Sci-fi de fachada para um roteiro que se revela um drama profundo e reflexivo, eficiente ao explorar a falta de harmonia interior e o sentimento de culpa e de inadaptabilidade à uma realidade nova. O trabalho da co-roteirista e protagonista Brit Marling juntamente com o diretor Mike Cahill se apresenta silencioso, pouco movimentado, pautado na focalização das expressões depressiva, do homem protagonista, e confusa, da mulher; ao mesmo tempo em que apresenta diálogos precisos e palpáveis, nada sofisticado demais. Impossível não se imaginar no papel da moça e não pensar, nem que seja por um momento, no que você falaria para um "Segundo Eu".
Não sei até onde o longa é fiel ao contar a história de Johnny Cash, que até onde sei teve como base a autobiografia do falecido velho, mas figura, de fato, entre as bem sucedidas cinebiografias de ídolos da música. Não há qualquer inovação quanto ao enredo, a espinha dorsal é a mesma: biografia que traça uma linha do tempo em nuance, iniciando na humilde infância (com enfoque em traços a serem explorados posteriormente), perpassando pelo repentino sucesso e posterior tribulação e problemas, finalizando com "a volta por cima" triunfante. Outros tantos filmes vem em mente ao pensar desta forma. Mas o diferencial do filme reside na execução da equipe envolvida, principalmente do desempenho e sintonia do casal protagonista. Joaquin Phoenix incorpora seu personagem de maneira assustadora, dando vida à pequenos detalhes (o olhar ora desafiador ora perdido, o tom grave da voz...) que saltam à tela e dizem "Ei, eu sou Johnny Cash de verdade". Não atrás fica Reese Whiterspoon, fazendo a recatada e linda June. Ambos são só atuação? Claro que não. Embora eu não conheça os intérpretes originais tão à fundo, como ouvinte me agradei ao ouvir ambos cantarem imprecavelmente. Só reclamo de um caso especial do elenco de apoio: Tyler Hilton não se parece em nada com Elvis Presley, muito menos capta a essência e a manha de cantar do "rei do rock". Mesmo que o filme não seja sobre ele, quase passou despercebido de verdade.
Mesmo com o enredo batido de uma realidade futurística pós-apocalítica e cenas semelhantes à outros tantos filmes do gênero (creio, também, que inovar nem era a intenção; referenciar, sim), Oblivion consegue atingir um bom desempenho por surpreender com sua imagética rica em detalhes, paisagens belas e efeitos visuais críveis e grandiosos. A trama começa bem, dá uma derrapada aqui e ali (principalmente por não se expandir além do trio precípuo de personagens), e mesmo com o esforço de executar um plot twist na metade do filme,
momento em que Jack Harper aos poucos descobre a verdade sobre sua vida e sobre todo o que o cerca, e se vê num dilema interno confuso
, o happy end hollywoodiano desanima novamente. No entanto, vale a pena o entretenimento proposto, uma vez que Tom Cruise convence em atuação e sustenta parte da produção.
O ponto alto de Chicago é, sem dúvidas, o elenco de peso. Salvo engano, as talentosas estrelas escaladas para o longa não tinham qualquer experiência com o canto, dança e atuação em uma mesma produção, o que deixa o público ainda mais surpreso com o desempenho satisfatório de cada um deles. Catherine Zeta-Jones bela e sensual como sempre, Richard Gere... bom, sendo Richard Gere, e Renée Zellweger arrebatadora em sua interpretação (o que foi a cena de ventriloquia?), bem como o elenco de apoio e bailarinos. Aliado à crítica ao modo predatório com que a mídia trata suas celebridades e como esta tem forte poder sobre a opinião pública (e até jurídica) e a técnica empreendida pela equipe de intercalar trama e espetáculo musical, Chicago pode facilmente se tornar um clássico do cinema posteriormente, tal qual fez sua ascendente Cabaret.
É mágico e sublime. Obra fantástica dada à época em que foi produzida, com sua estética singular e cenários colossais que deixam qualquer produção megalomaníaca da atualidade (saturadas em efeitos visuais e manipulação de imagem) com vergonha. A história é cativante, uma vez que convida à todos, de qualquer idade, à se aventurar nas peripécias de Dorothy e seus três amigos improváveis por toda Oz. Seu conteúdo, por trás da trama, nos revela uma linda lição de moral e frases memoráveis que cutucam às feridas da natureza humana: temos coração, cérebro e coragem; enfrentando, melhor não tê-los se não usamos "para o bem". E o final? Uma surpresa!
