Stella tem 11 ou 12 anos, mora em Paris e está tendo problemas de adaptação na nova escola. A história de Stella, personagem que dá nome ao filme de Sylvie Verheyde, ambientado no fim dos anos 1970 e lançado em 2008, é bem clichê, mas a delicadeza com que é contada me cativou.
Esse filme me fez lembrar do livro "Les armoires vides" [Armários vazios], da autora francesa Annie Ernaux, que eu e colegas lemos na faculdade, pois o tema do livro é parecido com o do filme: uma garota precisa lidar com o fato de conviver com uma família meio pobre material e culturalmente e frequentar um colégio de crianças mais ricas. Coincidentemente, os pais das duas personagens têm um bar e trabalham nele.
Acuada por se sentir "inferior" aos colegas, que a esnobam e provavelmente a consideram "burra" pelas sucessivas notas baixas, além de ser humilhada por vários professores, Stella se retrai e não consegue ou não quer fazer amizade com ninguém - até Gladys puxar papo com ela. De repente, não está mais só e se sente sortuda por alguém como Gladys se aproximar dela.
Gladys é a melhor aluna da sala e representante da turma. Depois de um tempo, ela conta a Stella que é judia e que sua família veio da Argentina. Stella finge entender algumas coisas que Gladys fala e começa a se dar conta de que a amiga tem muito mais conhecimento de mundo que ela. Quando Stella visita o apartamento de Gladys, cujos pais são intelectuais, ela se dá conta de que o ambiente familiar da amiga é mesmo muito diferente do seu. Interpretei a cena em que Stella observa Paris da varanda do apartamento de Gladys e tem uma visão panorâmica muito bonita como uma metáfora da ampliação de sua visão de mundo que acontecerá ao longo do filme.
Em uma conversa trivial, Gladys pergunta o que Stella faz quando não está na escola. Stella responde que não faz nada, e devolve a pergunta à Gladys, que lhe diz que gosta de ouvir música, ler e alguma outra coisa. A partir disso, Stella se interessa por música e livros e começa a ler escritores franceses; ela aparece lendo Jean Cocteau, Balzac e Marguerite Duras.
É emocionante quando Stella vai a uma livraria, escolhe um livro na prateleira e, depois de pagar, volta correndo para casa para ler, como se a vida, a partir dali, tomasse um novo impulso. O livro que ela escolhe é "Les enfants terribles" [Crianças terríveis], de Jean Cocteau.
Enquanto continua a conviver com os pais negligentes e uma série de vagabundos que frequentam o bar dos pais e moram em quartos alugados sobre esse bar, Stella lê, é tocada pelo que lê e seu mundo aos poucos se amplia. Mais tarde, com a amizade de Gladys e as leituras, ela concluirá que precisa aproveitar as boas oportunidades que a vida oferece pois, de forma consciente ou não, deseja uma vida diferente da vida de seus pais. No fim, ela agradece Gladys com sinceridade e de forma tocante. Sem a amiga, Stella poderia ter tomado um rumo diferente - como a mãe disse a ela num momento de fúria: "Não vou te obrigar a estudar; para ser garçonete não precisa estudar".
Para finalizar, outra cena que achei genial é quando um professor chama Stella para escrever a palavra "signifient" ("significam", em francês) na lousa. Ela tenta escrever várias vezes a palavra de forma correta, segundo as normas ortográficas, Gladys tenta ajudá-la soprando a resposta, mesmo assim não consegue. Por fim, Stella escreve "cynniphien", algo como "cinificam", remetendo à "cinismo", provavelmente para demonstrar a forma com que encarava as normas escolares e as normas estabelecidas pelos professores e pela sociedade em geral: com um certo cinismo, escárnio e desprezo.
Como o Vanz comentou abaixo, o tema dos grafites é pouco explorado no cinema (não consigo lembrar de ter visto outro filme com grafiteiros) e, só por isso, interessante. Além disso, para mim, o filme trata de crescimento, essa travessia quase sempre difícil entre a adolescência e a vida adulta.
Achei ótima a cena em que o protagonista, Chériff, descobre o esconderijo do "Vandal" com as latas de sprays e vários grafites incríveis nas paredes. São grafites que, para mim, mostram uma vontade de libertação, assim como o protagonista também estava tentando se libertar de algumas amarras para crescer, viver sua própria vida, encontrar seu lugar no mundo. Imagino que no momento em que encontrou esses grafites, Chériff se deu conta de que Vandal era um garoto como ele, que tinha um potencial incrível e sensível para a arte... e que, de certa forma, ele havia destruído.
Trata-se de uma animação autobiográfica de Jung, um quadrinista coreano adotado por uma família belga quando tinha cinco anos; os desenhos foram feitos pelo próprio Jung. Dirigida pelo francês Laurent Boileau, a animação mescla algumas imagens filmadas por um tio adotivo de Jung com uma Super 8 e cenas de quando ele viajou para a Coreia, para gravar um documentário que acabou resultando nessa animação.
A animação foi baseada na HQ "Couleur de peau : Miel" (Cor de pele: Mel), que Jung já tinha lançado; o título da animação em português não tem nada a ver com o original porque foi baseado no título em inglês.
Procurei pela HQ e ela ainda não foi lançada no Brasil. São três volumes publicados respectivamente em 2007, 2008 e 2013 pela editora belga Quadrants.
Depois do fim da Guerra da Coreia (1950-1953), estima-se que 200 mil crianças ficaram órfãs - porque os pais morreram ou porque forram abandonadas.
Jung foi encontrado por um policial nas ruas de Seul em 1970 (?), quando tinha cinco anos e foi levado a um orfanato. Essa parte ficou um pouco confusa, mas, pelo que entendi, esse orfanato tinha contato com orfanatos na Europa e nos Estados Unidos e, depois de uma avaliação médica, Jung e milhares de outras crianças eram "aprovadas para adoção" (o responsável atestava isso na ficha da criança) e elas seguiam para outros orfanatos em países estrangeiros, onde eram adotadas por famílias locais.
