É mais um daqueles filmes que são feitos para serem lançados diretamente no mercado de DVD, no sistema de venda direta ao consumidor. Dessa forma o espectador já sabe bem o que encontrará pela frente, produção mais modesta, muita ação, pancadaria e clichês por todos os lados. O grupo Seal está na moda nos Estados Unidos porque foi justamente essa tropa de elite que executou o terrorista Bin Laden no Paquistão. O problema é que parece haver um certo exagero na capacidade desses soldados nesse roteiro. Só para se ter uma ideia, eles são capazes de feitos absurdos, como encarar toda uma cidade armada praticamente sozinhos. E o que dizer do momento em que apenas oito homens conseguem destruir todo um acampamento militar fortemente armado? São poucos homens, mas o que eles fazem em cada cena certamente deixará Rambo com inveja. Por falar nesse personagem, uma boa referência para esse filme vem justamente dos filmes de ação dos anos 80, com tudo de bom e ruim que isso possa significar. Lá pela terça parte final do filme temos uma pequena reviravolta, pena que sem maior interesse. Então é isso, nada de extraordinário, diria até banal. http://pabloaluisio.blogspot.com.br/
Este foi um filme medíocre. produção fraca e uma história mal executada sendo um thriller de ação carente de emoções e tende a testar a paciência do espectador;
Para quem não conhece a história, O APOCALIPSE mostra o caos que se segue após o repentino desaparecimento simultâneo de milhões de pessoas ao redor do mundo, com foco na história do Capitão Rayford Steele (Cage), um piloto de um voo comercial que perde uma parte de sua tripulação em pleno ar. Enquanto isso, sua corajosa filha Chloe (Cassi Thomson) tenta descobrir mais sobre este misterioso desaparecimento, que pode estar ligado ao Arrebatamento, situação retratada na Bíblia como o evento que precede o Apocalipse.
Muito mal dirigido pelo coordenador de dublês e diretor de segunda-unidade Vic Armstrong, que aqui dirige apenas seu segundo filme em vinte anos de carreira (graças a Deus), O APOCALIPSE só funcionaria como uma série de TV, dado o tamanho da história que se estende ao longo de sete livros. Mas este ano, foi lançada a excelente série THE LEFTOVERS, que fala praticamente sobre a mesma coisa, mas de maneira incomparável. Restou então aos gênios produtores deste fiasco esmagar o conteúdo do primeiro livro de maneira porca em um filme de 1h:40m, cortando sequências-chave e deixando cenas que não fazem diferença nenhuma para a trama. Para fechar com “chave de ouro”, o filme não tem um pingo de suspense, e traz uma trilha-sonora incidental ridícula e efeitos-especiais que mais parecem saídos de uma produção da Troma.
Com um elenco fundo de quintal, um roteiro horroroso e uma execução pior ainda, este O APOCALIPSE é antes de qualquer coisa o atestado de que o único apocalipse que impressiona nesta história toda, é o da carreira de Nicolas Cage.
Nos primeiros minutos tive a impressão que o enredo ia se desenvolver baseado na sinopse, contando com algumas reviravoltas, mas com os lados bem definidos, Mitch (Dominic Cooper) como o advogado (na verdade ele é promotor) e Clinton (Samuel L. Jackson) como o assassino, porém o desfecho inicial é a porta de entrada para a trama central, onde os lados não permanecem assim, tão bem delimitados.
O filme passa muito rápido, são 90 minutos para uma trama que deveria ser explorada por no mínimo 120 minutos. Isso porque existe uma série de elementos que poderiam ser trabalhados com mais detalhes e cuidados, algumas situações são muito corriqueiras e acabam por ser desvalorizadas. Isso fica evidente no desfecho final, saímos daquele clima de perseguição e pulamos direto para os créditos finais… o final deixou muito a desejar.
O enredo é clichê, não traz nenhum diferencial, mas mesmo assim consegue prender a atenção e no todo o filme é bom. A trama que inicialmente parece um filme de investigação e tribunal, dá lugar para um thriller intenso, com reviravoltas bem construídas, só o que faltou foi um desfecho final mais interessante, foi o clichê do clichê do previsível, infelizmente. http://www.dulapa.com.br/
- Acho que poucas vezes em Hollywood existiu um ator que trabalhasse tanto. Ultimamente, James Franco tem atuado em tantas produções, que imagino que seja difícil em alguns momentos para o astro se definir entre projetos que acrescentem alguma coisa à sua ocupada carreira, e outras que ele poderia muito bem deixar passar em branco.
Este previsível suspense DÍVIDA DE SANGUE (GOOD PEOPLE) por exemplo, apesar de ter algumas qualidades, é apenas mais uma produção lugar-comum em que o astro está envolvido.
No filme, Franco e a bela Kate Hudson (que parece ser à prova de envelhecimento) interpretam Tom e Anna Wright, um casal americano vivendo na Inglaterra. Afundado em dívidas e à beira de serem despejados da modesta casa onde vivem, o casal é surpreendido ao encontrarem o inquilino do porão que alugam, morto por overdose de drogas. No entanto, Tom e Anna parecem ter encontrado a sorte grande ao perceber que o homem deixou uma mala cheia de dinheiro escondida no local, e após alguma discussão, decidem ficar com ela e usar o dinheiro para resolver suas dívidas.
Mas não vai demorar muito para os verdadeiros donos do dinheiro começarem a procurar pela grana…
Filme de estréia em solo americano do diretor dinamarquês Henrik Ruben Genz, DÍVIDA DE SANGUE sofre de um mal que vem crescendo nas produções do gênero nos últimos tempos: O filme começa bem melhor do que termina. A primeira metade do filme é ótima, promissora, imprevisível e com bastante suspense.
No entanto, o filme descamba para os clichês do gênero em sua metade final, parecendo até que a boa roteirista Kelly Masterson (do excelente ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO) ficou com preguiça de terminar o texto.
O filme ganha alguns pontos com a presença dos ótimos Tom Wilkinson (CONDUTA DE RISCO) e Omar Sy (INTOCÁVEIS), mas é pouco para tirar a produção do pool dos filmes comuns. Nada de novo http://www.gallomovies.com/critica-divida-de-sangue-good-people/
O thriller PERSEGUIÇÃO VIRTUAL (OPEN WINDOWS) é o exemplo perfeito de uma idéia original e ousada desperdiçada em uma execução exageradamente confusa.
A impressão que se tem é de que o jovem e promissor diretor e roteirista espanhol Nacho Vigalondo (de segmentos nas antologias de Horror OS ABCs DA MORTE e V/H/S VIRAL) teve tantas idéias que acabou não conseguindo colocá-las no papel. Ou se conseguiu colocá-las, não foi capaz de executá-las com clareza.
O filme conta a história de Nick (Elijah Wood, meio que repetindo seu papel de vítima por acaso que interpretou no suspense TOQUE DE MESTRE), um blogueiro que ganhou um sorteio onde o cobiçado prêmio é um jantar com sua atriz favorita, a mega-star Jill Goddard (a ex-estrela pornô Sasha Grey, de CONFISSÕES DE UMA GAROTA DE PROGRAMA), a quem o blog de Nick é dedicado. No entanto, enquanto espera pelo encontro num quarto de hotel, Nick tem seu laptop invadido por um hacker que se auto denomina Chord (Neil Maskell, de KILL LIST), que tem outros planos para a noite de Nick e Jill. Planos um tanto quanto macabros…
A grande sacada de PERSEGUIÇÃO VIRTUAL é curiosamente o motivo de seu fracasso: Mantendo a já irritante tendência de filmagem em primeira pessoa, Vigalondo tenta diferenciar utilizando em 70% do filme apenas filmagem oriunda da câmera do computador de Nick. Ou seja, o público assiste à boa parte do filme através das janelas abertas no laptop do protagonista (daí o título original do filme, OPEN WINDOWS).
Mas o que seria uma original maneira de conceber um filme, acaba se tornando um tormento com o passar do tempo, já que a edição desastrosa do filme acaba arruinando a experiência, e o filme funciona melhor quando assume uma postura mais convencional, em seu terço final. O suposto “final surpresa” do filme também não funciona, e acaba soando terrivelmente forçado e improvável.
No elenco, Wood se esforça no papel como sempre, e a ex-estrela pornô Sasha Grey não compromete, além de ser lindíssima.
PERSEGUIÇÃO VIRTUAL mostra que o criativo e ousado Nacho Vigalondo pode sim ter vida longa em Hollywood, mas com certeza o filme também mostra que ele precisa refinar sua técnica.
Dirigido pelo estreante David Grovic e escrito em parceria com o também inexperiente Paul Conway, aproveitando-se do roteiro já feito (mas nunca produzido) de James Russo, “Profissão de Risco” (“The Bag Man” no título original, e “Motel”, no primeiro roteiro de Russo) acompanha a jornada de Jack (John Cusack), um assassino de aluguel que precisa entregar uma misteriosa sacola a seu chefe, Dragnar (Robert De Niro), recebendo instruções veementes para não olhar o que há dentro dela. Acertados de se encontrarem em um determinado motel, as coisas saem um pouco de controle e não ocorrem exatamente como o esperado.
Com um sopro noir, o longa se desenvolve criando uma atmosfera de tensão e suspense envolvente no melhor estilo “não olhe dentro da sacola”, já tradicional em filmes do gênero. A semelhança entre o motel que serve como cenário para a maior parte das cenas com o Bates Motel de Norman e Norma Bates, do “Psicose” de Alfred Hitchcock (e da atual série de sucesso), impressiona. Neste sentido, o fato de o roteiro pré-concebido de James Russo se chamar justamente “Motel” não parece uma simples casualidade, principalmente quando notamos também certa similaridade entre a femme fatale presente aqui e as loiras de Hitchcock. Uma (não tão) discreta homenagem parece ter sido cuidadosamente pensada, ainda que a trama desta obra passe longe das geniais e já consagradas do mestre do suspense.
A direção de Grovic é irregular, de pouca inspiração, criando composições óbvias e que pouco dizem sobre os personagens e seus conflitos internos. Contribui para isso também um design de produção burocrático, que não acrescenta nenhum elemento interessante extra à narrativa, além de uma trilha pouco instigante, esta de responsabilidade de Tony Morales e Edward Rogers. Ainda assim, o estreante é feliz ao estabelecer rimas visuais e sonoras que permeiam toda a película, desde o número do quarto em que o protagonista está hospedado, até simples afirmações que serão retomadas mais à frente de forma coerente, dando coesão e solidez à narrativa.
Apesar de uma parte técnica pouco atuante, é na qualidade dos atores e no clima pesado construído de maneira eficiente que o longa encontra sua força principal. A dinâmica estabelecida entre o personagem de Cusack e a enigmática Rivka da brasileira Rebecca da Costa prende a atenção do espectador de modo satisfatório, em nenhum momento deixando a tensão descambar para obviedades ou decisões previsíveis. Sem contar um Robert De Niro seguro, que além de todas as qualidades como ator, também serve para dar estofo ao cast, sendo essencial sob aspecto comercial, de distribuição e divulgação do projeto.
