Não sei o porquê demorei tanto para ver esse filme, creio que nunca o havia assistido inteiro. Tem um trabalho de voz incrível, um protagonista carismático de caráter dúbio que aprende uma lição valiosa (sem forçar a barra na moral final), uma vilã e seu capanga fascinantes, um uso da metalinguagem de uma forma bem interessante e, principalmente, um texto de comédia sensacional... um dos melhores do estúdio, sem tirar nem por! =D
O filme é uma antologia de curtas que já existiam, e destaco dois: a adaptação do Quebra-Nozes, que tem temperos de metalinguagem, e a adaptação do livro Um Conto de Natal, de Charles Dickens, publicado originalmente em 1843. Li esse livro no ano passado em uma edição que continha um texto de apoio que discorria justamente sobre as diversas adaptações da história, incluindo essa versão clássica da Disney. O Tio Patinhas em inglês se chama Uncle Scrooge, batizado precisamente em homenagem ao livro do Dickens. É inegável que a genialidade do curta animado deve muito ao texto de base.
Além disso, sempre há uma espécie de catarse em ver personagens clássicos da Disney reunidos em uma só cena... onde mais veríamos o Leitão e a Malévola juntos em um mesmo ambiente?
Animação 2D lindona (MUITO melhor do que aquele 3D horrível do Aconteceu de Novo no Natal do Mickey), personagens carismáticas, roteiro excelente e que cumpre seu papel (levando em conta o público mais jovem que o usual da Disney, talvez)… mas, o que mais me surpreendeu positivamente foram as versões cantadas de músicas clássicas, que funcionam muito bem… o que mais posso pedir?
Filme incrível em diversos aspectos: roteiro interessante, tecnicamente bem executado, tomadas criativas "scorsesianas", fotografia bonita e, por fim, atuações que roubam o filme todo, ao meu ver.
DiCaprio e De Niro estão ótimos, entretanto o destaque é para Gladstone, a qual tem em mãos um papel trágico que poderia ser interpretado de diversas maneiras. A escolha, acertadamente, foi de ir na contramão do overacting (que eu costumo gostar, quando bem indicado). Com muito dedo da direção, creio eu, a atriz entrega uma atuação aparentemente paradoxal: comedida e expressiva, delicada e intensa, com poucas palavras e muitos olhares... fenomenal! (Falando em Oscar, ainda que eu torça para Emma/Sandra, não acharia incoerente o prêmio para Lily.)
Apesar de um filme espetacular, é inegável que ele não só poderia como deveria ter 1 hora a menos. O ritmo desliza (como na maioria dos filmes do diretor), subtraindo uma parcela importante do resultado final, e deixando em mim uma sensação de "quase lá" ou de "quase foi dessa vez"... =/
Achei o filme bem inferior ao primeiro, tanto em técnica quanto em qualidade do texto. Não sou hater das animações 3D, mas é inegável que aqui perdemos muito em beleza e magia, se compararmos com o anterior… a animação aqui é 100% sem graça.
Talvez a história que mais marca é a primeira, em que vemos uma competição entre Minnie e Margarida pelo destaque da patinação no gelo, com a pata sendo quase uma vilã; ou a que o Max leva uma namorada para passar o Natal com a família; ou a que o Donald tem um ataque de pânico com a sobrecarga imensa do espírito natalino, o que pode acontecer com qualquer um de nós, às vezes… =/
“You dream in a language I can’t understand.” “I liked you for who you are; and who you are is a person who leaves. But for him, you’re the person who stays.” “What if this is a past life as well, and we are already something else to each other in our next life? Who do you think we are then?”
Intimista e com diálogos lindos, Vidas Passadas traz o já batido triângulo amoroso, dessa vez mais realista e profundo. A cena chave na minha opinião é o pillowtalk entre Nora e Arthur, dando uma dimensão importante e bem mais tridimensional para toda a questão.
Apesar de eu achar que o filme sofre um pouco com o ritmo, ele questiona delicadamente sobre o famoso “e se”, de uma forma muito mais palatável e com desfechos mais concretos do que vemos por aí. É sobre entender que às vezes as possibilidades que ontem se apresentavam, hoje não nos pertencem e/ou não nos representam mais…
Três histórias separadas que conseguem criar muito bem um clima natalino infantil. Apesar de destinado a um público até mais jovem do que o usual da Disney, o texto não os subestima.
A segunda história foi a que eu menos gostei, não consigo comprar muito o quão pateta o Pateta realmente é (rs), mas serve ao seu propósito. Já as outras surpreenderam muito pelas inspirações: a primeira é uma representação do inferno da repetição; a terceira é uma inspiração livre do conto O Presente dos Magos, do O. Henry, o que foi uma surpresa agradável.
Todos têm aquela mensagem bonita sobre o "verdadeiro Natal", tão bem proveitosa para os pequenos - e para os não tão pequenos assim - se tornando facilmente aquele filme-referência para as crianças nas manhãs de Natal. :)
Justine Triet argumenta, ao meu ver, quanta subjetividade cabe na objetividade (e vice-versa). Para atingir tal efeito, ela lança mão de diversos artifícios, que resumi em três pilares.
O primeiro é a cinematografia, com destaques para as locações, as tomadas quase estéreis, o trabalho de câmera e o uso da iluminação (valorizando demais o claro/escuro).
O segundo é o trabalho fenomenal da Sandra Hüler, a qual compreende a importância em se provar não somente para o tribunal, mas principalmente para o expectador, em um filme cuja discussão basal é justamente a subjetividade do discurso. Eu iniciei o longa já teimando que seria muito difícil ela ganhar meu favoritismo para o Oscar, que até então era da Emma Stone em Pobres Criaturas. Entretanto, quebrei a cara e me peguei dividido já no meio do filme... que aula de interpretação!
(Apesar das categorias de atuação serem as que eu mais gosto de acompanhar, realmente estou encantado com as duas interpretações, e acho que vai levar bastante tempo até ambas se solidificarem em mim e eu decidir minha preferência.)