Jung foi adotado por um casal que já tinha outros quatro filhos, todos loiros. Destaco isso, porque o fato de Jung ter uma aparência inegavelmente asiática era motivo de zombaria e preconceito entre seus colegas da escola.
Depois de um tempo, o casal adotou uma menina coreana de 11 meses. Jung não gostava dela talvez por ela ter roubado seu lugar de "filho asiático" na família ou por ela lembrá-lo da origem de ambos, ou por motivos que nem ele sabia explicar.
Jung é uma criança "problema", sempre se mete em confusões, apronta muito (necessidade de chamar atenção? carência?), é castigado pelos pais, mas continua aprontando.
Ele teve uma fase bem engraçada de adoração ao Japão. Nessa época, queria ser japonês e não coreano, praticava artes marciais e ouvia música japonesa bem alto, o que irritava os irmãos.
Apesar de aprontar muito e não gostar de estudar, gostava muito de desenhar.
É comovente, porque, com o desenho, ele tenta contar a si mesmo a história dos pais e sua própria história. E quando ele desenha ou deixa a imaginação correr solta, muitas vezes está buscando a mãe biológica e explicações - os traços dessas cenas são diferentes das demais, são meio borradas, oníricas. Apesar disso, ele, enquanto narrador, enfatiza que não sente mágoas dela.
Aos poucos, ele vai se tornando um jovem tímido e com poucos amigos. Sente-se confortável apenas com uma amiga coreana (também adotiva), que estudava no mesmo colégio que ele e gostava de seus desenhos.
Com cerca de 17 anos, vai morar em um abrigo da igreja para refletir melhor, pois estava se sentindo estranho dentro da própria família e consigo mesmo. Nesse período meio curto (parece durar algumas semanas), come muito arroz com pimenta Tabasco, o que lhe causa sérios problemas de estômago. O padre que o estava ajudando liga para os pais de Jung, e a mãe vai buscá-lo para levá-lo ao hospital.
Ele fica internado, mas se recupera e volta para casa. E conta que, por sorte, se salvou, diferentemente do que aconteceu com outras pessoas coreanas adotivas que ele conhecia - vários tentaram suicídio (e eu que pensava ingenuamente que bastava adotar, cuidar, amar e orientar crianças sem pais biológicos que tudo daria certo no final... a realidade é muito mais complexa; é bom que eu tenha desistido da ideia porque não teria suporte emocional para vivenciar certas coisas). Sua irmã Valerie, que tinha um nome em coreano antes de ser "Valerie", morreu em um estranho acidente de carro aos 25 anos, sugerindo que ela quis morrer.
O fim é um pouco abrupto. Quando ele volta do hospital, a mãe que, segundo ele, não era boa em demonstrar sentimentos, acaba lhe contando que seu primeiro filho biológico morreu e Jung ocupou o lugar desse filho no coração dela. Entendi que, por meio dessa conversa, a mãe conseguiu comunicar que ela o considerava um filho "de verdade" e, mesmo sem dizer diretamente, que ela o amava. A cena final dá a entender que ele, por fim, se reconcilia consigo mesmo e com a família.
Fui assistir a uma sessão em que houve bate-papo com diretor no final e gostei (do filme e do bate-papo). O filme é totalmente diferente de tudo que já vi em relação a cinema nacional, mas, ao mesmo tempo, achei que se aproxima de outros filmes rodados no Rio Grande do Sul: "Os famosos e os duendes da morte" e "Beira-Mar". Gosto como os jovens são retratados nesses filmes. Porto Alegre está bem diferente do que conheço... uma surpresa. Vale a pena!
Apesar de ter lido críticas negativas, fui lá ver mesmo assim, pois, como trabalho em uma editora, queria ver como esse universo foi retratado no filme. Acho que, nesse sentido, se aproximou bem da realidade. A narrativa em tempo presente com "passagens-chave" da adolescência de Alice foi bem conduzida, embora algumas passagens do passado me soaram um pouco inverossímeis...
por exemplo, será que ela não sentia medo de estar sozinha em casa com um cara muito mais velho e que já vinha tentando assediá-la (e ela, aparentemente, sentindo cada vez mais incômodo com aquilo)? Claro que analiso isso de um ponto de vista totalmente pessoal - nunca me coloquei nem me colocaria numa situação como essa.
Como o Sávio disse abaixo, a solução romântica meio que estraga o filme.
Apesar das críticas negativas que li na imprensa, fui ver o filme e gostei. No mínimo, serviu para despertar ainda mais meu interesse pela obra de Amós Oz. A atuação da Natalie Portman é ótima, mas a direção... não sei. Embora eu não seja uma crítica especializada em cinema, apenas cinéfila, senti que algumas partes poderiam ser melhoradas e que o filme é "irregular". Como já disseram abaixo, há cenas belíssimas e outras feitas meio sem cuidado. Quero ler o livro. Talvez o livro e o filme se complementem. Para um primeiro filme, acho que Natalie Portman se saiu bem. Com mais maturidade, provavelmente fará filmes melhores.
Li o livro e gostei muito! E, depois de ler, concluí que o livro e o filme se complementam. O Milton Hatoum mistura um drama familiar com lendas amazônicas e peculiaridades/ características da região amazônica, o que resulta em uma obra, a meu ver, bastante original. O que para mim, no filme, parecia bastante inverossímil,
Achei o enredo original, pois não tinha visto nenhum filme sobre esse assunto (apesar de, vira e mexe, ele estar na mídia), mas não é um filme digno de ganhar o Oscar nem nada.