Se por um lado a construção de uma atmosfera sombria de suspense e tensão é eficiente, por outro o roteiro peca ao apostar em indivíduos caricatos, com motivações aparentemente vazias e mal desenvolvidas, sendo explicadas em meia dúzia de palavras jogadas de maneira apressada no meio da projeção. Amarrando as pontas soltas da forma mais pedestre possível, Grovic e Conway ainda introduzem um pretensioso e falho flashback na cena final que mais serve para confundir e bagunçar a trama do que propriamente para acrescentá-la um toque especial que certamente seria muito bem-vindo, caso bem orquestrado.
Assim, não existe outra palavra mais adequada para definir este “Profissão de Risco” do que ‘irregular’. Como suspense, funciona na maior parte do tempo, apoiado em uma tensão constante e em atores engajados no desafio. Sob o ponto de vista técnico e da construção dos personagens, é falho e não apresentada nada de muito novo, o que torna ainda mais louvável o trabalho dos atores envolvidos, que realmente tiveram que tirar “leite de pedra”. http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/330508/profissao-de-risco-2014-um-suspense-irregular-mas-divertido/
Anos atrás, quando você lia o nome de Jean-Claude Van Damme em filme, seu cérebro se encarregava de estabelecer ligações com artes marciais e muita pancadaria. Ele foi um dos maiores atores do gênero ação da década de 1990, e seus filmes B arrastaram uma legião de fãs para os cinemas. Nas duas últimas décadas, com o avanço do mercado home video, JCVD tem participado de longas com muito pouco conteúdo. Já abordei isto aqui no site, mas cada vez fica mais claro que seu nome parece estar relacionado mais a fatores comercias do que com a ação propriamente dita. Swelter não me deixa mentir. Apesar de Van Damme ser anunciado como um protagonista, seu personagem é usado de forma bizarra. Os poucos diálogos afundam uma história que já começa condenada ao fracasso.
Que fique claro: tudo neste filme foi porcamente montado. Os cenários são péssimos, as vestimentas são precárias (na maior parte do filme os personagens vão usar a mesma roupa, apesar das história se desenrolar por vários dias), o roteiro é cheio de furos e a mistura de drama, ação e western chega a ser engraçada. O filme apresenta a história de um grupo de ladrões que busca recuperar os 10 milhões de dólares obtidos durante um assalto que acabou na prisão da maioria dos integrantes da gangue. Os bad guys chegam em uma pacata cidade e fazem dela um verdadeiro inferno. Para prender a atenção do público, vários clichês são atirados para o público, e o modesto xerife local vira vilão de uma hora pra outra. Isso sem mencionar a total falta de personalidade dos protagonistas, que agem como bonecos de vídeo game nas poucas cenas de ação (que na verdade parecem robotizadas com a falta de capricho das apressadas tomadas).
O mais triste (e cômico) é que os produtores compararam sua produção com três filmes de ponta: Reservoir Dogs, A History of Violence e High Plains Drifter. Caso tivessem em mente desde o primeiro dia de filmagens tomar um rumo um pouco mais humilde e fazer deste filme B uma produção simples mas com uma boa história, não tenho dúvidas de que Swelter seria bem melhor do que a encomenda. Mas vemos aqui mais um exemplo de como não se fazer um longa metragem. http://dalenogare.com/2014/07/swelter-2014/
Freaks é o nome do polêmico filme de terror de 1932, dirigido e produzido por Tod Browning que foi inspirado na obra se seu xará, Tod Robbins. Desde sua finalização vem causando grande impacto nos telespectadores desavisados, sendo que em sua época de lançamento, grande parte dos diretores da Metro Goldwin Mayer (MGM Studios) se opuseram a mostrar o show de horrores temendo a reação do público (e estavam certos). A idéia inicial era se criar um filme que pudesse fazer frente ao tremendo sucesso do estúdio rival, a Universal studios, que havia lançado "Frankenstein" de James Whale. Mas o tiro saiu pela culatra e o filme acabou sendo retirado de cartaz devido ao apelo público negativo.
O filme "Freaks" retrata a rotina de um circo onde uma bela trapezista chamada Cleopatra seduz e se casa com um anão chamado Hans, que é herdeiro de uma enorme fortuna. Mas o que Hans não sabe é que sua amada é amante de Hércules, o homem-forte que também trabalha no circo. Juntamente com esse trio o circo conta com uma enorme variedade de pessoas deformadas que servem de atração nas apresentações (estilo circo dos horrores). E essas pessoas deficientes e deformadas formam uma família muito unida, união essa reforçada pelas suas próprias deficiências em comum. Mas assim que a trapezista se casa com o bobo anão Hans, seu plano fica claro para todos, que é, obviamente, se livrar do anão para ficar com sua fortuna. Só que o que ela e o amante não contavam é com a união da família circense e o quanto eles podem ser realmente FREAKS. No filme, os "freaks" na verdade são as pessoas honradas e bondosas, enquanto que os verdadeiros monstros são as pessoas consideradas belas e normais.
Em 1994, o filme foi selecionado como o décimo quinto filme mais assustador de todos os tempos por uma rede de TV norte americana.
Uma curiosidade interessante sobre este filme foi o aparecimento em inglês do termo “Freaks” para designar algo ou alguém anormal, estranho, marginal, tão utilizado atualmente no mundo todo. http://ocalafrio.blogspot.com.br/2013/06/filme-freaks-1932.html
Inovador e polêmico A Censura na Alemanha Nazista Inovador e polêmico para sua época, Mädchen in Uniform foi o primeiro filme a contar com um elenco totalmente feminino, ousando abordar nas telas um tema tão delicado como o homoerotismo (atração erótica entre membros do mesmo sexo). O filme causou alguns impactos em grupos de lésbicas que foram abafados pelo grande sucesso alcançado pelo mesmo. Mädchen in Uniform alcançou grande sucesso fora da Alemanha, principalmente na Romênia, recebendo prêmios como: Best Technical Perfection no Festival de Cinema de Veneza e Melhor Filme de Língua Estrangeira no Kinema Junpo Award em 1932 e 1934, respectivamente. Porém, o regime nazista considerou a obra decadente e tentou destruir todas as cópias disponíveis pelo país, além de perseguir todos os produtores e atrizes com descendência judaica. Apesar disso, o filme abriu espaço para que novas produções, abordando o mesmo tema, fossem produzidos nos anos que se seguiram, sobretudo a obra Anna and Elisabeth de 1933, novamente com Hertha e Dorothea no elenco. Conta-se que em 1949 Dorothy Bussy inspirou-se na história do filme para a produção de seu livro Olivia. A obra de Leontine Sagan permaneceu censurada até a década de 70 em território alemão, tendo sua exibição liberada novamente em 1977 por alguns canais de televisão. Por fim, em 1994 foi lançada em vídeo nos EUA e em 2000 no Reino Unido. Neste intervalo de severa censura, em 1958 a história ganhou uma segunda versão para o cinema sob a direção de Géza von Radványi com algumas mudanças significativas no roteiro, tendo nos papeis principais Romy Schneider (Manuela) e Lilli Palmer (Fräulein von Bernburg). http://allclassics.blogspot.com.br/
Mata Hari está aquém dos maiores sucessos de Greta Garbo, como Dama das Camélias ou Ninotchcka. Esse filme é, sobretudo, uma sinfonia da imagem. A dança sensual, o flerte, o caminho para a execução: são imagens que ficam em nossa mente, não a trama. Mesmo que não seja fidedigna, é para esse propósito que veio a escolha de Garbo para o papel principal: construir a imagem misteriosa e sensual da mítica espiã. E, mais uma vez, Garbo desempenha perfeitamente seu papel. http://criticaretro.blogspot.com.br/
"Sem Novidades no Front" é um excelente filme, um dos maiores anti-guerras já realizados. Partindo de um magnífico roteiro, assinado por George Abbott e Del Andrews, Lewis Milestone realiza um trabalho inesquecível, ao narrar a história de um grupo de estudantes que se alistam e são enviados ao front da 1ª Guerra Mundial.
O roteiro, muito bem escrito, baseia-se num livro do escritor alemão, Erich Maria Remarque, e procura mostrar a tragédia que uma guerra representa.
"Sem Novidades no Front" conta ainda com uma bela fotografia e algumas boas interpretações. Lew Ayres, basicamente no início de sua carreira, com seus 22 anos, faz um bom trabalho como o jovem Paul Bäumer.
Um filme grandioso que mostra um jovem que lidera um grande grupo de pioneiros ao longo da grande jornada ao oeste dos estados unidos, e no caminho enfrenta ataques de índios, desastres naturais e as complicações românticas que toda aventura deve ter. Ótimas atuações e excelente produção, sendo o primeiro grande filme de faroeste com som. Foi o primeiro grande papel de John Wayne, que me pareceu "impossivelmente jovem" Como sempre ele faz o papel do herói e vai aos poucos dominando o filme. Tyrone Power (Red Flack), faz um vilão maravilhoso, repulsivo mesmo. Tully Marshall é impressionante como um homem da montanha, astuto e velho, que ajuda a guiar o comboio. The Big Trail foi filmado através de um processo de tela ampla, chamado Grandeur, que preenche cada parte da tela com a ação. Durante as cenas de multidão todos estão ocupados fazendo algum trabalho real, e isso acrescenta muito realismo nessas sequências.
The Big Trail não foi um sucesso de bilheteria e a maioria do elenco caiu na obscuridade, incluindo Wayne, que só retornou às grandes produções em 1939, quando John Ford o resgatou em Stagecoach, por aqui chamado de "No tempo das diligências", que a lenda John Wayne iria começar a sério.
"O Anjo Azul" trata de auto-destruição e degradação, assuntos altamente suspeitos para a época, com o nazismo em plena ascensão. O filme de Sternberg transformou-se numa obra-prima da transição do expressionismo para o realismo alemão, e projetou Dietrich para o mundo. A história é essencialmente sobre o amor e o que ele pode fazer com uma pessoa.
As atuações de Marlene Dietrich e Emil Jannings são maravilhosas, a atmosfera é emocionante e a trilha sonora, fabulosa http://www.70anosdecinema.pro.br/
Inicialmente, Norma Shearer, nem fora cogitada para interpretar Jerry Martin, pois não a achavam nada sexy para a personagem. Para convencer os produtores, entre eles seu então marido Irving Thalberg, Shearer fez uma sessão de fotos especiais, onde posa com uma langerie provocante. E só então os produtores lhe cederam o papel. E essa decisão valeu a pena, pois Shearer ganhou o Oscar de melhor atriz daquele ano. A escolha inicial para interpretar Jerry Martin foi Joan Crawford , que supostamente nunca perdoou Shearer por usurpar seu papel. A Divorciada foi lançado em DVD pela Warner Home Video em 8 de março de 2008, juntamente com A Alma Livre (também estrelado por Norma Shearer)
Em 1930, ano de lançamento de Assassinato! (assim mesmo, com ponto de exclamação), Hitchcock já podia se considerar um diretor consolidado na Inglaterra. Com vários sucessos em seu currículo (e também alguns fracassos), o diretor havia decidido trabalhar com obras de suspense, um gênero em que ele geralmente obtinha os resultados mais satisfatórios (um dos melhores filmes de sua fase muda foi justamente o thriller O Inquilino, de 1927). Seu primeiro filme falado (e também considerado o primeiro da Ingleterra), Chantagem e Confissão, havia estourado nas bilheterias devido à boa história e ao uso criativo do som por parte de Hitch. O cineasta havia provado, ainda com 30 anos, que sabia contar uma história, migrando com maestria e sem esforço do cinema mudo para o falado. Mas isso não significava que ele nunca mais tropeçaria com seus filmes posteriores.
