Uma temporada repleta de diálogos redundantes escancararam a falta de capacidade em desenvolver ideias. A ação, o belo visual e a bagagem sustentada pelos bons personagens foram o que tornaram a série assistível.
Ao mirar o novo se alcançou o genérico.
Thandie Newton, Jeffrey Wright, Ed Harris, Evan Rachel Wood e Tessa Thompson(o grande destaque da temporada) fizeram o possível para manter o que há de melhor em seus personagens. Os ótimos Aaron Paul e Vincent Cassel se esforçaram, mas foram muito prejudicados ao serem inseridos durante um ano tão frágil.
"Westworld" deu vários passos para trás. O que será da série agora? O futuro parece não ser dos melhores.
Humor e drama andando juntos em igual sintonia e coragem. A série não poupa ninguém, adentra com sobriedade enorme no terreno da fama e seu deslumbramento, solidão e bolha nos quais muitos vivem. A cada temporada a série fascina mais com sua capacidade de destrinchar esse assunto através, especialmente, de seu protagonista. Vícios em drogas, aborto e suicídio são alguns dos assuntos delicados e polêmicos que a série aborda com força desconcertante. Ao se iniciar a obra, certamente era difícil imaginar que essa animação teria episódios de carga dramática tão pesada. E não só são pesados, como também encantadores com seus momentos poéticos, lindos planos e gigantesca humanidade.
"Fish Out Of Water" e "That's Too Much, Man!" são dois episódios geniais, para se guardar para sempre. Ambos mostram o que a série possui de melhor: enorme inventividade narrativa, roteiro corajoso, excelência humorística e personagens se perdendo, afundando e tentando se encontrar constantemente.
A temporada mais doída e também a melhor até o momento. "BoJack Horseman" é uma joia deveras obrigatória.
Um novo ano de enorme inventividade e afiado humor.
As diferentes realidades paralelas e as riquezas dos vários mundos e civilizações seguem encantando bastante. Contudo, também se destaca muito nesta temporada o maior foco dado às relações da família principal. Há sequências tocantes, afastamentos e reaproximações que funcionam muitíssimo. As discussões sobre as atitudes, as motivações e os traumas desses personagens em seus relacionamentos possuem surpreendente complexidade.
"The Ricklantis Mixup", "Pickle Rick" e "Rickmancing the Stone"(amei a homenagem à Mad Max) foram os episódios que mais gostei. O nível e a regularidade altíssima dos 10 episódios merecem muito ser destacados.
"Rick and Morty" impressiona mais e mais a cada temporada. Torço para que essa maravilhosa obra dure por muito tempo.
O auge impressionante de uma das melhores séries da atualidade.
Escolhas sem volta, laços obscuros e caminhos de palpável perigo. O desenvolvimento dos personagens e o aprofundamento das tramas só melhoram. O nível de tensão nunca foi tão grande. Os dilemas, vinganças e medos tornam as jornadas fascinantes.
A galeria de personagens é toda bem especial, mas quem reinou na temporada foi a Kim. Não dá para assistir a série e não pensar a todo momento em qual será o seu futuro. Torcer pela advogada torna-se parte natural da experiência de se acompanhar "Better Call Saul".
Jimmy virou Saul Goodman, mas Saul Goodman não deixou de ser Jimmy. A ambição o domina mais do que nunca, porém o peso de suas escolhas equivocadas ainda afeta sua consciência.
A direção, os planos, a fotografia, a direção de atores e o roteiro entregam sem dúvida alguma o que há de mais primoroso no mundo das séries atualmente.
Temporada sensacional. A expectativa para o último ano é a melhor possível.
A consolidação do sucesso de uma história muito original.
As sequências de ação estão ainda mais impressionantes, algumas são espetaculares. A parte técnica é de altíssimo nível. As locações, os figurinos, a fotografia e a direção de arte possuem grande excelência. A tensão é permanente e as reviravoltas funcionam em sua maioria. Ver samurais vs. zumbis lutando num ritmo insano empolga qualquer um.
A trama sobre o trono cresceu. A crueldade e a violência imparável fazem parte do DNA de "Kingdom". A coragem para seguir caminhos drásticos e a falta de apego da série aos personagens merecem muitos elogios. Os dois episódios finais mostram bem o nível que "Kingdom" pode alcançar, são marcantes.
Uma das boas surpresas recentes do mundo das séries. Ótima segunda temporada.
Novos caminhos e tentativas. Erros e buscas por redenção. Figuras marcadas por passados traumáticos e presentes sem rumo buscam o sol através de projetos já desejados há algum tempo. A vida mostra-se implacável, não há soluções fáceis. Acabar sugado pelos demônios pessoais e pela incapacidade de lidar com as derrotas cotidianas mostra-se inevitável.
Amores não são respostas. Fugir de tudo e de si mesmo também não. A beleza de "BoJack Horseman" não é dar respostas, e sim mostrar as jornadas dos personagens que procuram por paz, entendimento de si próprio e alguma felicidade possível. Não faltam momentos engraçados, reflexivos e tocantes. Conhecer mais e mais essas figuras únicas é bem prazeroso.
"Hank After Dark" foi o grande episódio do 2º ano. A trama do mesmo dialogou com o real e antecipou muito do que vimos anos depois de mais polêmico nos bastidores de Hollywood - tanto na forma questionável que parte da mídia trata o assunto quanto na solidão de quem acusa e defende sua posição. Episódio deveras especial.
Sólida segunda temporada. Impossível não admirar a franqueza desse universo.
A narrativa super inventiva e o humor surpreendente conquistam facilmente. Viagens no espaço em planetas excêntricos e realidades impensáveis se mostram igualmente fascinantes e bizarras.
Os personagens quando estão em situações limite acabam revelando seus lados mais inesperados e obscuros. Por trás da comédia e trama sci-fi muito inspiradas há interessantes desenvolvimentos de personagens, relações familiares e casamento. Enquanto estamos envolvidos rindo(impressionados com a originalidade dos plots e qualidade do roteiro) são levantadas questões sobre como a sociedade se comporta em relação ao outro, sobre egoísmo, crenças e diferenças.
"A Rickle in Time" e "Total Rickall" são episódios espetaculares, os melhores da temporada. Uma temporada de vários grandes momentos, dona de um excelente final que encantou pela coragem e capacidade de nos tocar.
O político e o fantástico no feroz cotidiano de sobrevivência.
