A Globo deveria ter comprado os direitos desse filme nos anos 80, ele precisava ter feito parte das tardes da nossa infância vendo "Sessão da Tarde" juntamente com "Os Aventureiros do Bairro Proibido" e outros clássicos. Uma pena, pois funcionaria melhor naquele época.
Uma versão mais dramática de comédia maluca (screwball) com a mesma característica de diálogos rápidos e espirituosos, aqui levados quase às raias da loucura. Ao terminar o filme, a sensação é de vozes buzinando no seu ouvido por um bom tempo.
Chamam atenção, além dos diálogos ágeis, a direção magistral e o entrosamento dos atores/personagens, com um timing incrível, que juntamente com os poucos cenários (três apenas) dão o toque teatral do roteiro que é adaptado de uma peça.
A perda abrupta de referência da personagem Violeta – cuja vida construída ao lado do marido por anos se desfaz num único dia através de uma mensagem no telefone – simbolizada lindamente por uma verdadeira odisseia noturna pelas ruas anônimas de uma grande cidade – opressora e acolhedora ao mesmo tempo, onde destinos se cruzam e tudo pode acontecer – caminhando perdida sem saber para onde ir...
O filme pega como mote e se baseia livremente na música do Chico Buarque, pra dizer e tratar de muito mais, mesmo com um roteiro simples mas que consegue com habilidade captar estados emocionais e sentimentos, que vai tocar principalmente àqueles que se identifiquem em algum momento. E como sempre nas obras do Karim, detalhes cheios de sensibilidade e simbolismo fazem a diferença.
Todos perdidos e confusos nos papéis sociais que desempenham e em suas convenções, sem saberem o que querem. E é por isso que riem tanto, porque são crianças, mas ao contrário do riso verdadeiro delas, seus risos escondem a tristeza e o desespero por trás de suas faces.
Gena Rowlands linda não deixando nada a dever às divas da Nouvelle Vague, assim como a atriz Lynn Carlin (que faz o papel da esposa mais velha, mas na verdade era oito anos mais nova que a Gena). Depois desse filme infelizmente ela parece não ter feito mais nada importante.
Esse filme é motivo pelo qual continuo insistindo em filmes brasileiros, e pra provar que não é implicância minha, conseguindo garimpar um desses a cada meia dúzia de filmes medíocres e pretensiosos.
O melhor filme nacional em anos recentes. Eu que achava que já tivesse passado dessa fase – de querer subverter e ser marginal – , pra minha surpresa me peguei querendo fazer parte daquele bando.
O problema não é nem a falta de terror e de sustos como muita gente que viu achando que seria algo desse tipo, mas por ser um filme complicado (creio que alegórico) e pouco acessível, que não é pra qualquer um, sendo preciso entender a cultura e história envolvendo a Polônia e sua relação com o judaísmo.
Curiosidade mórbida, o diretor morreu logo depois de terminar o filme, durante um festival polonês em que estava concorrendo, tendo cometido suicídio por enforcamento no quarto de hotel. Me lembrou Cisne Negro. Será que ele quis dizer alguma coisa com a própria morte, podendo ela estar interligada ao filme?
Enredo original em que mistura filme gângster com suspense noir, com a femme fatale dividindo espaço com uma mãe castradora, tudo muito bem equilibrado.
Outro ponto interessante é ver como eram feitos os trabalhos de investigação e perseguição naquela época, quando não havia a tecnologia de hoje.
A atuação do James Cagney é tal que mesmo matando gente friamente o tempo todo, às vezes nos pegamos torcendo por seu personagem.
Acho que o filme falhou em tentar criar uma atmosfera de suspense psicológico. As cenas e informações vão sendo simplesmente jogadas, não há a construção de uma narrativa ou clima. Os personagens/atores parecem que estão com dor de barriga o tempo todo ou morrendo nas calças.
Enfim, mais um da safra brasileira de filmes com título criativo que esconde um trabalho mal executado. Mas se levarmos em conta que o cinema nacional parece ter pouco de profissionalismo e mais de um esforço individual de pessoas que gostam e desejam fazer cinema, foi uma boa realização.
