Sabe o que é mais patético nesse furdunço todo causado por esses farofeiros ideológicos? No fim das contas, o filme tem mais elementos da condição humana do que elementos políticos em si. Eu sequer considero um filme de esquerda. É uma singela homenagem à democracia, que tem como pano de fundo uma metáfora à recente situação em que o país se encontra, utilizando, aliás, um argumento de muita qualidade e pleno de mensagens sociais. Argumento esse que não por acaso conversa muito com o aconteceu na cidade de Recife durante o movimento de resistência Ocupa Estelita, sobre como empreiteiras possuem o poder de controlar políticos e se apropriar do que deveria ser público. Isto posto, não vou entrar no mérito das acusações caluniosas e que beiram o ridículo feitas pela direita golpista de que o diretor, a equipe e os atores estariam ganhando dinheiro público para realizar protestos fora do Brasil. Tsc. Tsc. Tsc. Só digo uma coisa: com protesto ou sem protesto, os boicotadores da direita burra nem iam ver Aquarius mesmo. Vocês nem ligam pra cultura. Antes de discorrer sobre a obra preciso dizer que fiquei extremamente encantada por ter visto Aquarius no histórico Cinema São Luíz, o templo do cinema pernambucano e um dos poucos que resiste. Espaço belíssimo e de memória da cidade. Agora vou pegar meu banquinho aqui e falar dos aspectos que considerei relevantes pra discussão e compreensão do assunto abordado.
A problemática, a meu ver, reside muito mais no modo equivocado que as pessoas estão analisando o filme do que no próprio filme em si. Acho que estão olhando pela ótica errada. Clara é um poço de memórias, lembranças e saudosismo. Mas, além disso, é também uma personagem contraditória, pois ao mesmo tempo que crítica a classe social em que está inserida, usufrui de seus privilégios sem ao que parece às vezes ter noção deles. A relação patrão-empregado que possuí com a empregada, Ladjane, uma residente de uma zona periférica de Recife, evidencia bem essa contradição e a relação de poder que existe ali. Há uma tensão opressiva que paira sempre que as duas estão juntas em cena. Penso que não há lógica em ovacionar essa protagonista como símbolo máximo da resistência à opressão do capitalismo ou da luta de classes. Clara representa, sim, uma resistência do próprio meio em que vive (um meio burguês, que fique claro), mas não deve jamais ser tomada como uma heroína de massas, ou algo do tipo. Tentem assistir Aquarius da seguinte maneira: imaginem a história do filme no contexto das remoções de famílias em favelas. Vejam com um olhar mais apurado, sem romantizar tanto. Achei Clara espirituosa e inspiradora em diversos sentidos, mas seria lindo assistir a história de Ladjane. Eu gostaria muito.
“Clara: Toca Maria Bethânia pra ela, mostra que tu é intenso.”
Juíza moralista de MERDAAAA que entrou e saiu de uma universidade e não aprendeu que a realidade não é aquilo que a gente quer acreditar, mas aquilo que ela realmente é. Sujeitinha amarga, desumana, que vomita ódio de classe e cospe ignorância, julgando uma realidade sobre qual não faz ideia. Essa mulher é o reflexo perfeito de um judiciário parcial e representante da elite branca e classista desse país. Se isso não é política de higienização social, eu não sei o que é. Como alguém, do alto de seus privilégios, olha pra uma adolescente que roubou pra alimentar o próprio filho e diz que "fome não é justificativa pra roubar"? Querer um comportamento diferente de quem vive a margem da sociedade é, no mínimo, um puta egoísmo. É muito fácil dizer que o garoto não deveria ter matado o pai que fazia da vida dele e da mãe um inferno porque é maldade. Querida, mal vai a vida dele. Como uma pessoa, que esteja lúcida, vai querer morar na rua, viver na miséria ou sofrer violência constante? Condições e oportunidades são pra poucos. Um cálculo básico do ensino superior brasileiro mostra que menos de 10℅ da população brasileira está nas universidades. E tem gente que acha que os demais escolheram viver fora delas? Alguém tem pena dessas crianças que vivem nas ruas? Então porque eles teriam pena de vocês? 70% da população carcerária no Brasil é negra. 56,8℅ é jovem. Afirmar que esses crimes acontecem por "maldade" é dizer que maldade é característica intrínseca ao indivíduo pobre e negro. É estarrecedor ver que o judiciário, assim como a classe médica do país, em sua maioria é formada por uma casta racista que tem nojo de pobres. Trabalhem voluntariamente em abrigos por alguns meses. Ouçam a história de cada um desses meninos. Receba seu carinho e efeto e depois venha me dizer pra jogá-los na cadeia porque "já tem idade pra matar". É um desafio. Sua opinião não continua a mesma depois de uma experiência dessas. Enfim, fica manisfestado meu profundo constrangimento e comiseração por um sistema que é incapaz de enxergar as diferenças sociais, culturais e históricas que construíram esse país selvagem.
Não conseguiu comunicar. Ficou no quase. Confesso que já fui ver um tanto ressabiada por conta dessa escolha de protagonistas, no mínimo, esquisita. Woody Allen é a pretensão encarnada. Possivelmente aqui atingiu o suprassumo do que eu chamo de "filme pra burguês ver". Aguardemos ansiosos o dia em que esse diretor sairá da zona de conforto que têm permanecido desde os anos 80. De resto, o jogo de câmeras sofisticado só reafirma o talento inato dele na direção. E a cinematografia magnífica se deve muito ao brilhante diretor de fotografia italiano Vittorio Storaro. Narração expositiva preguiçosa é um troço que sempre me incomoda. A cena da praia com a câmera imóvel posicionada dentro da caverna é linda de morrer.
Muito mais que uma série, uma amostra de como não só a música, mas a Arte em si pode transformar a vida de muita gente. Muito além do hip-hop, The Get Down é sobre política, racismo, negros x latinos x brancos, liberdade, disco music, grafitte, moda e poder dos gays sobre o POP. Não tem coisa mais linda que ver a música usada como ferramenta de libertação diante de tanta opressão, pobreza e repressão religiosa. Aqui podemos ver como a música e a dança foram e ainda são elementos de coesão social mais eficazes do que as escolas, igreja ou família. O melhor da cultura musical americana nasceu da opressão racial, o funk e o hip-hop nos provam isso. É do caralho ver como os pretos são espetaculares. E sabem o que é ter estilo, em todos os aspectos. Terminei a série querendo pra ontem uma jaqueta com The Get Down Brothers escrita atrás.
Só quero dizer que o fato de não estar tendo o mesmo hype super elevado que Stranger Things teve, por exemplo, só mostra como cada um valoriza o que lhe convêm. Sim, eu sei que são produções totalmente distintas em essência e público mas não deixo de ficar triste por uma eclipsar a outra. Independente disso, já é uma série de valor imensurável para os negros e para o cultura hip-hop. Enfim, obrigatória para quem curte música em nível histórico.
P.s: O Ezekiel rima muito parecido com o Tyler The Creator.
"Shaolin Fantastic: This ain’t Disneyland, this shit is the fucking Bronx. Either you be strong, or you be gone. All I find, all I keep. Either you beat the world, or you get beat."
O cerne de Ghost in the Shell tem como base dois versículos bíblicos: “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido”. I Coríntios, 13:12 "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino." I Coríntios, 13:11 (sim, a ordem tá trocada)
A impressão que eu tenho é que obras da cultura cyberpunk nunca foram tão atuais quanto agora. A contemplação futurística e filosófica, sobretudo acerca da discussão dualística de corpo e alma, é algo absurdamente profundo num filme tão pequeno. O filme inteiro delinea essa questão sobre o que seria humano. Uma Inteligência Artificial capaz de não adquirir, mas aprender e criar pensamentos e consciência, poderia ser considerada uma forma de vida? O que fundamentalmente constitui o ser humano? Sua alma ou seu corpo? Essa substituição do corpo humano seria a evolução ou a perda da própria humanidade? Se somos essencialmente formados por memórias e experiências adquiridas ao longo da vida, e nossa individualidade se constitui através disso, então, o que resta quando tudo é deletado?
Obra-prima do cinema de animação, visualmente deslumbrante. Em termos de cyberpunk Ghost in the Shell só fica atrás de Akira.
