Podia ser bem melhor do que é. O Sorkin é conhecido pelos dramas de tribunal enquanto roteirista, mas aqui fica claro que ele ainda precisa comer um arroz com feijão gostoso enquanto diretor. São várias tomadas insípidas para criar um ar além do teatral que as quatro paredes do tribunal causam no espectador. Nem todos os personagens são bem escritos (Gordon-Levitt e Strong mesmo que tentem, tem seres unidimensionais para trabalhar) e nem todos os atores estão bem (Eddie Redmayne fraquíssimo em cena com os tiques insuportáveis de sempre), mas Frank Langella e Mark Rylance são os destaques do elenco.
O filme tem seus momentos poderosos que deixam o espectador arrepiado, como a cena que Bobby Seale é amordaçado ao lado dos seus companheiros brancos em total liberdade, mas em muitas vezes o texto é verborrágico e tem um final vexatório. Engaja o espectador enquanto entretenimento, mas Sorkin aqui não quer só isso (e isso fica bem claro), então é uma oportunidade perdida de fazer algo realmente INCRÍVEL com um tema tão foda.
Roteiro muito bem estruturado de mais um filme que expõe as mazelas dos americanos, especialmente os de classe média. Uma atuação excelente do Hugh Jackman coroa o todo de forma estupenda.
Eu amei tudo hahaha, e não posso reclamar de ficar mais um tempo com Titus e Jacqueline, especialmente ela, numa atuação sempre maravilhosa da Krakowski. Consegui acertar o fim de cara e foi lindo, muito bom me despedir desses personagens assim.
Eu gosto que, assim como no original, o elenco do teatro tenha tido a chance de reprisar seus papéis na versão em vídeo. Hoje, 50 anos depois, todos são homens abertamente gays. O texto de Mart Crowley ainda ressoa no século XXI mesmo tendo sido feito antes das mazelas que viriam a soterrar a comunidade gay como, por exemplo, o HIV.
Nós nos odiamos, ou ao menos aprendemos a isso fazer, e acabamos por refletir atitudes assim nos outros, mesmo que sejam nossos ''semelhantes'', amigos até. O ambiente gay é nocivo, as vezes como brincadeira, as vezes de forma 100% real. Aqui, quase que presos em um, belíssimo apartamento, vemos os mais variados tipos de uma comunidade destilando seu veneno e tentando lidar com suas escolhas e problemas. Harold talvez seja o maior exemplo disso, é o mais esguio e venenoso (Zachary Quinto deliciosamente teatral), mas é Michael (no melhor momento da carreira de Jim Parsons) que acaba comandando toda essa erupção de angústia, raiva e lágrimas que vai pulando de pessoa em pessoa. O ressentimento mata alguém.
Ser gay não é fácil, em 2020 continua sendo uma batalha diária, mas a gente pode tornar uma experiência menos dolorida. Já sofremos tanto fora, vamos nos abraçar quando estamos juntos.
''But you'll always be homosexual. Always Michael. Always. Until the day you die.''
Lembrei de ''This Is Spinal Tap'' na hora que começou, é uma experiência muito mais engraçada do que eu previa e passar num piscar de olhos. É sempre bom ver comédias abordando temas diferentes para tirar a risada do espectador. O elenco está nota 10.
O que a gente consegue perceber na revisitação é que, assim como outras obras, o assunto é maior que o filme. Tudo que o ''Dzi'' representa pra arte, a nível mundial, é muito impactante e fica com a gente, mas o documentário, mesmo que fazendo bem seu trabalho, acaba sim caindo em vários locais comuns do gênero, não é um erro, mas poderia sim ser mais inspirado.
Perto de terminar o filme, fiquei considerando se não era longo demais. E era, mas isso não impede que essa suntuosa produção sobre uma pessoa tão especial na vida de uma das maiores figuras históricas da raça humana valha a pena ser vista. É interessante observar, através dos olhos de uma mulher, tudo que foi feito por Napoleão para que ele se tornasse... bem, Napoleão.
A majestosa direção de arte, os figurinos deslumbrantes e uma Jean Simmons irrepreensível dão o tom do filme, que traz a figura de Brando quase como uma alegoria, mas que aqui e ali dão a ele um personagem para que possa se divertir. É o trabalho menos interessante do mesmo desde seu debut no cinema, mas o carisma e o star quality necessário ainda são bem claros aqui. Ah, a cena final é muito bem filmada.
