Um filme engraçado, mas bastante fraco. A proposta inicial é excelente! E renderia discussões bastante profundas sobre a antropomorfização de Deus, a profanação do sagrado, ou mesmo o machismo dentro da religião (afinal de contas, porque FILHO de Deus e não FILHA?... enfim).
O problema é que, da metade para o fim, o filme vira uma verdadeira comédia pastelão. Quase um besteirol. Cenas completamente absurdas e desnecessárias, mesmo para o universo do filme, comprometem sua credibilidade. (Um GORILA? Pelo amor de Deus...).
Enfim, bom para se divertir, quando não houver mais nada para fazer.
Olha, o filme e bom! Nada de excepcional, mas muito bem feito, com atuações marcarantes e personagens cativantes - mesmo que se posicionem temporariamente como vilões.
É bastante familiar ao "Casa Grande" e a "Que Horas Ela Volta?", com aquele lance todo de a empregada morar na casa do patrão, e cuidar dos filhos deles. Mas aqui, a realidade se mostra um pouco mais amena.
Os patrões não são tão ricos quanto nos filmes brasileiros. São de classe média, e na verdade quase chegam a ir à falência. As figuras dos "vilões" não são muito caricaturadas, e se mostram de maneira um pouco mais identificável.
Sempre tive curiosidade com a obra do Hawks e calhou de ser este o primeiro filme que eu vi dele (tudo bem, não me julguem, eu sei que estou atrasado).
E que filme, hein? Grandes ousadias nos posicionamentos de câmera (as tomadas aéreas, acompanhando os aviões, são sensacionais). Uma estória que se mantém tensa e ao mesmo tempo divertida, com um tipo de humor discreto, equilibrado.
Fotografia seca, mas bacana! Figurino legal também e boas atuações (dizem que a Jean Arthur não queria o papel, mas acabou fazendo o filme. Enquanto isso, a lindíssima Rita Hayworth ficou para coadjuvante...
Enfim, uma belíssima obra. Quero assistir aos demais! Principalmente "Jejum de amor".
Olha, o filme engana muito bem. De início, pensei que a proposta era outra. Afinal, refugiados e imigrantes são temas bastante atuais.
Mas após um começo tenso e marcado por certo ar de denúncia social, o filme se revela um pouco mais leve, com cenas interessantes ou mesmo engraçadas. A gente deixa escapar alguns risos.
Mas da metade para o fim, a coisa vira meio que uma mistura de filme do Charles Bronson com Clint Eastwood e até uma pitada de Rambo. Sinceramente, perdeu um pouco o tom, e virou um filme de ação e suspense. Não sei qual era a intenção do diretor, mas se ele queria um final tenso, com um trauma que unisse de vez o casal principal, acho que ele poderia ter recorrido a saídas mais verossímeis.
O filme é bem bacana. Mais um capítulo daquela estória que os americanos adoram: o batalhador (nesse caso, ela), que renasce das cinzas para conquistar o mundo. "Underdog" seria a palavra mais exata.
E mais um filme no estilo característico de David O. Russell, com Jennifer Lawrence, Robert De Niro e Bradley Cooper juntos.
Mas a estória é boa, a direção competente e atuações sólidas (mas, convenhamos, alguma digna de Oscar???).
Sinceramente, acho que por maior que seja a complexidade de uma obra e a intenção de aprofundar em determinado tema, o realizador não pode deixar de lado o seu espectador. É uma caminhada que ambos devem fazer juntos: criador e espectador. Do contrário, a obra perde seu objetivo, sua razão de existir.
Nesse filme, o diretor Paul Vecchialli deixou o espectador anos-luz para trás.
Diálogos completamente sem sentido dentro do contexto, cenas atravessadas, péssimas atuações e uma vontade de não ter objetivo tremenda transformaram esse filme em uma das coisas mais chatas que eu vi esse ano. E olha que não tenho esperanças de surgir algo pior, mesmo estando em fevereiro.
A intenção do filme é boa, o tema profundo e mais recorrente do que pensamos, mas faltou algo a mais.
As atuações são bem medianas. O Irandhir Santos é bom, consegue convencer (qualquer atuação dele é melhor que aquela de "O Som Ao Redor"). Mas o Matheus Fagundes e principalmente a Gilda Nomacce estão bem superficiais. Esperava mais deles (a cena do beijo é terrível!).
As cenas que reforçam a solidão do garoto são muito extensas, parece que o diretor quer nos convencer a todo custo que o garoto está abandonado - e não precisa. Já percebemos isso.
Em relação ao roteiro, muita coisa soou forçada. Porque a mãe quer voltar pra Bahia e faz questão de deixar o filho em Santo Amaro? Porque todo mundo insiste em falar do pai do garoto a toda hora? Qual o papel do playboy da feira? São todas questões inseridas para forçar a tensão, a ponto de a estória soar muito pouco natural.
Realmente, o filme só esboça todo o seu potencial quando Irandhir entra em cena. Aquele trecho à noite, na cama do professor, é muito bom. Tenso ao extremo.
Enfim, esperava mais do filme. O principal defeito, a meu ver, foram as atuações. Detalhes que fazem a diferença.
Excelente filme. Já entrou para a minha lista de favoritos de todos os tempos.
Quando pensamos na franquia Rocky, automaticamente nos remetemos ao boxe. Mas Rocky é muito mais do que um filme sobre boxe. Trata-se de uma visão otimista sobre a vida em si. É sobre pessoas desprezadas, subestimadas, que por circunstâncias diversas aprendem a ter um novo olhar sobre a vida (e sobre a própria vida), descobrindo o próprio potencial a despeito de todas as dificuldades e críticas externas.
E esse filme não foi diferente. Com um olhar um pouco mais maduro e menos nostálgico do que o último “Rocky Balboa”, é um filme que definitivamente busca (e, acredito, consegue) ressuscitar a filosofia da saga Balboa – principalmente dos dois primeiros filmes (Rocky – Um Lutador e Rocky – A Revanche).
O interessante é que, tanto em Rocky – Um Lutador quanto neste Creed, Apollo surge como o grande rival a ser batido. Não no aspecto da luta (no primeiro filme, até que sim), mas em seu significado na vida. Apollo representa o último obstáculo, o grande desafio a si mesmo. Um espelho para o lado sombrio de cada um que diz “Você não é capaz. Você é fraco, é lento, é frágil”. Um dedo apontado em riste para as suas fraquezas. No primeiro filme, Balboa tem medo. O mundo externo o classifica como um sortudo qualquer pela chance de dividir o ringue com o campeão mundial. Adrian o estimula a desprezar as dificuldades internas e olhar para si mesmo. A frase “Win, Rocky” não era para ganhar a luta. Era para vencer o próprio medo. E assim ele fez. A luta em si foi apenas o exaurimento da grande luta interna que ele travou contra si mesmo e contra o mundo.