Confesso que até me surpreendi com a qualidade desse filme, já que esperava que fosse bem inferior. O senso comum costuma supervalorizar tanto a versão de Brian de Palma que acaba ignorando por completo esta, que tem seu Q de aflição e e destruição também. Arrisco a dizer que Angela Bettis é tão assustadora quanto Sissy Spacek. Como a comparação é inevitável, aqui vai: nenhuma das versões se sobressai à outra, ambas agradam e cumprem seu dever.
Senti falta de uma leitura mais profunda das relações propostas, creio que seriam melhor exploradas se estivessem no formato de série. Mas ainda assim é um ótimo filme, provocando, mesmo que de maneira rápida, várias reflexões acerca dos tabus do sexo. Como diz a sinopse, consegue ser sexy e engraçado ao mesmo tempo.
Excelente filme que cumpre a dupla tarefa de contar uma bela história de amor impossível e abordar aspectos comuns ao dado período histórico em que se passa a trama. É bem ambientado, o que aproxima o espectador da atmosfera que se pretende criar. E principalmente: foi ousado ao introduzir os sintetizadores oitentistas na trilha sonora de um filme sobre o medievo. E quer saber? Ao contrário do que muitos pensam, funcionou sim. A concepção de que a trilha precisa necessariamente condizer com o contexto aos poucos está sendo questionada, Baz Luhrmann está aí pra isso! "Em Nome de Deus" mostrando que em 1988 já se fazia esse experimentalismo artístico :)
"O que é normal, e o que é anormal?". Eis um Xavier Dolan claramente mais maduro; não mais os conflitos entre um adolescente rebelde e uma mãe histérica de Eu Matei a Minha Mãe, nem as desventuras amorosas e os jogos de sedução patéticos de Amores Imaginários -convém lembrar, ótimos filmes. Em Laurence Anyways, Dolan explora a dura vida de um homem de meia idade que se vê não somente numa crise existencial, mas numa profunda crise de identidade, e como isto afeta a vida daqueles que o cercam. É complexo e reflexível, tem toda a preocupação de apresentar o panorama psicológico e emocional dos personagens envolvidos, daí o longo tempo de duração. Ponto positivo: o próprio Dolan não era o protagonista. Continue assim, garoto! E claro, o final coerente (se é que eu o entendi).
- Primeiro, a cena em que o Presidente Snow bebe champanhe e deixa escorrer sangue na taça. Creio que quem não leu deve ter criado mil teorias acerca do motivo daquilo ter acontecido, mas dificilmente irá acertar a possibilidade rsrs. Bom, espero que expliquem no próximo.
-Segundo, as piadas que Katniss faz sobre Finnick envolvendo prostituição. Também não há qualquer indício do porquê daquilo, embora eu ache que quem não leu nem deve ter percebido. Mas quem leu, deve ter rido pra caramba hahaha.
Creio que esses detalhes serão melhor explorados em A Esperança. Caso não, retira dos espectadores que apenas queriam ver o filme certos momentos interessantes sobre a personalidade do Snow e o comportamento dos habitantes da Capital.
Magnífico! Estou pra conhecer uma adaptação cinematográfica de um livro mais fidelíssima que esta. E mesmo como produção, o filme cumpre o seu papel. De longe mais politizado e sério que o primeiro, que, graças aos efeitos especiais fantásticos, conseguiu transpor à tela a aflição e o terror de se estar numa arena lutando pela vida e a liberdade. Como muitos falaram, nem precisou ser 3D para Francis Lawrence evidenciar tanto realismo. Pontos para Jennifer Lawrence, que meu senhor! Testifica que não ganhou Oscar à toa (mesmo lá não merecendo pelo outro rs). No mais, um dos melhores filmes do ano.
Se fez de fútil e superficial pra mostrar a futilidade e superficialidade por trás da história real. Mais uma vez, Sofia Coppola acertando em cheio, apesar de nem ser o seu melhor filme (muito menos estar perto disso). É parado, no estilo da diretora, e por vezes repetitivo, mas nada que atrapalhe o andamento do roteiro. Razoável, não é o mar de atuação e aprofundamento de reflexões que alguns afirmam ser.