A presença de Brando é sempre algo notável em um longa, e acredito que a existência de ''O Selvagem'' foi super importante para definir a juventude de uma geração, especialmente de uma sociedade pós-Segunda Guerra Mundial. Porém, a visita a esse filme nos anos atuais causa pouco impacto e por mais que Brando tente, o material nunca sai do nível de ''mediano''. No entanto, como uma pesquisa (como venho fazendo) de como o ator definiu tanto uma década como Marlon fez nos anos 50, vale a pena a conferida.
Uma delícia de filme. Decidi revisitar esse não só pela maratona Brando, mas por ter feito o solilóquio mais popular da peça na minha aula de interpretação semestre passado e amei ainda mais do que a primeira vez.
Não é fácil adaptar uma tragédia de Shakespeare, e se for fazer de forma clássica, vá com tudo. E o Mankiewicz não hesita em nada aqui. Dos sets, aos figurinos e até a decisão de fazer todo em preto e brando, tudo combina para a linguagem do filme. E, acima de tudo, o elenco. Que elenco!
Ninguém tem medo de ir até a última potência entregando esses textos e isso é essencial para que essa linguagem teatral funcione perfeitamente, é necessário uma forte unidade e não tem quem possa dizer que faltou isso aqui. De Greer Garson até o estupendo John Gielgud, todo mundo está um estouro. E Brando, que só entra mesmo com metade do filme já passado, tem aquela presença que poucos possuem e todos gostariam de ter. É mais um que coloca a cereja no bolo dessa belíssima adaptação que dialoga tanto com o jogo político atual, que em nada inova na forma como um tenta trapacear o outro.
É impossível assistir em 2020 e não levantar a sobrancelha vendo Brando interpretar um mexicano, mas para o bem ou para o mal, um ator do porte dele faz você esquecer isso rapidamente. Em uma outra atuação que só Marlon poderia entregar, em alguns minutos você consegue captar a essência de Zapata, seu lado forte, mas também suas dúvidas e incertezas. Ele é, ao menos aparenta ser, uma pessoa que realmente acredita em seu povo e sua terra, e nisso o ator acerta com veemência.
E não é como se Kazan filmasse com menos precisão do que os demais trabalhos que fez na década, não só é enquadrado com maestria, mas tem uma mensagem bem clara sobre o que acredita, por consequência de quem está sendo retratado. Ah, se eu estava achando Anthony Quinn nada demais, sua cena final mais que justifica a aclamação que o mesmo recebeu aqui.
Revisitar ''Sindicato'' após começar a estudar atuação e, especialmente, assistindo a projetos paralelos da mesma época é atestar que não adianta espernear, Brando foi o maior de todos. É uma composição feita de forma tão bem pontuada, interna e, ao mesmo tempo, forte demais. Está tudo na mente de Terry, mas também está tudo com a gente por causa de Brando. O que ele já entrega perfeito em ''Streetcar'', aqui é apenas a carimbada de sua arte.
O filme, sem dúvidas, é estupendo por si só. Muitos dizem que foi uma resposta de Kazan aos que criticaram seu posicionamento ao falar sobre seus colegas comunistas, mas é um trabalho que tem pungência dramática em tudo. Cada take, cada ator, tudo é muito singular e entregam uma jornada irrefutável ao espectador. O elenco todo é um desbunde, mas a (não)-fragilidade de Eva Marie Saint também precisa ser destacada.
Um colosso em tudo que se propõe, ''Sindicato de Ladrões'' é uma obra necessária e que identifica bem o que foi Hollywood na década de 50.
Enquanto um jovem gay, é difícil se concentrar no filme com Brando sendo tão gostoso, mas d-us sabe que eu tentei.
E, ao fazer isso, fiquei impressionado com o retrato perfeito de Brando desse homem ferido em um mundo que não gosta mais dele. É bom ver as amizades que ele é capaz de criar depois de conseguir se abrir, de entender um pouco do relacionamento amoroso que não será fácil, mas pode ser real e ter um vislumbre do mundo real para as pessoas que sofreram esses ferimentos.
Poderia ser melhor? Com certeza, mas ainda vale a conferida.
Uma inspirada direção de Hawks alinhada com um protagonista perfeitamente defendido pelo astro Humphrey Bogart fazem de ''À Beira do Abismo'' um dos mais fortes exemplares do gênero noir. Sem nunca perder o ritmo e ainda nos agraciar com a estonteante Lauren Bacall, o filme é uma joia que merece ser vista.