Infelizmente, Hitchcock já pisou na bola logo no seu segundo filme com som. O fato de Assassinato! não ser um de seus melhores filmes é justificável por ser, tecnicamente, o seu terceiro filme de suspense (os outros de sua carreira podem ser considerados ou comédias, como Champagne, ou melodramas, como O Ringue). O gênero, apesar de já gerar inúmeros filmes naquela época, ainda não possuía suas especificidades ou características delimitadas (Hitch vai ser um dos maiores cineastas responsáveis a “moldar” o gênero e torná-lo o que é hoje). O cineasta, então, adotou uma postura equivocada em relação a alguns aspectos do filme, algo que nunca aconteceria mais adiante em sua carreira.
Dito isso, vamos ao filme. Ele gira em torno do ator de teatro Sir John Menier (Herbert Marshall), que é chamado para compor um júri de um caso de assassinato. A ré é também uma atriz dos palcos londrinos, chamada Diana (Norah Baring), acusada de assassinar uma colega de trabalho com um atiçador de fogo. À lá Doze Homens e Uma Sentença (brilhante filme de tribunal de Sidney Lumet), ele tenta convencer os outros jurados da inocência de Baring, mesmo não tendo um argumento plausível para justificar sua posição. Ele fracassa em sua tentativa, e Diana é condenada à forca (como os tempos mudaram, não?). A partir daí, Sir John embarca em uma corrida contra o tempo para coletar provas e impedir que a moça seja enforcada por um crime que, segundo ele, ela não cometeu.
A estrutura de Assassinato! se assemelha à de Mulher Pública, no sentido de termos um início interessante e que instiga a nossa curiosidade, um meio que desaponta, só retomando o seu rumo no final, quando já não nos interessamos mais pela trama. O começo deste filme é ainda melhor que o de Mulher Pública, porque dessa vez todas as informações necessárias à compreensão da história nos são fornecidas. Descobrimos, pela perspectiva de transeuntes que invadem a casa de Diana, a moça, num estado de transe, ao lado do corpo de sua colega (que também era seu desafeto). Depois, corta-se para a ótima cena de deliberação dos jurados, onde Hitch reúne os mais diversos tipos da sociedade britânica do período. Esse trecho é um dos melhores do filme não só por todos os preconceitos e hipocrisias dos ingleses virem à tona, mas também porque Hitchcock inseriu algumas gags hilárias, como uma interminável repetição das mesmas falas (o que até hoje é utilizado em filmes de comédia).
Entretanto, assim que Sir John começa a sua investigação, o filme começa a derrapar. Eis os diversos motivos: primeiramente, Hitch nos envolve totalmente com o conflito inicial: Diana é a assassina? Ou Sir John está certo, e ela não teve qualquer relação com o caso? Só que essas perguntas são totalmente postas de lado e a personagem de Diana não vai ser mostrada de novo até o final. Quando Sir John se torna o protagonista da história, sentimo-nos traídos porque ele não é um bom personagem, ao contrário da misteriosa Diana. O que nos leva ao segundo motivo: com Sir John à frente do longa, o filme perde toda a tensão que havia conseguido no início. Ao invés de tentar descobrir o verdadeiro assassino o mais rápido possível, ele prefere divagar sobre como a arte do teatro pode ser útil no dia-a-dia e jantar com possíveis aliados na sua busca. Com isso, é só a partir dos 50 minutos que o ator realmente realiza ações que realmente podem ajudar Diana a se livrar da morte certa. O terceiro grande problema de Assassinato! é que, quando finalmente o filme parece entrar nos trilhos, Hitchcock perde tempo demais em cada local da investigação, tornando quase toda cena monótona e sem um pingo de emoção. E emoção deveria ser a palavra-chave, já que, além de a vida de uma mulher supostamente inocente está em risco, John parece nutrir sentimentos amorosos por Diana (nunca bem explicados ou explorados).
É no final que Hitch vai se redimir, com cenas que só a sua mente poderia criar. Um exemplo é uma montagem de gelar a espinha, em que o cineasta mostra a passagem do tempo (que voa, voa…) ao mesmo tempo em que a sombra do cadafalso de Diana fica cada vez maior. Ou então novamente a cena em que Hitchcock aborda a culpa de modo criativo, com o/a responsável pelo crime vendo um a um o rosto das pessoas que prejudicou. O clímax é tão asfixiante e excitante que fica difícil pensar como o filme dá um salto de qualidade em questão de minutos. Infelizmente, o foco de Assassinato! é a busca de Sir John pelo culpado, que é, sem dúvida, a parte menos interessante da produção.
Assim como em Chantagem e Confissão, Hitch também aproveita a chance de experimentar com a nova ferramenta do cinema: o som. Aqui, as inovações ficam por conta dos pensamentos de personagens, que (segundo a pesquisa que fiz) pela primeira vez puderam ser ouvidos em um filme. O diretor também flertou aqui com a crítica social, que não é muito presente na sua filmografia (tanto antes quanto depois de Assassinato!). Um elemento essencial ao filme é o preconceito racial, mas explicar o por quê seria estragar o desfecho do filme.
Vejo Assassinato! como um filme que poderia ser tão divertido e importante quanto Chantagem e Confissão, mas acabou sendo um filme “normal”: não há de nada que se destaque nele. Mas a relação de Hitch com o suspense estava só começando, e nesse estágio é comum haver erros. Por sorte, nosso diretor evoluiu muito, tanto que se tornou o Mestre desse gênero que hoje é tão popular no mundo todo. E, como é errando que se aprende, só temos que agradecer a existência de Assassinato!. http://cineanalise.wordpress.com/
"Ninotchka" é uma excelente comédia romântica que procura satirizar o sistema político comunista da União Soviética. Produzido e dirigido por Ernst Lubitsch, o filme parte de um magnífico roteiro adaptado de uma obra de Melchior Lengyel.
Os diálogos são inteligentes e a direção de Lubitsch é consistentemente boa. A química entre Melvyn Douglas, que apresenta uma grande atuação, e Greta Garbo, maravilhosa como sempre, é simplesmente perfeita.
A confrontação entre os sistemas capitalista e socialista é exagerada e caricaturada, mas provoca muitas risadas.
Clássico fundamental do mestre John Ford, modelo básico para os westerns posteriores e referência obrigatória em qualquer antologia cinematográfica, impecável em todos os níveis. Com direção precisa, bela fotografia de Bert Glennon e trilha sonora de Richard Hageman, Franke Harling, John Leipold e Leo Shuken premiada com o Oscar valorizam ainda mais esta obra prima do cinema. Foi o filme que fez a carreira de John Wayne finalmente deslanchar depois de quase uma década e meia de papéis insignificantes, e deu a Thomas Mitchell, no papel do médico bêbado que precisa fazer um parto durante a viagem das diligências, o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Baseado no conto “Stage to Lordsburg”, de Ernest Haycox, com roteiro de Dudley Nichols, consolidou o western como um dos mais importantes gêneros do Cinema. Foi refilmado em 1966, como “A Última Diligência”, e para a TV, em 1986.
L’Atalante (O Atalante, 1934) é um filme dos primórdios do cinema, que supera o teste do tempo, de uma sensibilidade e beleza imensa poucas vezes igualada desde então. O primeiro e único filme de longa duração de Jean Vigo, que morreria pouco depois da conclusão de L’Atalante com apenas vinte e nove anos, é um filme sobre personagens abandonadas pela sociedade, tendo sido esquecido durante décadas em salas de arquivos. Ensombrado pela história maldita da vida e morte de Vigo, o filme que sofreu várias mutações até à sua eventual restauração é uma parte essencial do mito formado em torno da figura do realizador e uma prova de que importa preservar o seu legado na memória corrente. O filme começa com um casamento, ou melhor, com a procissão dos recém-casados desde a igreja até ao seu novo destino, seguida com espanto pelos habitantes da aldeia. Esta espécie de preâmbulo a pé até um batelão onde o filme ameaça deixar-se ficar, apresentado assim sem qualquer contexto este romance, serve para empurrar as duas personagens principais para o centro do filme, e anunciar as intenções visuais do mesmo, situadas entre um lirismo impressionista com toques surreais e um realismo documental. São desde logo inesquecíveis os planos dos habitantes nas margens a olhar para o barco, à medida que este avança, e as paisagens que vão surgindo no princípio desta viagem. A bordo desta barcaça, que será ao mesmo tempo local de trabalho e de lua-de-mel improvisada, convivem o casal (Jean e Juliette), um velho ajudante e um rapaz mais novo, numa espécie de família disfuncional.
Se no início do filme tudo parece correr bem entre o jovem casal, com Vigo a pontuar o romance nascente com jogos de sedução e troca de afectos, aos poucos a monotonia da viagem e as duras condições de vida a bordo começam a arrefecer a relação entre os dois – numa das cenas iniciais vemos Juliette (interpretada por Dita Parlo) na proa do barco a olhar com melancolia para o futuro, e Jean em dificuldades para chegar perto dela. Desiludida com o rumo da sua vida, Juliette encontra no velho ajudante do barco, Jules, um marinheiro marcado pelos anos acumulados no mar, impertinente e de modos rudes, as histórias de aventura e o exotismo de terras longínquas que procura. Ainda assim, aquando de uma prometida visita a Paris, e depois de uma falhada saída romântica com Jean, Juliette acaba por sucumbir à curiosidade e abandona o barco, marcando o início do terceiro acto do filme e a necessidade de resolver o desencontro entre o par.
A história de L’Atalante não é mais do que uma simples variação da fórmula amor encontrado / amor perdido, uma divagação sobre desamores e reencontros. O argumento foi, na verdade, imposto a Vigo pelo seu produtor, depois de o seu filme anterior Zéro de conduite (Zero em Comportamento, 1933) não só ter falhado junto da crítica e público, mas ter sido banido devido ao seu conteúdo radical. Vigo viu-se na necessidade de apresentar uma obra mais acessível para continuar a ser financiado, mas aproveitou a oportunidade para expandir a sua visão autoral. Como refere Michael Temple no seu livro sobre o realizador, se a linha narrativa do argumento que prende o filme será a prosa, Vigo encontra espaço nas entrelinhas para escapar da estrutura mais convencional e dotar o filme com momentos poéticos, que o libertam para uma maior sensibilidade. Vários exemplos sublinham esta intenção de Vigo: desde os planos em que as personagens são envoltas pelo nevoeiro do rio no barco, assemelhando-se lentamente a figuras fantasmagóricas; à sequência de imagens subaquáticas quando Jean mergulha na água à procura de uma visão de Juliette; ou uma sequência de montagem alternada entre os dois, já separados e deitados em camas distantes mas a pensar um no outro, numa alucinação febril.