Uma bela surpresa pra mim, já que esperava algo bem pior devido ao fator "Stephenie Meyer". Te faz refletir sobre certos assuntos, como direito de escolha e liberdade individual, e questionar outros, como "O que é humanidade? Agimos como tal?". Como obra cinematográfica até que cumpre seu papel, levando em conta o público ao qual ele se destina, mas como adaptação não sei, tenho uma leve sensação de que o livro proporciona sensações diferentes. Pros fãs de distopia e sci-fi, vale a pena conferir. Não se deixem levar pelo preconceito contra a Saga Crepúsculo.
Mais um clichê sobre as universidades norte-americanas e os esteriótipos forçados das disputas por popularidade, que mais parece algo High School do que de fato um College. Só que o filme melhora a partir da percepção de que o roteiro traça um paralelo narrativo à história da Branca de Neve que, se você não for atento o suficiente, acaba passando despercebido e ainda perde o trunfo da trama. Afora isso, é até "simpático".
A degradação humana posta em tela crua e friamente, tão marcante quanto à feita pelo expressionismo alemão em O Anjo Azul. Darren Aronofsky soube, como ninguém, explorar as armadilhas escondidas nos prazeres momentâneos desse mundo cão, criando um caos crescente
que vai de um dia tranquilo assistindo a um programa de auditório na tevê à um tratamento intensivo de dependência química.
A desconstrução dos personagens, talvez, seja o ponto alto da obra. Eles são quase que transmutados da primeira cena à última, completamente irreconhecíveis, de dar dó a qualquer um. Pontos também para a trilha sonora e os recursos sonoros no geral, ora tempestade ora calmaria, que soube captar a atmosfera em suas nuances e deixa de ser material estético pra ser componente/personagem do conjunto. A direção de arte e as estratégias técnicas contribui também para o envolvimento, criando um teor nervoso pouco visto e até muito copiado em videoclipes (o recente Could it Be, da Elliphant, e o conhecido We Found Love, da Rihanna), mesclando cenas e sensações.
É esteticamente elegante e encantador com essa atmosfera classuda que permeia todo o longa, graças ao fato de ser bem ambientado ali pelos anos 60, e tem uma história simplória, e até diria saturada no cinema mundial, mas que não limita o horizonte que roteiro planeia. Levanta questionamentos, passeia pelo previsível, como também pelo anti-clichê, quebra paradigmas (e consolida outros) e celebra a espetacular magia das possibilidades de escolha: a vida é uma alucinante viagem que pode ser trágica ou maravilhosa, basta você escolher entre trilhar este ou aquele caminho ou tomar atalhos. No entanto, a alma do filme é, sem dúvidas, Carey Mulligan. A pequena garota consegue construir tão bem sua personagem que vive no limite entre a moralmente recatada e a rebelde indecisa sedenta por descobertas, que vai do céu ao inferno em poucos passos, e que transporta toda a sentimentalidade atrás de seus olhos lacrimejantes. Merecida atenção reservada a não só ela, mas ao trabalho de toda a equipe de atores que tão bem executaram a obra. A qualidade da trilha sonora é também igualmente inquestionável, já mostrando pra quê veio nos créditos iniciais. Não há como terminar a sessão e não ficar ouvindo Smoke Without Fire, da Duffy. Em suma, é uma boa pedida para os fãs de dramas leves e de fácil compreensão.
Confirmado: a regravação da música "13", do CPM22, tocará durante os créditos finais de Jogos Vorazes. A estratégia faz parte da divulgação promovida pela Lionsgate ao redor do mundo, na qual consiste em adicionar à trilha sonora oficial do Brasil, Alemanha/Áustria e Espanha uma canção de um artista de seu respectivo país.
Confira: http://panem.me/1aP5Acb
Além de sermos o primeiro país a exibir o filme, ainda ganhamos uma regalia dessa. Como não amar esta divulgação pesada no Brasil, um dos melhores públicos do mundo!?
Tocante e inspirador. Através da comovente história do simplório musicista Richard, o longa valoriza -mesmo sem intencionar- a figura do professor e o seu papel fundamental de formação e construção da aprendizagem, bem como o mostra como um modelo de ser humano que influencia àqueles a sua volta. Explicita bem a difícil tarefa de conciliar vida pessoal e profissional, logo deste podre coitado que leva o trabalho para casa quase sempre, se tornando uma espécie de malabarista que não pode deixar-se confundir pelas múltiplas relações estabelecidas dentro ou fora dos muros da escola. O filme é comovente, porém não denso, oscilando entre momentos descontraídos e emocionantes, carregado de lições. Até que chega o final que te assalta por completo, e te deixa com um nó na garganta sem tamanho. Vale a pena conferir. Não somente aqueles que escolheram a árdua tarefa do magistério, que obviamente ficaram ainda mais enternecidos ao ver o suspiro compensador do trabalho bem realizado, mas todo homem que compreende o poder da influência que pode causar sobre a vida do outro.