Um rosto irresistível, um platinado marcante e um traje de banho arrebatador são alguns dos artifícios que Mrs Lana Turner utiliza para não deixar o espectador tirar os olhos dela.
Sua Cora é amorosa, verdadeira e quase vira uma mocinha quando se mostra apaixonada, mas é também capaz de armar um plano para matar seu marido, explodir em ódio por ser traída e chorar de coração partido ao pedir desculpas. E eu compro todas as cenas que Turner faz alguma dessas reviravoltas porque, acima de tudo, ela mesmo acredita em sua personagem. Uma personagem tão diferente e hipnotizante que é, quase, impossível esquecer.
Bergman entrega aqui uma das performances mais emblemáticas do cinema de Hitchcock. A jovem Alice navega por um oceano de paixão, intriga e maldade e a atriz acompanha isso com o carisma e talento que a personagem requer, dividindo a tela com, ninguém menos, Cary Grant e nunca deixando se apagar.
A forma como Bergman se abre e vai se entregando a personagem é muito intrínseco ao que o espectador está sendo jogado. Quando a gente se dá conta, já estamos imersos na trama, apaixonados pela atriz e sua personagem, e ficamos embasbacados com a cena do café perto do fim do longa. É de tirar o chapéu. Um Hitchock que é, de fato, subestimado.
A performance da estonteante Hayworth em ''Gilda'' deve ser a mais famosa desse ano. Gilda é a essência de uma ''femme fatale'' e basta um jogar de cabelo para trás, para que saibamos o poder de Rita. A personagem é apaixonada, mas muito segura. Sexy, mas sem deixar de demonstrar fragilidade.
E tudo isso é muito fácil de ser deixado de lado simplesmente porque a atriz que a defende é uma beldade, mas está tudo ali em cena. Rita defende com unhas e dentes e capta toda a energia necessária para fazer de sua passagem, um marco na tela.
Achei lindíssimo! Até entendo as pessoas que acham a personagem meio ''sem simpatia'', mas compreendi demais Pacarrete. Seja pela perda, pela falta ou desrespeito a sua arte ou a solidão que isso traz, funcionou tudo em mim. A cena do bolo de milho eu chorei forte demais, e Marcelia Cartaxo está maravilhosa aqui. Vejam!
É um bom, mesmo que esquecível, filme sobre o despertar da vida de um jovem em uma época pós guerra. Nem sempre funciona, e a criança não é sempre boa, mas Gregory Peck e Jane Wyman sustentam a trama e os aprendizados ainda sobrevivem mesmo décadas depois.
É muito ruim. Exagerado demais sem nunca instigar muito, não sobrevive ao teste do tempo e tanto Jennifer Jones quanto Gregory Peck são pouco convincentes aqui. Quem sai ilesa é uma estupenda Lillian Gish, mas nem ela é capaz de valer as mais de duas horas de duração desse rip-off meia boca de ''... E O Vento Levou''.
É uma cinebiografia bem quadrada, mas que contém uma performance muito boa de Rosalind Russell. E a história da enfermeira em questão é fascinante, talvez pudesse ter uns 20 minutos a menos, mas ainda assim engaja porque sua atriz protagonista é excelente.
É um magnífico filme sobre diversos temas. Desejo, solidão, vida e tudo mais que vem dentro disso tudo. E Celia Johnson, despida de qualquer glamour, entrega uma atuação tão verdadeira e poderosa que mal parece ter sido filmada nos anos 40, o cinema britânico é realmente um luxo.
Eles e Elas
3.4 39Delícia de filme de um dos musicais mais ''perfeitinhos'' do teatro americano. Simmons BRILHA!
Os 7 de Chicago
4.0 581 Assista AgoraPodia ser bem melhor do que é. O Sorkin é conhecido pelos dramas de tribunal enquanto roteirista, mas aqui fica claro que ele ainda precisa comer um arroz com feijão gostoso enquanto diretor. São várias tomadas insípidas para criar um ar além do teatral que as quatro paredes do tribunal causam no espectador. Nem todos os personagens são bem escritos (Gordon-Levitt e Strong mesmo que tentem, tem seres unidimensionais para trabalhar) e nem todos os atores estão bem (Eddie Redmayne fraquíssimo em cena com os tiques insuportáveis de sempre), mas Frank Langella e Mark Rylance são os destaques do elenco.