Jogadas traiçoeiras, ações drásticas e reviravoltas sendo movidas pela ambição pelo trono e poder. O senso de justiça busca restabelecer a ordem natural das coisas e posições de direito no comando, mas também precisa enfrentar um novo inimigo devastador.
Alternando com muita eficiência entre intriga política e ação de alto nível na luta contra os numerosos e insaciáveis zumbis, "Kingdom" nos envolve e ainda consegue trazer alguma reflexão ao expor os problemas sociais e efeitos gritantes da pobreza e desigualdade de seu universo. O final da eficiente temporada foi satisfatório e mostrou que a série pode claramente crescer e se tornar mais empolgante.
A fotografia, os figurinos e os planos e sequências belíssimas merecem aplausos. Tecnicamente "Kingdom" surpreende bastante. A super produção coreana não fica devendo em relação a outras enormes produções dos EUA e Inglaterra em termos de escala e ambição. Deveras bacana ver uma série como essa, de origem oriental, ganhando espaço e tornando-se conhecida em todo o mundo(ou algo próximo disso).
Muito boa temporada de estreia. Que a segunda seja tão boa ou melhor.
O momento de não saber como agir ao reencontrar depois de um bom tempo alguém que se amou(ama) e a dificuldade enorme em se despedir novamente, tudo muito muito realista. A sobriedade e qualidade dos momentos mais dramáticos também impressiona. As atuações e direção de atores merecem todos os elogios.
Vou guardar com muito carinho o que o Tim falou sobre companheiros de trabalho e finais felizes, foi deveras bonito e verdadeiro.
Bem bacana ver o que aconteceu com todos e o reencontro entre os personagens. David continuou se ferrando, agora em outra etapa da vida, mas também cresceu(dentro do possível) e teve seu "final feliz".
Um final tocante e um momento romântico belíssimo. Desfecho especial.
A consagração de uma das mais importantes séries de comédia de todos os tempos.
Avaliações, festas, entrevistas, mudanças e reflexão sobre o presente e futuro de uma geração vistas através de um humor totalmente particular. O cotidiano profissional encontra o absurdo numa trama igualmente hilária e constrangedora.
As interações sutis dos personagens com a câmera são inteligentes e inovadoras. O formato original merece muitos elogios("The Office" foi determinante na popularização dos mockumentaries, inspirou várias obras elogiadas nos anos seguintes) e o humor super politicamente incorreto é incomparável.
David Brent é o pior chefe possível. Uma figura de irredutível orgulho/egoísmo e também a própria personificação da vergonha alheia. Personagem inesquecível, grande atuação de Ricky Gervais. Tim, Dawn e Gareth também são personagens marcantes, nos fazem rir muito com suas pegadinhas e contratempos e nos tocam de forma surpreendente(ao menos os dois primeiros).
O final aberto e corajoso(dono de situações não vistas antes na série) reflete bem as duras consequências da soma de tantos atos e escolhas que, agora, precisam ser encaradas.
Grande segunda temporada. Grande e obrigatória série.
O drama inicial que explora o lado mais humano, a culpa e a dificuldade em encontrar respostas é excelente. Quando o fantástico assume o protagonismo, a trama se arrasta e convence bem menos. Mesmo irregular, a direção, os bons personagens e a atmosfera sombria fazem o todo funcionar. Boa minissérie.
Ben Mendelsohn, Cynthia Erivo e Jason Bateman arrebentam, lideram muito bem o ótimo elenco.
Vamos ver se teremos uma segunda temporada, é bem possível. Caso ocorra, os dois bons protagonistas vão ser capazes de nos atrair novamente para revisitar esse universo.
Vinganças e missões numa trama de grandes segredos, passados dolorosos e forte violência envolvendo judeus e nazistas. O dinamismo e o conteúdo agradam, mas a série falha bastante quando opta por soluções mirabolantes e não pelo simples escapismo. O último episódio problemático e os caminhos escolhidos pelo mesmo acabam derrubando um pouco(nem tão pouco assim) o nível desta primeira temporada.
Resumindo, os motivos que realmente justificam assistir a série são:
O íntimo em todo seu caráter complexo e explosivo.
Aprendizado e confusão emocional numa trama adolescente de estrutura simples e sentimentos convincentes. Os elementos fantásticos desorientam e realçam a dificuldade em se encaixar e encontrar.
Sophia Lillis lidera muito bem o bom elenco. Sentimos todo o sofrimento interno da protagonista. A dificuldade em lidar com o trauma familiar, as descobertas do coração e o desabrochar dos superpoderes de Syd comovem e nos fazem torcer pela personagem.
As interações entre Syd, Stan e Dina são ótimas, a alma da série, elas garantem nosso interesse durante os 7 episódios. Os dilemas adolescentes nos conquistam.
O realismo da ambientação e o caráter universal da proposta da série nos envolvem facilmente. Os comportamentos mais inadequados(sujos e revoltantes) provocam um desconforto palpável - tanto em quem sofre como no espectador. Tudo choca ainda mais por se tratar de algo que sabemos que existia no mundo da época e continua existindo. As abordagens de vários homens são repulsivas, sentimos por aquelas mulheres. A normalização dessa questão no ambiente de trabalho causa ainda mais asco, pesado de ver.
O egoísmo e as zoações se alternam no escritório. Personagens de características bem particulares acabam criando um grupo único. David acaba se destacando por ser o chefe mais inusitado e menos leal possível. Personagem especial. Um grande babaca especial. Ricky Gervais está deveras excelente no papel.
Inovadora em seu formato narrativo, humana e divertida com suas interações dentro e fora do escritório e realista ao mostrar e refletir um lado muito ruim presente em vários locais de trabalho.
O plot do assédio(com todo o desenrolar crescentemente sombrio e os relatos tão universais das meninas) foi poderoso. Deveras atual e importante. A cena final do penúltimo episódio foi a mais bela da temporada. Sobre os personagens: Maeve e Eric seguem sendo os mais apaixonantes, Adam foi quem mais cresceu e Otis se tornou mais complexo e surpreendeu com suas atitudes falhas.
As questões sexuais e do coração continuam encantando. Contudo, o trauma palpável que se esconde sendo vencido pela amizade e solidariedade feminina e a coragem para vencer os demônios pessoais e entender melhor os próprios desejos são o que mais marcam.
Muito carisma, humor, coração e riqueza de temas. Outra bela temporada.
Original, cheia de energia e tematicamente poderosa.
