Cara, eu acho os filmes do Woody Allen sensacionais, mas ao mesmo tempo com uma simplicidade de enredo que soa até meio infantil. E não entendam infantil como algo negativo - por favor.
É que ele utiliza pretextos simples, rápidos, diretos para encaixar as reflexões mais profundas! Veja bem o caso de "A Rosa Purpura do Cairo". O herói sai da tela! Ou em "Meia noite em Paris", o sino bate e o passado se mistura ao presente. Enredo bem infantil!
Nesse caso, a mesma coisa acontece. A filosofia leva um professor a dar um passo além. A querer matar um juiz! Onde isso seria possível, senao na imaginação infantil e nos filmes do W. Allen.
Mas isso acaba liberando reflexões profundas, de forma alguma simplistas, e típicas do universo do diretor.
Nesse filme específico, questões como 'Qual o limite do amor adolescente?', 'Qual a razão da nossa existência?', ou 'A razão do nosso viver pode valer o sacrifício da vida do outro?' nos forçam a avaliarmos nossa própria vida.
Quando Abe diz que cansou de escrever teses e artigos teóricos sobre sua visão filosófica e agora, pela primeira vez, foi capaz de implementar isso na prática, tornando o mundo um pouco melhor, isso nos faz questionar a força da própria filosofia. Qual o sentido de filosofar sem colocar em prática? Por que colocar em prática? Qual o vínculo entre o que achamos correto, e o que achamos justo?
Atuações impecáveis de Emma Stone e Joaquim Phoenix.
Enfim, um filme sensacional. Vale o peso na filmografia do Woody Allen.
Gostei bastante. Não curto muito o Ryan Reynolds como Wade, mas é só botar o capuz e tampar a cara dele que funciona beleza. Achei que a produção conseguiu bem emular o clima e a estética dos quadrinhos.
Al Pacino, como sempre, dando show de interpretação. Num filme que tem como pano de fundo a imagem (e as músicas) de John Lennon, Danny Collins soa como uma espécie de Paul McCartney mal sucedido. Talvez um Roy Orbison.
Filmes com o Bill Murray costumam ser bons. Por que tem o Bill Murray, principalmente. E esse "St. Vincent" não foi diferente. Um dramazinho familiar bacana, com pitadas de humor negro e uma ou outra crítica social.
Mas no fim, acho que peca por querer ser uma "Pequena Miss Sunshine". Querer se apegar demais àquela ideia de crianças inocentes que conseguem lidar bem com as malícias do mundo adulto - sem se contaminar e ainda pagando lição geral pra galera mais velha. Boa e carismática atuação de Jaeden Lieberher.
Mas o melhor do filme continua sendo ver Bill Murray cantando "Shelter From The Storm", do Bob Dylan.
O filme é muito bom! Muito próximo de uma verdadeira tragédia grega.
O clima é denso e muito bem representado, a violência (longe de algo tarantinesco) na dose certa para reforçar o roteiro. Uma história bem plausível de ocorrer de forma real, nos conflitos do oriente.
De qualquer forma, justamente o lado teatral meio shakespeariano foi o que menos me agradou.
Depois de uma construção meticulosa da história, com recursos vanguardistas de mise-en-scene, recorrer a um desfecho espetaculoso e de um nível dramático tão alto que, inevitavelmente, retoma as mais famosas tragédias gregas assume um efeito contrário: afasta o telespectador do drama da "vida real", da linha inicial do filme.
Assisti recentemente a "Dheepan", e senti a mesma coisa. A história começa bem, pesada, profunda, e termina de uma forma exageradamente dramática, o que acaba por retirar um pouco da credibilidade construída nos atos anteriores.
O filme é muito bom. Talvez o fato de sabermos que é baseado em fatos reais o deixe com um peso um pouco maior dramaticamente falando, do que ele realmente é. Mas não deixa de ser um grande filme.
A atuação do Will Smith reforça o quão profundo ele é, e o quanto sua carreira vem se tornando cada vez mais sólida (apesar de um filme ou outro de caráter duvidoso - tipo "Depois da Terra").
E só comprova o racismo que reveste as decisões da Academia que, tudo bem não indicar Michael B. Jordan por sua boa atuação em "Creed", mas imperdoável por deixar Smith e Samuel L. Jackson (por "Os 8 Odiados") de fora.
A riqueza de sons é simplesmente incomparável! A quantidade de cores, formas, texturas e técnicas utilizadas para se chegar a esse resultado é fabuloso (aliás, assistir ao 'making of' é bastante recomendável!).
Quanto à história, escrita de uma forma praticamente intuitiva, alcança uma profundidade tal que, ao mesmo tempo que na metade da duração nos perde um pouco, consegue tirar qualquer um dos eixos no final. Que final!!!
Sentado debaixo da árvore que cultivou durante a infância, um pobre sujeito, surrado pela vida, encontra seu conforto. O que cultivamos na infância é o que dará base e equilíbrio à nossa vida adulta. Nossas experiências, nossos dramas, nossas descobertas. E nossa família.
Para coroar, a música tema composta pelo Emicida caiu como uma luva. É comovente, ao mesmo tempo que belo e nostálgico o que ela é capaz de fazer.
Olha, eu sou fã de quadrinhos. Tanto quanto qualquer outro. E até que me acho equilibrado entre DC e Marvel (apesar de preferir, milhões de vezes mais, a Millar World). Meus heróis favoritos são o Homem-Aranha, o Batman e o Shiryu de Dragão. Me considero isento para falar o que eu vou falar a seguir.