Rejeitando os moralismos fáceis da história que lhe foi inicialmente proposta, Vigo escolhe mostrar-nos empatia pelas personagens, e esse olhar humanista é uma das virtudes que o filme nos ensina. Com recurso a elementos próximos do documentário, Vigo pretende também aproximar o filme dos seus ideais políticos, e é neste encontro entre o poético e o documental que o filme se distingue. As condições frugais a bordo do barco e a luta diária para sobreviver são registadas por Vigo como parte integral da vida destas pessoas. Mas o filme mostra comentário social também na realidade fora do barco: numa cena em que Juliette é roubada, o seu assaltante acaba agredido violentamente por uma multidão, que por sua vez acaba agredida pela polícia; noutra sequência, Juliette procura emprego, mas só encontra filas desoladoras de homens à procura de trabalho. Esta preocupação em apresentar a realidade como algo que pede uma mudança é algo que Vigo desenvolveu nos seus primeiros filmes, ensaios para esta longa.
Este foi o grande filme de gangster do New Deal. Ao contrário de seus predecessores, como “Little Caesar” e “Public Enemy”, que tinham personagens carismáticos mas mal centralizados no contexto social da época, lançado em 1938, “Anjos de Cara Suja” apresentava uma visão mais cheia de nuances do que faz o homem moderno ser mau: um mau coração ou a culpa é da sociedade? Mais uma vez, James Cagney está inegavelmente superior a todos no elenco no papel que fez dele uma lenda. Seu rigor dramático e sua presença na tela é elétrica por onde quer que ele passe e – trocadilhos à parte – sobretudo no final, quando seu personagem caminha pelo corredor da morte. Mas os roteiristas fazem com que o público não se esqueça de que ele no fundo é um bom homem, apenas sucumbiu aos elementos cruéis do submundo e à pessoas como o personagem de um Bogart ainda em busca da fama, um vilão sem escrúpulo algum, que não hesita em matar um homem, se isso significa evitar o pagamento de uma dívida pesada. Vemos como ele interage com um grupo de jovens deliquentes (os “Dead End Kids”), cujas atividades tendem a enchê-lo com uma saudade pungente, mas sinceramente, divertida. E vê-lo terminar fazendo o que é certo pelo seu ex-parceiro no crime, agora um padre interpretado por Pat O’Brien. O que faz de seu personagem um autêntico anti-herói é saber que ele foi aprisionado pelas circunstâncias da vida e não pode fugir de uma vida de crimes, que é tudo o que ele conhece, e por conta disso quando está acuado, seu rosto se transforma, e se torna ameaçador. Rocky Sullivan é portanto o modelo básico de gangster que se inspirou em figuras reais e que o público aprendeu a admirar, tanto no cinema quanto na vida real. Seu personagem fascina mas do que o monótono padre Jerry Connolly.
Neste filme, o diretor Michael Curtiz mostra que era um autor a frente de seu tempo, enchendo a tela com imagens miseráveis da vida nas ruas. Isto não é para mero efeito dramático, mas para mostrar-nos porque Rocky é o que é e como é que ele encontra nisso a esperança para a sua redenção. Há almas a serem salvas e para o padre Connolly são Laurie e os meninos. Ele deve reassumir o seu amigo de infância e tentar ao menos salvar-lhe a alma, como ele mesmo foi salvo dos perigos da Mean Streets e permitiu que ele se tornasse o que era. Pode parecer uma escolha entre Deus e amizade que mantém o personagem distanciado da empatia da audiência. Mas quando o público se vê preso à um clímax atordoante e o desfecho segue para o momento derradeiro – a redenção de Rocky tão aguardada pelo padre mas até então improvável -, vemos o que está acontecendo por detrás do rosto de Connolly, em um cena que demonstra o talento sutil de Pat O’Brien. A questão que o filme levanta é se os valores pregados por Rocky eram mesmo frutos de uma ilusão, mas suficientes para realizar um milagre mesmo para o bom Padre Connolly, e se a sua redenção poderia mesmo provocar a salvação para aqueles meninos, cuja última imagem, os mostra desoladamente aceitando a notícia da queda do seu herói, um momento ao mesmo tempo triunfante e amargo. “Angels With Dirty Faces” soa como uma nota otimista que alguns podem considerar falsa, mas é um otimismo bem merecido pela honestidade da visão expressa.
“Anjos de Cara Suja” marcou toda uma época, quer pela atuação brilhante de James Cagney, que ganhou o seu primeiro prêmio importante – melhor ator em 1938 pela Associação de Críticos de Nova York, quatro anos antes de ganhar o Oscar de ator por “Yankee Doodle Dandy”, curiosamente um musical. Em segundo lugar, foi uma espécie de sequência (a primeira) de um filme Bowery Boys após a sua introdução em “Dead End”, do ano anterior. Curiosamente, naquele filme, Humphrey Bogart era o bandido “Baby Face” Martin, apreciado pela gangue de meninos. Aqui, porém, Bogart interpreta um advogado chamado Jim Frazier, que é covarde e cruel – um tipo bem diferente de Baby Face. Os Bowery Boys estão de novo às margens da lei e que o Padre Jerry Connelly está tentando manter no caminho certo. Aqui, no entanto, eles adoram Rocky, o ídolo marginal local, que cresceu no submundo e fez um nome para si mesmo. Mas Rocky é o mais antigo amigo de Jerry, e ele também está disposto a ajudar o padre com os meninos. A despeito dessa trama básica, existe uma subtrama envolvendo o personagem de Bogart e seu novo chefe, Mac Keefer (o injustamente esquecido George Bancroft) que obtiveram o controle de uma enorme quantia que pertence a Rocky, que a quer de volta. Em terceiro, há um ou dois pontos interessantes sobre a natureza histórica do desempenho de Cagney como Rocky. Há uma cena memorável de tiroteio no filme quando ele mata um policial e se esconde em um edifício que realmente aconteceu: Em 1931 houve um incidente em Manhattan, quando um bandido chamado “Two Gun” Crowley, fugindo após um homicídio, enfrentou a polícia em uma batalha que durou quase uma tarde inteira. Assim como Rocky, Crowley foi derrotado por gás lacrimogêneo e morreu na cadeira elétrica.
Para terminar, uma história interessante que o próprio James Cagney conta em sua biografia, sobre ter incorporado os maneirismos de Rocky de um viciado em drogas que ele conheceu em sua infância, em Yorkville. Em outra fonte, diz que Cagney veio de uma família pobre mas que sempre tivera comida em sua mesa e roupas para vestir, mas alguns de seus colegas de juventude não tiveram essa sorte, sobretudo um rapaz apelidado “Bootah” por conta das botas enormes que era forçado a usar, chamado Peter Haslin. A vida afastou os dois amigos, e em 5 de abril de 1926, Heslin envolveu-se em um assalto à mão armada quando foi impedido por um policial de folga, Charles H. Reilly, que foi baleado e morto. Também ferido, Heslin foi preso pouco depois, julgado, condenado e executado em 21 de julho de 1927. Naquela mesma noite, James Cagney estrelava o musical “Broadway” e tinha conhecimento da tragédia de seu amigo. Ele menciona a execução de “Bootah” em suas memórias, o que levanta uma pergunta: será que Cagney quando estava fazendo a cena da execução em “Anjos de Cara Suja”, pensou em seu amigo infeliz e acrescentou um pouco mais de força para os momentos finais do filme? http://assimerahollywood.wordpress.com/
Um dos mais famosos dramas criminais da história do Cinema, notável exemplar de uma série de filmes sobre gangsters dos anos 30 e um dos mais importantes trabalhos do diretor húngaro Michael Curtiz, que anos mais tarde teria seu nome imortalizado como o realizador de “Casablanca”. Curtiz trabalhou com um orçamento de apenas 600 mil dólares, mas conseguiu extrair grandes interpretações, sobretudo de James Cagney, que foi indicado para o Oscar naquele ano. Com uma direção segura, que faz bom uso dos cenários urbanos, da opressiva fotografia em preto e branco e de uma competente trilha sonora, resultaram em um dos maiores sucessos de bilheteria na época. Um dos grandes responsáveis por esse triunfo foi o roteiro extremamente realista e contundente, assinado por John Wexley e Warren Duff (baseado em história de Rowland Brown, para o qual contribuíram – não creditados – Ben Hecht e Charles MacArthur. Outros destaques do filme são para a trilha sonora de Max Steiner, a fotografia de Sol Polito, a direção de arte de Robert Haas e os figurinos de Orry-Kelly.
Baseada na obra "Night Bus", de Samuel Hopkins Adams, "Aconteceu Naquela Noite" é uma deliciosa comédia romântica, talvez a melhor da história do cinema.
Realizado pelo cineasta Frank Capra, o filme parte de um roteiro simples, porém magnificamente bem estruturado. Os diálogos são inteligentes. A direção de Capra é consistentemente muito boa.
Clark Gable e Claudette Colbert estão impecáveis nos papéis principais e, merecidamente, foram agraciados com os Oscars de Melhor Ator e Melhor Atriz.
Enfim, "Aconteceu Naquela Noite" é uma inesquecível e imperdível comédia romântica que comove e diverte ao mesmo tempo.
Baseado numa história de Lewis R. Foster, "A Mulher Faz o Homem" é um dos melhores filmes de todos os tempos. Produzida e dirigida pelo grande cineasta Frank Capra, essa comédia dramática gira em torno da corrupção na política e da grandeza daqueles que a ela resistem.
A trama mostra uma clássica luta entre o bem e o mal, um verdadeiro enfrentamento entre David e Golias. Se há uma clara mensagem que Capra pretende passar é a de que, por pior que seja a adversidade, nunca se deve perder a esperança. Embora se trate de uma produção de 1939, "A Mulher Faz o Homem" é um daqueles filmes destinados a não envelhecerem.
O trabalho de Capra é perfeito. Aliás, o filme é magnífico em quase todos os aspectos, o que justifica as 11 indicações ao Oscar por ele recebidas. Indicado ao Oscar de Melhor Ator, James Stewart foi injustiçado pela Academia ao perder a estatueta para Robert Donat, por sua atuação em "Adeus, Mr. Chips". Além de James Stewart, merecem também ser destacados, por seus respectivos papéis, os atores Claude Rains, Thomas Mitchell, Jean Arthur e Harry Carey.
