Uma jornada de introspecção transformadora. "I May Destroy You" mergulha na mente e na alma de sua protagonista. Michaela Coel aprofunda de maneira super complexa, direta e corajosa sua trama sobre consentimento e abuso sexual no mundo contemporâneo.
O tema do estupro é colocado na tela em suas inúmeras possibilidades e camadas. Tudo é discutido de forma tão eloquente que essa série merece ser reconhecida como uma verdadeira aula definitiva sobre o assunto. Vítimas, abusadores, amigos e cúmplices(diretos e indiretos) sendo observados e estudados de forma bastante humana e realista. Questões difíceis de serem abordadas são colocadas em debate e destrinchadas. Diferentes lados e ângulos inesperados são discutidos com sobriedade admirável.
Os episódios fluem num ritmo maravilhosamente envolvente. A série consegue transmitir certa leveza e humor mesmo sem nunca abandonar nem por um segundo seu caráter questionador.
Os coadjuvantes(bastante importantes e bem aproveitados) e as subtramas também ficam na memória. Feminismo, privilégios de classe, inoperância da justiça criminal, uso moderno e dependência das redes sociais e um olhar geral que aponta outros lados e intenções em ações aparentemente positivas(de pessoas e instituições) são alguns exemplos dos muitos assuntos presentes nos 12 episódios. O olhar apurado de Coel sobre o mundo atual é único.
O último episódio, o brilhante "Ego Death", encerra a obra lindamente. Um episódio que eleva o material a outro nível em termos de direção e profundidade narrativa.
"I May Destroy You" é tudo isso e mais um pouco. Provavelmente, a série mais arrebatadora e obrigatória de 2020.
Uma trama pouco empolgante, de resolução medíocre. A temporada sobrevive de momentos isolados inspirados - geralmente protagonizados pela irresistível e única Villanelle. O que seria de "Killing Eve" sem a performance maravilhosa da Jodie Comer? Por mais problemática que a temporada seja e em baixa que a obra esteja, a atriz segue brilhando muito e se salvando de qualquer possível crítica.
A série segue atraente, mas hoje está bastante distante de seus melhores dias. Esperamos que surjam tramas melhores, mais momentos como o da cena final e o da dança e episódios como o da Rússia em seu próximo ano.
Os ciclos inevitáveis e o difícil processo de aceitação do luto.
"Dark" ampliou seus movimentos, versões e ações misteriosas em diferentes épocas, tornou-se mais complexa na abordagem de suas muitas ideias. Apesar disso, não é o ano mais coeso da série. Os diálogos repetitivos, as sequências redundantes e os muitos saltos e linhas temporais por vezes cansam. As fraquezas citadas acima não podem ser ignoradas, claro, porém na maior parte do tempo a série se sustenta bem e encanta graças a riqueza e detalhismo de toda a construção de seu universo.
A trama cheia de possibilidades, que arrisca e investe em inúmeros conceitos físicos e filosóficos, alcança seu auge na temporada ao comover com seu coração e encontrar a tão sonhada paz existencial. Belo desfecho e muito boa terceira temporada.
"Dark" não está na primeira prateleira das obras recentes, sem dúvida não está nesse nível. Contudo, a série mais enigmática dos últimos anos merece elogios por ser um entretenimento bastante eficiente, dono de um universo atraente muito particular.
Foi um prazer acompanhar essa jornada surpreendente.
A eternidade como aprendizado, transformação e entendimento. A jornada do alcance da plenitude do ser.
A busca individual por salvação virou uma tentativa de salvação da turma. A odisseia de salvação da turma transformou-se num processo de salvação de toda a humanidade.
Um último ano por vezes não tão inspirado, porém sempre original, comovente e divertido. "The Funeral to End All Funerals", "The Answer", "Patty" e, claro, "When You're Ready" estão entre os grandes episódios da série.
O brilhante episódio final encerrou "The Good Place" lindamente.
A certa inocência cômica(que lembra alguns seriados mais antigos do gênero), as belas sacadas/referências que dialogam muito com o mundo atual, o texto e a direção de arte/efeitos visuais que brincam e exploram inteligentemente as várias possibilidades do além-vida, as reviravoltas marcantes, as reflexões temáticas universais e os interessantes personagens que crescem e se tornam irresistíveis tornam deveras rica a obra deliciosa de Michael Schur.
Michael, Eleanor, Chidi, Tahani, Jason e Janet são personagens que conquistaram um espaço no meu coração. Gosto bem até mesmo de alguns coadjuvantes. A Juíza e Shawn, por exemplo, são duas figuras maravilhosamente divertidas.
Quatro temporadas de um humor particular e especial. Quatro temporadas que discutem filosofia de forma leve e super eficiente. A série nos faz refletir belamente sobre a vida e a morte. Vimos uma história que mostra com otimismo como podemos encontrar as nossas melhores versões, melhorar nossas ações e tornar o mundo mais bonito através de cada acerto e da generosidade cotidiana.
Sentirei falta dessa atmosfera única. Acompanhar esse universo imprevisível, atraente e mágico foi sempre muito prazeroso.
Nos veremos em breve, bela, tocante e divertida "The Good Place".
"Às vezes a vida é uma merda, e a gente continua vivendo."
A despedida de uma obra-prima. Uma temporada de consequências sombrias/avassaladoras e recomeços.
Os momentos nos quais BoJack encontrou paz consigo mesmo e a surpreendente satisfação sentida ao ensinar seu ofício proporcionaram cenas bem bonitas. Mas não durou. Os demônios do passado vieram à tona com enorme força, desenterraram seus piores pesadelos e apresentaram os mesmos ao mundo. A exposição imensa que a fama proporciona, a depressão e o alcoolismo causaram danos terríveis.
