Filmaço! Assisti hoje pela terceira vez e continua ótimo! Já o remake, com Keanu Reeves, melhor passar bem longe. Obviamente, quem está acostumando com a linguagem cinematográfica atual, muitas vezes, desnecessariamente frenética, pode achar o filme lento. Mas são apenas 92 minutos muito bem trabalhados.
O filme traz uma mensagem forte, mostrando que existem princípios que visam proteger interesses maiores do que o individualismo, mesmo que este seja o individualismo de massa de uma nação inteira. Evidencia que, para além de sermos americanos, europeus, capitalistas ou comunistas, fazemos parte de algo maior: somos todos seres humanos.
E, quando interesses maiores estão em jogo, certas tensões e desentendimentos, são totalmente irrelevantes. Mostra como, muitas vezes, agimos sem ter noção das consequências que nossas ações tem ao nosso redor. Temos ótimos diálogos e vemos personagens infantis sendo tratados de maneira inteligente, não como crianças tolas.
do quadro negro me remeteu ao filme Gênio Indomável. Nunca tinha parado para pensar nisso, mas talvez tenha sido uma referência homenageando este clássico da ficção científica
Recomendo fortemente que, após assistir este filme, leiam o conto "Adeus ao Mestre", de Harry Bates, presente no livro Histórias de Robôs - VOLUME 1. A partir desse conto foi criado o roteiro para o filme, mas tem uma grande diferença que faz valer a pena, mesmo para quem já assistiu o filme.
Ótimo documentário! Em sua parte final, é bem triste saber o real motivo por ela ter parado e isso limitava aquilo que fazia ela se sentir mais forte. Recomendo fortemente o livro "Dance of Days: Duas Décadas de Punk na Capital dos EUA" (Mark Jenkins e Mark Andersen), em especial da p. 375 em diante (Capítulo "A Revolução ao Estilo das Garotas Agora"). Neste e em outros capítulos, o livro fala muito sobre o Movimento Riot Grrrl.
Hanna fala sobre Kurt Kobain, elogiando-o, parece que ele apoiava muito o movimento feminista e ela teria pichado em algum lugar "Kurt cheira a Teen Spirit" [Kurt smells like Teen Spirit] ... Teen Spirit era a marca de um perfume feminino. Bem, já podemos ver aí uma influência do movimento no título do maior hit do Nirvana.
Na página 379, Hanna fala sobre sua profissão de stripper: "[...] Eu pessoalmente decidi ser uma funcionária do comércio sexual porque me sentia bem menos explorada fazendo 20 dólares por hora para ficar dançando pelada, do que recebendo 4,25 dólares por hora (para ser explorada fisicamente, psicologicamente e por várias vezes sexualmente) trabalhando como garçonete ou fritando hambúrgueres. Por que algumas feministas querem me penalizar por ter escolhido uma forma óbvia de exploração, ao invés de uma [forma] sutil, e que paga menos?".
O livro aborda muito esse e outros assuntos que foram tratados nos anos 80 e 90, por esses movimentos de Washington D.C. e que, só agora, parecem ter entrado com mais força na discussão da sociedade em geral. Aliás, o livro tem um personagem muito importante que serve de ponte ao longo desses anos: Ian MacKaye, que aparece no início deste documentário, no spoken word (com a mão no rosto).
Achei mediano, faltou um pouco de ritmo. Apesar de ser baseado numa história real, poderiam ter colocado algumas subtramas para uma narrativa mais fluente. Do jeito que foi montado, ficaria mais interessante como um Documentário intercalado com dramatizações. De qualquer forma, o filme é importante e relevante como denúncia.
"Segunda-feira é um dia de amargar, Segunda-feira 13, é meu dia de azar".
Segunda-Feira 13 (Skamoondongos)
Depois de mais de 1 ano de cancelamento da assinatura da Netflix, recebo um e-mail oferecendo um mês grátis, cliquei e usei a oferta só para "zapear" o catálogo. Adicionei algumas coisas na lista e fiquei curioso com este filme, ao saber que contava com Noomi Rapace (trilogia Millennium), não vacilei e decidi assistir.
E a isso dou o nome de "encontro com o inesperado". O que aumentou a satisfação, sendo um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos, além de me surpreender, tanto que já figura na minha lista "WOW": https://filmow.com/listas/wow-l66233/
Dependendo da bagagem de filmes e séries de cada um, as referências podem variar. No meu caso, o flime se mostrou como o reverso da medalha de "Filhos da Esperança", me pareceu beber muito da fonte do filme de Alfonso Cuarón, principalmente na ambientação e narrativa em segundo plano, através da sinalização, propagandas no cenário.
Outro filme que me remeteu foi "No Mundo de 2020" (Soylent Green), estrelado por Charlton Heston, que também traz a questão de mudanças climáticas (aquecimento global) entre outras que, por motivo de spoiler, não revelo. E, quem sabe, até uma pitada de "Rios Vermelhos", estrelado por Jean Reno e Vicent Cassel.
Obviamente, o filme traz alguns clichês e previsibilidades, mas, de forma alguma, atrapalhou minha experiência. Afinal, clichês não problemas em si mesmos, desde que bem usados.
Ademais, "Onde Está Segunda?" é um oásis no deserto de remakes, reboots, filmes de super heróis e, também, de séries arrastadas para caberem num padrão pré-determinado de número de episódios, que consome, desnecessariamente, o valioso tempo de nossa vida.
Em sua introdução, o filme traz algumas previsões e reflexões presentes, em boa parte, no livro "10 bilhões", de Stephen Emmott, sobre como seria quando / se chegássemos ao fatídico marco populacional e o que poderia ser feito para, ao menos, minimizar os efeitos e tornar o futuro "menos pior".
Detalhe interessante é como Noomi Rapace consegue levar o filme nas costas, conduzido elevado número de personagens (o que me fez, automaticamente, lembrar de Sharlto Copley em "Hardcore Henry", ainda que a proposta neste seja diferente).
Vários momentos são de prender o fôlego. Achei bem interessante os recursos de roteiro para ligar as cenas de épocas diferentes, usando um elemento comum e, retomando-o mais uma vez adiante, mostrando que tais recursos estão longe de ser um desperdício de tempo de tela.
As cenas de perseguição Quarta-Feira, ao meu ver, tiveram um "quê" do jogo "Mirror's Edge". Quanto ao agente que todos estão reclamando que não ficou queimado na explosão... quem foi que disse que era "ele" na próxima cena? ;-)
Poderia ficar falando do filme mais longamente. No mais, achei apenas que as cenas externas podiam ter planos mais abertos, mas sei que aí caímos na restrição orçamentária.
Se você gosta de ficção científica, distopias e está cansado com a mesmice de grande parte das produções atuais, vale a pena conferir o filme semanal, que lhe tomará apenas 2 horas ;-)
Ótimo documentário para conhecer mais um pedaço da História do Brasil. Detesto Carnaval, mas aqui é mostrado como homens de visão podem manter tal tradição, sem descuidar da educação:
Ao invés de construir, todo ano, a estrutura para o Carnaval no RJ, três cabeças pensantes (Brizola, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer) resolveram construir uma permanente, o Sambódromo.
A despeito do nome, era "emprestado" para as escolas de samba desfilarem durante "1 semana". O restante do ano, na estrutura subjacente à arquibancada, funcionavam várias escolas infantis, de tempo integral e uma creche.
A Globo boicotou o projeto e não quis transmitir o Desfile daquele ano (1984), então os direitos foram vendidos para a TV Manchete, que bateu a Globo na audiência. Anos mais tarde, Brizola (o "menino" que escolheu o próprio nome) jogaria isso na cara da Globo, em sua carta de direito de resposta, lida por Cid Moreira no Jornal Nacional.
A frase vai parecer estranha, mas: espero que esse filme não "estrague" o Tom Hardy!
Normalmente, o normal seria um receio que o ator não estragasse o personagem. Com todo o respeito aos fãs do gênero, mas já não tenho mais muito interesse na maioria dos filmes de super heróis, o que era um gênero marginalizado, se tornou algo muito bom por um momento, mas chegou em um nível de saturação.