Uma história pura e sincera que prima pela simplicidade e despretensão, mas que carrega uma lição grandiosa e importante: a de dar valor as pequenas coisas da vida. Graças a tática de intercalar a narrativa em duas versões, nos é possível sentir a atmosfera do romance inocente cada vez mais próxima e presente, quase nos tornando cúmplices ou cupidos, desejosos em saltar à tela e juntar de uma vez por todas os pombinhos. E confesso que isto foi o que mais me chamou atenção. Belíssimo!
Minhas expectativas aumentaram exponencialmente após a divulgação da pegadinha. A equipe de marketing está de parabéns! Finalmente as produtoras estão compreendendo a força impactante da internet e sua influência sobre o cinema. E que venha logo este filme, que eu não aguento mais esperar.
É belo, é mágico, é grandioso. Já de cara nos presenteia um experimentalismo pouco visto, com recursos técnicos e estéticos de uma megalomania impressionante e que já nos testifica que a produção não encontra limite algum quando se trata de contar o que tem pra contar. Entretanto, talvez, seja aí que reside seu único -e mais pertinente- defeito. O ritmo frenético e a inovação visual saturada não encontram um ponto de equilíbrio, o que acaba cansado o espectador em vários momentos da obra, que mais parece uma versão estendida de algum videoclipe musical bem produzido. O mesmo que aconteceu com a prima distante "Anna Karenina", infelizmente. E, como disse lá, repito aqui: pode não ter sido a melhor adaptação cinematográfica, mas foi a mais bela.
Bela cinebiografia que explora de maneira desmitificante a grande figura que foi John Lennon, tirando-o do pedestal que o enche de glória e o transformando em homem comum, como eu você, aproximando artista e público. Interessante como aborda o relacionamento conturbado de Lennon com sua mãe e sua tia, e como isso, de certa forma, veio a calhar em seu interesse musical e a formação da banda. Vale a pena pra qualquer fã de Beatles.
Já possui uma premissa inverossímil, daí se apresenta repleta de situações absurdas e descaradamente improváveis e elementos clichês comuns aos filmes oitentistas como o herói invencível e imaculado e o draminha comovente, sem falar na história batida. Mas quer saber!? Vale umas belas risadas. Você fica a todo momento tipo "tá de sacanagem comigo, né diretor!?", tamanha é a afronta à qualquer lógica contida no filme. Como disseram mais aqui embaixo, bem "filme pipoca". Não deve ser levado a sério, definitivamente.
Apesar de ter os mesmos elementos comuns aos filmes de temática homossexual, Juste une Question d'amour se difere por apelar para a simplicidade e sobriedade, fugindo da melosidade gratuita (longe de mim dizer que é um fator negativo) e buscando calcar mais nos aspectos cruciais da realidade vivida. Alguns costumam dizer que há dois lados aqui apresentados: o do "recém-descoberto" e confuso homossexual e uma família dita tradicional que, não diria homofóbica, mas ignorante quanto ao assunto. Entretanto, não é por ser simplório que a análise seja curta, há ainda também a família que apoia ou que passou a apoiar, o homossexual assumido que não tolera aquele que vive ainda dentro do armário e parece desconsiderar que viveu também essa situação, a amiga confidente que eventualmente sente uma atração por ele, e por aí vai. É um daqueles filmes em que se você convive ou conviveu no meio, acaba se identificando com alguém. Recomendadíssimo!
A Outra Terra
3.7 874 Assista AgoraSci-fi de fachada para um roteiro que se revela um drama profundo e reflexivo, eficiente ao explorar a falta de harmonia interior e o sentimento de culpa e de inadaptabilidade à uma realidade nova. O trabalho da co-roteirista e protagonista Brit Marling juntamente com o diretor Mike Cahill se apresenta silencioso, pouco movimentado, pautado na focalização das expressões depressiva, do homem protagonista, e confusa, da mulher; ao mesmo tempo em que apresenta diálogos precisos e palpáveis, nada sofisticado demais. Impossível não se imaginar no papel da moça e não pensar, nem que seja por um momento, no que você falaria para um "Segundo Eu".
