escolhida a dedo, participando da dramaticidade, influindo no suspense. A moldura perfeita.
Segundo, pela atuação do elenco. Eu já havia detestado a tentativa (frustrada, a meu ver) de reproduzir o real em "O Som ao redor", com atuações pífias inclusive do Irandhir Santos. Nesse aqui, o nível da coisa sobe surpreendente. Irandhir recobra sua autoestima, e a Sonia Braga dá show (dizem que foi a melhor interpretação da carreira dela - eu tendo a concordar, ainda que me falte assistir "O Beijo da Mulher Aranha").
Terceiro, a trama bem amarrada. Aqueles elementos de tensão, de ameaça velada prestes a eclodir, de drama urbano (um quê de Hitchcock velado, abrasileirado, dissimulado - repare na cena envolvendo o traficante pleibói, bem como nas cenas com janelas).
Pelo trailer e pela sinopse, dá pra pensar que o fio da meada não é muito original. O Doutor Abobrinha, no início dos anos 90, já tentava tomar o Castelo Rá-Tim-Bum do Dr. Victor e família, para construir um shopping center de última geração no lugar. A especulação imobiliária desordenada (com o perdão da redundância) sempre foi algo preocupante.
Mas a forma como foi desenvolvido o tema, permeando a vida pessoal dos personagens, influenciando suas brigas, causando guerra, numa disputa entre indivíduo x sociedade, apagando memórias, traz uma profundidade ímpar. Principalmente se analisarmos o contexto de outras obras recifenses como "Som ao Redor" e "Um Lugar ao Sol" (Gabriel Mascaro, 2009).
Enfim... uma belíssima obra.
Nosferatu
4.1 628 Assista AgoraCaramba, na época a galera deve ter pirado. O filme é bom, e ainda hoje causa alguns arrepios. A estética expressionista acho que pode levar o maior mérito nisso tudo.
Mas a trilha sonora - em que pese ser belíssima - enjoa. Acho que, salvo raríssimos casos, não há espaço hoje em dia para uma narrativa preenchida única e exclusivamente com música. Era um peso grande demais para o compositor da trilha ter que carregar a parte sonora do filme nas costas, e são poucos os exemplos em que isso foi feito de forma magistral.
Rio, 40 Graus
3.9 86 Assista AgoraUm filme bastante interessante, dentro do contexto em que surgiu.
Primeiramente, é bom fazer o contraponto do estilo cinematográfico da obra (buscando a descoberta de uma identidade nacional, da consolidação de uma indústria cinematográfica brasileira - ainda que por um caminho um pouco mais independente do que o dos grandes estúdios - Cinédia, Atlântida e a própria Companhia Vera Cruz) em contraposição às já decadentes chanchadas.
Dai vem a desmistificação não só do olhar estrangeiro sobre o Brasil (mais evidente em Orfeu Negro, por exemplo, lançado alguns anos depois), mas da própria ideia utópica/ingênua/hipócrita de "democracia racial". O Brasil nunca foi um país de oportunidades iguais para todos, mas Oscarito e Grande Otelo difundiram (conscientemente ou não) uma noção de que brancos e negros viviam harmonicamente, por meio das chanchadas.
E esse filme vem mostrar que não é bem assim, ousando inclusive ao colocar os protagonistas como negros vendedores de amendoim.
Apesar desse contraponto, o foco é mais na desigualdade social do que na racial, propriamente dita. No filme, o negro é o pobre. E assim permanece.
Grande obra que ressignifica e traz profundidade ao cinema nacional, trazendo para perto o neorrealismo italiano e cuidando de dar os primeiros passos rumo ao Cinema Novo.
Rolling Stones - São Paulo 2016 (2nd Night)
3.7 1Onde eu acho isso para baixar???
A Casa de Alice
3.7 139 Assista AgoraUm belo filme, que mostra a realidade das violências silenciosas.
O quanto um indivíduo consegue suportar de limitações, repressões e desorganização antes de explodir?
Ótimas atuações. O filme, aliás, entra para a lista dos representantes do trabalho magistral da Fátima Toledo como preparadora de elenco.
Merece ser visto, revisto e interpretado por milhares de ângulos.
Casablanca
4.3 1,0K Assista AgoraUm grande filme! Assisti pela primeira vez somente agora, e me surpreendi com a grande obra que Michael Curtiz entrega.
A despeito da grandiosidade do filme - algo que não vou nem comentar - fico impressionado em como os grandes atores antigos eram reverenciados. O Humphrey Bogart está bem no papel, mas a cara e a voz dele são extremamente desagradáveis. Aliás, me parece que existia certa estética de impostação de voz comum aos atores da época - Cary Grant, Clark Gable e a trupe toda repetem o estilo cantado de falar. O Bogart carrega uma voz de banana, ruidosa, desagradável, fanha, que nao condiz com seu status.
As divas, por outro lado, reinam absolutas. Particularmente, prefiro a Rita Hayworth. Mas a Ingrid Bergman é, sem dúvida, uma das grandes atrizes dos filmes clássicos, tanto em atuação quanto em beleza.