Em Creed, a mesma coisa acontece. As lutas, a ação dentro do ringue, são meros reflexos do que acontece dentro de Adonis. Inicialmente, apenas um impulso de raiva, inconformismo. Apollo surge, novamente, como o grande obstáculo a ser vencido. A sombra do pai (que nem chegou a conhecer) impede Donnie de encontrar seu próprio rumo. A sensação de abandono que sentia quando criança o acompanha. E Rocky surge, novamente, como o responsável por bater Apollo novamente. Nesse sentido, a cena em que Creed percorre os corredores e túneis do Goodison Park (estádio do Everton Football Club, clube de futebol do coração de Stallone), antes da luta final, encapuzado e com a mão de Rocky em seus ombros é especialmente significativa. Nos roupões, “Creed Team”. Não vemos mais “Balboa Team” ou “Rocky Team”. Mas o grande heroi contina sendo Rocky.
Enfim, um filme belíssimo, que qualquer grande fã da saga Rocky precisa assistir. Como Adonis deseja em relação a seu pai, Apollo, também esse filme consegue andar com as próprias pernas, sustentar a própria estória. Mas está tudo lá. A filosofia de vida, a superação individual, as músicas catárticas, a sequência apoteótica de treinamento e toda a sabedoria do Rocky. Um grande cara.
Esse projeto não partiu, inicialmente, do Sylvester Stallone, como se poderia supor. Mas se consolidou em um projeto muitíssimo bem executado, com grandes atuações e inovações no roteiro e na forma de filmar. A câmera claustrofóbica que invade o ringue e acompanha cada pancada, cada esquiva, cada knockdown é sensacional e retira grande parte da sensação de “luta ensaiada” dos antigos filmes de boxe. Cores excelentes, falas espirituosas, enfim... Um excelente filme.
O filme é bacana. Mas ainda o vejo como uma ótima tentativa de mudar os rumos do cinema nacional.
O Brasil ainda não tem a sua identidade marcada para filmes de ação. Temos nossas áreas de conforto - principalmente as dedicadas a temas sociais. Comédia existe aos montes, mas nunca foi minha praia. Agora, precisamos de grandes ícones de ação, e essa obra foi uma grande e importante tentativa.
Positivamente, ressalto as atuações de Cauã Reymond, Humberto Martins, Sophie Charlotte e Luisa Arraes. Jesuíta Barbosa também está muito bem e confortável no papel.
Quanto à estética utilizada, peca um pouco no uso de efeitos especiais (algumas explosões e fogos soaram bastante artificiais), mas vejo como uma certa homenagem aos filmes australianos da era "ozpoitation". Aquele lance de tornar o deserto (aqui, a caatinga) em um ambiente quase que com vida, abrigo de seres fantásticos, realidades claustrofóbicas e tudo mais. A caatinga é nosso outback. Além disso, o pé no trash é muito bem vindo!
Aquela cena de Pica-Pau na carroceria da caminhonete, disparando a metralhadora giratória de forma orgástica nos inimigos, aquilo é espetacular! A melhor cena do filme, na minha opinão. Lembra Mad Max.
Por outro lado, acho que faltou um pouco mais de calma no ritmo do filme. O tempo todo, me parece que o diretor estava ansioso para mostrar a ação, terminar as falas, impor transições. Em diversas cenas, se houvesse um pouco mais de calma, a tensão aumentaria ainda mais.
Também gostei da homenagem aos westerns spaghettis. A cena inicial do roubo da santa é bem bacana. Como em outros casos, faltou calma para a cena se desenrolar com a tensão certa.
Os figurinos estavam bem legais, os veículos, as locações, tudo muito bom!
Por outro lado, a trilha sonora me soou deslocada. Como todo o filme, faz um papel ansioso de indução da ação a todo custo. As quebras também são muito abruptas, o que causa certo incômodo nas transições.
Quanto ao roteiro, achei bem construído - apesar de contar com algumas falhas
(por exemplo, por que diabos todo mundo foi embora e deixou a velha tomando conta da santa sozinha??? Tava na cara que ia dar merda).
Mas ainda demonstra que estamos evoluindo, talvez na infância dos filmes de ação. Só agora estamos descobrindo o herói clássico, aquele solitário, que reúne todas as virtudes, e que por diversas vezes tem um pézinho machista. O cara fodão que tem todas as mulheres ao seu redor, brigando. Caras como James Bond, Indiana Jones, Rambo. Existem no cinema de fora há décadas, já são considerados como modelos ultrapassados, e só agora começamos a descobri-los por aqui. Mas vejo isso com bons olhos - afinal, nunca é tarde para começar.
Estou na torcida para que filmes como esse se tornem frequentes, e melhorem cada vez mais.
Olha, o filme é bom. A proposta é ousada e original.
Mas alguns aspectos me incomodaram. Primeiramente, a proposta é a de ser um documentário, e documentários geralmente informam, tentam desvendar realidades, mostrar outro lado da moeda de questões específicas. E, à parte de qualquer didatismo que o filme não possua (não traz dados concretos, não explica muita coisa, não há narração ou intervenção explícita do documentarista - mas isso nunca foi imprescindível em nenhum documentário), a obra não esclarece nada. Pelo contrário, ela traz um recorte (muito bem feito, por sinal) de situações patéticas, as quais nos levam a julgar as pessoas em si como patéticas.
Enfim, sob o pretexto de desvendar o estranho mundo das pessoas que moram em coberturas, o filme apenas reduz aqueles personagens às suas falas patéticas. Não raro por indução do documentarista (vejam bem as partes em que ele pergunta ao careca dono do Bahamas "O que é poder?" e, logo em seguida, dá o zoom na cara dele. Ou na parte em que pergunta à senhora se ela acha que está mais perto de Deus.).
Enfim, o documentário nos leva a questionar o limite da ética no cinema. Afinal, aquelas pessoas abrem suas casas e seus peculiares pontos de vista sobre aspectos específicos e são expostos ao ridículo sem saberem. São induzidas a uma situação de ridículo e depois reduzidas a apenas isso, à sua revelia.
Aliás, o trecho em que vemos a filmagem caseira de uma das moradoras, pertencente a seu arquivo pessoal, soa como uma tentativa de referendar o filme como um todo, dando credibilidade e mostrando "Olha! Ela pensa esses absurdos mesmo longe de perguntas de documentaristas! Realmente é a visão estapafúrdia de mundo dela! É a verdade que ela carrega mesmo em sua intimidade".
Enfim, a proposta é boa, ousada e bem construída. Mas o filme perde sua honestidade na medida em que trabalha muito mais para construir a visão de seu autor (a de que os moradores de cobertura são ridículos) do que para mostrar uma realidade de fato. Aquelas pessoas não são APENAS ridículas. Elas possuem vários outros aspectos pessoais, profissionais, sentimentais, dentre outros, para serem explorados. Mas o autor nos mostra um recorte. Uma brecha no muro. Como aquele filete de sol aproveitado pelos banhistas na praia lotada de sombras de edifícios.
Nesse ponto, Edifício Master, de Eduardo Coutinho, se mostra muito mais forte, completo e honesto em sua proposta.