Péssimo. Sensação de que se apropriaram indevidamente do personagem. Filme que não tem nada a ver com X-Men, apenas pegaram o personagem pra fazer um filme do Van Damme. Só vale a pena pra metódicos com TOC como eu que precisam vê-lo antes de passar pro próximo "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido".
Incrível o trabalho do roteirista de conseguir encaixar a história de cada personagem e ainda interligá-las de forma que o filme termine bem redondo, sem pontas soltas ou grandes furos. Melhor filme até agora da série, juntamente com X-Men 2 (2003).
Tava postergando vê-lo desde que foi lançado, por achar que não me acostumaria com o Magneto e Xavier não sendo feitos pelo Ian McKellen e Patrick Stewart, mas terminamos achando que Fassbender e James McAvoy caíram como uma luva.
Teria sido um filme "perfeito" se não desse a impressão de que se perde, sem saber o que fazer da própria ideia e de como terminá-la, ao nos fazer crer que Saul está lutando pra conseguir dar um enterro "digno" a seu filho, à revelia de todo o restante e da sua própria vida, já que não conseguiu salvá-lo, assim como não consegue fazer nada por seus iguais e é obrigado trabalhar conjuntamente com os algozes para por fim a eles, pra depois nos mostrar que tudo não passava de uma espécie de esquizofrenia do personagem, uma forma como ele encontrou pra lidar com todo aquele horror.
Teria agradado mais se tivesse pego a primeira ideia e trabalhado de forma melhor, mas isso nos daria de certa forma um consolo, por termos uma "moral da história", enquanto o filme prefere nos frustrar dando um soco ainda mais forte no estômago com o niilismo do desfecho. Por isso digo que deu a "impressão" de se perder, porque na verdade a intenção era exatamente nos causar esse incomodo, até na forma como ele é filmado, como se não conseguíssemos sair de dentro da mente "doente" do Saul. Se bem que me pergunto se faria alguma diferença ser realmente o filho dele.
Um dos filmes mais tensos e pesados que já vi – até para os padrões atuais –, principalmente a última parte, e lembremos que estamos aqui nos anos 50, em que esse tipo de enredo não é ainda bem aceito devido à censura, portanto acima de tudo um filme corajoso pra época. Atuação da Susan Hayward é impecável e merecidamente premiada com um Oscar, um verdadeiro tour de force, fico imaginando como deve ter sido pra ela retratar a personagem Barbara do ponto de vista de sua inocência, quando a própria Susan em entrevista havia declarado que acreditava que ela fosse culpada.
Sim, como o próprio prólogo do filme nos informa, é baseado em fatos reais, desde os acontecimentos até alguns diálogos são verídicos, como as últimas falas da personagem. Mas essa informação é tendenciosa e enganadora, porque não foi comprovada realmente a inocência dela, tudo levou a crer que ela era realmente culpada, o que fez com que muitos na época considerassem esse filme como uma propaganda contra a pena de morte. Só por essa controvérsia não dou nota máxima, pois apesar de ser incrível enquanto obra cinematográfica, não recebi bem essa tentativa de jogar com o espectador.
Ao contrário da maioria pra mim o final foi bem previsível, quando desde o início sabemos que ela veio dos EUA pra rever a casa, já dava pra imaginar com o desenrolar o que estaria esperando por ela lá.
Filme bonitinho, que vai agradar mais ao público feminino. Mas nada que valha mais de 3 estrelas. Moral da história pra mim foi mostrar como os animais são mais leais e melhores que os humanos.
Filme mediano sobre a vida do Stephen Hawking. Vale assistir mais pela admiração que temos pelo personagem. Eddie Redmayne mereceu o Oscar mais pelo papel, provavelmente outros atores se o fizessem ganhariam o prêmio também. Depois de ver outros filmes com ele (como A Garota Dinamarquesa) percebemos que é um bom ator mas extremamente maneirista, sempre com as mesmas caras e bocas, estilo Anthony Hopkins. Já a Felicity Jones, que eu não conhecia até então, é apaixonante. Espero vê-la em mais bons filmes.