Eu vejo nitidamente dois finais em "BoJack Horseman". Ao término do espetacular e apavorante penúltimo episódio, o protagonista aceitou a morte após lutar contra a própria em sua mente; no último, temos um desfecho mais otimista, os reencontros com seus amigos não deixaram de apresentar uma melancolia bem real em torno dos pesares dos anos, mas em essência tivemos um vislumbre de esperança e continuidade de crescimento pessoal.
"The View from Halfway Down", "Nice While It Lasted" e "The New Client" são episódios incríveis, ótimos exemplos da excelência do obra. O último ano honra os grandes personagens, as poderosas reflexões e a enorme inteligência e sensibilidade do texto.
Grandíssima temporada final e encerramento.
"BoJack Horseman" me surpreendeu muito. Eu esperava uma comédia de alto nível e me deparei com uma comédia excelente e um drama absolutamente fantástico. Alguns dos melhores episódios que já vi pertencem a série, há vários incríveis. O já citado "The View from Halfway Down", "Fish Out of Water", "Free Churro" e "Time's Arrow", por exemplo, fazem frente a qualquer grande episódio das melhores séries já feitas.
Muitíssimos temas super relevantes do mundo atual, universais e deveras humanos são abordados com sobriedade, acidez e genialidade. Certos episódios vistos isoladamente rendem discussões riquíssimas, conseguem tal feito até mesmo vistos de forma aleatória e fora da ordem cronológica do show.
Amo essas figuras tão únicas que conheci e me importei por seis temporadas. Através de relações bem construídas, alegrias, tristezas, traumas e conquistas, vimos personagens - no tempo particular de cada um - crescendo(ou ao menos tentando) como podiam. Jamais esquecerei esses personagens e obra.
Jornada bela, dura e tocante. Foi um prazer imenso acompanhar essa série maravilhosa. Não há dúvida que trata-se de uma das mais brilhantes dos últimos tempos.
Fases e crescimento. Escolhas e momentos. A série atual que capta com maior sensibilidade a complexidade das interações humanas cada vez mais possui a cara de sua criadora. Entre decepções e aprendizados cotidianos, nos encantamos com a beleza dos pequenos e memoráveis instantes.
Sam e Max melhoram ainda mais a relação entre ambas que já foi complicada num passado mais distante; Sam e Frankie melhoram drasticamente, se entendem e conseguem dialogar/se abrir agora; Sam e Duke, que sempre se deram maravilhosamente bem, começam a ter seus primeiros episódios de instabilidade. Acompanhar ao longo das temporadas essas alternâncias citadas acima é deveras prazeroso. Impossível não amar essa família.
Rituais que chamam a atenção com as mudanças de idade e amadurecimento, viagens e eventos marcantes e velhos traumas que precisam serem encarados novamente estão entre os plots/temas de maior força na temporada.
Há na temporada uma clara sensação de que Sam buscou ter maior paz consigo mesma e aprendeu a valorizar mais sua própria companhia. Ao término, um espírito purificador domina os ambientes de vários dos personagens de maneira bastante poética. Deixar fantasmas para trás é algo necessário que a série gostar de reforçar com muita contundência. Grande encerramento.
Excelente quarto ano. Até muito em breve, "Better Things".
Um dos dramas imperdíveis do momento em uma nova bela temporada.
Decisões arriscadíssimas e caminhos incontornáveis num universo crescentemente perigoso. A mudança de cenário trouxe um ar mais grandioso a série. Fronteiras foram expandidas e novas possibilidades dramáticas surgiram/ganharam força.
A feroz e fascinante Ruth segue brilhando imensamente; Wendy, graças a sua sede por poder, tornou-se imparável e Marty novamente impressiona com sua inteligência e calma para resolver as situações mais complicadas.
Os coadjuvantes são fortes e fundamentais na série. A entrada de novos personagens reforça essa afirmação, fez super bem a "Ozark". Ben, o irmão da Wendy que passamos a conhecer agora, é o agente do caos que não pode ser controlado(a não ser por seus remédios, né). Nessa equação de mentiras, violência, poder e ganância na qual todos estão envolvidos ele definitivamente não se encaixa.
"Fire Pink", o melhor episódio da temporada e de toda a série, é uma pérola fantástica. Um episódio que mostra o peso gigantesco das escolhas e as sombrias consequências que os personagens precisam lidar ao entrar nesse mundo. Transformar-se num ser humano diferente ao longo dos dias e anos é inevitável. Laura Linney e Tom Pelphrey estão incríveis em cena.
Prisões, matanças, surras e vinganças estão presentes dentro de 10 episódios de inevitáveis rompimentos e mudanças drásticas no rumo da obra. Momentos de grandíssima força emocional e enorme tensão não faltam. Os segundos finais da temporada são impactantes, estão entre os season finales mais marcantes dos últimos anos.
Sobrevivência, alianças e sacrifícios. Não há espaço para cartadas ruins, estar no lado certo na hora certa é o que mantém o jogo ao seu favor. Marty e Wendy continuam progredindo de alguma forma, mas até quando? Saberemos no futuro, o encerramento se aproxima.
Os ótimos personagens e os episódios muito envolventes seguem nos conquistando mais e mais. Belíssimo terceiro ano. O ápice de uma das séries atuais mais empolgantes. Palmas para esse grande elenco.
Que venha a última temporada, as expectativas são altíssimas.
A cegueira que contamina e o despertar do ódio em uma nação.
A ambientação, o lado político e a reconstrução histórica são fascinantes. A produção esbanja bom gosto e primor técnico. As discussões de família em casa sobre política e as emblemáticas cenas no cinema são marcantes. As discordâncias entre os próprios judeus norte-americanos em relação a seus posicionamentos políticos, visões de mundo e a Guerra(e a respectiva participação dos judeus envolvidos nela) geram bons debates e reflexão.
Vidas e famílias são destruídas. O medo palpável surge a cada esquina e nova notícia. O "salvador" é o agente da transformação. As consequências das escolhas da maioria colocam fogo no país, expõem o que há de pior nas autoridades e em grande parte das pessoas.
