É válido principalmente pelas cenas de ação bem produzidas, mas há vários aspectos sujeitos à críticas, que vão desde a descaracterização dos japoneses como não-sujeitos históricos (e consequente sujeitificação exagerada dos norte-americanos) ao o romance desconexo e não convincente, que poderia diminuir pelo menos uma hora de filme. Ao final, o longa soa mais como componente do cinema-militante estadunidense, elucidando uma espécie de retratação história -EUA entrou na Guerra por questão de honra, de vingar "seus pobres e indefesos homens mortos".
Perceba que na cena de invasão da ilha, os primeiros seres à serem mostrados são meninos brincando entre si e garotas passeando com suas mães. Encarei essa cena romantizada ao extremo, se levarmos em conta que os japoneses só apareceram como maquinadores, maquiavélicos, desejosos em atacar.
Sim, Michael Bay pode ser encarado como propagandista e ufanista aqui. Mas, se você fechar os olhos para esses detalhes, Pearl Harbor parece até um bom entretenimento.
Que musical formidável! Apesar de, por vezes, a película aparentar ter um efeito pedagógico no sentido de apregoar e celebrar as virtudes ditas cristãs (como o amor, a justiça e a caridade), através da narração das parábolas, a obra é de fato criativa e uma beleza aos olhos. Roteiro feliz ao incorporar elementos circenses e teatrais, com o tempero da cultura hippie, dentro do tradicionalismo careta que permeia a religião. A segunda metade do longa é fantástica, em especial a cena da crucificação que de tão bem executada tive que reassistir. Eu, particularmente, tinha altas expectativas que não foram supridas, o que não faz com o que o filme perca sua qualidade: apenas dá uma sensação de que funciona bem melhor no teatro.
Thriller que poderia facilmente cair nas garras do dramalhão de praxe ou do culto ao heroísmo (norte)americano, no entanto trilha rumo à tensão quase real, quase documental. Paul Greengrass apenas imprimiu retratos do instinto humano, evidenciado no contraste de realidades tão díspares (o bem sucedido vs. o miserável) que gritam diante da situação extrema. Tão diferentes, mas tão semelhantes: ambos lutam pela sobrevivência.Tom Hanks e os atores somalis foram ótimos, contribuindo para a boa execução do projeto juntamente com a direção ágil e o roteiro bem delimitado.
Raro caso, na atualidade, em que uma produção magnífica tendo por base a manipulação digital consegue nos proporcionar uma bela lição sobre fé e humanidade. As Aventuras de Pi tanto tem de trágico quanto de fantasioso, em que a maravilha reside no jogo entre uma cena que pode gerar reflexão e outra que enche os olhos do espectador com a grandiosidade de seus ambientes digitais. O roteiro foi feliz ao evidenciar que a história narrada pelo protagonista é uma visão subjetiva, portanto, sujeita à modificações, acréscimos e exageros. Como Pi afirma, durante sua luta por sobrevivência as adversidades o ludibriavam, não o fazendo enxergar o que era sonho, devaneio e realidade. Cabe a nós, espectadores, termos fé, e essa é a magia do longa. Espero ver Suraj Sharma em outros trabalhos, que rapaz promissor!
Eis um longa de ação eletrizante que se sustenta numa trama inteligente e coesa. "A Identidade Bourne" traz cenas e situações possíveis, exceção de um ou outro exagero comum ao estilo, e um clima de suspense desde os minutos iniciais, quando nos deparamos com a amnésia do protagonista (e consequentemente "a nossa"). Somos levados a adentrar no emaranhado que é a vida do protagonista antes do incidente não-esclarecido e a revelar a verdadeira identidade de Bourne; e, entre uma peça do quebra-cabeça e outra, correria, tiro, perseguição e luta corporal são bem executados num ritmo frenético. E que reunião de elenco temos aqui, não? Franka Potente, Clive Owen, Julia Stiles e o regular Matt Damon vivem satisfatoriamente suas personagens, mesmo que o gênero não exija grandes esforços interpretativos.
Produção soberba. Plano técnico que é, de fato, excelente, e um leque de atores maravilhosos, reunidos por um aclamado diretor. Acho um exagero e até injustiça afirmar que "Drácula de Bram Stoker" (1992) é o melhor longa sobre a temática vampiresca, visto que a quantidade de obras é incontável e há vertentes exploradas das mais variadas. Coppola preferiu contar um romance, trazendo a natureza demoníaca da criatura aqui e ali -e quando o fazia, eram os meus momentos preferidos.
Cito aqui a cena em que Lucy inicia a transformação, ao que parece precedida por possessão demoníaca, uma febre sobre-humana e um abatimento repentino. Evocou perfeitamente a sensação de morte da criatura humana e surgimento da monstruosidade.
Em suma, é merecedor dos prêmios recebidos por figurino, maquiagem e trilha. Irretocável!
Cruel e visceral! "Baixio das Bestas" é mais um daqueles filmes de difícil digestão, por conta de suas cenas tão brutalmente reais e incômodas. Causa raiva, ojeriza e nojo, porque presenciamos, na tela, mulheres sendo abusadas e violentadas por estúpidos homens ignorantes. O interessante do trabalho de Cláudio Assis aqui é que ele retratou a realidade nua e crua; perceba que o longa não cai no sentimentalismo de dó, como os outros fazem. Vai além de sentir lástima pelas meninas, o ponto chave é a perturbação e raiva extrema dos agressores.