“Puppet Master: And can you offer me proof of your existence? How can you, when neither modern science nor philosophy can explain what life is?”
Falar o quê? Meu coração está em pedaços. É de doer a alma. E perceber que isso é só uma vírgula quando se fala da situação de famílias vivendo em estado de extrema pobreza nesse país, devido a essa distribuição de renda de merda. Devia ser obrigatório as emissoras de tv brasileiras exibirem esse documentário no horário nobre, dias antes das eleições, pra que as pessoas vissem uma realidade que em geral veem apenas nas estatísticas. Famílias vivendo em condições sub-humanas, a fome e a miséria do ponto de vista de quem enfrenta o problema. A realidade é feia, ela machuca... Melhor é olhar para o outro lado e fingir que nada acontece, enquanto usufrui de seus privilégios sem ter que pensar muito sobre isso.
Sei que cada vez menos quero viver em um mundo onde a ganância se sobrepõe a vida humana.
Eu não esperava menos de um filme feito pra uma fanbase machista e babaca. O que fizeram com as personagens femininas aqui é tão escroto que é difícil pensar em argumentos técnicos pra analisar o restante da obra. Todos esses elogios super suspeitos à Arlequina são totalmente justificáveis, afinal, transformaram ela numa mistura de prostituta com lolita. Tudo que os machistas nerds punheteiros e as mulheres que acham lindo esse relacionamento abusivo romantizado de merda queriam. O filme tem classificação indicativa de 12 anos. Eu ouvi meninas de 14 se dizendo maravilhadas com a personagem ao final da sessão, e vocês vem dizer que essa objetificação deve ser ignorada pelo teor ficcional da obra?
O cinema também forma nossa cultura, então é necessário, sim, que o machismo seja retirado desse ambiente. Filmes assim só servem pra que homens reafirmem suas ideias machistas e mulheres se espelhem em exemplos errados. O fato do público alvo ser adolescente, só torna o problema ainda pior.
A DC sofre de um mal enorme chamado Warner. Mesmo expandindo o universo, se não houver planejamento por pessoas que entendam a real essência dos personagens ao invés de deixar tudo nas mãos de diretores, o filme da Liga está fadado ao fracasso antes mesmo de estrear. Um personagem não se constitui sozinho, ele está imerso na complexidade dramática construída por uma equipe técnica e artística. David Ayer foi um diretor terrível que merece todos os deméritos possíveis por ter dirigido um dos piores filmes do ano.
Só Mulher-Maravilha e Pantera Negra pra nos salvar!
Eu me lembro que a não muito tempo atrás, eu estava, numa discussão, falando que não dá pra uma pessoa branca se dizer negra só por descender de negros e usaram albinos como argumento, acho que foi quando me dei conta que a grande maioria das pessoas não tem a menor noção do que é albinismo, muito menos de materialismo. Albino não é "raça". Não são "albinos", são pessoas negras com albinismo.
Na África, mais especificamente na Tanzânia, onde a taxa de albinismo é uma das maiores, essa condição trás consigo um agravante terrível: essas pessoas são perseguidas e mortas. E esse, talvez, seja o maior de todos os sintomas de subdesenvolvimento na África. É a pura falta de conhecimento e ciência. É a maldita ignorância. Seres humanos caçados pra servirem de talismã, isolados socialmente do resto da comunidade e sofrendo severamente com o câncer e outras doenças de pele. Em algumas partes do continente se espalhou a crença de que comer albinos pode trazer sorte, e eu já li que até políticos participam encomendando pedaços de albinos, por crerem que trará sorte nas eleições. Essas pessoas não tem privilégio nenhum por causa da pele branca, são descriminados e tidos como anomalias.
Em meio a tanto sofrimento e descaso, ainda existem pessoas capazes de serem solidárias e fazer o bem sem absolutamente nenhum interesse capitalista por trás. Médicos e farmacêuticos que trabalham desinteressadamente para resolver os problemas de albinos. Hombre Negro Piel Blanca nós da uma aula de conscientização, e mostra que quando a essência da humanidade grita dentro de nós, é impossível ficar indiferente enquanto tantos não tem as condições mínimas pra viver. Como olhar ao redor, ver pessoas sangrando e não sangrar? Acredito que a indignação usada como combustível de resistência é a melhor forma pra que a gente consiga prosseguir lutando por igualdade pra todos, numa sociedade ainda tão escrota e injusta. Esse documentário me fez chorar, mas também me encheu de esperança. Não consigo descrever o sentimento de fé na humanidade que senti. Se uma pessoa decide ser a diferença na vida de outras, isso pra mim já é motivo o suficiente pra crer num futuro melhor.
O outro lado de uma socialização masculina ditada pelo capitalismo. O lado que mostra como o machismo danifica o desenvolvimento dos homens e como isso afeta o resto da sociedade, quase como numa progressão geométrica. Chegou a hora de lidar com isso, e de começar a pensar em como formar homens com um novo conceito de masculinidade, homens mais humanos, longe desse padrão machista que humilha, que violenta, que mata. Se queremos melhorar o modo como nossas meninas estão sendo tratadas, temos que atentar para como estamos educando nossos meninos. A cada segundo da vida de um homem, a socialização grita. Uma mistura perigosa de privilégios + liberdade + sexualidade livre, estimulada e formada pela pornografia. O bebê nem nasceu e a sua socialização já está pronta, esperando por ele. Eu não consigo mais olhar pra um homem e ver simplesmente uma pessoa. Eu vejo uma pessoa que foi socializada para ser dominadora e superior.
O documentário é pontual em desmistificar através de estudos e estatísticas o mito da "natureza/instinto masculino". É sabido que não é um comportamento biológico, é sistemático e fruto de socialização. É mostrado o altíssimo índice de tentativas e de suicídios entre homens, os dados que comprovam sobre a violência realizada por homens ser maior, mesmo em culturas que garotas têm acesso fácil a armas. A extrema maioria dos estupros no mundo é cometido por homens, a maioria esmagadora das vítimas são mulheres e menores de idade. Mas homens também estupram outros homens. A violência masculina existe em vários níveis. Violência não se limita a bater, espancar, estuprar, não. Existe também a manutenção diária da violência, a violência que naturaliza que homens odeiem (ódio esse que parte de um inconsciente coletivo) mulheres.
Ao mesmo tempo em que estes garotos de nove, dez, onze anos estão entrando na puberdade, e suas identidades enquanto homens está se formando de forma mais determinante, aonde naturalmente começam a se interessar por questões afetivas e sexuais, é nessa brecha que a pornografia entra, uma das ramificações mais diretas da cultura do estupro - além, óbvio, da exploração de mulheres. Uma pornografia que reduz mulheres a objetos e cria fetiches que não estavam ali antes, que diz que mulheres existem para o prazer sexual dos homens, de qualquer forma que os homens quiserem esse prazer.
"Existe uma cultura de estupro, e isso significa que os estupradores não estão saindo de bueiros. São produzidos pela nossa cultura."
Ao final, a mensagem que cada um pode contribuir nessa reformulação do papel do que é ser homem. A ausência dos papéis de gênero socialmente construídos ainda é uma realidade distante, mas é inegável como os problemas ligados a ele acarretam uma pá de questões sociais. Apesar de ser baseado na sociedade estadunidense, confesso que não vejo grandes diferenças em relação à sociedade brasileira.
Espero que o máximo de pessoas vejam esse documentário, é utilidade pública isso aqui.
"A lésbica é a furia de todas as mulheres condensada até o ponto de explosão"
Eu queria que todo mundo assistisse a esse documentário. Eu quero que crianças assistam a esse documentário. Nós, mulheres, lutamos pelas MESMAS coisas há 50 anos. Em momentos de crise, que mais precisamos de empoderamento, mulheres de grande inspiração para não esquecermos da luta. A luta segue, é constante e atemporal. Luto, pra nós, é verbo.
Cliffhanger forçado? Falta de respeito? Estratégia barata pra segurar audiência? Olha, sinceramente, às vezes eu acho que as pessoas esquecem que estão assistindo a uma série de TV. O final não foi ridículo, é assim que se faz TV, é assim que se prende telespectador. Suspense! Se não te agrada esse formato, não assista séries, assista filmes, aí você tem a resolução da história em duas horas!