Que filme horroroso. Que péssimo passo a DC deu, buscando firmar o seu universo nos cinemas. E olha que já acho os filmes dos Vingadores bem ruins também (apesar de curtir os dois primeiros Homens de Ferro, e o Homem-Formiga).
Para começo de conversa, fora a roupa e uma ou outra característica basilar de comportamento, Batman e Superman estão quase irreconhecíveis!! O grande detetive Batman, dono de uma inteligência tão grande quanto sua fortuna, cai nas artimanhas mais infantis de Lex Luthor para desenvolver uma raiva incompreensivelmente insana pelo Superman. E o Homem de Aço, protetor da humanidade, primeiro e mais importante herói dos quadrinhos, de repente se esquece dos humanos e arrebenta com duas cidades ao mesmo tempo, matando milhões, zilhões de pessoas, enquanto salva a Lois Lane de se afogar nas ruínas (tudo bem, sempre houve essa crítica desde Lois&Clark na televisão... mas nesse filme, foi demais).
Computação Gráfica demais, explosões demais, saídas de roteiro fracas, diálogos fraquíssimos (o que é aquele monólogo final do Bruce Wayne? "Nós, homens, lutamos... matamos.. etc". Infantil!!).
Aquela cena do Batman no deserto, com um traje completamente fenomenal (sobretudo marrom, máscara de poeira, etc), não merece aquela luta fraca, hipercoreografada, sem punch nenhum, nem em sonho!!! (O que custava reproduzir os movimentos da cena da igreja de Kingsman, do Mark Millar???)
Clark e Superman morrem no mesmo dia, sai no jornal quase na mesma página e ninguém liga uma figura à outra?
O Lex Luthor do Eisenberg parece um Coringa fraco, sem maquiagem, sem usar a própria fortuna (Não sei se por culpa do roteiro ou do ator - mas isso é algo que pode ser corrigido nos próximos filmes da sequencia).
Diana Prince é a Mulher-Maravilha ou a Mulher-Gato? Porque ela aparece roubando coisas na primeira metade do filme? Por que não colocar a Selina Kyle na jogada também?
Cara, mas a destruição completa das cidades continua a doer no meu coração. Não existe razão de ser daquela demolição completa. Não justifica nem a existência de heróis. Aliás, me lembro saudoso do Jaspion e do Black Kamen Rider, que levavam todas as lutas com monstros para a pedreira da Toey, a fim de minimizar os danos a Tóquio. Eles sim eram heróis de verdade. Um pensamento mais do que lógico: heróis não destroem cidades.
Enfim... dou 2,5 estrelas contrariado. Esperava muito mais. Achei um dos filmes de super-herói mais fracos que já fizeram. Colocaria facilmente na galeria do Demolidor, Elektra e Batman&Robin.
É uma bela novela mexicana, mas só. Os dramas, as representações de dor, tristeza, alegria, as disputas internas familiares. Todas ressoam novelescas demais, exageradas.
Por outro lado, o filme não se define: é uma comédia de costumes, um drama de época? Uma comédia romântica, um filme de humor negro?
Enfim, para o drama que quer exprimir, o roteiro não se presta a construir saídas satisfatórias. Afinal, por que Pedro se casou tão facilmente com Rosaura? Para alguém disposto a submeter Tita à traição do marido médico, seria difícil propor a fuga, ao invés do casamento com Rosaura?
Quando assisto a essa trilogia dos dólares, fico pensando quem pode ser mais foda que Clint Eastwood e Lee Van Cleef. Não tem para mais ninguém.
E Sergio Leone os fez assim. É raro uma obra tão fechada, tão harmoniosa, tão avançada para o seu tempo como essa - principalmente considerando que estamos fora do eixo hollywoodiano. Em aspectos técnicos, temos os ângulos de câmera, a fotografia, as atuações, o roteiro. Sem dúvida nenhuma, Gian Maria Volonté como El Indio está na galeria dos vilões mais pérfidos e poderia facilmente dividir a sala com vilões dos filmes do 007, Duro de Matar e Star Wars.
É um filme tão bom, parte de uma trilogia tão belamente construída, que levando-se em conta aspectos puramente subjetivos (no caso, o meu gosto), eu arriscaria a dizer que se equipara facilmente ao Poderoso Chefão.
Um filme muito bom! Atuações bastante sólidas, técnica apurada (as cenas durante a corrida de cavalos são muito boas, realmente transmitem a ideia de caos na multidão e busca por um sentido, um ápice na ação), figurino impecável.
E vem a se encaixar muito bem, num momento em que os ideais feministas se mostram cada vez mais fortes e, paralelamente, questionados (A Arábia Saudita até hoje não conferiu direito de voto às mulheres!! Sem base. Por outro lado, o grande Getúlio Vargas colocou o Brasil dentre os pioneiros a reconhecer o direito de sufrágio às mulheres. Vivas!).
De qualquer forma, pelo peso do assunto e a importância do movimento sufragista, acho que o filme é um pouco frágil. Ao escolher manter o foco em um pequeno grupo de mulheres "rebeldes", o autor valorizou o lado pessoal delas e distanciou do aspecto social. Sim! O filme continua sendo muito bom ao que se propôs! Mas ao compararmos com outros filmes de cunho histórico-social, como "A Lista de Schindler", "Cartas de Iwo Jima", "Corações Sujos" ou até mesmo "Os Últimos Rebeldes", ele me soa como um pouco mais frágil, mais fraco na mensagem que quer passar.