Martin Scorsese nos entrega mais uma vez um filme que foge, às pressas, do politicamente correto que assola as produções atuais. O Lobo de Wall Street apresenta uma atmosfera debochada desde a primeira aparição do tresloucado Jordan até a última, num ritmo ágil (mesmo em sua longa duração de três horas) e cômico que não tem papuas na língua. E é, acima de tudo, crítico. Jordan representa o Lobo que à todos e tudo devora, caçando na selva que é a lógica capitalista em que vivemos e ajudamos a manter, por fim debochando de suas presas com prepotência. Considerações mais que especiais para Leonardo DiCaprio que está aqui magnífico, em seu trabalho definitivo. Capta o espírito da personagem, em sua plena ironia e maquinações; se Oscar não sair agora, não sai mais nunca! Há tantas cenas memoráveis no longa, no entanto destaco uma que envolve o ator e é simplesmente genial:
O momento em que Jordan e Danny (Jonah Hill) ingerem uma pílula pesadona e nos concede cenas hilárias e sádicas (de fundo triste e deprimente). A personagem de Leo tem momentaneamente paralisia cerebral e fica se arrastando por minutos no chão até chegar ao carro e tentar dirigir. A melhor cena, de longe.
Que filme estranho! Imaginaria que fosse bizarro, o próprio resumo e título fazem questão de salientar isto, mas imaginei um pouco mais de seriedade. Situações mirabolantes e sem sentido, absurdo em cima de absurdo e o pior: não te arranca um sorriso sequer. Como se não bastasse temos personagens caricatos interpretados por atores ruins, e sinceramente não consigo chegar qualquer ato de criticidade ou metáfora advinda do roteiro. Quem conseguiu absorver desta forma, parabéns! Única característica tragável são os efeitos especiais maravilhosos, é até difícil de acreditar que gastaram tanto dinheiro nisto.
Cena mais vergonha alheia foi quando o novo führer Adler vai responder a saudação de Renate Ritcher e bate a mão numa lampada quebrada, o que acaba fazendo que ele leve um choque, e depois tem sua testa cravada por uma ponta de salto alto. Sério que alguém riu disso?
E que bela história sobre redenção, não!? O despertar de um homem ignorante e preconceituoso para a vida. Ou melhor, para a sobrevivência. Matthew McConaughey está magnífico neste papel desafiante, escondendo sua face diante da face da personagem, desparecendo quase que completamente pra vestir a casaca de pele em forma de Ron Woodroof. Assim também Jared Leto, em talvez seu melhor desempenho da carreira, mesmo com sua aparição repentina. E não o digo apenas fisicamente, há toda uma carga interpretativa que é surpreendente. Clube de Compras Dallas possui uma inspiradora história que pode ser vista por variados víeis, mas que fundamentalmente perpassa por temáticas como o preconceito contra o soropositivo e a famigerada ambição financeira da indústria farmacêutica, além de se preocupar com os detalhes do contexto histórico em que está inserido: o início da "peste gay", como era comumente chamado o vírus HIV. Tudo isso sem perder a qualidade um momento sequer. Jean-Marc Vallée acertou mais uma vez, como vem fazendo em seus trabalhos. E torço por você, Jared, no Oscar!
Espetacular! A Caça trata de um assunto polêmico e delicado numa sequência muito bem construída, que vai tranquilidade do cotidiano de Lucas junto às crianças à decadência emocional/espiritual que beira à insanidade, fruto de uma sociedade julgadora e irracional -sociedade esta criticada friamente por Thomas Vinterberg até os minutos finais. O diretor, com sua trama densa e sombria, nos evoca o contraste do mito do macho maníaco-sexual e da criança imaculada para contar sua história sobre injustiça e dignidade: os moradores da pequena cidade acreditaram na menina porque se tem o senso comum de que criança não mente, e demonizaram o adulto porque também se tem a crença de que homem tem um impulso sexual forte e incontrolável. Por isso não pararam um minuto sequer para averiguar de maneira mais aprofundada o cerne da questão, porque se tratava de um homem solteiro e que trabalha com crianças -"É óbvio que ele abusou da menina né gente, ele trabalha com crianças, por que mais ele iria ser professor?"-. A raiva sobe à cabeça enquanto vemos o filme, será que sobe também na vida real? Duvido muito se as mesmas pessoas iriam por algum crédito na história escabrosa se caso no lugar de Lucas fosse uma mulher. Sem dúvidas o caso seria, no mínimo, risível. Só tenho a parabenizar Mads Mikkelsen por seu belíssimo e excepcional trabalho. A carga emocional que o personagem apresenta não é pra qualquer um; tanto pessimismo assim faz mal até ao ator, exige desenvoltura que vai além do que vemos apenas em tela.
Meu Deus, já tem tanta gente avaliando o filme somente pelo trailer, que chega a ser ridículo. E "avaliando" não o digo pelo fato de já estarem colocando as estrelinhas no Filmow não, to dizendo no sentido de apresentarem argumentos e teses a respeito da fidelidade de adaptação, trilha sonora, fotografia, desenvoltura e química entre os atores, profundidade do tema e teor dramático... Meu povo, melhore!