O terceiro pilar (o principal) é a combinação de um roteiro poderoso e uma direção afiada, os quais coadunam e conversam constantemente com o mesmo argumento, dando a obra uma coerência inabalável e uma linha narrativa sólida. O que mais me chama a atenção no texto é a fragilidade do discurso, é a busca de uma racionalidade em situações onde o abstrato mora (o desafio de todos os dias do sistema judiciário, talvez). Ao mesmo tempo que o filme relativiza o que tenta ser absoluto, não há a exclusão da necessidade desse absoluto, há também a busca pela Verdade e pela Justiça.
Me peguei torcendo e convencido pela personagem da Sandra, agoniado pela tentativa, aos meus olhos, de distorção de seu discurso para os moldes da promotoria. O porquê fui convencido é evidente, acompanhamos o filme sob a perspectiva da protagonista. Porém, ao refletir sobre, tudo o que é opinião, tudo o que é subjetivo, tudo o que é questionável dentro do caso não é mostrado ao expectador, o que alimenta demais o mote do roteiro e enriquece a discussão. Na cena durante o julgamento, por exemplo, em que ouvimos a última briga do casal, entramos na cena e temos um relato visual objetivo do que todos estavam escutando; a partir do momento em que o som torna-se subjetivo, há um corte e estamos de volta ao tribunal, com apenas nossa audição como júri...
Talvez o único deslize seja as poucas quebras para a construção de um impacto, quem sabe alguns minutos a menos beneficiaria o resultado final. Todavia, em minha análise nada concreta, quase todos os possíveis defeitos são eclipsados pelo brilhantismo e impecabilidade na composição roteiro-direção. =)
Apesar de Phil Collins participar desta continuação, o impacto e efeito das músicas não satisfaz devido a um roteiro perdido, com um desenvolvimento sem graça e coadjuvantes que não agradam.
Além disso, esta é uma sequência que não acrescenta nada à história. O drama sobre identidade e pertencimento já é bem desenvolvido em Tarzan, e se a ideia aqui era explorar melhor essa fase de sua vida quando criança, o resultado não funciona, tudo parece muito aquém do material original.
O ponto positivo é somente a qualidade técnica da animação, que é bem melhor do que Tarzan & Jane, por exemplo.
Foi difícil chegar ao final, só consegui porque estou seguindo um projeto de assistir todos. Animação muito mal feita, roteiro constrangedor, personagens planas, sem nenhuma das qualidades do primeiro... É tão ruim que chega a dar pena... =/
Todo o primeiro ato da animação é esplêndido. O contraponto das famílias humana e gorila, a Kala perdendo seu filhote e posteriormente adotando Tarzan, a luta dela com a onça, a música ganhadora do Oscar You'll Be in My Heart... tudo aqui é incrível, uma das melhores introduções da Disney. De pronto contemplamos uma animação muito bem feita e com traços marcantes, sinto que aqui a Disney deu um passo a mais em sua técnica.
Pertencimento é um dos desejos clichês de muitos protagonistas que vemos por aí, mas aqui é feito com tantas nuances e executado de uma forma tão especial, que a obviedade do desfecho da narrativa não incomoda.
Desde o começo sabemos que Tarzan irá tentar se provar a todo custo, sabemos que a discussão de identidade será o ponto chave do filme, sabemos também que ele conquistará o respeito de todos e que no final haverá uma cena dele sendo aceito pelo pai. No entanto, saber os traços do desenvolvimento e resolução não apaga de maneira nenhuma o brilho do filme. A cena dele passando lama no rosto e Kala apontando suas semelhanças, não diferenças, emociona; a cena dele finalmente sendo aceito (inclusive por Kerchak) quando mata o leopardo e solta o grito pela primeira vez, arrepia.
Um dos pilares deste filme é, com toda a certeza, a relação Tarzan-Kala e o tema da adoção, muito bem realizado pelo roteiro. Outro pilar importante é o romance entre Tarzan e Jane, sendo inegável a química maravilhosa do casal desde a primeira cena (em se tratando de animação, acredito que ela é construída pela dublagem, desenho e, principalmente, pelo roteiro). E o último pilar que eu queria destacar são as músicas, que funcionam, marcam o expectador e dão ao filme a personalidade tão distinta que tem.
Como dito no meu comentário da animação que embasa este filme, os seus pontos mais fortes são a beleza de alguns cenários, as músicas, e principalmente a relação de Mulan com os coadjuvantes (especialmente Mushu). Neste live action, não temos o musical, temos uma cinematografia estranha (para falar o mínimo), não temos o carisma dos coadjuvantes e, talvez a pior perda, não temos Mushu (nem Eddie Murphy).
Se, para justificarmos a ausência da personagem, usarmos como argumento o objetivo mais realista do filme, o que alegadamente não sustentaria a presença do Mushu, estaríamos sendo incoerentes, porque a existência de uma vilã metamorfa, a qual usa e abusa da fantasia, entra diretamente em conflito com essa ideia. Ademais, uma mulher guerreira naquela sociedade patriarcal era chamada de bruxa, como Mulan foi acusada de ser, então sinto que colocar a única outra mulher guerreira com poderes sobrenaturais foi uma decisão que enfraquece demais o argumento.
Também comentei acima que a cinematografia não me agradou. Os cortes são abruptos, a montagem é toda fragmentada e nada encaixa muito bem, a coreografia das cenas de ação deixa muito a desejar, as transições da shapeshifter são constrangedoras, etc. (Sem falar naquela lace horrível do pai da Mulan…)
Um ponto positivo do live-action, e que eu pontuei como negativo na animação, foi que aqui somos muito mais convencidos do poder físico da protagonista. É sinalizado que ela já treinava antes, o que torna mais crível a sua evolução junto com a guarda imperial. Já o romance, por outro lado, não convence. A atuação da Liu Yifei é irregular, mas sinto que muito mais pelo roteiro do que pela atriz.