O filme tem seus momentos poderosos que deixam o espectador arrepiado, como a cena que Bobby Seale é amordaçado ao lado dos seus companheiros brancos em total liberdade, mas em muitas vezes o texto é verborrágico e tem um final vexatório. Engaja o espectador enquanto entretenimento, mas Sorkin aqui não quer só isso (e isso fica bem claro), então é uma oportunidade perdida de fazer algo realmente INCRÍVEL com um tema tão foda.
Má Educação
3.6 106 Assista AgoraRoteiro muito bem estruturado de mais um filme que expõe as mazelas dos americanos, especialmente os de classe média. Uma atuação excelente do Hugh Jackman coroa o todo de forma estupenda.
Unbreakable Kimmy Schmidt: Kimmy Vs. O Reverendo
3.4 53Eu amei tudo hahaha, e não posso reclamar de ficar mais um tempo com Titus e Jacqueline, especialmente ela, numa atuação sempre maravilhosa da Krakowski. Consegui acertar o fim de cara e foi lindo, muito bom me despedir desses personagens assim.
The Boys in the Band
3.5 210Eu gosto que, assim como no original, o elenco do teatro tenha tido a chance de reprisar seus papéis na versão em vídeo. Hoje, 50 anos depois, todos são homens abertamente gays. O texto de Mart Crowley ainda ressoa no século XXI mesmo tendo sido feito antes das mazelas que viriam a soterrar a comunidade gay como, por exemplo, o HIV.
Nós nos odiamos, ou ao menos aprendemos a isso fazer, e acabamos por refletir atitudes assim nos outros, mesmo que sejam nossos ''semelhantes'', amigos até. O ambiente gay é nocivo, as vezes como brincadeira, as vezes de forma 100% real. Aqui, quase que presos em um, belíssimo apartamento, vemos os mais variados tipos de uma comunidade destilando seu veneno e tentando lidar com suas escolhas e problemas. Harold talvez seja o maior exemplo disso, é o mais esguio e venenoso (Zachary Quinto deliciosamente teatral), mas é Michael (no melhor momento da carreira de Jim Parsons) que acaba comandando toda essa erupção de angústia, raiva e lágrimas que vai pulando de pessoa em pessoa. O ressentimento mata alguém.
Ser gay não é fácil, em 2020 continua sendo uma batalha diária, mas a gente pode tornar uma experiência menos dolorida. Já sofremos tanto fora, vamos nos abraçar quando estamos juntos.
''But you'll always be homosexual. Always Michael. Always. Until the day you die.''
O Que Fazemos nas Sombras
4.0 663 Assista AgoraLembrei de ''This Is Spinal Tap'' na hora que começou, é uma experiência muito mais engraçada do que eu previa e passar num piscar de olhos. É sempre bom ver comédias abordando temas diferentes para tirar a risada do espectador. O elenco está nota 10.
Dzi Croquettes
4.4 244O que a gente consegue perceber na revisitação é que, assim como outras obras, o assunto é maior que o filme. Tudo que o ''Dzi'' representa pra arte, a nível mundial, é muito impactante e fica com a gente, mas o documentário, mesmo que fazendo bem seu trabalho, acaba sim caindo em vários locais comuns do gênero, não é um erro, mas poderia sim ser mais inspirado.
O Que Fazemos nas Sombras
4.0 663 Assista AgoraDelícia, quem gostou eu recomendo ''This Is Spinal Tap''. Taika reizinho.
Hamilton
4.5 256 Assista AgoraObra irrepreensível!
Désirée - O Amor de Napoleão
3.5 23 Assista AgoraPerto de terminar o filme, fiquei considerando se não era longo demais. E era, mas isso não impede que essa suntuosa produção sobre uma pessoa tão especial na vida de uma das maiores figuras históricas da raça humana valha a pena ser vista. É interessante observar, através dos olhos de uma mulher, tudo que foi feito por Napoleão para que ele se tornasse... bem, Napoleão.
A majestosa direção de arte, os figurinos deslumbrantes e uma Jean Simmons irrepreensível dão o tom do filme, que traz a figura de Brando quase como uma alegoria, mas que aqui e ali dão a ele um personagem para que possa se divertir. É o trabalho menos interessante do mesmo desde seu debut no cinema, mas o carisma e o star quality necessário ainda são bem claros aqui. Ah, a cena final é muito bem filmada.