Alabama Monroe acerta, principalmente, em não se deixar ser taxado. É dramalhão dos bons, é discussão sobre doença, ciência e religião, é romance e é bluegrass interpretado pelos próprios personagens do longa. Felix van Groeningen acompanha as nuanças de um casal improvável, a montanha-russa emocional de duas pessoas que precisam conciliar vida conjugal e cuidados especiais de um "intruso". É belo, em sua plena tristeza; nas idas e vindas de seu roteiro não-linear e no intercalar entre uma caliente cena de sexo e uma situação difícil com sua filha doente. Johan Heldenbergh e Veerle Baetens ora são joviais, espirituosos e apaixonados, ora cansados, sobrecarregados e estressados. É nessa entrega dos atores que o longa se sustenta e é maravilhoso ser convencido por eles. Há uma cena em especial que gostaria de destacar:
A cena em que Didier desabafa para uma platéia, de forma alterada e agressiva, suas frustrações e discursa sobre o entrave em assuntos políticos/sociais que a religião cristã tem feito ao decorrer dos anos. Não apenas um ateu falando, mas um pai com um coração triturado e um marido impotente. Me arrepiei, de verdade, com a cena e levarei a citação pra sempre.
Documentário excelente, mesmo para quem desconhece, previamente, a história de Claudia Wonder (como eu). Dácio Pinheiro satisfatoriamente explora a história desta figura visionária e transgressora, pioneira em diversos aspectos do universo lgbt que se expandia, que se extrapolava dos limites do seu ovo para "invadir" a sociedade heteronormativa. Encontramos uma Claudia Wonder atriz, cantora (de punk, pasmem), ícone da cultura gay, peça do cenário underground, escritora... Enfim, a "multiartista", como chegou a chamar o site G1. Além disso outros temas são debatidos, como a expansão do vírus HIV, chamada peste gay, e a repressão policial contra essas guerreiras mulheres, bem como a falta de visibilidade das trans e travesti na sociedade brasileira. Grande mulher, Claudia!
Exagerado, com um tom debochado levado ao extremo e, ainda assim, com uma narrativa bem construída e eficiente ao procurar explorar a cultura clubber nova-iorquina sob o olhar de uma figura "lendária" do cenário. No entanto, é meio difícil se conectar com a trama e a atmosfera criada por Fenton Bailey e Randy Barbato, uma vez que a realidade destes jovens inconsequentes e enlouquecidos é tão destoante, culturalmente, da nossa. Não conseguimos compreender seus passos, suas escolhas, suas megalomanias; eles estão tão distante de nós... Quanto à técnica, só elogios. O baixo orçamento para o filme independente não é empecilho algum: trilha sonora impecável, estética visual espalhafatosa e colorida (como deve ser) e figurinos icônicos. É como se estivéssemos assistindo a um longo videoclipe. E a surpresa maior é reconhecer alguns rostos presentes nessa viagem irônica, que vai do (ex) ator-mirim queridinho da América Macaulay Culkin ao galã John Stamos, passando pelo freaky Marilyn Manson e por Seth Green. Divertidíssimo!
A opinião geral é unânime e certeira: esta sequência é bem inferior ao primeiro. Me pareceu que o diretor optou pelo trash, pelo absurdo, diminuiu as cenas de ação e desenvolveu uma história que dá voltas em si. É como se uma hora e meia de filme não desse nada, e o final esperançoso nada mais é do que o encontro de histórias (Kick-Ass, Hit-Girl e Motherfucker) mal sucedidas. Ou seja, o roteiro não se sustenta no humor, muito menos na ação, nem em história. É apenas promissor.
Com explicações embaralhadas e surreais demais, Truque de Mestre, no fim, parece ter te enganado o tempo todo e ter aplicado o truque em você e não dentro da trama. Tudo o que você especulou, todas as pistas que foram te dadas, todas as mirabolantes cenas produzidas são descartadas nos momentos finais para te apresentar aquilo que, nunca, sequer foi cogitado. Isso é bom, não é!? Deveria, se o roteiro tivesse lhe ajudado a racionar. Premissa interessante, que poderia ter sido melhor executada. Ainda assim, é um bom entretenimento, ainda mais por alguns truques interessantes, como
o feito na segunda apresentação do quarteto, em que truques foram feitos e por eles mesmo foram desmascarados, e por fim roubaram o dinheiro do charlatão que os patrocinava para recompensar suas vítimas e fugiram dos agentes da maneira mais inusitada possível
Demora a pegar um ritmo, e quando finalmente o consegue, nos vem um final frio, isento de emoção e inesperado. Confesso que gostei, mas fui com sede demais ao pote e apenas recebi um simples copo de água. O que vale a pena em todo o longa é a personagem Isa, tão simplória e irradiante, tão linda por dentro e por fora. Impossível não se apaixonar por esta moça. Parabéns Élodie Bouchez!
"Rush" deve ser saudosista e emocionante para os fãs de Fórmula 1 e apaixonados por automóveis, mas isso não priva o público geral de presenciar uma bela história sobre determinação e evolução. Ron Howard e Peter Morgan souberam explorar perfeitamente as personalidades destoantes dos pilotos e apresentar, sem ser cansativo, a dinâmica de como suas trajetórias se cruzam e se embatem ocasionando um autoconhecimento e autocrítica.
