Com características do cinema novo e leve inspiração no gênero noir, Leon Hirszman constroi com riqueza de detalhes um ambiente do subúrbio carioca cinza e quase inóspito. Zulmira parece não se encontrar naquela vida, nem como mulher, nem como esposa, muito menos como cidadã. O suspiro de liberdade lhe é conferido numa lindíssima cena em que ela toma banho de chuva. Só essa passagem já vale o filme inteiro. Há algo de errado e de misterioso em Zulmira com difícil explicação, graças ao talento de Fernanda Montenegro, na qual já despontava seu potencial nos constantes closes que favoreciam seu olhar penetrante. A cena em que ela, à beira da morte, manipula o marido, é agonizante. O desfecho é mordaz, típico do universo de Nelson Rodrigues. Um filme pouco óbvio e interessante. Assistam.
O primeiro ato do filme é de extremo humor ácido, criando um leve incômodo “é esse o filme tão aclamado”? A virada se dá quando a antiga governanta da mansão revela um segredo que há ali. A partir desse ponto, o filme ganha ares de thriller e o ritmo passa a ser surpreendente. Bem construído, a narrativa demarca as contradições sociais entre dois mundos da Coreia. Qual lado mais fede? Enquanto a família rica se preocupa com o filho dormindo na chuva na sua bela casa de índio construída por americanos, o subúrbio está alagado. Inclusive a casa dos Ki-taek. A cena em que a Kim, a filha, está sentada em cima do vaso, fumando, enquanto a merda literalmente se espalha por todo lado da casa, representa tristemente o contexto social. Há o que fazer? São parasitas? O final é assombroso e demarca, da pior maneira, o estopim do caos social. É um filme forte e que, no fundo, não há humor. A direção de Bong Joon-Ho brinca com os gêneros, mas é totalmente seguro do que se pretende contar e passar como mensagem. Há muita habilidade em criar uma atmosfera que nos faz refletir sobre a sociedade capitalista e sobre a natureza humana utilizando toda a potencialidade da linguagem cinematográfica. É um dos melhores filmes da década. Assistam!
A narrativa tem todos os atributos para ser um dramalhão clássico e batido. E é, o que não lhe tira o mérito. Mesmo diante de uma montagem previsível, construída pelo iniciante em longas Garth Davis, a força de Lion está no carisma dos personagens. A primeira fase, com o Saroo de Sunny Power é espetacular, o garotinho transmite com muita verdade a sua inocência e a sua coragem. A torcida por ele é imediata. Em seguida , Saroo agora é Dev Petel - o mesmo do premiado “Quem quer ser um milionário” - o filme perde levemente com o salto de tempo, mesmo com a boa interpretação de Petel. O destaque vem com a Nichole Kidman, mãe adotiva do garoto, numa bonita cena em que ela revela o porquê de ter optado pela adoção. Uma falha, porém, não terem explorado o Guddu, irmão que o Saroo tinha como referência de vida. As sequências até o desfecho da busca de Saroo são de emoção e é quase impossível segurar o choro. O melodrama ainda tem e sempre terá espaço no cinema. Assistam.
Diante de um argumento interessante, a direção de Paulo Nascimento apresenta um filme que permeia o poético de forma pouco inspirada. O roteiro não ajuda. Sem um arco dramático costurado, a boa proposta ficou à deriva de personagens desinteressantes e com pouca química com o protagonista. A trilha corrobora para o clima entediante e monótono. Se a intenção era mostrar o brilho e a vida que há mesmo para aqueles que não conseguem ver, faltou arrojo.
A história é simples e própria para o público infantil, explorando fielmente as características peculiares dos personagens, como a gula da Magali e as brigas da Mônica com o Cebolinha. Todos os atores mirins estão muito bem no papel, principalmente a Giulia Barreto como Mônica. Os atores adultos, embora com pouca importância, foram bem escolhidos nos biótipos dos quadrinhos. Ainda teve o plus do Rodrigo Santoro fazendo o “louco”, um dos personagens mais enigmáticos de Maurício de Souza. O diferencial do filme é presentear o público atual e nostálgico com uma turma que se complementa. Os laços de amizades foram fortificados em mais uma janela de projeção. Vale a pena conferir.