Uma das discussões mais antigas sobre esses novos live-actions da Disney é a proposta criativa, se uma mais fiel a animação, uma realista ou uma mista. Sinto que aqui essa escolha mista foi acertada, porém invertida. De onde veio a decisão de retirar Mushu, por exemplo, e de criar uma vilã-feiticeira? Este é mais um live-action perdido em seu argumento e desequilibrado quanto ao que contar, o que manter do original, o que criar de novo, perdido em decidir qual a identidade da história original. No final das contas, quem perde é o expectador.
As luzes do cinema se acenderam e o meu queixo caiu. O silêncio sepulcral já dizia tudo. A sensação foi termos sido coniventes com a barbárie apresentada. Isto aqui é cinema com primor.
O expectador acompanha com intimidade o status-quo da vida tradicional-nazista de uma "família feliz", que divide um muro com o campo de Auschwitz. O primeiro choque, dentre muitos, foi perceber que eles não eram alienados nem ignorantes quanto a realidade. Aqui temos um paradoxo importante, mesmo não tendo grandes cenas explícitas, fica evidente o que está acontecendo. Os contrapontos montados em uma mesma cena foram muito bem executados, sempre pontuando ao fundo sons de tiros e gritos ao longe, o barulho das câmaras de gás, a fumaça nas chaminés... nos lembrando a todo momento que aquela vida era sustentada e embasada por um genocídio.
A pegada do filme todo é com um ritmo mais lento, o que costuma me agradar quando bem executado. Infelizmente, aqui me senti um pouco incomodado lá pelas tantas. A despeito disso, manteve o interesse o filme todo, com uma fotografia, som e atuações incríveis. Christian Friedel está muito bem como comandante, mas o destaque é para o trabalho impecável da Sandra Hüller (ainda não vi Anatomia de uma Queda para poder comparar).
Entretanto, foi no final que a história ganhou MUITO mais peso cinematográfico para mim.
Durante o filme todo o comandante tenta lidar com o claro/escuro, com diversas cenas dele apagando as luzes e evitando a escuridão, até mesmo em seu quarto com a esposa. Nas cenas finais, enquanto ele desce por um corredor cada vez mais sombrio, passando mal e lidando com seus fantasmas, a personagem tem um vislumbre do que o seu legado vergonhoso e criminoso seria. A volta para a realidade seguida do corte seco final me arrepiaram, e só essa montagem já valeu toda a experiência.
Esta é uma das sequências Disney mais bem produzidas que assisti até aqui. A qualidade da animação ainda sustenta o filme e, ao contrário de várias outras continuações como esta, as personagens aqui não se tornam irreconhecíveis. Um ponto acertado é a presença dos bons coadjuvantes, que dão mais peso e poder ao filme.
Porém, achei a história em si bem inferior a primeira (é impossível não compararmos porque é uma continuação), além de que fica um gosto amargo assistirmos a personagem mais lembrada do primeiro - Mushu - como o real vilão aqui. Apesar disso, e de sentir falta de Murphy, achei a substituição do ator que o dublou bem decente. :)
Reassisti e acabei gostando mais do que eu me lembrava. A animação tem umas tomadas bem bonitas, quase todas as músicas são boas e a narrativa conquista. Para além da protagonista, o que mais funciona para mim é a sua dinâmica com o Mushu. Murphy aqui já mostra o seu grande talento na dublagem, que foi comprovado mais tarde, em Shrek. Vou terminar falando os únicos dois pontos negativos que vejo. Um deles é que o vilão mal tem tempo de tela, não tem carisma nem dá dimensão de sua maldade. O outro é que a montagem da Mulan treinando e ficando boa é muito rápida e não convence, até mesmo para uma animação. Talvez poderiam ter optado por dar a entender que ela já treinava um pouco antes da Guerra chegar, por exemplo...
Seguindo nas continuações, temos esta animação bem feita e despretensiosa. Nessa desavença toda entre pai e filho, acho que não tem muito como defender algumas atitudes do Pateta, rs... É um bom entretenimento para quem curte animação.
Uma afronta com a perfeição do primeiro filme, que é um dos meus preferidos da vida. Apesar da qualidade gráfica das continuações lançadas direto para home video cair bastante, aqui vemos essa queda ser de um precipício (Pocahontas II tem mais técnica do que esse, por exemplo). Porém, isso não é o que mais incomoda. O roteiro é previsível e sem graça, as músicas são constrangedoras, o vilão não se sustenta, a mocinha não tem carisma. O ponto positivo é que eu não acho que há uma descaracterização completa de todas as personagens, como o caso de várias outros continuações do estúdio... no entanto, isso não faz com que a experiência do expectador não seja sofrível.
Tentando voltar com o meu projeto de filmes Disney/Pixar, que comecei há três anos. Fico imaginando quem deixou isso aqui ser aprovado na reunião criativa do estúdio. Uma das piores continuações para home video que vi até agora. Nada aqui funciona, mas o que mais incomoda é a descaracterização da protagonista e as incoerências com o universo proposto no primeiro filme. O único elogio é que até gostei de uma das músicas. De resto, trágico.
O filme terminou e fiquei com a sensação de que o roteiro se perdeu ao contar esta história, hesitando em se comprometer em alguns momentos. Após um tempo pensando no que especificamente não funcionou para mim, se foi o texto, a qualidade dos diálogos ou até mesmo a falha no desenvolvimento, acredito que seja a forma que eles optaram contar a história na metade final.
Apesar de existirem cenas buscando uma certa profundidade, fica a impressão de um lapso para o entendimento completo da vida do maestro, principalmente suas questões sexuais e matrimoniais. Apesar disso, gostei de vários aspectos técnicos, principalmente da cinematografia, cabelo e maquiagem. Gostei também das atuações e de como eles marcaram bem e sem exageros a passagem do tempo. Bradley se sai bem nas cenas da regência e percebemos que a personagem fica mais confortável quanto a sua sexualidade até mesmo na mudança da postura do ator. Já Mulligan arrasou principalmente nas cenas da fase mais madura da personagem e em sua doença.