De cara, o que mais me chama a atenção são as atuações de Di Caprio e de Tom Hardy. Não sei se alguém vai ter a coragem de contestar isso, porque estão destruidoras, sensacionais. Merecem muito ser premiados (sou fã do Stallone, e mais fã ainda de Rocky, e dá dó torcer contra Creed, mas nesse caso não vejo alternativa). Tá ok, falar bem, todo mundo está falando - porque merece mesmo. Mas vou aproveitar para lançar algumas críticas.
Primeiramente, não gostei dos efeitos especiais. Quer dizer, foram muito bons, mas em alguns momentos deixam a desejar.
Os movimentos do urso me pareceram um pouco mecanizados demais, ou lastreados em CGI em determinados pontos. A queda do cavalo no penhasco, da mesma forma. E, em algumas cenas no alto das montanhas, quase dá para notar o fundo verde/azul, numa das cenas entre Fitzgerald e Bridger.
Mas é uma observação que faço sendo chato mesmo, porque no geral, ficou tudo muito bom.
Em segundo, realmente não gostei do final. Ponto negativo para o autor do livro, e também para o roteirista.
Na estória original (que virou lenda), Hugh Glass perdoa Fitzgerald e todos aqueles que o abandonaram. Perdoa. O que demonstra a grandeza de seu carater, e sua fodacidade. O cara é FODA. No final desse filme, ele persegue e mata 99% do Fitzgerald. E deixa 1% pros índios. E quase morre no processo. O roteiro apelou para um clichê - lutas e desafios finais entre protagonista e antagonista - que não necessariamente aconteceram, e rebaixam o final filme do filme a mais um clichê. Tá bom, tá bom, todos queriam mesmo ver o Glass dar uma surra no Fitzgerald, e ele merecia. Mas a coisa ficou sensacionalista demais. Trata-se de uma estória americana tradicional, quase uma lenda popular. Todo mundo sabe que não rolou aquilo. Mas fizeram questão de colocar. Aliás, aposto que no final do livro não rolou isso também...
Por fim, achei um pouco artificial demais os movimentos de câmera durante as batalhas. Acho que o Inarritu tentou criar algo pessoal ali, deixar uma marca, mas ficou meio óbvio.
Dava pra sacar que todos os focos da câmera seriam atacados/mortos.
Dá uma ideia equivocada de isolamento, como se o alvo do foco estivesse só em meio àquela barbárie toda. Camera de ação, a meu ver, continua sendo aquela da cena de Kingsman na igreja. Copiem aquilo, por favor.
Mas enfim, são considerações de um chato. O filme merece todos os louros.
Me pareceu bastante com o conceito e tema de "Boyhood", mas elaborado de maneira mais simplista. Aquele lance das escolhas que fazemos no decorrer da vida, a forma de encarar os desafios, desapegos, a família e os amigos. Só que faltou profundidade e marcos de roteiro. Me soou meio simplista demais.
Por outro lado, o grande barato é o casting. Para quem é fã de séries de TV, o elenco é uma reunião de grandes estrelas! Temos David Duchovny (Arquivo X, Californication e Aquarius), Graham Phillips (The Good Wife), Vera Farmiga (Motel Bates, Touching Evil), Keri Russel (Felicity, The Americans), Justin Kirk (Weeds, Modern Family) e Ty Burrell (Modern Family, Out of Practice). É bom ressaltar, ainda, a participação especial de Alan Ruck (o Cameron, de Curtindo a Vida Adoidado) como Dr. Eldridge. É uma agradável surpresa vê-los todos juntos, como uma festa do Emmy Awards, desempenhando papéis completamente diferentes dos que estamos acostumados. Imagino que estratégias como essa também podem ter a ver com o orçamento do filme.
O perigo é que, em determinados momentos, o filme soa como um grande e longo episódio de TV.
Boa fotografia (nada excepcional, como "Youth" ou "Livre", por exemplo). Trilha sonora também consistente. Bom figurino, boa maquiagem.
Trata-se de um bom filme, que trabalha uma ideia meio batida (viagem no tempo) de maneira relativamente original: no ponto de vista de quem não viaja.
Temos flash das realidades que o protagonista visita, mas não sabemos de maneira integral o que acontece. Pelo contrário, como o próprio título original do filme nos sugere (The Time Traveler’s Wife), acompanhamos as descobertas da esposa do viajante do tempo.
De qualquer forma, me parece que, apesar de adoráveis atuações do elenco em geral (Rachel McAdams cada vez mais linda), a química entre o casal Abshire/DeTamble não funciona muito bem. Parecem distantes, sem muito calor, sem entrosamento. Rachel me parece mais confiante em outro filme sobre viagens temporais - Questão de Tempo (About Time, 2015).
Gosto sempre das aparições inusitadas de Stephen Tobolowski (Feitiço do Tempo; Californication) - aqui, como Dr. Kendrick.
Terror nunca foi muito a minha área. Mas é interessante que o terror bem feito é aquele focado no drama pré-sangue. Na tensão pré-carnificina. E o sangue jorrando, as cabeças rolando são meramente o orgasmo final.
A cena em que Kurt Russel testa as amostras de sangue com o fio de cobre incandescente é espetacular! E aquela "cabeça-aranha"? Espetáculo!
Quando assistimos a um filme antigo, original, e temos a sensação de estar observando um amontoado de clichês, esse filme pode ser classificado como uma obra-prima e paradigma do cinema. Isso porque o filme provocou os clichês. Depois dele, todo mundo saiu copiando.
E esse é o caso. Grande filme! Inveja de quem o assistiu na época de seu lançamento.
Esse é o melhor filme da minha infância! Assisti-lo é sempre uma experiência nostálgica.
Hoje, detesto musicais. São exagerados, pecam pelo excesso e apresentam situações completamente inverossímeis. Mas esse filme é de uma época em que a música se encaixava naturalmente no enredo. Era gostoso de assistir.
E em época de Galinhas Pintadinhas e Peppa Pigs, um filme como esse faz uma falta danada na educação e desenvolvimento cultural da molecada.
Definitivamente, uma grande obra de arte, para ver e rever várias vezes.
Um filme belíssimo! Pérola do cinema nacional, contando uma história que se passou no Brasil.
Trilha sonora fantástica, interpretações magistrais! Drama saltando da tela. As cenas finais com a katana ensanguentada são maravilhosas! Dava pra colocar numa moldura e pendurar na parede.
Enfim, uma bela obra de arte, executada à perfeição, contando um pequeno pedaço de uma importante parte da história da imigração japonesa no Brasil.
Um filme bem meia boca, que traz uma proposta interessante, mas não consegue executá-la de maneira satisfatória. Pra início de conversa: Comer, Rezar, Amar. Achei que fosse a motivação da personagem! Algo que ela busque, ou aproveite, no decorrer de sua jornada. Mas não! São capítulos da estória, praticamente. Segmentados. Quase que sem conexão uns com os outros. Primeiro ela come bagarai na Itália. Depois, reza bagarai na Índia e em Bali. E depois, sai amando um pseudo-brasileiro muito mal interpretado pelo Bardem. Sim, ainda que pelo Bardem. Porque não tacaram algum brasileiro bacana lá? Pela o Santoro, que tá nessa onda Hollywood, parece que já deu uns garras na Jeniffer Lopez e coizetale. Ficava até mais barato.