Com um início promissor, o filme empolga e somos fisgados com o drama psicológico do protagonista. O emaranhado de personagens secundários que alimentam a expectativa para costurarmos a história, no entanto, é pouco sutil e causa estranheza. Sem grandes pretensões, Brad Anderson - o mesmo diretor de “Chamda de Emergência” apresenta, mais uma vez, um thriler regular. É um bom passatempo.
⭐️⭐️⭐️⭐️ Filmes que simulam uma divisão de níveis sociais para uma determinada crítica não são novidade. Óbvio, como diria um dos personagens centrais de “O Poço” - produção disponível na Netflix. Dentro de um sistema prisional vertical, o prisioneiro Goreng, interpretado brilhantemente por Emilio Buale, tem que lidar não somente com a solidão, mas com a sobrevivência. A racionalização da comida é o principal conflito e o longa, dirigido pelo iniciante Galder Gaztelu, aborda de forma eficiente e impactante as consequências do comportamento humano - animalesco “óbvio”. Contado de forma quase como uma parábola, mas com cenas fortes, “O Poço” serve como excelente reflexão para o que estamos vivendo hoje, principalmente no caos gerado por aqueles que são adeptos ao estoque de alimentos. Quando uma experiência audiovisual nos choca e deixa uma reflexão é sinal de que cumpriu para além da sua missão. Creio que ninguém sai ileso após assistí-lo. Recomendo.
Com um suspense vibrante, o diretor Fred Zirmemann sabiamente monta o filme de acordo o tempo, com diversos takes de relógios, que pulsam o público para a expectativa da sequência final. Diferente de outros westerns, “Matar ou Morrer/ High Noon” mostra um personagem principal humanizado, Will não é um xerife que age de forma mecânica como um sniper e em diversos momentos seus medos são postos à tona. Sem o apoio dos amigos, torcemos por ele mesmo diante de uma situação completamente desfavorável. Mérito da boa atuação de Gary Cooper. A sequência em que mostra ele na cidade à espera do rival e a câmera abre num grande plano geral para mostrá-lo sozinho, é uma das melhores cenas que já vi no gênero. A esposa de Will é a elegante Grace Kelly, que tem uma atuação quase apática durante o longa, mas que é decisiva para os rumos da cena final. Cena esta, inclusive, que merecia um cuidado maior diante de toda a expetativa criada. Foi rápida. Mesmo assim, “Matar ou Morrer” é um excelente filme, não somente pelos momentos de ação, que só ocorrem praticamente no final, mas por prender a atenção utilizando-se do drama psicológico. Recomendo!
Incomum filme brasileiro que envereda pelo caminho do suspense/terror. A direção de arte é o destaque, com a estética e a cenografia, embora repetitivas nos filmes do gênero, corretas para o que se propõe. A fotografia azulada, acertadamente, colabora para o clima angustiante. A trilha é muito boa, mas o uso exagerado dos instrumentais de tensão incomoda. Bruno Gagliasso e Regiane Alves encabeçam o protagonismo com os maneirismos da linguagem do folhetim. Isso ainda é um problema dos filmes com a vitrine da Globo. É um filme fraco do Tomás Portella, que já acertou mais em comédia como o “Qualquer gato vira-lata”, mas veja sem expectativa e terá um bom passatempo.
Bacurau: difícil avaliar um filme difícil. Ainda mais quando a gente vê sabendo que ele teve uma grande repercussão e obteve sucesso da crítica. É preciso assistir sem se deixar contagiar pelo que já ouviu e ou leu sobre ele. Não me arriscarei aqui em fazer um breve resumo sobre a história. Poderia cometer sérios erros. É um filme de catarses, em que ocorrem inúmeras cenas que provocam o sentimento de reflexão, de denúncia. Um retrato de um nordeste futurístico que ainda exala a gritante desigualdade social e que ainda sofre ataques de quem é de fora e, pior, de quem é do próprio país. Um filme de vingança, talvez, mas sobretudo um retrato da nossa força, das nossas raízes. E a superprodução caiu-lhe bem e era necessária: somos capazes de contar uma história grandiosa do mesmo nipe dos americanos. A cena em que os supostos turistas que estavam com roupa de trilha chegam à Bacurau e o velho os expulsa com seus versos, pra mim, foi o ponto alto. Em tempos em que um governo nos quer armados, não há dúvidas de que Bacurau mostrou uma resposta. O cinema brasileiro, sem dúvida, alcançou um novo patamar com este filme. É para chamar de nosso com orgulho, em todos os aspectos, da iluminação à cenografia, da direção ao roteiro. Kleber Mendonça Filho e Dornelles mereceram o rápido reconhecimento da mídia. Todos os feedbacks positivos que eu já tinha tido contato, de fato, não eram exagero. Assistam ✌🏼
Um manual de furos. É preciso muita paciência para embarcar na história mirabolante de uma babá que se infiltra na casa de uma das vítimas do seu marido. Um caso que repercute e que ninguém sabe quem ela é. Suspense mal elaborado num roteiro muito fraco.