É como ambos assumem em algum momento no final do longa. Um, inevitavelmente, contribuiu para evolução pessoal e profissional do outro, como percebemos na cena em que Niki Lauda está passando por um momento difícil no hospital e encontra na repercussão da vitória de James Hunt a determinação para continuar e se aprimorar.
É o lembrete de que ter adversários é saudável: "Um sábio aprende mais com o inimigo que um tonto aprende com os amigos" (Niki Lauda). Quanto à técnica, olha só, a edição de som e de fotografia estão de parabéns! Visualmente lindo e retrô. Daniel Brühl, mesmo com o sotaque alemão irritante, tem um desempenho acima da média e se destaca ante seus colegas de trabalho. A química entre ele e Chris Hemsworth é bem estruturada. No mais, um ótimo entretenimento.
Não é ruim, nem excelente. Apenas ok! Se não fosse todo o alarde criado por ser uma nova adaptação de uma história que já foi transportada às telas numa versão clássica, teria passado despercebido facilmente. O problema é que o público ou já era contra a adaptação antes mesmo de sequer começar a ser rodada e já havia criado preconceitos mil (assistiu apenas pra testificar e meter críticas negativas) ou esperava que superasse as versões superiores. Cinema não é isso, entendam de uma vez por todas! Achei válida a proposta, mas apenas. Eu esperava mais de "algo", que no momento não sei dizer ao certo o que é. Mas, de antemão, parabenizo as atrizes Julianne Moore e a novinha Chloë Moretz que se entregaram e viveram as personagens de maneira assustadora. Pena que se envolveram num projeto que já parecia abortado.
Que louco! Apesar do plot twist final já ser esperado lá pela metade do longa, não diminui em nada a tensão crescente desde os minutos iniciais. O quão complicada pode ser a mente humana, não é mesmo? James Mongold nos entregou um thriller psicológico dos bons, que há tempos não via. E nem dá pra acreditar que é o mesmo diretor de belezuras como "Johnny e June" e "Garota, Interrompida", trabalhos tão distintos deste. Viva a versatilidade no meio artístico!
É, quem diria que um blockbuster de ficção científica com a premissa pra lá de semelhante aos power rangers e seus megazords de nossa infância poderia ser um programa divertido!? São efeitos impressionantes, capazes de construir criaturas até críveis (eram mesmo computadorizadas? Caramba!), cenas eletrizantes e um envolvimento satisfatório entre os personagens, graças ao desempenho dos atores, que nesse gênero não costumam ser cobrados à fio. Até Charlie Hunnam, que em outros carnavais não demonstrou tamanha desenvoltura. Apenas mais um bom trabalho de Guillermo del Toro.
É o segundo trabalho de Zal Batmanglij e o estreante já se mostra competente. Em O Sistema, propositalmente, ele questiona os dois lados da realidade capitalista de exploração por parte de grandes corporações vs. grupos anarquistas e/ou extremistas que lutam contra o sistema. É reflexivo na medida certa, levando você a se questionar juntamente com a agente infiltrada, enquanto a atmosfera de suspense paira até chegar o final inesperado.
Obs.: O mais interessante ainda é saber que a história baseia-se nas experiências reais de Zal Batmanglij e Brit Marling na imponente Nova Iorque, quando decidiram adotar o freeganismo como projeto de vida na intenção de boicotar o consumismo e levantar a bandeira pró-natureza. O resultado é o que vemos no longa: um misto de realidade e ficção.
Sound of My Voice, assim como Another Earth da mesma dupla enigmática, trata de temas profundos e existenciais sob a roupagem de sci-fi (que muitos criticam negativamente; no entanto encaro como uma temática de segundo plano). Aqui nos deparamos com a fraqueza humana manifestada na covardia (?), ou seria melhor dizer, na falta de coragem em assumir sua pequenez diante dos mistérios da vida. Do homem que precisa encontrar um apoio espiritual e respostas aparentemente concretas que o confortem, enquanto esperam pelo futuro vindouro e bem-aventurado. Enquanto o filme explora tal dilema, trás o espectador pra mais próximo da atmosfera de dúvida e incertezas do casal protagonista, não entregando o filme "de mão beijada". Ora você acredita que a seita e a garota não passa de uma farsa, ora acredita que ela possa estar dizendo a verdade. O trunfo do filme se encontra aí e no seu final assombroso: o cinema é conversa, é diálogo, é jogo de vai-e-vem entre linguagem e leitor. Apesar de não ser uma obra-prima, espero mais dos trabalhos de Zal Batmanglij e Brit Marling. Ainda quero vê-los brilhar!
Pearl Harbor
3.6 1,2K Assista AgoraÉ válido principalmente pelas cenas de ação bem produzidas, mas há vários aspectos sujeitos à críticas, que vão desde a descaracterização dos japoneses como não-sujeitos históricos (e consequente sujeitificação exagerada dos norte-americanos) ao o romance desconexo e não convincente, que poderia diminuir pelo menos uma hora de filme. Ao final, o longa soa mais como componente do cinema-militante estadunidense, elucidando uma espécie de retratação história -EUA entrou na Guerra por questão de honra, de vingar "seus pobres e indefesos homens mortos".