A inventividade visual impressiona. A inteligência da narrativa fica clara na abordagem ousada, no humor ácido e no desenrolar super dinâmico dos episódios.
O realismo das situações cotidianas e os exageros cômicos(que só poderiam existir num universo animado) caminham em grande sintonia. "Tuca & Bertie" nos pega de jeito quando menos esperamos. A série aborda de formas inusitadas assuntos super importantes e atuais que pouco são discutidos em outras obras.
O assédio no ambiente de trabalho e os abusos que deixam grandes cicatrizes e atrapalham as relações futuras são dois dos temas mais marcantes da série. O episódio "The Jelly Lakes" é uma obra-prima, desses que marcam e transcendem as obras. Vemos a negação que resiste até a ficha cair. O desabafo, as consequências totalmente enxergadas e o enfrentamento dos demônios são grandes momentos.
Há temas seríssimos, mas também muita leveza junto a sobriedade. Os episódios são, na maior parte do tempo, muito engraçados e inteligentes. O humor nos desarma e nos aproxima dos personagens. Conhecemos as falhas, nos envolvemos com os dilemas e nos emocionamos junto com os mesmos.
Há risos, instantes de melancolia e crescimento. As particularidades/complexidades de cada relação e o valor da amizade feminina são coisas marcantes em "Tuca & Bertie". Essa é uma produção que igualmente nos diverte e provoca reflexões. Bertie e Tuca caminham(de maneiras opostas) em jornadas que buscam felicidade, conhecimento próprio e paz consigo mesmas. Tudo funciona através de uma fórmula deliciosa e muito original.
Fará falta. "Tuca & Bertie" merecia ter muito mais temporadas - poderia certamente se tornar uma nova "BoJack Horseman" em termos de qualidade e longevidade. Felizmente, ao menos temos esses 10 episódios de ótimo nível para ver e rever.
Uma pena perdemos prematuramente uma obra que fala tão maravilhosamente bem dos sentimentos, dores, enfrentamentos e dilemas do universo feminino. Belíssima série.
Traumas familiares, transtorno bipolar, pressão e busca pela perfeição profissional, racismo, pedofilia e mágoas passadas são inseridos numa trama novelesca pouco inspirada, mas envolvente. As cenas de patinação e a boa protagonista são os maiores destaques.
Apesar de não ter achado grande coisa, foi um prazer ver 10 episódios com Kaya Scodelario e January Jones. A primeira mostrou seu talento ao protagonizar uma grande produção e a segunda matou minha saudade após participar da espetacular "Mad Men".
Normalmente eu não lamentaria o cancelamento, mas a série terminar da forma que aconteceu(com um puta gancho) foi frustrante. Ficará eternamente a cargo da imaginação do espectador concluir a esperada performance.
Uma atualização irresistível das comédias adolescentes clássicas que tanto aprendemos a amar.
Os clichês do gênero são usados com inteligência e ótimo humor. Os dilemas do coração e desencontros amorosos são recorrentes, mas aqui os mesmos caminham juntos com temas poderosos - de caráter universal e atemporal.
A série esbanja carisma. Os personagens são ótimos, vão muito além dos estereótipos enxergados num primeiro momento. Acompanhamos os problemas sexuais complexos(especialmente para a idades deles) e os variados tipos de relações. Presenciar as descobertas sexuais e amorosas dos personagens é fascinante. Assuntos como aborto, questões sobre identidade, aceitação, preconceito, bullying e as pressões do cotidiano vindas da escola e de casa(tão difíceis e tão inevitáveis) são abordados com leveza e sobriedade.
Há um ar de nostalgia, porém impressiona especialmente como a série conversa bem com nossa época. Plots como o da foto vazada e o do stalker são ótimos exemplos disso. A série fala de tabus, falta de comunicação, sexo, amor e amizade, mas o mais bonito na obra são os processos de aceitação e conhecimento de si mesmos(e também do próximo, podemos dizer).
Engraçadíssima e de temática muito relevante, "Sex Education" é uma agradável surpresa. Grande primeira temporada.
O terceiro ano trouxe uma atmosfera de incerteza muito bem construída, realmente palpável. Personagens reavaliaram constantemente seus presentes e viveram(e ainda vivem) dilemas importantes que precisaram ser enfrentados.
A busca do encontro consigo mesmo, a realização profissional, a aceitação da própria identidade e o revelar da sexualidade(tabu para uns e motivo de ódio para outros) foram temas bem debatidos. Não foi uma temporada de muitos episódios marcantes, mas claramente "GLOW" aprofundou seus temas. Além disso, soube pontualmente se reinventar em seus espetáculos.
Lindo o crescimento de Sheila. Tornou-se de vez uma figura de destaque. Bem bonitas também as várias apresentações ricas em significados. A solidariedade entre as meninas é linda. Amo-as.
Adorei fortemente a grande cena que encerrou a temporada. Alison Brie e Betty Gilpin deram um show de atuação. Acredito que seja o meu momento favorito entre as duas. Confio muito que ambas brilharão muito no último ano da série.
"GLOW" cresceu. Outra bela temporada.
Que tenhamos um quarto ano de alto nível. As ótimas personagens merecem.
Poderosos arcos de personagens caminham dentro de temáticas potentes e importantes. Grandes dilemas e sentimentos ocultados revelam o quanto essas pessoas são cheias de falhas. "Big Little Lies" convence enormemente com o detalhismo de sua construção, o realismo de suas relações e suas deveras humanas reações.
O terror do presente e do passado são muito difíceis de serem superados. A opção de se abrir e o apoio dos mais próximos(e também de quem menos se espera) são o que permitem a salvação.
Reese Witherspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Laura Dern e Alexander Skarsgård são os grandes destaques do excelente elenco. Não faltam atuações marcantes e personagens complexos.
Emocionante, universal e atemporal. Uma das mais importantes séries/minisséries de 2017.
"O problema, quando se recebe pouco amor, é não saber como é. Então é fácil ser enganado. De ver coisas que não existem. Mas acho que mentimos para nós mesmos o tempo todo."
Os fortes traumas da existência e os diferentes tempos de cada um.
O amadurecimento da narrativa acompanhando o amadurecimento dos personagens. A narrativa de gênero, aliada ao humor negro, constrói uma tensão palpável durante a maior parte da temporada. Há tensão, mas "The End of the F***ing World" vai além disso. A segunda temporada mostra como os traumas podem afetar imensamente vidas e modificar destinos de forma decisiva.