O ódio sempre cobra o seu preço, não importando em qual lado você esteja. Cenas dolorosas não faltam. Há perdas de vidas inocentes e também perda da própria inocência em si. As ilusões caem, o mundo/cenário presente mostra-se bem mais complexo do que parecia ser. No final, o pesadelo atinge até mesmo muitos daqueles que se enganaram ao achar que estavam vivendo num país dos sonhos - uma realidade que nunca existiu.
A devastadora ascensão do fascismo contada com enorme sobriedade e excelência narrativa. Uma obra que nos mostra um passado possível que dialoga com o mundo atual, deveras atemporal.
Zoe Kazan(mais do que todos), Morgan Spector, John Turturro, Winona Ryder, Anthony Boyle e Caleb Malis estão ótimos, são bons destaques do belo elenco.
"The Plot Against America" é uma das maravilhas de 2020. Obrigatória.
Amor, intimidade, cicatrizes, não pertencimento e crescimento. Duas almas que se perdem e magoam gravemente, mas se curam quando seus corpos se encontram.
Um romance de temas riquíssimos e lindamente filmado. A fotografia é das mais belas; planos bonitos e inteligentes são recorrentes.
Os traumas da formação marcam e afetam bastante no presente e no futuro a seguir. A rejeição na adolescência, a falta de coragem em se expor e assumir o que sente, os maus-tratos familiares, a dificuldade de comunicação e a auto sabotagem por se diminuir e não ver merecimento na própria felicidade são alguns dos temas abordados com muita sensibilidade e força.
"Normal People" é um épico romântico que transmite com naturalidade as muitas fases e complicações inevitáveis do viver ao longo dos anos. As inseguranças e dores dos protagonistas são sentidas de forma palpável pelo espectador.
As cenas de sexo(algumas relativamente longas, inclusive) são bastante delicadas e bem filmadas, as mesmas estão entre as melhores coisas da série. O sexo é libertador e também revela muito sobre o estado de espírito atual de seus personagens. Os momentos mais íntimos, em geral, são filmados com enorme delicadeza e beleza.
O desenvolvimento do casal protagonista é excelente, sentimos de fato o passar do tempo e acompanhamos como os desvios, turbulências e aprendizados da vida os transformam.
Temos aqui uma série que possui sentimentos, mudanças, afastamentos e reencontros memoráveis. As dores são avassaladores e os momentos de amor mais lindos tão potentes quanto.
"Normal People" é complexa e maravilhosamente bem realizada. A direção, o roteiro, as atuações e a fotografia são de altíssimo nível. Daisy Edgar Jones e Paul Mescal se entregaram e convenceram totalmente.
O amadurecimento de ambos foi bonito de ver. A cena final vai ficar marcada na minha mente e coração.
Veremos raríssimas séries(e também filmes) em 2020 com o mesmo nível de qualidade.
Uma das mais belas e duras obras dos últimos anos.
A luta por igualdade de direitos em toda sua jornada de percalços e vitórias. Os questionamentos, absurdos e reflexões são poderosos, atingem de forma universal. Acompanhar ativistas feministas x conservadoras é fascinante. A opção de mostrar igualmente, e de forma detalhada, as ações e motivações de ambos os lados funciona bastante.
Igualdade de gênero, questões raciais, sexualidade, sujeira e favores políticos, aborto, independência e os valores/regras que a sociedade impõe e julga são vistos através de 9 ricos episódios, cheios de sensíveis e importantes discussões. "Houston" é fantástico, o maior de todos(um dos melhores do ano), nele vemos um mundo de convicções caindo e sendo transformado de forma genial.
A excelente ambientação e reconstituição histórica chamam bastante a atenção, não podem deixar de serem destacadas. As atuações são especiais e fundamentais para que tudo funcione tão bem, também encantam.
A divina Cate Blanchett entrega uma das melhores performances de sua grandíssima carreira. A construção de sua personagem é tão formidável que acabamos mais impressionados com a complexidade dessa antagonista do que irritados com suas opiniões controversas.
O forte elenco nos encanta. Margo Mantindale, Rose Byrne, Sarah Paulson, Uzo Aduba, Elizabeth Banks, Ari Graynor, Tracey Ullman e John Slattery são alguns dos ótimos coadjuvantes. Todos estão muito bem e brilham em algum(ns) momento(s).
Minissérie de altíssimo nível. "Mrs. America" é uma das maravilhas de 2020.
Deixar o passado e se emocionar com o hoje que se vive.
Modos de vidas tradicionais e rigorosos ferem pessoas e relações de diferentes gerações. Ser livre é reaprender a viver, não há espaço para volta. A solução surge do fundo da alma. Poder respirar o que virá é um presente.
A cena da praia é das coisas mais belas do ano. Vou guardar no coração.
Shira Haas(Esty Shapiro) entrega uma grande atuação. Sentimos sua vontade de abraçar o mundo com tudo de si no presente e sua infelicidade crescente no passado. Performance marcante.
"Unorthodox" merece muito ser vista. Uma das melhores séries/minisséries de 2020(pelo menos até esta metade inicial do ano).
No embalo das músicas e nas confusões dos corações.
A busca da cura e do entendimento dos próprios sentimentos são de fácil identificação. Diferentes amores e apaixonados diálogos sobre clássicos sons/artistas tornam a série bem gostosa de se assistir.
Zoë Kravitz brilha, nos conquista facilmente. Os coadjuvantes também são interessantes. Gosto de como a série dá espaço para que eles possam se destacar - algo visto, por exemplo, no episódio focado no Simon.
As semelhanças com o cult movie de 2000 são muitas, existem frases e reflexões idênticas utilizadas por meio da quebra da quarta parede(quase certeza que as mesmas também estão no livro, claro). Contudo, sim, a série possui uma cara própria. Os personagens são cheios de falhas, convincentes e esbanjam carisma.