Mas, enfim, a única coisa que credencia o filme é o fato de ter sido baseado em fatos reais. Só. Porque de resto, eu não compraria essa briga aí de jeito nenhum.
Sensacional. Tarantino cada vez mais maduro, acertando a afinação na construção dramática de seus filmes. Ele está chegando à conclusão de que o bom do filme não está na violência orgásmica, mas na construção tântrica prévia do drama que, em algum momento, explodirá na violência.
Meu sonho era assistir esse filme em um cinema adaptado a 70mm Panavision. Deve ser coisa de louco.
Eu não via Samuel L. Jackson bom assim desde a época do Jules recitando a bíblia, em Pulp Fiction. "Say what again! I dare you! I double dare you motherfucker!"
Esse é o primeiro filme de Chad Stahelski e David Leitch, coordenadores de dublês dos filmes "Matrix".
Sinceramente, eu esperava mais. A premissa de que um cara ex-fodão da máfia acaba com o mundo do crime apenas por matarem seu cachorro e roubarem seu carro me parece um pouco forçada. Poderiam inventar algo melhor. Mas se encaixa bem com o mundo dos quadrinhos por exemplo.
Enfim, um bom filme, mas nada que vá ser lembrado dentro da filmografia do Keanu Reeves daqui há uns 3 ou 4 anos.
Outra coisa: Para o resto da vida, eu sentirei falta da dinâmica da cena da igreja de Kingsman, quando eu vir um cara sozinho invadindo um covil de motherfuckers e matando mais de 10 caras. Sabe a cena do hall, em Matrix? Aquilo já era, coisa do século passado. O que manda agora é a cena da igreja de Kingsman.
Há muito tempo que não assisto a algo tão bem feito, um roteiro tão bem amarrado, com figuras controversas...
Afinal, qual o preço da vida de alguém? Qual o preço da vida do seu próprio filho? Até onde as regras devem ser respeitadas e quando é que "o procedimento" não atende à necessidade?
Grande filme. Não consigo ver como é que "Garota Exemplar", por exemplo, consegue ser melhor que uma obra dessas.
Um excelente filme, com ótima produção, direção e artistas envolvidos.
Os diferentes tipos de animação, passando de stop motion a CG são espetaculares.
E a estória muitíssimo bem adaptada do livro de Saint-Exupéry.
Enfim, as animações (que não são mais apenas para crianças - se você assistiu a esse filme e gostou, deveria concordar) se mostram cada vez melhores, mais profundas e bem elaboradas. Perfeito.
Um filme muito bom, que faz jus ao restante da franquia.
A direção é firme, e logo de cara já mostra ser um avanço em relação aos filmes anteriores. Maneiraram no uso de CG, botaram androides e naves, sempre que possível, reais, e conseguiram bolar um vilão bem convincente. Kylo Ren já pode ser considerado como uma figura importantíssima!
Alguns aspectos, entretanto, me incomodaram.
O roteiro se parece com o do "Episódio IV - Uma Nova Esperança" além da conta. É como se J.J. Abrams quisesse atualizar a franquia, refilmá-la com as tecnologias atuais.
Por outro lado, existe também aproximação com Harry Potter
(a luta na neve está a cara de Harry vs. Voldemort, e só faltou a Rey ter a cicatriz na testa também, já que acredito piamente que ela seja filha de Luke Skywalker)
Enfim, um roteiro que acerta nos detalhes, mas peca no geral.
Outra coisa: que heresia foi aquela de botar o Finn dominando completamente o sabre de luz do Luke? Cavaleiros Jedis levam anos de treinamento para dominar um! Foi assim com Luke, com Anakin, com Obi-Wan e toda a turma! Dai, de repente, o cara está lutando pau a pau com o Kylo Ren! E depois, a Rey também dá trabalho! Sem nunca terem treinado? Achei forçado. Sem falar que tira a força dramática do Episódio VIII, no qual certamente
O cinema atual anda tão carente de filmes de ação, daqueles de raiz, com verve oitentista, que quando sai um filme desses, todo mundo já confere status de obra-prima.
E o filme é até bom mesmo. Mas tem falhas inacreditáveis, principalmente considerando que o roteiro tem a mão do Luc Besson.
O primeiro ato é uma lástima. Horrível! Atores desconfortáveis em seus papéis, saídas fáceis de roteiro e diálogos rasos, previsíveis. Até a parte do sequestro, é quase um filme trash B, que subestima a cabeça do espectador.
Mas, a partir do segundo ato, a coisa melhora bastante.
A sacada de colocar a menina gritando as características dos sequestradores pelo celular foi excelente! Prendeu a atenção na hora!
Daí do meio pro fim, também estabiliza. Nada de grandioso ou inovador, mas acaba sendo competente.
O Luc Besson curte esses caras que entram e saem dos lugares sem despertar suspeitas, lutam de tudo e arrebentam quem estiver pela frente... E também tem uma certa treta com a polícia, né? Esse filme me lembrou "O Profissional", que ele escreveu e dirigiu.
Talvez, Fabio Porcath seja o novo Selton Melo. Aquele cara que se encaixa bem em qualquer papel cômico, interpretando a si mesmo. Mas, talvez, seja exatamente isso que o atrapalha nesse filme.
Somos induzidos a pensar que, porque o Porchat é o protagonista, rodeado pela turma do Porta dos Fundos e sob a batuta de Ian SBF, o filme seja de comédia. E não é.
Sim, existem cenas hilárias, e grande parte das situações são cômicas. Mas o filme não é de comédia. Não é uma outra versão para "A Mulher Invisível". Pelo contrário, é uma metáfora bem elaborada sobre a vida em sociedade. Sobre o que importa na vida ou não. Sobre a participação das pessoas em nossa vida. Os relacionamentos que interessam ou não e o que devíamos ou não carregar adiante. Enfim: um drama.
E, dentro da proposta, é um filme muito bem feito, muito bem conduzido, digno de ser apresentado nas principais mostras do país e do exterior.
Uma grande estréia de Ian SBF, e um outro lado da turma da Porta, demonstrando que nem só de comédia inteligente eles vivem.
O Novíssimo Testamento
3.9 165Um filme engraçado, mas bastante fraco.
A proposta inicial é excelente! E renderia discussões bastante profundas sobre a antropomorfização de Deus, a profanação do sagrado, ou mesmo o machismo dentro da religião (afinal de contas, porque FILHO de Deus e não FILHA?... enfim).
O problema é que, da metade para o fim, o filme vira uma verdadeira comédia pastelão. Quase um besteirol. Cenas completamente absurdas e desnecessárias, mesmo para o universo do filme, comprometem sua credibilidade. (Um GORILA? Pelo amor de Deus...).