Mais um filme que prova o potencial do nosso cinema! O ótimo ator João Miguel - do talentoso filme Cinema, Aspirinas e Urubus - agora é Raimundo Nonato, ou melhor, Nonato Canivete, um imigrante nordestino com tino para a culinária.Um personagem que já nos causa empatia imediata. Por meio de uma montagem paralela, a que conta a sua ascensão como cozinheiro e a que mostra o seu estado no sistema carcereiro, o filme aborda a subversão do homem diante à sociedade. Nonato é o brasileiro que consegue subir com o tempero, mas extrapola o limite com a pimenta. Amá-lo ou odiá-lo? Há de se ter estômago. Assistam ✌️
Assisti mais uma vez e agora, pelo menos, consegui ir até o final. O longa apresenta transições incomuns, com planos abertos que caracterizam a memória do protagonista em algumas bonitas cenas românticas. Vale ver Jim Carrey, o Joel, num papel totalmente diferente das caras e bocas forçadas dos filmes de comédia. E ainda com o plus de ver a ótima Kate Winslet em cena. Pessoalmente, apesar da ideia ser interessante e nos fazer pensar, pra mim não bateu o elemento básico do cinema: a emoção verdadeira. É pouco envolvente. Creio que entra no rol de filmes que todos gostaram, menos eu. Quem sabe algum dia...
Um filme com potencial pouco explorado Dos mesmos diretores do filme francês Intocáveis, Eric Toledano e Olivier Nakache, que foi sucesso de público e de crítica, agora eles contam a história de Samba, um imigrante do Senegal cujo objetivo é conseguir permanecer na França. O ator principal é Omar Sy - o mesmo protagonista de Intocáveis - mais uma vez presente também com um personagem carismático e boa praça. Diante do pano de fundo dos problemas que envolvem os imigrantes ilegais, ele se envolve com Alice (Charlotte Gainsbourg), uma executiva que passa por problemas pessoas, mas que faz o possível para ajudá-lo. Sem um grande conflito e um clímax que sustente o interesse pela narrativa, o percurso se apoia pelo carisma do personagem principal e dos amigos que o ajudam ao longo do caminho. Destaque para algumas referências ao Brasil, por meio do personagem de Tahar Rahim e da trilha sonora. O saldo final é um filme que aborda uma temática séria e forte de forma leve e sem grandes pretensões. Vale como puro entretenimento.
Não conhecia o cinema iraniano de Asghar Farhadi e o meu primeiro contato foi com "O Passado", disponível no catálogo do Telecine Play. O ritmo - por vezes lento - é absurdamente bem montado, coerente com a proposta narrativa e com a sequência dos acontecimentos. Com personagens nem um pouco maniqueístas, o diretor mostra as consequências das relações conflituosas dos adultos com a vida das crianças, que ora se mostram atônitos e ora se revoltam, criando um ambiente insólito onde o espectador também se vê sufocado diante daquela realidade. Destaque para atuação do garotinho Fouad (Elyes Aguis). Asghar tem total controle da mise-en-scènee e monta-a com muito talento e riqueza de detalhes, com representações e objetos bagunçados pela casa dos personagens que remetem ao contexto de reféns do passado. Um filme dramático, com suspense, diálogos de grande qualidade, entra no meu rol de filmes favoritos. Já quero conhecer os outros trabalhos do cineasta.