Para mim, que sou uma pessoa muito mais lógica que emocional, o filme parece absurdo em vários momentos: Como é que alguém vai confiar em alguém que acabou de conhecer? (Creio que entre conhecer o cara e confiar nele, não se passou nem um mês!) Como as mulheres podem ser tão carentes a ponto de deixar o lado racional totalmente de lado? Mas sei que o drama é baseado em histórias reais, como já vi várias vezes em noticiários. Misto de ingenuidade, "burrice" e talvez carência, as mulheres se deixam levar por conversinhas ao conhecer um sujeito bonito e boa pinta. Sujeitos totalmente mau caráter se aproveitam dessa vulnerabilidade de algumas pessoas.
Só ficou meio inverossímil a parte final: como a Mari conseguiu uma mala IDÊNTICA ao do Caio?
Apesar disso, gostei do final. Vingança deliciosa.
Li o livro antes de ver o filme e achei a adaptação muito boa. Brie Larson e Jacob Tremblay estão incríveis, como várias pessoas já comentaram.
Apesar de o filme ser angustiante, a relação entre mãe e filho é retratada de forma muito delicada e bonita - eles literalmente estão vivendo em um "outro planeta" e precisam lidar com essa situação. Fiquei imaginando ter que conviver com alguém por cinco anos, 24 horas por dia, num espaço muito pequeno...
Para quem gostou do filme, recomendo o livro, escrito pela Emma Donoghue (no Brasil, foi publicado pela editora Verus e a tradução está excelente), pois há várias passagens e detalhes que ficaram de fora da adaptação para o cinema (seria impossível transpor tudo). Por exemplo, uma coisa que ficou bem clara no livro foi que mãe e filho passavam fome - o velho Nick parecia ser bem mesquinho e não dava comida suficiente para duas pessoas (talvez porque ele pensasse em relação à Mãe: "dane-se, você quis ter esse filho, eu não vou gastar nem um centavo a mais com ele"). Outra curiosidade, no livro, a história é narrada pelo Jack, o que o torna muito mais instigante, pois é a visão de um menino de 5 anos em relação ao que está acontecendo.
Um dos melhores filmes que vi esse ano, vale a pena!
Como já disseram anteriormente, o tema do documentário é muito interessante, mas a forma como foi conduzida parece mostrar que a intenção do diretor era ridicularizar os entrevistados (moradores de coberturas) com recortes estratégicos para os espectadores chegarem a essa conclusão. Na maioria das vezes, nem sabemos o que foi perguntado, só vemos e ouvimos respostas "fora da realidade". Para mim isso é manipulação. Como o João Paulo escreveu, as pessoas entrevistadas não são apenas ridículas/ têm opiniões ridículas sobre se sentirem especiais por morarem em coberturas, esse é apenas um dos aspectos que elas apresentam. Fiquei com a impressão de que o diretor é que foi meio patético em aparentemente querer comprovar sua opinão pessoal expondo as pessoas ao ridículo, sem aprofundar a questão da moradia de alto padrão no Brasil.
Estava bem ansiosa para ver essa animação, mas foi decepcionante. Como o Magno comentou abaixo, a animação tem o mérito de contar com uma protagonista negra (adorei isso) e de Barbados (que, eu não sabia, fui pesquisar no Google, é uma pequena ilha pequena na América Central), mas o enredo é bem bobinho. Talvez crianças bem pequenas gostem.
Vamos ver se o livro é melhor. Imagino que o livro seja melhor, pois gosto muito da literatura do Milton Hatoum. Os atores são ótimos e a fotografia é linda (como já disseram abaixo), mas fiquei com a impressão de que faltou "algo". Esse "algo" talvez esteja no livro e não conseguiu ser passado direito para as telas (será?). Só lendo para saber.
Vi na Mostra de Cinema de SP 2015 e não gostei. O fato de Sarah não fechar a boca/ respirar pela boca me incomodou durante o filme inteiro (é um problema de saúde, os dentes para a frente, a pessoa não consegue fechar a boca e provavelmente respira pela boca e tal), eu às vezes não conseguia me concentrar no que estava acontecendo. Ok, sou pirada. Mas ainda assim o filme é ruim. Só achei interessante o fato de ser baseado numa história real que depois vou pesquisar.
Vi esse filme na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 24/10/15 e achei mediano em comparação com as comédias nacionais [absurdamente cretinas] que têm sido lançadas ultimamente. Por mais bobo que seja o enredo, pelo menos nos traz a conclusão meio clichê, mas válida, de que somos os únicos responsáveis pela nossa própria vida e felicidade (ou não). (Quem nunca pensou em ter um duplo para fazer as coisas chatas: ir para a escola, ir para um trabalho sem futuro, manter um relacionamento de aparências?)
Tive curiosidade de ver esse filme porque a sinopse me lembrou "O menino no espelho", livro do Fernando Sabino, que também tem uma versão cinematográfica. Nesse filme o menino também tem um "duplo" que vai para a escola e fica de castigo, enquanto o "original" vai pescar e brincar... até que a cópia descobre que só fica com o lado chato e se revolta. Ou seja, a ideia de "Um homem só" não é tão original assim - e imagino que deve ter vários outros livros e filmes com esse mesmo enredo.
É um filme ok para ver com amigos e família e dar um pouco de risada (e talvez se deprimir em algumas cenas), mas é melhor não ir com grandes expectativas.
Os personagens são meio caricatos (o marido trouxa/capacho, a esposa megera, o amigo bobão e medroso, a mocinha bonita, os caras maus...). Fiquei surpresa em ver a Ingrid Guimarães fazendo papel de megera... não sei se ela já fez outros papéis assim, mas é que não tem nada a ver com os outros papéis que a vi fazendo e (imagino) não tem nada a ver com ela - apesar disso, o papel convence... dá vontade de dar um tapa na cara do Arnaldo e falar: "Larga essa megera!!" logo no começo do filme.