Enfim, bom para se divertir, quando não houver mais nada para fazer.
Quando Meus Pais Não Estão em Casa
3.7 47 Assista AgoraOlha, o filme e bom! Nada de excepcional, mas muito bem feito, com atuações marcarantes e personagens cativantes - mesmo que se posicionem temporariamente como vilões.
É bastante familiar ao "Casa Grande" e a "Que Horas Ela Volta?", com aquele lance todo de a empregada morar na casa do patrão, e cuidar dos filhos deles. Mas aqui, a realidade se mostra um pouco mais amena.
Os patrões não são tão ricos quanto nos filmes brasileiros. São de classe média, e na verdade quase chegam a ir à falência. As figuras dos "vilões" não são muito caricaturadas, e se mostram de maneira um pouco mais identificável.
Gostei. Recomendo a todos.
O Paraíso Infernal
3.9 26Sempre tive curiosidade com a obra do Hawks e calhou de ser este o primeiro filme que eu vi dele (tudo bem, não me julguem, eu sei que estou atrasado).
E que filme, hein? Grandes ousadias nos posicionamentos de câmera (as tomadas aéreas, acompanhando os aviões, são sensacionais). Uma estória que se mantém tensa e ao mesmo tempo divertida, com um tipo de humor discreto, equilibrado.
Fotografia seca, mas bacana! Figurino legal também e boas atuações (dizem que a Jean Arthur não queria o papel, mas acabou fazendo o filme. Enquanto isso, a lindíssima Rita Hayworth ficou para coadjuvante...
Enfim, uma belíssima obra. Quero assistir aos demais! Principalmente "Jejum de amor".
Dheepan: O Refúgio
3.6 82 Assista AgoraOlha, o filme engana muito bem.
De início, pensei que a proposta era outra. Afinal, refugiados e imigrantes são temas bastante atuais.
Mas após um começo tenso e marcado por certo ar de denúncia social, o filme se revela um pouco mais leve, com cenas interessantes ou mesmo engraçadas. A gente deixa escapar alguns risos.
Mas da metade para o fim, a coisa vira meio que uma mistura de filme do Charles Bronson com Clint Eastwood e até uma pitada de Rambo. Sinceramente, perdeu um pouco o tom, e virou um filme de ação e suspense. Não sei qual era a intenção do diretor, mas se ele queria um final tenso, com um trauma que unisse de vez o casal principal, acho que ele poderia ter recorrido a saídas mais verossímeis.
Joy: O Nome do Sucesso
3.4 778 Assista AgoraO filme é bem bacana. Mais um capítulo daquela estória que os americanos adoram: o batalhador (nesse caso, ela), que renasce das cinzas para conquistar o mundo. "Underdog" seria a palavra mais exata.
E mais um filme no estilo característico de David O. Russell, com Jennifer Lawrence, Robert De Niro e Bradley Cooper juntos.
Mas a estória é boa, a direção competente e atuações sólidas (mas, convenhamos, alguma digna de Oscar???).
É o Amor
2.6 4Meu Deus... que filme horrível!
Sinceramente, acho que por maior que seja a complexidade de uma obra e a intenção de aprofundar em determinado tema, o realizador não pode deixar de lado o seu espectador. É uma caminhada que ambos devem fazer juntos: criador e espectador. Do contrário, a obra perde seu objetivo, sua razão de existir.
Nesse filme, o diretor Paul Vecchialli deixou o espectador anos-luz para trás.
Diálogos completamente sem sentido dentro do contexto, cenas atravessadas, péssimas atuações e uma vontade de não ter objetivo tremenda transformaram esse filme em uma das coisas mais chatas que eu vi esse ano. E olha que não tenho esperanças de surgir algo pior, mesmo estando em fevereiro.
Ausência
3.4 71A intenção do filme é boa, o tema profundo e mais recorrente do que pensamos, mas faltou algo a mais.
As atuações são bem medianas. O Irandhir Santos é bom, consegue convencer (qualquer atuação dele é melhor que aquela de "O Som Ao Redor"). Mas o Matheus Fagundes e principalmente a Gilda Nomacce estão bem superficiais. Esperava mais deles (a cena do beijo é terrível!).
As cenas que reforçam a solidão do garoto são muito extensas, parece que o diretor quer nos convencer a todo custo que o garoto está abandonado - e não precisa. Já percebemos isso.
Em relação ao roteiro, muita coisa soou forçada. Porque a mãe quer voltar pra Bahia e faz questão de deixar o filho em Santo Amaro? Porque todo mundo insiste em falar do pai do garoto a toda hora? Qual o papel do playboy da feira? São todas questões inseridas para forçar a tensão, a ponto de a estória soar muito pouco natural.
Realmente, o filme só esboça todo o seu potencial quando Irandhir entra em cena. Aquele trecho à noite, na cama do professor, é muito bom. Tenso ao extremo.
Enfim, esperava mais do filme. O principal defeito, a meu ver, foram as atuações. Detalhes que fazem a diferença.
Creed: Nascido para Lutar
4.0 1,1K Assista AgoraExcelente filme. Já entrou para a minha lista de favoritos de todos os tempos.
Quando pensamos na franquia Rocky, automaticamente nos remetemos ao boxe. Mas Rocky é muito mais do que um filme sobre boxe. Trata-se de uma visão otimista sobre a vida em si. É sobre pessoas desprezadas, subestimadas, que por circunstâncias diversas aprendem a ter um novo olhar sobre a vida (e sobre a própria vida), descobrindo o próprio potencial a despeito de todas as dificuldades e críticas externas.
E esse filme não foi diferente. Com um olhar um pouco mais maduro e menos nostálgico do que o último “Rocky Balboa”, é um filme que definitivamente busca (e, acredito, consegue) ressuscitar a filosofia da saga Balboa – principalmente dos dois primeiros filmes (Rocky – Um Lutador e Rocky – A Revanche).
O interessante é que, tanto em Rocky – Um Lutador quanto neste Creed, Apollo surge como o grande rival a ser batido. Não no aspecto da luta (no primeiro filme, até que sim), mas em seu significado na vida. Apollo representa o último obstáculo, o grande desafio a si mesmo. Um espelho para o lado sombrio de cada um que diz “Você não é capaz. Você é fraco, é lento, é frágil”. Um dedo apontado em riste para as suas fraquezas. No primeiro filme, Balboa tem medo. O mundo externo o classifica como um sortudo qualquer pela chance de dividir o ringue com o campeão mundial. Adrian o estimula a desprezar as dificuldades internas e olhar para si mesmo. A frase “Win, Rocky” não era para ganhar a luta. Era para vencer o próprio medo. E assim ele fez. A luta em si foi apenas o exaurimento da grande luta interna que ele travou contra si mesmo e contra o mundo.