Atrás das Linhas Inimigas 4: Missão África
2.6 18É mais um daqueles filmes que são feitos para serem lançados diretamente no mercado de DVD, no sistema de venda direta ao consumidor. Dessa forma o espectador já sabe bem o que encontrará pela frente, produção mais modesta, muita ação, pancadaria e clichês por todos os lados. O grupo Seal está na moda nos Estados Unidos porque foi justamente essa tropa de elite que executou o terrorista Bin Laden no Paquistão. O problema é que parece haver um certo exagero na capacidade desses soldados nesse roteiro. Só para se ter uma ideia, eles são capazes de feitos absurdos, como encarar toda uma cidade armada praticamente sozinhos. E o que dizer do momento em que apenas oito homens conseguem destruir todo um acampamento militar fortemente armado? São poucos homens, mas o que eles fazem em cada cena certamente deixará Rambo com inveja. Por falar nesse personagem, uma boa referência para esse filme vem justamente dos filmes de ação dos anos 80, com tudo de bom e ruim que isso possa significar. Lá pela terça parte final do filme temos uma pequena reviravolta, pena que sem maior interesse. Então é isso, nada de extraordinário, diria até banal.
http://pabloaluisio.blogspot.com.br/
Bala Perdida
2.0 10Este foi um filme medíocre. produção fraca e uma história mal executada sendo um thriller de ação carente de emoções e tende a testar a paciência do espectador;
O Apocalipse
1.8 556 Assista AgoraPara quem não conhece a história, O APOCALIPSE mostra o caos que se segue após o repentino desaparecimento simultâneo de milhões de pessoas ao redor do mundo, com foco na história do Capitão Rayford Steele (Cage), um piloto de um voo comercial que perde uma parte de sua tripulação em pleno ar. Enquanto isso, sua corajosa filha Chloe (Cassi Thomson) tenta descobrir mais sobre este misterioso desaparecimento, que pode estar ligado ao Arrebatamento, situação retratada na Bíblia como o evento que precede o Apocalipse.
Muito mal dirigido pelo coordenador de dublês e diretor de segunda-unidade Vic Armstrong, que aqui dirige apenas seu segundo filme em vinte anos de carreira (graças a Deus), O APOCALIPSE só funcionaria como uma série de TV, dado o tamanho da história que se estende ao longo de sete livros. Mas este ano, foi lançada a excelente série THE LEFTOVERS, que fala praticamente sobre a mesma coisa, mas de maneira incomparável.
Restou então aos gênios produtores deste fiasco esmagar o conteúdo do primeiro livro de maneira porca em um filme de 1h:40m, cortando sequências-chave e deixando cenas que não fazem diferença nenhuma para a trama.
Para fechar com “chave de ouro”, o filme não tem um pingo de suspense, e traz uma trilha-sonora incidental ridícula e efeitos-especiais que mais parecem saídos de uma produção da Troma.
Com um elenco fundo de quintal, um roteiro horroroso e uma execução pior ainda, este O APOCALIPSE é antes de qualquer coisa o atestado de que o único apocalipse que impressiona nesta história toda, é o da carreira de Nicolas Cage.
Um Álibi Perfeito
3.1 185 Assista AgoraNos primeiros minutos tive a impressão que o enredo ia se desenvolver baseado na sinopse, contando com algumas reviravoltas, mas com os lados bem definidos, Mitch (Dominic Cooper) como o advogado (na verdade ele é promotor) e Clinton (Samuel L. Jackson) como o assassino, porém o desfecho inicial é a porta de entrada para a trama central, onde os lados não permanecem assim, tão bem delimitados.
O filme passa muito rápido, são 90 minutos para uma trama que deveria ser explorada por no mínimo 120 minutos. Isso porque existe uma série de elementos que poderiam ser trabalhados com mais detalhes e cuidados, algumas situações são muito corriqueiras e acabam por ser desvalorizadas. Isso fica evidente no desfecho final, saímos daquele clima de perseguição e pulamos direto para os créditos finais… o final deixou muito a desejar.
O enredo é clichê, não traz nenhum diferencial, mas mesmo assim consegue prender a atenção e no todo o filme é bom. A trama que inicialmente parece um filme de investigação e tribunal, dá lugar para um thriller intenso, com reviravoltas bem construídas, só o que faltou foi um desfecho final mais interessante, foi o clichê do clichê do previsível, infelizmente.
http://www.dulapa.com.br/
Risco Imediato
2.6 125 Assista Agora- Acho que poucas vezes em Hollywood existiu um ator que trabalhasse tanto. Ultimamente, James Franco tem atuado em tantas produções, que imagino que seja difícil em alguns momentos para o astro se definir entre projetos que acrescentem alguma coisa à sua ocupada carreira, e outras que ele poderia muito bem deixar passar em branco.
Este previsível suspense DÍVIDA DE SANGUE (GOOD PEOPLE) por exemplo, apesar de ter algumas qualidades, é apenas mais uma produção lugar-comum em que o astro está envolvido.
No filme, Franco e a bela Kate Hudson (que parece ser à prova de envelhecimento) interpretam Tom e Anna Wright, um casal americano vivendo na Inglaterra.
Afundado em dívidas e à beira de serem despejados da modesta casa onde vivem, o casal é surpreendido ao encontrarem o inquilino do porão que alugam, morto por overdose de drogas.
No entanto, Tom e Anna parecem ter encontrado a sorte grande ao perceber que o homem deixou uma mala cheia de dinheiro escondida no local, e após alguma discussão, decidem ficar com ela e usar o dinheiro para resolver suas dívidas.
Mas não vai demorar muito para os verdadeiros donos do dinheiro começarem a procurar pela grana…
Filme de estréia em solo americano do diretor dinamarquês Henrik Ruben Genz, DÍVIDA DE SANGUE sofre de um mal que vem crescendo nas produções do gênero nos últimos tempos: O filme começa bem melhor do que termina.
A primeira metade do filme é ótima, promissora, imprevisível e com bastante suspense.
No entanto, o filme descamba para os clichês do gênero em sua metade final, parecendo até que a boa roteirista Kelly Masterson (do excelente ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO) ficou com preguiça de terminar o texto.
O filme ganha alguns pontos com a presença dos ótimos Tom Wilkinson (CONDUTA DE RISCO) e Omar Sy (INTOCÁVEIS), mas é pouco para tirar a produção do pool dos filmes comuns. Nada de novo
http://www.gallomovies.com/critica-divida-de-sangue-good-people/
Perseguição Virtual
2.7 108O thriller PERSEGUIÇÃO VIRTUAL (OPEN WINDOWS) é o exemplo perfeito de uma idéia original e ousada desperdiçada em uma execução exageradamente confusa.
A impressão que se tem é de que o jovem e promissor diretor e roteirista espanhol Nacho Vigalondo (de segmentos nas antologias de Horror OS ABCs DA MORTE e V/H/S VIRAL) teve tantas idéias que acabou não conseguindo colocá-las no papel. Ou se conseguiu colocá-las, não foi capaz de executá-las com clareza.
O filme conta a história de Nick (Elijah Wood, meio que repetindo seu papel de vítima por acaso que interpretou no suspense TOQUE DE MESTRE), um blogueiro que ganhou um sorteio onde o cobiçado prêmio é um jantar com sua atriz favorita, a mega-star Jill Goddard (a ex-estrela pornô Sasha Grey, de CONFISSÕES DE UMA GAROTA DE PROGRAMA), a quem o blog de Nick é dedicado.
No entanto, enquanto espera pelo encontro num quarto de hotel, Nick tem seu laptop invadido por um hacker que se auto denomina Chord (Neil Maskell, de KILL LIST), que tem outros planos para a noite de Nick e Jill. Planos um tanto quanto macabros…
A grande sacada de PERSEGUIÇÃO VIRTUAL é curiosamente o motivo de seu fracasso:
Mantendo a já irritante tendência de filmagem em primeira pessoa, Vigalondo tenta diferenciar utilizando em 70% do filme apenas filmagem oriunda da câmera do computador de Nick. Ou seja, o público assiste à boa parte do filme através das janelas abertas no laptop do protagonista (daí o título original do filme, OPEN WINDOWS).
Mas o que seria uma original maneira de conceber um filme, acaba se tornando um tormento com o passar do tempo, já que a edição desastrosa do filme acaba arruinando a experiência, e o filme funciona melhor quando assume uma postura mais convencional, em seu terço final.
O suposto “final surpresa” do filme também não funciona, e acaba soando terrivelmente forçado e improvável.
No elenco, Wood se esforça no papel como sempre, e a ex-estrela pornô Sasha Grey não compromete, além de ser lindíssima.
PERSEGUIÇÃO VIRTUAL mostra que o criativo e ousado Nacho Vigalondo pode sim ter vida longa em Hollywood, mas com certeza o filme também mostra que ele precisa refinar sua técnica.
http://www.gallomovies.com/critica-perseguicao-virtual-open-windows/
Profissão de Risco
2.5 91 Assista AgoraDirigido pelo estreante David Grovic e escrito em parceria com o também inexperiente Paul Conway, aproveitando-se do roteiro já feito (mas nunca produzido) de James Russo, “Profissão de Risco” (“The Bag Man” no título original, e “Motel”, no primeiro roteiro de Russo) acompanha a jornada de Jack (John Cusack), um assassino de aluguel que precisa entregar uma misteriosa sacola a seu chefe, Dragnar (Robert De Niro), recebendo instruções veementes para não olhar o que há dentro dela. Acertados de se encontrarem em um determinado motel, as coisas saem um pouco de controle e não ocorrem exatamente como o esperado.
Com um sopro noir, o longa se desenvolve criando uma atmosfera de tensão e suspense envolvente no melhor estilo “não olhe dentro da sacola”, já tradicional em filmes do gênero. A semelhança entre o motel que serve como cenário para a maior parte das cenas com o Bates Motel de Norman e Norma Bates, do “Psicose” de Alfred Hitchcock (e da atual série de sucesso), impressiona. Neste sentido, o fato de o roteiro pré-concebido de James Russo se chamar justamente “Motel” não parece uma simples casualidade, principalmente quando notamos também certa similaridade entre a femme fatale presente aqui e as loiras de Hitchcock. Uma (não tão) discreta homenagem parece ter sido cuidadosamente pensada, ainda que a trama desta obra passe longe das geniais e já consagradas do mestre do suspense.
A direção de Grovic é irregular, de pouca inspiração, criando composições óbvias e que pouco dizem sobre os personagens e seus conflitos internos. Contribui para isso também um design de produção burocrático, que não acrescenta nenhum elemento interessante extra à narrativa, além de uma trilha pouco instigante, esta de responsabilidade de Tony Morales e Edward Rogers. Ainda assim, o estreante é feliz ao estabelecer rimas visuais e sonoras que permeiam toda a película, desde o número do quarto em que o protagonista está hospedado, até simples afirmações que serão retomadas mais à frente de forma coerente, dando coesão e solidez à narrativa.
Apesar de uma parte técnica pouco atuante, é na qualidade dos atores e no clima pesado construído de maneira eficiente que o longa encontra sua força principal. A dinâmica estabelecida entre o personagem de Cusack e a enigmática Rivka da brasileira Rebecca da Costa prende a atenção do espectador de modo satisfatório, em nenhum momento deixando a tensão descambar para obviedades ou decisões previsíveis. Sem contar um Robert De Niro seguro, que além de todas as qualidades como ator, também serve para dar estofo ao cast, sendo essencial sob aspecto comercial, de distribuição e divulgação do projeto.
Se por um lado a construção de uma atmosfera sombria de suspense e tensão é eficiente, por outro o roteiro peca ao apostar em indivíduos caricatos, com motivações aparentemente vazias e mal desenvolvidas, sendo explicadas em meia dúzia de palavras jogadas de maneira apressada no meio da projeção. Amarrando as pontas soltas da forma mais pedestre possível, Grovic e Conway ainda introduzem um pretensioso e falho flashback na cena final que mais serve para confundir e bagunçar a trama do que propriamente para acrescentá-la um toque especial que certamente seria muito bem-vindo, caso bem orquestrado.