Nada contra o ator fazer papel em um filme como esse. Meu único receio é que ele fique estigmatizado e passe a fazer apenas filmes de ação. Para quem não conhece e quiser conferir a versatilidade de Tom Hardy, experimente ver filmes como:
- Bronson - Guerreiro (Warrior) - e Locke
Sem contar, é claro, vários outros mais conhecidos, como Mad Max - Estrada da Fúria
Pessoal, reparam num detalhe? O personagem de Sam Rockwell se chama "Sam Bell". Este é o nome do personagem que ele fez em Lunar, do mesmo diretor! No IMDB, vi que esse personagem seria um rumor. Fica a dúvida se há uma relação entre os 2 filmes.
Demorei para assistir e depois de ouvir tudo que falaram desse filme, atendeu a expectativa! Os elogios não são exageros. Ótimas atuações, vale um destaque para Augusto Madeira (o camera-man e companheiro de "aventuras"), o cara deu um show, meu referencial dele era apenas alguns comerciais de TV e o papel do Psicológo de Tropa de Elite.
Na parte técnica, o filme é praticamente impecável. A fotografia e as tomadas, com aqueles giros e planos sequências são animais! Em 2018 pretendo fazer um apanhado de bons filmes brasileiros já lançados. Uma outra excelente surpresa que tive foi assistindo "Entre Abelhas", para quem conhece Fábio Porchat de "Porta dos Fundos", irá se surpreender!
Assim como "Tempo de Despertar" foi para De Niro, Justiça Para Todos foi uma grata surpresa na filmografia de Al Pacino.
Seu título, pelo que pesquisei, é retirado do juramento à bandeira dos Estados Unidos: ‘‘I pledge allegiance to the Flag of the United States of America, and to the Republic for which it stands, one Nation under God, indivisible, with liberty and justice for all".
O filme retrata bem a diferenciação dos conceitos de Direito e Justiça (este último, geralmente, bem subjetivo). Além da questão do tecnicismo, código de ética dos advogados, decoro entre outros.
Temos a importância da tempestividade dos atos, também de como a negligência de um advogado ou funcionário público pode gerar uma reação em cadeia que afeta gravemente a vida das pessoas.
Como o corporativismo e a politicagem podem ofuscar o que deveria ser o fim a ser perseguido. E como questões éticas e morais podem afetar o próprio advogado em sua profissão e vida pessoal.
o destaque à parte vai para o maluco do Juiz Rayford: Entra armado na audiência, dá tiro dentro corte, almoça no parapeito do prédio, faz loucuras pilotando um helicóptero e, entre uma audiência e outra, tenta o suicídio no banheiro com o cano de uma carabina enfiado na boca!!!
"Ei, cara, estamos calmos. Bem-vindo ao centro da Calmolândia. População: nós".
Fazia muito tempo que queria assistir este filme. Não me arrependi. Tem um pano de fundo da paranoia da Guerra Fria e, de certa forma, me fez lembrar de "O Dia Em Que a Terra Parou" (1951).
Tomei conhecimento desse filme de forma inusitada: uma referência feita por John Travolta em Swordfish, há mais de 15 anos. Porém, só hoje que, finalmente, o assisti. E valeu a pena!
O filme consegue se sustentar bem numa estrutura e ambientação, a princípio, bem simples. Traz algo bem distinto do que estamos acostumados a ver. A citação à Attica dá o tom de protesto e contracultura, relativizando e distorcendo a noção maniqueísta de "mocinho e bandido". Algo que me fez lembrar dos ótimos: "Corrida Contra o Destino" (Vanishing Point, 1971) e "Sem Destino" (Easy Rider, 1969).
E, de quebra, temos a gênese da emblemática interjeição "Quer me fuder, me beija, caralho!" de Milhem Cortaz, em Tropa de Elite 2! :-)
nunca aceite que sua cunhada se hospede na sua casa! :-P
Agora, falando sério: digerindo o filme ainda. Estranhei um pouco o estilo de atuação, mas lendo os comentários, realmente dá para notar que o filme trabalha com uma dualidade entre o antigo e o novo, com isso podemos notar uma linguagem bem teatral no cinema. Neste ponto, me lembrou muito "Crepúsculo dos Deuses" (que, de início, me agradou mais, por ter um desenvolvimento mais "aberto").
se encontra com Blanche, ele dá dois golpes nos pontos mais fracos de Blanche (de uma mulher): pergunta seu peso e, logo em seguida, sua idade! Pensei "Você só pode estar de sacanagem, meu irmão!!!" HAHAHA.
Guardadas as proporções, podemos transpor muito do que é mostrado no filme para a realidade, infelizmente.
Tenho uma lista de filmes chamada "WOW", onde coloco filmes que me surpreenderam. "Entre Abelhas", com certeza, já está incluso: https://filmow.com/listas/wow-l66233/
Acho que o pessoal que analisou o filme e concluiu que ele
de cunho psicológico, fiquei pensando que, em determinado momento, Bruno iria encontrar algum objeto ou foto naquelas caixas (que ele tardou a abrir e desempacotar) que o fizesse recobrar a memória e constatar o motivo de sua separação, assim como o gatilho para que passasse a ter esse distúrbio visual.
O filme me deixou intrigado o tempo todo, assim como me deixou bem angustiado. Tem uma pegada bem no estilo de "Ensaio Sobre a Cegueira" e do livro "Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial" (Philip K. Dick). Também me fez lembrar de outro filme baseado em livro de Saramago "O Homem Duplicado".
O mais legal é ver como conseguiram fazer algo fora do convencional usando um artifício que dispensa efeitos especiais e/ou visuais! Mais uma vez um bom roteiro mostra sua importância frente às vultosas somas de dinheiro para produção de um filme! (menção honrosa para filmes como "Primer").
A atuação de Fábio Porchat é digna de aplausos! Em que se pese que, em alguns momentos, sua fala atabalhoada, mesmo em situações dramáticas soam um tanto repetitivas por conta de seu histórico em vídeos humorísticos, mas ele acertou a mão em focar na expressividade do olhar ao invés do "over acting".
Outro elogio que é preciso fazer: sobre a coragem dos produtores em não subestimar o espectador e entregar um final corajoso!
Confesso que estou farto da maioria dos blockbusters estadunidenses, em especial dos remakes e reboots (dos quais já vi os originais e não vejo necessidade de reassistir em versões recicladas). Ao invés de investir tempo no mais do mesmo, estou optando por um resgate de nossa cultura, seja na literatura, seja no cinema.
Depois de muitos anos de doutrinação cultural, já é hora de sair da estreita visão de que "filmes brasileiros são lixo" e valorizar o que de bom é feito por aqui. Sem prejuízo de continuar assistindo os bons filmes estrangeiros também.
Daqueles filmes simples, leves, que aguçam nossos sentidos e emoções, sem deixar de provocar reflexões.
Acredito que já tenha passado na Sessão da Tarde, mas é mais um daqueles dos quais não assisti à época. Faz anos que ouço boas recomendações e referências, mas só hoje acabei assistindo, sem deixar que altas expectativas ou hype atrapalhassem a experiência. Valeu a pena!
Meu referencial para filmes deste subgênero, é o saudoso "Meia Noite e Um" (este sim, vi várias vezes na sessão da tarde). Porém, tem o diferencial no personagem e na interpretação de Bill Murray que, ao perceber o que está acontecendo, age de maneira bem calculista, já prevendo os frutos que poderá colher depois.
Já pegando exemplos de filmes mais recentes, podemos citar "No Limite do Amanhã", com Tom Cruise, que guarda muita semelhança nos "movimentos friamente calculados", para usar uma expressão chapoliniana.
Por fim, na evolução moral, o filme me fez lembrar imediatamente do altruísmo de Amélie Poulain.
1) No romance: por mais que ele consiga entrar "na alma" de Rita e esta seja receptiva a seu afeto, há uma progressão natural e uma questão principiológica: a moça não se entrega a um homem, por melhor que ele seja, na primeira noite em que sai com ele. Ela diz que podem continuar "amanhã", mas para Phil o amanhã não existe. É uma situação análoga a do filme "Como Se Fosse a Primeira Vez", com a diferença da repetição temporal.
2) No altruísmo: por mais que consiga ajudar as pessoas, não pode mudar o fato de que, naquela noite, o idoso em situação de rua irá falecer. Por mais que ele saiba cada segundo do dia e possa prever tudo, não há nada que possa fazer para evitar sua morte. Após muita resistência e negação, assume que ele irá morrer e muda o foco: tenta dar aquele idoso o melhor dia de sua vida.