Perceba que na cena de invasão da ilha, os primeiros seres à serem mostrados são meninos brincando entre si e garotas passeando com suas mães. Encarei essa cena romantizada ao extremo, se levarmos em conta que os japoneses só apareceram como maquinadores, maquiavélicos, desejosos em atacar.
Sim, Michael Bay pode ser encarado como propagandista e ufanista aqui. Mas, se você fechar os olhos para esses detalhes, Pearl Harbor parece até um bom entretenimento.
Godspell - A Esperança
4.0 11 Assista AgoraQue musical formidável! Apesar de, por vezes, a película aparentar ter um efeito pedagógico no sentido de apregoar e celebrar as virtudes ditas cristãs (como o amor, a justiça e a caridade), através da narração das parábolas, a obra é de fato criativa e uma beleza aos olhos. Roteiro feliz ao incorporar elementos circenses e teatrais, com o tempero da cultura hippie, dentro do tradicionalismo careta que permeia a religião. A segunda metade do longa é fantástica, em especial a cena da crucificação que de tão bem executada tive que reassistir. Eu, particularmente, tinha altas expectativas que não foram supridas, o que não faz com o que o filme perca sua qualidade: apenas dá uma sensação de que funciona bem melhor no teatro.
Capitão Phillips
4.0 1,6K Assista AgoraThriller que poderia facilmente cair nas garras do dramalhão de praxe ou do culto ao heroísmo (norte)americano, no entanto trilha rumo à tensão quase real, quase documental. Paul Greengrass apenas imprimiu retratos do instinto humano, evidenciado no contraste de realidades tão díspares (o bem sucedido vs. o miserável) que gritam diante da situação extrema. Tão diferentes, mas tão semelhantes: ambos lutam pela sobrevivência.Tom Hanks e os atores somalis foram ótimos, contribuindo para a boa execução do projeto juntamente com a direção ágil e o roteiro bem delimitado.
As Aventuras de Pi
3.9 4,4KRaro caso, na atualidade, em que uma produção magnífica tendo por base a manipulação digital consegue nos proporcionar uma bela lição sobre fé e humanidade. As Aventuras de Pi tanto tem de trágico quanto de fantasioso, em que a maravilha reside no jogo entre uma cena que pode gerar reflexão e outra que enche os olhos do espectador com a grandiosidade de seus ambientes digitais. O roteiro foi feliz ao evidenciar que a história narrada pelo protagonista é uma visão subjetiva, portanto, sujeita à modificações, acréscimos e exageros. Como Pi afirma, durante sua luta por sobrevivência as adversidades o ludibriavam, não o fazendo enxergar o que era sonho, devaneio e realidade. Cabe a nós, espectadores, termos fé, e essa é a magia do longa. Espero ver Suraj Sharma em outros trabalhos, que rapaz promissor!
A Identidade Bourne
3.8 555 Assista AgoraEis um longa de ação eletrizante que se sustenta numa trama inteligente e coesa. "A Identidade Bourne" traz cenas e situações possíveis, exceção de um ou outro exagero comum ao estilo, e um clima de suspense desde os minutos iniciais, quando nos deparamos com a amnésia do protagonista (e consequentemente "a nossa"). Somos levados a adentrar no emaranhado que é a vida do protagonista antes do incidente não-esclarecido e a revelar a verdadeira identidade de Bourne; e, entre uma peça do quebra-cabeça e outra, correria, tiro, perseguição e luta corporal são bem executados num ritmo frenético. E que reunião de elenco temos aqui, não? Franka Potente, Clive Owen, Julia Stiles e o regular Matt Damon vivem satisfatoriamente suas personagens, mesmo que o gênero não exija grandes esforços interpretativos.
Drácula de Bram Stoker
4.0 1,4K Assista AgoraProdução soberba. Plano técnico que é, de fato, excelente, e um leque de atores maravilhosos, reunidos por um aclamado diretor. Acho um exagero e até injustiça afirmar que "Drácula de Bram Stoker" (1992) é o melhor longa sobre a temática vampiresca, visto que a quantidade de obras é incontável e há vertentes exploradas das mais variadas. Coppola preferiu contar um romance, trazendo a natureza demoníaca da criatura aqui e ali -e quando o fazia, eram os meus momentos preferidos.
Cito aqui a cena em que Lucy inicia a transformação, ao que parece precedida por possessão demoníaca, uma febre sobre-humana e um abatimento repentino. Evocou perfeitamente a sensação de morte da criatura humana e surgimento da monstruosidade.
Em suma, é merecedor dos prêmios recebidos por figurino, maquiagem e trilha. Irretocável!