Boa primeira temporada. Tomara que tenhamos outras, há espaço para melhora.
Fantasmas e dilemas do passado, presente e do futuro.
Sam vê de perto as filhas crescendo, se reaproximando e se afastando. Dedicar-se inteiramente as mesmas não é algo que garanta que a super mãe se dê bem com suas crias. Protegê-las dos perigos do mundo é ainda menos possível. Cedo ou tarde, todas criarão suas próprias asas e voarão por conta própria. Acompanhar cada uma dessas relações tão complexas e fascinantes é um presente para o espectador.
Envelhecer pode não apenas ser um processo de sentir que seu corpo/saúde está mudando e de tomar decisões mais seguras por já se conhecer muito bem. Passos e sensações novas, que antes seriam inimagináveis, sempre podem acontecer. A indecisão e o medo do novo independem da idade, são tão atemporais e inevitáveis quanto os fantasmas presentes em nossas existências.
Uma temporada sobre engolir a dor e demonstrar amor dando espaço a quem se ama. Um ano sobre entender seus medos, fraquezas e fantasmas. Por maiores que sejam as dificuldades e enorme desgaste, deve-se sempre seguir em frente. Sam merece todo o amor do mundo. Merece justamente por ser gente como a gente igual a qualquer um de nós.
Outra bela temporada da grande "Better Things". A série de Pamela Adlon é indiscutivelmente uma das joias da atualidade.
"Ozark" não brinca em serviço. Definitivamente, comprovamos na temporada que vacilar com os aliados(e pessoas mais próximas) é tão grave quanto com os inimigos. Famílias e sócios convivem numa rotina na qual o crescimento/poder e o perigo real estão inevitavelmente ligados.
Vidas são destruídas ferozmente, de variadas maneiras, por conta de decisões e ligações controversas. Chantagens, planos e alianças interferem decisivamente em quaisquer relações. O jogo de sobrevivência não poupa ninguém. A série é deveras corajosa, não pensa duas vezes em se desfazer de personagens importantes para que sua trama avance.
Laços são rompidos e outros fortalecidos. Fortalecidos até quando? Não se pode botar a mão no fogo por ninguém, é um fato. "Ozark" mostra que não sujar as mãos e entender no que estão envolvidos não são opções possíveis no mundo desses personagens.
Julia Garner e Laura Linney são os grandes destaques. Duas performances fortes que super dão conta de alavancar suas ricas personagens. Wendy mostrou do que é capaz e Ruth continua sendo a figura mais imprevisível e fascinante.
Bela segunda temporada. "Ozark" aqui se firma como um dos melhores dramas da TV na atualidade.
"The Good Place" fez uma escolha arriscadíssima ao levar seus personagens de volta à Terra, poderia claramente tudo desandar e perder certo sentido. Felizmente isso não aconteceu. O que vimos foi o crescimento da série.
A estrutura repetitiva de flashbacks e reinicializações foi deixada de lado, permitindo assim que o programa desenvolvesse melhor Eleanor, Chidi e cia. O esperado estranhamento não aconteceu e a obra ganhou em ritmo. A trama tornou-se mais empolgante e urgente. As ações tiveram consequências e geraram reflexões claramente mais sentidas. Os episódios ganharam nitidamente mais liberdade para explorar as inúmeras possibilidades do universo.
O humor esteve ótimo como nunca. O elenco e o texto só melhoram. As emoções também aconteceram de forma mais intensa, vimos os personagens se abrindo, crescendo e entendendo de maneira comovente.
Se nas duas primeiras temporadas Michael e Janet claramente se destacaram, agora vimos um maior equilíbrio nesse sentido. Eleanor, que é a protagonista, cresceu nitidamente como personagem, tornou-se uma figura realmente mais humana. Ainda assim, o espírito de equipe foi mais forte do que qualquer destaque individual.
A saga sobre tornar-se alguém melhor e chegar ao "Bom Lugar" nos conquista mais e mais. Não faltaram belos episódios. Aprendemos que quanto mais Janets melhor e nos emocionamos de forma inesperada com o bonito final.
Bela temporada, a maior até aqui. A série parece ter encontrado o melhor tom e equilíbrio para potencializar seus temas.
A solidez impressionante de uma série consolidadíssima. O auge narrativo/estético de "BoJack Horseman".
Seres falhos que se cobram(mais cedo ou mais tarde) caminham como podem na imprevisibilidade do cotidiano. A galeria de personagens fascinantes nos conquistam mais e mais com suas características únicas. As relações e seus finais verdadeiramente trágicos e imensamente tristes nos pegam de jeito. Há fins e também reaproximações. E também milagres, sonhos que já pareciam impossíveis tornando-se reais quando menos se esperava.
BoJack parecia diferente, nitidamente dava sinais de que tentava se tornar alguém melhor. Contudo, sua sina de se auto sabotar sempre reaparece de forma mais forte. Os dois últimos episódios foram grandes pancadas emocionais. Pode acontecer de tudo com o personagem no último ano. Princess Carolyn segue sendo a profissional incansável e a batalhadora que nunca desiste também de seus sonhos mais pessoais. Depois de tantas frustrações, veio, finalmente, o que ela mais esperava. Não torcer pela personagem é difícil. Diane se encontrando e também se perdendo, Todd crescendo(dentro do possível) e nos fazendo rir como sempre e Mr. Peanutbutter, no seu jeito avoado de ser, refletindo mais sobre si mesmo e suas relações também tiveram seus momentos valiosos.
"Free Churro", "The Dog Days Are Over" e "The Showstopper" são episódios que mostram o nível enorme que a série é capaz de alcançar. Um trio poderoso que certamente está entre os melhores de toda a animação.
"BoJack Horseman" segue entregando temporadas que comprovam que é indiscutivelmente uma das melhores séries dos últimos 10 anos. A animação segue abordando temas seríssimos e desenvolvendo personagens com gigantesca sensibilidade e potência.