O belo final é um encontro com a paz. Um acerto necessário dos personagens com si mesmos e com seus monstros. Entende-se também que para cada pessoa o amor tem seu próprio tempo e lugar para funcionar.
James e Alyssa mostraram que são tão excêntricos quanto especiais. Sempre torceremos pelos dois.
Muito boa segunda temporada. Série cativante e original. Fará falta.
A primeira metade me agrada muito mais. Gosto da apresentação de mundo e personagens. Conhecemos o bruxo solitário que prefere não tomar partido(e sempre toma), a excluída sonhadora e sua transformação(arco universal tocante de grande apelo e fácil identificação), a poderosa sobrevivente e o massacre de seu povo e as maldições, criaturas, tradições e magias que tornam tudo mais rico. Rapidamente nos interessamos pela história.
A segunda metade não possui a mesma força, falha no aprofundamento da trama. O romance não convence e as missões não são tão interessantes assim, nitidamente. O truque narrativo é mais prático do que sólido, mais parece gastar o tempo do que qualquer outra coisa. Tudo parece rapidamente caminhar num passe de mágica(não resisti) para o dramático episódio final, que claramente soa apressado - embora visualmente eficiente.
Minha boa vontade com temporadas iniciais me faz ser mais tolerante na hora de avaliar. Primeira temporada boa e agradável, apesar de seus problemas e irregularidade. Yennefer, Geralt e Ciri nos conquistam o suficiente para que continuemos a assistir.
Espero estar enganado, mas não acredito que a série alcançará um nível alto que a coloque entre as obras de fantasia especiais e memoráveis da década de 2020. Enfim, controlando as expectativas, "The Witcher" provavelmente será um entretenimento eficiente e divertido até a sua conclusão.
O auge(até o momento) de uma das melhores obras da TV.
O luto e a assimilação totalmente particular. Sentimentos difíceis de serem entendidos geram desconforto e dúvidas nas pessoas mais próximas. Novos caminhos e descobertas sobre carreiras e preferências(forçadas ou não) revelam muito sobre quem realmente são esses personagens.
Ver a jornada da Kim de crescimento e entendimento de si mesma, de sua carreira e da relação com o Jimmy é um prazer imenso. A personagem aprendeu a se impor, e aqui nos surpreende mais do que nunca com suas escolhas. A construção excelente da advogada merece todos os elogios.
O casal principal é hipnotizante. Há um distanciamento natural, uma cumplicidade que se fortalece, desentendimentos fortes e grandes surpresas que geram perguntas que só serão respondidas no futuro. Nota-se as mudanças das atitudes dos dois personagens em relação ao outro(muito mais da parte do Jimmy, claro). A relação entre Kim & Jimmy vale ouro, somos privilegiados em acompanhá-la.
Acompanhamos Jimmy tendo que se virar num novo emprego e rotina. Claramente não é fácil para o protagonista, mas o mesmo obviamente consegue se adaptar a realidade e fazer as coisas ao seu próprio modo. Os golpes do personagem principal continuam elaborados e desconcertantes. Jimmy enfrenta boas adversidades, sente os baques em sua jornada para conseguir voltar a exercer sua profissão. A luta interna sobre fazer o "certo" ou seguir sua vocação para falcatruas constantemente está presente. O sentimento por Kim e o medo de perdê-la é claramente o que mantém(quando mantém) o personagem numa linha mais aceitável para a profissão. A verdade é que Jimmy sabe que a transformação é inevitável. E Kim, agora, parece perceber também a mesma coisa. O sinal de alerta foi ligado.
Os plots do Nacho e o do Mike também voltaram muito bem. Voltamos a sentir a tensão característica da trama do primeiro e a inteligência e esperteza do Mike no segundo.
Nacho sofreu horrores(esteve envolvido em grandes sequências de ação e suspense) e viu mudar muita coisa - inclusive à seu favor; Gus ganhou espaço e acrescentou muito à serie. Suas interações com Hector Salamanca, Mike e Nacho renderam grandes momentos; E tivemos Lalo, uma boa aquisição que ligou mais ainda os caminhos e tramas dos personagens acima.
O final do plot do Mike na temporada foi incrível. Depois de uma construção lenta e cuidadosa, tivemos um encerramento incrivelmente poderoso, cruel e rico. Um desfecho pesado filmado com enorme primor técnico(a fotografia e o plano da marcante cena fatal são espetaculares).
A quarta temporada apresentou exemplarmente a genial capacidade da obra do Vince Gilligan(das obras, né) de construir riquíssimos significados através da direção, da montagem, das sutilezas narrativas, dos planos deveras simbólicos e do roteiro complexo que aprofunda os grandes personagens e temas com excelência admirável.
E, por último: temos aqui oficialmente o nascimento de Saul Goodman. Um renascimento profissional e um nascimento moral(ou seria amoral, né? rs). Esse final é um marco na série.
Belo quarto ano. Não tenho dúvida de que teremos duas grandes temporadas finais.
Westworld (3ª Temporada)
3.6 322O vazio da revolução.
Uma temporada repleta de diálogos redundantes escancararam a falta de capacidade em desenvolver ideias. A ação, o belo visual e a bagagem sustentada pelos bons personagens foram o que tornaram a série assistível.
Ao mirar o novo se alcançou o genérico.
Thandie Newton, Jeffrey Wright, Ed Harris, Evan Rachel Wood e Tessa Thompson(o grande destaque da temporada) fizeram o possível para manter o que há de melhor em seus personagens.
Os ótimos Aaron Paul e Vincent Cassel se esforçaram, mas foram muito prejudicados ao serem inseridos durante um ano tão frágil.
"Westworld" deu vários passos para trás. O que será da série agora? O futuro parece não ser dos melhores.
BoJack Horseman (3ª Temporada)
4.6 267 Assista AgoraO impressionante ano de "BoJack Horseman".
Humor e drama andando juntos em igual sintonia e coragem.
A série não poupa ninguém, adentra com sobriedade enorme no terreno da fama e seu deslumbramento, solidão e bolha nos quais muitos vivem. A cada temporada a série fascina mais com sua capacidade de destrinchar esse assunto através, especialmente, de seu protagonista.
Vícios em drogas, aborto e suicídio são alguns dos assuntos delicados e polêmicos que a série aborda com força desconcertante. Ao se iniciar a obra, certamente era difícil imaginar que essa animação teria episódios de carga dramática tão pesada. E não só são pesados, como também encantadores com seus momentos poéticos, lindos planos e gigantesca humanidade.