Sabia pouco ou quase nada do acidente - somente sobre o canibalismo. Achei o filme extremamente bem feito, fotografia, direção e roteiro de alto nível. A cena do acidente é impactante e prendi a respiração durante a sequência. Toda a discussão ética-religiosa sobre o consumo da carne humana é feita sob uma ótica sutil na medida certa, jogando para o expectador refletir o que faria naquela situação, sem panfletagem moral. Me surpreendi demais com as cenas do soterramento e com a morte do narrador, um toque narrativo bem feito.
É um filme-desastre, e tendo a gostar deles quando bem feito, como é o caso de A Sociedade da Neve. :)
Achei as personagens mal desenvolvidas, principalmente a da Julia Ormond. Há um estabelecimento efetivo do porquê os três irmãos se apaixonaram por ela, mas a achei simplesmente passiva quanto a tudo isso, o que não contribui com a simpatia do expectador. Ela deixa as coisas acontecerem sem tomar as rédeas de nada, Alfred aceita ficar em um relacionamento que claramente não é recíproco, Tristan com todo aquele estereótipo do "broken guy" que se distancia quando não consegue lidar com os próprios sentimentos. Acabei me desinteressando pelo casal, o que é péssimo para um filme de romance. Achei muito mais impactante e triste a morte da Isabel do que a da Susannah, por exemplo. Hopkins, que adoro, salva algumas cenas com sua poderosa presença, mas talvez pudessem ter diminuído um pouco a mão no pós-AVE (o que considero mais problema da direção do que da atuação).
Gostei de ter visto, mas existem vários filmes melhores do gênero.
Escolhi ver porque queria uma pegada mais musical, porém, tirando a versão incrível de Golden Slumbers da abertura, não me empolguei com as outras apresentações, senti falta de mais poder vocal ou talvez de melhores canções... Mas o filme como animação cumpre seu papel, entretém e tem personagens carismáticas! :)
Não curti a atuação de ninguém, exceto de Blunt. Todas as personagens são caricatas e rasas, não senti verdade em nenhum momento. Ainda por cima, adivinhei o final, o que fez o plot twist não ter o mesmo impacto (apesar de boas cenas). É um thriller mediano, mas me deixou curioso e me prendeu até o fim.
Ok, não consigo analisar criticamente a Beyoncé, ela aparece e eu sorrio, não tem jeito <3... Hudson é incrível, que voz! Eddie Murphy muito bem aqui também... As músicas mais memoráveis são Listen (Beyoncé) e And I Am Telling You I'm Not Going (minha favorita, interpretada magistralmente pela Hudson). Mas o filme não é só maravilhas...
O que me incomodou muito foi o roteiro, não senti verossimilhança em nenhuma desavença ou em nenhuma das resoluções de conflitos ali. Como assim em apenas uma cena há o rompimento não só de um casal, mas de um grupo musical, e de uma amizade tida como família? Viveram oito anos daquele jeito, um grupo enriquecendo e a outra desempregada, ninguém teve nenhum remorso? Decidiram tudo naquela única cena e se mantiveram daquele jeito por quê? Por que ninguém tentou uma reconciliação? Não havia lados a serem tomados. Sim, o roteiro mostra que Effie era difícil de se lidar, mas nada justifica a forma da sua expulsão e as ações feitas ali, e a história parece se esquecer disso. Ela pede simpatia por todos ali, mas não julga ou pune ninguém pelos seus atos, apenas Curtis. A resolução do embate só é mostrada quando o texto precisa que as coisas se encaminhem para o final... não há remorso na volta da relação de Effie com o compositor, que acontece somente quando ele próprio entra em conflito com Curtis... não há remorso entre Effie e Deena, que somente rompe com Curtis quando ela percebe a relação tóxica que vive, e não porque percebeu que o que fez com Effie há anos foi errado. Além disso tudo, há muita falta de aprofundamento nas personagens. Apesar do filme pedir do expectador uma empatia pela Effie, o roteiro falha em estabelecer esse sentimento, faltaram cenas dela amadurecendo e aprendendo humildade, faltaram cenas dela na "vida real", faltaram cenas mostrando as consequências do abandono de sua família. A personagem da Beyoncé, que na minha opinião é a mais explorada, também soa vazia em algumas de suas decisões. Considero bem realizado todo o plot do relacionamento abusivo, a música Listen é usada muito bem para avançar com o roteiro... mas cadê o remorso? Cadê a cena de reconciliação entre as duas ex-irmãs? O roteiro novamente pede uma empatia com uma personagem, mas não se importa em estabelecê-la. Sim, a Beyoncé pede desculpas porque Curtis estava roubando as músicas da Effie, mas e as desculpas de como tudo isso começou? E as desculpas sobre ter iniciado o romance com Curtis?
Enfim... apesar de boas atuações e algumas apresentações memoráveis, achei que poderiam ter tirado 30% das músicas e colocado mais história, mais cenas, mais diálogos, mais aprofundamento...
A Nova Onda do Imperador
3.7 684 Assista AgoraNão sei o porquê demorei tanto para ver esse filme, creio que nunca o havia assistido inteiro. Tem um trabalho de voz incrível, um protagonista carismático de caráter dúbio que aprende uma lição valiosa (sem forçar a barra na moral final), uma vilã e seu capanga fascinantes, um uso da metalinguagem de uma forma bem interessante e, principalmente, um texto de comédia sensacional... um dos melhores do estúdio, sem tirar nem por! =D
O Natal Mágico do Mickey - Nevou na Casa do …
3.3 8O filme é uma antologia de curtas que já existiam, e destaco dois: a adaptação do Quebra-Nozes, que tem temperos de metalinguagem, e a adaptação do livro Um Conto de Natal, de Charles Dickens, publicado originalmente em 1843. Li esse livro no ano passado em uma edição que continha um texto de apoio que discorria justamente sobre as diversas adaptações da história, incluindo essa versão clássica da Disney. O Tio Patinhas em inglês se chama Uncle Scrooge, batizado precisamente em homenagem ao livro do Dickens. É inegável que a genialidade do curta animado deve muito ao texto de base.