Um filme diferente do percurso de Almodôvar. Com uma trama rocambolesca, baseada no livro da escritora Ruth Rendell - semelhante com as obras do popular Sidney Sheldon, o thriller engata quando os personagens se entrelaçam dentro do mesmo jogo de sedução e desforra. Apesar das qualidades de sempre do diretor, tanto no controle do ritmo quanto na irretocável fotografia e na direção dos atores, o filme chama atenção pela ausência da força feminina presente em suas obras. A personagem de Francesca Néri atua como um ponto fora da curva do cineasta, pois a sua complexidade não é explorada e o percurso a leva para caminhos convencionais. Creio que por se tratar de uma adaptação literária, a atmosfera Almodóvar ficou um pouco comprometida. Vale assistir, contudo, pois o resultado é acima da média.
Senti uma forte e feliz ligação com o filme "Cenas de um Casamento", de Bergman. Scarlett Johansson lembrou até em alguns momentos a Liv Ulmann rs. Em tempos de tantos filmes inspirados em besteiróides, creio que vale uma referência ao diretor sueco. E fizeram bem feito.
Vi “Durval Discos (2002)” pela qualidade conferida pela diretora e roteirista Anna Muylaert no filme “Que Horas Ela Volta (2015)”, o qual considero um dos melhores longas brasileiros da última década. De início, a produção chama atenção pela direção de arte, composta por adereços nostálgicos dentro de um prédio, e a composição dos personagens: Durval, um cabeludo meio esquisitão e a sua mãe, Carmita, uma senhora espevitada. Até pouco mais do segundo ato, a história parece não engrenar e o ritmo do filme chega a ser sufocante e pouco atraente. Ainda mais que a diretora faz uso de pouquíssimos enquadramentos e movimentos de câmera (a julgar pelos filmes que vi, parece ser uma marca dela). Confesso que quase desisti. Mas, a história dá um salto importante quando o conflito é exposto com o mistério que ronda uma menina que é deixada na casa de Durval por uma empregada. Ao mesmo tempo que a criança dá um novo ar àquele ambiente estrambótico, ela também revela o lado fantasioso e doentio de Carmita. O filme ganha ares de uma comédia trágica, quase noir, numa virada impressionante e coerente. Li que foi proposital. Assim como num disco, o longa foi dividido em lado A e lado B. Analogicamente, o primeiro apresenta músicas que mais vendem e são mais populares, ao passo que o segundo revela surpresas que exigirão do público a boa vontade de descobri-las. Com este tipo narrativo, a diretora constroi um filme recheado de percepções que precisam ser interpretadas nas entrelinhas, desmembrando a relação de asfixia que o Durval sentia dentro daquela casa e daquela mãe. Com uma produção simples, Anna comprova que um bom filme se faz, principalmente, com a criatividade e a qualidade do texto.
Filmão da Disney! Arrisco a dizer que é um dos melhores dos últimos anos. Sem erros de casting, sem exageros nas cores, figurino incrível e trilha sonora sensacional. Acredito que a tendência do live action veio para ficar na indústria, pois as as projeções até então que eu tenho visto com essa técnica estão muito boas.
Nem sabia que já era a quarta versão do filme. Assisti por conta do meme e me deparei com um filmão. Cumpre uma das grandes funções do cinema: emocionar.
A história é simples, mas bem divertida. Live action ficou bem bacana. Não tem Ash e a turma de humanos já conhecida do anime, mas os novos personagens são legais. Pra quem gosta/gostava de Pokémon, recomendo demais.