Brilhante temporada. E vamos para a última. Assistir a essa obra é uma experiência incrível.
De grande estreante em 2016 à uma das obras-primas de 2017.
Ciclos que se encerram(para o bem e para o mal), aventuras do coração e tentativas frustradas, respirar e se entender, relações difíceis que fazem rir e chorar, a crueldade e dureza do tempo e da memória e o amor mostrando o que realmente importa. Uma temporada de imensos sentimentos e sensações. A sensibilidade segue impressionando bastante. A humanidade dos personagens é absurdamente palpável.
Que roteiro, direção e personagens belíssimos! A delicadeza da construção e a força do que é criado dentro dos muitos temas de "Better Things" tornam o programa deveras especial.
"Eulogy" e "White Rock" foram os episódios mais brilhantes, duas grandes joias para se ver e rever. "Graduation" encerrou maravilhosamente a temporada, mostrou o quanto o amor e a presença das pessoas mais importantes são capazes de confortar o coração e mudar o estado de espírito de qualquer pessoa.
Série lindíssima. "Better Things" é uma dessas raridades que temos a obrigação de falar sobre, de externar essa sensação ótima que ela nos dá e convencer o máximo de pessoas a assisti-la.
Sam.♡ Max.♡ Frankie.♡ Duke.♡
Fabulosa temporada. Palmas infinitas para Pamela Adlon.
Mesmo em sua temporada menos memorável, a animação segue impressionando ao atirar para todos os lados com muita criatividade. A série ri de si própria e das questões mais absurdas e espinhosas do mundo através de um humor bem especial.
"The Vat of Acid Episode" é o meu episódio favorito da season, esse realmente é sensacional. "Childrick of Mort", "Star Mort: Rickturn of the Jerri" e "The Old Man and the Seat" também são belos exemplos do alto nível que "Rick and Morty" pode alcançar.
O final e suas questões em aberto merecem elogios. Um quarto ano muito bom.
A melhoria do ser numa jornada de surpresas e muitas possibilidades.
Tornar-se alguém melhor e chegar ao "Bom Lugar". Essas questões são o que movem a trama e personagens. Contudo, a jornada é o ouro da série. Acompanhar os caminhos inusitados e as figuras excêntricas que protagonizam a obra errando e acertando é delicioso.
A parte visual e cenários tornam-se muito atraentes por conta do fator mágico/divino que entra em ação. As soluções são inventivas e muito divertidas.
Michael, Janet, Eleanor, Tahani, Chidi e Jason seguem nos conquistando(alguns individualmente e outros coletivamente). Não curti tanto o ousado caminho escolhido pelo episódio final, mas espero ser surpreendido positivamente.
Uma nova competente temporada. Pode acontecer de tudo em "The Good Place".
Respiramos o processo de construção de um Chicago vencedor e vemos o craque obstinado se tornar o maior jogador de todos os tempos.
O fantástico coadjuvante/melhor parceiro, o louco indispensável e o mágico perfeccionista comandados por um técnico brilhante que soube encontrar a melhor forma de todos brilharem como equipe. Uma reunião de talentos e grandes trabalhadores excepcionais.
Todas as grandes derrotas e vitórias, do ano de estreia até o último, de Michael Jordan no Chicago Bulls são contadas através de depoimentos e imagens carregadas de peso e memórias que marcaram os entrevistados. Acompanhamos uma década e meia muitíssimo ricas para o Basquete mundial.
Rever grandes craques, esquadrões e histórias despertam sentimentos nostálgicos nos espectador; conhecer coisas novas sobre os mesmos enriquece a experiência e surpreende ao nos darmos conta de que tudo que envolve essa era especial é ainda mais complexo do que imaginávamos. E mesmo aqueles que nada conhecem do esporte e desse super time vão se render aos acontecimentos impressionantes, narrativa eficiente e inteligente, ritmo empolgante(a montagem é excelente) e figuras interessantes que participam e protagonizam o documentário.
Das acusações polêmicas e desavenças com a mídia às cobranças implacáveis aos companheiros de elenco. Do desgaste físico e mental às vitórias épicas inacreditáveis. A jornada de MJ é deveras única e especial. O homem que se tornou lenda e parte da cultura mundial é tão cheio de falhas e dono de atitudes bem questionáveis como qualquer um de nós.
A beleza de "The Last Dance" está tanto na grandiosidade de detalhes nos quais vemos cada fabulosa vitória do fantástico Chicago quanto na sensibilidade ao mostrar as pequenas coisas que fazem diferença e as verdades mais íntimas dos protagonistas que o grande público não costuma ter acesso.
Um fascinante mergulho pelas quadras, bastidores, mentes e corações de uma geração que mudou o esporte e ganhou o mundo.
O cotidiano explorado com simplicidade tocante e beleza impressionante. Sam é uma mãe em tempo integral. Conciliar sua vida maternal com a carreira de atriz e os encontros com os parceiros sexuais é uma tarefa hercúlea. A rotina da protagonista mostra-se igualmente atrapalhada e fascinante.
A relação com cada filha é muito particular. Diferentes idades, pessoas e personalidades exigem um jogo de cintura absurdo. Sam faz o que pode e nos conquista(esbanja dedicação e afeto), por mais erros que cometa - e ela comete muitos.
O relacionamento da personagem principal com a mãe também é bastante rico. Uma relação que complementa bem os ciclos que se repetem nas diferentes gerações, reforçando assim o quanto filhas possuem dificuldade em valorizar as mães da forma que deviam.
Crises de identidade, desgaste, solidão, sexualidade e feminilidade. "Better Things" é um poço de humanidade.
Belíssima temporada de estreia. Já tô apaixonado pelas personagens e dinâmica única da série.
Outra grande temporada de uma das melhores séries dos últimos anos.