Depois de "Era uma Vez na Anatólia", de 2011, e agora com "Sono de Inverno", Nuri Bilge Ceylan se tornou um dos grandes nomes do cinema de arte atuais que despontaram nos últimos anos, junto com o russo Andrey Zvyagintsev, de "Leviatã", e o italiano Paolo Sorrentino, de "A Grande Beleza".
Três cenas em especial, que duram quase meia hora cada, a conversa dele com a irmã no escritório, dele com a esposa na sala, e da esposa com o inquilino, cada uma sozinha vale mais que dezenas de pseudofilmes pretensiosos que tentam atingir uma profundidade que se consegue aqui sem esforço.
Os personagens, em especial o protagonista Aydin, são uns dos mais multidimensionais – que só encontramos em Bergman e outros gênios do cinema na forma como retratam o humano – que já vi nos últimos tempos.
São mais de 3 horas de pura contemplação e mergulho, em que não senti cansaço em nenhum instante. Ainda mais com aquela fotografia mostrando as paisagens da Capadócia no inverno, e a trilha recorrente de Schubert.
O problema desse filme é que, visto nos dias de hoje, possui um humor meio politicamente incorreto, na forma como lida com os papéis masculinos e femininos, e que poderia ser visto como sexista. Mas lembremos que estamos nos EUA nos anos 50, e que o filme tenta passar uma mensagem moral que na verdade desconstrói esses preconceitos.
Lembra bastante "Os Homens Preferem as Loiras", ambos são comédias do mesmo ano de 53, tratando de um tema parecido, e com Marilyn Monroe num papel antagonista, mas já mostrando toda a força de sua presença. "Como Agarrar um Milionário" tem uma fotografia ótima, figurino idem, mas recordo de ter gostado mais do outro.
Encantado com a simplicidade e beleza desse filme. Enquadramento perfeito e funcional, cada frame é uma fotografia linda em preto e branco. Um enrendo simples mas ao mesmo tempo profundo, acima de tudo triste, ao nos deparar com a vida da jovem Ida, que antes de decidir seu futuro, precisa conhecer seu passado e saber quem ela é no presente.
Em alguns momentos me lembrou Bergman, na forma como retrata questões através do feminino, e principalmente no silêncio que permeia o filme. Mas como eu queria (!) que tivesse acabado logo depois daquela cena no cemitério que ela avista certa pessoa de longe. Mas infelizmente a vida não é assim, e o filme não tem nenhum intento romântico.
O tipo de filme que acaba comigo, que mostra como o ser humano é a pior espécie do universo ao mesmo tempo que pode ser a melhor também. Quem sabe um dia saberemos por que precisa ser assim.
Pra quem gostou indico fortemente o filme sul-coreano "Zona de Risco", de 2000, do Chan-wook Park.
Esperava que fosse pior, pelos comentários que ouvia da época que tava no cinema das pessoas que iam assistir. Acho que criaram muitas expectativas, como as minhas já eram baixas, não achei tão ruim. Não revoluciona o gênero, mas é bem-feito pelo menos.
Los Angeles é a cidade ideal pra se fazer esses thrillers que envolvam carros e perseguições, com suas estradas e malha viária que dariam pra dar voltas na Terra (segundo o Guinness Book). Por isso esse filme me lembrou "Drive", embora não seja tão bom quanto (não entendi estar com uma nota maior no IMDb e aqui no Filmow).
Mas ainda assim é uma ótima estreia do diretor, mesmo com um roteiro cheio de exageros, que mais parece uma comédia satírica, e que estranhamente é o melhor do filme, o modo como satiriza e critica esse tipo de "jornalismo" policial (alô, Datena) e o vale-tudo pela audiência, e a obsessão capitalista americana por criar um negócio bem-sucedido e enriquecer.
Ótima atuação do Jake Gyllenhaal, que passou desapercebida pelo Oscar, mas lhe rendeu uma indicação de melhor ator ao Globo de Ouro e ao BAFTA.