Ao meu ver, o filme traz duas lições/reflexões. Na primeira situação, um exercício diante de ver algo que pode, potencialmente, acontecer, mas que podemos apenas iniciar, sem alcançar o resultado. Trataríamos alguém tão bem, mesmo sabendo que não avançaríamos na relação? No mundo dos negócios, trataríamos tão bem um potencial cliente tendo a certeza de que o negócio não será fechado? Trago ainda uma outra perspectiva: valeria a pena se esforçar e lutar para construir um país melhor tendo a certeza de que nossa geração não irá colher os frutos, mas apenas as próximas?
Na segunda situação, nos coloca a pensar: vale a pena todo o esforço e tempo empenhados numa tarefa inglória? Vale a pena perseguir uma meta de mundo ideal, tendo-a como norte, ainda que, factivelmente, nunca a alcancemos, ainda que ela nos sirva de força motriz?
Ou seja: diante da fatalidade do fim, do destino e vendo que ele não é muito agradável, aproveitar a jornada.
Enfim, acho que é possível divagar muito, cruzando elementos como o Utilitarismo de John Stuart Mill e os Imperativos de Immanuel Kant. Ou seja, fazer algo apenas com vistas ao resultado ou encarar aquilo que se faz como um fim em si mesmo.
No mais, é possível também transpor o filme para nossa vida cotidiana que, mesmo sem elementos fantásticos, pode ser monótona, uma eterna "repetição", mas que podemos ir direcionando e construindo com pequenas ações diárias (vale a pena dar uma olhada na prática "Kaizen"). Nos leva também a ter uma melhor noção de como nossos atos interferem não somente em nossas vidas, mas em todo mundo à nossa volta, ainda que muito disso nos passe despercebido.
Acredito que a frase acima (retirada de uma singela pichação que avistei num banheiro público) parece resumir bem a sensação em relação ao filme.
Tenho certa dificuldade em assistir filmes clássicos que já foram referenciados à exaustão, mas depois de assisti-lo, percebo a importância de se aprofundar na fonte e não se limitar às citações e visões romantizadas e/ou estereotipadas.
falhando apenas na cena em que os médicos pegam um boneco duro e esquisito, que fazia "papel" de Plato morto... não entendi a dificuldade de carregar o ator, numa tomada mais aberta.
A cena do "chicken-run" mostra uma cena de ação que viria a se tornar um certo clichê no futuro. Aliás, o inconformismo de Jim ao ser chamado de covarde / franguinho me remeteu ao filme De Volta para o Futuro, inclusive no que toca ao fato do pai ser considerado um covarde.
O conflito apresentado em Juventude Transviada, aflora o obstáculo que muitos enfrentam e poucos se conformam: o de que, a princípio, não podemos mudar o outro. Por mais que não gostemos de certas posturas das pessoas, algumas delas até mesmo covardes, o máximo que podemos fazer muitas vezes é apenas não encorajá-las, pois a mudança real deve partir da própria pessoa (como diria o finado Dr. Flávio Gikovate).
Também há a questão de como as gangues e "turmas" são usadas para preencher lacunas deixadas pela família. A cena da mansão, no visual me fez lembrar de "Crepúsculo dos Deuses" e na interação, de "Curtindo a Vida Adoidado", com os três jovens zoneando a mansão.
Um belo filme, daqueles para ser apreciado no momento certo, sem altas expectativas. De qualquer forma, há um quesito que já o qualifica bem: a prova do tempo.
"Eu acho que eles confundem Freud com esse papo de amor, porque nego canta até que vai 'fazer amor', queria saber onde é a fábrica".
"Quando o camarada é preto, feio, anafalbeto e mora longe é 'macumbeiro'. Quando é branco, dos olhos azuis, é 'espiritualista', é o Kardec".
"A gíria é uma cultura, negra, a base dela foram os escravos [...] plano de fuga, quilombo... eles aí falavam aquilo em gíria: 'dá ora', 'dá um pinote'... que era para eles não entenderem, entendeu? É justamente, hoje, o que os intelectuais fazem com a gente: eles vão para a escola, aprendem [...] 'data venia', aí chega, fala com você o dia todinho, chama você do que quer e você não entende nada [...] então o que a gente faz: a gente também pode conversar com o doutor do mesmo jeito, ele ficar o dia todo sentado e não entender nada também. Aí é 0x0".
"Ah... Isso aí, amigo... Isso é verdade mesmo, porque tem mesmo. Eu já fui numa Curimba que era '171' e foi o maior rolo lá em Nova Iguaçu. Poxa, meu irmão, tá ruim para ter uma mulher... a Vovó botou o búzio lá e disse que eu tinha duas amantes... aí eu virei o Bacondê".
One mind mob forever red Black blood rush in armor of flesh
Damned to madness forever black Damned to madness forever
One mind mob it's our fate Indoctrination backlashed hate
Damned to madness forever black Damned to madness forever
In this shell, we are trapped Assembly of the damned Breaking out, this war you will loose
Damned to madness forever black Damned to madness forever
[Tradução do Google]
Uma mente muda para sempre vermelha Corrida de sangue preto em armadura de carne
Condenado a loucura para sempre preto Condenado a loucura para sempre
Uma máfia mental é o nosso destino Abominação reprimida o ódio
Condenado a loucura para sempre preto Condenado a loucura para sempre
Nesta casca, estamos presos Assembleia dos condenados Partindo, esta guerra você perderá
Condenado a loucura para sempre preto Condenado a loucura para sempre
Em meados dos anos 90, nas idas e vindas da locadora, sempre reparava no VHS deste filme. Sempre tive curiosidade de assistir mas, por um motivo ou outro, não o fiz. Ainda bem, pois o aproveitei e o digeri melhor!
Sou fã do John Carpenter, mas me surpreendi com este filme no quesito qualidade técnica. Não que seus filmes sejam mal feitos, mas esse soou impecável!
O que mais achei legal foi toda a metalinguagem com a questão da literatura. Aliás, para quem curte games e essa temática, o jogo Alan Wake é parada obrigatória, além das referências compartilhadas com este filme, ele bebeu bastante da película de Carpenter (com a diferença que o personagem que controlamos é o escritor que está com um bloqueio criativo, vai para uma cidadezinha e coisas estranhas começam a acontecer...).
Como muitos já falaram, são inegáveis as referências que o filme traz:
- Stephen King: o próprio nome do autor Sutter Cane, foneticamente lembra o do mestre do terror.
- O garoto da livraria, com o óculos remendado com esparadrapo, possível alusão ao personagem de Christine: O Carro Assassino (o qual teve a adaptação para cinema dirigida pelo próprio Carpenter).
- H.P. Lovecraft: a questão de figuras abstratas de monstros, que "não podem ser descritos".
Enfim, um ótimo filme e com um bom elenco. Os papéis de Trent e Cane foram muito bem representados por Sam Neill e Jürgen Prochnow. É por causa de filmes como esse que John Carpenter é um dos meus diretores de cabeceira.
Escrevendo pela segunda vez... Filmow deve ter dividido o meu comentário por 3,14 e o considerou como SPAM! :-(
Pegando um gancho no comentário do Leonardo Lopes Carnelos "Até hoje é impossível gerar números aleatórios em ambiente computacional". O engraçado é que possuo uma lista no Filmow (Meta 2017), com 61 filmes. Sempre entro no site Random e mando gerar um número aleatório de 1 a 61, desta vez, o número sorteado foi 30 (o filme Pi). Mas ao clicar mais 3 ou 4 vezes no botão generate, eis que aprece novamente o número 30... me fez lembrar do Gerador de Improbabilidade Infinita do O Guia do Mochileiro das Galáxias, hahaha.
Sobre os nomes dos personagens fazendo jogo de palavras: Max costuma sempre falar de seus Axiomas (Máximas) e sempre lembra de quando olhou diretamente para o Sol quando criança (Sol é o nome de seu professor).
Confesso que, da metade para o final, fiquei um pouco impaciente. Mas é inegável a qualidade do filme! O que mais me deixa triste é saber que nunca mais teremos oportunidade de ver estes diretores repetirem o feito de filmes como esse, de início de carreira, preto e branco (com uma câmera de X mm etc). Idem para Nolan com Following e Mathieu Kassovitz com La Haine.
O mais legal é ver várias referências remetendo à informática, como o "bug" (representado da forma literal que deu origem ao termo), matemática, numerologia, religião etc.