Last Day On Earth foi um episódio decisivo para todo o futuro da série. É o começo de uma nova era e também só a ponta do problema que Rick tem nas mãos. Pela primeira vez em seis anos, pudemos sentir o medo em seu olhar, era palpável a vulnerabilidade que o personagem não pôde esconder por estar dominado pelo medo. Negan é o pior vilão que The Walking Dead já viu, e os roteiristas fizeram com que sua chegada fosse épica e tivesse consequências letais. Óbvio que é torturante não saber quem foi o escolhido, porém, há que se entender que estamos entrando em um novo arco que precisará de uma nova temporada inteira para ser desenvolvido, e os acontecimentos aqui foram somente uma pequena (apesar de impactante) introdução ao que virá a seguir.
Até outubro trocentas mil teorias surgirão a respeito de una cena que certamente ainda sequer foi gravada. Não há motivo pra tanta angústia sobre quem morreu, um pouco de conhecimento sobre a série, o histórico de decisões dos roteiristas e o rumo que alguns personagens tomaram nesses últimos episódios, e da pra saber que essa morte está entre, no máximo, três pessoas ali.
A verdade é que quem acompanha os quadrinhos tem uma visão totalmente diferente e mais aprofundada da trama em si. Não dá pra discutir com quem em pleno 2016 ainda acha que a série é sobre zumbis.
Episódio infeliz e covarde. Qual a necessidade de transformar o Glenn em um personagem "intocável"? Por acaso ele foi promovido a protagonista da série agora e eu não tô sabendo? Usaram o modo mais escroto e nada criativo pra manter a audiência: morte em aberto. Fazer com que os espectadores especulem na esperança de algo ter acontecido quando, na verdade, não aconteceu nada é brincar com a fan base de uma forma ridícula. Se não tem coragem de matar um personagem, não finja que vai. Já houve tantas mudanças dos quadrinhos pra série que eu realmente acreditei que o final do Glenn seria morrer ali mesmo. O negócio foi tão bem pensado no melhor estilo pega-trouxa que retiraram até o nome do Steve Yeun dos créditos. Penso que a essa altura do campeonato, em plena sexta temporada, esse tipo de artefato à la pegadinha do malandro se faz completamente desnecessário. Pura encheção de linguiça.
É chato, você desanima, perde a confiança na série. Estão trilhando um caminho de forma a nos fazer crer que o Glenn, de fato, morrerá pelas mãos do Negan, mas quem sabe? Me parece que ele está se tornando uma espécie de "segundo Daryl". E isso não é nada bom, pois mortes de personagens importantes se fazem necessárias por dois motivos: carga dramática e realismo. Enfim, não consigo criar nenhuma expectativa para essa mid-season finale.
Então, eis que a desconfiança virou certeza, Jessica Lange, a ALMA de American Horror Story nunca fez tanta falta! Hotel está perdida. Estão dando atenção demais aos plots errados. Tem sangue, tem personagens estranhos, tem uma ambientação sombria, tem mais sangue, mas não tem consistência em sua história. Sempre odiei o modo como Ryan nunca soube aproveitar a Kathy Bates(que faz milagres nos poucos minutos que aparece em cena). Sempre colocando-a em papéis sem muita importância, servindo aos outros... Pelo amor de deus, ela é bem mais que isso. Colocar Gaga como protagonista da temporada foi um puta erro! Burrice! Apesar de ter uma forte presença em cena, sua atuação é medíocre, irritante, ela atua mal pra caralho e só sabe fazer carão. Não é a personagem, É ELA! E por favor, não venham dizer que estou criticando gratuita ou maldosamente pois ela é uma artista que eu realmente admiro. Diferente da Sarah Paulson que, apesar de ótima atriz, recebeu uma personagem que sem exagero, está beirando o ridículo de tão exagerada e canastrona. Tá dando vergonha alheia dela e do Evan(outro ator que eu amo).
Acompanho AHS desde seu primeiro ano de estréia, tenho minhas temporadas favoritas, mas mesmo as que não gostei, não conseguiriam ser pior do que essa está sendo. Enfim. Não queria ter que chegar a esse ponto, mas estou abandonando a temporada. Esse negócio de "melhora no próximo episódio" já não serve mais de desculpa pra continuar, e eu juro que tentei. Boa sorte pra quem continua. Na próxima, se o tema for alienígenas, talvez eu volte.
Cara, que delícia de filme é esse Bone Tomahank! Contém todos os ingredientes de um bom filme do gênero: tem os arquétipos típicos dos westerns clássicos, tem referências a outras obras e diretores, diálogos incríveis e, não menos importante, tem a quantidade de sangue e violência que deve ter, na medida certa. O elenco também se sai muito bem, sobretudo o Kurt Russell e o Patrick Wilson. As cenas gore e bang bang que evolvem o grupo e a tribo são maravilhosas e muito realistas. Confesso que em alguns momentos senti falta de uma trilha sonora mais presente, acho que deixaria o filme ainda melhor.
Meu deus, aquela perna do Arthur me deu uma puta agonia! Fiquei me perguntando se ele conseguiria ou se ela necrosaria e ele simplesmente morreria ali no meio deserto mesmo.
Enfim, filmaço! Vale cada segundo. Muito consistente, do início ao fim.
Podem ter certeza que os mesmos que aplaudem a política de exterminio do jovem negro e periférico são os mesmos que assistiram ao filme e soltaram uma lágrima pelo protagonista. Afinal, pobreza é coisa exótica, que só gera empatia e fascínio se falada noutro idioma. Caso contrário, segue a máxima "bandido bom é bandido morto!". Agu não é diferente das milhares de crianças e jovens periféricos brasileiros que crescem cercados pela violência para depois serem exterminados(nem preciso dizer por quem, ou será que preciso?). Crianças que tem sua inocência arrancada pela natureza bárbara e selvagem da guerra, seja ela motivada pelo que for. E você ainda é obrigada a ouvir de gente que entende N.E.C.A.S de problemas sociais que todos temos escolha, que se tá nessa é porque quer, porque gosta, blá blá blá whiskas sachê... Escolha? Escolha é privilégio, filhinho. Não vem com essa desonestidade intelectual querendo aplicar exceção sobre todo um contexto político-social, não.
Esse filme traz um questionamento um tanto reflexivo: Más intenções sempre começam com boas intenções. Já notaram? Suas experiências fazem você, elas te transformam, é exatamente o que acontece com Agu. Não é questão de justificar a violência, mas tem que se entender o ciclo vicioso que liga toda essa degradação de pessoas. Em que momento alguém passa de vítima das circunstâncias para algoz? Se Agu foi obrigado a se tornar um assassino, provavelmente não foi diferente com os outros soldados. Ninguém nasce odiando, as pessoas são ensinadas a serem assim. O motivos das facções em conflito nem sempre são claros em tempos de guerra, mas quer saber? Isso importa zero para aqueles que, assim como Agu e tantos outros, foram condicionados a uma realidade sobre a qual não tiveram nenhum poder de escolha.
Beasts of no Nation consegue ser visceral, dramático e conflituoso em níveis inimagináveis. Um filme que não pretendo ver de novo, sem dúvida alguma. O final, é a realidade que os que passam por situações dessa natureza - e sobrevivem - têm que enfrentar: há certos traumas que não podem ser superados.
Caralho, como vocês são chatos! Quanta crítica maldosa e descabida aqui. Não é excelente e está longe de ser perfeito, concordo, mas é competente no que se propõe. Quer dizer, não teve gore o suficiente pra vocês porque não teve estupros, pessoas sendo empaladas ou animaizinhos sendo estripados? Se imaginar na situação daquelas pessoas não é suficientemente aterrorizante pra vocês? Ah, me poupa, cara! Nada contra as pessoas que amam o outro filme, que dão cinco estrelas e favoritam ele, mas não custa entender que existem linguagens e estilos diferentes dentro do mesmo gênero e que isso aqui não é, sequer, um remake daquele outro.