Do ponto de vista comecial, acho que não dá para esperar muito mais que isso de uma comédia nacional. Os produtores precisam investir em projetos/ roteiros que vão dar retorno, e esse deve ser o tipo de filme/entretenimento que o brasileiro médio curte.
Uma ponta solta: no final do filme, no cemitério de animais, quando os matadores estão atrás dos Arnaldos (original e cópia), a "tia" da Josie aparece desmaiada no chão. Apesar da confusão, Josie e o amigo de Arnaldo saem correndo para procurar os Arnaldos... e a tia fica lá desmaiada; fiquei esperando alguém chamar a ambulância ou algo assim, mas não. Ficou por isso mesmo.
Para quem já leu o livro do Agualusa, o filme perde muito em qualidade em relação ao livro? E esse filme tem a ver com o filme "Violação de Privacidade", com o Robin Williams (em que ele interpreta um editor de filmes a ser exibidos no funeral das pessoas)? Nesse filme, de certa forma, ele também altera o passado das pessoas, em geral, escondendo as partes "feias" e "erradas".
Terceiro filme e ótimo filme das aventuras do Antoine Doinel!
Aqui, ele ainda está tentando amadurecer, ainda sai com garotas de programa e se apaixona por mulheres "erradas", além de se meter em algumas confusões ao tentar trabalhar como detetive particular. No fim, parece que sua vida vai tomar um rumo.
Estou ansiosa para ver o próximo capítulo da vida dele, "Domicílio conjugal". Fiquei pensando que essa história daria um ótimo romance. Doinel é incrível! <3
Baseado nos bastidores da série "Coronation Street", rodada em Manchester, Reino Unido, a série inglesa mais longa - teve início em 1960 e ainda está no ar. Essa série mostra o cotidiano de famílias comuns da classe operária de Manchester. Achei bastante inverossímil o fato de Tony Warren, o roteirista, então com 24 anos, ter exigido tantas coisas (e conseguido), mesmo sendo novato e inexperiente. Talvez por se tratar dos anos 1960 e os tempos serem diferentes isso seja meio verdade, mas duvido que se hoje em dia um roteirista que estivesse começando a carreira fosse tão exigente quanto ao elenco, cenário etc., se ele seria atendido... É legal para saber como uma rede de TV pequena funcionava e como um projeto em que a maioria não acreditava pôde dar tão certo.
Assustador como Charles Manson era manipulador e, mesmo sendo uma pessoa perturbada, conseguia se impor e convencer seus "discípulos" a cometerem atrocidades. Na verdade, não dá para saber se o Manson apresentava os mesmos trejeitos e jeito de falar do filme, mas imagino que, pelo tanto de drogas que ele usava, dava para perceber que "normal" ele não era, e mesmo assim as garotas o achavam o máximo...
Para mim ainda é um mistério por que as pessoas o seguiam, mesmo não tendo para onde ir, sendo rejeitadas por sua família ou tendo diversos problemas. Como é que as pessoas conseguiam colocar toda a lógica, os valores de certo e errado e a lucidez de lado e acreditar nos absurdos que o Manson dizia? Por outro lado, eu não deveria me espantar tanto, pois até hoje há pessoas que acreditam em "messias", "fim do mundo" e em "guerra santa", né?
Filme muito perturbador. Faz pensar em como pessoas loucas são perigosas e "sedutoras" (sabem o que dizer no momento certo para que pessoas fracas, desiludidas ou sem rumo acreditem nelas).
A interpretação do Jeremy Davies como Manson foi bastante convincente.
Quando a pessoa gosta de alguém, ela se submete a cada coisa, não?
A pergunta que talvez fique na cabeça de muita gente é: "Mas por que Charlie deixava que Sarah a tratasse mal, que a manipulasse, que causasse transtornos para ela, que a humilhasse tanto?".
Imagino que quando a gente gosta de alguém, há uma cegueira momentânea. Não importa o quanto a pessoa seja má, mesquinha, mentirosa, louca e traga transtornos, sempre vamos ficar inventando desculpas para ela (ou pedindo desculpas, mesmo sabendo que não temos culpa). Às vezes é difícil se livrar de Sarahs, pois esse tipo de pessoa costuma ser sedutora, interessante, e, ao mesmo tempo, manipuladora.
Um dos pontos interessantes é que Charlie parece ter se espelhado na própria mãe - consciente disso ou não -, que aceitava as merdas que o pai dela fazia, ao se relacionar com Sarah. Talvez tenha a ver com baixa autoestima ou insegurança normal para a idade dela.
Gostei bastante do filme por misturar drama e suspense. Comprei o livro em que o filme foi baseado, que tem o mesmo nome do filme em português, "Respire", escrito por Anne-Sophie Brasme (em francês, pois parece não ter sido lançado no Brasil - para quem se interessar, também vi versões em inglês e espanhol na Livraria Cultura) e estou curiosa para ler e talvez descobrir mais detalhes da trama.
Stella
3.9 108Stella tem 11 ou 12 anos, mora em Paris e está tendo problemas de adaptação na nova escola. A história de Stella, personagem que dá nome ao filme de Sylvie Verheyde, ambientado no fim dos anos 1970 e lançado em 2008, é bem clichê, mas a delicadeza com que é contada me cativou.
Esse filme me fez lembrar do livro "Les armoires vides" [Armários vazios], da autora francesa Annie Ernaux, que eu e colegas lemos na faculdade, pois o tema do livro é parecido com o do filme: uma garota precisa lidar com o fato de conviver com uma família meio pobre material e culturalmente e frequentar um colégio de crianças mais ricas. Coincidentemente, os pais das duas personagens têm um bar e trabalham nele.
Acuada por se sentir "inferior" aos colegas, que a esnobam e provavelmente a consideram "burra" pelas sucessivas notas baixas, além de ser humilhada por vários professores, Stella se retrai e não consegue ou não quer fazer amizade com ninguém - até Gladys puxar papo com ela. De repente, não está mais só e se sente sortuda por alguém como Gladys se aproximar dela.