Assim, não existe outra palavra mais adequada para definir este “Profissão de Risco” do que ‘irregular’. Como suspense, funciona na maior parte do tempo, apoiado em uma tensão constante e em atores engajados no desafio. Sob o ponto de vista técnico e da construção dos personagens, é falho e não apresentada nada de muito novo, o que torna ainda mais louvável o trabalho dos atores envolvidos, que realmente tiveram que tirar “leite de pedra”.
http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/330508/profissao-de-risco-2014-um-suspense-irregular-mas-divertido/
Jogo Sujo
2.4 29 Assista grátisAnos atrás, quando você lia o nome de Jean-Claude Van Damme em filme, seu cérebro se encarregava de estabelecer ligações com artes marciais e muita pancadaria. Ele foi um dos maiores atores do gênero ação da década de 1990, e seus filmes B arrastaram uma legião de fãs para os cinemas. Nas duas últimas décadas, com o avanço do mercado home video, JCVD tem participado de longas com muito pouco conteúdo. Já abordei isto aqui no site, mas cada vez fica mais claro que seu nome parece estar relacionado mais a fatores comercias do que com a ação propriamente dita. Swelter não me deixa mentir. Apesar de Van Damme ser anunciado como um protagonista, seu personagem é usado de forma bizarra. Os poucos diálogos afundam uma história que já começa condenada ao fracasso.
Que fique claro: tudo neste filme foi porcamente montado. Os cenários são péssimos, as vestimentas são precárias (na maior parte do filme os personagens vão usar a mesma roupa, apesar das história se desenrolar por vários dias), o roteiro é cheio de furos e a mistura de drama, ação e western chega a ser engraçada. O filme apresenta a história de um grupo de ladrões que busca recuperar os 10 milhões de dólares obtidos durante um assalto que acabou na prisão da maioria dos integrantes da gangue. Os bad guys chegam em uma pacata cidade e fazem dela um verdadeiro inferno. Para prender a atenção do público, vários clichês são atirados para o público, e o modesto xerife local vira vilão de uma hora pra outra. Isso sem mencionar a total falta de personalidade dos protagonistas, que agem como bonecos de vídeo game nas poucas cenas de ação (que na verdade parecem robotizadas com a falta de capricho das apressadas tomadas).
O mais triste (e cômico) é que os produtores compararam sua produção com três filmes de ponta: Reservoir Dogs, A History of Violence e High Plains Drifter. Caso tivessem em mente desde o primeiro dia de filmagens tomar um rumo um pouco mais humilde e fazer deste filme B uma produção simples mas com uma boa história, não tenho dúvidas de que Swelter seria bem melhor do que a encomenda. Mas vemos aqui mais um exemplo de como não se fazer um longa metragem.
http://dalenogare.com/2014/07/swelter-2014/
Voo 7500
2.0 381 Assista AgoraCom um suspense terrivelmente frouxo, efeitos-especiais de quinta e uma direção completamente equivocada de Shimizu, o filme é um desastre completo.
Monstros
4.3 509 Assista AgoraFreaks é o nome do polêmico filme de terror de 1932, dirigido e produzido por Tod Browning que foi inspirado na obra se seu xará, Tod Robbins. Desde sua finalização vem causando grande impacto nos telespectadores desavisados, sendo que em sua época de lançamento, grande parte dos diretores da Metro Goldwin Mayer (MGM Studios) se opuseram a mostrar o show de horrores temendo a reação do público (e estavam certos). A idéia inicial era se criar um filme que pudesse fazer frente ao tremendo sucesso do estúdio rival, a Universal studios, que havia lançado "Frankenstein" de James Whale. Mas o tiro saiu pela culatra e o filme acabou sendo retirado de cartaz devido ao apelo público negativo.
O filme "Freaks" retrata a rotina de um circo onde uma bela trapezista chamada Cleopatra seduz e se casa com um anão chamado Hans, que é herdeiro de uma enorme fortuna. Mas o que Hans não sabe é que sua amada é amante de Hércules, o homem-forte que também trabalha no circo. Juntamente com esse trio o circo conta com uma enorme variedade de pessoas deformadas que servem de atração nas apresentações (estilo circo dos horrores). E essas pessoas deficientes e deformadas formam uma família muito unida, união essa reforçada pelas suas próprias deficiências em comum. Mas assim que a trapezista se casa com o bobo anão Hans, seu plano fica claro para todos, que é, obviamente, se livrar do anão para ficar com sua fortuna. Só que o que ela e o amante não contavam é com a união da família circense e o quanto eles podem ser realmente FREAKS.
No filme, os "freaks" na verdade são as pessoas honradas e bondosas, enquanto que os verdadeiros monstros são as pessoas consideradas belas e normais.
Em 1994, o filme foi selecionado como o décimo quinto filme mais assustador de todos os tempos por uma rede de TV norte americana.
Uma curiosidade interessante sobre este filme foi o aparecimento em inglês do termo “Freaks” para designar algo ou alguém anormal, estranho, marginal, tão utilizado atualmente no mundo todo.
http://ocalafrio.blogspot.com.br/2013/06/filme-freaks-1932.html
Senhoritas em Uniforme
3.9 38 Assista AgoraInovador e polêmico A Censura na Alemanha Nazista
Inovador e polêmico para sua época, Mädchen in Uniform foi o primeiro filme a contar com um elenco totalmente feminino, ousando abordar nas telas um tema tão delicado como o homoerotismo (atração erótica entre membros do mesmo sexo). O filme causou alguns impactos em grupos de lésbicas que foram abafados pelo grande sucesso alcançado pelo mesmo. Mädchen in Uniform alcançou grande sucesso fora da Alemanha, principalmente na Romênia, recebendo prêmios como: Best Technical Perfection no Festival de Cinema de Veneza e Melhor Filme de Língua Estrangeira no Kinema Junpo Award em 1932 e 1934, respectivamente.
Porém, o regime nazista considerou a obra decadente e tentou destruir todas as cópias disponíveis pelo país, além de perseguir todos os produtores e atrizes com descendência judaica. Apesar disso, o filme abriu espaço para que novas produções, abordando o mesmo tema, fossem produzidos nos anos que se seguiram, sobretudo a obra Anna and Elisabeth de 1933, novamente com Hertha e Dorothea no elenco. Conta-se que em 1949 Dorothy Bussy inspirou-se na história do filme para a produção de seu livro Olivia. A obra de Leontine Sagan permaneceu censurada até a década de 70 em território alemão, tendo sua exibição liberada novamente em 1977 por alguns canais de televisão.
Por fim, em 1994 foi lançada em vídeo nos EUA e em 2000 no Reino Unido. Neste intervalo de severa censura, em 1958 a história ganhou uma segunda versão para o cinema sob a direção de Géza von Radványi com algumas mudanças significativas no roteiro, tendo nos papeis principais Romy Schneider (Manuela) e Lilli Palmer (Fräulein von Bernburg).
http://allclassics.blogspot.com.br/
Mata Hari
3.9 35 Assista AgoraMata Hari está aquém dos maiores sucessos de Greta Garbo, como Dama das Camélias ou Ninotchcka. Esse filme é, sobretudo, uma sinfonia da imagem. A dança sensual, o flerte, o caminho para a execução: são imagens que ficam em nossa mente, não a trama. Mesmo que não seja fidedigna, é para esse propósito que veio a escolha de Garbo para o papel principal: construir a imagem misteriosa e sensual da mítica espiã. E, mais uma vez, Garbo desempenha perfeitamente seu papel.
http://criticaretro.blogspot.com.br/
Sem Novidade no Front
4.3 140 Assista Agora"Sem Novidades no Front" é um excelente filme, um dos maiores anti-guerras já realizados. Partindo de um magnífico roteiro, assinado por George Abbott e Del Andrews, Lewis Milestone realiza um trabalho inesquecível, ao narrar a história de um grupo de estudantes que se alistam e são enviados ao front da 1ª Guerra Mundial.
O roteiro, muito bem escrito, baseia-se num livro do escritor alemão, Erich Maria Remarque, e procura mostrar a tragédia que uma guerra representa.
"Sem Novidades no Front" conta ainda com uma bela fotografia e algumas boas interpretações. Lew Ayres, basicamente no início de sua carreira, com seus 22 anos, faz um bom trabalho como o jovem Paul Bäumer.
A Grande Jornada
3.9 15Um filme grandioso que mostra um jovem que lidera um grande grupo de pioneiros ao longo da grande jornada ao oeste dos estados unidos, e no caminho enfrenta ataques de índios, desastres naturais e as complicações românticas que toda aventura deve ter.
Ótimas atuações e excelente produção, sendo o primeiro grande filme de faroeste com som.
Foi o primeiro grande papel de John Wayne, que me pareceu "impossivelmente jovem"
Como sempre ele faz o papel do herói e vai aos poucos dominando o filme.
Tyrone Power (Red Flack), faz um vilão maravilhoso, repulsivo mesmo. Tully Marshall é impressionante como um homem da montanha, astuto e velho, que ajuda a guiar o comboio.
The Big Trail foi filmado através de um processo de tela ampla, chamado Grandeur, que preenche cada parte da tela com a ação. Durante as cenas de multidão todos estão ocupados fazendo algum trabalho real, e isso acrescenta muito realismo nessas sequências.
The Big Trail não foi um sucesso de bilheteria e a maioria do elenco caiu na obscuridade, incluindo Wayne, que só retornou às grandes produções em 1939, quando John Ford o resgatou em Stagecoach, por aqui chamado de "No tempo das diligências", que a lenda John Wayne iria começar a sério.
O Anjo Azul
4.2 86 Assista Agora"O Anjo Azul" trata de auto-destruição e degradação, assuntos altamente suspeitos para a época, com o nazismo em plena ascensão. O filme de Sternberg transformou-se numa obra-prima da transição do expressionismo para o realismo alemão, e projetou Dietrich para o mundo. A história é essencialmente sobre o amor e o que ele pode fazer com uma pessoa.
As atuações de Marlene Dietrich e Emil Jannings são maravilhosas, a atmosfera é emocionante e a trilha sonora, fabulosa
http://www.70anosdecinema.pro.br/
A Divorciada
3.6 20Inicialmente, Norma Shearer, nem fora cogitada para interpretar Jerry Martin, pois não a achavam nada sexy para a personagem. Para convencer os produtores, entre eles seu então marido Irving Thalberg, Shearer fez uma sessão de fotos especiais, onde posa com uma langerie provocante. E só então os produtores lhe cederam o papel. E essa decisão valeu a pena, pois Shearer ganhou o Oscar de melhor atriz daquele ano.
A escolha inicial para interpretar Jerry Martin foi Joan Crawford , que supostamente nunca perdoou Shearer por usurpar seu papel.