Desde que vi seu primeiro filme "O Retorno", de 2003, tinha a impressão que esse diretor se tornaria um dos meus favoritos atuais. Depois veio "Elena", 2011, e agora "Leviatã", em 2014, e eu estava certo, ele se tornou meu diretor russo preferido.
Seus filmes além de lindamente dirigidos, sempre trazem alguma crítica e questões de ordens filosóficas ou sociais que os deixam de certo modo com um viés político e denunciativo, mas sem parecer em nenhum momento tendenciosos ou panfletários.
"Leviatã" pega um microcosmo (uma área da Rússia chamada "Murmansk Oblast", acima do círculo polar ártico, selvagem e pouco povoada, que mais parece o fim do mundo) pra tecer um história de caráter universal, e principalmente nacional russo.
A ideia é interessante, pegar histórias interparalelas se passando numa rua (me lembrou "Magnólia") num cenário urbano brasileiro e nordestino, que é pouco explorado pelo cinema nacional, diferentemente da favela e do sertão.
Mas o resultado é bem aquém. Usam esse molde num roteiro que mistura um monte de coisas, desde suspense à crítica social e política, sem dizer a que veio. Pra piorar, as atuações são daquelas que causam vergonha alheia (tirando o Irandhir Santos e a Maeve Jinkings, pra ser justo).
Esperar agora pra ver se "Aquarius", do mesmo diretor e concorrente em Cannes, que parece tratar de um tema semelhante, será melhor.
Uma História Chinesa de Fantasmas
3.6 18A Globo deveria ter comprado os direitos desse filme nos anos 80, ele precisava ter feito parte das tardes da nossa infância vendo "Sessão da Tarde" juntamente com "Os Aventureiros do Bairro Proibido" e outros clássicos. Uma pena, pois funcionaria melhor naquele época.
Jejum de Amor
4.0 89 Assista AgoraUma versão mais dramática de comédia maluca (screwball) com a mesma característica de diálogos rápidos e espirituosos, aqui levados quase às raias da loucura. Ao terminar o filme, a sensação é de vozes buzinando no seu ouvido por um bom tempo.
Chamam atenção, além dos diálogos ágeis, a direção magistral e o entrosamento dos atores/personagens, com um timing incrível, que juntamente com os poucos cenários (três apenas) dão o toque teatral do roteiro que é adaptado de uma peça.
O Abismo Prateado
3.3 214 Assista AgoraA perda abrupta de referência da personagem Violeta – cuja vida construída ao lado do marido por anos se desfaz num único dia através de uma mensagem no telefone – simbolizada lindamente por uma verdadeira odisseia noturna pelas ruas anônimas de uma grande cidade – opressora e acolhedora ao mesmo tempo, onde destinos se cruzam e tudo pode acontecer – caminhando perdida sem saber para onde ir...
O filme pega como mote e se baseia livremente na música do Chico Buarque, pra dizer e tratar de muito mais, mesmo com um roteiro simples mas que consegue com habilidade captar estados emocionais e sentimentos, que vai tocar principalmente àqueles que se identifiquem em algum momento. E como sempre nas obras do Karim, detalhes cheios de sensibilidade e simbolismo fazem a diferença.
Faces
4.1 62Todos perdidos e confusos nos papéis sociais que desempenham e em suas convenções, sem saberem o que querem. E é por isso que riem tanto, porque são crianças, mas ao contrário do riso verdadeiro delas, seus risos escondem a tristeza e o desespero por trás de suas faces.
Gena Rowlands linda não deixando nada a dever às divas da Nouvelle Vague, assim como a atriz Lynn Carlin (que faz o papel da esposa mais velha, mas na verdade era oito anos mais nova que a Gena). Depois desse filme infelizmente ela parece não ter feito mais nada importante.
Febre do Rato
4.0 657Esse filme é motivo pelo qual continuo insistindo em filmes brasileiros, e pra provar que não é implicância minha, conseguindo garimpar um desses a cada meia dúzia de filmes medíocres e pretensiosos.
O melhor filme nacional em anos recentes. Eu que achava que já tivesse passado dessa fase – de querer subverter e ser marginal – , pra minha surpresa me peguei querendo fazer parte daquele bando.