Gladys é a melhor aluna da sala e representante da turma. Depois de um tempo, ela conta a Stella que é judia e que sua família veio da Argentina. Stella finge entender algumas coisas que Gladys fala e começa a se dar conta de que a amiga tem muito mais conhecimento de mundo que ela. Quando Stella visita o apartamento de Gladys, cujos pais são intelectuais, ela se dá conta de que o ambiente familiar da amiga é mesmo muito diferente do seu. Interpretei a cena em que Stella observa Paris da varanda do apartamento de Gladys e tem uma visão panorâmica muito bonita como uma metáfora da ampliação de sua visão de mundo que acontecerá ao longo do filme.
Em uma conversa trivial, Gladys pergunta o que Stella faz quando não está na escola. Stella responde que não faz nada, e devolve a pergunta à Gladys, que lhe diz que gosta de ouvir música, ler e alguma outra coisa. A partir disso, Stella se interessa por música e livros e começa a ler escritores franceses; ela aparece lendo Jean Cocteau, Balzac e Marguerite Duras.
É emocionante quando Stella vai a uma livraria, escolhe um livro na prateleira e, depois de pagar, volta correndo para casa para ler, como se a vida, a partir dali, tomasse um novo impulso. O livro que ela escolhe é "Les enfants terribles" [Crianças terríveis], de Jean Cocteau.
Enquanto continua a conviver com os pais negligentes e uma série de vagabundos que frequentam o bar dos pais e moram em quartos alugados sobre esse bar, Stella lê, é tocada pelo que lê e seu mundo aos poucos se amplia. Mais tarde, com a amizade de Gladys e as leituras, ela concluirá que precisa aproveitar as boas oportunidades que a vida oferece pois, de forma consciente ou não, deseja uma vida diferente da vida de seus pais. No fim, ela agradece Gladys com sinceridade e de forma tocante. Sem a amiga, Stella poderia ter tomado um rumo diferente - como a mãe disse a ela num momento de fúria: "Não vou te obrigar a estudar; para ser garçonete não precisa estudar".
Para finalizar, outra cena que achei genial é quando um professor chama Stella para escrever a palavra "signifient" ("significam", em francês) na lousa. Ela tenta escrever várias vezes a palavra de forma correta, segundo as normas ortográficas, Gladys tenta ajudá-la soprando a resposta, mesmo assim não consegue. Por fim, Stella escreve "cynniphien", algo como "cinificam", remetendo à "cinismo", provavelmente para demonstrar a forma com que encarava as normas escolares e as normas estabelecidas pelos professores e pela sociedade em geral: com um certo cinismo, escárnio e desprezo.
Casamento Grego 2
3.3 206 Assista AgoraEu adoro essa família! (2)
Vandal
3.4 5Como o Vanz comentou abaixo, o tema dos grafites é pouco explorado no cinema (não consigo lembrar de ter visto outro filme com grafiteiros) e, só por isso, interessante. Além disso, para mim, o filme trata de crescimento, essa travessia quase sempre difícil entre a adolescência e a vida adulta.
Achei ótima a cena em que o protagonista, Chériff, descobre o esconderijo do "Vandal" com as latas de sprays e vários grafites incríveis nas paredes. São grafites que, para mim, mostram uma vontade de libertação, assim como o protagonista também estava tentando se libertar de algumas amarras para crescer, viver sua própria vida, encontrar seu lugar no mundo. Imagino que no momento em que encontrou esses grafites, Chériff se deu conta de que Vandal era um garoto como ele, que tinha um potencial incrível e sensível para a arte... e que, de certa forma, ele havia destruído.
Aprovado para Adoção
4.2 28Trata-se de uma animação autobiográfica de Jung, um quadrinista coreano adotado por uma família belga quando tinha cinco anos; os desenhos foram feitos pelo próprio Jung. Dirigida pelo francês Laurent Boileau, a animação mescla algumas imagens filmadas por um tio adotivo de Jung com uma Super 8 e cenas de quando ele viajou para a Coreia, para gravar um documentário que acabou resultando nessa animação.
A animação foi baseada na HQ "Couleur de peau : Miel" (Cor de pele: Mel), que Jung já tinha lançado; o título da animação em português não tem nada a ver com o original porque foi baseado no título em inglês.
Procurei pela HQ e ela ainda não foi lançada no Brasil. São três volumes publicados respectivamente em 2007, 2008 e 2013 pela editora belga Quadrants.
Depois do fim da Guerra da Coreia (1950-1953), estima-se que 200 mil crianças ficaram órfãs - porque os pais morreram ou porque forram abandonadas.
Jung foi encontrado por um policial nas ruas de Seul em 1970 (?), quando tinha cinco anos e foi levado a um orfanato. Essa parte ficou um pouco confusa, mas, pelo que entendi, esse orfanato tinha contato com orfanatos na Europa e nos Estados Unidos e, depois de uma avaliação médica, Jung e milhares de outras crianças eram "aprovadas para adoção" (o responsável atestava isso na ficha da criança) e elas seguiam para outros orfanatos em países estrangeiros, onde eram adotadas por famílias locais.
Jung foi adotado por um casal que já tinha outros quatro filhos, todos loiros. Destaco isso, porque o fato de Jung ter uma aparência inegavelmente asiática era motivo de zombaria e preconceito entre seus colegas da escola.
Depois de um tempo, o casal adotou uma menina coreana de 11 meses. Jung não gostava dela talvez por ela ter roubado seu lugar de "filho asiático" na família ou por ela lembrá-lo da origem de ambos, ou por motivos que nem ele sabia explicar.
Jung é uma criança "problema", sempre se mete em confusões, apronta muito (necessidade de chamar atenção? carência?), é castigado pelos pais, mas continua aprontando.