Qual o limite de um ser humano? O sucesso veio, mas a que preço? Eu sempre me surpreendo em ver como a indústria da música pode ser cruel com seus trabalhadores, como é capaz de destruir verdadeiros talentos e até vidas, como foi o caso aqui. No livro do Mitch(que eu me arrependo de ter lido)há palavras. Aqui, nós temos imagens em vídeo mostrando o quão asqueroso esse homem é, e o quão nocivo ele foi pra própria filha. Como não levar em consideração o que foi mostrado? Com cenas reais! Amy amava demais o pai pra perceber que ele era um vampiro que só sugava a imagem dela em benefício próprio. Alguém que a via como uma galinha dos ovos de ouro. Agora dá pra entender porque a família inteira foi contra o documentário. Faltou abraço, faltou companhia, faltou colo, faltou pai, faltou mãe e sobrou empresário, sobrou críticas destrutivas, julgamentos, exposição... Amy morreu no auge da dor de não ser amada, de amar tanto, de não poder ser quem é, estar sufocada, sem chão... e ainda sim, viver pra amar. Morreu de amor.
Assistir a Human é passar por uma experiência de imersão tão enriquecedora, que assim como os entrevistados, nós os interlocutores, também saímos da escuridão dos despropósitos da vida e da indiferença à nossa própria existência humana, rumo a iluminação oferecida pela poesia e sensibilidade desse grande documentário. Obra-prima absolutamente inquestionável do Yann Arthus-Bertrand, que não deve apenas ser vista, mas sobretudo, sentida.
É patético ver como alguns homens "cheios de boas intenções" tentam defender a exploração sexual feminina(lê-se: a punhetinha deles de cada dia)com esse discursinho ordinário e desonesto de "faz porque gosta", "ninguém tá obrigando, ué". Idiota, faz porque tem que fazer, não porque gosta. O documentário, apesar de fazer recorte apenas de um dos segmentos do pornô mainstream, mostra bem o que a pornografia grita sobre mulheres: que queremos ser estupradas, espancadas; a pornografia diz que mulheres querem ser humilhadas, depreciadas, subjugadas; diz que mesmo quando a mulher diz "não", ela quer dizer "sim" – sim à violência, sim à dor. E é essa mesma pornografia que forma os valores sexuais de inúmeros meninos e meninas. A verdade é que o tamanho dessa indústria bilionária equivale ao tamanho da crueldade que ela propaga em cima das pessoas que estão dentro dela, usando-as e depois descartando-as feito lixo e com um bônus de um estigma nas costas do tamanho do mundo, de uma sociedade que antes costumava se masturbar com elas.
Hot Girls Wanted é um documentário que poderia ter sido um pouco mais endossado e problematizado mais algumas outras questões(como aquele terrível facial abuse, a pedofilia na subjetividade, etc...), mas mesmo assim não o considero raso ou superficial. Os questionamentos importantes estão lá, o resto fica por conta do julgamento crítico de quem assisti.
"Mas então vem tudo à tona: eu queria o dinheiro tanto assim?" :(
Bem mais assustador e angustiante do que eu imaginava!
Se você não sabe nada do filme, você pode jurar que é um documentário real. Na verdade, só pelo fato de não se tratar de mais um daqueles found footage em que os personagens continuam filmando sem parar ao invés de salvarem as próprias vidas, já dá muita credibilidade a estória. E apesar do enredo não ser original em sua proposta, ele é infinitamente melhor trabalhado em comparação as muitas obras do gênero que tem saído por aí ultimamente. É incrível notar o quão palpável chega ser sentir o terror das vítimas diante da perversidade e insanidade de um maníaco extremamente medonho. Aqui você pode acompanhar não só todo modus operandi do assassino(que, aliás, é justamente não ter um modus operandi, e sim vários), como também sua evolução conforme o passar do tempo. As cenas de gore assustam, mas, pra mim, as de terror psicológico assustam bem mais exatamente por serem tão banais e passíveis de acontecer com qualquer um que tenha uma vida normal; o que fica bem evidente no modo cínico como o assassino atrai suas vítimas, nos mostrando que a morte não vem com pressa e sim em passos lentos e dissimulados, na forma de uma carona aparentemente segura ou apenas observando de longe à espreita.
Muito interessante a abordagem da Síndrome de Estocolmo desenvolvida pela garota sobrevivente. E, puta merda, eu nem consigo mensurar o quão doentio foi ele desenterrar ela e levá-la consigo depois de tudo.
É muito perturbador pensar em como as pessoas podem ser tão cruéis. Pessoas desaparecem todos os dias e aos montes, a maioria nunca são encontradas. Quantas foram vítimas de "predadores" como este e ninguém nunca saberá?! Se isso não é perturbador para vocês, eu não quero nem saber o que é.
O maior trunfo do curta, pra mim, é suscitar se a ignorância é, de fato, a melhor condição de estado em si, mesmo em tal circunstância; o garoto julgou que sim, e resolveu não falar nada, mas não acho que esse ato de sacrifício/compaixão deva ser enxergado como uma atitude romântica, essa escolha não era só dele, ela tinha o direito de saber e receber todo apoio que pudesse ter. Mesmo sendo uma criança sem o senso moral completamente desenvolvido, a decisão dele culminou na impunidade dos verdadeiros criminosos. Sabemos muito bem que esse silêncio irresponsável e cúmplice(voluntária ou involuntariamente) cerca o estupro de milhões mulheres no mundo inteiro, e chega a doer pensar que casos como este são varridos pra debaixo do tapete o tempo todo.
Existe justiça pra escória do calibre de estupradores? O que sei é que não existe um lado poético de pensar o que faríamos no lugar daquele garoto: é desesperador! Não tem como não sentir por ele, perdendo a inocência da infância da maneira mais mórbida e torpe possível.
Dolorosamente reflexivo. É muito pesado olhar e perceber como ela estava afundada em relações abusivas, na depressão, na violência física e mental, na exploração trabalhista. É nojento o fato de ela ter que cantar para uma platéia de brancos racistas, chegar em casa e lidar com mais violência daquele marido escroto que ainda tinha a pachorra de se fazer de vítima. Claro que a depressão tomou conta e, no fim, grande parte de suas doenças psicológicas desenvolveram-se provavelmente em decorrência desses abusos constantes; atrelada a exclusão e desvalorização (enquanto mulher negra). É deprimente notar a solidão que acabaria se tornando algo que definiria e tomaria a sua vida, e eu acho que esse desconforto é crucial para a complexidade da obra, pois funciona de modo a te fazer entender e sentir com uma intensidade maior a realidade que está sendo passada - puxando você pra bem perto dela, primeiro agradavelmente e depois desagradavelmente.
What Happened, Miss Simone? tem um lado muito humano, que a Liz Garbus soube retratar maravilhosamente bem, fazendo-se essencial não só para quem aprecia sua musicalide e sensibilidade, mas sobretudo para quem se interessa em aprender um pouco mais sobre a vida genial e trágica de uma das mulheres mais relevantes do século XX e sua entrada na militância política em uma época de segregação racial fortíssima. Mulher, negra, independente e ao mesmo tempo tão frustrada. Nina era o tipo de artista que eu amava e admirava.
É assustador notar como as pessoas conseguem romantizar um transtorno psicológico transformado em um comportamento patológico. Eu não achei o comportamento do rapaz fofinho, como muitos acharam, eu tive pena dele, por ter anulado toda uma vida atrás de alguém que nem lembrava mais de sua existência. O garoto claramente precisava de ajuda profissional e o único que pareceu perceber isso foi o irmão, visto o tempo todo como carrasco.
Quando ela pergunta se ele a está seguindo, eu lembrei na hora da música do The Police, Every Breath You Take, em que o eu lírico diz que a cada movimento, passo e suspiro que sua amada der, ele estará a observando. A música em questão é sobre um Stalker. O filme também.
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraSabe o que é mais patético nesse furdunço todo causado por esses farofeiros ideológicos? No fim das contas, o filme tem mais elementos da condição humana do que elementos políticos em si. Eu sequer considero um filme de esquerda. É uma singela homenagem à democracia, que tem como pano de fundo uma metáfora à recente situação em que o país se encontra, utilizando, aliás, um argumento de muita qualidade e pleno de mensagens sociais. Argumento esse que não por acaso conversa muito com o aconteceu na cidade de Recife durante o movimento de resistência Ocupa Estelita, sobre como empreiteiras possuem o poder de controlar políticos e se apropriar do que deveria ser público. Isto posto, não vou entrar no mérito das acusações caluniosas e que beiram o ridículo feitas pela direita golpista de que o diretor, a equipe e os atores estariam ganhando dinheiro público para realizar protestos fora do Brasil. Tsc. Tsc. Tsc. Só digo uma coisa: com protesto ou sem protesto, os boicotadores da direita burra nem iam ver Aquarius mesmo. Vocês nem ligam pra cultura.