Uma coisa é certa: quando focamos muito em algo, principalmente coisas que estamos muito interessados ou algo novo que aprendemos, a tendência é ver aquilo em todo lugar e começar a enxergar padrões, quer eles existam, quer não.
Daqueles filmes que você pode gostar ou não, mas dificilmente terminará a sessão indiferente.
Um amigo indicou este filme em 2015 (e mais um monte de filmes "doidos", entre eles, Videodrome). A julgar pela capa, sabia que não seria algo trivial. Demorei para assistir, mas finalmente o fiz hoje.
Faço uma leitura semelhante com a que fiz de "Christiane F.": É como se Gummo fosse exatamente o oposto do mundo idealizado de filmes Blockbuster "água com açúcar", o oposto da "vida bela" mostrada em álbuns de Facebook etc.
O filme retira tudo de "normal" que existe na sociedade (em nenhum momento vemos, uma família "tradicional" com pai, mãe e filhos juntos). Ao contrário, foca na perversão, lares desestruturados seja no sentido de laços afetivos, seja na organização e limpeza da casa.
A impressão que temos é de que o tornado veio, devastou e bagunçou tudo. Foi embora, mas ninguém quis saber de arrumar a bagunça, ninguém quis saber ou não conseguiu colocar a cabeça no lugar novamente.
Gummo mostra uma parcela da realidade que muitos de nós não veem ou finge não ver, ao passar com nossos carrões em avenidas ladeadas por favelas, casas e famílias em situação precária.
Sobretudo, mostra a falta de referência e de perspectiva de jovens, que tem "passatempos" ininteligíveis, que insultam nossa inteligência.É realmente o tal do "niilismo" em sua interpretação mais pejorativa possível.
Se você gosta de animes de robôs (mechas / mobile suits) este é para você! Literalmente, curto e grosso, vai direto a ação, com um leve pano de fundo para contextualizar.
Interessante ver algumas referências a cineastas americanos, é possível ver algumas inscrições numa caixa militar que fazem referência a: Walt Disney, Steven Spielberg, Ridley Scott e também uma menção ao filme "2001: Uma Odisseia no Espaço". Em outro momento, vemos um pôster do filme "Apocalypse Now", de Francis Ford Copolla.
O character design deixa muito a desejar. Em contrapartida, o design de veículos é de cair o queixo, tamanho o nível de detalhes. E, já que a maior parte do anime se dá com os combates desses veículos e robôs, está de bom tamanho.
Madox-01 é um ótimo exemplo desses "OVA" e afins, que trazem uma excelente qualidade técnica num curto espaço de tempo. Para quem gostou desse, recomendo o curta "A Farewell to Weapons", presente na coletânea "Short Peace".
Ao assistir esse documentário, a primeira constatação que tive é a de que precisamos conhecer mais sobre a História de nosso país.
Não precisamos deixar de consumir cultura estrangeira, mas percebo que negligenciamos muito a nossa. Muitos passam dezenas (e até centenas) de horas assistindo várias temporadas de seriados estrangeiros que retratam a cultura e história de outros países, mas, por vezes, permanecem ignorantes quanto a própria (sim, falar disso é polêmico).
Uma das frases proferidas por Sobral durante o documentário que trazem maior reflexão: "Odiar o pecado e amar o pecador". Tal reflexão é necessária no mundo atual, onde a simplificação reina e tudo é enquadrado numa simples dicotomia.
É emblemático o caso em que ele usou a Lei de Proteção aos Animais e uma notícia de jornal (de um homem condenado por maltratar um cavalo) para que fossem dadas melhores condições para dois prisioneiros.
E que não fiquem dúvidas: Sobral apoiou o Golpe de 1964, por achar que o país seria dominado pelo comunismo (o documentário mostra jornais com manchetes de "S. Paulo marcha contra o comunismo").
Podemos ver hoje que movimentos semelhantes estão atuando e pedindo intervenção militar, com a diferença de que, à época, Sobral não imaginava que iria acontecer o que aconteceu. Hoje, já temos um precedente, mas muitas pessoas parecem não querer enxergar (parte até mesmo apoia o que ocorreu no passado).
Seus princípios saltam aos olhos, como quando deixou o cargo de Procurador Criminal da República, dizendo que: depois de cometer adultério, não se sentia mais na posição de acusar ninguém. Hoje, a hipocrisia é lugar comum.
Ainda fala sobre Prestes/Olga, o AI-5 (e mais uma manobra de Sobral para conseguir brechas na lei para buscar os direitos dos prisioneiros políticos).
Em sua mensagem aos jovens, faz o comparativo entre Direito e Força, defendendo que busquemos o primeiro e não nos deixemos levar pelo segundo.
PS: Existe um livro digital, publicado pela FGV (e distribuído de forma gratuita), chamado "Heráclito Fontoura Sobral Pinto: toda liberdade é íngreme", de Márcio Scalércio. Ainda não li, mas está na fila, parece ser bom.
Ted Kramer não aguentou nem 10 minutos sem a mulher em casa, vide a trapalhada para fazer o primeiro café da manhã para o filho.
Uma reflexão que o longa traz é que, nem a mulher pode se conformar em ser apenas "do lar", enquanto o marido é o "provedor", nem o marido pode se conformar em apenas colocar dinheiro e comida na mesa, deixando a mulher encarregada dos afazeres domésticos e cuidando dos filhos.
Na primeira situação, pode acontecer de a mulher ficar "refém" do casamento por motivos financeiros (por não ter estudado, se especializado, ganhado experiência no mercado de trabalho etc.) e o marido ficar desnorteado, sem conseguir dar dois passos sem orientação da mulher.
Ambos precisam ter sua independência financeira e pessoal. Por mais que o objetivo inicial do casamento seja uma longa duração, cada vez mais não o é. Mas tudo isso não é nada fácil, na verdade é uma tarefa dificílima.
Para os que optam por ter filhos e planejam isso, há um dilema entre se preparar financeiramente e pessoalmente (juntar dinheiro, concluir a universidade, ganhar experiência e se firmar no mercado de trabalho) e fazer isso em tempo hábil, pois a questão da fertilidade é crítica, se passar de uma determinada idade, pode vir a ser bem difícil ter filhos (ao menos de forma mais "natural", obviamente, existem métodos para ajudar ou contornar isso).
No mais, o eterno conflito entre trabalho e vida pessoal/família dificilmente encontrará um equilíbrio, há de se fazer uma escolha, quem optar por dar prioridade para ambos, ao mesmo tempo, provavelmente ficará em maus lençóis.
Achei sensacionais as interpretações e transições de cena, como aquelas de Ted pegando e chegando de táxi. E o que não dizer
da cena final, que remonta a primeira manhã que Ted cuidou sozinho de seu filho. Com suas minúcias, ela mostra toda a evolução de Ted e Billy. Enquanto o primeiro demonstra habilidade e segurança, depois de lições aprendidas (quebrando os ovos corretamente, não esquecendo de nada, pegando no cabo quente com o auxílio de um pano etc.), o segundo, também mais habilidoso, se mostra resignado ao saber que logo partirá.
Confesso que fiquei apreensivo na cena final... ao ver Joanna subindo sozinha, logo imaginei: pronto, ela vai ter um surto, matar o filho e se jogar da janela, hahaha
O Dia Em Que A Terra Parou
4.0 170 Assista AgoraFilmaço! Assisti hoje pela terceira vez e continua ótimo! Já o remake, com Keanu Reeves, melhor passar bem longe. Obviamente, quem está acostumando com a linguagem cinematográfica atual, muitas vezes, desnecessariamente frenética, pode achar o filme lento. Mas são apenas 92 minutos muito bem trabalhados.
O filme traz uma mensagem forte, mostrando que existem princípios que visam proteger interesses maiores do que o individualismo, mesmo que este seja o individualismo de massa de uma nação inteira. Evidencia que, para além de sermos americanos, europeus, capitalistas ou comunistas, fazemos parte de algo maior: somos todos seres humanos.
E, quando interesses maiores estão em jogo, certas tensões e desentendimentos, são totalmente irrelevantes. Mostra como, muitas vezes, agimos sem ter noção das consequências que nossas ações tem ao nosso redor. Temos ótimos diálogos e vemos personagens infantis sendo tratados de maneira inteligente, não como crianças tolas.