A Falecida
4.1 106Com características do cinema novo e leve inspiração no gênero noir, Leon Hirszman constroi com riqueza de detalhes um ambiente do subúrbio carioca cinza e quase inóspito. Zulmira parece não se encontrar naquela vida, nem como mulher, nem como esposa, muito menos como cidadã. O suspiro de liberdade lhe é conferido numa lindíssima cena em que ela toma banho de chuva. Só essa passagem já vale o filme inteiro. Há algo de errado e de misterioso em Zulmira com difícil explicação, graças ao talento de Fernanda Montenegro, na qual já despontava seu potencial nos constantes closes que favoreciam seu olhar penetrante. A cena em que ela, à beira da morte, manipula o marido, é agonizante. O desfecho é mordaz, típico do universo de Nelson Rodrigues. Um filme pouco óbvio e interessante. Assistam.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraO primeiro ato do filme é de extremo humor ácido, criando um leve incômodo “é esse o filme tão aclamado”? A virada se dá quando a antiga governanta da mansão revela um segredo que há ali. A partir desse ponto, o filme ganha ares de thriller e o ritmo passa a ser surpreendente. Bem construído, a narrativa demarca as contradições sociais entre dois mundos da Coreia. Qual lado mais fede? Enquanto a família rica se preocupa com o filho dormindo na chuva na sua bela casa de índio construída por americanos, o subúrbio está alagado. Inclusive a casa dos Ki-taek. A cena em que a Kim, a filha, está sentada em cima do vaso, fumando, enquanto a merda literalmente se espalha por todo lado da casa, representa tristemente o contexto social. Há o que fazer? São parasitas? O final é assombroso e demarca, da pior maneira, o estopim do caos social. É um filme forte e que, no fundo, não há humor. A direção de Bong Joon-Ho brinca com os gêneros, mas é totalmente seguro do que se pretende contar e passar como mensagem. Há muita habilidade em criar uma atmosfera que nos faz refletir sobre a sociedade capitalista e sobre a natureza humana utilizando toda a potencialidade da linguagem cinematográfica. É um dos melhores filmes da década. Assistam!
Lion: Uma Jornada para Casa
4.3 1,9K Assista AgoraA narrativa tem todos os atributos para ser um dramalhão clássico e batido. E é, o que não lhe tira o mérito. Mesmo diante de uma montagem previsível, construída pelo iniciante em longas Garth Davis, a força de Lion está no carisma dos personagens. A primeira fase, com o Saroo de Sunny Power é espetacular, o garotinho transmite com muita verdade a sua inocência e a sua coragem. A torcida por ele é imediata. Em seguida , Saroo agora é Dev Petel - o mesmo do premiado “Quem quer ser um milionário” - o filme perde levemente com o salto de tempo, mesmo com a boa interpretação de Petel. O destaque vem com a Nichole Kidman, mãe adotiva do garoto, numa bonita cena em que ela revela o porquê de ter optado pela adoção. Uma falha, porém, não terem explorado o Guddu, irmão que o Saroo tinha como referência de vida. As sequências até o desfecho da busca de Saroo são de emoção e é quase impossível segurar o choro. O melodrama ainda tem e sempre terá espaço no cinema. Assistam.
Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos
2.7 18Diante de um argumento interessante, a direção de Paulo Nascimento apresenta um filme que permeia o poético de forma pouco inspirada. O roteiro não ajuda. Sem um arco dramático costurado, a boa proposta ficou à deriva de personagens desinteressantes e com pouca química com o protagonista. A trilha corrobora para o clima entediante e monótono. Se a intenção era mostrar o brilho e a vida que há mesmo para aqueles que não conseguem ver, faltou arrojo.
Turma da Mônica: Laços
3.6 607 Assista AgoraA história é simples e própria para o público infantil, explorando fielmente as características peculiares dos personagens, como a gula da Magali e as brigas da Mônica com o Cebolinha. Todos os atores mirins estão muito bem no papel, principalmente a Giulia Barreto como Mônica. Os atores adultos, embora com pouca importância, foram bem escolhidos nos biótipos dos quadrinhos. Ainda teve o plus do Rodrigo Santoro fazendo o “louco”, um dos personagens mais enigmáticos de Maurício de Souza. O diferencial do filme é presentear o público atual e nostálgico com uma turma que se complementa. Os laços de amizades foram fortificados em mais uma janela de projeção. Vale a pena conferir.
Fratura
3.3 921Com um início promissor, o filme empolga e somos fisgados com o drama psicológico do protagonista. O emaranhado de personagens secundários que alimentam a expectativa para costurarmos a história, no entanto, é pouco sutil e causa estranheza. Sem grandes pretensões, Brad Anderson - o mesmo diretor de “Chamda de Emergência” apresenta, mais uma vez, um thriler regular. É um bom passatempo.