Antes de discorrer sobre a obra preciso dizer que fiquei extremamente encantada por ter visto Aquarius no histórico Cinema São Luíz, o templo do cinema pernambucano e um dos poucos que resiste. Espaço belíssimo e de memória da cidade. Agora vou pegar meu banquinho aqui e falar dos aspectos que considerei relevantes pra discussão e compreensão do assunto abordado.
A problemática, a meu ver, reside muito mais no modo equivocado que as pessoas estão analisando o filme do que no próprio filme em si. Acho que estão olhando pela ótica errada. Clara é um poço de memórias, lembranças e saudosismo. Mas, além disso, é também uma personagem contraditória, pois ao mesmo tempo que crítica a classe social em que está inserida, usufrui de seus privilégios sem ao que parece às vezes ter noção deles. A relação patrão-empregado que possuí com a empregada, Ladjane, uma residente de uma zona periférica de Recife, evidencia bem essa contradição e a relação de poder que existe ali. Há uma tensão opressiva que paira sempre que as duas estão juntas em cena. Penso que não há lógica em ovacionar essa protagonista como símbolo máximo da resistência à opressão do capitalismo ou da luta de classes. Clara representa, sim, uma resistência do próprio meio em que vive (um meio burguês, que fique claro), mas não deve jamais ser tomada como uma heroína de massas, ou algo do tipo. Tentem assistir Aquarius da seguinte maneira: imaginem a história do filme no contexto das remoções de famílias em favelas. Vejam com um olhar mais apurado, sem romantizar tanto. Achei Clara espirituosa e inspiradora em diversos sentidos, mas seria lindo assistir a história de Ladjane. Eu gostaria muito.
“Clara: Toca Maria Bethânia pra ela, mostra que tu é intenso.”
Juízo
4.0 118Juíza moralista de MERDAAAA que entrou e saiu de uma universidade e não aprendeu que a realidade não é aquilo que a gente quer acreditar, mas aquilo que ela realmente é. Sujeitinha amarga, desumana, que vomita ódio de classe e cospe ignorância, julgando uma realidade sobre qual não faz ideia. Essa mulher é o reflexo perfeito de um judiciário parcial e representante da elite branca e classista desse país. Se isso não é política de higienização social, eu não sei o que é.
Como alguém, do alto de seus privilégios, olha pra uma adolescente que roubou pra alimentar o próprio filho e diz que "fome não é justificativa pra roubar"? Querer um comportamento diferente de quem vive a margem da sociedade é, no mínimo, um puta egoísmo. É muito fácil dizer que o garoto não deveria ter matado o pai que fazia da vida dele e da mãe um inferno porque é maldade. Querida, mal vai a vida dele.
Como uma pessoa, que esteja lúcida, vai querer morar na rua, viver na miséria ou sofrer violência constante?
Condições e oportunidades são pra poucos. Um cálculo básico do ensino superior brasileiro mostra que menos de 10℅ da população brasileira está nas universidades. E tem gente que acha que os demais escolheram viver fora delas?
Alguém tem pena dessas crianças que vivem nas ruas? Então porque eles teriam pena de vocês? 70% da população carcerária no Brasil é negra. 56,8℅ é jovem. Afirmar que esses crimes acontecem por "maldade" é dizer que maldade é característica intrínseca ao indivíduo pobre e negro. É estarrecedor ver que o judiciário, assim como a classe médica do país, em sua maioria é formada por uma casta racista que tem nojo de pobres.
Trabalhem voluntariamente em abrigos por alguns meses. Ouçam a história de cada um desses meninos. Receba seu carinho e efeto e depois venha me dizer pra jogá-los na cadeia porque "já tem idade pra matar". É um desafio. Sua opinião não continua a mesma depois de uma experiência dessas. Enfim, fica manisfestado meu profundo constrangimento e comiseração por um sistema que é incapaz de enxergar as diferenças sociais, culturais e históricas que construíram esse país selvagem.
Café Society
3.3 531Não conseguiu comunicar. Ficou no quase. Confesso que já fui ver um tanto ressabiada por conta dessa escolha de protagonistas, no mínimo, esquisita. Woody Allen é a pretensão encarnada. Possivelmente aqui atingiu o suprassumo do que eu chamo de "filme pra burguês ver". Aguardemos ansiosos o dia em que esse diretor sairá da zona de conforto que têm permanecido desde os anos 80.
De resto, o jogo de câmeras sofisticado só reafirma o talento inato dele na direção. E a cinematografia magnífica se deve muito ao brilhante diretor de fotografia italiano Vittorio Storaro. Narração expositiva preguiçosa é um troço que sempre me incomoda. A cena da praia com a câmera imóvel posicionada dentro da caverna é linda de morrer.
The Get Down (1ª Temporada)
4.5 417 Assista AgoraMuito mais que uma série, uma amostra de como não só a música, mas a Arte em si pode transformar a vida de muita gente. Muito além do hip-hop, The Get Down é sobre política, racismo, negros x latinos x brancos, liberdade, disco music, grafitte, moda e poder dos gays sobre o POP. Não tem coisa mais linda que ver a música usada como ferramenta de libertação diante de tanta opressão, pobreza e repressão religiosa. Aqui podemos ver como a música e a dança foram e ainda são elementos de coesão social mais eficazes do que as escolas, igreja ou família. O melhor da cultura musical americana nasceu da opressão racial, o funk e o hip-hop nos provam isso.
É do caralho ver como os pretos são espetaculares. E sabem o que é ter estilo, em todos os aspectos. Terminei a série querendo pra ontem uma jaqueta com The Get Down Brothers escrita atrás.
Só quero dizer que o fato de não estar tendo o mesmo hype super elevado que Stranger Things teve, por exemplo, só mostra como cada um valoriza o que lhe convêm. Sim, eu sei que são produções totalmente distintas em essência e público mas não deixo de ficar triste por uma eclipsar a outra.
Independente disso, já é uma série de valor imensurável para os negros e para o cultura hip-hop. Enfim, obrigatória para quem curte música em nível histórico.
P.s: O Ezekiel rima muito parecido com o Tyler The Creator.
"Shaolin Fantastic: This ain’t Disneyland, this shit is the fucking Bronx. Either you be strong, or you be gone. All I find, all I keep. Either you beat the world, or you get beat."
O Fantasma do Futuro
4.1 395 Assista AgoraO cerne de Ghost in the Shell tem como base dois versículos bíblicos:
“Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido”. I Coríntios, 13:12
"Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino." I Coríntios, 13:11
(sim, a ordem tá trocada)
A impressão que eu tenho é que obras da cultura cyberpunk nunca foram tão atuais quanto agora. A contemplação futurística e filosófica, sobretudo acerca da discussão dualística de corpo e alma, é algo absurdamente profundo num filme tão pequeno.
O filme inteiro delinea essa questão sobre o que seria humano. Uma Inteligência Artificial capaz de não adquirir, mas aprender e criar pensamentos e consciência, poderia ser considerada uma forma de vida? O que fundamentalmente constitui o ser humano? Sua alma ou seu corpo? Essa substituição do corpo humano seria a evolução ou a perda da própria humanidade? Se somos essencialmente formados por memórias e experiências adquiridas ao longo da vida, e nossa individualidade se constitui através disso, então, o que resta quando tudo é deletado?
Obra-prima do cinema de animação, visualmente deslumbrante. Em termos de cyberpunk Ghost in the Shell só fica atrás de Akira.
“Puppet Master: And can you offer me proof of your existence? How can you, when neither modern science nor philosophy can explain what life is?”
Garapa
4.3 153 Assista AgoraFalar o quê? Meu coração está em pedaços. É de doer a alma.
E perceber que isso é só uma vírgula quando se fala da situação de famílias vivendo em estado de extrema pobreza nesse país, devido a essa distribuição de renda de merda. Devia ser obrigatório as emissoras de tv brasileiras exibirem esse documentário no horário nobre, dias antes das eleições, pra que as pessoas vissem uma realidade que em geral veem apenas nas estatísticas.