E a cena
do quadro negro me remeteu ao filme Gênio Indomável. Nunca tinha parado para pensar nisso, mas talvez tenha sido uma referência homenageando este clássico da ficção científica
Recomendo fortemente que, após assistir este filme, leiam o conto "Adeus ao Mestre", de Harry Bates, presente no livro Histórias de Robôs - VOLUME 1. A partir desse conto foi criado o roteiro para o filme, mas tem uma grande diferença que faz valer a pena, mesmo para quem já assistiu o filme.
The Punk Singer
4.5 50Ótimo documentário! Em sua parte final, é bem triste saber o real motivo por ela ter parado e isso limitava aquilo que fazia ela se sentir mais forte. Recomendo fortemente o livro "Dance of Days: Duas Décadas de Punk na Capital dos EUA" (Mark Jenkins e Mark Andersen), em especial da p. 375 em diante (Capítulo "A Revolução ao Estilo das Garotas Agora"). Neste e em outros capítulos, o livro fala muito sobre o Movimento Riot Grrrl.
Hanna fala sobre Kurt Kobain, elogiando-o, parece que ele apoiava muito o movimento feminista e ela teria pichado em algum lugar "Kurt cheira a Teen Spirit" [Kurt smells like Teen Spirit] ... Teen Spirit era a marca de um perfume feminino. Bem, já podemos ver aí uma influência do movimento no título do maior hit do Nirvana.
Na página 379, Hanna fala sobre sua profissão de stripper: "[...] Eu pessoalmente decidi ser uma funcionária do comércio sexual porque me sentia bem menos explorada fazendo 20 dólares por hora para ficar dançando pelada, do que recebendo 4,25 dólares por hora (para ser explorada fisicamente, psicologicamente e por várias vezes sexualmente) trabalhando como garçonete ou fritando hambúrgueres. Por que algumas feministas querem me penalizar por ter escolhido uma forma óbvia de exploração, ao invés de uma [forma] sutil, e que paga menos?".
O livro aborda muito esse e outros assuntos que foram tratados nos anos 80 e 90, por esses movimentos de Washington D.C. e que, só agora, parecem ter entrado com mais força na discussão da sociedade em geral. Aliás, o livro tem um personagem muito importante que serve de ponte ao longo desses anos: Ian MacKaye, que aparece no início deste documentário, no spoken word (com a mão no rosto).
Meu Jantar com André
4.1 78Curioso para ver este filme, cheguei aqui por causa da série Community (S02E19)
Bomb City
3.7 35 Assista AgoraAchei mediano, faltou um pouco de ritmo. Apesar de ser baseado numa história real, poderiam ter colocado algumas subtramas para uma narrativa mais fluente. Do jeito que foi montado, ficaria mais interessante como um Documentário intercalado com dramatizações. De qualquer forma, o filme é importante e relevante como denúncia.
Encontros e Desencontros
3.8 1,7K Assista AgoraEsperava mais, não no ritmo ou romance, mas nos diálogos. Mas entendo que sua proposta é focar mais na ambientação, nas sensações.
Onde Está Segunda?
3.6 1,3K Assista Agora"Segunda-feira é um dia de amargar,
Segunda-feira 13, é meu dia de azar".
Segunda-Feira 13 (Skamoondongos)
Depois de mais de 1 ano de cancelamento da assinatura da Netflix, recebo um e-mail oferecendo um mês grátis, cliquei e usei a oferta só para "zapear" o catálogo. Adicionei algumas coisas na lista e fiquei curioso com este filme, ao saber que contava com Noomi Rapace (trilogia Millennium), não vacilei e decidi assistir.
E a isso dou o nome de "encontro com o inesperado". O que aumentou a satisfação, sendo um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos, além de me surpreender, tanto que já figura na minha lista "WOW": https://filmow.com/listas/wow-l66233/
Dependendo da bagagem de filmes e séries de cada um, as referências podem variar. No meu caso, o flime se mostrou como o reverso da medalha de "Filhos da Esperança", me pareceu beber muito da fonte do filme de Alfonso Cuarón, principalmente na ambientação e narrativa em segundo plano, através da sinalização, propagandas no cenário.
Outro filme que me remeteu foi "No Mundo de 2020" (Soylent Green), estrelado por Charlton Heston, que também traz a questão de mudanças climáticas (aquecimento global) entre outras que, por motivo de spoiler, não revelo. E, quem sabe, até uma pitada de "Rios Vermelhos", estrelado por Jean Reno e Vicent Cassel.
Obviamente, o filme traz alguns clichês e previsibilidades, mas, de forma alguma, atrapalhou minha experiência. Afinal, clichês não problemas em si mesmos, desde que bem usados.
Ademais, "Onde Está Segunda?" é um oásis no deserto de remakes, reboots, filmes de super heróis e, também, de séries arrastadas para caberem num padrão pré-determinado de número de episódios, que consome, desnecessariamente, o valioso tempo de nossa vida.
Em sua introdução, o filme traz algumas previsões e reflexões presentes, em boa parte, no livro "10 bilhões", de Stephen Emmott, sobre como seria quando / se chegássemos ao fatídico marco populacional e o que poderia ser feito para, ao menos, minimizar os efeitos e tornar o futuro "menos pior".
Detalhe interessante é como Noomi Rapace consegue levar o filme nas costas, conduzido elevado número de personagens (o que me fez, automaticamente, lembrar de Sharlto Copley em "Hardcore Henry", ainda que a proposta neste seja diferente).
Vários momentos são de prender o fôlego. Achei bem interessante os recursos de roteiro para ligar as cenas de épocas diferentes, usando um elemento comum e, retomando-o mais uma vez adiante, mostrando que tais recursos estão longe de ser um desperdício de tempo de tela.
As cenas de perseguição Quarta-Feira, ao meu ver, tiveram um "quê" do jogo "Mirror's Edge". Quanto ao agente que todos estão reclamando que não ficou queimado na explosão... quem foi que disse que era "ele" na próxima cena? ;-)
Poderia ficar falando do filme mais longamente. No mais, achei apenas que as cenas externas podiam ter planos mais abertos, mas sei que aí caímos na restrição orçamentária.
Se você gosta de ficção científica, distopias e está cansado com a mesmice de grande parte das produções atuais, vale a pena conferir o filme semanal, que lhe tomará apenas 2 horas ;-)
Brizola: Tempos de Luta
3.7 14Ótimo documentário para conhecer mais um pedaço da História do Brasil. Detesto Carnaval, mas aqui é mostrado como homens de visão podem manter tal tradição, sem descuidar da educação:
Ao invés de construir, todo ano, a estrutura para o Carnaval no RJ, três cabeças pensantes (Brizola, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer) resolveram construir uma permanente, o Sambódromo.
A despeito do nome, era "emprestado" para as escolas de samba desfilarem durante "1 semana". O restante do ano, na estrutura subjacente à arquibancada, funcionavam várias escolas infantis, de tempo integral e uma creche.
A Globo boicotou o projeto e não quis transmitir o Desfile daquele ano (1984), então os direitos foram vendidos para a TV Manchete, que bateu a Globo na audiência. Anos mais tarde, Brizola (o "menino" que escolheu o próprio nome) jogaria isso na cara da Globo, em sua carta de direito de resposta, lida por Cid Moreira no Jornal Nacional.
Venom
3.1 1,4K Assista AgoraA frase vai parecer estranha, mas: espero que esse filme não "estrague" o Tom Hardy!
Normalmente, o normal seria um receio que o ator não estragasse o personagem. Com todo o respeito aos fãs do gênero, mas já não tenho mais muito interesse na maioria dos filmes de super heróis, o que era um gênero marginalizado, se tornou algo muito bom por um momento, mas chegou em um nível de saturação.
Nada contra o ator fazer papel em um filme como esse. Meu único receio é que ele fique estigmatizado e passe a fazer apenas filmes de ação. Para quem não conhece e quiser conferir a versatilidade de Tom Hardy, experimente ver filmes como:
- Bronson
- Guerreiro (Warrior)
- e Locke
Sem contar, é claro, vários outros mais conhecidos, como Mad Max - Estrada da Fúria
Mudo
2.6 240 Assista AgoraPessoal, reparam num detalhe? O personagem de Sam Rockwell se chama "Sam Bell". Este é o nome do personagem que ele fez em Lunar, do mesmo diretor! No IMDB, vi que esse personagem seria um rumor. Fica a dúvida se há uma relação entre os 2 filmes.