Ele teve uma fase bem engraçada de adoração ao Japão. Nessa época, queria ser japonês e não coreano, praticava artes marciais e ouvia música japonesa bem alto, o que irritava os irmãos.
Apesar de aprontar muito e não gostar de estudar, gostava muito de desenhar.
É comovente, porque, com o desenho, ele tenta contar a si mesmo a história dos pais e sua própria história. E quando ele desenha ou deixa a imaginação correr solta, muitas vezes está buscando a mãe biológica e explicações - os traços dessas cenas são diferentes das demais, são meio borradas, oníricas. Apesar disso, ele, enquanto narrador, enfatiza que não sente mágoas dela.
Aos poucos, ele vai se tornando um jovem tímido e com poucos amigos. Sente-se confortável apenas com uma amiga coreana (também adotiva), que estudava no mesmo colégio que ele e gostava de seus desenhos.
Com cerca de 17 anos, vai morar em um abrigo da igreja para refletir melhor, pois estava se sentindo estranho dentro da própria família e consigo mesmo. Nesse período meio curto (parece durar algumas semanas), come muito arroz com pimenta Tabasco, o que lhe causa sérios problemas de estômago. O padre que o estava ajudando liga para os pais de Jung, e a mãe vai buscá-lo para levá-lo ao hospital.
Ele fica internado, mas se recupera e volta para casa. E conta que, por sorte, se salvou, diferentemente do que aconteceu com outras pessoas coreanas adotivas que ele conhecia - vários tentaram suicídio (e eu que pensava ingenuamente que bastava adotar, cuidar, amar e orientar crianças sem pais biológicos que tudo daria certo no final... a realidade é muito mais complexa; é bom que eu tenha desistido da ideia porque não teria suporte emocional para vivenciar certas coisas). Sua irmã Valerie, que tinha um nome em coreano antes de ser "Valerie", morreu em um estranho acidente de carro aos 25 anos, sugerindo que ela quis morrer.
O fim é um pouco abrupto. Quando ele volta do hospital, a mãe que, segundo ele, não era boa em demonstrar sentimentos, acaba lhe contando que seu primeiro filho biológico morreu e Jung ocupou o lugar desse filho no coração dela. Entendi que, por meio dessa conversa, a mãe conseguiu comunicar que ela o considerava um filho "de verdade" e, mesmo sem dizer diretamente, que ela o amava. A cena final dá a entender que ele, por fim, se reconcilia consigo mesmo e com a família.
Ponto Zero
3.3 44Fui assistir a uma sessão em que houve bate-papo com diretor no final e gostei (do filme e do bate-papo).
O filme é totalmente diferente de tudo que já vi em relação a cinema nacional, mas, ao mesmo tempo, achei que se aproxima de outros filmes rodados no Rio Grande do Sul: "Os famosos e os duendes da morte" e "Beira-Mar".
Gosto como os jovens são retratados nesses filmes.
Porto Alegre está bem diferente do que conheço... uma surpresa.
Vale a pena!
O Caseiro
2.9 126Apesar dos comentários abaixo, ainda estou curiosa para ver esse filme. (Mas vou sem expectativas, assim não me decepciono tanto!)
A Garota do Livro
3.1 147 Assista AgoraApesar de ter lido críticas negativas, fui lá ver mesmo assim, pois, como trabalho em uma editora, queria ver como esse universo foi retratado no filme. Acho que, nesse sentido, se aproximou bem da realidade.
A narrativa em tempo presente com "passagens-chave" da adolescência de Alice foi bem conduzida, embora algumas passagens do passado me soaram um pouco inverossímeis...
por exemplo, será que ela não sentia medo de estar sozinha em casa com um cara muito mais velho e que já vinha tentando assediá-la (e ela, aparentemente, sentindo cada vez mais incômodo com aquilo)? Claro que analiso isso de um ponto de vista totalmente pessoal - nunca me coloquei nem me colocaria numa situação como essa.
Como o Sávio disse abaixo, a solução romântica meio que estraga o filme.
Aquele negócio do "100 razões para te amar", também, achei desnecessário.
De Amor e Trevas
3.6 88 Assista AgoraApesar das críticas negativas que li na imprensa, fui ver o filme e gostei. No mínimo, serviu para despertar ainda mais meu interesse pela obra de Amós Oz.
A atuação da Natalie Portman é ótima, mas a direção... não sei. Embora eu não seja uma crítica especializada em cinema, apenas cinéfila, senti que algumas partes poderiam ser melhoradas e que o filme é "irregular". Como já disseram abaixo, há cenas belíssimas e outras feitas meio sem cuidado.
Quero ler o livro. Talvez o livro e o filme se complementem.
Para um primeiro filme, acho que Natalie Portman se saiu bem. Com mais maturidade, provavelmente fará filmes melhores.
Órfãos do Eldorado
3.1 36 Assista AgoraLi o livro e gostei muito! E, depois de ler, concluí que o livro e o filme se complementam. O Milton Hatoum mistura um drama familiar com lendas amazônicas e peculiaridades/ características da região amazônica, o que resulta em uma obra, a meu ver, bastante original.
O que para mim, no filme, parecia bastante inverossímil,
como o fato de o protagonista "enlouquecer" por causa de uma mulher a ponto de se abandonar/ abandonar a própria vida,
no livro fica mais claro.
Para quem gosta de ler literatura, recomendo muito o livro.
Confia em Mim
3.2 284 Assista AgoraAchei o enredo original, pois não tinha visto nenhum filme sobre esse assunto (apesar de, vira e mexe, ele estar na mídia), mas não é um filme digno de ganhar o Oscar nem nada.