Para Minha Amada Morta
3.5 96 Assista AgoraUm filme sobre alteridade, em todos os seus aspectos positivos e negativos.
Como tratar o outro? Santificando-o e erguendo um altar a ele, correndo o risco da frustração? Demonizando-o e desejando sua morte pelo erro cometido?
Apesar de aparentemente monótono, o filme traz uma riqueza enorme de personagens, com a profundidade que o amor, a obsessão e a vingança podem proporcionar.
Um bom filme, que precisa de meditação para ser compreendido de forma completa.
O Invasor Americano
4.2 75 Assista AgoraOs documentários do Moore sempre beiram à ficção. Apesar de abordar questões reais, com pessoas reais, ficamos sempre nos perguntando se isso é verdade mesmo. Se não foram pegas exceções como regras, enfim. Talvez mais pelas situações inusitadas apresentadas, do que pela forma de abordagem.
E esse não poderia ser diferente. A sensação que fica sempre é a de que o ser humano ainda tem muito o que evoluir, mas, felizmente, existem bons exemplos a serem seguidos e compartilhados.
Grande crítica, grande documentário.
Jejum de Amor
4.0 89 Assista AgoraUm ótimo filme! Os diálogos realmente prendem a atenção. Além de serem muito engraçados!
A trama consegue se desenvolver inteira em pouquíssimas locações. Cary Grant, mais uma vez, impagável! (Hellooooo, Hildyyyy!)
Não por acaso, foi escolhido pelo Tarantino como uma das melhores comédias de todos os tempos.
Um dos grandes momentos de Howard Hawks na direção (as cenas externas são muito boas e já demonstram o tom arrojado do diretor).
Procurando Dory
4.0 1,8K Assista AgoraPra início de conversa, vamos deixar claro uma coisa: Pixar é o filme principal, mais o curta inicial. Sempre foi assim, e sempre será (aliás, é uma estratégia fundamental para incentivar a produção de curtas, e deveria ser adotada em todas as sessões regulares, de todos os filmes. Pixar saindo na frente, mais uma vez).
Na sessão em que eu assisti a esse filme, a galera (os pais de crianças - pra variar) reclamavam "Gente, mas que hora começa o filme?" "Será que entrei na sessão errada?", durante a exibição do curta! Tá de sacanagem.
Mas enfim, é um filme sensacional. Eu sempre achei o mundo do Toy Story (especialmente o 3) o melhor que a Disney-Pixar jamais produziu, mas está cada vez mais difícil escolher o melhor. Aliás, pra quê escolher? É tudo maravilhoso, mensagens importantes e diversão garantida para as crianças, e aquele tratamento espiritual com a infância que cada adulto deveria fazer sempre.
Não interessa se você tem 4 anos, 14 anos, ou 44 anos. A Pixar te bota no colo e faz você se esquecer da vida por algumas horinhas.
Produção impecável. Trilha sonora ótima, construção das histórias, dos personagens, da trama (reparou que não existe "vilão" no filme? Aquele clássico, mau, obscuro... Mesmo o polvo Hank, que se mostra como vilão no início, vira uma peça fundamental para o sucesso da aventura da Dory. Enfim, o vilão de verdade é a vida, as circunstâncias, os obstáculos, as dificuldades.).
Filme adulto para criança ver.
Cinco Graças
4.3 329 Assista AgoraUm belíssimo filme. Não tão tocante quanto forte, mas demonstra a fragilidade da mulher quando exposta a um sistema cruel e, ao mesmo tempo, implícito.
Não pense que os casamentos arranjados e as grades nas janelas lá na Turquia estão muito distante da nossa cultura. São apenas formas diferentes de manifestações da mesma ideia: a mulher como objeto.
De qualquer forma, levo pra mim a seguinte lição: o feminismo (e equilíbrio entre gêneros) está muito mais nas atitudes do que nos discursos. Temos que falar menos e fazer mais. Não discuta: faça.
Nossa Irmã Mais Nova
4.0 75 Assista AgoraQue filme fantástico!
A cada obra que assisto do Koreeda, me fascino mais com a sua capacidade de sintetizar sentimentos em cenas, silêncios, atitudes.
Uma cena fantástica: Sachi e sua mãe estão de visita no túmulo da avó, e a mãe diz "Me desculpe por demorar tanto a visitá-la". Sachi se surpreende e olha para a mãe. Esta completa: "Não tenho sido uma boa filha", sintetizando o sentimento de frustração que Sachi carrega por não ter tido o carinho esperado a vida toda.
Afinal, porque demoramos tanto tempo para reconhecer a importância de nossos pais, irmãos, familiares? Mais uma vez, Koreeda usa a ausência como elemento diferencial na vida do ser humano. As quatro irmãs lidam de maneira diferente com a ausência do pai e da mãe. Três delas o perderam ainda em vida, quando ele se separou da mãe (e a mãe, apesar de viva, quase não dá as caras). A quarta, o perdeu com a morte (e a mãe, há muito tempo se foi também).
Certamente está entre os melhores filmes que vi esse ano.
Zootopia: Essa Cidade é o Bicho
4.2 1,5K Assista AgoraTá ok, eu curto Shrek também.