Além disso, sempre há uma espécie de catarse em ver personagens clássicos da Disney reunidos em uma só cena... onde mais veríamos o Leitão e a Malévola juntos em um mesmo ambiente?
Mickey, Donald e Pateta: Os Três Mosqueteiros
3.2 45 Assista AgoraO melhor longa do Mickey desde Fantasia?
Animação 2D lindona (MUITO melhor do que aquele 3D horrível do Aconteceu de Novo no Natal do Mickey), personagens carismáticas, roteiro excelente e que cumpre seu papel (levando em conta o público mais jovem que o usual da Disney, talvez)… mas, o que mais me surpreendeu positivamente foram as versões cantadas de músicas clássicas, que funcionam muito bem… o que mais posso pedir?
Instantaneamente um clássico Disney. =)
Assassinos da Lua das Flores
4.1 608 Assista AgoraFilme incrível em diversos aspectos: roteiro interessante, tecnicamente bem executado, tomadas criativas "scorsesianas", fotografia bonita e, por fim, atuações que roubam o filme todo, ao meu ver.
DiCaprio e De Niro estão ótimos, entretanto o destaque é para Gladstone, a qual tem em mãos um papel trágico que poderia ser interpretado de diversas maneiras. A escolha, acertadamente, foi de ir na contramão do overacting (que eu costumo gostar, quando bem indicado). Com muito dedo da direção, creio eu, a atriz entrega uma atuação aparentemente paradoxal: comedida e expressiva, delicada e intensa, com poucas palavras e muitos olhares... fenomenal! (Falando em Oscar, ainda que eu torça para Emma/Sandra, não acharia incoerente o prêmio para Lily.)
Apesar de um filme espetacular, é inegável que ele não só poderia como deveria ter 1 hora a menos. O ritmo desliza (como na maioria dos filmes do diretor), subtraindo uma parcela importante do resultado final, e deixando em mim uma sensação de "quase lá" ou de "quase foi dessa vez"... =/
Aconteceu de Novo no Natal do Mickey
3.3 17Achei o filme bem inferior ao primeiro, tanto em técnica quanto em qualidade do texto. Não sou hater das animações 3D, mas é inegável que aqui perdemos muito em beleza e magia, se compararmos com o anterior… a animação aqui é 100% sem graça.
Talvez a história que mais marca é a primeira, em que vemos uma competição entre Minnie e Margarida pelo destaque da patinação no gelo, com a pata sendo quase uma vilã; ou a que o Max leva uma namorada para passar o Natal com a família; ou a que o Donald tem um ataque de pânico com a sobrecarga imensa do espírito natalino, o que pode acontecer com qualquer um de nós, às vezes… =/
Vidas Passadas
4.2 739 Assista Agora“You dream in a language I can’t understand.”
“I liked you for who you are; and who you are is a person who leaves. But for him, you’re the person who stays.”
“What if this is a past life as well, and we are already something else to each other in our next life? Who do you think we are then?”
Intimista e com diálogos lindos, Vidas Passadas traz o já batido triângulo amoroso, dessa vez mais realista e profundo. A cena chave na minha opinião é o pillowtalk entre Nora e Arthur, dando uma dimensão importante e bem mais tridimensional para toda a questão.
Apesar de eu achar que o filme sofre um pouco com o ritmo, ele questiona delicadamente sobre o famoso “e se”, de uma forma muito mais palatável e com desfechos mais concretos do que vemos por aí. É sobre entender que às vezes as possibilidades que ontem se apresentavam, hoje não nos pertencem e/ou não nos representam mais…
Aconteceu no Natal do Mickey
3.6 33 Assista AgoraTrês histórias separadas que conseguem criar muito bem um clima natalino infantil. Apesar de destinado a um público até mais jovem do que o usual da Disney, o texto não os subestima.
A segunda história foi a que eu menos gostei, não consigo comprar muito o quão pateta o Pateta realmente é (rs), mas serve ao seu propósito. Já as outras surpreenderam muito pelas inspirações: a primeira é uma representação do inferno da repetição; a terceira é uma inspiração livre do conto O Presente dos Magos, do O. Henry, o que foi uma surpresa agradável.
Todos têm aquela mensagem bonita sobre o "verdadeiro Natal", tão bem proveitosa para os pequenos - e para os não tão pequenos assim - se tornando facilmente aquele filme-referência para as crianças nas manhãs de Natal. :)
Anatomia de uma Queda
4.0 802 Assista AgoraJustine Triet argumenta, ao meu ver, quanta subjetividade cabe na objetividade (e vice-versa). Para atingir tal efeito, ela lança mão de diversos artifícios, que resumi em três pilares.
O primeiro é a cinematografia, com destaques para as locações, as tomadas quase estéreis, o trabalho de câmera e o uso da iluminação (valorizando demais o claro/escuro).
O segundo é o trabalho fenomenal da Sandra Hüler, a qual compreende a importância em se provar não somente para o tribunal, mas principalmente para o expectador, em um filme cuja discussão basal é justamente a subjetividade do discurso. Eu iniciei o longa já teimando que seria muito difícil ela ganhar meu favoritismo para o Oscar, que até então era da Emma Stone em Pobres Criaturas. Entretanto, quebrei a cara e me peguei dividido já no meio do filme... que aula de interpretação!
(Apesar das categorias de atuação serem as que eu mais gosto de acompanhar, realmente estou encantado com as duas interpretações, e acho que vai levar bastante tempo até ambas se solidificarem em mim e eu decidir minha preferência.)