O Selvagem
3.7 93 Assista AgoraA presença de Brando é sempre algo notável em um longa, e acredito que a existência de ''O Selvagem'' foi super importante para definir a juventude de uma geração, especialmente de uma sociedade pós-Segunda Guerra Mundial. Porém, a visita a esse filme nos anos atuais causa pouco impacto e por mais que Brando tente, o material nunca sai do nível de ''mediano''. No entanto, como uma pesquisa (como venho fazendo) de como o ator definiu tanto uma década como Marlon fez nos anos 50, vale a pena a conferida.
Júlio César
3.8 39 Assista AgoraUma delícia de filme. Decidi revisitar esse não só pela maratona Brando, mas por ter feito o solilóquio mais popular da peça na minha aula de interpretação semestre passado e amei ainda mais do que a primeira vez.
Não é fácil adaptar uma tragédia de Shakespeare, e se for fazer de forma clássica, vá com tudo. E o Mankiewicz não hesita em nada aqui. Dos sets, aos figurinos e até a decisão de fazer todo em preto e brando, tudo combina para a linguagem do filme. E, acima de tudo, o elenco. Que elenco!
Ninguém tem medo de ir até a última potência entregando esses textos e isso é essencial para que essa linguagem teatral funcione perfeitamente, é necessário uma forte unidade e não tem quem possa dizer que faltou isso aqui. De Greer Garson até o estupendo John Gielgud, todo mundo está um estouro. E Brando, que só entra mesmo com metade do filme já passado, tem aquela presença que poucos possuem e todos gostariam de ter. É mais um que coloca a cereja no bolo dessa belíssima adaptação que dialoga tanto com o jogo político atual, que em nada inova na forma como um tenta trapacear o outro.
Viva Zapata!
3.8 55 Assista AgoraÉ impossível assistir em 2020 e não levantar a sobrancelha vendo Brando interpretar um mexicano, mas para o bem ou para o mal, um ator do porte dele faz você esquecer isso rapidamente. Em uma outra atuação que só Marlon poderia entregar, em alguns minutos você consegue captar a essência de Zapata, seu lado forte, mas também suas dúvidas e incertezas. Ele é, ao menos aparenta ser, uma pessoa que realmente acredita em seu povo e sua terra, e nisso o ator acerta com veemência.
E não é como se Kazan filmasse com menos precisão do que os demais trabalhos que fez na década, não só é enquadrado com maestria, mas tem uma mensagem bem clara sobre o que acredita, por consequência de quem está sendo retratado. Ah, se eu estava achando Anthony Quinn nada demais, sua cena final mais que justifica a aclamação que o mesmo recebeu aqui.
Sindicato de Ladrões
4.2 295 Assista AgoraRevisitar ''Sindicato'' após começar a estudar atuação e, especialmente, assistindo a projetos paralelos da mesma época é atestar que não adianta espernear, Brando foi o maior de todos. É uma composição feita de forma tão bem pontuada, interna e, ao mesmo tempo, forte demais. Está tudo na mente de Terry, mas também está tudo com a gente por causa de Brando. O que ele já entrega perfeito em ''Streetcar'', aqui é apenas a carimbada de sua arte.
O filme, sem dúvidas, é estupendo por si só. Muitos dizem que foi uma resposta de Kazan aos que criticaram seu posicionamento ao falar sobre seus colegas comunistas, mas é um trabalho que tem pungência dramática em tudo. Cada take, cada ator, tudo é muito singular e entregam uma jornada irrefutável ao espectador. O elenco todo é um desbunde, mas a (não)-fragilidade de Eva Marie Saint também precisa ser destacada.
Um colosso em tudo que se propõe, ''Sindicato de Ladrões'' é uma obra necessária e que identifica bem o que foi Hollywood na década de 50.
Espíritos Indômitos
3.7 21Enquanto um jovem gay, é difícil se concentrar no filme com Brando sendo tão gostoso, mas d-us sabe que eu tentei.
E, ao fazer isso, fiquei impressionado com o retrato perfeito de Brando desse homem ferido em um mundo que não gosta mais dele. É bom ver as amizades que ele é capaz de criar depois de conseguir se abrir, de entender um pouco do relacionamento amoroso que não será fácil, mas pode ser real e ter um vislumbre do mundo real para as pessoas que sofreram esses ferimentos.