Mas filmes como esse mostram que animações podem ser feitas para crianças e adultos, sem apelar. Podem trazer mensagens positivas, respeitar todo mundo, com um ótimo puxão de orelha em relação a racismo e machismo, contemplando a comunidade LGBT, sem se tornar um filme-manifesto, um filme-bandeira.
Muita gente nem percebeu a mensagem anti-racismo, nem percebeu a inserção do personagem homossexual, justamente porque o equilíbrio utópico (nesse caso, zootópico) vai existir quando ninguém precise lembrar ao outro que também é ser humano, tem sentimentos, tem razão de ser e de existir. O caminho é longo!
Cara, eu sou fã da Disney, sou fã da Pixar, sou fã das duas juntas. E enquanto elas continuarem existindo eu vou continuar botando fé na humanidade.
Boneca Inflável
3.9 192Esse filme é um daqueles para serem pensados durante horas, dias, semanas. Recheado de metáforas (e com uma atuação impecável da Bae Doona - aquela do Sense 8), é impossível descobrir o mosaico inteiro de uma vez.
De início, dá pra gente perceber claramente a metáfora sobre a mulher - esse objeto sexual que os homens (mas, não raro, as próprias mulheres também, seja do ponto de vista sexual, seja do ponto de vista estético auto imposto) insistem em manter.
E nesse sentido, o elemento "ar" (ou vento, em alguns momentos) é o cerne da questão, resume, talvez, a palavra "essência". A personagem o troca por "coração" - que é a representação maior.
Percebam, Hideo a preenche com o ar de uma bomba. Um ar pasteurizado, industrial, descartável. Junichi, numa explícita comparação com o ato sexual, a preenche com ar da própria boca. De seu próprio interior. Na metáfora final, o ar de Nozomi se espalha pelo ar e volta ao mundo, onde pertencem todas as coisas.
O filme é uma versão mais realista da fábula universal de Pinocchio (também vista em "O Homem Bicentenário", "Inteligência Artificial", "Eu, Robô", e tantas outras), na qual um ser artificial busca superar um limite aparentemente intransponível para se tornar humano. Mas em todas as versões da fábula, ser humano é algo maravilhoso, um milagre, uma dádiva. Nesta obra de Koreeda, mais realista, ser humano traz também toda uma carga negativa. Responsabilidades, relacionamentos, frustrações, enfim.
E na busca de sua humanidade, Nozomi descobre os tipos de pulsão que movem a vida - basicamente, a pulsão sexual e a pulsão de morte. E o "ar" simboliza essas pulsões (que, na verdade, são uma só, com diferentes vetores). O "ar" é o que ela precisa para viver, é o que proporciona o "orgasmo" quando vem do sopro de Junichi, é o que a mata, é o que a liberta. É o início, o fim e o meio (a cena em que Nozomi submerge na água, vazando seu ar, em sonho, é maravilhosa).
Um filme muito bom, que ainda merece amadurecimento.
Brooklin
3.8 1,1KÉ um filme bem bacana, e muito bonito.
Mas é uma obra superestimada. E o consideraria um romance, como há muito não vemos. Um romance bem feito, que utiliza a imigração europeia à America do Norte como pano de fundo para a trajetória pessoal da personagem.
Aliás, isso é, ao mesmo tempo, a beleza e o defeito do filme, porque em alguns momentos não conseguimos captar o que o roteiro realmente quer: homenagear os imigrantes irlandeses, ou dedicar-se à vida pessoal da personagem? Pela fraqueza na primeira intenção, nos resta apenas curtir o romance de Ellies - seus medos, dificuldades, e a busca por um lar (que, no fundo, é nada mais do que estar bem consigo mesma).
De qualquer forma, acostumados que estamos com a vida real, onde a traição é comum, o lado feio da coisas, a fofoca, a intriga e o sexo fácil (principalmente naquela época), soa meio romanesco demais a relação de Ellies com Tony. As dificuldades inerentes à condição de mulher, imigrante, desempregada não são nenhum pouco exploradas, e o grande obstáculo emocional ao final feliz do filme é a saudade de casa e o conflito entre Jim x Tony no coração da personagem.
Enfim, um filme muito bem conduzido, mas que se limita a isso: um romance bem feito.
Para assistir, se divertir e tocar a vida depois da 1h50m.
A Grande Aposta
3.7 1,3KAchei um bom filme, mas pretensioso ao que se propõe: fazer chegar ao público leigo um assunto restrito às carreiras de economia.
Talvez não tenha conseguido nem um, nem outro: Economistas podem tê-lo achado simplista demais, e eu - leigo no assunto - me perdi enormemente em alguns trechos, ainda que a Selena Gomez tentasse ajudar o entendimento.
No fim, o filme funciona pelo conjunto da obra. Trilha sonora, atuações, fotografia e o tipo de roteiro básico nos fazem torcer, temer, criticar e comemorar junto com os personagens.
Mas, no fundo, é como aqueles filmes sobre futebol americano ou baseball. Rimos porque o herói ri. Comemoramos o 'touchdown' e o 'home run' sem ter absolutamente nenhuma ideia do impacto disso no jogo.
Mas funciona bem, de qualquer forma.