Johnny & June
4.0 1,0K Assista AgoraNão sei até onde o longa é fiel ao contar a história de Johnny Cash, que até onde sei teve como base a autobiografia do falecido velho, mas figura, de fato, entre as bem sucedidas cinebiografias de ídolos da música. Não há qualquer inovação quanto ao enredo, a espinha dorsal é a mesma: biografia que traça uma linha do tempo em nuance, iniciando na humilde infância (com enfoque em traços a serem explorados posteriormente), perpassando pelo repentino sucesso e posterior tribulação e problemas, finalizando com "a volta por cima" triunfante. Outros tantos filmes vem em mente ao pensar desta forma. Mas o diferencial do filme reside na execução da equipe envolvida, principalmente do desempenho e sintonia do casal protagonista. Joaquin Phoenix incorpora seu personagem de maneira assustadora, dando vida à pequenos detalhes (o olhar ora desafiador ora perdido, o tom grave da voz...) que saltam à tela e dizem "Ei, eu sou Johnny Cash de verdade". Não atrás fica Reese Whiterspoon, fazendo a recatada e linda June. Ambos são só atuação? Claro que não. Embora eu não conheça os intérpretes originais tão à fundo, como ouvinte me agradei ao ouvir ambos cantarem imprecavelmente. Só reclamo de um caso especial do elenco de apoio: Tyler Hilton não se parece em nada com Elvis Presley, muito menos capta a essência e a manha de cantar do "rei do rock". Mesmo que o filme não seja sobre ele, quase passou despercebido de verdade.
Oblivion
3.2 1,7K Assista AgoraMesmo com o enredo batido de uma realidade futurística pós-apocalítica e cenas semelhantes à outros tantos filmes do gênero (creio, também, que inovar nem era a intenção; referenciar, sim), Oblivion consegue atingir um bom desempenho por surpreender com sua imagética rica em detalhes, paisagens belas e efeitos visuais críveis e grandiosos. A trama começa bem, dá uma derrapada aqui e ali (principalmente por não se expandir além do trio precípuo de personagens), e mesmo com o esforço de executar um plot twist na metade do filme,
momento em que Jack Harper aos poucos descobre a verdade sobre sua vida e sobre todo o que o cerca, e se vê num dilema interno confuso
Chicago
4.0 997O ponto alto de Chicago é, sem dúvidas, o elenco de peso. Salvo engano, as talentosas estrelas escaladas para o longa não tinham qualquer experiência com o canto, dança e atuação em uma mesma produção, o que deixa o público ainda mais surpreso com o desempenho satisfatório de cada um deles. Catherine Zeta-Jones bela e sensual como sempre, Richard Gere... bom, sendo Richard Gere, e Renée Zellweger arrebatadora em sua interpretação (o que foi a cena de ventriloquia?), bem como o elenco de apoio e bailarinos. Aliado à crítica ao modo predatório com que a mídia trata suas celebridades e como esta tem forte poder sobre a opinião pública (e até jurídica) e a técnica empreendida pela equipe de intercalar trama e espetáculo musical, Chicago pode facilmente se tornar um clássico do cinema posteriormente, tal qual fez sua ascendente Cabaret.
O Mágico de Oz
4.2 1,3K Assista AgoraÉ mágico e sublime. Obra fantástica dada à época em que foi produzida, com sua estética singular e cenários colossais que deixam qualquer produção megalomaníaca da atualidade (saturadas em efeitos visuais e manipulação de imagem) com vergonha. A história é cativante, uma vez que convida à todos, de qualquer idade, à se aventurar nas peripécias de Dorothy e seus três amigos improváveis por toda Oz. Seu conteúdo, por trás da trama, nos revela uma linda lição de moral e frases memoráveis que cutucam às feridas da natureza humana: temos coração, cérebro e coragem; enfrentando, melhor não tê-los se não usamos "para o bem". E o final? Uma surpresa!
Quem imaginaria que o grandioso Mágico de Oz não passava de um trapaceador ilusionista? E que toda a história não se passava de um mero devaneio?
Carrie, a Estranha
3.1 612 Assista AgoraConfesso que até me surpreendi com a qualidade desse filme, já que esperava que fosse bem inferior. O senso comum costuma supervalorizar tanto a versão de Brian de Palma que acaba ignorando por completo esta, que tem seu Q de aflição e e destruição também. Arrisco a dizer que Angela Bettis é tão assustadora quanto Sissy Spacek. Como a comparação é inevitável, aqui vai: nenhuma das versões se sobressai à outra, ambas agradam e cumprem seu dever.