Os novos laços já nascem carregados de dor e traumas. As antigas relações se deterioram de forma acachapante com o tempo, todas cercadas por sombras enormes. As auto sabotagens se mostram constantes. As mesmas são causadas por demônios internos, sensações particulares de não merecimento de felicidade e gerações de frustrações e culpas.
Aceitar ao menos parte dos próprios erros e entender o sofrimento alheio pode ser a única solução para se conseguir um raro sorriso de felicidade? É possível.
"The Old Sugarman Place" e "Time's Arrow" são episódios fenomenais. Dois grandes episódios memoráveis que certamente estão entre os melhores de toda a série.
O arco do Todd foi o ponto fraco da temporada. Definitivamente a maior parte dos instantes com o personagem estiveram longe do alto nível costumeiro da série. A relação do trio BoJack, Hollyhock e Beatrice(mãe do BoJack) foi o grande destaque. Os dois primeiros criaram um relacionamento complexo, cercado por revelações surpreendentes, um desengonçado afeto e sentimentos deveras humanos; a do protagonista com a mãe, em compensação, foi quase sempre dominada por ódio e dor. Algumas sequências que contaram a história trágica de Beatrice foram verdadeiras pancadas emocionais, duras de assistir.
Somos feitos através de nossas escolhas e resultado de nossas histórias e daqueles que vieram antes de nós - para o bem e para o mal.
Belo quarto ano. "BoJack Horseman" novamente mostra aqui o quanto é uma série rica e especial.
Tensão familiar e laços controversos num universo de caos crescente que não dá pistas de avistar um fim. Ganância, crimes, traições e figuras perigosas com egos enormes não faltam. A galeria de personagens é ótima. A trama não perde tempo, os episódios são recheados de situações que mudam o jogo de figura para a maior parte dos personagens constantemente.
Os personagens mais ameaçadores são importantes ao conferirem tensão à história principal, mas a mesma está presente de diferentes formas na narrativa. As cenas com discussões e questionamentos que envolvem a família protagonista são responsáveis por entregarem boa parte dos momentos mais memoráveis. Filhos se transformam para sempre por causa das atitudes obscuras dos pais; Pais se confrontam por causa de graves quebras de confiança de um com o outro.
Mais do que uma série sobre lavagem de dinheiro e fuga, temos aqui uma interessante obra que fala do caos imparável gerado por ações controversas(para dizer o mínimo) que se sucedem e pequenas mentiras contadas nos nascimentos(e não só neles, claro) de cada relação e negócio.
Mistura deliciosa de "Breaking Bad" com "The Americans". Que bela surpresa é "Ozark". Grande temporada de estreia.
Uma divertida fábula sobre o "bem" e o "mal" presente em cada ser. O paraíso e o inferno ganham outros nomes, retirando assim uma carga dramática mais pesada em torno dos mesmos. A primeira temporada de "The Good Place" fala muito sobre pertencimento. Os personagens, especialmente a protagonista, reflete sobre o passado e presente e age em razão de tornar sua condição atual digna de estar no "Bom Lugar".
Sempre com um humor muito particular, que nos conquista facilmente(assim como seus personagens), a série cria situações que nos deixa ansiosos após os desfechos de cada episódio e caminha de forma sólida até o seu surpreendente season finale. O encerramento inteligente dá um novo significado ao título da obra e promete mudar a dinâmica dos episódios.
I May Destroy You
4.5 277 Assista AgoraTrauma, enfrentamento e cura.
Uma jornada de introspecção transformadora. "I May Destroy You" mergulha na mente e na alma de sua protagonista. Michaela Coel aprofunda de maneira super complexa, direta e corajosa sua trama sobre consentimento e abuso sexual no mundo contemporâneo.
O tema do estupro é colocado na tela em suas inúmeras possibilidades e camadas.
Tudo é discutido de forma tão eloquente que essa série merece ser reconhecida como uma verdadeira aula definitiva sobre o assunto.
Vítimas, abusadores, amigos e cúmplices(diretos e indiretos) sendo observados e estudados de forma bastante humana e realista. Questões difíceis de serem abordadas são colocadas em debate e destrinchadas. Diferentes lados e ângulos inesperados são discutidos com sobriedade admirável.
Os episódios fluem num ritmo maravilhosamente envolvente. A série consegue transmitir certa leveza e humor mesmo sem nunca abandonar nem por um segundo seu caráter questionador.
Os coadjuvantes(bastante importantes e bem aproveitados) e as subtramas também ficam na memória. Feminismo, privilégios de classe, inoperância da justiça criminal, uso moderno e dependência das redes sociais e um olhar geral que aponta outros lados e intenções em ações aparentemente positivas(de pessoas e instituições) são alguns exemplos dos muitos assuntos presentes nos 12 episódios. O olhar apurado de Coel sobre o mundo atual é único.
O último episódio, o brilhante "Ego Death", encerra a obra lindamente. Um episódio que eleva o material a outro nível em termos de direção e profundidade narrativa.
"I May Destroy You" é tudo isso e mais um pouco. Provavelmente, a série mais arrebatadora e obrigatória de 2020.
Killing Eve - Dupla Obsessão (3ª Temporada)
3.8 169 Assista AgoraAmor sem amarras e futuro indefinido.
Uma trama pouco empolgante, de resolução medíocre. A temporada sobrevive de momentos isolados inspirados - geralmente protagonizados pela irresistível e única Villanelle.
O que seria de "Killing Eve" sem a performance maravilhosa da Jodie Comer? Por mais problemática que a temporada seja e em baixa que a obra esteja, a atriz segue brilhando muito e se salvando de qualquer possível crítica.
A série segue atraente, mas hoje está bastante distante de seus melhores dias. Esperamos que surjam tramas melhores, mais momentos como o da cena final e o da dança e episódios como o da Rússia em seu próximo ano.
Dark (3ª Temporada)
4.3 1,3KOs ciclos inevitáveis e o difícil processo de aceitação do luto.