Bingo - O Rei das Manhãs
4.1 1,1K Assista AgoraDemorei para assistir e depois de ouvir tudo que falaram desse filme, atendeu a expectativa! Os elogios não são exageros. Ótimas atuações, vale um destaque para Augusto Madeira (o camera-man e companheiro de "aventuras"), o cara deu um show, meu referencial dele era apenas alguns comerciais de TV e o papel do Psicológo de Tropa de Elite.
Na parte técnica, o filme é praticamente impecável. A fotografia e as tomadas, com aqueles giros e planos sequências são animais! Em 2018 pretendo fazer um apanhado de bons filmes brasileiros já lançados. Uma outra excelente surpresa que tive foi assistindo "Entre Abelhas", para quem conhece Fábio Porchat de "Porta dos Fundos", irá se surpreender!
Justiça Para Todos
4.0 124 Assista AgoraPoxa, Doutor:
advogado não pode perder prazo! :-P
Assim como "Tempo de Despertar" foi para De Niro, Justiça Para Todos foi uma grata surpresa na filmografia de Al Pacino.
Seu título, pelo que pesquisei, é retirado do juramento à bandeira dos Estados Unidos: ‘‘I pledge allegiance to the Flag of the United States of America, and to the Republic for which it stands, one Nation under God, indivisible, with liberty and justice for all".
O filme retrata bem a diferenciação dos conceitos de Direito e Justiça (este último, geralmente, bem subjetivo). Além da questão do tecnicismo, código de ética dos advogados, decoro entre outros.
Temos a importância da tempestividade dos atos, também de como a negligência de um advogado ou funcionário público pode gerar uma reação em cadeia que afeta gravemente a vida das pessoas.
Como o corporativismo e a politicagem podem ofuscar o que deveria ser o fim a ser perseguido. E como questões éticas e morais podem afetar o próprio advogado em sua profissão e vida pessoal.
No mais
o destaque à parte vai para o maluco do Juiz Rayford: Entra armado na audiência, dá tiro dentro corte, almoça no parapeito do prédio, faz loucuras pilotando um helicóptero e, entre uma audiência e outra, tenta o suicídio no banheiro com o cano de uma carabina enfiado na boca!!!
O Gigante de Ferro
4.1 505 Assista Agora"Ei, cara, estamos calmos. Bem-vindo ao centro da Calmolândia. População: nós".
Fazia muito tempo que queria assistir este filme. Não me arrependi. Tem um pano de fundo da paranoia da Guerra Fria e, de certa forma, me fez lembrar de "O Dia Em Que a Terra Parou" (1951).
Um Dia de Cão
4.2 733 Assista AgoraTomei conhecimento desse filme de forma inusitada: uma referência feita por John Travolta em Swordfish, há mais de 15 anos. Porém, só hoje que, finalmente, o assisti. E valeu a pena!
O filme consegue se sustentar bem numa estrutura e ambientação, a princípio, bem simples. Traz algo bem distinto do que estamos acostumados a ver. A citação à Attica dá o tom de protesto e contracultura, relativizando e distorcendo a noção maniqueísta de "mocinho e bandido". Algo que me fez lembrar dos ótimos: "Corrida Contra o Destino" (Vanishing Point, 1971) e "Sem Destino" (Easy Rider, 1969).
E, de quebra, temos a gênese da emblemática interjeição "Quer me fuder, me beija, caralho!" de Milhem Cortaz, em Tropa de Elite 2! :-)
Uma Rua Chamada Pecado
4.3 454 Assista AgoraNeste filme eu aprendi a seguinte lição
nunca aceite que sua cunhada se hospede na sua casa! :-P
Agora, falando sério: digerindo o filme ainda. Estranhei um pouco o estilo de atuação, mas lendo os comentários, realmente dá para notar que o filme trabalha com uma dualidade entre o antigo e o novo, com isso podemos notar uma linguagem bem teatral no cinema. Neste ponto, me lembrou muito "Crepúsculo dos Deuses" (que, de início, me agradou mais, por ter um desenvolvimento mais "aberto").
Na parte em que Mitch
se encontra com Blanche, ele dá dois golpes nos pontos mais fracos de Blanche (de uma mulher): pergunta seu peso e, logo em seguida, sua idade! Pensei "Você só pode estar de sacanagem, meu irmão!!!" HAHAHA.
Guardadas as proporções, podemos transpor muito do que é mostrado no filme para a realidade, infelizmente.
Entre Abelhas
3.4 832Existe uma luz no fim do túnel...
E ela é vermelha! :-P
Tenho uma lista de filmes chamada "WOW", onde coloco filmes que me surpreenderam. "Entre Abelhas", com certeza, já está incluso: https://filmow.com/listas/wow-l66233/
Acho que o pessoal que analisou o filme e concluiu que ele
fala sobre depressão
de cunho psicológico, fiquei pensando que, em determinado momento, Bruno iria encontrar algum objeto ou foto naquelas caixas (que ele tardou a abrir e desempacotar) que o fizesse recobrar a memória e constatar o motivo de sua separação, assim como o gatilho para que passasse a ter esse distúrbio visual.
O filme me deixou intrigado o tempo todo, assim como me deixou bem angustiado. Tem uma pegada bem no estilo de "Ensaio Sobre a Cegueira" e do livro "Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial" (Philip K. Dick). Também me fez lembrar de outro filme baseado em livro de Saramago "O Homem Duplicado".
O mais legal é ver como conseguiram fazer algo fora do convencional usando um artifício que dispensa efeitos especiais e/ou visuais! Mais uma vez um bom roteiro mostra sua importância frente às vultosas somas de dinheiro para produção de um filme! (menção honrosa para filmes como "Primer").
A atuação de Fábio Porchat é digna de aplausos! Em que se pese que, em alguns momentos, sua fala atabalhoada, mesmo em situações dramáticas soam um tanto repetitivas por conta de seu histórico em vídeos humorísticos, mas ele acertou a mão em focar na expressividade do olhar ao invés do "over acting".
Outro elogio que é preciso fazer: sobre a coragem dos produtores em não subestimar o espectador e entregar um final corajoso!
Confesso que estou farto da maioria dos blockbusters estadunidenses, em especial dos remakes e reboots (dos quais já vi os originais e não vejo necessidade de reassistir em versões recicladas). Ao invés de investir tempo no mais do mesmo, estou optando por um resgate de nossa cultura, seja na literatura, seja no cinema.
Depois de muitos anos de doutrinação cultural, já é hora de sair da estreita visão de que "filmes brasileiros são lixo" e valorizar o que de bom é feito por aqui. Sem prejuízo de continuar assistindo os bons filmes estrangeiros também.
PS:
Dores no peito, nem sempre são "gases". Tome cuidado!!! :-P
Feitiço do Tempo
3.9 754 Assista AgoraDaqueles filmes simples, leves, que aguçam nossos sentidos e emoções, sem deixar de provocar reflexões.
Acredito que já tenha passado na Sessão da Tarde, mas é mais um daqueles dos quais não assisti à época. Faz anos que ouço boas recomendações e referências, mas só hoje acabei assistindo, sem deixar que altas expectativas ou hype atrapalhassem a experiência. Valeu a pena!
Meu referencial para filmes deste subgênero, é o saudoso "Meia Noite e Um" (este sim, vi várias vezes na sessão da tarde). Porém, tem o diferencial no personagem e na interpretação de Bill Murray que, ao perceber o que está acontecendo, age de maneira bem calculista, já prevendo os frutos que poderá colher depois.
Já pegando exemplos de filmes mais recentes, podemos citar "No Limite do Amanhã", com Tom Cruise, que guarda muita semelhança nos "movimentos friamente calculados", para usar uma expressão chapoliniana.
Por fim, na evolução moral, o filme me fez lembrar imediatamente do altruísmo de Amélie Poulain.
E vemos o sofrimento de Phil, diante do parodoxo.
1) No romance: por mais que ele consiga entrar "na alma" de Rita e esta seja receptiva a seu afeto, há uma progressão natural e uma questão principiológica: a moça não se entrega a um homem, por melhor que ele seja, na primeira noite em que sai com ele. Ela diz que podem continuar "amanhã", mas para Phil o amanhã não existe. É uma situação análoga a do filme "Como Se Fosse a Primeira Vez", com a diferença da repetição temporal.