Por outro lado, algumas cenas - apesar de possivelmente verossímeis - me parecem querer forçar as lágrimas no telespectador, assumindo um caráter sensacionalista. As cenas de Maud dançando na chuva para o filho detrás da janela lembram muito "A vida é bela", inclusive.
De início, pode parecer estranho o ritmo impresso pelo diretor ao construir a narrativa. Que, aliás, está muito mais no visual e nas imagens do que em palavras e diálogos. A relação entre mãe e filho, no primeiro ato, é construída nessas entrelinhas. Não é necessário falar: os dois se entendem (e subentendem) muito bem!
E daí, pinta a garota no meio. Interessante notar que a nova relação, entupida de hormônios adolescentes, é bem equilibrada. Hector e Jazmin estão em erupção, ávidos, se havendo pelos cantos, nas brechas possíveis.
E diante dessa nova realidade, a mãe sobra.
Não consigo enxergá-la como "empata-foda". Ela é mãe solteira! Foi pega de surpresa! Excluída de repente, no apagar das luzes. E agora, está tentando lidar com a nova posição das peças no tabuleiro. Onde se encaixar? O que fazer? Como encarar com naturalidade algo tão repentino e novo? E até que ela lida bem, escorregando entre o laconismo do mundo. Ninguém vai lhe explicar como reagir. Os hormônios guiam Hector e Jazmin, mas quem guiará Paloma?
No fim, todos se encontram. É preciso haver a ruptura, claro. Mas mãe sempre será mãe.
Olha, o filme é bom. Singelo na proposta (é muito mais um drama psicológico, como a própria Guerra Fria foi do que um filme de ação de espionagem) e ousado na execução (não é à toa que ganhou um Oscar pela cenografia).
Mas, definitivamente, não é dos melhores do Spielberg. Ao lado de Munique, está destinado ao esquecimento dentro em breve.
Atuações competentes, mas o Oscar de melhor ator coadjuvante para o Mark Rylance, deixando de lado atuações extremamente marcantes como a do Stallone em Creed e a de Tom Hardy em O Regresso foi extremamente injusto.
Achei interessante o fato de que o quarto se mostra como um personagem em si mesmo. Inicialmente em primeiro plano, depois como presença secundária. Até a metade, fisicamente presente. Depois, apenas no plano psicológico.
O quarto desaparece da vida de Jack e Joy só na última cena, quando conseguem se readaptar - aos trancos e barrancos - ao "Mundo", e voltam para se despedir.
Atuações simplesmente espetaculares de Jacob Tremblay e Brie Larson. Aquele último "good bye" que Joy dá ao quarto, cochichado, meio receoso, meio aliviado... meio com medo, meio com raiva... assumindo ser uma atitude infantil ao mesmo tempo que algo extremamente necessário e profundo para seguir a vida... aquilo é sensacional.
Olha, é um grande filme. Sem dúvidas, um clássico do cinema clássico. Conseguiram reunir um grande elenco, fazer uma grande (e, por incrível que pareça, simples) história, com uma pegada legal.
Para a época, os efeitos especiais e a produção foram bem feitos, apesar de simples também. Sem dúvidas, ao assistirmos hoje, temos que relevar aspectos como o sangue falso, as quedas de mentirinha, as corridas alucinadas e gestuais teatrais. Era o que de mais moderno havia.
Mas eu acho que, mesmo para a época, o roteiro peca gravemente em diversas situações - ainda que tenha sido adaptado de "Os 7 Samurais".
Como entender o "perdão" ou a "benevolência" de Calvera, que após ter seu grupo quase totalmente dizimado, numa manobra ousada dos 7 atiradores em prol da aldeia, os prende e envia a uma espécie de desterro. Pior ainda! Ao enviar seus homens para escoltar McQueen, Bronson, Coburn e companhia, Calvera ainda lhes devolve as armas! Completamente sem lógica.
Um vilão com o grau de insensibilidade, como Calvera diversas vezes demonstrou logo nas primeiras cenas do filme, certamente mataria os Magnificent. Ou alguns deles. Mas, considerando que o filme não pode exterminar seus protagonistas, o mínimo que se esperaria era que as armas destes não fossem devolvidas.
Enfim, me soa como uma saída infantil de roteiro, a saída mais fácil e mais ilógica, possibilitando que os Magnificent retornassem à aldeia e libertassem os fazendeiros, possibilitando o final (parcialmente) feliz do filme, correspondendo aos roteiros clássicos de Hollywood (inclusive com o romance concretizado).
Em todo caso, uma bela obra de arte, que diverte ainda nos dias de hoje.
Não gostei do filme. Questão de gosto mesmo. Esse excesso de simbolismos e metáforas imagéticas complicam um pouco a absorção - apesar da montagem excelente.
Por outro lado, algumas sequências me soaram ingênuas demais - a parte do carro blindado poderia facilmente aparecer num esquete do Casseta & Planeta ou do Marcelo Adnet. A sequencia final também (tirando a questão dos metros quadrados - excelente!) me soou de extremo mau gosto, com efeitos especiais meio toscos (mas que conseguem reproduzir um panfleto de propaganda de imóvel de maneira magistral!) e sem muito sentido dentro do contexto dos outros esquetes.
Conhecendo o progresso pelo qual atravessou Recife (e toda a região nordeste) nos últimos anos, com a substituição cada vez maior do trabalho braçal e sazonal pela implementação da tecnologia agrícola permanente, talvez o filme ficasse mais adequado se levasse o título de "Recife S/A".
De qualquer forma, o recorte da moça que pega o engarrafamento antes de sair de casa e recorre ao transporte coletivo individual (um ônibus para carros - excelente contradição em termos) é muito boa!