O Poço
3.7 2,1K Assista Agora⭐️⭐️⭐️⭐️
Filmes que simulam uma divisão de níveis sociais para uma determinada crítica não são novidade. Óbvio, como diria um dos personagens centrais de “O Poço” - produção disponível na Netflix. Dentro de um sistema prisional vertical, o prisioneiro Goreng, interpretado brilhantemente por Emilio Buale, tem que lidar não somente com a solidão, mas com a sobrevivência. A racionalização da comida é o principal conflito e o longa, dirigido pelo iniciante Galder Gaztelu, aborda de forma eficiente e impactante as consequências do comportamento humano - animalesco “óbvio”. Contado de forma quase como uma parábola, mas com cenas fortes, “O Poço” serve como excelente reflexão para o que estamos vivendo hoje, principalmente no caos gerado por aqueles que são adeptos ao estoque de alimentos. Quando uma experiência audiovisual nos choca e deixa uma reflexão é sinal de que cumpriu para além da sua missão. Creio que ninguém sai ileso após assistí-lo. Recomendo.
Matar ou Morrer
4.1 205 Assista AgoraCom um suspense vibrante, o diretor Fred Zirmemann sabiamente monta o filme de acordo o tempo, com diversos takes de relógios, que pulsam o público para a expectativa da sequência final. Diferente de outros westerns, “Matar ou Morrer/ High Noon” mostra um personagem principal humanizado, Will não é um xerife que age de forma mecânica como um sniper e em diversos momentos seus medos são postos à tona. Sem o apoio dos amigos, torcemos por ele mesmo diante de uma situação completamente desfavorável. Mérito da boa atuação de Gary Cooper. A sequência em que mostra ele na cidade à espera do rival e a câmera abre num grande plano geral para mostrá-lo sozinho, é uma das melhores cenas que já vi no gênero. A esposa de Will é a elegante Grace Kelly, que tem uma atuação quase apática durante o longa, mas que é decisiva para os rumos da cena final. Cena esta, inclusive, que merecia um cuidado maior diante de toda a expetativa criada. Foi rápida. Mesmo assim, “Matar ou Morrer” é um excelente filme, não somente pelos momentos de ação, que só ocorrem praticamente no final, mas por prender a atenção utilizando-se do drama psicológico. Recomendo!
Isolados
2.5 328 Assista AgoraIncomum filme brasileiro que envereda pelo caminho do suspense/terror. A direção de arte é o destaque, com a estética e a cenografia, embora repetitivas nos filmes do gênero, corretas para o que se propõe. A fotografia azulada, acertadamente, colabora para o clima angustiante. A trilha é muito boa, mas o uso exagerado dos instrumentais de tensão incomoda. Bruno Gagliasso e Regiane Alves encabeçam o protagonismo com os maneirismos da linguagem do folhetim. Isso ainda é um problema dos filmes com a vitrine da Globo. É um filme fraco do Tomás Portella, que já acertou mais em comédia como o “Qualquer gato vira-lata”, mas veja sem expectativa e terá um bom passatempo.
Bacurau
4.3 2,8K Assista AgoraBacurau: difícil avaliar um filme difícil. Ainda mais quando a gente vê sabendo que ele teve uma grande repercussão e obteve sucesso da crítica. É preciso assistir sem se deixar contagiar pelo que já ouviu e ou leu sobre ele. Não me arriscarei aqui em fazer um breve resumo sobre a história. Poderia cometer sérios erros. É um filme de catarses, em que ocorrem inúmeras cenas que provocam o sentimento de reflexão, de denúncia. Um retrato de um nordeste futurístico que ainda exala a gritante desigualdade social e que ainda sofre ataques de quem é de fora e, pior, de quem é do próprio país. Um filme de vingança, talvez, mas sobretudo um retrato da nossa força, das nossas raízes. E a superprodução caiu-lhe bem e era necessária: somos capazes de contar uma história grandiosa do mesmo nipe dos americanos. A cena em que os supostos turistas que estavam com roupa de trilha chegam à Bacurau e o velho os expulsa com seus versos, pra mim, foi o ponto alto. Em tempos em que um governo nos quer armados, não há dúvidas de que Bacurau mostrou uma resposta. O cinema brasileiro, sem dúvida, alcançou um novo patamar com este filme. É para chamar de nosso com orgulho, em todos os aspectos, da iluminação à cenografia, da direção ao roteiro. Kleber Mendonça Filho e Dornelles mereceram o rápido reconhecimento da mídia. Todos os feedbacks positivos que eu já tinha tido contato, de fato, não eram exagero. Assistam ✌🏼
A Mão que Balança o Berço
3.7 903 Assista AgoraUm manual de furos. É preciso muita paciência para embarcar na história mirabolante de uma babá que se infiltra na casa de uma das vítimas do seu marido. Um caso que repercute e que ninguém sabe quem ela é. Suspense mal elaborado num roteiro muito fraco.