A Divorciada foi lançado em DVD pela Warner Home Video em 8 de março de 2008, juntamente com A Alma Livre (também estrelado por Norma Shearer)
Assassinato
3.4 34 Assista AgoraEm 1930, ano de lançamento de Assassinato! (assim mesmo, com ponto de exclamação), Hitchcock já podia se considerar um diretor consolidado na Inglaterra. Com vários sucessos em seu currículo (e também alguns fracassos), o diretor havia decidido trabalhar com obras de suspense, um gênero em que ele geralmente obtinha os resultados mais satisfatórios (um dos melhores filmes de sua fase muda foi justamente o thriller O Inquilino, de 1927). Seu primeiro filme falado (e também considerado o primeiro da Ingleterra), Chantagem e Confissão, havia estourado nas bilheterias devido à boa história e ao uso criativo do som por parte de Hitch. O cineasta havia provado, ainda com 30 anos, que sabia contar uma história, migrando com maestria e sem esforço do cinema mudo para o falado. Mas isso não significava que ele nunca mais tropeçaria com seus filmes posteriores.
Infelizmente, Hitchcock já pisou na bola logo no seu segundo filme com som. O fato de Assassinato! não ser um de seus melhores filmes é justificável por ser, tecnicamente, o seu terceiro filme de suspense (os outros de sua carreira podem ser considerados ou comédias, como Champagne, ou melodramas, como O Ringue). O gênero, apesar de já gerar inúmeros filmes naquela época, ainda não possuía suas especificidades ou características delimitadas (Hitch vai ser um dos maiores cineastas responsáveis a “moldar” o gênero e torná-lo o que é hoje). O cineasta, então, adotou uma postura equivocada em relação a alguns aspectos do filme, algo que nunca aconteceria mais adiante em sua carreira.
Dito isso, vamos ao filme. Ele gira em torno do ator de teatro Sir John Menier (Herbert Marshall), que é chamado para compor um júri de um caso de assassinato. A ré é também uma atriz dos palcos londrinos, chamada Diana (Norah Baring), acusada de assassinar uma colega de trabalho com um atiçador de fogo. À lá Doze Homens e Uma Sentença (brilhante filme de tribunal de Sidney Lumet), ele tenta convencer os outros jurados da inocência de Baring, mesmo não tendo um argumento plausível para justificar sua posição. Ele fracassa em sua tentativa, e Diana é condenada à forca (como os tempos mudaram, não?). A partir daí, Sir John embarca em uma corrida contra o tempo para coletar provas e impedir que a moça seja enforcada por um crime que, segundo ele, ela não cometeu.
A estrutura de Assassinato! se assemelha à de Mulher Pública, no sentido de termos um início interessante e que instiga a nossa curiosidade, um meio que desaponta, só retomando o seu rumo no final, quando já não nos interessamos mais pela trama. O começo deste filme é ainda melhor que o de Mulher Pública, porque dessa vez todas as informações necessárias à compreensão da história nos são fornecidas. Descobrimos, pela perspectiva de transeuntes que invadem a casa de Diana, a moça, num estado de transe, ao lado do corpo de sua colega (que também era seu desafeto). Depois, corta-se para a ótima cena de deliberação dos jurados, onde Hitch reúne os mais diversos tipos da sociedade britânica do período. Esse trecho é um dos melhores do filme não só por todos os preconceitos e hipocrisias dos ingleses virem à tona, mas também porque Hitchcock inseriu algumas gags hilárias, como uma interminável repetição das mesmas falas (o que até hoje é utilizado em filmes de comédia).
Entretanto, assim que Sir John começa a sua investigação, o filme começa a derrapar. Eis os diversos motivos: primeiramente, Hitch nos envolve totalmente com o conflito inicial: Diana é a assassina? Ou Sir John está certo, e ela não teve qualquer relação com o caso? Só que essas perguntas são totalmente postas de lado e a personagem de Diana não vai ser mostrada de novo até o final. Quando Sir John se torna o protagonista da história, sentimo-nos traídos porque ele não é um bom personagem, ao contrário da misteriosa Diana. O que nos leva ao segundo motivo: com Sir John à frente do longa, o filme perde toda a tensão que havia conseguido no início. Ao invés de tentar descobrir o verdadeiro assassino o mais rápido possível, ele prefere divagar sobre como a arte do teatro pode ser útil no dia-a-dia e jantar com possíveis aliados na sua busca. Com isso, é só a partir dos 50 minutos que o ator realmente realiza ações que realmente podem ajudar Diana a se livrar da morte certa. O terceiro grande problema de Assassinato! é que, quando finalmente o filme parece entrar nos trilhos, Hitchcock perde tempo demais em cada local da investigação, tornando quase toda cena monótona e sem um pingo de emoção. E emoção deveria ser a palavra-chave, já que, além de a vida de uma mulher supostamente inocente está em risco, John parece nutrir sentimentos amorosos por Diana (nunca bem explicados ou explorados).
É no final que Hitch vai se redimir, com cenas que só a sua mente poderia criar. Um exemplo é uma montagem de gelar a espinha, em que o cineasta mostra a passagem do tempo (que voa, voa…) ao mesmo tempo em que a sombra do cadafalso de Diana fica cada vez maior. Ou então novamente a cena em que Hitchcock aborda a culpa de modo criativo, com o/a responsável pelo crime vendo um a um o rosto das pessoas que prejudicou. O clímax é tão asfixiante e excitante que fica difícil pensar como o filme dá um salto de qualidade em questão de minutos. Infelizmente, o foco de Assassinato! é a busca de Sir John pelo culpado, que é, sem dúvida, a parte menos interessante da produção.
Assim como em Chantagem e Confissão, Hitch também aproveita a chance de experimentar com a nova ferramenta do cinema: o som. Aqui, as inovações ficam por conta dos pensamentos de personagens, que (segundo a pesquisa que fiz) pela primeira vez puderam ser ouvidos em um filme. O diretor também flertou aqui com a crítica social, que não é muito presente na sua filmografia (tanto antes quanto depois de Assassinato!). Um elemento essencial ao filme é o preconceito racial, mas explicar o por quê seria estragar o desfecho do filme.
Vejo Assassinato! como um filme que poderia ser tão divertido e importante quanto Chantagem e Confissão, mas acabou sendo um filme “normal”: não há de nada que se destaque nele. Mas a relação de Hitch com o suspense estava só começando, e nesse estágio é comum haver erros. Por sorte, nosso diretor evoluiu muito, tanto que se tornou o Mestre desse gênero que hoje é tão popular no mundo todo. E, como é errando que se aprende, só temos que agradecer a existência de Assassinato!.
http://cineanalise.wordpress.com/
Ninotchka
4.1 113 Assista Agora"Ninotchka" é uma excelente comédia romântica que procura satirizar o sistema político comunista da União Soviética. Produzido e dirigido por Ernst Lubitsch, o filme parte de um magnífico roteiro adaptado de uma obra de Melchior Lengyel.
Os diálogos são inteligentes e a direção de Lubitsch é consistentemente boa. A química entre Melvyn Douglas, que apresenta uma grande atuação, e Greta Garbo, maravilhosa como sempre, é simplesmente perfeita.
A confrontação entre os sistemas capitalista e socialista é exagerada e caricaturada, mas provoca muitas risadas.
No Tempo das Diligências
4.1 142 Assista AgoraClássico fundamental do mestre John Ford, modelo básico para os westerns posteriores e referência obrigatória em qualquer antologia cinematográfica, impecável em todos os níveis. Com direção precisa, bela fotografia de Bert Glennon e trilha sonora de Richard Hageman, Franke Harling, John Leipold e Leo Shuken premiada com o Oscar valorizam ainda mais esta obra prima do cinema. Foi o filme que fez a carreira de John Wayne finalmente deslanchar depois de quase uma década e meia de papéis insignificantes, e deu a Thomas Mitchell, no papel do médico bêbado que precisa fazer um parto durante a viagem das diligências, o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Baseado no conto “Stage to Lordsburg”, de Ernest Haycox, com roteiro de Dudley Nichols, consolidou o western como um dos mais importantes gêneros do Cinema. Foi refilmado em 1966, como “A Última Diligência”, e para a TV, em 1986.
O Atalante
4.1 60 Assista AgoraL’Atalante (O Atalante, 1934) é um filme dos primórdios do cinema, que supera o teste do tempo, de uma sensibilidade e beleza imensa poucas vezes igualada desde então. O primeiro e único filme de longa duração de Jean Vigo, que morreria pouco depois da conclusão de L’Atalante com apenas vinte e nove anos, é um filme sobre personagens abandonadas pela sociedade, tendo sido esquecido durante décadas em salas de arquivos. Ensombrado pela história maldita da vida e morte de Vigo, o filme que sofreu várias mutações até à sua eventual restauração é uma parte essencial do mito formado em torno da figura do realizador e uma prova de que importa preservar o seu legado na memória corrente.
O filme começa com um casamento, ou melhor, com a procissão dos recém-casados desde a igreja até ao seu novo destino, seguida com espanto pelos habitantes da aldeia. Esta espécie de preâmbulo a pé até um batelão onde o filme ameaça deixar-se ficar, apresentado assim sem qualquer contexto este romance, serve para empurrar as duas personagens principais para o centro do filme, e anunciar as intenções visuais do mesmo, situadas entre um lirismo impressionista com toques surreais e um realismo documental. São desde logo inesquecíveis os planos dos habitantes nas margens a olhar para o barco, à medida que este avança, e as paisagens que vão surgindo no princípio desta viagem. A bordo desta barcaça, que será ao mesmo tempo local de trabalho e de lua-de-mel improvisada, convivem o casal (Jean e Juliette), um velho ajudante e um rapaz mais novo, numa espécie de família disfuncional.
Se no início do filme tudo parece correr bem entre o jovem casal, com Vigo a pontuar o romance nascente com jogos de sedução e troca de afectos, aos poucos a monotonia da viagem e as duras condições de vida a bordo começam a arrefecer a relação entre os dois – numa das cenas iniciais vemos Juliette (interpretada por Dita Parlo) na proa do barco a olhar com melancolia para o futuro, e Jean em dificuldades para chegar perto dela. Desiludida com o rumo da sua vida, Juliette encontra no velho ajudante do barco, Jules, um marinheiro marcado pelos anos acumulados no mar, impertinente e de modos rudes, as histórias de aventura e o exotismo de terras longínquas que procura. Ainda assim, aquando de uma prometida visita a Paris, e depois de uma falhada saída romântica com Jean, Juliette acaba por sucumbir à curiosidade e abandona o barco, marcando o início do terceiro acto do filme e a necessidade de resolver o desencontro entre o par.
A história de L’Atalante não é mais do que uma simples variação da fórmula amor encontrado / amor perdido, uma divagação sobre desamores e reencontros. O argumento foi, na verdade, imposto a Vigo pelo seu produtor, depois de o seu filme anterior Zéro de conduite (Zero em Comportamento, 1933) não só ter falhado junto da crítica e público, mas ter sido banido devido ao seu conteúdo radical. Vigo viu-se na necessidade de apresentar uma obra mais acessível para continuar a ser financiado, mas aproveitou a oportunidade para expandir a sua visão autoral. Como refere Michael Temple no seu livro sobre o realizador, se a linha narrativa do argumento que prende o filme será a prosa, Vigo encontra espaço nas entrelinhas para escapar da estrutura mais convencional e dotar o filme com momentos poéticos, que o libertam para uma maior sensibilidade. Vários exemplos sublinham esta intenção de Vigo: desde os planos em que as personagens são envoltas pelo nevoeiro do rio no barco, assemelhando-se lentamente a figuras fantasmagóricas; à sequência de imagens subaquáticas quando Jean mergulha na água à procura de uma visão de Juliette; ou uma sequência de montagem alternada entre os dois, já separados e deitados em camas distantes mas a pensar um no outro, numa alucinação febril.