Definitivamente, não é um filme comum. Quando saí da sala de projeção, tive a sensação de ter perdido 2h30m da minha vida assistindo pessoas fazerem coisas completamente triviais na tela. E fazem mesmo. Saí com raiva e indignação por considerarem obras como essa como arte. Julgamento apressado.
Passado algum tempo meditando sobre o filme, e principalmente entendendo que é superficial tentar interpretar o filme dissociado de sua referência a Nietzsche, percebi que dá para retirar um pouco mais da obra do que simplesmente a bela fotografia. Afinal de contas, para ver fotografias belas em preto e branco, é preferível comprar algumas das obras do Sebastião Salgado.
Mas a repetição e a monotonia que vemos na tela tem seus propósitos. Somos forçados a viver seis dias de cão com o cavalo salvo por Nietzsche. E a perceber que o ser humano é vil, é mau, ignorante, mas também é o cavalo de sua própria existência. Todos os dias é encilhado, veste-se de roupas e morais, para conseguir lutar sua guerra em vida. Possui o tapa-olhos da rotina e dos bens terrenos a lhe obstacularizar a visão. Não é melhor que o cavalo que utiliza como instrumento. E exatamente por isso o maltrata.
No fim da vida, Nietzche enlouquece e crê que nada pode fazer para mudar a realidade humana. Mas deixou seu pensamento com o próprio cavalo, que também se recusa a prosseguir na vida que tinha, para de comer e beber e não trabalha mais. E na moça, que também segue o mesmo destino. Enfim, não foi em vão.
A começar do título, que nos evoca a pinturas de renomados artistas. Aliás, vejo o título como uma apresentação da forma e conteúdo dessa obra: "Autorretrato" que explica a técnica de planos longos, fixos, com a câmera se portando como um ente voyeur, distanciado daquele mundo. Uma pintura em forma de cinema. Remete aos quadros e pinturas famosos, que retratam ambientes sem aproximação, artistas sem close, quase que formalmente, perante o espelho. E "Filha Obediente" na verdade é a imagem que a protagonista não quer mais. É o espelho que ela nega, que ela busca desconstruir.
Enfim, uma bela obra que merece ser vista várias vezes e analisada.
Atuações bem convincentes (a preparação dos atores foi feita pela Fátima Toledo), um roteiro que finge ser despretensioso para camuflar uma intenção bem forte: homem e animal frequentam o mesmo mundo.
A necessidade de afirmação, o reconhecimento do desejo individual, a demarcação de território, a presença do líder, a paternidade e a maternidade, a convivência em bando, o instinto de sobrevivência, a satisfação sexual. Vários elementos unem o homem ao boi. O humano ao animal.
A diferença está na última cena: O homem pode abrir a porteira e sair do curral quando quiser.
É um filme interessante, produzido de maneira bastante peculiar. Quando li a sinopse, classificaram como comédia! E passei os primeiros 20 minutos com medo pra caramba! Aquele clima bizarro, meio parecido com produções de terror japonesas, me dominou completamente! Caramba!
Mas depois, a estória toma uns contornos meio esquisitos. Volta e meia, o suspense de volta. Sei lá.
Que filme horroroso. Sim, ele levanta questões importantes sobre urbanismo, arquitetura, a importância do conteúdo útil e criativo e o papel do ser humano enquanto arquiteto da própria vida.
E sim, ele traz uma fotografia muito bonita, com o foco na arte barroca de forma geral - obras de arte belíssimas!
Mas isso não justifica um roteiro porco, mal escrito, com diálogos fracos e mal construídos e uma atuação intencionalmente insossa.
Me explica isso: um casal com relacionamento desgastado resolve viajar juntos, dai do nada a esposa decide deixar o marido continuar a viagem sozinho para ficar com uma garota doente que acabou de conhecer? E o irmão da moça segue, sem dinheiro, o marido ríspido, que acabou de conhecer, deixando para trás sua irmã/namorada doente? Não faz o MENOR sentido.
O tédio imposto à força aos espectadores mostra um parnasianismo forçado, uma fascinação com o falso e o forçado. Uma estética que trabalha contra o conteúdo - intencionalmente.
Um filme que abusa do seu espectador que, pacientemente, mendiga migalhas de sabedoria.
Uma das coisas mais entediantes com as quais já gastei meu dinheiro na vida. Com o perdão e todo o respeito às opiniões contrárias, mas esse não é o tipo de arte e cinema que eu gosto.
O Homem Irracional
3.5 553 Assista AgoraCara, eu acho os filmes do Woody Allen sensacionais, mas ao mesmo tempo com uma simplicidade de enredo que soa até meio infantil. E não entendam infantil como algo negativo - por favor.
É que ele utiliza pretextos simples, rápidos, diretos para encaixar as reflexões mais profundas! Veja bem o caso de "A Rosa Purpura do Cairo". O herói sai da tela! Ou em "Meia noite em Paris", o sino bate e o passado se mistura ao presente. Enredo bem infantil!
Nesse caso, a mesma coisa acontece. A filosofia leva um professor a dar um passo além. A querer matar um juiz! Onde isso seria possível, senao na imaginação infantil e nos filmes do W. Allen.
Mas isso acaba liberando reflexões profundas, de forma alguma simplistas, e típicas do universo do diretor.
Nesse filme específico, questões como 'Qual o limite do amor adolescente?', 'Qual a razão da nossa existência?', ou 'A razão do nosso viver pode valer o sacrifício da vida do outro?' nos forçam a avaliarmos nossa própria vida.