"Fish Out Of Water" e "That's Too Much, Man!" são dois episódios geniais, para se guardar para sempre. Ambos mostram o que a série possui de melhor: enorme inventividade narrativa, roteiro corajoso, excelência humorística e personagens se perdendo, afundando e tentando se encontrar constantemente.
A temporada mais doída e também a melhor até o momento. "BoJack Horseman" é uma joia deveras obrigatória.
Rick and Morty (3ª Temporada)
4.5 262 Assista AgoraUm novo ano de enorme inventividade e afiado humor.
As diferentes realidades paralelas e as riquezas dos vários mundos e civilizações seguem encantando bastante. Contudo, também se destaca muito nesta temporada o maior foco dado às relações da família principal. Há sequências tocantes, afastamentos e reaproximações que funcionam muitíssimo. As discussões sobre as atitudes, as motivações e os traumas desses personagens em seus relacionamentos possuem surpreendente complexidade.
"The Ricklantis Mixup", "Pickle Rick" e "Rickmancing the Stone"(amei a homenagem à Mad Max) foram os episódios que mais gostei. O nível e a regularidade altíssima dos 10 episódios merecem muito ser destacados.
"Rick and Morty" impressiona mais e mais a cada temporada. Torço para que essa maravilhosa obra dure por muito tempo.
Uma das grandes séries da atualidade.
Barry (1ª Temporada)
4.1 118 Assista AgoraA parte final é tensa e poderosíssima. Um desfecho super corajoso e satisfatório para o excelente arco do deveras complexo protagonista.
"Chapter Seven: Loud, Fast, and Keep Going" é um dos episódios mais maravilhosos e inventivos dos últimos anos.
Uma das grandes temporadas de 2018 e sem dúvida alguma uma das melhores séries da atualidade. Comédia dramática do mais alto nível.
Bill Hader merece todos os elogios do mundo.
Better Call Saul (5ª Temporada)
4.6 326 Assista AgoraO auge impressionante de uma das melhores séries da atualidade.
Escolhas sem volta, laços obscuros e caminhos de palpável perigo. O desenvolvimento dos personagens e o aprofundamento das tramas só melhoram. O nível de tensão nunca foi tão grande. Os dilemas, vinganças e medos tornam as jornadas fascinantes.
A galeria de personagens é toda bem especial, mas quem reinou na temporada foi a Kim.
Não dá para assistir a série e não pensar a todo momento em qual será o seu futuro.
Torcer pela advogada torna-se parte natural da experiência de se acompanhar "Better Call Saul".
Jimmy virou Saul Goodman, mas Saul Goodman não deixou de ser Jimmy. A ambição o domina mais do que nunca, porém o peso de suas escolhas equivocadas ainda afeta sua consciência.
A direção, os planos, a fotografia, a direção de atores e o roteiro entregam sem dúvida alguma o que há de mais primoroso no mundo das séries atualmente.
Temporada sensacional. A expectativa para o último ano é a melhor possível.
Kim: você pode tudo!
Kingdom (2ª Temporada)
4.3 146A consolidação do sucesso de uma história muito original.
As sequências de ação estão ainda mais impressionantes, algumas são espetaculares.
A parte técnica é de altíssimo nível. As locações, os figurinos, a fotografia e a direção de arte possuem grande excelência.
A tensão é permanente e as reviravoltas funcionam em sua maioria. Ver samurais vs. zumbis lutando num ritmo insano empolga qualquer um.
A trama sobre o trono cresceu. A crueldade e a violência imparável fazem parte do DNA de "Kingdom".
A coragem para seguir caminhos drásticos e a falta de apego da série aos personagens merecem muitos elogios.
Os dois episódios finais mostram bem o nível que "Kingdom" pode alcançar, são marcantes.
Uma das boas surpresas recentes do mundo das séries. Ótima segunda temporada.
BoJack Horseman (2ª Temporada)
4.4 173*Leves spoilers abaixo!*
O mais humano dos não humanos.
Novos caminhos e tentativas. Erros e buscas por redenção.
Figuras marcadas por passados traumáticos e presentes sem rumo buscam o sol através de projetos já desejados há algum tempo. A vida mostra-se implacável, não há soluções fáceis. Acabar sugado pelos demônios pessoais e pela incapacidade de lidar com as derrotas cotidianas mostra-se inevitável.
Amores não são respostas. Fugir de tudo e de si mesmo também não.
A beleza de "BoJack Horseman" não é dar respostas, e sim mostrar as jornadas dos personagens que procuram por paz, entendimento de si próprio e alguma felicidade possível. Não faltam momentos engraçados, reflexivos e tocantes. Conhecer mais e mais essas figuras únicas é bem prazeroso.
"Hank After Dark" foi o grande episódio do 2º ano. A trama do mesmo dialogou com o real e antecipou muito do que vimos anos depois de mais polêmico nos bastidores de Hollywood - tanto na forma questionável que parte da mídia trata o assunto quanto na solidão de quem acusa e defende sua posição. Episódio deveras especial.
Sólida segunda temporada. Impossível não admirar a franqueza desse universo.
Rick and Morty (2ª Temporada)
4.6 245 Assista AgoraA imaginação sem limites de "Rick and Morty".
A narrativa super inventiva e o humor surpreendente conquistam facilmente.
Viagens no espaço em planetas excêntricos e realidades impensáveis se mostram igualmente fascinantes e bizarras.
Os personagens quando estão em situações limite acabam revelando seus lados mais inesperados e obscuros. Por trás da comédia e trama sci-fi muito inspiradas há interessantes desenvolvimentos de personagens, relações familiares e casamento.
Enquanto estamos envolvidos rindo(impressionados com a originalidade dos plots e qualidade do roteiro) são levantadas questões sobre como a sociedade se comporta em relação ao outro, sobre egoísmo, crenças e diferenças.
"A Rickle in Time" e "Total Rickall" são episódios espetaculares, os melhores da temporada. Uma temporada de vários grandes momentos, dona de um excelente final que encantou pela coragem e capacidade de nos tocar.
Belíssima segunda temporada. Série especial.
Kingdom (1ª Temporada)
4.2 214O político e o fantástico no feroz cotidiano de sobrevivência.
Jogadas traiçoeiras, ações drásticas e reviravoltas sendo movidas pela ambição pelo trono e poder.
O senso de justiça busca restabelecer a ordem natural das coisas e posições de direito no comando, mas também precisa enfrentar um novo inimigo devastador.