Famílias vivendo em condições sub-humanas, a fome e a miséria do ponto de vista de quem enfrenta o problema. A realidade é feia, ela machuca... Melhor é olhar para o outro lado e fingir que nada acontece, enquanto usufrui de seus privilégios sem ter que pensar muito sobre isso.
Sei que cada vez menos quero viver em um mundo onde a ganância se sobrepõe a vida humana.
Esquadrão Suicida
2.8 4,0K Assista AgoraEu não esperava menos de um filme feito pra uma fanbase machista e babaca. O que fizeram com as personagens femininas aqui é tão escroto que é difícil pensar em argumentos técnicos pra analisar o restante da obra.
Todos esses elogios super suspeitos à Arlequina são totalmente justificáveis, afinal, transformaram ela numa mistura de prostituta com lolita. Tudo que os machistas nerds punheteiros e as mulheres que acham lindo esse relacionamento abusivo romantizado de merda queriam.
O filme tem classificação indicativa de 12 anos. Eu ouvi meninas de 14 se dizendo maravilhadas com a personagem ao final da sessão, e vocês vem dizer que essa objetificação deve ser ignorada pelo teor ficcional da obra?
O cinema também forma nossa cultura, então é necessário, sim, que o machismo seja retirado desse ambiente. Filmes assim só servem pra que homens reafirmem suas ideias machistas e mulheres se espelhem em exemplos errados. O fato do público alvo ser adolescente, só torna o problema ainda pior.
A DC sofre de um mal enorme chamado Warner. Mesmo expandindo o universo, se não houver planejamento por pessoas que entendam a real essência dos personagens ao invés de deixar tudo nas mãos de diretores, o filme da Liga está fadado ao fracasso antes mesmo de estrear. Um personagem não se constitui sozinho, ele está imerso na complexidade dramática construída por uma equipe técnica e artística. David Ayer foi um diretor terrível que merece todos os deméritos possíveis por ter dirigido um dos piores filmes do ano.
Só Mulher-Maravilha e Pantera Negra pra nos salvar!
Homem Negro de Pele Branca
3.7 6Eu me lembro que a não muito tempo atrás, eu estava, numa discussão, falando que não dá pra uma pessoa branca se dizer negra só por descender de negros e usaram albinos como argumento, acho que foi quando me dei conta que a grande maioria das pessoas não tem a menor noção do que é albinismo, muito menos de materialismo. Albino não é "raça". Não são "albinos", são pessoas negras com albinismo.
Na África, mais especificamente na Tanzânia, onde a taxa de albinismo é uma das maiores, essa condição trás consigo um agravante terrível: essas pessoas são perseguidas e mortas. E esse, talvez, seja o maior de todos os sintomas de subdesenvolvimento na África. É a pura falta de conhecimento e ciência. É a maldita ignorância. Seres humanos caçados pra servirem de talismã, isolados socialmente do resto da comunidade e sofrendo severamente com o câncer e outras doenças de pele. Em algumas partes do continente se espalhou a crença de que comer albinos pode trazer sorte, e eu já li que até políticos participam encomendando pedaços de albinos, por crerem que trará sorte nas eleições.
Essas pessoas não tem privilégio nenhum por causa da pele branca, são descriminados e tidos como anomalias.
Em meio a tanto sofrimento e descaso, ainda existem pessoas capazes de serem solidárias e fazer o bem sem absolutamente nenhum interesse capitalista por trás. Médicos e farmacêuticos que trabalham desinteressadamente para resolver os problemas de albinos.
Hombre Negro Piel Blanca nós da uma aula de conscientização, e mostra que quando a essência da humanidade grita dentro de nós, é impossível ficar indiferente enquanto tantos não tem as condições mínimas pra viver. Como olhar ao redor, ver pessoas sangrando e não sangrar? Acredito que a indignação usada como combustível de resistência é a melhor forma pra que a gente consiga prosseguir lutando por igualdade pra todos, numa sociedade ainda tão escrota e injusta. Esse documentário me fez chorar, mas também me encheu de esperança. Não consigo descrever o sentimento de fé na humanidade que senti. Se uma pessoa decide ser a diferença na vida de outras, isso pra mim já é motivo o suficiente pra crer num futuro melhor.
A Máscara em que Você Vive
4.5 201O outro lado de uma socialização masculina ditada pelo capitalismo. O lado que mostra como o machismo danifica o desenvolvimento dos homens e como isso afeta o resto da sociedade, quase como numa progressão geométrica. Chegou a hora de lidar com isso, e de começar a pensar em como formar homens com um novo conceito de masculinidade, homens mais humanos, longe desse padrão machista que humilha, que violenta, que mata. Se queremos melhorar o modo como nossas meninas estão sendo tratadas, temos que atentar para como estamos educando nossos meninos.
A cada segundo da vida de um homem, a socialização grita. Uma mistura perigosa de privilégios + liberdade + sexualidade livre, estimulada e formada pela pornografia. O bebê nem nasceu e a sua socialização já está pronta, esperando por ele.
Eu não consigo mais olhar pra um homem e ver simplesmente uma pessoa. Eu vejo uma pessoa que foi socializada para ser dominadora e superior.
O documentário é pontual em desmistificar através de estudos e estatísticas o mito da "natureza/instinto masculino". É sabido que não é um comportamento biológico, é sistemático e fruto de socialização. É mostrado o altíssimo índice de tentativas e de suicídios entre homens, os dados que comprovam sobre a violência realizada por homens ser maior, mesmo em culturas que garotas têm acesso fácil a armas. A extrema maioria dos estupros no mundo é cometido por homens, a maioria esmagadora das vítimas são mulheres e menores de idade. Mas homens também estupram outros homens. A violência masculina existe em vários níveis. Violência não se limita a bater, espancar, estuprar, não. Existe também a manutenção diária da violência, a violência que naturaliza que homens odeiem (ódio esse que parte de um inconsciente coletivo) mulheres.
Ao mesmo tempo em que estes garotos de nove, dez, onze anos estão entrando na puberdade, e suas identidades enquanto homens está se formando de forma mais determinante, aonde naturalmente começam a se interessar por questões afetivas e sexuais, é nessa brecha que a pornografia entra, uma das ramificações mais diretas da cultura do estupro - além, óbvio, da exploração de mulheres. Uma pornografia que reduz mulheres a objetos e cria fetiches que não estavam ali antes, que diz que mulheres existem para o prazer sexual dos homens, de qualquer forma que os homens quiserem esse prazer.
"Existe uma cultura de estupro, e isso significa que os estupradores não estão saindo de bueiros. São produzidos pela nossa cultura."
Ao final, a mensagem que cada um pode contribuir nessa reformulação do papel do que é ser homem. A ausência dos papéis de gênero socialmente construídos ainda é uma realidade distante, mas é inegável como os problemas ligados a ele acarretam uma pá de questões sociais.
Apesar de ser baseado na sociedade estadunidense, confesso que não vejo grandes diferenças em relação à sociedade brasileira.
Espero que o máximo de pessoas vejam esse documentário, é utilidade pública isso aqui.
She’s Beautiful When She’s Angry
4.6 152"A lésbica é a furia de todas as mulheres condensada até o ponto de explosão"
Eu queria que todo mundo assistisse a esse documentário. Eu quero que crianças assistam a esse documentário.
Nós, mulheres, lutamos pelas MESMAS coisas há 50 anos. Em momentos de crise, que mais precisamos de empoderamento, mulheres de grande inspiração para não esquecermos da luta. A luta segue, é constante e atemporal. Luto, pra nós, é verbo.
The Walking Dead (6ª Temporada)
4.1 1,3K Assista AgoraCliffhanger forçado? Falta de respeito? Estratégia barata pra segurar audiência?
Olha, sinceramente, às vezes eu acho que as pessoas esquecem que estão assistindo a uma série de TV. O final não foi ridículo, é assim que se faz TV, é assim que se prende telespectador. Suspense! Se não te agrada esse formato, não assista séries, assista filmes, aí você tem a resolução da história em duas horas!
Last Day On Earth foi um episódio decisivo para todo o futuro da série. É o começo de uma nova era e também só a ponta do problema que Rick tem nas mãos. Pela primeira vez em seis anos, pudemos sentir o medo em seu olhar, era palpável a vulnerabilidade que o personagem não pôde esconder por estar dominado pelo medo. Negan é o pior vilão que The Walking Dead já viu, e os roteiristas fizeram com que sua chegada fosse épica e tivesse consequências letais.