Quando Abe diz que cansou de escrever teses e artigos teóricos sobre sua visão filosófica e agora, pela primeira vez, foi capaz de implementar isso na prática, tornando o mundo um pouco melhor, isso nos faz questionar a força da própria filosofia. Qual o sentido de filosofar sem colocar em prática? Por que colocar em prática? Qual o vínculo entre o que achamos correto, e o que achamos justo?
Atuações impecáveis de Emma Stone e Joaquim Phoenix.
Enfim, um filme sensacional. Vale o peso na filmografia do Woody Allen.
Deadpool
4.0 3,0K Assista AgoraGostei bastante. Não curto muito o Ryan Reynolds como Wade, mas é só botar o capuz e tampar a cara dele que funciona beleza.
Achei que a produção conseguiu bem emular o clima e a estética dos quadrinhos.
Tá de meus parabéns.
Não Olhe Para Trás
3.7 210 Assista AgoraUm ótimo filme, com um final excelente.
Al Pacino, como sempre, dando show de interpretação. Num filme que tem como pano de fundo a imagem (e as músicas) de John Lennon, Danny Collins soa como uma espécie de Paul McCartney mal sucedido. Talvez um Roy Orbison.
Um Santo Vizinho
3.7 421 Assista AgoraFilmes com o Bill Murray costumam ser bons. Por que tem o Bill Murray, principalmente.
E esse "St. Vincent" não foi diferente.
Um dramazinho familiar bacana, com pitadas de humor negro e uma ou outra crítica social.
Mas no fim, acho que peca por querer ser uma "Pequena Miss Sunshine". Querer se apegar demais àquela ideia de crianças inocentes que conseguem lidar bem com as malícias do mundo adulto - sem se contaminar e ainda pagando lição geral pra galera mais velha. Boa e carismática atuação de Jaeden Lieberher.
Mas o melhor do filme continua sendo ver Bill Murray cantando "Shelter From The Storm", do Bob Dylan.
Incêndios
4.5 1,9KO filme é muito bom!
Muito próximo de uma verdadeira tragédia grega.
O clima é denso e muito bem representado, a violência (longe de algo tarantinesco) na dose certa para reforçar o roteiro. Uma história bem plausível de ocorrer de forma real, nos conflitos do oriente.
De qualquer forma, justamente o lado teatral meio shakespeariano foi o que menos me agradou.
Depois de uma construção meticulosa da história, com recursos vanguardistas de mise-en-scene, recorrer a um desfecho espetaculoso e de um nível dramático tão alto que, inevitavelmente, retoma as mais famosas tragédias gregas assume um efeito contrário: afasta o telespectador do drama da "vida real", da linha inicial do filme.
Assisti recentemente a "Dheepan", e senti a mesma coisa. A história começa bem, pesada, profunda, e termina de uma forma exageradamente dramática, o que acaba por retirar um pouco da credibilidade construída nos atos anteriores.
De qualquer forma, um filme muito bom.
Um Homem Entre Gigantes
3.8 321 Assista AgoraO filme é muito bom.
Talvez o fato de sabermos que é baseado em fatos reais o deixe com um peso um pouco maior dramaticamente falando, do que ele realmente é. Mas não deixa de ser um grande filme.
A atuação do Will Smith reforça o quão profundo ele é, e o quanto sua carreira vem se tornando cada vez mais sólida (apesar de um filme ou outro de caráter duvidoso - tipo "Depois da Terra").
E só comprova o racismo que reveste as decisões da Academia que, tudo bem não indicar Michael B. Jordan por sua boa atuação em "Creed", mas imperdoável por deixar Smith e Samuel L. Jackson (por "Os 8 Odiados") de fora.
O Menino e o Mundo
4.3 735 Assista AgoraQue filme espetacular!
A riqueza de sons é simplesmente incomparável! A quantidade de cores, formas, texturas e técnicas utilizadas para se chegar a esse resultado é fabuloso (aliás, assistir ao 'making of' é bastante recomendável!).
Quanto à história, escrita de uma forma praticamente intuitiva, alcança uma profundidade tal que, ao mesmo tempo que na metade da duração nos perde um pouco, consegue tirar qualquer um dos eixos no final. Que final!!!
Sentado debaixo da árvore que cultivou durante a infância, um pobre sujeito, surrado pela vida, encontra seu conforto. O que cultivamos na infância é o que dará base e equilíbrio à nossa vida adulta. Nossas experiências, nossos dramas, nossas descobertas. E nossa família.
Para coroar, a música tema composta pelo Emicida caiu como uma luva. É comovente, ao mesmo tempo que belo e nostálgico o que ela é capaz de fazer.
Airgela!!
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraOlha, eu sou fã de quadrinhos. Tanto quanto qualquer outro.
E até que me acho equilibrado entre DC e Marvel (apesar de preferir, milhões de vezes mais, a Millar World). Meus heróis favoritos são o Homem-Aranha, o Batman e o Shiryu de Dragão. Me considero isento para falar o que eu vou falar a seguir.
Que filme horroroso. Que péssimo passo a DC deu, buscando firmar o seu universo nos cinemas. E olha que já acho os filmes dos Vingadores bem ruins também (apesar de curtir os dois primeiros Homens de Ferro, e o Homem-Formiga).