Acompanhados
3.0 68 Assista AgoraSenti falta de uma leitura mais profunda das relações propostas, creio que seriam melhor exploradas se estivessem no formato de série. Mas ainda assim é um ótimo filme, provocando, mesmo que de maneira rápida, várias reflexões acerca dos tabus do sexo. Como diz a sinopse, consegue ser sexy e engraçado ao mesmo tempo.
Em Nome de Deus
3.6 89Excelente filme que cumpre a dupla tarefa de contar uma bela história de amor impossível e abordar aspectos comuns ao dado período histórico em que se passa a trama. É bem ambientado, o que aproxima o espectador da atmosfera que se pretende criar. E principalmente: foi ousado ao introduzir os sintetizadores oitentistas na trilha sonora de um filme sobre o medievo. E quer saber? Ao contrário do que muitos pensam, funcionou sim. A concepção de que a trilha precisa necessariamente condizer com o contexto aos poucos está sendo questionada, Baz Luhrmann está aí pra isso! "Em Nome de Deus" mostrando que em 1988 já se fazia esse experimentalismo artístico :)
Laurence Anyways
4.1 553 Assista Agora"O que é normal, e o que é anormal?". Eis um Xavier Dolan claramente mais maduro; não mais os conflitos entre um adolescente rebelde e uma mãe histérica de Eu Matei a Minha Mãe, nem as desventuras amorosas e os jogos de sedução patéticos de Amores Imaginários -convém lembrar, ótimos filmes. Em Laurence Anyways, Dolan explora a dura vida de um homem de meia idade que se vê não somente numa crise existencial, mas numa profunda crise de identidade, e como isto afeta a vida daqueles que o cercam. É complexo e reflexível, tem toda a preocupação de apresentar o panorama psicológico e emocional dos personagens envolvidos, daí o longo tempo de duração.
Ponto positivo: o próprio Dolan não era o protagonista. Continue assim, garoto! E claro, o final coerente (se é que eu o entendi).
Jogos Vorazes: Em Chamas
4.0 3,3K Assista AgoraSó tenho uma reclamação a fazer de duas cenas em especial que, ao meu ver, segrega os que leram o livro daqueles que ainda não:
- Primeiro, a cena em que o Presidente Snow bebe champanhe e deixa escorrer sangue na taça. Creio que quem não leu deve ter criado mil teorias acerca do motivo daquilo ter acontecido, mas dificilmente irá acertar a possibilidade rsrs. Bom, espero que expliquem no próximo.
-Segundo, as piadas que Katniss faz sobre Finnick envolvendo prostituição. Também não há qualquer indício do porquê daquilo, embora eu ache que quem não leu nem deve ter percebido. Mas quem leu, deve ter rido pra caramba hahaha.
Creio que esses detalhes serão melhor explorados em A Esperança. Caso não, retira dos espectadores que apenas queriam ver o filme certos momentos interessantes sobre a personalidade do Snow e o comportamento dos habitantes da Capital.
Jogos Vorazes: Em Chamas
4.0 3,3K Assista AgoraMagnífico! Estou pra conhecer uma adaptação cinematográfica de um livro mais fidelíssima que esta. E mesmo como produção, o filme cumpre o seu papel. De longe mais politizado e sério que o primeiro, que, graças aos efeitos especiais fantásticos, conseguiu transpor à tela a aflição e o terror de se estar numa arena lutando pela vida e a liberdade. Como muitos falaram, nem precisou ser 3D para Francis Lawrence evidenciar tanto realismo.
Pontos para Jennifer Lawrence, que meu senhor! Testifica que não ganhou Oscar à toa (mesmo lá não merecendo pelo outro rs). No mais, um dos melhores filmes do ano.
Bling Ring - A Gangue de Hollywood
3.0 1,7K Assista AgoraSe fez de fútil e superficial pra mostrar a futilidade e superficialidade por trás da história real. Mais uma vez, Sofia Coppola acertando em cheio, apesar de nem ser o seu melhor filme (muito menos estar perto disso). É parado, no estilo da diretora, e por vezes repetitivo, mas nada que atrapalhe o andamento do roteiro. Razoável, não é o mar de atuação e aprofundamento de reflexões que alguns afirmam ser.