Óbvio que é torturante não saber quem foi o escolhido, porém, há que se entender que estamos entrando em um novo arco que precisará de uma nova temporada inteira para ser desenvolvido, e os acontecimentos aqui foram somente uma pequena (apesar de impactante) introdução ao que virá a seguir.
Até outubro trocentas mil teorias surgirão a respeito de una cena que certamente ainda sequer foi gravada. Não há motivo pra tanta angústia sobre quem morreu, um pouco de conhecimento sobre a série, o histórico de decisões dos roteiristas e o rumo que alguns personagens tomaram nesses últimos episódios, e da pra saber que essa morte está entre, no máximo, três pessoas ali.
A verdade é que quem acompanha os quadrinhos tem uma visão totalmente diferente e mais aprofundada da trama em si. Não dá pra discutir com quem em pleno 2016 ainda acha que a série é sobre zumbis.
As Sufragistas
4.1 778 Assista AgoraMedo de que com esse filme as pessoas esqueçam ainda mais do feminismo negro.
The Walking Dead (6ª Temporada)
4.1 1,3K Assista AgoraSobre o sétimo episódio:
Episódio infeliz e covarde. Qual a necessidade de transformar o Glenn em um personagem "intocável"? Por acaso ele foi promovido a protagonista da série agora e eu não tô sabendo? Usaram o modo mais escroto e nada criativo pra manter a audiência: morte em aberto. Fazer com que os espectadores especulem na esperança de algo ter acontecido quando, na verdade, não aconteceu nada é brincar com a fan base de uma forma ridícula. Se não tem coragem de matar um personagem, não finja que vai. Já houve tantas mudanças dos quadrinhos pra série que eu realmente acreditei que o final do Glenn seria morrer ali mesmo. O negócio foi tão bem pensado no melhor estilo pega-trouxa que retiraram até o nome do Steve Yeun dos créditos. Penso que a essa altura do campeonato, em plena sexta temporada, esse tipo de artefato à la pegadinha do malandro se faz completamente desnecessário. Pura encheção de linguiça.
É chato, você desanima, perde a confiança na série. Estão trilhando um caminho de forma a nos fazer crer que o Glenn, de fato, morrerá pelas mãos do Negan, mas quem sabe? Me parece que ele está se tornando uma espécie de "segundo Daryl". E isso não é nada bom, pois mortes de personagens importantes se fazem necessárias por dois motivos: carga dramática e realismo. Enfim, não consigo criar nenhuma expectativa para essa mid-season finale.
American Horror Story: Hotel (5ª Temporada)
3.6 980Então, eis que a desconfiança virou certeza, Jessica Lange, a ALMA de American Horror Story nunca fez tanta falta! Hotel está perdida. Estão dando atenção demais aos plots errados. Tem sangue, tem personagens estranhos, tem uma ambientação sombria, tem mais sangue, mas não tem consistência em sua história. Sempre odiei o modo como Ryan nunca soube aproveitar a Kathy Bates(que faz milagres nos poucos minutos que aparece em cena). Sempre colocando-a em papéis sem muita importância, servindo aos outros... Pelo amor de deus, ela é bem mais que isso. Colocar Gaga como protagonista da temporada foi um puta erro! Burrice! Apesar de ter uma forte presença em cena, sua atuação é medíocre, irritante, ela atua mal pra caralho e só sabe fazer carão. Não é a personagem, É ELA! E por favor, não venham dizer que estou criticando gratuita ou maldosamente pois ela é uma artista que eu realmente admiro. Diferente da Sarah Paulson que, apesar de ótima atriz, recebeu uma personagem que sem exagero, está beirando o ridículo de tão exagerada e canastrona. Tá dando vergonha alheia dela e do Evan(outro ator que eu amo).
Acompanho AHS desde seu primeiro ano de estréia, tenho minhas temporadas favoritas, mas mesmo as que não gostei, não conseguiriam ser pior do que essa está sendo. Enfim. Não queria ter que chegar a esse ponto, mas estou abandonando a temporada. Esse negócio de "melhora no próximo episódio" já não serve mais de desculpa pra continuar, e eu juro que tentei. Boa sorte pra quem continua. Na próxima, se o tema for alienígenas, talvez eu volte.
Rastro de Maldade
3.7 408 Assista AgoraCara, que delícia de filme é esse Bone Tomahank! Contém todos os ingredientes de um bom filme do gênero: tem os arquétipos típicos dos westerns clássicos, tem referências a outras obras e diretores, diálogos incríveis e, não menos importante, tem a quantidade de sangue e violência que deve ter, na medida certa. O elenco também se sai muito bem, sobretudo o Kurt Russell e o Patrick Wilson. As cenas gore e bang bang que evolvem o grupo e a tribo são maravilhosas e muito realistas. Confesso que em alguns momentos senti falta de uma trilha sonora mais presente, acho que deixaria o filme ainda melhor.
Meu deus, aquela perna do Arthur me deu uma puta agonia! Fiquei me perguntando se ele conseguiria ou se ela necrosaria e ele simplesmente morreria ali no meio deserto mesmo.
Enfim, filmaço! Vale cada segundo. Muito consistente, do início ao fim.
Beasts of No Nation
4.3 829 Assista AgoraPodem ter certeza que os mesmos que aplaudem a política de exterminio do jovem negro e periférico são os mesmos que assistiram ao filme e soltaram uma lágrima pelo protagonista. Afinal, pobreza é coisa exótica, que só gera empatia e fascínio se falada noutro idioma. Caso contrário, segue a máxima "bandido bom é bandido morto!". Agu não é diferente das milhares de crianças e jovens periféricos brasileiros que crescem cercados pela violência para depois serem exterminados(nem preciso dizer por quem, ou será que preciso?). Crianças que tem sua inocência arrancada pela natureza bárbara e selvagem da guerra, seja ela motivada pelo que for. E você ainda é obrigada a ouvir de gente que entende N.E.C.A.S de problemas sociais que todos temos escolha, que se tá nessa é porque quer, porque gosta, blá blá blá whiskas sachê... Escolha? Escolha é privilégio, filhinho. Não vem com essa desonestidade intelectual querendo aplicar exceção sobre todo um contexto político-social, não.
Esse filme traz um questionamento um tanto reflexivo: Más intenções sempre começam com boas intenções. Já notaram? Suas experiências fazem você, elas te transformam, é exatamente o que acontece com Agu. Não é questão de justificar a violência, mas tem que se entender o ciclo vicioso que liga toda essa degradação de pessoas. Em que momento alguém passa de vítima das circunstâncias para algoz? Se Agu foi obrigado a se tornar um assassino, provavelmente não foi diferente com os outros soldados. Ninguém nasce odiando, as pessoas são ensinadas a serem assim.
O motivos das facções em conflito nem sempre são claros em tempos de guerra, mas quer saber? Isso importa zero para aqueles que, assim como Agu e tantos outros, foram condicionados a uma realidade sobre a qual não tiveram nenhum poder de escolha.
Beasts of no Nation consegue ser visceral, dramático e conflituoso em níveis inimagináveis. Um filme que não pretendo ver de novo, sem dúvida alguma. O final, é a realidade que os que passam por situações dessa natureza - e sobrevivem - têm que enfrentar: há certos traumas que não podem ser superados.
"Agu: I just want to be happy in this life."
Canibais
2.6 518 Assista AgoraCaralho, como vocês são chatos! Quanta crítica maldosa e descabida aqui. Não é excelente e está longe de ser perfeito, concordo, mas é competente no que se propõe. Quer dizer, não teve gore o suficiente pra vocês porque não teve estupros, pessoas sendo empaladas ou animaizinhos sendo estripados? Se imaginar na situação daquelas pessoas não é suficientemente aterrorizante pra vocês? Ah, me poupa, cara! Nada contra as pessoas que amam o outro filme, que dão cinco estrelas e favoritam ele, mas não custa entender que existem linguagens e estilos diferentes dentro do mesmo gênero e que isso aqui não é, sequer, um remake daquele outro.