Rejeitando os moralismos fáceis da história que lhe foi inicialmente proposta, Vigo escolhe mostrar-nos empatia pelas personagens, e esse olhar humanista é uma das virtudes que o filme nos ensina. Com recurso a elementos próximos do documentário, Vigo pretende também aproximar o filme dos seus ideais políticos, e é neste encontro entre o poético e o documental que o filme se distingue. As condições frugais a bordo do barco e a luta diária para sobreviver são registadas por Vigo como parte integral da vida destas pessoas. Mas o filme mostra comentário social também na realidade fora do barco: numa cena em que Juliette é roubada, o seu assaltante acaba agredido violentamente por uma multidão, que por sua vez acaba agredida pela polícia; noutra sequência, Juliette procura emprego, mas só encontra filas desoladoras de homens à procura de trabalho. Esta preocupação em apresentar a realidade como algo que pede uma mudança é algo que Vigo desenvolveu nos seus primeiros filmes, ensaios para esta longa.
Anjos de Cara Suja
4.0 53 Assista AgoraEste foi o grande filme de gangster do New Deal. Ao contrário de seus predecessores, como “Little Caesar” e “Public Enemy”, que tinham personagens carismáticos mas mal centralizados no contexto social da época, lançado em 1938, “Anjos de Cara Suja” apresentava uma visão mais cheia de nuances do que faz o homem moderno ser mau: um mau coração ou a culpa é da sociedade? Mais uma vez, James Cagney está inegavelmente superior a todos no elenco no papel que fez dele uma lenda. Seu rigor dramático e sua presença na tela é elétrica por onde quer que ele passe e – trocadilhos à parte – sobretudo no final, quando seu personagem caminha pelo corredor da morte. Mas os roteiristas fazem com que o público não se esqueça de que ele no fundo é um bom homem, apenas sucumbiu aos elementos cruéis do submundo e à pessoas como o personagem de um Bogart ainda em busca da fama, um vilão sem escrúpulo algum, que não hesita em matar um homem, se isso significa evitar o pagamento de uma dívida pesada. Vemos como ele interage com um grupo de jovens deliquentes (os “Dead End Kids”), cujas atividades tendem a enchê-lo com uma saudade pungente, mas sinceramente, divertida. E vê-lo terminar fazendo o que é certo pelo seu ex-parceiro no crime, agora um padre interpretado por Pat O’Brien. O que faz de seu personagem um autêntico anti-herói é saber que ele foi aprisionado pelas circunstâncias da vida e não pode fugir de uma vida de crimes, que é tudo o que ele conhece, e por conta disso quando está acuado, seu rosto se transforma, e se torna ameaçador. Rocky Sullivan é portanto o modelo básico de gangster que se inspirou em figuras reais e que o público aprendeu a admirar, tanto no cinema quanto na vida real. Seu personagem fascina mas do que o monótono padre Jerry Connolly.
Neste filme, o diretor Michael Curtiz mostra que era um autor a frente de seu tempo, enchendo a tela com imagens miseráveis da vida nas ruas. Isto não é para mero efeito dramático, mas para mostrar-nos porque Rocky é o que é e como é que ele encontra nisso a esperança para a sua redenção. Há almas a serem salvas e para o padre Connolly são Laurie e os meninos. Ele deve reassumir o seu amigo de infância e tentar ao menos salvar-lhe a alma, como ele mesmo foi salvo dos perigos da Mean Streets e permitiu que ele se tornasse o que era. Pode parecer uma escolha entre Deus e amizade que mantém o personagem distanciado da empatia da audiência. Mas quando o público se vê preso à um clímax atordoante e o desfecho segue para o momento derradeiro – a redenção de Rocky tão aguardada pelo padre mas até então improvável -, vemos o que está acontecendo por detrás do rosto de Connolly, em um cena que demonstra o talento sutil de Pat O’Brien. A questão que o filme levanta é se os valores pregados por Rocky eram mesmo frutos de uma ilusão, mas suficientes para realizar um milagre mesmo para o bom Padre Connolly, e se a sua redenção poderia mesmo provocar a salvação para aqueles meninos, cuja última imagem, os mostra desoladamente aceitando a notícia da queda do seu herói, um momento ao mesmo tempo triunfante e amargo. “Angels With Dirty Faces” soa como uma nota otimista que alguns podem considerar falsa, mas é um otimismo bem merecido pela honestidade da visão expressa.
“Anjos de Cara Suja” marcou toda uma época, quer pela atuação brilhante de James Cagney, que ganhou o seu primeiro prêmio importante – melhor ator em 1938 pela Associação de Críticos de Nova York, quatro anos antes de ganhar o Oscar de ator por “Yankee Doodle Dandy”, curiosamente um musical. Em segundo lugar, foi uma espécie de sequência (a primeira) de um filme Bowery Boys após a sua introdução em “Dead End”, do ano anterior. Curiosamente, naquele filme, Humphrey Bogart era o bandido “Baby Face” Martin, apreciado pela gangue de meninos. Aqui, porém, Bogart interpreta um advogado chamado Jim Frazier, que é covarde e cruel – um tipo bem diferente de Baby Face. Os Bowery Boys estão de novo às margens da lei e que o Padre Jerry Connelly está tentando manter no caminho certo. Aqui, no entanto, eles adoram Rocky, o ídolo marginal local, que cresceu no submundo e fez um nome para si mesmo. Mas Rocky é o mais antigo amigo de Jerry, e ele também está disposto a ajudar o padre com os meninos. A despeito dessa trama básica, existe uma subtrama envolvendo o personagem de Bogart e seu novo chefe, Mac Keefer (o injustamente esquecido George Bancroft) que obtiveram o controle de uma enorme quantia que pertence a Rocky, que a quer de volta. Em terceiro, há um ou dois pontos interessantes sobre a natureza histórica do desempenho de Cagney como Rocky. Há uma cena memorável de tiroteio no filme quando ele mata um policial e se esconde em um edifício que realmente aconteceu: Em 1931 houve um incidente em Manhattan, quando um bandido chamado “Two Gun” Crowley, fugindo após um homicídio, enfrentou a polícia em uma batalha que durou quase uma tarde inteira. Assim como Rocky, Crowley foi derrotado por gás lacrimogêneo e morreu na cadeira elétrica.
Para terminar, uma história interessante que o próprio James Cagney conta em sua biografia, sobre ter incorporado os maneirismos de Rocky de um viciado em drogas que ele conheceu em sua infância, em Yorkville. Em outra fonte, diz que Cagney veio de uma família pobre mas que sempre tivera comida em sua mesa e roupas para vestir, mas alguns de seus colegas de juventude não tiveram essa sorte, sobretudo um rapaz apelidado “Bootah” por conta das botas enormes que era forçado a usar, chamado Peter Haslin. A vida afastou os dois amigos, e em 5 de abril de 1926, Heslin envolveu-se em um assalto à mão armada quando foi impedido por um policial de folga, Charles H. Reilly, que foi baleado e morto. Também ferido, Heslin foi preso pouco depois, julgado, condenado e executado em 21 de julho de 1927. Naquela mesma noite, James Cagney estrelava o musical “Broadway” e tinha conhecimento da tragédia de seu amigo. Ele menciona a execução de “Bootah” em suas memórias, o que levanta uma pergunta: será que Cagney quando estava fazendo a cena da execução em “Anjos de Cara Suja”, pensou em seu amigo infeliz e acrescentou um pouco mais de força para os momentos finais do filme?
http://assimerahollywood.wordpress.com/
Anjos de Cara Suja
4.0 53 Assista AgoraUm dos mais famosos dramas criminais da história do Cinema, notável exemplar de uma série de filmes sobre gangsters dos anos 30 e um dos mais importantes trabalhos do diretor húngaro Michael Curtiz, que anos mais tarde teria seu nome imortalizado como o realizador de “Casablanca”. Curtiz trabalhou com um orçamento de apenas 600 mil dólares, mas conseguiu extrair grandes interpretações, sobretudo de James Cagney, que foi indicado para o Oscar naquele ano. Com uma direção segura, que faz bom uso dos cenários urbanos, da opressiva fotografia em preto e branco e de uma competente trilha sonora, resultaram em um dos maiores sucessos de bilheteria na época. Um dos grandes responsáveis por esse triunfo foi o roteiro extremamente realista e contundente, assinado por John Wexley e Warren Duff (baseado em história de Rowland Brown, para o qual contribuíram – não creditados – Ben Hecht e Charles MacArthur. Outros destaques do filme são para a trilha sonora de Max Steiner, a fotografia de Sol Polito, a direção de arte de Robert Haas e os figurinos de Orry-Kelly.
Aconteceu Naquela Noite
4.2 332 Assista AgoraBaseada na obra "Night Bus", de Samuel Hopkins Adams, "Aconteceu Naquela Noite" é uma deliciosa comédia romântica, talvez a melhor da história do cinema.
Realizado pelo cineasta Frank Capra, o filme parte de um roteiro simples, porém magnificamente bem estruturado. Os diálogos são inteligentes. A direção de Capra é consistentemente muito boa.
Clark Gable e Claudette Colbert estão impecáveis nos papéis principais e, merecidamente, foram agraciados com os Oscars de Melhor Ator e Melhor Atriz.
Enfim, "Aconteceu Naquela Noite" é uma inesquecível e imperdível comédia romântica que comove e diverte ao mesmo tempo.
A Mulher Faz o Homem
4.3 172 Assista AgoraBaseado numa história de Lewis R. Foster, "A Mulher Faz o Homem" é um dos melhores filmes de todos os tempos. Produzida e dirigida pelo grande cineasta Frank Capra, essa comédia dramática gira em torno da corrupção na política e da grandeza daqueles que a ela resistem.
A trama mostra uma clássica luta entre o bem e o mal, um verdadeiro enfrentamento entre David e Golias. Se há uma clara mensagem que Capra pretende passar é a de que, por pior que seja a adversidade, nunca se deve perder a esperança. Embora se trate de uma produção de 1939, "A Mulher Faz o Homem" é um daqueles filmes destinados a não envelhecerem.
O trabalho de Capra é perfeito. Aliás, o filme é magnífico em quase todos os aspectos, o que justifica as 11 indicações ao Oscar por ele recebidas. Indicado ao Oscar de Melhor Ator, James Stewart foi injustiçado pela Academia ao perder a estatueta para Robert Donat, por sua atuação em "Adeus, Mr. Chips". Além de James Stewart, merecem também ser destacados, por seus respectivos papéis, os atores Claude Rains, Thomas Mitchell, Jean Arthur e Harry Carey.