A Hospedeira
3.2 2,2KUma bela surpresa pra mim, já que esperava algo bem pior devido ao fator "Stephenie Meyer". Te faz refletir sobre certos assuntos, como direito de escolha e liberdade individual, e questionar outros, como "O que é humanidade? Agimos como tal?". Como obra cinematográfica até que cumpre seu papel, levando em conta o público ao qual ele se destina, mas como adaptação não sei, tenho uma leve sensação de que o livro proporciona sensações diferentes. Pros fãs de distopia e sci-fi, vale a pena conferir. Não se deixem levar pelo preconceito contra a Saga Crepúsculo.
Ela e os Caras
3.1 413 Assista AgoraMais um clichê sobre as universidades norte-americanas e os esteriótipos forçados das disputas por popularidade, que mais parece algo High School do que de fato um College. Só que o filme melhora a partir da percepção de que o roteiro traça um paralelo narrativo à história da Branca de Neve que, se você não for atento o suficiente, acaba passando despercebido e ainda perde o trunfo da trama. Afora isso, é até "simpático".
Réquiem para um Sonho
4.3 4,4K Assista AgoraA degradação humana posta em tela crua e friamente, tão marcante quanto à feita pelo expressionismo alemão em O Anjo Azul. Darren Aronofsky soube, como ninguém, explorar as armadilhas escondidas nos prazeres momentâneos desse mundo cão, criando um caos crescente
que vai de um dia tranquilo assistindo a um programa de auditório na tevê à um tratamento intensivo de dependência química.
Pontos também para a trilha sonora e os recursos sonoros no geral, ora tempestade ora calmaria, que soube captar a atmosfera em suas nuances e deixa de ser material estético pra ser componente/personagem do conjunto. A direção de arte e as estratégias técnicas contribui também para o envolvimento, criando um teor nervoso pouco visto e até muito copiado em videoclipes (o recente Could it Be, da Elliphant, e o conhecido We Found Love, da Rihanna), mesclando cenas e sensações.
Educação
3.8 1,2K Assista AgoraÉ esteticamente elegante e encantador com essa atmosfera classuda que permeia todo o longa, graças ao fato de ser bem ambientado ali pelos anos 60, e tem uma história simplória, e até diria saturada no cinema mundial, mas que não limita o horizonte que roteiro planeia. Levanta questionamentos, passeia pelo previsível, como também pelo anti-clichê, quebra paradigmas (e consolida outros) e celebra a espetacular magia das possibilidades de escolha: a vida é uma alucinante viagem que pode ser trágica ou maravilhosa, basta você escolher entre trilhar este ou aquele caminho ou tomar atalhos.
No entanto, a alma do filme é, sem dúvidas, Carey Mulligan. A pequena garota consegue construir tão bem sua personagem que vive no limite entre a moralmente recatada e a rebelde indecisa sedenta por descobertas, que vai do céu ao inferno em poucos passos, e que transporta toda a sentimentalidade atrás de seus olhos lacrimejantes. Merecida atenção reservada a não só ela, mas ao trabalho de toda a equipe de atores que tão bem executaram a obra. A qualidade da trilha sonora é também igualmente inquestionável, já mostrando pra quê veio nos créditos iniciais. Não há como terminar a sessão e não ficar ouvindo Smoke Without Fire, da Duffy.
Em suma, é uma boa pedida para os fãs de dramas leves e de fácil compreensão.
Jogos Vorazes: Em Chamas
4.0 3,3K Assista AgoraConfirmado: a regravação da música "13", do CPM22, tocará durante os créditos finais de Jogos Vorazes. A estratégia faz parte da divulgação promovida pela Lionsgate ao redor do mundo, na qual consiste em adicionar à trilha sonora oficial do Brasil, Alemanha/Áustria e Espanha uma canção de um artista de seu respectivo país.
Confira: http://panem.me/1aP5Acb
Além de sermos o primeiro país a exibir o filme, ainda ganhamos uma regalia dessa. Como não amar esta divulgação pesada no Brasil, um dos melhores públicos do mundo!?
Mr. Holland: Adorável Professor
4.0 109Tocante e inspirador. Através da comovente história do simplório musicista Richard, o longa valoriza -mesmo sem intencionar- a figura do professor e o seu papel fundamental de formação e construção da aprendizagem, bem como o mostra como um modelo de ser humano que influencia àqueles a sua volta. Explicita bem a difícil tarefa de conciliar vida pessoal e profissional, logo deste podre coitado que leva o trabalho para casa quase sempre, se tornando uma espécie de malabarista que não pode deixar-se confundir pelas múltiplas relações estabelecidas dentro ou fora dos muros da escola.