Baixio das Bestas
3.5 397Cruel e visceral! "Baixio das Bestas" é mais um daqueles filmes de difícil digestão, por conta de suas cenas tão brutalmente reais e incômodas. Causa raiva, ojeriza e nojo, porque presenciamos, na tela, mulheres sendo abusadas e violentadas por estúpidos homens ignorantes. O interessante do trabalho de Cláudio Assis aqui é que ele retratou a realidade nua e crua; perceba que o longa não cai no sentimentalismo de dó, como os outros fazem. Vai além de sentir lástima pelas meninas, o ponto chave é a perturbação e raiva extrema dos agressores.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraMartin Scorsese nos entrega mais uma vez um filme que foge, às pressas, do politicamente correto que assola as produções atuais. O Lobo de Wall Street apresenta uma atmosfera debochada desde a primeira aparição do tresloucado Jordan até a última, num ritmo ágil (mesmo em sua longa duração de três horas) e cômico que não tem papuas na língua. E é, acima de tudo, crítico. Jordan representa o Lobo que à todos e tudo devora, caçando na selva que é a lógica capitalista em que vivemos e ajudamos a manter, por fim debochando de suas presas com prepotência. Considerações mais que especiais para Leonardo DiCaprio que está aqui magnífico, em seu trabalho definitivo. Capta o espírito da personagem, em sua plena ironia e maquinações; se Oscar não sair agora, não sai mais nunca! Há tantas cenas memoráveis no longa, no entanto destaco uma que envolve o ator e é simplesmente genial:
O momento em que Jordan e Danny (Jonah Hill) ingerem uma pílula pesadona e nos concede cenas hilárias e sádicas (de fundo triste e deprimente). A personagem de Leo tem momentaneamente paralisia cerebral e fica se arrastando por minutos no chão até chegar ao carro e tentar dirigir. A melhor cena, de longe.
Deu a Louca nos Nazis
2.5 393Que filme estranho! Imaginaria que fosse bizarro, o próprio resumo e título fazem questão de salientar isto, mas imaginei um pouco mais de seriedade. Situações mirabolantes e sem sentido, absurdo em cima de absurdo e o pior: não te arranca um sorriso sequer. Como se não bastasse temos personagens caricatos interpretados por atores ruins, e sinceramente não consigo chegar qualquer ato de criticidade ou metáfora advinda do roteiro. Quem conseguiu absorver desta forma, parabéns! Única característica tragável são os efeitos especiais maravilhosos, é até difícil de acreditar que gastaram tanto dinheiro nisto.
Cena mais vergonha alheia foi quando o novo führer Adler vai responder a saudação de Renate Ritcher e bate a mão numa lampada quebrada, o que acaba fazendo que ele leve um choque, e depois tem sua testa cravada por uma ponta de salto alto. Sério que alguém riu disso?
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraE que bela história sobre redenção, não!? O despertar de um homem ignorante e preconceituoso para a vida. Ou melhor, para a sobrevivência. Matthew McConaughey está magnífico neste papel desafiante, escondendo sua face diante da face da personagem, desparecendo quase que completamente pra vestir a casaca de pele em forma de Ron Woodroof. Assim também Jared Leto, em talvez seu melhor desempenho da carreira, mesmo com sua aparição repentina. E não o digo apenas fisicamente, há toda uma carga interpretativa que é surpreendente.
Clube de Compras Dallas possui uma inspiradora história que pode ser vista por variados víeis, mas que fundamentalmente perpassa por temáticas como o preconceito contra o soropositivo e a famigerada ambição financeira da indústria farmacêutica, além de se preocupar com os detalhes do contexto histórico em que está inserido: o início da "peste gay", como era comumente chamado o vírus HIV. Tudo isso sem perder a qualidade um momento sequer. Jean-Marc Vallée acertou mais uma vez, como vem fazendo em seus trabalhos. E torço por você, Jared, no Oscar!
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraEspetacular! A Caça trata de um assunto polêmico e delicado numa sequência muito bem construída, que vai tranquilidade do cotidiano de Lucas junto às crianças à decadência emocional/espiritual que beira à insanidade, fruto de uma sociedade julgadora e irracional -sociedade esta criticada friamente por Thomas Vinterberg até os minutos finais.
O diretor, com sua trama densa e sombria, nos evoca o contraste do mito do macho maníaco-sexual e da criança imaculada para contar sua história sobre injustiça e dignidade: os moradores da pequena cidade acreditaram na menina porque se tem o senso comum de que criança não mente, e demonizaram o adulto porque também se tem a crença de que homem tem um impulso sexual forte e incontrolável.
Por isso não pararam um minuto sequer para averiguar de maneira mais aprofundada o cerne da questão, porque se tratava de um homem solteiro e que trabalha com crianças -"É óbvio que ele abusou da menina né gente, ele trabalha com crianças, por que mais ele iria ser professor?"-. A raiva sobe à cabeça enquanto vemos o filme, será que sobe também na vida real? Duvido muito se as mesmas pessoas iriam por algum crédito na história escabrosa se caso no lugar de Lucas fosse uma mulher. Sem dúvidas o caso seria, no mínimo, risível.
Só tenho a parabenizar Mads Mikkelsen por seu belíssimo e excepcional trabalho. A carga emocional que o personagem apresenta não é pra qualquer um; tanto pessimismo assim faz mal até ao ator, exige desenvoltura que vai além do que vemos apenas em tela.
A Culpa é das Estrelas
3.7 4,0K Assista AgoraMeu Deus, já tem tanta gente avaliando o filme somente pelo trailer, que chega a ser ridículo. E "avaliando" não o digo pelo fato de já estarem colocando as estrelinhas no Filmow não, to dizendo no sentido de apresentarem argumentos e teses a respeito da fidelidade de adaptação, trilha sonora, fotografia, desenvoltura e química entre os atores, profundidade do tema e teor dramático... Meu povo, melhore!