O terceiro pilar (o principal) é a combinação de um roteiro poderoso e uma direção afiada, os quais coadunam e conversam constantemente com o mesmo argumento, dando a obra uma coerência inabalável e uma linha narrativa sólida. O que mais me chama a atenção no texto é a fragilidade do discurso, é a busca de uma racionalidade em situações onde o abstrato mora (o desafio de todos os dias do sistema judiciário, talvez). Ao mesmo tempo que o filme relativiza o que tenta ser absoluto, não há a exclusão da necessidade desse absoluto, há também a busca pela Verdade e pela Justiça.
Me peguei torcendo e convencido pela personagem da Sandra, agoniado pela tentativa, aos meus olhos, de distorção de seu discurso para os moldes da promotoria. O porquê fui convencido é evidente, acompanhamos o filme sob a perspectiva da protagonista. Porém, ao refletir sobre, tudo o que é opinião, tudo o que é subjetivo, tudo o que é questionável dentro do caso não é mostrado ao expectador, o que alimenta demais o mote do roteiro e enriquece a discussão. Na cena durante o julgamento, por exemplo, em que ouvimos a última briga do casal, entramos na cena e temos um relato visual objetivo do que todos estavam escutando; a partir do momento em que o som torna-se subjetivo, há um corte e estamos de volta ao tribunal, com apenas nossa audição como júri...
Talvez o único deslize seja as poucas quebras para a construção de um impacto, quem sabe alguns minutos a menos beneficiaria o resultado final. Todavia, em minha análise nada concreta, quase todos os possíveis defeitos são eclipsados pelo brilhantismo e impecabilidade na composição roteiro-direção. =)
Tarzan 2: A Lenda Continua
2.9 51 Assista AgoraApesar de Phil Collins participar desta continuação, o impacto e efeito das músicas não satisfaz devido a um roteiro perdido, com um desenvolvimento sem graça e coadjuvantes que não agradam.
Além disso, esta é uma sequência que não acrescenta nada à história. O drama sobre identidade e pertencimento já é bem desenvolvido em Tarzan, e se a ideia aqui era explorar melhor essa fase de sua vida quando criança, o resultado não funciona, tudo parece muito aquém do material original.
O ponto positivo é somente a qualidade técnica da animação, que é bem melhor do que Tarzan & Jane, por exemplo.
Tarzan & Jane
3.0 69 Assista AgoraFoi difícil chegar ao final, só consegui porque estou seguindo um projeto de assistir todos. Animação muito mal feita, roteiro constrangedor, personagens planas, sem nenhuma das qualidades do primeiro... É tão ruim que chega a dar pena... =/
Tarzan
3.8 724 Assista AgoraApós ver mais uma vez, apenas me foi confirmado o quanto este filme é um clássico fora da curva.
Todo o primeiro ato da animação é esplêndido. O contraponto das famílias humana e gorila, a Kala perdendo seu filhote e posteriormente adotando Tarzan, a luta dela com a onça, a música ganhadora do Oscar You'll Be in My Heart... tudo aqui é incrível, uma das melhores introduções da Disney. De pronto contemplamos uma animação muito bem feita e com traços marcantes, sinto que aqui a Disney deu um passo a mais em sua técnica.
Pertencimento é um dos desejos clichês de muitos protagonistas que vemos por aí, mas aqui é feito com tantas nuances e executado de uma forma tão especial, que a obviedade do desfecho da narrativa não incomoda.
Desde o começo sabemos que Tarzan irá tentar se provar a todo custo, sabemos que a discussão de identidade será o ponto chave do filme, sabemos também que ele conquistará o respeito de todos e que no final haverá uma cena dele sendo aceito pelo pai. No entanto, saber os traços do desenvolvimento e resolução não apaga de maneira nenhuma o brilho do filme. A cena dele passando lama no rosto e Kala apontando suas semelhanças, não diferenças, emociona; a cena dele finalmente sendo aceito (inclusive por Kerchak) quando mata o leopardo e solta o grito pela primeira vez, arrepia.
Um dos pilares deste filme é, com toda a certeza, a relação Tarzan-Kala e o tema da adoção, muito bem realizado pelo roteiro. Outro pilar importante é o romance entre Tarzan e Jane, sendo inegável a química maravilhosa do casal desde a primeira cena (em se tratando de animação, acredito que ela é construída pela dublagem, desenho e, principalmente, pelo roteiro). E o último pilar que eu queria destacar são as músicas, que funcionam, marcam o expectador e dão ao filme a personalidade tão distinta que tem.
Mulan
3.2 1,0K Assista AgoraComo dito no meu comentário da animação que embasa este filme, os seus pontos mais fortes são a beleza de alguns cenários, as músicas, e principalmente a relação de Mulan com os coadjuvantes (especialmente Mushu). Neste live action, não temos o musical, temos uma cinematografia estranha (para falar o mínimo), não temos o carisma dos coadjuvantes e, talvez a pior perda, não temos Mushu (nem Eddie Murphy).
Se, para justificarmos a ausência da personagem, usarmos como argumento o objetivo mais realista do filme, o que alegadamente não sustentaria a presença do Mushu, estaríamos sendo incoerentes, porque a existência de uma vilã metamorfa, a qual usa e abusa da fantasia, entra diretamente em conflito com essa ideia. Ademais, uma mulher guerreira naquela sociedade patriarcal era chamada de bruxa, como Mulan foi acusada de ser, então sinto que colocar a única outra mulher guerreira com poderes sobrenaturais foi uma decisão que enfraquece demais o argumento.
Também comentei acima que a cinematografia não me agradou. Os cortes são abruptos, a montagem é toda fragmentada e nada encaixa muito bem, a coreografia das cenas de ação deixa muito a desejar, as transições da shapeshifter são constrangedoras, etc. (Sem falar naquela lace horrível do pai da Mulan…)
Um ponto positivo do live-action, e que eu pontuei como negativo na animação, foi que aqui somos muito mais convencidos do poder físico da protagonista. É sinalizado que ela já treinava antes, o que torna mais crível a sua evolução junto com a guarda imperial. Já o romance, por outro lado, não convence. A atuação da Liu Yifei é irregular, mas sinto que muito mais pelo roteiro do que pela atriz.