Alternando com muita eficiência entre intriga política e ação de alto nível na luta contra os numerosos e insaciáveis zumbis, "Kingdom" nos envolve e ainda consegue trazer alguma reflexão ao expor os problemas sociais e efeitos gritantes da pobreza e desigualdade de seu universo.
O final da eficiente temporada foi satisfatório e mostrou que a série pode claramente crescer e se tornar mais empolgante.
A fotografia, os figurinos e os planos e sequências belíssimas merecem aplausos. Tecnicamente "Kingdom" surpreende bastante. A super produção coreana não fica devendo em relação a outras enormes produções dos EUA e Inglaterra em termos de escala e ambição. Deveras bacana ver uma série como essa, de origem oriental, ganhando espaço e tornando-se conhecida em todo o mundo(ou algo próximo disso).
Muito boa temporada de estreia. Que a segunda seja tão boa ou melhor.
The Office UK (Especial de Natal)
4.3 36Tim e Dawn.🖤
O momento de não saber como agir ao reencontrar depois de um bom tempo alguém que se amou(ama) e a dificuldade enorme em se despedir novamente, tudo muito muito realista.
A sobriedade e qualidade dos momentos mais dramáticos também impressiona. As atuações e direção de atores merecem todos os elogios.
Vou guardar com muito carinho o que o Tim falou sobre companheiros de trabalho e finais felizes, foi deveras bonito e verdadeiro.
Bem bacana ver o que aconteceu com todos e o reencontro entre os personagens.
David continuou se ferrando, agora em outra etapa da vida, mas também cresceu(dentro do possível) e teve seu "final feliz".
Um final tocante e um momento romântico belíssimo. Desfecho especial.
The Office UK (2ª Temporada)
4.1 40A consagração de uma das mais importantes séries de comédia de todos os tempos.
Avaliações, festas, entrevistas, mudanças e reflexão sobre o presente e futuro de uma geração vistas através de um humor totalmente particular. O cotidiano profissional encontra o absurdo numa trama igualmente hilária e constrangedora.
As interações sutis dos personagens com a câmera são inteligentes e inovadoras.
O formato original merece muitos elogios("The Office" foi determinante na popularização dos mockumentaries, inspirou várias obras elogiadas nos anos seguintes) e o humor super politicamente incorreto é incomparável.
David Brent é o pior chefe possível. Uma figura de irredutível orgulho/egoísmo e também a própria personificação da vergonha alheia. Personagem inesquecível, grande atuação de Ricky Gervais.
Tim, Dawn e Gareth também são personagens marcantes, nos fazem rir muito com suas pegadinhas e contratempos e nos tocam de forma surpreendente(ao menos os dois primeiros).
O final aberto e corajoso(dono de situações não vistas antes na série) reflete bem as duras consequências da soma de tantos atos e escolhas que, agora, precisam ser encaradas.
Grande segunda temporada. Grande e obrigatória série.
The Outsider
3.7 242 Assista AgoraO luto e o sobrenatural.
O drama inicial que explora o lado mais humano, a culpa e a dificuldade em encontrar respostas é excelente. Quando o fantástico assume o protagonismo, a trama se arrasta e convence bem menos.
Mesmo irregular, a direção, os bons personagens e a atmosfera sombria fazem o todo funcionar. Boa minissérie.
Ben Mendelsohn, Cynthia Erivo e Jason Bateman arrebentam, lideram muito bem o ótimo elenco.
Vamos ver se teremos uma segunda temporada, é bem possível. Caso ocorra, os dois bons protagonistas vão ser capazes de nos atrair novamente para revisitar esse universo.
Hunters (1ª Temporada)
3.9 235 Assista AgoraAção, reviravoltas e polêmica.
Vinganças e missões numa trama de grandes segredos, passados dolorosos e forte violência envolvendo judeus e nazistas.
O dinamismo e o conteúdo agradam, mas a série falha bastante quando opta por soluções mirabolantes e não pelo simples escapismo. O último episódio problemático e os caminhos escolhidos pelo mesmo acabam derrubando um pouco(nem tão pouco assim) o nível desta primeira temporada.
Resumindo, os motivos que realmente justificam assistir a série são:
Al Pacino.
Al Pacino.
Al Pacino.
I Am Not Okay With This (1ª Temporada)
3.7 352 Assista AgoraO íntimo em todo seu caráter complexo e explosivo.
Aprendizado e confusão emocional numa trama adolescente de estrutura simples e sentimentos convincentes. Os elementos fantásticos desorientam e realçam a dificuldade em se encaixar e encontrar.
Sophia Lillis lidera muito bem o bom elenco. Sentimos todo o sofrimento interno da protagonista. A dificuldade em lidar com o trauma familiar, as descobertas do coração e o desabrochar dos superpoderes de Syd comovem e nos fazem torcer pela personagem.
As interações entre Syd, Stan e Dina são ótimas, a alma da série, elas garantem nosso interesse durante os 7 episódios. Os dilemas adolescentes nos conquistam.
Divertida e surpreendente temporada.
The Office UK (1ª Temporada)
4.0 89A comédia do desconforto.
O realismo da ambientação e o caráter universal da proposta da série nos envolvem facilmente. Os comportamentos mais inadequados(sujos e revoltantes) provocam um desconforto palpável - tanto em quem sofre como no espectador. Tudo choca ainda mais por se tratar de algo que sabemos que existia no mundo da época e continua existindo.
As abordagens de vários homens são repulsivas, sentimos por aquelas mulheres.
A normalização dessa questão no ambiente de trabalho causa ainda mais asco, pesado de ver.
O egoísmo e as zoações se alternam no escritório. Personagens de características bem particulares acabam criando um grupo único.
David acaba se destacando por ser o chefe mais inusitado e menos leal possível. Personagem especial. Um grande babaca especial. Ricky Gervais está deveras excelente no papel.
Inovadora em seu formato narrativo, humana e divertida com suas interações dentro e fora do escritório e realista ao mostrar e refletir um lado muito ruim presente em vários locais de trabalho.
Grande primeira temporada.
Sex Education (2ª Temporada)
4.3 592 Assista AgoraCrescimento e sororidade.
O plot do assédio(com todo o desenrolar crescentemente sombrio e os relatos tão universais das meninas) foi poderoso. Deveras atual e importante. A cena final do penúltimo episódio foi a mais bela da temporada.