"Dark" ampliou seus movimentos, versões e ações misteriosas em diferentes épocas, tornou-se mais complexa na abordagem de suas muitas ideias. Apesar disso, não é o ano mais coeso da série. Os diálogos repetitivos, as sequências redundantes e os muitos saltos e linhas temporais por vezes cansam.
As fraquezas citadas acima não podem ser ignoradas, claro, porém na maior parte do tempo a série se sustenta bem e encanta graças a riqueza e detalhismo de toda a construção de seu universo.
A trama cheia de possibilidades, que arrisca e investe em inúmeros conceitos físicos e filosóficos, alcança seu auge na temporada ao comover com seu coração e encontrar a tão sonhada paz existencial.
Belo desfecho e muito boa terceira temporada.
"Dark" não está na primeira prateleira das obras recentes, sem dúvida não está nesse nível. Contudo, a série mais enigmática dos últimos anos merece elogios por ser um entretenimento bastante eficiente, dono de um universo atraente muito particular.
Foi um prazer acompanhar essa jornada surpreendente.
The Good Place (4ª Temporada)
4.3 330 Assista Agora*Leves spoilers abaixo!*
O "Bom Lugar" particular de cada um.
A eternidade como aprendizado, transformação e entendimento. A jornada do alcance da plenitude do ser.
A busca individual por salvação virou uma tentativa de salvação da turma.
A odisseia de salvação da turma transformou-se num processo de salvação de toda a humanidade.
Um último ano por vezes não tão inspirado, porém sempre original, comovente e divertido.
"The Funeral to End All Funerals", "The Answer", "Patty" e, claro, "When You're Ready" estão entre os grandes episódios da série.
O brilhante episódio final encerrou "The Good Place" lindamente.
A certa inocência cômica(que lembra alguns seriados mais antigos do gênero), as belas sacadas/referências que dialogam muito com o mundo atual, o texto e a direção de arte/efeitos visuais que brincam e exploram inteligentemente as várias possibilidades do além-vida, as reviravoltas marcantes, as reflexões temáticas universais e os interessantes personagens que crescem e se tornam irresistíveis tornam deveras rica a obra deliciosa de Michael Schur.
Michael, Eleanor, Chidi, Tahani, Jason e Janet são personagens que conquistaram um espaço no meu coração. Gosto bem até mesmo de alguns coadjuvantes. A Juíza e Shawn, por exemplo, são duas figuras maravilhosamente divertidas.
Quatro temporadas de um humor particular e especial.
Quatro temporadas que discutem filosofia de forma leve e super eficiente.
A série nos faz refletir belamente sobre a vida e a morte. Vimos uma história que mostra com otimismo como podemos encontrar as nossas melhores versões, melhorar nossas ações e tornar o mundo mais bonito através de cada acerto e da generosidade cotidiana.
Sentirei falta dessa atmosfera única. Acompanhar esse universo imprevisível, atraente e mágico foi sempre muito prazeroso.
Nos veremos em breve, bela, tocante e divertida "The Good Place".
BoJack Horseman (6ª Temporada)
4.6 296 Assista Agora*Spoilers abaixo!*
"Às vezes a vida é uma merda, e a gente continua vivendo."
A despedida de uma obra-prima. Uma temporada de consequências sombrias/avassaladoras e recomeços.
Os momentos nos quais BoJack encontrou paz consigo mesmo e a surpreendente satisfação sentida ao ensinar seu ofício proporcionaram cenas bem bonitas. Mas não durou.
Os demônios do passado vieram à tona com enorme força, desenterraram seus piores pesadelos e apresentaram os mesmos ao mundo. A exposição imensa que a fama proporciona, a depressão e o alcoolismo causaram danos terríveis.
Eu vejo nitidamente dois finais em "BoJack Horseman". Ao término do espetacular e apavorante penúltimo episódio, o protagonista aceitou a morte após lutar contra a própria em sua mente; no último, temos um desfecho mais otimista, os reencontros com seus amigos não deixaram de apresentar uma melancolia bem real em torno dos pesares dos anos, mas em essência tivemos um vislumbre de esperança e continuidade de crescimento pessoal.
"The View from Halfway Down", "Nice While It Lasted" e "The New Client" são episódios incríveis, ótimos exemplos da excelência do obra. O último ano honra os grandes personagens, as poderosas reflexões e a enorme inteligência e sensibilidade do texto.
Grandíssima temporada final e encerramento.
"BoJack Horseman" me surpreendeu muito. Eu esperava uma comédia de alto nível e me deparei com uma comédia excelente e um drama absolutamente fantástico.
Alguns dos melhores episódios que já vi pertencem a série, há vários incríveis. O já citado "The View from Halfway Down", "Fish Out of Water", "Free Churro" e "Time's Arrow", por exemplo, fazem frente a qualquer grande episódio das melhores séries já feitas.
Muitíssimos temas super relevantes do mundo atual, universais e deveras humanos são abordados com sobriedade, acidez e genialidade. Certos episódios vistos isoladamente rendem discussões riquíssimas, conseguem tal feito até mesmo vistos de forma aleatória e fora da ordem cronológica do show.
Amo essas figuras tão únicas que conheci e me importei por seis temporadas. Através de relações bem construídas, alegrias, tristezas, traumas e conquistas, vimos personagens - no tempo particular de cada um - crescendo(ou ao menos tentando) como podiam.
Jamais esquecerei esses personagens e obra.
Jornada bela, dura e tocante. Foi um prazer imenso acompanhar essa série maravilhosa.
Não há dúvida que trata-se de uma das mais brilhantes dos últimos tempos.
Até mais, "BoJack Horseman".
Better Things (4ª Temporada)
4.2 8A regular e sempre fascinante "Better Things".
Fases e crescimento. Escolhas e momentos.
A série atual que capta com maior sensibilidade a complexidade das interações humanas cada vez mais possui a cara de sua criadora.