O filme é comovente, porém não denso, oscilando entre momentos descontraídos e emocionantes, carregado de lições. Até que chega o final que te assalta por completo, e te deixa com um nó na garganta sem tamanho. Vale a pena conferir. Não somente aqueles que escolheram a árdua tarefa do magistério, que obviamente ficaram ainda mais enternecidos ao ver o suspiro compensador do trabalho bem realizado, mas todo homem que compreende o poder da influência que pode causar sobre a vida do outro.
O Primeiro Amor
4.1 1,3K Assista AgoraUma história pura e sincera que prima pela simplicidade e despretensão, mas que carrega uma lição grandiosa e importante: a de dar valor as pequenas coisas da vida. Graças a tática de intercalar a narrativa em duas versões, nos é possível sentir a atmosfera do romance inocente cada vez mais próxima e presente, quase nos tornando cúmplices ou cupidos, desejosos em saltar à tela e juntar de uma vez por todas os pombinhos. E confesso que isto foi o que mais me chamou atenção. Belíssimo!
Carrie, a Estranha
2.8 3,5K Assista AgoraMinhas expectativas aumentaram exponencialmente após a divulgação da pegadinha. A equipe de marketing está de parabéns! Finalmente as produtoras estão compreendendo a força impactante da internet e sua influência sobre o cinema. E que venha logo este filme, que eu não aguento mais esperar.
O Grande Gatsby
3.9 2,7K Assista AgoraÉ belo, é mágico, é grandioso. Já de cara nos presenteia um experimentalismo pouco visto, com recursos técnicos e estéticos de uma megalomania impressionante e que já nos testifica que a produção não encontra limite algum quando se trata de contar o que tem pra contar. Entretanto, talvez, seja aí que reside seu único -e mais pertinente- defeito. O ritmo frenético e a inovação visual saturada não encontram um ponto de equilíbrio, o que acaba cansado o espectador em vários momentos da obra, que mais parece uma versão estendida de algum videoclipe musical bem produzido. O mesmo que aconteceu com a prima distante "Anna Karenina", infelizmente. E, como disse lá, repito aqui: pode não ter sido a melhor adaptação cinematográfica, mas foi a mais bela.
O Garoto de Liverpool
3.8 1,0K Assista grátisBela cinebiografia que explora de maneira desmitificante a grande figura que foi John Lennon, tirando-o do pedestal que o enche de glória e o transformando em homem comum, como eu você, aproximando artista e público. Interessante como aborda o relacionamento conturbado de Lennon com sua mãe e sua tia, e como isso, de certa forma, veio a calhar em seu interesse musical e a formação da banda. Vale a pena pra qualquer fã de Beatles.
O Ataque
3.4 739 Assista AgoraJá possui uma premissa inverossímil, daí se apresenta repleta de situações absurdas e descaradamente improváveis e elementos clichês comuns aos filmes oitentistas como o herói invencível e imaculado e o draminha comovente, sem falar na história batida. Mas quer saber!? Vale umas belas risadas. Você fica a todo momento tipo "tá de sacanagem comigo, né diretor!?", tamanha é a afronta à qualquer lógica contida no filme. Como disseram mais aqui embaixo, bem "filme pipoca". Não deve ser levado a sério, definitivamente.
Apenas uma Questão de Amor
4.0 150Apesar de ter os mesmos elementos comuns aos filmes de temática homossexual, Juste une Question d'amour se difere por apelar para a simplicidade e sobriedade, fugindo da melosidade gratuita (longe de mim dizer que é um fator negativo) e buscando calcar mais nos aspectos cruciais da realidade vivida. Alguns costumam dizer que há dois lados aqui apresentados: o do "recém-descoberto" e confuso homossexual e uma família dita tradicional que, não diria homofóbica, mas ignorante quanto ao assunto. Entretanto, não é por ser simplório que a análise seja curta, há ainda também a família que apoia ou que passou a apoiar, o homossexual assumido que não tolera aquele que vive ainda dentro do armário e parece desconsiderar que viveu também essa situação, a amiga confidente que eventualmente sente uma atração por ele, e por aí vai.
É um daqueles filmes em que se você convive ou conviveu no meio, acaba se identificando com alguém. Recomendadíssimo!