Alabama Monroe
4.3 1,4KAlabama Monroe acerta, principalmente, em não se deixar ser taxado. É dramalhão dos bons, é discussão sobre doença, ciência e religião, é romance e é bluegrass interpretado pelos próprios personagens do longa. Felix van Groeningen acompanha as nuanças de um casal improvável, a montanha-russa emocional de duas pessoas que precisam conciliar vida conjugal e cuidados especiais de um "intruso". É belo, em sua plena tristeza; nas idas e vindas de seu roteiro não-linear e no intercalar entre uma caliente cena de sexo e uma situação difícil com sua filha doente. Johan Heldenbergh e Veerle Baetens ora são joviais, espirituosos e apaixonados, ora cansados, sobrecarregados e estressados. É nessa entrega dos atores que o longa se sustenta e é maravilhoso ser convencido por eles. Há uma cena em especial que gostaria de destacar:
A cena em que Didier desabafa para uma platéia, de forma alterada e agressiva, suas frustrações e discursa sobre o entrave em assuntos políticos/sociais que a religião cristã tem feito ao decorrer dos anos. Não apenas um ateu falando, mas um pai com um coração triturado e um marido impotente. Me arrepiei, de verdade, com a cena e levarei a citação pra sempre.
Meu Amigo Claudia
4.2 41Documentário excelente, mesmo para quem desconhece, previamente, a história de Claudia Wonder (como eu). Dácio Pinheiro satisfatoriamente explora a história desta figura visionária e transgressora, pioneira em diversos aspectos do universo lgbt que se expandia, que se extrapolava dos limites do seu ovo para "invadir" a sociedade heteronormativa. Encontramos uma Claudia Wonder atriz, cantora (de punk, pasmem), ícone da cultura gay, peça do cenário underground, escritora... Enfim, a "multiartista", como chegou a chamar o site G1. Além disso outros temas são debatidos, como a expansão do vírus HIV, chamada peste gay, e a repressão policial contra essas guerreiras mulheres, bem como a falta de visibilidade das trans e travesti na sociedade brasileira. Grande mulher, Claudia!
Party Monster
3.8 371 Assista AgoraExagerado, com um tom debochado levado ao extremo e, ainda assim, com uma narrativa bem construída e eficiente ao procurar explorar a cultura clubber nova-iorquina sob o olhar de uma figura "lendária" do cenário. No entanto, é meio difícil se conectar com a trama e a atmosfera criada por Fenton Bailey e Randy Barbato, uma vez que a realidade destes jovens inconsequentes e enlouquecidos é tão destoante, culturalmente, da nossa. Não conseguimos compreender seus passos, suas escolhas, suas megalomanias; eles estão tão distante de nós... Quanto à técnica, só elogios. O baixo orçamento para o filme independente não é empecilho algum: trilha sonora impecável, estética visual espalhafatosa e colorida (como deve ser) e figurinos icônicos. É como se estivéssemos assistindo a um longo videoclipe. E a surpresa maior é reconhecer alguns rostos presentes nessa viagem irônica, que vai do (ex) ator-mirim queridinho da América Macaulay Culkin ao galã John Stamos, passando pelo freaky Marilyn Manson e por Seth Green. Divertidíssimo!
Kick-Ass 2
3.6 1,8K Assista AgoraA opinião geral é unânime e certeira: esta sequência é bem inferior ao primeiro. Me pareceu que o diretor optou pelo trash, pelo absurdo, diminuiu as cenas de ação e desenvolveu uma história que dá voltas em si. É como se uma hora e meia de filme não desse nada, e o final esperançoso nada mais é do que o encontro de histórias (Kick-Ass, Hit-Girl e Motherfucker) mal sucedidas. Ou seja, o roteiro não se sustenta no humor, muito menos na ação, nem em história. É apenas promissor.
Quer momento mais vergonha que o filme promovendo, descaradamente, uma boyband risível chamada Union J, sem qualquer lógica de contexto!?
Truque de Mestre
3.8 2,5K Assista AgoraCom explicações embaralhadas e surreais demais, Truque de Mestre, no fim, parece ter te enganado o tempo todo e ter aplicado o truque em você e não dentro da trama. Tudo o que você especulou, todas as pistas que foram te dadas, todas as mirabolantes cenas produzidas são descartadas nos momentos finais para te apresentar aquilo que, nunca, sequer foi cogitado. Isso é bom, não é!? Deveria, se o roteiro tivesse lhe ajudado a racionar. Premissa interessante, que poderia ter sido melhor executada. Ainda assim, é um bom entretenimento, ainda mais por alguns truques interessantes, como
o feito na segunda apresentação do quarteto, em que truques foram feitos e por eles mesmo foram desmascarados, e por fim roubaram o dinheiro do charlatão que os patrocinava para recompensar suas vítimas e fugiram dos agentes da maneira mais inusitada possível
A Vida Sonhada dos Anjos
4.0 29Demora a pegar um ritmo, e quando finalmente o consegue, nos vem um final frio, isento de emoção e inesperado. Confesso que gostei, mas fui com sede demais ao pote e apenas recebi um simples copo de água. O que vale a pena em todo o longa é a personagem Isa, tão simplória e irradiante, tão linda por dentro e por fora. Impossível não se apaixonar por esta moça. Parabéns Élodie Bouchez!