Uma das discussões mais antigas sobre esses novos live-actions da Disney é a proposta criativa, se uma mais fiel a animação, uma realista ou uma mista. Sinto que aqui essa escolha mista foi acertada, porém invertida. De onde veio a decisão de retirar Mushu, por exemplo, e de criar uma vilã-feiticeira? Este é mais um live-action perdido em seu argumento e desequilibrado quanto ao que contar, o que manter do original, o que criar de novo, perdido em decidir qual a identidade da história original. No final das contas, quem perde é o expectador.
Zona de Interesse
3.6 590 Assista AgoraAs luzes do cinema se acenderam e o meu queixo caiu. O silêncio sepulcral já dizia tudo. A sensação foi termos sido coniventes com a barbárie apresentada. Isto aqui é cinema com primor.
O expectador acompanha com intimidade o status-quo da vida tradicional-nazista de uma "família feliz", que divide um muro com o campo de Auschwitz. O primeiro choque, dentre muitos, foi perceber que eles não eram alienados nem ignorantes quanto a realidade. Aqui temos um paradoxo importante, mesmo não tendo grandes cenas explícitas, fica evidente o que está acontecendo. Os contrapontos montados em uma mesma cena foram muito bem executados, sempre pontuando ao fundo sons de tiros e gritos ao longe, o barulho das câmaras de gás, a fumaça nas chaminés... nos lembrando a todo momento que aquela vida era sustentada e embasada por um genocídio.
A pegada do filme todo é com um ritmo mais lento, o que costuma me agradar quando bem executado. Infelizmente, aqui me senti um pouco incomodado lá pelas tantas. A despeito disso, manteve o interesse o filme todo, com uma fotografia, som e atuações incríveis. Christian Friedel está muito bem como comandante, mas o destaque é para o trabalho impecável da Sandra Hüller (ainda não vi Anatomia de uma Queda para poder comparar).
Entretanto, foi no final que a história ganhou MUITO mais peso cinematográfico para mim.
Durante o filme todo o comandante tenta lidar com o claro/escuro, com diversas cenas dele apagando as luzes e evitando a escuridão, até mesmo em seu quarto com a esposa. Nas cenas finais, enquanto ele desce por um corredor cada vez mais sombrio, passando mal e lidando com seus fantasmas, a personagem tem um vislumbre do que o seu legado vergonhoso e criminoso seria. A volta para a realidade seguida do corte seco final me arrepiaram, e só essa montagem já valeu toda a experiência.
Mulan 2: A Lenda Continua
3.2 248 Assista AgoraEsta é uma das sequências Disney mais bem produzidas que assisti até aqui. A qualidade da animação ainda sustenta o filme e, ao contrário de várias outras continuações como esta, as personagens aqui não se tornam irreconhecíveis. Um ponto acertado é a presença dos bons coadjuvantes, que dão mais peso e poder ao filme.
Porém, achei a história em si bem inferior a primeira (é impossível não compararmos porque é uma continuação), além de que fica um gosto amargo assistirmos a personagem mais lembrada do primeiro - Mushu - como o real vilão aqui. Apesar disso, e de sentir falta de Murphy, achei a substituição do ator que o dublou bem decente. :)
Mulan
4.2 1,1K Assista AgoraReassisti e acabei gostando mais do que eu me lembrava. A animação tem umas tomadas bem bonitas, quase todas as músicas são boas e a narrativa conquista. Para além da protagonista, o que mais funciona para mim é a sua dinâmica com o Mushu. Murphy aqui já mostra o seu grande talento na dublagem, que foi comprovado mais tarde, em Shrek.
Vou terminar falando os únicos dois pontos negativos que vejo. Um deles é que o vilão mal tem tempo de tela, não tem carisma nem dá dimensão de sua maldade. O outro é que a montagem da Mulan treinando e ficando boa é muito rápida e não convence, até mesmo para uma animação. Talvez poderiam ter optado por dar a entender que ela já treinava um pouco antes da Guerra chegar, por exemplo...
Pateta 2: Radicalmente Pateta
3.3 46Seguindo nas continuações, temos esta animação bem feita e despretensiosa. Nessa desavença toda entre pai e filho, acho que não tem muito como defender algumas atitudes do Pateta, rs...
É um bom entretenimento para quem curte animação.
O Corcunda de Notre Dame II: O Segredo do Sino
2.9 75 Assista AgoraUma afronta com a perfeição do primeiro filme, que é um dos meus preferidos da vida.
Apesar da qualidade gráfica das continuações lançadas direto para home video cair bastante, aqui vemos essa queda ser de um precipício (Pocahontas II tem mais técnica do que esse, por exemplo). Porém, isso não é o que mais incomoda. O roteiro é previsível e sem graça, as músicas são constrangedoras, o vilão não se sustenta, a mocinha não tem carisma.
O ponto positivo é que eu não acho que há uma descaracterização completa de todas as personagens, como o caso de várias outros continuações do estúdio... no entanto, isso não faz com que a experiência do expectador não seja sofrível.
Pocahontas 2: Uma Jornada para o Novo Mundo
2.5 207 Assista AgoraTentando voltar com o meu projeto de filmes Disney/Pixar, que comecei há três anos.
Fico imaginando quem deixou isso aqui ser aprovado na reunião criativa do estúdio. Uma das piores continuações para home video que vi até agora. Nada aqui funciona, mas o que mais incomoda é a descaracterização da protagonista e as incoerências com o universo proposto no primeiro filme.
O único elogio é que até gostei de uma das músicas. De resto, trágico.
Maestro
3.1 260O filme terminou e fiquei com a sensação de que o roteiro se perdeu ao contar esta história, hesitando em se comprometer em alguns momentos. Após um tempo pensando no que especificamente não funcionou para mim, se foi o texto, a qualidade dos diálogos ou até mesmo a falha no desenvolvimento, acredito que seja a forma que eles optaram contar a história na metade final.