Em Creed, a mesma coisa acontece. As lutas, a ação dentro do ringue, são meros reflexos do que acontece dentro de Adonis. Inicialmente, apenas um impulso de raiva, inconformismo. Apollo surge, novamente, como o grande obstáculo a ser vencido. A sombra do pai (que nem chegou a conhecer) impede Donnie de encontrar seu próprio rumo. A sensação de abandono que sentia quando criança o acompanha. E Rocky surge, novamente, como o responsável por bater Apollo novamente. Nesse sentido, a cena em que Creed percorre os corredores e túneis do Goodison Park (estádio do Everton Football Club, clube de futebol do coração de Stallone), antes da luta final, encapuzado e com a mão de Rocky em seus ombros é especialmente significativa. Nos roupões, “Creed Team”. Não vemos mais “Balboa Team” ou “Rocky Team”. Mas o grande heroi contina sendo Rocky.
Enfim, um filme belíssimo, que qualquer grande fã da saga Rocky precisa assistir. Como Adonis deseja em relação a seu pai, Apollo, também esse filme consegue andar com as próprias pernas, sustentar a própria estória. Mas está tudo lá. A filosofia de vida, a superação individual, as músicas catárticas, a sequência apoteótica de treinamento e toda a sabedoria do Rocky. Um grande cara.
Esse projeto não partiu, inicialmente, do Sylvester Stallone, como se poderia supor. Mas se consolidou em um projeto muitíssimo bem executado, com grandes atuações e inovações no roteiro e na forma de filmar. A câmera claustrofóbica que invade o ringue e acompanha cada pancada, cada esquiva, cada knockdown é sensacional e retira grande parte da sensação de “luta ensaiada” dos antigos filmes de boxe. Cores excelentes, falas espirituosas, enfim... Um excelente filme.
Rocky wins.
Reza a Lenda
2.6 303O filme é bacana. Mas ainda o vejo como uma ótima tentativa de mudar os rumos do cinema nacional.
O Brasil ainda não tem a sua identidade marcada para filmes de ação. Temos nossas áreas de conforto - principalmente as dedicadas a temas sociais. Comédia existe aos montes, mas nunca foi minha praia. Agora, precisamos de grandes ícones de ação, e essa obra foi uma grande e importante tentativa.
Positivamente, ressalto as atuações de Cauã Reymond, Humberto Martins, Sophie Charlotte e Luisa Arraes. Jesuíta Barbosa também está muito bem e confortável no papel.
Quanto à estética utilizada, peca um pouco no uso de efeitos especiais (algumas explosões e fogos soaram bastante artificiais), mas vejo como uma certa homenagem aos filmes australianos da era "ozpoitation". Aquele lance de tornar o deserto (aqui, a caatinga) em um ambiente quase que com vida, abrigo de seres fantásticos, realidades claustrofóbicas e tudo mais. A caatinga é nosso outback. Além disso, o pé no trash é muito bem vindo!
Aquela cena de Pica-Pau na carroceria da caminhonete, disparando a metralhadora giratória de forma orgástica nos inimigos, aquilo é espetacular! A melhor cena do filme, na minha opinão. Lembra Mad Max.
Por outro lado, acho que faltou um pouco mais de calma no ritmo do filme. O tempo todo, me parece que o diretor estava ansioso para mostrar a ação, terminar as falas, impor transições. Em diversas cenas, se houvesse um pouco mais de calma, a tensão aumentaria ainda mais.
Também gostei da homenagem aos westerns spaghettis. A cena inicial do roubo da santa é bem bacana. Como em outros casos, faltou calma para a cena se desenrolar com a tensão certa.
Os figurinos estavam bem legais, os veículos, as locações, tudo muito bom!
Por outro lado, a trilha sonora me soou deslocada. Como todo o filme, faz um papel ansioso de indução da ação a todo custo. As quebras também são muito abruptas, o que causa certo incômodo nas transições.
Quanto ao roteiro, achei bem construído - apesar de contar com algumas falhas
(por exemplo, por que diabos todo mundo foi embora e deixou a velha tomando conta da santa sozinha??? Tava na cara que ia dar merda).
Estou na torcida para que filmes como esse se tornem frequentes, e melhorem cada vez mais.
Um Lugar ao Sol
3.9 168 Assista AgoraOlha, o filme é bom. A proposta é ousada e original.
Mas alguns aspectos me incomodaram. Primeiramente, a proposta é a de ser um documentário, e documentários geralmente informam, tentam desvendar realidades, mostrar outro lado da moeda de questões específicas. E, à parte de qualquer didatismo que o filme não possua (não traz dados concretos, não explica muita coisa, não há narração ou intervenção explícita do documentarista - mas isso nunca foi imprescindível em nenhum documentário), a obra não esclarece nada. Pelo contrário, ela traz um recorte (muito bem feito, por sinal) de situações patéticas, as quais nos levam a julgar as pessoas em si como patéticas.
Enfim, sob o pretexto de desvendar o estranho mundo das pessoas que moram em coberturas, o filme apenas reduz aqueles personagens às suas falas patéticas. Não raro por indução do documentarista (vejam bem as partes em que ele pergunta ao careca dono do Bahamas "O que é poder?" e, logo em seguida, dá o zoom na cara dele. Ou na parte em que pergunta à senhora se ela acha que está mais perto de Deus.).
Enfim, o documentário nos leva a questionar o limite da ética no cinema. Afinal, aquelas pessoas abrem suas casas e seus peculiares pontos de vista sobre aspectos específicos e são expostos ao ridículo sem saberem. São induzidas a uma situação de ridículo e depois reduzidas a apenas isso, à sua revelia.
Aliás, o trecho em que vemos a filmagem caseira de uma das moradoras, pertencente a seu arquivo pessoal, soa como uma tentativa de referendar o filme como um todo, dando credibilidade e mostrando "Olha! Ela pensa esses absurdos mesmo longe de perguntas de documentaristas! Realmente é a visão estapafúrdia de mundo dela! É a verdade que ela carrega mesmo em sua intimidade".
Enfim, a proposta é boa, ousada e bem construída. Mas o filme perde sua honestidade na medida em que trabalha muito mais para construir a visão de seu autor (a de que os moradores de cobertura são ridículos) do que para mostrar uma realidade de fato. Aquelas pessoas não são APENAS ridículas. Elas possuem vários outros aspectos pessoais, profissionais, sentimentais, dentre outros, para serem explorados. Mas o autor nos mostra um recorte. Uma brecha no muro. Como aquele filete de sol aproveitado pelos banhistas na praia lotada de sombras de edifícios.
Nesse ponto, Edifício Master, de Eduardo Coutinho, se mostra muito mais forte, completo e honesto em sua proposta.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraExcelente filme.
De cara, o que mais me chama a atenção são as atuações de Di Caprio e de Tom Hardy. Não sei se alguém vai ter a coragem de contestar isso, porque estão destruidoras, sensacionais. Merecem muito ser premiados (sou fã do Stallone, e mais fã ainda de Rocky, e dá dó torcer contra Creed, mas nesse caso não vejo alternativa).