Rush: No Limite da Emoção
4.2 1,3K Assista Agora"Rush" deve ser saudosista e emocionante para os fãs de Fórmula 1 e apaixonados por automóveis, mas isso não priva o público geral de presenciar uma bela história sobre determinação e evolução. Ron Howard e Peter Morgan souberam explorar perfeitamente as personalidades destoantes dos pilotos e apresentar, sem ser cansativo, a dinâmica de como suas trajetórias se cruzam e se embatem ocasionando um autoconhecimento e autocrítica.
É como ambos assumem em algum momento no final do longa. Um, inevitavelmente, contribuiu para evolução pessoal e profissional do outro, como percebemos na cena em que Niki Lauda está passando por um momento difícil no hospital e encontra na repercussão da vitória de James Hunt a determinação para continuar e se aprimorar.
É o lembrete de que ter adversários é saudável: "Um sábio aprende mais com o inimigo que um tonto aprende com os amigos" (Niki Lauda). Quanto à técnica, olha só, a edição de som e de fotografia estão de parabéns! Visualmente lindo e retrô. Daniel Brühl, mesmo com o sotaque alemão irritante, tem um desempenho acima da média e se destaca ante seus colegas de trabalho. A química entre ele e Chris Hemsworth é bem estruturada. No mais, um ótimo entretenimento.
Carrie, a Estranha
2.8 3,5K Assista AgoraNão é ruim, nem excelente. Apenas ok! Se não fosse todo o alarde criado por ser uma nova adaptação de uma história que já foi transportada às telas numa versão clássica, teria passado despercebido facilmente. O problema é que o público ou já era contra a adaptação antes mesmo de sequer começar a ser rodada e já havia criado preconceitos mil (assistiu apenas pra testificar e meter críticas negativas) ou esperava que superasse as versões superiores. Cinema não é isso, entendam de uma vez por todas! Achei válida a proposta, mas apenas. Eu esperava mais de "algo", que no momento não sei dizer ao certo o que é. Mas, de antemão, parabenizo as atrizes Julianne Moore e a novinha Chloë Moretz que se entregaram e viveram as personagens de maneira assustadora. Pena que se envolveram num projeto que já parecia abortado.
Identidade
3.8 868 Assista AgoraQue louco! Apesar do plot twist final já ser esperado lá pela metade do longa, não diminui em nada a tensão crescente desde os minutos iniciais. O quão complicada pode ser a mente humana, não é mesmo? James Mongold nos entregou um thriller psicológico dos bons, que há tempos não via. E nem dá pra acreditar que é o mesmo diretor de belezuras como "Johnny e June" e "Garota, Interrompida", trabalhos tão distintos deste. Viva a versatilidade no meio artístico!
Círculo de Fogo
3.8 2,6K Assista AgoraÉ, quem diria que um blockbuster de ficção científica com a premissa pra lá de semelhante aos power rangers e seus megazords de nossa infância poderia ser um programa divertido!? São efeitos impressionantes, capazes de construir criaturas até críveis (eram mesmo computadorizadas? Caramba!), cenas eletrizantes e um envolvimento satisfatório entre os personagens, graças ao desempenho dos atores, que nesse gênero não costumam ser cobrados à fio. Até Charlie Hunnam, que em outros carnavais não demonstrou tamanha desenvoltura. Apenas mais um bom trabalho de Guillermo del Toro.
O Sistema
3.7 363É o segundo trabalho de Zal Batmanglij e o estreante já se mostra competente. Em O Sistema, propositalmente, ele questiona os dois lados da realidade capitalista de exploração por parte de grandes corporações vs. grupos anarquistas e/ou extremistas que lutam contra o sistema. É reflexivo na medida certa, levando você a se questionar juntamente com a agente infiltrada, enquanto a atmosfera de suspense paira até chegar o final inesperado.
Obs.: O mais interessante ainda é saber que a história baseia-se nas experiências reais de Zal Batmanglij e Brit Marling na imponente Nova Iorque, quando decidiram adotar o freeganismo como projeto de vida na intenção de boicotar o consumismo e levantar a bandeira pró-natureza. O resultado é o que vemos no longa: um misto de realidade e ficção.
A Seita Misteriosa
3.4 205Sound of My Voice, assim como Another Earth da mesma dupla enigmática, trata de temas profundos e existenciais sob a roupagem de sci-fi (que muitos criticam negativamente; no entanto encaro como uma temática de segundo plano). Aqui nos deparamos com a fraqueza humana manifestada na covardia (?), ou seria melhor dizer, na falta de coragem em assumir sua pequenez diante dos mistérios da vida. Do homem que precisa encontrar um apoio espiritual e respostas aparentemente concretas que o confortem, enquanto esperam pelo futuro vindouro e bem-aventurado. Enquanto o filme explora tal dilema, trás o espectador pra mais próximo da atmosfera de dúvida e incertezas do casal protagonista, não entregando o filme "de mão beijada". Ora você acredita que a seita e a garota não passa de uma farsa, ora acredita que ela possa estar dizendo a verdade. O trunfo do filme se encontra aí e no seu final assombroso: o cinema é conversa, é diálogo, é jogo de vai-e-vem entre linguagem e leitor. Apesar de não ser uma obra-prima, espero mais dos trabalhos de Zal Batmanglij e Brit Marling. Ainda quero vê-los brilhar!