Para começo de conversa, fora a roupa e uma ou outra característica basilar de comportamento, Batman e Superman estão quase irreconhecíveis!! O grande detetive Batman, dono de uma inteligência tão grande quanto sua fortuna, cai nas artimanhas mais infantis de Lex Luthor para desenvolver uma raiva incompreensivelmente insana pelo Superman. E o Homem de Aço, protetor da humanidade, primeiro e mais importante herói dos quadrinhos, de repente se esquece dos humanos e arrebenta com duas cidades ao mesmo tempo, matando milhões, zilhões de pessoas, enquanto salva a Lois Lane de se afogar nas ruínas (tudo bem, sempre houve essa crítica desde Lois&Clark na televisão... mas nesse filme, foi demais).
Computação Gráfica demais, explosões demais, saídas de roteiro fracas, diálogos fraquíssimos (o que é aquele monólogo final do Bruce Wayne? "Nós, homens, lutamos... matamos.. etc". Infantil!!).
Aquela cena do Batman no deserto, com um traje completamente fenomenal (sobretudo marrom, máscara de poeira, etc), não merece aquela luta fraca, hipercoreografada, sem punch nenhum, nem em sonho!!! (O que custava reproduzir os movimentos da cena da igreja de Kingsman, do Mark Millar???)
Clark e Superman morrem no mesmo dia, sai no jornal quase na mesma página e ninguém liga uma figura à outra?
O Lex Luthor do Eisenberg parece um Coringa fraco, sem maquiagem, sem usar a própria fortuna (Não sei se por culpa do roteiro ou do ator - mas isso é algo que pode ser corrigido nos próximos filmes da sequencia).
Diana Prince é a Mulher-Maravilha ou a Mulher-Gato? Porque ela aparece roubando coisas na primeira metade do filme? Por que não colocar a Selina Kyle na jogada também?
Cara, mas a destruição completa das cidades continua a doer no meu coração. Não existe razão de ser daquela demolição completa. Não justifica nem a existência de heróis. Aliás, me lembro saudoso do Jaspion e do Black Kamen Rider, que levavam todas as lutas com monstros para a pedreira da Toey, a fim de minimizar os danos a Tóquio. Eles sim eram heróis de verdade. Um pensamento mais do que lógico: heróis não destroem cidades.
Enfim... dou 2,5 estrelas contrariado. Esperava muito mais. Achei um dos filmes de super-herói mais fracos que já fizeram. Colocaria facilmente na galeria do Demolidor, Elektra e Batman&Robin.
Como Água para Chocolate
3.6 218É uma bela novela mexicana, mas só.
Os dramas, as representações de dor, tristeza, alegria, as disputas internas familiares. Todas ressoam novelescas demais, exageradas.
Por outro lado, o filme não se define: é uma comédia de costumes, um drama de época? Uma comédia romântica, um filme de humor negro?
Enfim, para o drama que quer exprimir, o roteiro não se presta a construir saídas satisfatórias. Afinal, por que Pedro se casou tão facilmente com Rosaura? Para alguém disposto a submeter Tita à traição do marido médico, seria difícil propor a fuga, ao invés do casamento com Rosaura?
Enfim, um filme meloso como chocolate.
Por uns Dólares a Mais
4.3 364 Assista AgoraQuando assisto a essa trilogia dos dólares, fico pensando quem pode ser mais foda que Clint Eastwood e Lee Van Cleef. Não tem para mais ninguém.
E Sergio Leone os fez assim. É raro uma obra tão fechada, tão harmoniosa, tão avançada para o seu tempo como essa - principalmente considerando que estamos fora do eixo hollywoodiano. Em aspectos técnicos, temos os ângulos de câmera, a fotografia, as atuações, o roteiro. Sem dúvida nenhuma, Gian Maria Volonté como El Indio está na galeria dos vilões mais pérfidos e poderia facilmente dividir a sala com vilões dos filmes do 007, Duro de Matar e Star Wars.
É um filme tão bom, parte de uma trilogia tão belamente construída, que levando-se em conta aspectos puramente subjetivos (no caso, o meu gosto), eu arriscaria a dizer que se equipara facilmente ao Poderoso Chefão.
Cinco estrelas fácil.
As Sufragistas
4.1 778 Assista AgoraUm filme muito bom!
Atuações bastante sólidas, técnica apurada (as cenas durante a corrida de cavalos são muito boas, realmente transmitem a ideia de caos na multidão e busca por um sentido, um ápice na ação), figurino impecável.
E vem a se encaixar muito bem, num momento em que os ideais feministas se mostram cada vez mais fortes e, paralelamente, questionados (A Arábia Saudita até hoje não conferiu direito de voto às mulheres!! Sem base. Por outro lado, o grande Getúlio Vargas colocou o Brasil dentre os pioneiros a reconhecer o direito de sufrágio às mulheres. Vivas!).
De qualquer forma, pelo peso do assunto e a importância do movimento sufragista, acho que o filme é um pouco frágil. Ao escolher manter o foco em um pequeno grupo de mulheres "rebeldes", o autor valorizou o lado pessoal delas e distanciou do aspecto social. Sim! O filme continua sendo muito bom ao que se propôs! Mas ao compararmos com outros filmes de cunho histórico-social, como "A Lista de Schindler", "Cartas de Iwo Jima", "Corações Sujos" ou até mesmo "Os Últimos Rebeldes", ele me soa como um pouco mais frágil, mais fraco na mensagem que quer passar.
Por outro lado, algumas cenas - apesar de possivelmente verossímeis - me parecem querer forçar as lágrimas no telespectador, assumindo um caráter sensacionalista. As cenas de Maud dançando na chuva para o filho detrás da janela lembram muito "A vida é bela", inclusive.
De resto, é um bom filme!
Club Sándwich
3.3 27Um excelente filme!