2) No altruísmo: por mais que consiga ajudar as pessoas, não pode mudar o fato de que, naquela noite, o idoso em situação de rua irá falecer. Por mais que ele saiba cada segundo do dia e possa prever tudo, não há nada que possa fazer para evitar sua morte. Após muita resistência e negação, assume que ele irá morrer e muda o foco: tenta dar aquele idoso o melhor dia de sua vida.
Ao meu ver, o filme traz duas lições/reflexões. Na primeira situação, um exercício diante de ver algo que pode, potencialmente, acontecer, mas que podemos apenas iniciar, sem alcançar o resultado. Trataríamos alguém tão bem, mesmo sabendo que não avançaríamos na relação? No mundo dos negócios, trataríamos tão bem um potencial cliente tendo a certeza de que o negócio não será fechado? Trago ainda uma outra perspectiva: valeria a pena se esforçar e lutar para construir um país melhor tendo a certeza de que nossa geração não irá colher os frutos, mas apenas as próximas?
Na segunda situação, nos coloca a pensar: vale a pena todo o esforço e tempo empenhados numa tarefa inglória? Vale a pena perseguir uma meta de mundo ideal, tendo-a como norte, ainda que, factivelmente, nunca a alcancemos, ainda que ela nos sirva de força motriz?
Ou seja: diante da fatalidade do fim, do destino e vendo que ele não é muito agradável, aproveitar a jornada.
Enfim, acho que é possível divagar muito, cruzando elementos como o Utilitarismo de John Stuart Mill e os Imperativos de Immanuel Kant. Ou seja, fazer algo apenas com vistas ao resultado ou encarar aquilo que se faz como um fim em si mesmo.
No mais, é possível também transpor o filme para nossa vida cotidiana que, mesmo sem elementos fantásticos, pode ser monótona, uma eterna "repetição", mas que podemos ir direcionando e construindo com pequenas ações diárias (vale a pena dar uma olhada na prática "Kaizen"). Nos leva também a ter uma melhor noção de como nossos atos interferem não somente em nossas vidas, mas em todo mundo à nossa volta, ainda que muito disso nos passe despercebido.
Juventude Transviada
3.9 546 Assista Agora"AS PESSOAS SÃO UMA FÁBRICA DE VACILO"
Acredito que a frase acima (retirada de uma singela pichação que avistei num banheiro público) parece resumir bem a sensação em relação ao filme.
Tenho certa dificuldade em assistir filmes clássicos que já foram referenciados à exaustão, mas depois de assisti-lo, percebo a importância de se aprofundar na fonte e não se limitar às citações e visões romantizadas e/ou estereotipadas.
É de uma qualidade visual praticamente impecável
falhando apenas na cena em que os médicos pegam um boneco duro e esquisito, que fazia "papel" de Plato morto... não entendi a dificuldade de carregar o ator, numa tomada mais aberta.
A cena do "chicken-run" mostra uma cena de ação que viria a se tornar um certo clichê no futuro. Aliás, o inconformismo de Jim ao ser chamado de covarde / franguinho me remeteu ao filme De Volta para o Futuro, inclusive no que toca ao fato do pai ser considerado um covarde.
O conflito apresentado em Juventude Transviada, aflora o obstáculo que muitos enfrentam e poucos se conformam: o de que, a princípio, não podemos mudar o outro. Por mais que não gostemos de certas posturas das pessoas, algumas delas até mesmo covardes, o máximo que podemos fazer muitas vezes é apenas não encorajá-las, pois a mudança real deve partir da própria pessoa (como diria o finado Dr. Flávio Gikovate).
Também há a questão de como as gangues e "turmas" são usadas para preencher lacunas deixadas pela família. A cena da mansão, no visual me fez lembrar de "Crepúsculo dos Deuses" e na interação, de "Curtindo a Vida Adoidado", com os três jovens zoneando a mansão.
Um belo filme, daqueles para ser apreciado no momento certo, sem altas expectativas. De qualquer forma, há um quesito que já o qualifica bem: a prova do tempo.
Onde a Coruja Dorme
4.3 38"Eu acho que eles confundem Freud com esse papo de amor, porque nego canta até que vai 'fazer amor', queria saber onde é a fábrica".
"Quando o camarada é preto, feio, anafalbeto e mora longe é 'macumbeiro'. Quando é branco, dos olhos azuis, é 'espiritualista', é o Kardec".
"A gíria é uma cultura, negra, a base dela foram os escravos [...] plano de fuga, quilombo... eles aí falavam aquilo em gíria: 'dá ora', 'dá um pinote'... que era para eles não entenderem, entendeu? É justamente, hoje, o que os intelectuais fazem com a gente: eles vão para a escola, aprendem [...] 'data venia', aí chega, fala com você o dia todinho, chama você do que quer e você não entende nada [...] então o que a gente faz: a gente também pode conversar com o doutor do mesmo jeito, ele ficar o dia todo sentado e não entender nada também. Aí é 0x0".
"Ah... Isso aí, amigo... Isso é verdade mesmo, porque tem mesmo. Eu já fui numa Curimba que era '171' e foi o maior rolo lá em Nova Iguaçu. Poxa, meu irmão, tá ruim para ter uma mulher... a Vovó botou o búzio lá e disse que eu tinha duas amantes... aí eu virei o Bacondê".
(Dário Augusto)
À Beira da Loucura
3.6 403 Assista AgoraQuando terminei de assistir, a primeira coisa que me veio à mente foi a música "Damned to Madness", da banda Wolfbrigade:
One mind mob forever red
Black blood rush in armor of flesh
Damned to madness forever black
Damned to madness forever
One mind mob it's our fate
Indoctrination backlashed hate
Damned to madness forever black
Damned to madness forever
In this shell, we are trapped
Assembly of the damned
Breaking out, this war you will loose
Damned to madness forever black
Damned to madness forever
[Tradução do Google]
Uma mente muda para sempre vermelha
Corrida de sangue preto em armadura de carne
Condenado a loucura para sempre preto
Condenado a loucura para sempre
Uma máfia mental é o nosso destino
Abominação reprimida o ódio
Condenado a loucura para sempre preto
Condenado a loucura para sempre
Nesta casca, estamos presos
Assembleia dos condenados
Partindo, esta guerra você perderá
Condenado a loucura para sempre preto
Condenado a loucura para sempre
Em meados dos anos 90, nas idas e vindas da locadora, sempre reparava no VHS deste filme. Sempre tive curiosidade de assistir mas, por um motivo ou outro, não o fiz. Ainda bem, pois o aproveitei e o digeri melhor!
Sou fã do John Carpenter, mas me surpreendi com este filme no quesito qualidade técnica. Não que seus filmes sejam mal feitos, mas esse soou impecável!
O que mais achei legal foi toda a metalinguagem com a questão da literatura. Aliás, para quem curte games e essa temática, o jogo Alan Wake é parada obrigatória, além das referências compartilhadas com este filme, ele bebeu bastante da película de Carpenter (com a diferença que o personagem que controlamos é o escritor que está com um bloqueio criativo, vai para uma cidadezinha e coisas estranhas começam a acontecer...).
Como muitos já falaram, são inegáveis as referências que o filme traz:
- Stephen King: o próprio nome do autor Sutter Cane, foneticamente lembra o do mestre do terror.
- O garoto da livraria, com o óculos remendado com esparadrapo, possível alusão ao personagem de Christine: O Carro Assassino (o qual teve a adaptação para cinema dirigida pelo próprio Carpenter).
- H.P. Lovecraft: a questão de figuras abstratas de monstros, que "não podem ser descritos".
Enfim, um ótimo filme e com um bom elenco. Os papéis de Trent e Cane foram muito bem representados por Sam Neill e Jürgen Prochnow. É por causa de filmes como esse que John Carpenter é um dos meus diretores de cabeceira.
Pi
3.8 768 Assista AgoraEscrevendo pela segunda vez... Filmow deve ter dividido o meu comentário por 3,14 e o considerou como SPAM! :-(
Pegando um gancho no comentário do Leonardo Lopes Carnelos "Até hoje é impossível gerar números aleatórios em ambiente computacional". O engraçado é que possuo uma lista no Filmow (Meta 2017), com 61 filmes. Sempre entro no site Random e mando gerar um número aleatório de 1 a 61, desta vez, o número sorteado foi 30 (o filme Pi). Mas ao clicar mais 3 ou 4 vezes no botão generate, eis que aprece novamente o número 30... me fez lembrar do Gerador de Improbabilidade Infinita do O Guia do Mochileiro das Galáxias, hahaha.