Estômago
4.2 1,6K Assista AgoraMais um filme que prova o potencial do nosso cinema! O ótimo ator João Miguel - do talentoso filme Cinema, Aspirinas e Urubus - agora é Raimundo Nonato, ou melhor, Nonato Canivete, um imigrante nordestino com tino para a culinária.Um personagem que já nos causa empatia imediata. Por meio de uma montagem paralela, a que conta a sua ascensão como cozinheiro e a que mostra o seu estado no sistema carcereiro, o filme aborda a subversão do homem diante à sociedade. Nonato é o brasileiro que consegue subir com o tempero, mas extrapola o limite com a pimenta. Amá-lo ou odiá-lo? Há de se ter estômago. Assistam ✌️
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
4.3 4,7K Assista AgoraAssisti mais uma vez e agora, pelo menos, consegui ir até o final. O longa apresenta transições incomuns, com planos abertos que caracterizam a memória do protagonista em algumas bonitas cenas românticas. Vale ver Jim Carrey, o Joel, num papel totalmente diferente das caras e bocas forçadas dos filmes de comédia. E ainda com o plus de ver a ótima Kate Winslet em cena. Pessoalmente, apesar da ideia ser interessante e nos fazer pensar, pra mim não bateu o elemento básico do cinema: a emoção verdadeira. É pouco envolvente. Creio que entra no rol de filmes que todos gostaram, menos eu. Quem sabe algum dia...
Samba
3.8 335Um filme com potencial pouco explorado Dos mesmos diretores do filme francês Intocáveis, Eric Toledano e Olivier Nakache, que foi sucesso de público e de crítica, agora eles contam a história de Samba, um imigrante do Senegal cujo objetivo é conseguir permanecer na França. O ator principal é Omar Sy - o mesmo protagonista de Intocáveis - mais uma vez presente também com um personagem carismático e boa praça. Diante do pano de fundo dos problemas que envolvem os imigrantes ilegais, ele se envolve com Alice (Charlotte Gainsbourg), uma executiva que passa por problemas pessoas, mas que faz o possível para ajudá-lo. Sem um grande conflito e um clímax que sustente o interesse pela narrativa, o percurso se apoia pelo carisma do personagem principal e dos amigos que o ajudam ao longo do caminho. Destaque para algumas referências ao Brasil, por meio do personagem de Tahar Rahim e da trilha sonora. O saldo final é um filme que aborda uma temática séria e forte de forma leve e sem grandes pretensões. Vale como puro entretenimento.
O Passado
4.0 294 Assista AgoraNão conhecia o cinema iraniano de Asghar Farhadi e o meu primeiro contato foi com "O Passado", disponível no catálogo do Telecine Play. O ritmo - por vezes lento - é absurdamente bem montado, coerente com a proposta narrativa e com a sequência dos acontecimentos. Com personagens nem um pouco maniqueístas, o diretor mostra as consequências das relações conflituosas dos adultos com a vida das crianças, que ora se mostram atônitos e ora se revoltam, criando um ambiente insólito onde o espectador também se vê sufocado diante daquela realidade. Destaque para atuação do garotinho Fouad (Elyes Aguis). Asghar tem total controle da mise-en-scènee e monta-a com muito talento e riqueza de detalhes, com representações e objetos bagunçados pela casa dos personagens que remetem ao contexto de reféns do passado. Um filme dramático, com suspense, diálogos de grande qualidade, entra no meu rol de filmes favoritos. Já quero conhecer os outros trabalhos do cineasta.