Apesar de existirem cenas buscando uma certa profundidade, fica a impressão de um lapso para o entendimento completo da vida do maestro, principalmente suas questões sexuais e matrimoniais.
Apesar disso, gostei de vários aspectos técnicos, principalmente da cinematografia, cabelo e maquiagem. Gostei também das atuações e de como eles marcaram bem e sem exageros a passagem do tempo. Bradley se sai bem nas cenas da regência e percebemos que a personagem fica mais confortável quanto a sua sexualidade até mesmo na mudança da postura do ator. Já Mulligan arrasou principalmente nas cenas da fase mais madura da personagem e em sua doença.
O gosto que fica é agridoce.
A Sociedade da Neve
4.2 715 Assista AgoraSabia pouco ou quase nada do acidente - somente sobre o canibalismo. Achei o filme extremamente bem feito, fotografia, direção e roteiro de alto nível. A cena do acidente é impactante e prendi a respiração durante a sequência.
Toda a discussão ética-religiosa sobre o consumo da carne humana é feita sob uma ótica sutil na medida certa, jogando para o expectador refletir o que faria naquela situação, sem panfletagem moral.
Me surpreendi demais com as cenas do soterramento e com a morte do narrador, um toque narrativo bem feito.
É um filme-desastre, e tendo a gostar deles quando bem feito, como é o caso de A Sociedade da Neve. :)
Lendas da Paixão
3.8 544 Assista AgoraLocações incríveis e fotografia bonita, mas com um poder narrativo pretensioso e que não entrega o que promete.
Achei as personagens mal desenvolvidas, principalmente a da Julia Ormond. Há um estabelecimento efetivo do porquê os três irmãos se apaixonaram por ela, mas a achei simplesmente passiva quanto a tudo isso, o que não contribui com a simpatia do expectador. Ela deixa as coisas acontecerem sem tomar as rédeas de nada, Alfred aceita ficar em um relacionamento que claramente não é recíproco, Tristan com todo aquele estereótipo do "broken guy" que se distancia quando não consegue lidar com os próprios sentimentos.
Acabei me desinteressando pelo casal, o que é péssimo para um filme de romance. Achei muito mais impactante e triste a morte da Isabel do que a da Susannah, por exemplo.
Hopkins, que adoro, salva algumas cenas com sua poderosa presença, mas talvez pudessem ter diminuído um pouco a mão no pós-AVE (o que considero mais problema da direção do que da atuação).
Gostei de ter visto, mas existem vários filmes melhores do gênero.
Sing: Quem Canta Seus Males Espanta
3.8 569Escolhi ver porque queria uma pegada mais musical, porém, tirando a versão incrível de Golden Slumbers da abertura, não me empolguei com as outras apresentações, senti falta de mais poder vocal ou talvez de melhores canções... Mas o filme como animação cumpre seu papel, entretém e tem personagens carismáticas! :)
A Garota no Trem
3.6 1,6K Assista AgoraNão curti a atuação de ninguém, exceto de Blunt. Todas as personagens são caricatas e rasas, não senti verdade em nenhum momento. Ainda por cima, adivinhei o final, o que fez o plot twist não ter o mesmo impacto (apesar de boas cenas).
É um thriller mediano, mas me deixou curioso e me prendeu até o fim.
Dreamgirls - Em Busca de um Sonho
3.6 455 Assista AgoraOk, não consigo analisar criticamente a Beyoncé, ela aparece e eu sorrio, não tem jeito <3... Hudson é incrível, que voz! Eddie Murphy muito bem aqui também... As músicas mais memoráveis são Listen (Beyoncé) e And I Am Telling You I'm Not Going (minha favorita, interpretada magistralmente pela Hudson). Mas o filme não é só maravilhas...
O que me incomodou muito foi o roteiro, não senti verossimilhança em nenhuma desavença ou em nenhuma das resoluções de conflitos ali. Como assim em apenas uma cena há o rompimento não só de um casal, mas de um grupo musical, e de uma amizade tida como família? Viveram oito anos daquele jeito, um grupo enriquecendo e a outra desempregada, ninguém teve nenhum remorso? Decidiram tudo naquela única cena e se mantiveram daquele jeito por quê? Por que ninguém tentou uma reconciliação?
Não havia lados a serem tomados. Sim, o roteiro mostra que Effie era difícil de se lidar, mas nada justifica a forma da sua expulsão e as ações feitas ali, e a história parece se esquecer disso. Ela pede simpatia por todos ali, mas não julga ou pune ninguém pelos seus atos, apenas Curtis.
A resolução do embate só é mostrada quando o texto precisa que as coisas se encaminhem para o final... não há remorso na volta da relação de Effie com o compositor, que acontece somente quando ele próprio entra em conflito com Curtis... não há remorso entre Effie e Deena, que somente rompe com Curtis quando ela percebe a relação tóxica que vive, e não porque percebeu que o que fez com Effie há anos foi errado.
Além disso tudo, há muita falta de aprofundamento nas personagens. Apesar do filme pedir do expectador uma empatia pela Effie, o roteiro falha em estabelecer esse sentimento, faltaram cenas dela amadurecendo e aprendendo humildade, faltaram cenas dela na "vida real", faltaram cenas mostrando as consequências do abandono de sua família.
A personagem da Beyoncé, que na minha opinião é a mais explorada, também soa vazia em algumas de suas decisões. Considero bem realizado todo o plot do relacionamento abusivo, a música Listen é usada muito bem para avançar com o roteiro... mas cadê o remorso? Cadê a cena de reconciliação entre as duas ex-irmãs? O roteiro novamente pede uma empatia com uma personagem, mas não se importa em estabelecê-la. Sim, a Beyoncé pede desculpas porque Curtis estava roubando as músicas da Effie, mas e as desculpas de como tudo isso começou? E as desculpas sobre ter iniciado o romance com Curtis?
Enfim... apesar de boas atuações e algumas apresentações memoráveis, achei que poderiam ter tirado 30% das músicas e colocado mais história, mais cenas, mais diálogos, mais aprofundamento...