Demon
3.2 52O problema não é nem a falta de terror e de sustos como muita gente que viu achando que seria algo desse tipo, mas por ser um filme complicado (creio que alegórico) e pouco acessível, que não é pra qualquer um, sendo preciso entender a cultura e história envolvendo a Polônia e sua relação com o judaísmo.
Curiosidade mórbida, o diretor morreu logo depois de terminar o filme, durante um festival polonês em que estava concorrendo, tendo cometido suicídio por enforcamento no quarto de hotel. Me lembrou Cisne Negro. Será que ele quis dizer alguma coisa com a própria morte, podendo ela estar interligada ao filme?
Fúria Sanguinária
4.2 56 Assista AgoraEnredo original em que mistura filme gângster com suspense noir, com a femme fatale dividindo espaço com uma mãe castradora, tudo muito bem equilibrado.
Outro ponto interessante é ver como eram feitos os trabalhos de investigação e perseguição naquela época, quando não havia a tecnologia de hoje.
A atuação do James Cagney é tal que mesmo matando gente friamente o tempo todo, às vezes nos pegamos torcendo por seu personagem.
Para Minha Amada Morta
3.5 96 Assista AgoraAcho que o filme falhou em tentar criar uma atmosfera de suspense psicológico. As cenas e informações vão sendo simplesmente jogadas, não há a construção de uma narrativa ou clima. Os personagens/atores parecem que estão com dor de barriga o tempo todo ou morrendo nas calças.
Enfim, mais um da safra brasileira de filmes com título criativo que esconde um trabalho mal executado. Mas se levarmos em conta que o cinema nacional parece ter pouco de profissionalismo e mais de um esforço individual de pessoas que gostam e desejam fazer cinema, foi uma boa realização.
Wolverine: Imortal
3.2 2,2K Assista AgoraPéssimo. Sensação de que se apropriaram indevidamente do personagem. Filme que não tem nada a ver com X-Men, apenas pegaram o personagem pra fazer um filme do Van Damme. Só vale a pena pra metódicos com TOC como eu que precisam vê-lo antes de passar pro próximo "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido".
X-Men: Primeira Classe
3.9 3,4K Assista AgoraIncrível o trabalho do roteirista de conseguir encaixar a história de cada personagem e ainda interligá-las de forma que o filme termine bem redondo, sem pontas soltas ou grandes furos. Melhor filme até agora da série, juntamente com X-Men 2 (2003).
Tava postergando vê-lo desde que foi lançado, por achar que não me acostumaria com o Magneto e Xavier não sendo feitos pelo Ian McKellen e Patrick Stewart, mas terminamos achando que Fassbender e James McAvoy caíram como uma luva.
O Filho de Saul
3.7 254 Assista AgoraTeria sido um filme "perfeito" se não desse a impressão de que se perde, sem saber o que fazer da própria ideia e de como terminá-la, ao nos fazer crer que Saul está lutando pra conseguir dar um enterro "digno" a seu filho, à revelia de todo o restante e da sua própria vida, já que não conseguiu salvá-lo, assim como não consegue fazer nada por seus iguais e é obrigado trabalhar conjuntamente com os algozes para por fim a eles, pra depois nos mostrar que tudo não passava de uma espécie de esquizofrenia do personagem, uma forma como ele encontrou pra lidar com todo aquele horror.
Teria agradado mais se tivesse pego a primeira ideia e trabalhado de forma melhor, mas isso nos daria de certa forma um consolo, por termos uma "moral da história", enquanto o filme prefere nos frustrar dando um soco ainda mais forte no estômago com o niilismo do desfecho. Por isso digo que deu a "impressão" de se perder, porque na verdade a intenção era exatamente nos causar esse incomodo, até na forma como ele é filmado, como se não conseguíssemos sair de dentro da mente "doente" do Saul. Se bem que me pergunto se faria alguma diferença ser realmente o filho dele.
Quero Viver!