De início, pode parecer estranho o ritmo impresso pelo diretor ao construir a narrativa. Que, aliás, está muito mais no visual e nas imagens do que em palavras e diálogos. A relação entre mãe e filho, no primeiro ato, é construída nessas entrelinhas. Não é necessário falar: os dois se entendem (e subentendem) muito bem!
E daí, pinta a garota no meio. Interessante notar que a nova relação, entupida de hormônios adolescentes, é bem equilibrada. Hector e Jazmin estão em erupção, ávidos, se havendo pelos cantos, nas brechas possíveis.
E diante dessa nova realidade, a mãe sobra.
Não consigo enxergá-la como "empata-foda". Ela é mãe solteira! Foi pega de surpresa! Excluída de repente, no apagar das luzes. E agora, está tentando lidar com a nova posição das peças no tabuleiro. Onde se encaixar? O que fazer? Como encarar com naturalidade algo tão repentino e novo? E até que ela lida bem, escorregando entre o laconismo do mundo. Ninguém vai lhe explicar como reagir. Os hormônios guiam Hector e Jazmin, mas quem guiará Paloma?
No fim, todos se encontram. É preciso haver a ruptura, claro. Mas mãe sempre será mãe.
Ponte dos Espiões
3.7 694Olha, o filme é bom. Singelo na proposta (é muito mais um drama psicológico, como a própria Guerra Fria foi do que um filme de ação de espionagem) e ousado na execução (não é à toa que ganhou um Oscar pela cenografia).
Mas, definitivamente, não é dos melhores do Spielberg. Ao lado de Munique, está destinado ao esquecimento dentro em breve.
Atuações competentes, mas o Oscar de melhor ator coadjuvante para o Mark Rylance, deixando de lado atuações extremamente marcantes como a do Stallone em Creed e a de Tom Hardy em O Regresso foi extremamente injusto.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraUm filme fantástico! Merece ser assistido por todo mundo.
Achei interessante o fato de que o quarto se mostra como um personagem em si mesmo. Inicialmente em primeiro plano, depois como presença secundária. Até a metade, fisicamente presente. Depois, apenas no plano psicológico.
O quarto desaparece da vida de Jack e Joy só na última cena, quando conseguem se readaptar - aos trancos e barrancos - ao "Mundo", e voltam para se despedir.
Atuações simplesmente espetaculares de Jacob Tremblay e Brie Larson. Aquele último "good bye" que Joy dá ao quarto, cochichado, meio receoso, meio aliviado... meio com medo, meio com raiva... assumindo ser uma atitude infantil ao mesmo tempo que algo extremamente necessário e profundo para seguir a vida... aquilo é sensacional.
Que filme!
Sete Homens e Um Destino
4.1 235 Assista AgoraOlha, é um grande filme. Sem dúvidas, um clássico do cinema clássico.
Conseguiram reunir um grande elenco, fazer uma grande (e, por incrível que pareça, simples) história, com uma pegada legal.
Para a época, os efeitos especiais e a produção foram bem feitos, apesar de simples também. Sem dúvidas, ao assistirmos hoje, temos que relevar aspectos como o sangue falso, as quedas de mentirinha, as corridas alucinadas e gestuais teatrais. Era o que de mais moderno havia.
Mas eu acho que, mesmo para a época, o roteiro peca gravemente em diversas situações - ainda que tenha sido adaptado de "Os 7 Samurais".
Como entender o "perdão" ou a "benevolência" de Calvera, que após ter seu grupo quase totalmente dizimado, numa manobra ousada dos 7 atiradores em prol da aldeia, os prende e envia a uma espécie de desterro. Pior ainda! Ao enviar seus homens para escoltar McQueen, Bronson, Coburn e companhia, Calvera ainda lhes devolve as armas! Completamente sem lógica.
Um vilão com o grau de insensibilidade, como Calvera diversas vezes demonstrou logo nas primeiras cenas do filme, certamente mataria os Magnificent. Ou alguns deles. Mas, considerando que o filme não pode exterminar seus protagonistas, o mínimo que se esperaria era que as armas destes não fossem devolvidas.
Enfim, me soa como uma saída infantil de roteiro, a saída mais fácil e mais ilógica, possibilitando que os Magnificent retornassem à aldeia e libertassem os fazendeiros, possibilitando o final (parcialmente) feliz do filme, correspondendo aos roteiros clássicos de Hollywood (inclusive com o romance concretizado).
Em todo caso, uma bela obra de arte, que diverte ainda nos dias de hoje.
Brasil S/A
3.6 28Não gostei do filme.
Questão de gosto mesmo. Esse excesso de simbolismos e metáforas imagéticas complicam um pouco a absorção - apesar da montagem excelente.
Por outro lado, algumas sequências me soaram ingênuas demais - a parte do carro blindado poderia facilmente aparecer num esquete do Casseta & Planeta ou do Marcelo Adnet. A sequencia final também (tirando a questão dos metros quadrados - excelente!) me soou de extremo mau gosto, com efeitos especiais meio toscos (mas que conseguem reproduzir um panfleto de propaganda de imóvel de maneira magistral!) e sem muito sentido dentro do contexto dos outros esquetes.
Conhecendo o progresso pelo qual atravessou Recife (e toda a região nordeste) nos últimos anos, com a substituição cada vez maior do trabalho braçal e sazonal pela implementação da tecnologia agrícola permanente, talvez o filme ficasse mais adequado se levasse o título de "Recife S/A".
De qualquer forma, o recorte da moça que pega o engarrafamento antes de sair de casa e recorre ao transporte coletivo individual (um ônibus para carros - excelente contradição em termos) é muito boa!