Sobre os personagens: Maeve e Eric seguem sendo os mais apaixonantes, Adam foi quem mais cresceu e Otis se tornou mais complexo e surpreendeu com suas atitudes falhas.
As questões sexuais e do coração continuam encantando. Contudo, o trauma palpável que se esconde sendo vencido pela amizade e solidariedade feminina e a coragem para vencer os demônios pessoais e entender melhor os próprios desejos são o que mais marcam.
Muito carisma, humor, coração e riqueza de temas. Outra bela temporada.
Tuca & Bertie (1ª Temporada)
4.3 58*Leves spoilers abaixo!*
Original, cheia de energia e tematicamente poderosa.
A inventividade visual impressiona. A inteligência da narrativa fica clara na abordagem ousada, no humor ácido e no desenrolar super dinâmico dos episódios.
O realismo das situações cotidianas e os exageros cômicos(que só poderiam existir num universo animado) caminham em grande sintonia. "Tuca & Bertie" nos pega de jeito quando menos esperamos. A série aborda de formas inusitadas assuntos super importantes e atuais que pouco são discutidos em outras obras.
O assédio no ambiente de trabalho e os abusos que deixam grandes cicatrizes e atrapalham as relações futuras são dois dos temas mais marcantes da série.
O episódio "The Jelly Lakes" é uma obra-prima, desses que marcam e transcendem as obras. Vemos a negação que resiste até a ficha cair. O desabafo, as consequências totalmente enxergadas e o enfrentamento dos demônios são grandes momentos.
Há temas seríssimos, mas também muita leveza junto a sobriedade. Os episódios são, na maior parte do tempo, muito engraçados e inteligentes. O humor nos desarma e nos aproxima dos personagens. Conhecemos as falhas, nos envolvemos com os dilemas e nos emocionamos junto com os mesmos.
Há risos, instantes de melancolia e crescimento. As particularidades/complexidades de cada relação e o valor da amizade feminina são coisas marcantes em "Tuca & Bertie". Essa é uma produção que igualmente nos diverte e provoca reflexões.
Bertie e Tuca caminham(de maneiras opostas) em jornadas que buscam felicidade, conhecimento próprio e paz consigo mesmas. Tudo funciona através de uma fórmula deliciosa e muito original.
Fará falta. "Tuca & Bertie" merecia ter muito mais temporadas - poderia certamente se tornar uma nova "BoJack Horseman" em termos de qualidade e longevidade. Felizmente, ao menos temos esses 10 episódios de ótimo nível para ver e rever.
Uma pena perdemos prematuramente uma obra que fala tão maravilhosamente bem dos sentimentos, dores, enfrentamentos e dilemas do universo feminino. Belíssima série.
Spin Out (1ª Temporada)
4.0 145 Assista Agora*Leves spoilers abaixo!*
Sobre sonhos e demônios.
Traumas familiares, transtorno bipolar, pressão e busca pela perfeição profissional, racismo, pedofilia e mágoas passadas são inseridos numa trama novelesca pouco inspirada, mas envolvente.
As cenas de patinação e a boa protagonista são os maiores destaques.
Apesar de não ter achado grande coisa, foi um prazer ver 10 episódios com Kaya Scodelario e January Jones. A primeira mostrou seu talento ao protagonizar uma grande produção e a segunda matou minha saudade após participar da espetacular "Mad Men".
Normalmente eu não lamentaria o cancelamento, mas a série terminar da forma que aconteceu(com um puta gancho) foi frustrante.
Ficará eternamente a cargo da imaginação do espectador concluir a esperada performance.
Sex Education (1ª Temporada)
4.3 813 Assista AgoraUma atualização irresistível das comédias adolescentes clássicas que tanto aprendemos a amar.
Os clichês do gênero são usados com inteligência e ótimo humor. Os dilemas do coração e desencontros amorosos são recorrentes, mas aqui os mesmos caminham juntos com temas poderosos - de caráter universal e atemporal.
A série esbanja carisma. Os personagens são ótimos, vão muito além dos estereótipos enxergados num primeiro momento. Acompanhamos os problemas sexuais complexos(especialmente para a idades deles) e os variados tipos de relações.
Presenciar as descobertas sexuais e amorosas dos personagens é fascinante.
Assuntos como aborto, questões sobre identidade, aceitação, preconceito, bullying e as pressões do cotidiano vindas da escola e de casa(tão difíceis e tão inevitáveis) são abordados com leveza e sobriedade.
Há um ar de nostalgia, porém impressiona especialmente como a série conversa bem com nossa época. Plots como o da foto vazada e o do stalker são ótimos exemplos disso.
A série fala de tabus, falta de comunicação, sexo, amor e amizade, mas o mais bonito na obra são os processos de aceitação e conhecimento de si mesmos(e também do próximo, podemos dizer).
Engraçadíssima e de temática muito relevante, "Sex Education" é uma agradável surpresa. Grande primeira temporada.
GLOW (3ª Temporada)
4.0 48Mais maturidade, melancolia e humanidade.
O terceiro ano trouxe uma atmosfera de incerteza muito bem construída, realmente palpável. Personagens reavaliaram constantemente seus presentes e viveram(e ainda vivem) dilemas importantes que precisaram ser enfrentados.
A busca do encontro consigo mesmo, a realização profissional, a aceitação da própria identidade e o revelar da sexualidade(tabu para uns e motivo de ódio para outros) foram temas bem debatidos. Não foi uma temporada de muitos episódios marcantes, mas claramente "GLOW" aprofundou seus temas. Além disso, soube pontualmente se reinventar em seus espetáculos.
Lindo o crescimento de Sheila. Tornou-se de vez uma figura de destaque.
Bem bonitas também as várias apresentações ricas em significados. A solidariedade entre as meninas é linda. Amo-as.
Adorei fortemente a grande cena que encerrou a temporada. Alison Brie e Betty Gilpin deram um show de atuação. Acredito que seja o meu momento favorito entre as duas.
Confio muito que ambas brilharão muito no último ano da série.
"GLOW" cresceu. Outra bela temporada.
Que tenhamos um quarto ano de alto nível. As ótimas personagens merecem.
Big Little Lies (1ª Temporada)
4.6 1,1K Assista AgoraTraumas, segredos e sororidade.
Poderosos arcos de personagens caminham dentro de temáticas potentes e importantes.
Grandes dilemas e sentimentos ocultados revelam o quanto essas pessoas são cheias de falhas. "Big Little Lies" convence enormemente com o detalhismo de sua construção, o realismo de suas relações e suas deveras humanas reações.