4.0 43Um dos filmes mais tensos e pesados que já vi – até para os padrões atuais –, principalmente a última parte, e lembremos que estamos aqui nos anos 50, em que esse tipo de enredo não é ainda bem aceito devido à censura, portanto acima de tudo um filme corajoso pra época. Atuação da Susan Hayward é impecável e merecidamente premiada com um Oscar, um verdadeiro tour de force, fico imaginando como deve ter sido pra ela retratar a personagem Barbara do ponto de vista de sua inocência, quando a própria Susan em entrevista havia declarado que acreditava que ela fosse culpada.
Sim, como o próprio prólogo do filme nos informa, é baseado em fatos reais, desde os acontecimentos até alguns diálogos são verídicos, como as últimas falas da personagem. Mas essa informação é tendenciosa e enganadora, porque não foi comprovada realmente a inocência dela, tudo levou a crer que ela era realmente culpada, o que fez com que muitos na época considerassem esse filme como uma propaganda contra a pena de morte. Só por essa controvérsia não dou nota máxima, pois apesar de ser incrível enquanto obra cinematográfica, não recebi bem essa tentativa de jogar com o espectador.
O Garoto Lobisomem
4.2 96Ao contrário da maioria pra mim o final foi bem previsível, quando desde o início sabemos que ela veio dos EUA pra rever a casa, já dava pra imaginar com o desenrolar o que estaria esperando por ela lá.
Filme bonitinho, que vai agradar mais ao público feminino. Mas nada que valha mais de 3 estrelas. Moral da história pra mim foi mostrar como os animais são mais leais e melhores que os humanos.
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraFilme mediano sobre a vida do Stephen Hawking. Vale assistir mais pela admiração que temos pelo personagem. Eddie Redmayne mereceu o Oscar mais pelo papel, provavelmente outros atores se o fizessem ganhariam o prêmio também. Depois de ver outros filmes com ele (como A Garota Dinamarquesa) percebemos que é um bom ator mas extremamente maneirista, sempre com as mesmas caras e bocas, estilo Anthony Hopkins. Já a Felicity Jones, que eu não conhecia até então, é apaixonante. Espero vê-la em mais bons filmes.
Sono de Inverno
4.0 133 Assista AgoraDepois de "Era uma Vez na Anatólia", de 2011, e agora com "Sono de Inverno", Nuri Bilge Ceylan se tornou um dos grandes nomes do cinema de arte atuais que despontaram nos últimos anos, junto com o russo Andrey Zvyagintsev, de "Leviatã", e o italiano Paolo Sorrentino, de "A Grande Beleza".
Três cenas em especial, que duram quase meia hora cada, a conversa dele com a irmã no escritório, dele com a esposa na sala, e da esposa com o inquilino, cada uma sozinha vale mais que dezenas de pseudofilmes pretensiosos que tentam atingir uma profundidade que se consegue aqui sem esforço.
Os personagens, em especial o protagonista Aydin, são uns dos mais multidimensionais – que só encontramos em Bergman e outros gênios do cinema na forma como retratam o humano – que já vi nos últimos tempos.
São mais de 3 horas de pura contemplação e mergulho, em que não senti cansaço em nenhum instante. Ainda mais com aquela fotografia mostrando as paisagens da Capadócia no inverno, e a trilha recorrente de Schubert.
Como Agarrar Um Milionário
3.7 162O problema desse filme é que, visto nos dias de hoje, possui um humor meio politicamente incorreto, na forma como lida com os papéis masculinos e femininos, e que poderia ser visto como sexista. Mas lembremos que estamos nos EUA nos anos 50, e que o filme tenta passar uma mensagem moral que na verdade desconstrói esses preconceitos.
Lembra bastante "Os Homens Preferem as Loiras", ambos são comédias do mesmo ano de 53, tratando de um tema parecido, e com Marilyn Monroe num papel antagonista, mas já mostrando toda a força de sua presença. "Como Agarrar um Milionário" tem uma fotografia ótima, figurino idem, mas recordo de ter gostado mais do outro.
Ida
3.7 439Encantado com a simplicidade e beleza desse filme. Enquadramento perfeito e funcional, cada frame é uma fotografia linda em preto e branco. Um enrendo simples mas ao mesmo tempo profundo, acima de tudo triste, ao nos deparar com a vida da jovem Ida, que antes de decidir seu futuro, precisa conhecer seu passado e saber quem ela é no presente.