Carne Trêmula
4.0 585Um filme diferente do percurso de Almodôvar. Com uma trama rocambolesca, baseada no livro da escritora Ruth Rendell - semelhante com as obras do popular Sidney Sheldon, o thriller engata quando os personagens se entrelaçam dentro do mesmo jogo de sedução e desforra. Apesar das qualidades de sempre do diretor, tanto no controle do ritmo quanto na irretocável fotografia e na direção dos atores, o filme chama atenção pela ausência da força feminina presente em suas obras. A personagem de Francesca Néri atua como um ponto fora da curva do cineasta, pois a sua complexidade não é explorada e o percurso a leva para caminhos convencionais. Creio que por se tratar de uma adaptação literária, a atmosfera Almodóvar ficou um pouco comprometida. Vale assistir, contudo, pois o resultado é acima da média.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraNão entendi a nota tão alta ou foi eu quem não estava muito na atmosfera do filme. Achei ele fraco e pouco empolgante.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraSenti uma forte e feliz ligação com o filme "Cenas de um Casamento", de Bergman. Scarlett Johansson lembrou até em alguns momentos a Liv Ulmann rs. Em tempos de tantos filmes inspirados em besteiróides, creio que vale uma referência ao diretor sueco. E fizeram bem feito.
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraO filme tinha tudo para ser ruim ou, no máximo, uma inspiração do clássico 8/meio de Fellini. Mas não. É uma drama vivo, bonito.
Mãe Só Há Uma
3.5 408 Assista AgoraNão precisa forçar a barra pra conseguir a aceitação.
Durval Discos
3.7 336Vi “Durval Discos (2002)” pela qualidade conferida pela diretora e roteirista Anna Muylaert no filme “Que Horas Ela Volta (2015)”, o qual considero um dos melhores longas brasileiros da última década. De início, a produção chama atenção pela direção de arte, composta por adereços nostálgicos dentro de um prédio, e a composição dos personagens: Durval, um cabeludo meio esquisitão e a sua mãe, Carmita, uma senhora espevitada. Até pouco mais do segundo ato, a história parece não engrenar e o ritmo do filme chega a ser sufocante e pouco atraente. Ainda mais que a diretora faz uso de pouquíssimos enquadramentos e movimentos de câmera (a julgar pelos filmes que vi, parece ser uma marca dela). Confesso que quase desisti. Mas, a história dá um salto importante quando o conflito é exposto com o mistério que ronda uma menina que é deixada na casa de Durval por uma empregada. Ao mesmo tempo que a criança dá um novo ar àquele ambiente estrambótico, ela também revela o lado fantasioso e doentio de Carmita. O filme ganha ares de uma comédia trágica, quase noir, numa virada impressionante e coerente. Li que foi proposital. Assim como num disco, o longa foi dividido em lado A e lado B. Analogicamente, o primeiro apresenta músicas que mais vendem e são mais populares, ao passo que o segundo revela surpresas que exigirão do público a boa vontade de descobri-las. Com este tipo narrativo, a diretora constroi um filme recheado de percepções que precisam ser interpretadas nas entrelinhas, desmembrando a relação de asfixia que o Durval sentia dentro daquela casa e daquela mãe. Com uma produção simples, Anna comprova que um bom filme se faz, principalmente, com a criatividade e a qualidade do texto.
Aladdin
3.9 1,3K Assista AgoraFilmão da Disney! Arrisco a dizer que é um dos melhores dos últimos anos. Sem erros de casting, sem exageros nas cores, figurino incrível e trilha sonora sensacional. Acredito que a tendência do live action veio para ficar na indústria, pois as as projeções até então que eu tenho visto com essa técnica estão muito boas.
Nasce Uma Estrela
4.0 2,4K Assista AgoraNem sabia que já era a quarta versão do filme. Assisti por conta do meme e me deparei com um filmão. Cumpre uma das grandes funções do cinema: emocionar.
Pokémon: Detetive Pikachu
3.5 671 Assista AgoraA história é simples, mas bem divertida. Live action ficou bem bacana. Não tem Ash e a turma de humanos já conhecida do anime, mas os novos personagens são legais. Pra quem gosta/gostava de Pokémon, recomendo demais.