O terror do presente e do passado são muito difíceis de serem superados. A opção de se abrir e o apoio dos mais próximos(e também de quem menos se espera) são o que permitem a salvação.
Reese Witherspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Laura Dern e Alexander Skarsgård são os grandes destaques do excelente elenco. Não faltam atuações marcantes e personagens complexos.
Emocionante, universal e atemporal. Uma das mais importantes séries/minisséries de 2017.
The End of the F***ing World (2ª Temporada)
3.9 315"O problema, quando se recebe pouco amor, é não saber como é. Então é fácil ser enganado. De ver coisas que não existem. Mas acho que mentimos para nós mesmos o tempo todo."
Os fortes traumas da existência e os diferentes tempos de cada um.
O amadurecimento da narrativa acompanhando o amadurecimento dos personagens.
A narrativa de gênero, aliada ao humor negro, constrói uma tensão palpável durante a maior parte da temporada. Há tensão, mas "The End of the F***ing World" vai além disso.
A segunda temporada mostra como os traumas podem afetar imensamente vidas e modificar destinos de forma decisiva.
O belo final é um encontro com a paz. Um acerto necessário dos personagens com si mesmos e com seus monstros. Entende-se também que para cada pessoa o amor tem seu próprio tempo e lugar para funcionar.
James e Alyssa mostraram que são tão excêntricos quanto especiais. Sempre torceremos pelos dois.
Muito boa segunda temporada. Série cativante e original. Fará falta.
The Witcher (1ª Temporada)
3.9 926 Assista Agora*Leves spoilers abaixo!*
Uma aventura envolvente num mundo atraente.
A primeira metade me agrada muito mais. Gosto da apresentação de mundo e personagens. Conhecemos o bruxo solitário que prefere não tomar partido(e sempre toma), a excluída sonhadora e sua transformação(arco universal tocante de grande apelo e fácil identificação), a poderosa sobrevivente e o massacre de seu povo e as maldições, criaturas, tradições e magias que tornam tudo mais rico. Rapidamente nos interessamos pela história.
A segunda metade não possui a mesma força, falha no aprofundamento da trama.
O romance não convence e as missões não são tão interessantes assim, nitidamente.
O truque narrativo é mais prático do que sólido, mais parece gastar o tempo do que qualquer outra coisa.
Tudo parece rapidamente caminhar num passe de mágica(não resisti) para o dramático episódio final, que claramente soa apressado - embora visualmente eficiente.
Minha boa vontade com temporadas iniciais me faz ser mais tolerante na hora de avaliar. Primeira temporada boa e agradável, apesar de seus problemas e irregularidade.
Yennefer, Geralt e Ciri nos conquistam o suficiente para que continuemos a assistir.
Espero estar enganado, mas não acredito que a série alcançará um nível alto que a coloque entre as obras de fantasia especiais e memoráveis da década de 2020.
Enfim, controlando as expectativas, "The Witcher" provavelmente será um entretenimento eficiente e divertido até a sua conclusão.
Better Call Saul (4ª Temporada)
4.4 230 Assista Agora*Spoilers abaixo!*
O auge(até o momento) de uma das melhores obras da TV.
O luto e a assimilação totalmente particular. Sentimentos difíceis de serem entendidos geram desconforto e dúvidas nas pessoas mais próximas. Novos caminhos e descobertas sobre carreiras e preferências(forçadas ou não) revelam muito sobre quem realmente são esses personagens.
Ver a jornada da Kim de crescimento e entendimento de si mesma, de sua carreira e da relação com o Jimmy é um prazer imenso. A personagem aprendeu a se impor, e aqui nos surpreende mais do que nunca com suas escolhas. A construção excelente da advogada merece todos os elogios.
O casal principal é hipnotizante. Há um distanciamento natural, uma cumplicidade que se fortalece, desentendimentos fortes e grandes surpresas que geram perguntas que só serão respondidas no futuro. Nota-se as mudanças das atitudes dos dois personagens em relação ao outro(muito mais da parte do Jimmy, claro).
A relação entre Kim & Jimmy vale ouro, somos privilegiados em acompanhá-la.
Acompanhamos Jimmy tendo que se virar num novo emprego e rotina. Claramente não é fácil para o protagonista, mas o mesmo obviamente consegue se adaptar a realidade e fazer as coisas ao seu próprio modo. Os golpes do personagem principal continuam elaborados e desconcertantes.
Jimmy enfrenta boas adversidades, sente os baques em sua jornada para conseguir voltar a exercer sua profissão. A luta interna sobre fazer o "certo" ou seguir sua vocação para falcatruas constantemente está presente. O sentimento por Kim e o medo de perdê-la é claramente o que mantém(quando mantém) o personagem numa linha mais aceitável para a profissão.
A verdade é que Jimmy sabe que a transformação é inevitável. E Kim, agora, parece perceber também a mesma coisa. O sinal de alerta foi ligado.
Os plots do Nacho e o do Mike também voltaram muito bem. Voltamos a sentir a tensão característica da trama do primeiro e a inteligência e esperteza do Mike no segundo.
Nacho sofreu horrores(esteve envolvido em grandes sequências de ação e suspense) e viu mudar muita coisa - inclusive à seu favor;
Gus ganhou espaço e acrescentou muito à serie. Suas interações com Hector Salamanca, Mike e Nacho renderam grandes momentos;
E tivemos Lalo, uma boa aquisição que ligou mais ainda os caminhos e tramas dos personagens acima.
O final do plot do Mike na temporada foi incrível. Depois de uma construção lenta e cuidadosa, tivemos um encerramento incrivelmente poderoso, cruel e rico. Um desfecho pesado filmado com enorme primor técnico(a fotografia e o plano da marcante cena fatal são espetaculares).
A quarta temporada apresentou exemplarmente a genial capacidade da obra do Vince Gilligan(das obras, né) de construir riquíssimos significados através da direção, da montagem, das sutilezas narrativas, dos planos deveras simbólicos e do roteiro complexo que aprofunda os grandes personagens e temas com excelência admirável.
E, por último: temos aqui oficialmente o nascimento de Saul Goodman. Um renascimento profissional e um nascimento moral(ou seria amoral, né? rs). Esse final é um marco na série.
Belo quarto ano. Não tenho dúvida de que teremos duas grandes temporadas finais.
"Better Call Saul" é deveras imperdível.