Em alguns momentos me lembrou Bergman, na forma como retrata questões através do feminino, e principalmente no silêncio que permeia o filme. Mas como eu queria (!) que tivesse acabado logo depois daquela cena no cemitério que ela avista certa pessoa de longe. Mas infelizmente a vida não é assim, e o filme não tem nenhum intento romântico.
Tangerinas
4.3 243O tipo de filme que acaba comigo, que mostra como o ser humano é a pior espécie do universo ao mesmo tempo que pode ser a melhor também. Quem sabe um dia saberemos por que precisa ser assim.
Pra quem gostou indico fortemente o filme sul-coreano "Zona de Risco", de 2000, do Chan-wook Park.
Annabelle
2.7 2,7K Assista AgoraEsperava que fosse pior, pelos comentários que ouvia da época que tava no cinema das pessoas que iam assistir. Acho que criaram muitas expectativas, como as minhas já eram baixas, não achei tão ruim. Não revoluciona o gênero, mas é bem-feito pelo menos.
Jessabelle: O Passado Nunca Morre
2.5 575 Assista AgoraLembra "A Chave Mestra", mas não é tão bom quanto.
O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraLos Angeles é a cidade ideal pra se fazer esses thrillers que envolvam carros e perseguições, com suas estradas e malha viária que dariam pra dar voltas na Terra (segundo o Guinness Book). Por isso esse filme me lembrou "Drive", embora não seja tão bom quanto (não entendi estar com uma nota maior no IMDb e aqui no Filmow).
Mas ainda assim é uma ótima estreia do diretor, mesmo com um roteiro cheio de exageros, que mais parece uma comédia satírica, e que estranhamente é o melhor do filme, o modo como satiriza e critica esse tipo de "jornalismo" policial (alô, Datena) e o vale-tudo pela audiência, e a obsessão capitalista americana por criar um negócio bem-sucedido e enriquecer.
Ótima atuação do Jake Gyllenhaal, que passou desapercebida pelo Oscar, mas lhe rendeu uma indicação de melhor ator ao Globo de Ouro e ao BAFTA.
Leviatã
3.8 299Desde que vi seu primeiro filme "O Retorno", de 2003, tinha a impressão que esse diretor se tornaria um dos meus favoritos atuais. Depois veio "Elena", 2011, e agora "Leviatã", em 2014, e eu estava certo, ele se tornou meu diretor russo preferido.
Seus filmes além de lindamente dirigidos, sempre trazem alguma crítica e questões de ordens filosóficas ou sociais que os deixam de certo modo com um viés político e denunciativo, mas sem parecer em nenhum momento tendenciosos ou panfletários.
"Leviatã" pega um microcosmo (uma área da Rússia chamada "Murmansk Oblast", acima do círculo polar ártico, selvagem e pouco povoada, que mais parece o fim do mundo) pra tecer um história de caráter universal, e principalmente nacional russo.
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraA ideia é interessante, pegar histórias interparalelas se passando numa rua (me lembrou "Magnólia") num cenário urbano brasileiro e nordestino, que é pouco explorado pelo cinema nacional, diferentemente da favela e do sertão.
Mas o resultado é bem aquém. Usam esse molde num roteiro que mistura um monte de coisas, desde suspense à crítica social e política, sem dizer a que veio. Pra piorar, as atuações são daquelas que causam vergonha alheia (tirando o Irandhir Santos e a Maeve Jinkings, pra ser justo).
Esperar agora pra ver se "Aquarius", do mesmo diretor e concorrente em Cannes, que parece tratar de um tema semelhante, será melhor.
Quando os Animais Sonham
2.9 18Tratar de um assunto do gênero fantástico num molde de narrativa realista, pouco original. Esperava mais.
A primeira metade é até interessante, mas a segunda, quando introduz aquele romance, foi um tanto preguiçosa.
É o primeiro filme desse diretor, que antes havia trabalhado como assistente em dois filmes do Lars von Trier.