Amy
4.4 1,0K Assista AgoraQual o limite de um ser humano? O sucesso veio, mas a que preço? Eu sempre me surpreendo em ver como a indústria da música pode ser cruel com seus trabalhadores, como é capaz de destruir verdadeiros talentos e até vidas, como foi o caso aqui.
No livro do Mitch(que eu me arrependo de ter lido)há palavras. Aqui, nós temos imagens em vídeo mostrando o quão asqueroso esse homem é, e o quão nocivo ele foi pra própria filha. Como não levar em consideração o que foi mostrado? Com cenas reais! Amy amava demais o pai pra perceber que ele era um vampiro que só sugava a imagem dela em benefício próprio. Alguém que a via como uma galinha dos ovos de ouro. Agora dá pra entender porque a família inteira foi contra o documentário.
Faltou abraço, faltou companhia, faltou colo, faltou pai, faltou mãe e sobrou empresário, sobrou críticas destrutivas, julgamentos, exposição... Amy morreu no auge da dor de não ser amada, de amar tanto, de não poder ser quem é, estar sufocada, sem chão... e ainda sim, viver pra amar. Morreu de amor.
Humano - Uma Viagem pela Vida
4.7 326 Assista AgoraAssistir a Human é passar por uma experiência de imersão tão enriquecedora, que assim como os entrevistados, nós os interlocutores, também saímos da escuridão dos despropósitos da vida e da indiferença à nossa própria existência humana, rumo a iluminação oferecida pela poesia e sensibilidade desse grande documentário. Obra-prima absolutamente inquestionável do Yann Arthus-Bertrand, que não deve apenas ser vista, mas sobretudo, sentida.
Hot Girls Wanted
3.3 196 Assista AgoraÉ patético ver como alguns homens "cheios de boas intenções" tentam defender a exploração sexual feminina(lê-se: a punhetinha deles de cada dia)com esse discursinho ordinário e desonesto de "faz porque gosta", "ninguém tá obrigando, ué". Idiota, faz porque tem que fazer, não porque gosta. O documentário, apesar de fazer recorte apenas de um dos segmentos do pornô mainstream, mostra bem o que a pornografia grita sobre mulheres: que queremos ser estupradas, espancadas; a pornografia diz que mulheres querem ser humilhadas, depreciadas, subjugadas; diz que mesmo quando a mulher diz "não", ela quer dizer "sim" – sim à violência, sim à dor. E é essa mesma pornografia que forma os valores sexuais de inúmeros meninos e meninas.
A verdade é que o tamanho dessa indústria bilionária equivale ao tamanho da crueldade que ela propaga em cima das pessoas que estão dentro dela, usando-as e depois descartando-as feito lixo e com um bônus de um estigma nas costas do tamanho do mundo, de uma sociedade que antes costumava se masturbar com elas.
Hot Girls Wanted é um documentário que poderia ter sido um pouco mais endossado e problematizado mais algumas outras questões(como aquele terrível facial abuse, a pedofilia na subjetividade, etc...), mas mesmo assim não o considero raso ou superficial. Os questionamentos importantes estão lá, o resto fica por conta do julgamento crítico de quem assisti.
"Mas então vem tudo à tona: eu queria o dinheiro tanto assim?" :(
As Fitas de Poughkeepsie
3.1 372Bem mais assustador e angustiante do que eu imaginava!
Se você não sabe nada do filme, você pode jurar que é um documentário real. Na verdade, só pelo fato de não se tratar de mais um daqueles found footage em que os personagens continuam filmando sem parar ao invés de salvarem as próprias vidas, já dá muita credibilidade a estória. E apesar do enredo não ser original em sua proposta, ele é infinitamente melhor trabalhado em comparação as muitas obras do gênero que tem saído por aí ultimamente. É incrível notar o quão palpável chega ser sentir o terror das vítimas diante da perversidade e insanidade de um maníaco extremamente medonho. Aqui você pode acompanhar não só todo modus operandi do assassino(que, aliás, é justamente não ter um modus operandi, e sim vários), como também sua evolução conforme o passar do tempo. As cenas de gore assustam, mas, pra mim, as de terror psicológico assustam bem mais exatamente por serem tão banais e passíveis de acontecer com qualquer um que tenha uma vida normal; o que fica bem evidente no modo cínico como o assassino atrai suas vítimas, nos mostrando que a morte não vem com pressa e sim em passos lentos e dissimulados, na forma de uma carona aparentemente segura ou apenas observando de longe à espreita.
Muito interessante a abordagem da Síndrome de Estocolmo desenvolvida pela garota sobrevivente. E, puta merda, eu nem consigo mensurar o quão doentio foi ele desenterrar ela e levá-la consigo depois de tudo.
É muito perturbador pensar em como as pessoas podem ser tão cruéis. Pessoas desaparecem todos os dias e aos montes, a maioria nunca são encontradas. Quantas foram vítimas de "predadores" como este e ninguém nunca saberá?! Se isso não é perturbador para vocês, eu não quero nem saber o que é.
Dois Pássaros
3.9 36Pesadíssimo.
O maior trunfo do curta, pra mim, é suscitar se a ignorância é, de fato, a melhor condição de estado em si, mesmo em tal circunstância; o garoto julgou que sim, e resolveu não falar nada, mas não acho que esse ato de sacrifício/compaixão deva ser enxergado como uma atitude romântica, essa escolha não era só dele, ela tinha o direito de saber e receber todo apoio que pudesse ter. Mesmo sendo uma criança sem o senso moral completamente desenvolvido, a decisão dele culminou na impunidade dos verdadeiros criminosos. Sabemos muito bem que esse silêncio irresponsável e cúmplice(voluntária ou involuntariamente) cerca o estupro de milhões mulheres no mundo inteiro, e chega a doer pensar que casos como este são varridos pra debaixo do tapete o tempo todo.
Existe justiça pra escória do calibre de estupradores? O que sei é que não existe um lado poético de pensar o que faríamos no lugar daquele garoto: é desesperador! Não tem como não sentir por ele, perdendo a inocência da infância da maneira mais mórbida e torpe possível.
"Was I good?"
What Happened, Miss Simone?
4.4 401 Assista AgoraDolorosamente reflexivo.
É muito pesado olhar e perceber como ela estava afundada em relações abusivas, na depressão, na violência física e mental, na exploração trabalhista. É nojento o fato de ela ter que cantar para uma platéia de brancos racistas, chegar em casa e lidar com mais violência daquele marido escroto que ainda tinha a pachorra de se fazer de vítima. Claro que a depressão tomou conta e, no fim, grande parte de suas doenças psicológicas desenvolveram-se provavelmente em decorrência desses abusos constantes; atrelada a exclusão e desvalorização (enquanto mulher negra). É deprimente notar a solidão que acabaria se tornando algo que definiria e tomaria a sua vida, e eu acho que esse desconforto é crucial para a complexidade da obra, pois funciona de modo a te fazer entender e sentir com uma intensidade maior a realidade que está sendo passada - puxando você pra bem perto dela, primeiro agradavelmente e depois desagradavelmente.
What Happened, Miss Simone? tem um lado muito humano, que a Liz Garbus soube retratar maravilhosamente bem, fazendo-se essencial não só para quem aprecia sua musicalide e sensibilidade, mas sobretudo para quem se interessa em aprender um pouco mais sobre a vida genial e trágica de uma das mulheres mais relevantes do século XX e sua entrada na militância política em uma época de segregação racial fortíssima.
Mulher, negra, independente e ao mesmo tempo tão frustrada. Nina era o tipo de artista que eu amava e admirava.
“Freedom is no fear. I wish I could have that”
Esperar para Sempre
3.3 995É assustador notar como as pessoas conseguem romantizar um transtorno psicológico transformado em um comportamento patológico. Eu não achei o comportamento do rapaz fofinho, como muitos acharam, eu tive pena dele, por ter anulado toda uma vida atrás de alguém que nem lembrava mais de sua existência. O garoto claramente precisava de ajuda profissional e o único que pareceu perceber isso foi o irmão, visto o tempo todo como carrasco.
Quando ela pergunta se ele a está seguindo, eu lembrei na hora da música do The Police, Every Breath You Take, em que o eu lírico diz que a cada movimento, passo e suspiro que sua amada der, ele estará a observando. A música em questão é sobre um Stalker. O filme também.