Tá ok, falar bem, todo mundo está falando - porque merece mesmo.
Mas vou aproveitar para lançar algumas críticas.
Primeiramente, não gostei dos efeitos especiais. Quer dizer, foram muito bons, mas em alguns momentos deixam a desejar.
Os movimentos do urso me pareceram um pouco mecanizados demais, ou lastreados em CGI em determinados pontos. A queda do cavalo no penhasco, da mesma forma. E, em algumas cenas no alto das montanhas, quase dá para notar o fundo verde/azul, numa das cenas entre Fitzgerald e Bridger.
Em segundo, realmente não gostei do final. Ponto negativo para o autor do livro, e também para o roteirista.
Na estória original (que virou lenda), Hugh Glass perdoa Fitzgerald e todos aqueles que o abandonaram. Perdoa. O que demonstra a grandeza de seu carater, e sua fodacidade. O cara é FODA. No final desse filme, ele persegue e mata 99% do Fitzgerald. E deixa 1% pros índios. E quase morre no processo. O roteiro apelou para um clichê - lutas e desafios finais entre protagonista e antagonista - que não necessariamente aconteceram, e rebaixam o final filme do filme a mais um clichê. Tá bom, tá bom, todos queriam mesmo ver o Glass dar uma surra no Fitzgerald, e ele merecia. Mas a coisa ficou sensacionalista demais. Trata-se de uma estória americana tradicional, quase uma lenda popular. Todo mundo sabe que não rolou aquilo. Mas fizeram questão de colocar. Aliás, aposto que no final do livro não rolou isso também...
Por fim, achei um pouco artificial demais os movimentos de câmera durante as batalhas. Acho que o Inarritu tentou criar algo pessoal ali, deixar uma marca, mas ficou meio óbvio.
Dava pra sacar que todos os focos da câmera seriam atacados/mortos.
Mas enfim, são considerações de um chato. O filme merece todos os louros.
Ovelha Negra
2.9 50É um bom filme, mas nada demais.
Me pareceu bastante com o conceito e tema de "Boyhood", mas elaborado de maneira mais simplista. Aquele lance das escolhas que fazemos no decorrer da vida, a forma de encarar os desafios, desapegos, a família e os amigos. Só que faltou profundidade e marcos de roteiro. Me soou meio simplista demais.
Por outro lado, o grande barato é o casting. Para quem é fã de séries de TV, o elenco é uma reunião de grandes estrelas! Temos David Duchovny (Arquivo X, Californication e Aquarius), Graham Phillips (The Good Wife), Vera Farmiga (Motel Bates, Touching Evil), Keri Russel (Felicity, The Americans), Justin Kirk (Weeds, Modern Family) e Ty Burrell (Modern Family, Out of Practice). É bom ressaltar, ainda, a participação especial de Alan Ruck (o Cameron, de Curtindo a Vida Adoidado) como Dr. Eldridge. É uma agradável surpresa vê-los todos juntos, como uma festa do Emmy Awards, desempenhando papéis completamente diferentes dos que estamos acostumados. Imagino que estratégias como essa também podem ter a ver com o orçamento do filme.
O perigo é que, em determinados momentos, o filme soa como um grande e longo episódio de TV.
Boa fotografia (nada excepcional, como "Youth" ou "Livre", por exemplo). Trilha sonora também consistente. Bom figurino, boa maquiagem.
Enfim, um bom filme. Nada mais que isso.
Te Amarei Para Sempre
3.7 1,4K Assista AgoraTrata-se de um bom filme, que trabalha uma ideia meio batida (viagem no tempo) de maneira relativamente original: no ponto de vista de quem não viaja.
Temos flash das realidades que o protagonista visita, mas não sabemos de maneira integral o que acontece. Pelo contrário, como o próprio título original do filme nos sugere (The Time Traveler’s Wife), acompanhamos as descobertas da esposa do viajante do tempo.
De qualquer forma, me parece que, apesar de adoráveis atuações do elenco em geral (Rachel McAdams cada vez mais linda), a química entre o casal Abshire/DeTamble não funciona muito bem. Parecem distantes, sem muito calor, sem entrosamento. Rachel me parece mais confiante em outro filme sobre viagens temporais - Questão de Tempo (About Time, 2015).
Gosto sempre das aparições inusitadas de Stephen Tobolowski (Feitiço do Tempo; Californication) - aqui, como Dr. Kendrick.
O Enigma de Outro Mundo
4.0 981 Assista AgoraTerror nunca foi muito a minha área.
Mas é interessante que o terror bem feito é aquele focado no drama pré-sangue. Na tensão pré-carnificina. E o sangue jorrando, as cabeças rolando são meramente o orgasmo final.
Esse filme é o típico exemplo disso.
A cena em que Kurt Russel testa as amostras de sangue com o fio de cobre incandescente é espetacular! E aquela "cabeça-aranha"? Espetáculo!
Quando assistimos a um filme antigo, original, e temos a sensação de estar observando um amontoado de clichês, esse filme pode ser classificado como uma obra-prima e paradigma do cinema. Isso porque o filme provocou os clichês. Depois dele, todo mundo saiu copiando.
E esse é o caso. Grande filme! Inveja de quem o assistiu na época de seu lançamento.
Mary Poppins
4.0 612 Assista AgoraEsse é o melhor filme da minha infância! Assisti-lo é sempre uma experiência nostálgica.
Hoje, detesto musicais. São exagerados, pecam pelo excesso e apresentam situações completamente inverossímeis. Mas esse filme é de uma época em que a música se encaixava naturalmente no enredo. Era gostoso de assistir.
E em época de Galinhas Pintadinhas e Peppa Pigs, um filme como esse faz uma falta danada na educação e desenvolvimento cultural da molecada.
Definitivamente, uma grande obra de arte, para ver e rever várias vezes.
Corações Sujos
3.6 264 Assista AgoraUm filme belíssimo!
Pérola do cinema nacional, contando uma história que se passou no Brasil.
Trilha sonora fantástica, interpretações magistrais! Drama saltando da tela.
As cenas finais com a katana ensanguentada são maravilhosas! Dava pra colocar numa moldura e pendurar na parede.
Enfim, uma bela obra de arte, executada à perfeição, contando um pequeno pedaço de uma importante parte da história da imigração japonesa no Brasil.
Merece ser visto e revisto várias vezes.
Comer Rezar Amar
3.3 2,3K Assista AgoraJavier Bardem imitando brasileiro? Qualé!!
Um filme bem meia boca, que traz uma proposta interessante, mas não consegue executá-la de maneira satisfatória.
Pra início de conversa: Comer, Rezar, Amar. Achei que fosse a motivação da personagem! Algo que ela busque, ou aproveite, no decorrer de sua jornada. Mas não! São capítulos da estória, praticamente. Segmentados. Quase que sem conexão uns com os outros. Primeiro ela come bagarai na Itália. Depois, reza bagarai na Índia e em Bali. E depois, sai amando um pseudo-brasileiro muito mal interpretado pelo Bardem. Sim, ainda que pelo Bardem. Porque não tacaram algum brasileiro bacana lá? Pela o Santoro, que tá nessa onda Hollywood, parece que já deu uns garras na Jeniffer Lopez e coizetale. Ficava até mais barato.