Sobre os nomes dos personagens fazendo jogo de palavras: Max costuma sempre falar de seus Axiomas (Máximas) e sempre lembra de quando olhou diretamente para o Sol quando criança (Sol é o nome de seu professor).
Confesso que, da metade para o final, fiquei um pouco impaciente. Mas é inegável a qualidade do filme! O que mais me deixa triste é saber que nunca mais teremos oportunidade de ver estes diretores repetirem o feito de filmes como esse, de início de carreira, preto e branco (com uma câmera de X mm etc). Idem para Nolan com Following e Mathieu Kassovitz com La Haine.
O mais legal é ver várias referências remetendo à informática, como o "bug" (representado da forma literal que deu origem ao termo), matemática, numerologia, religião etc.
Uma coisa é certa: quando focamos muito em algo, principalmente coisas que estamos muito interessados ou algo novo que aprendemos, a tendência é ver aquilo em todo lugar e começar a enxergar padrões, quer eles existam, quer não.
Vidas sem Destino
3.7 657Daqueles filmes que você pode gostar ou não, mas dificilmente terminará a sessão indiferente.
Um amigo indicou este filme em 2015 (e mais um monte de filmes "doidos", entre eles, Videodrome). A julgar pela capa, sabia que não seria algo trivial. Demorei para assistir, mas finalmente o fiz hoje.
Faço uma leitura semelhante com a que fiz de "Christiane F.": É como se Gummo fosse exatamente o oposto do mundo idealizado de filmes Blockbuster "água com açúcar", o oposto da "vida bela" mostrada em álbuns de Facebook etc.
O filme retira tudo de "normal" que existe na sociedade (em nenhum momento vemos, uma família "tradicional" com pai, mãe e filhos juntos). Ao contrário, foca na perversão, lares desestruturados seja no sentido de laços afetivos, seja na organização e limpeza da casa.
A impressão que temos é de que o tornado veio, devastou e bagunçou tudo. Foi embora, mas ninguém quis saber de arrumar a bagunça, ninguém quis saber ou não conseguiu colocar a cabeça no lugar novamente.
Gummo mostra uma parcela da realidade que muitos de nós não veem ou finge não ver, ao passar com nossos carrões em avenidas ladeadas por favelas, casas e famílias em situação precária.
Sobretudo, mostra a falta de referência e de perspectiva de jovens, que tem "passatempos" ininteligíveis, que insultam nossa inteligência.É realmente o tal do "niilismo" em sua interpretação mais pejorativa possível.
Madox-01
2.6 3Metal Warriors encontra Metal Slug!
Se você gosta de animes de robôs (mechas / mobile suits) este é para você! Literalmente, curto e grosso, vai direto a ação, com um leve pano de fundo para contextualizar.
Interessante ver algumas referências a cineastas americanos, é possível ver algumas inscrições numa caixa militar que fazem referência a: Walt Disney, Steven Spielberg, Ridley Scott e também uma menção ao filme "2001: Uma Odisseia no Espaço". Em outro momento, vemos um pôster do filme "Apocalypse Now", de Francis Ford Copolla.
O character design deixa muito a desejar. Em contrapartida, o design de veículos é de cair o queixo, tamanho o nível de detalhes. E, já que a maior parte do anime se dá com os combates desses veículos e robôs, está de bom tamanho.
Madox-01 é um ótimo exemplo desses "OVA" e afins, que trazem uma excelente qualidade técnica num curto espaço de tempo. Para quem gostou desse, recomendo o curta "A Farewell to Weapons", presente na coletânea "Short Peace".
Sobral - O Homem que Não Tinha Preço
4.1 14Ao assistir esse documentário, a primeira constatação que tive é a de que precisamos conhecer mais sobre a História de nosso país.
Não precisamos deixar de consumir cultura estrangeira, mas percebo que negligenciamos muito a nossa. Muitos passam dezenas (e até centenas) de horas assistindo várias temporadas de seriados estrangeiros que retratam a cultura e história de outros países, mas, por vezes, permanecem ignorantes quanto a própria (sim, falar disso é polêmico).
Uma das frases proferidas por Sobral durante o documentário que trazem maior reflexão: "Odiar o pecado e amar o pecador". Tal reflexão é necessária no mundo atual, onde a simplificação reina e tudo é enquadrado numa simples dicotomia.
É emblemático o caso em que ele usou a Lei de Proteção aos Animais e uma notícia de jornal (de um homem condenado por maltratar um cavalo) para que fossem dadas melhores condições para dois prisioneiros.
E que não fiquem dúvidas: Sobral apoiou o Golpe de 1964, por achar que o país seria dominado pelo comunismo (o documentário mostra jornais com manchetes de "S. Paulo marcha contra o comunismo").
Podemos ver hoje que movimentos semelhantes estão atuando e pedindo intervenção militar, com a diferença de que, à época, Sobral não imaginava que iria acontecer o que aconteceu. Hoje, já temos um precedente, mas muitas pessoas parecem não querer enxergar (parte até mesmo apoia o que ocorreu no passado).
Seus princípios saltam aos olhos, como quando deixou o cargo de Procurador Criminal da República, dizendo que: depois de cometer adultério, não se sentia mais na posição de acusar ninguém. Hoje, a hipocrisia é lugar comum.
Ainda fala sobre Prestes/Olga, o AI-5 (e mais uma manobra de Sobral para conseguir brechas na lei para buscar os direitos dos prisioneiros políticos).
Em sua mensagem aos jovens, faz o comparativo entre Direito e Força, defendendo que busquemos o primeiro e não nos deixemos levar pelo segundo.
PS: Existe um livro digital, publicado pela FGV (e distribuído de forma gratuita), chamado "Heráclito Fontoura Sobral Pinto: toda liberdade é íngreme", de Márcio Scalércio. Ainda não li, mas está na fila, parece ser bom.
Kramer vs. Kramer
4.1 546 Assista AgoraFilmaço!
Ted Kramer não aguentou nem 10 minutos sem a mulher em casa, vide a trapalhada para fazer o primeiro café da manhã para o filho.
Uma reflexão que o longa traz é que, nem a mulher pode se conformar em ser apenas "do lar", enquanto o marido é o "provedor", nem o marido pode se conformar em apenas colocar dinheiro e comida na mesa, deixando a mulher encarregada dos afazeres domésticos e cuidando dos filhos.
Na primeira situação, pode acontecer de a mulher ficar "refém" do casamento por motivos financeiros (por não ter estudado, se especializado, ganhado experiência no mercado de trabalho etc.) e o marido ficar desnorteado, sem conseguir dar dois passos sem orientação da mulher.
Ambos precisam ter sua independência financeira e pessoal. Por mais que o objetivo inicial do casamento seja uma longa duração, cada vez mais não o é. Mas tudo isso não é nada fácil, na verdade é uma tarefa dificílima.
Para os que optam por ter filhos e planejam isso, há um dilema entre se preparar financeiramente e pessoalmente (juntar dinheiro, concluir a universidade, ganhar experiência e se firmar no mercado de trabalho) e fazer isso em tempo hábil, pois a questão da fertilidade é crítica, se passar de uma determinada idade, pode vir a ser bem difícil ter filhos (ao menos de forma mais "natural", obviamente, existem métodos para ajudar ou contornar isso).
No mais, o eterno conflito entre trabalho e vida pessoal/família dificilmente encontrará um equilíbrio, há de se fazer uma escolha, quem optar por dar prioridade para ambos, ao mesmo tempo, provavelmente ficará em maus lençóis.
Achei sensacionais as interpretações e transições de cena, como aquelas de Ted pegando e chegando de táxi. E o que não dizer
da cena final, que remonta a primeira manhã que Ted cuidou sozinho de seu filho. Com suas minúcias, ela mostra toda a evolução de Ted e Billy. Enquanto o primeiro demonstra habilidade e segurança, depois de lições aprendidas (quebrando os ovos corretamente, não esquecendo de nada, pegando no cabo quente com o auxílio de um pano etc.), o segundo, também mais habilidoso, se mostra resignado ao saber que logo partirá.
Confesso que fiquei apreensivo na cena final... ao ver Joanna subindo sozinha, logo imaginei: pronto, ela vai ter um surto, matar o filho e se jogar da janela, hahaha