Para mim, que sou uma pessoa muito mais lógica que emocional, o filme parece absurdo em vários momentos: Como é que alguém vai confiar em alguém que acabou de conhecer? (Creio que entre conhecer o cara e confiar nele, não se passou nem um mês!) Como as mulheres podem ser tão carentes a ponto de deixar o lado racional totalmente de lado? Mas sei que o drama é baseado em histórias reais, como já vi várias vezes em noticiários. Misto de ingenuidade, "burrice" e talvez carência, as mulheres se deixam levar por conversinhas ao conhecer um sujeito bonito e boa pinta. Sujeitos totalmente mau caráter se aproveitam dessa vulnerabilidade de algumas pessoas.
Só ficou meio inverossímil a parte final: como a Mari conseguiu uma mala IDÊNTICA ao do Caio?
Apesar disso, gostei do final. Vingança deliciosa.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraLi o livro antes de ver o filme e achei a adaptação muito boa. Brie Larson e Jacob Tremblay estão incríveis, como várias pessoas já comentaram.
Apesar de o filme ser angustiante, a relação entre mãe e filho é retratada de forma muito delicada e bonita - eles literalmente estão vivendo em um "outro planeta" e precisam lidar com essa situação. Fiquei imaginando ter que conviver com alguém por cinco anos, 24 horas por dia, num espaço muito pequeno...
Para quem gostou do filme, recomendo o livro, escrito pela Emma Donoghue (no Brasil, foi publicado pela editora Verus e a tradução está excelente), pois há várias passagens e detalhes que ficaram de fora da adaptação para o cinema (seria impossível transpor tudo). Por exemplo, uma coisa que ficou bem clara no livro foi que mãe e filho passavam fome - o velho Nick parecia ser bem mesquinho e não dava comida suficiente para duas pessoas (talvez porque ele pensasse em relação à Mãe: "dane-se, você quis ter esse filho, eu não vou gastar nem um centavo a mais com ele"). Outra curiosidade, no livro, a história é narrada pelo Jack, o que o torna muito mais instigante, pois é a visão de um menino de 5 anos em relação ao que está acontecendo.
Um dos melhores filmes que vi esse ano, vale a pena!
Um Lugar ao Sol
3.9 168 Assista AgoraComo já disseram anteriormente, o tema do documentário é muito interessante, mas a forma como foi conduzida parece mostrar que a intenção do diretor era ridicularizar os entrevistados (moradores de coberturas) com recortes estratégicos para os espectadores chegarem a essa conclusão.
Na maioria das vezes, nem sabemos o que foi perguntado, só vemos e ouvimos respostas "fora da realidade". Para mim isso é manipulação.
Como o João Paulo escreveu, as pessoas entrevistadas não são apenas ridículas/ têm opiniões ridículas sobre se sentirem especiais por morarem em coberturas, esse é apenas um dos aspectos que elas apresentam.
Fiquei com a impressão de que o diretor é que foi meio patético em aparentemente querer comprovar sua opinão pessoal expondo as pessoas ao ridículo, sem aprofundar a questão da moradia de alto padrão no Brasil.
Sybil
4.1 70Esse filme lembra o livro "Hoje eu sou Alice". Perturbador. Quero ver!
Cada Um na Sua Casa
3.7 574 Assista AgoraEstava bem ansiosa para ver essa animação, mas foi decepcionante.
Como o Magno comentou abaixo, a animação tem o mérito de contar com uma protagonista negra (adorei isso) e de Barbados (que, eu não sabia, fui pesquisar no Google, é uma pequena ilha pequena na América Central), mas o enredo é bem bobinho.
Talvez crianças bem pequenas gostem.
Órfãos do Eldorado
3.1 36 Assista AgoraVamos ver se o livro é melhor. Imagino que o livro seja melhor, pois gosto muito da literatura do Milton Hatoum.
Os atores são ótimos e a fotografia é linda (como já disseram abaixo), mas fiquei com a impressão de que faltou "algo". Esse "algo" talvez esteja no livro e não conseguiu ser passado direito para as telas (será?). Só lendo para saber.
Bridgend
2.8 25Vi na Mostra de Cinema de SP 2015 e não gostei.
O fato de Sarah não fechar a boca/ respirar pela boca me incomodou durante o filme inteiro (é um problema de saúde, os dentes para a frente, a pessoa não consegue fechar a boca e provavelmente respira pela boca e tal), eu às vezes não conseguia me concentrar no que estava acontecendo. Ok, sou pirada. Mas ainda assim o filme é ruim.
Só achei interessante o fato de ser baseado numa história real que depois vou pesquisar.
Não Tenha Medo Do Escuro
2.8 857 Assista AgoraComo disse o Diego aí embaixo: "Que bosta de filme". Sem mais.
O Amor em Fuga
4.1 92 Assista AgoraEstou me sentindo meio nostálgica. Vi o último filme da série Antoine Doinel e queria ver mais da vida dele!
Um Homem Só
2.8 44 Assista AgoraVi esse filme na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 24/10/15 e achei mediano em comparação com as comédias nacionais [absurdamente cretinas] que têm sido lançadas ultimamente. Por mais bobo que seja o enredo, pelo menos nos traz a conclusão meio clichê, mas válida, de que somos os únicos responsáveis pela nossa própria vida e felicidade (ou não). (Quem nunca pensou em ter um duplo para fazer as coisas chatas: ir para a escola, ir para um trabalho sem futuro, manter um relacionamento de aparências?)
Tive curiosidade de ver esse filme porque a sinopse me lembrou "O menino no espelho", livro do Fernando Sabino, que também tem uma versão cinematográfica. Nesse filme o menino também tem um "duplo" que vai para a escola e fica de castigo, enquanto o "original" vai pescar e brincar... até que a cópia descobre que só fica com o lado chato e se revolta. Ou seja, a ideia de "Um homem só" não é tão original assim - e imagino que deve ter vários outros livros e filmes com esse mesmo enredo.