Mas, enfim, a única coisa que credencia o filme é o fato de ter sido baseado em fatos reais. Só. Porque de resto, eu não compraria essa briga aí de jeito nenhum.
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraQue filme BADASS MOTHERFUCKER!
Sensacional. Tarantino cada vez mais maduro, acertando a afinação na construção dramática de seus filmes. Ele está chegando à conclusão de que o bom do filme não está na violência orgásmica, mas na construção tântrica prévia do drama que, em algum momento, explodirá na violência.
Meu sonho era assistir esse filme em um cinema adaptado a 70mm Panavision. Deve ser coisa de louco.
Eu não via Samuel L. Jackson bom assim desde a época do Jules recitando a bíblia, em Pulp Fiction. "Say what again! I dare you! I double dare you motherfucker!"
John Wick: De Volta ao Jogo
3.8 1,8K Assista AgoraEsse é o primeiro filme de Chad Stahelski e David Leitch, coordenadores de dublês dos filmes "Matrix".
Sinceramente, eu esperava mais. A premissa de que um cara ex-fodão da máfia acaba com o mundo do crime apenas por matarem seu cachorro e roubarem seu carro me parece um pouco forçada. Poderiam inventar algo melhor. Mas se encaixa bem com o mundo dos quadrinhos por exemplo.
Enfim, um bom filme, mas nada que vá ser lembrado dentro da filmografia do Keanu Reeves daqui há uns 3 ou 4 anos.
Outra coisa: Para o resto da vida, eu sentirei falta da dinâmica da cena da igreja de Kingsman, quando eu vir um cara sozinho invadindo um covil de motherfuckers e matando mais de 10 caras. Sabe a cena do hall, em Matrix? Aquilo já era, coisa do século passado. O que manda agora é a cena da igreja de Kingsman.
Os Suspeitos
4.1 2,7K Assista AgoraCaramba, que filmaço!
Há muito tempo que não assisto a algo tão bem feito, um roteiro tão bem amarrado, com figuras controversas...
Afinal, qual o preço da vida de alguém? Qual o preço da vida do seu próprio filho? Até onde as regras devem ser respeitadas e quando é que "o procedimento" não atende à necessidade?
Grande filme. Não consigo ver como é que "Garota Exemplar", por exemplo, consegue ser melhor que uma obra dessas.
O Pequeno Príncipe
4.2 1,1K Assista AgoraUm excelente filme, com ótima produção, direção e artistas envolvidos.
Os diferentes tipos de animação, passando de stop motion a CG são espetaculares.
E a estória muitíssimo bem adaptada do livro de Saint-Exupéry.
Enfim, as animações (que não são mais apenas para crianças - se você assistiu a esse filme e gostou, deveria concordar) se mostram cada vez melhores, mais profundas e bem elaboradas. Perfeito.
Star Wars, Episódio VII: O Despertar da Força
4.3 3,1K Assista AgoraUm filme muito bom, que faz jus ao restante da franquia.
A direção é firme, e logo de cara já mostra ser um avanço em relação aos filmes anteriores. Maneiraram no uso de CG, botaram androides e naves, sempre que possível, reais, e conseguiram bolar um vilão bem convincente. Kylo Ren já pode ser considerado como uma figura importantíssima!
Alguns aspectos, entretanto, me incomodaram.
O roteiro se parece com o do "Episódio IV - Uma Nova Esperança" além da conta. É como se J.J. Abrams quisesse atualizar a franquia, refilmá-la com as tecnologias atuais.
Por outro lado, existe também aproximação com Harry Potter
(a luta na neve está a cara de Harry vs. Voldemort, e só faltou a Rey ter a cicatriz na testa também, já que acredito piamente que ela seja filha de Luke Skywalker)
Enfim, um roteiro que acerta nos detalhes, mas peca no geral.
Outra coisa: que heresia foi aquela de botar o Finn dominando completamente o sabre de luz do Luke? Cavaleiros Jedis levam anos de treinamento para dominar um! Foi assim com Luke, com Anakin, com Obi-Wan e toda a turma! Dai, de repente, o cara está lutando pau a pau com o Kylo Ren! E depois, a Rey também dá trabalho! Sem nunca terem treinado? Achei forçado. Sem falar que tira a força dramática do Episódio VIII, no qual certamente
teremos um treinamento intenso entre Rey e Luke.
De qualquer forma, um filme digno, marcante, com todos os requisitos preenchidos para se tornar mais um clássico.
Busca Implacável
4.0 1,3K Assista AgoraO cinema atual anda tão carente de filmes de ação, daqueles de raiz, com verve oitentista, que quando sai um filme desses, todo mundo já confere status de obra-prima.
E o filme é até bom mesmo. Mas tem falhas inacreditáveis, principalmente considerando que o roteiro tem a mão do Luc Besson.
O primeiro ato é uma lástima. Horrível! Atores desconfortáveis em seus papéis, saídas fáceis de roteiro e diálogos rasos, previsíveis. Até a parte do sequestro, é quase um filme trash B, que subestima a cabeça do espectador.
Mas, a partir do segundo ato, a coisa melhora bastante.
A sacada de colocar a menina gritando as características dos sequestradores pelo celular foi excelente! Prendeu a atenção na hora!
Daí do meio pro fim, também estabiliza. Nada de grandioso ou inovador, mas acaba sendo competente.
O Luc Besson curte esses caras que entram e saem dos lugares sem despertar suspeitas, lutam de tudo e arrebentam quem estiver pela frente... E também tem uma certa treta com a polícia, né? Esse filme me lembrou "O Profissional", que ele escreveu e dirigiu.
Entre Abelhas
3.4 830Um bom filme.
Talvez, Fabio Porcath seja o novo Selton Melo. Aquele cara que se encaixa bem em qualquer papel cômico, interpretando a si mesmo. Mas, talvez, seja exatamente isso que o atrapalha nesse filme.
Somos induzidos a pensar que, porque o Porchat é o protagonista, rodeado pela turma do Porta dos Fundos e sob a batuta de Ian SBF, o filme seja de comédia. E não é.
Sim, existem cenas hilárias, e grande parte das situações são cômicas. Mas o filme não é de comédia. Não é uma outra versão para "A Mulher Invisível". Pelo contrário, é uma metáfora bem elaborada sobre a vida em sociedade. Sobre o que importa na vida ou não. Sobre a participação das pessoas em nossa vida. Os relacionamentos que interessam ou não e o que devíamos ou não carregar adiante. Enfim: um drama.
E, dentro da proposta, é um filme muito bem feito, muito bem conduzido, digno de ser apresentado nas principais mostras do país e do exterior.
Uma grande estréia de Ian SBF, e um outro lado da turma da Porta, demonstrando que nem só de comédia inteligente eles vivem.