O Cavalo de Turim
4.2 211Definitivamente, não é um filme comum.
Quando saí da sala de projeção, tive a sensação de ter perdido 2h30m da minha vida assistindo pessoas fazerem coisas completamente triviais na tela. E fazem mesmo.
Saí com raiva e indignação por considerarem obras como essa como arte.
Julgamento apressado.
Passado algum tempo meditando sobre o filme, e principalmente entendendo que é superficial tentar interpretar o filme dissociado de sua referência a Nietzsche, percebi que dá para retirar um pouco mais da obra do que simplesmente a bela fotografia.
Afinal de contas, para ver fotografias belas em preto e branco, é preferível comprar algumas das obras do Sebastião Salgado.
Mas a repetição e a monotonia que vemos na tela tem seus propósitos. Somos forçados a viver seis dias de cão com o cavalo salvo por Nietzsche. E a perceber que o ser humano é vil, é mau, ignorante, mas também é o cavalo de sua própria existência. Todos os dias é encilhado, veste-se de roupas e morais, para conseguir lutar sua guerra em vida.
Possui o tapa-olhos da rotina e dos bens terrenos a lhe obstacularizar a visão.
Não é melhor que o cavalo que utiliza como instrumento. E exatamente por isso o maltrata.
No fim da vida, Nietzche enlouquece e crê que nada pode fazer para mudar a realidade humana. Mas deixou seu pensamento com o próprio cavalo, que também se recusa a prosseguir na vida que tinha, para de comer e beber e não trabalha mais. E na moça, que também segue o mesmo destino. Enfim, não foi em vão.
Autorretrato de uma Filha Obediente
3.0 10 Assista AgoraUm excelente filme!
A começar do título, que nos evoca a pinturas de renomados artistas. Aliás, vejo o título como uma apresentação da forma e conteúdo dessa obra: "Autorretrato" que explica a técnica de planos longos, fixos, com a câmera se portando como um ente voyeur, distanciado daquele mundo. Uma pintura em forma de cinema. Remete aos quadros e pinturas famosos, que retratam ambientes sem aproximação, artistas sem close, quase que formalmente, perante o espelho. E "Filha Obediente" na verdade é a imagem que a protagonista não quer mais. É o espelho que ela nega, que ela busca desconstruir.
Enfim, uma bela obra que merece ser vista várias vezes e analisada.
Minha Mãe
3.7 61 Assista AgoraO filme é bom, mas um pouco angustiante.
Confesso que demorei a entrar na onda da protagonista.
Mas as últimas cenas engrenam, e o sentimento acaba chegando.
Já vi filmes melhores. Mas confesso que preciso assistir e ler mais a respeito dessa obra para captar seu real sentido.
Boi Neon
3.6 461Um bom filme nacional!
Atuações bem convincentes (a preparação dos atores foi feita pela Fátima Toledo), um roteiro que finge ser despretensioso para camuflar uma intenção bem forte: homem e animal frequentam o mesmo mundo.
A necessidade de afirmação, o reconhecimento do desejo individual, a demarcação de território, a presença do líder, a paternidade e a maternidade, a convivência em bando, o instinto de sobrevivência, a satisfação sexual. Vários elementos unem o homem ao boi. O humano ao animal.
A diferença está na última cena: O homem pode abrir a porteira e sair do curral quando quiser.
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista AgoraCaramba! Que filme sensacional!
Que história tensa, triste, pesada... mas que traz um pouco de calor aos nossos corações, esperança na humanidade, por pessoas como Gerda e Hans.
Atuação impecável do Redmayne. Digna de Oscar.
Diplomacia
3.7 22 Assista AgoraMuito bom filme!!
Fico me perguntando quantas histórias reais mais, como essa, que mudam completamente a História mundial e que passa longe do conhecimento público.
Body
3.2 22 Assista AgoraÉ um filme interessante, produzido de maneira bastante peculiar.
Quando li a sinopse, classificaram como comédia! E passei os primeiros 20 minutos com medo pra caramba! Aquele clima bizarro, meio parecido com produções de terror japonesas, me dominou completamente! Caramba!
Mas depois, a estória toma uns contornos meio esquisitos. Volta e meia, o suspense de volta. Sei lá.
Mas fiquei feliz com o final.
A Sapiência
3.5 25 Assista AgoraQue filme horroroso.
Sim, ele levanta questões importantes sobre urbanismo, arquitetura, a importância do conteúdo útil e criativo e o papel do ser humano enquanto arquiteto da própria vida.
E sim, ele traz uma fotografia muito bonita, com o foco na arte barroca de forma geral - obras de arte belíssimas!
Mas isso não justifica um roteiro porco, mal escrito, com diálogos fracos e mal construídos e uma atuação intencionalmente insossa.
Me explica isso: um casal com relacionamento desgastado resolve viajar juntos, dai do nada a esposa decide deixar o marido continuar a viagem sozinho para ficar com uma garota doente que acabou de conhecer? E o irmão da moça segue, sem dinheiro, o marido ríspido, que acabou de conhecer, deixando para trás sua irmã/namorada doente? Não faz o MENOR sentido.
O tédio imposto à força aos espectadores mostra um parnasianismo forçado, uma fascinação com o falso e o forçado. Uma estética que trabalha contra o conteúdo - intencionalmente.
Um filme que abusa do seu espectador que, pacientemente, mendiga migalhas de sabedoria.
Uma das coisas mais entediantes com as quais já gastei meu dinheiro na vida. Com o perdão e todo o respeito às opiniões contrárias, mas esse não é o tipo de arte e cinema que eu gosto.