É um filme ok para ver com amigos e família e dar um pouco de risada (e talvez se deprimir em algumas cenas), mas é melhor não ir com grandes expectativas.
Os personagens são meio caricatos (o marido trouxa/capacho, a esposa megera, o amigo bobão e medroso, a mocinha bonita, os caras maus...). Fiquei surpresa em ver a Ingrid Guimarães fazendo papel de megera... não sei se ela já fez outros papéis assim, mas é que não tem nada a ver com os outros papéis que a vi fazendo e (imagino) não tem nada a ver com ela - apesar disso, o papel convence... dá vontade de dar um tapa na cara do Arnaldo e falar: "Larga essa megera!!" logo no começo do filme.
Do ponto de vista comecial, acho que não dá para esperar muito mais que isso de uma comédia nacional. Os produtores precisam investir em projetos/ roteiros que vão dar retorno, e esse deve ser o tipo de filme/entretenimento que o brasileiro médio curte.
Uma ponta solta: no final do filme, no cemitério de animais, quando os matadores estão atrás dos Arnaldos (original e cópia), a "tia" da Josie aparece desmaiada no chão. Apesar da confusão, Josie e o amigo de Arnaldo saem correndo para procurar os Arnaldos... e a tia fica lá desmaiada; fiquei esperando alguém chamar a ambulância ou algo assim, mas não. Ficou por isso mesmo.
O Vendedor de Passados
2.7 172 Assista AgoraPara quem já leu o livro do Agualusa, o filme perde muito em qualidade em relação ao livro?
E esse filme tem a ver com o filme "Violação de Privacidade", com o Robin Williams (em que ele interpreta um editor de filmes a ser exibidos no funeral das pessoas)? Nesse filme, de certa forma, ele também altera o passado das pessoas, em geral, escondendo as partes "feias" e "erradas".
Beijos Proibidos
4.1 138 Assista AgoraTerceiro filme e ótimo filme das aventuras do Antoine Doinel!
Aqui, ele ainda está tentando amadurecer, ainda sai com garotas de programa e se apaixona por mulheres "erradas", além de se meter em algumas confusões ao tentar trabalhar como detetive particular. No fim, parece que sua vida vai tomar um rumo.
Estou ansiosa para ver o próximo capítulo da vida dele, "Domicílio conjugal". Fiquei pensando que essa história daria um ótimo romance. Doinel é incrível! <3
A Vida De Pessoas Reais
2.8 2Baseado nos bastidores da série "Coronation Street", rodada em Manchester, Reino Unido, a série inglesa mais longa - teve início em 1960 e ainda está no ar. Essa série mostra o cotidiano de famílias comuns da classe operária de Manchester.
Achei bastante inverossímil o fato de Tony Warren, o roteirista, então com 24 anos, ter exigido tantas coisas (e conseguido), mesmo sendo novato e inexperiente. Talvez por se tratar dos anos 1960 e os tempos serem diferentes isso seja meio verdade, mas duvido que se hoje em dia um roteirista que estivesse começando a carreira fosse tão exigente quanto ao elenco, cenário etc., se ele seria atendido...
É legal para saber como uma rede de TV pequena funcionava e como um projeto em que a maioria não acreditava pôde dar tão certo.
Helter Skelter
3.5 209Assustador como Charles Manson era manipulador e, mesmo sendo uma pessoa perturbada, conseguia se impor e convencer seus "discípulos" a cometerem atrocidades. Na verdade, não dá para saber se o Manson apresentava os mesmos trejeitos e jeito de falar do filme, mas imagino que, pelo tanto de drogas que ele usava, dava para perceber que "normal" ele não era, e mesmo assim as garotas o achavam o máximo...
Para mim ainda é um mistério por que as pessoas o seguiam, mesmo não tendo para onde ir, sendo rejeitadas por sua família ou tendo diversos problemas. Como é que as pessoas conseguiam colocar toda a lógica, os valores de certo e errado e a lucidez de lado e acreditar nos absurdos que o Manson dizia? Por outro lado, eu não deveria me espantar tanto, pois até hoje há pessoas que acreditam em "messias", "fim do mundo" e em "guerra santa", né?
Filme muito perturbador. Faz pensar em como pessoas loucas são perigosas e "sedutoras" (sabem o que dizer no momento certo para que pessoas fracas, desiludidas ou sem rumo acreditem nelas).
A interpretação do Jeremy Davies como Manson foi bastante convincente.
Respire
3.8 290 Assista AgoraQuando a pessoa gosta de alguém, ela se submete a cada coisa, não?
A pergunta que talvez fique na cabeça de muita gente é: "Mas por que Charlie deixava que Sarah a tratasse mal, que a manipulasse, que causasse transtornos para ela, que a humilhasse tanto?".
Imagino que quando a gente gosta de alguém, há uma cegueira momentânea. Não importa o quanto a pessoa seja má, mesquinha, mentirosa, louca e traga transtornos, sempre vamos ficar inventando desculpas para ela (ou pedindo desculpas, mesmo sabendo que não temos culpa). Às vezes é difícil se livrar de Sarahs, pois esse tipo de pessoa costuma ser sedutora, interessante, e, ao mesmo tempo, manipuladora.
Um dos pontos interessantes é que Charlie parece ter se espelhado na própria mãe - consciente disso ou não -, que aceitava as merdas que o pai dela fazia, ao se relacionar com Sarah. Talvez tenha a ver com baixa autoestima ou insegurança normal para a idade dela.
Gostei bastante do filme por misturar drama e suspense. Comprei o livro em que o filme foi baseado, que tem o mesmo nome do filme em português, "Respire", escrito por Anne-Sophie Brasme (em francês, pois parece não ter sido lançado no Brasil - para quem se interessar, também vi versões em inglês e espanhol na Livraria Cultura) e estou curiosa para ler e talvez descobrir mais detalhes da trama.
Recomendo!