Poderia ser melhor? Com certeza, mas ainda vale a conferida.
À Beira do Abismo
3.8 106 Assista AgoraUma inspirada direção de Hawks alinhada com um protagonista perfeitamente defendido pelo astro Humphrey Bogart fazem de ''À Beira do Abismo'' um dos mais fortes exemplares do gênero noir. Sem nunca perder o ritmo e ainda nos agraciar com a estonteante Lauren Bacall, o filme é uma joia que merece ser vista.
O Destino Bate à sua Porta
3.9 50 Assista AgoraUm rosto irresistível, um platinado marcante e um traje de banho arrebatador são alguns dos artifícios que Mrs Lana Turner utiliza para não deixar o espectador tirar os olhos dela.
Sua Cora é amorosa, verdadeira e quase vira uma mocinha quando se mostra apaixonada, mas é também capaz de armar um plano para matar seu marido, explodir em ódio por ser traída e chorar de coração partido ao pedir desculpas. E eu compro todas as cenas que Turner faz alguma dessas reviravoltas porque, acima de tudo, ela mesmo acredita em sua personagem. Uma personagem tão diferente e hipnotizante que é, quase, impossível esquecer.
Interlúdio
4.0 269 Assista AgoraBergman entrega aqui uma das performances mais emblemáticas do cinema de Hitchcock. A jovem Alice navega por um oceano de paixão, intriga e maldade e a atriz acompanha isso com o carisma e talento que a personagem requer, dividindo a tela com, ninguém menos, Cary Grant e nunca deixando se apagar.
A forma como Bergman se abre e vai se entregando a personagem é muito intrínseco ao que o espectador está sendo jogado. Quando a gente se dá conta, já estamos imersos na trama, apaixonados pela atriz e sua personagem, e ficamos embasbacados com a cena do café perto do fim do longa. É de tirar o chapéu. Um Hitchock que é, de fato, subestimado.
Gilda
4.0 225 Assista AgoraA performance da estonteante Hayworth em ''Gilda'' deve ser a mais famosa desse ano. Gilda é a essência de uma ''femme fatale'' e basta um jogar de cabelo para trás, para que saibamos o poder de Rita. A personagem é apaixonada, mas muito segura. Sexy, mas sem deixar de demonstrar fragilidade.
E tudo isso é muito fácil de ser deixado de lado simplesmente porque a atriz que a defende é uma beldade, mas está tudo ali em cena. Rita defende com unhas e dentes e capta toda a energia necessária para fazer de sua passagem, um marco na tela.
Pacarrete
4.1 105 Assista AgoraAchei lindíssimo! Até entendo as pessoas que acham a personagem meio ''sem simpatia'', mas compreendi demais Pacarrete. Seja pela perda, pela falta ou desrespeito a sua arte ou a solidão que isso traz, funcionou tudo em mim. A cena do bolo de milho eu chorei forte demais, e Marcelia Cartaxo está maravilhosa aqui. Vejam!
Virtude Selvagem
3.9 28 Assista AgoraÉ um bom, mesmo que esquecível, filme sobre o despertar da vida de um jovem em uma época pós guerra. Nem sempre funciona, e a criança não é sempre boa, mas Gregory Peck e Jane Wyman sustentam a trama e os aprendizados ainda sobrevivem mesmo décadas depois.
Duelo ao Sol
3.6 34 Assista AgoraÉ muito ruim. Exagerado demais sem nunca instigar muito, não sobrevive ao teste do tempo e tanto Jennifer Jones quanto Gregory Peck são pouco convincentes aqui. Quem sai ilesa é uma estupenda Lillian Gish, mas nem ela é capaz de valer as mais de duas horas de duração desse rip-off meia boca de ''... E O Vento Levou''.
Sacrifício de uma Vida
3.4 2É uma cinebiografia bem quadrada, mas que contém uma performance muito boa de Rosalind Russell. E a história da enfermeira em questão é fascinante, talvez pudesse ter uns 20 minutos a menos, mas ainda assim engaja porque sua atriz protagonista é excelente.
Desencanto
4.4 171 Assista AgoraÉ um magnífico filme sobre diversos temas. Desejo, solidão, vida e tudo mais que vem dentro disso tudo. E Celia Johnson, despida de qualquer glamour, entrega uma atuação tão verdadeira e poderosa que mal parece ter sido filmada nos anos 40, o cinema britânico é realmente um luxo.