Entre decepções e aprendizados cotidianos, nos encantamos com a beleza dos pequenos e memoráveis instantes.
Sam e Max melhoram ainda mais a relação entre ambas que já foi complicada num passado mais distante; Sam e Frankie melhoram drasticamente, se entendem e conseguem dialogar/se abrir agora; Sam e Duke, que sempre se deram maravilhosamente bem, começam a ter seus primeiros episódios de instabilidade.
Acompanhar ao longo das temporadas essas alternâncias citadas acima é deveras prazeroso. Impossível não amar essa família.
Rituais que chamam a atenção com as mudanças de idade e amadurecimento, viagens e eventos marcantes e velhos traumas que precisam serem encarados novamente estão entre os plots/temas de maior força na temporada.
Há na temporada uma clara sensação de que Sam buscou ter maior paz consigo mesma e aprendeu a valorizar mais sua própria companhia. Ao término, um espírito purificador domina os ambientes de vários dos personagens de maneira bastante poética.
Deixar fantasmas para trás é algo necessário que a série gostar de reforçar com muita contundência. Grande encerramento.
Excelente quarto ano. Até muito em breve, "Better Things".
Ozark (3ª Temporada)
4.4 316Um dos dramas imperdíveis do momento em uma nova bela temporada.
Decisões arriscadíssimas e caminhos incontornáveis num universo crescentemente perigoso.
A mudança de cenário trouxe um ar mais grandioso a série. Fronteiras foram expandidas e novas possibilidades dramáticas surgiram/ganharam força.
A feroz e fascinante Ruth segue brilhando imensamente; Wendy, graças a sua sede por poder, tornou-se imparável e Marty novamente impressiona com sua inteligência e calma para resolver as situações mais complicadas.
Os coadjuvantes são fortes e fundamentais na série. A entrada de novos personagens reforça essa afirmação, fez super bem a "Ozark".
Ben, o irmão da Wendy que passamos a conhecer agora, é o agente do caos que não pode ser controlado(a não ser por seus remédios, né). Nessa equação de mentiras, violência, poder e ganância na qual todos estão envolvidos ele definitivamente não se encaixa.
"Fire Pink", o melhor episódio da temporada e de toda a série, é uma pérola fantástica.
Um episódio que mostra o peso gigantesco das escolhas e as sombrias consequências que os personagens precisam lidar ao entrar nesse mundo. Transformar-se num ser humano diferente ao longo dos dias e anos é inevitável. Laura Linney e Tom Pelphrey estão incríveis em cena.
Prisões, matanças, surras e vinganças estão presentes dentro de 10 episódios de inevitáveis rompimentos e mudanças drásticas no rumo da obra. Momentos de grandíssima força emocional e enorme tensão não faltam. Os segundos finais da temporada são impactantes, estão entre os season finales mais marcantes dos últimos anos.
Sobrevivência, alianças e sacrifícios. Não há espaço para cartadas ruins, estar no lado certo na hora certa é o que mantém o jogo ao seu favor.
Marty e Wendy continuam progredindo de alguma forma, mas até quando? Saberemos no futuro, o encerramento se aproxima.
Os ótimos personagens e os episódios muito envolventes seguem nos conquistando mais e mais.
Belíssimo terceiro ano. O ápice de uma das séries atuais mais empolgantes. Palmas para esse grande elenco.
Que venha a última temporada, as expectativas são altíssimas.
The Plot Against America
4.1 22A cegueira que contamina e o despertar do ódio em uma nação.
A ambientação, o lado político e a reconstrução histórica são fascinantes. A produção esbanja bom gosto e primor técnico.
As discussões de família em casa sobre política e as emblemáticas cenas no cinema são marcantes. As discordâncias entre os próprios judeus norte-americanos em relação a seus posicionamentos políticos, visões de mundo e a Guerra(e a respectiva participação dos judeus envolvidos nela) geram bons debates e reflexão.
Vidas e famílias são destruídas. O medo palpável surge a cada esquina e nova notícia.
O "salvador" é o agente da transformação. As consequências das escolhas da maioria colocam fogo no país, expõem o que há de pior nas autoridades e em grande parte das pessoas.
O ódio sempre cobra o seu preço, não importando em qual lado você esteja.
Cenas dolorosas não faltam. Há perdas de vidas inocentes e também perda da própria inocência em si. As ilusões caem, o mundo/cenário presente mostra-se bem mais complexo do que parecia ser.
No final, o pesadelo atinge até mesmo muitos daqueles que se enganaram ao achar que estavam vivendo num país dos sonhos - uma realidade que nunca existiu.
A devastadora ascensão do fascismo contada com enorme sobriedade e excelência narrativa. Uma obra que nos mostra um passado possível que dialoga com o mundo atual, deveras atemporal.
Zoe Kazan(mais do que todos), Morgan Spector, John Turturro, Winona Ryder, Anthony Boyle e Caleb Malis estão ótimos, são bons destaques do belo elenco.
"The Plot Against America" é uma das maravilhas de 2020. Obrigatória.
Normal People
4.4 440As estações dos corações.
Amor, intimidade, cicatrizes, não pertencimento e crescimento. Duas almas que se perdem e magoam gravemente, mas se curam quando seus corpos se encontram.
Um romance de temas riquíssimos e lindamente filmado. A fotografia é das mais belas; planos bonitos e inteligentes são recorrentes.
Os traumas da formação marcam e afetam bastante no presente e no futuro a seguir.
A rejeição na adolescência, a falta de coragem em se expor e assumir o que sente, os maus-tratos familiares, a dificuldade de comunicação e a auto sabotagem por se diminuir e não ver merecimento na própria felicidade são alguns dos temas abordados com muita sensibilidade e força.
"Normal People" é um épico romântico que transmite com naturalidade as muitas fases e complicações inevitáveis do viver ao longo dos anos. As inseguranças e dores dos protagonistas são sentidas de forma palpável pelo espectador.
As cenas de sexo(algumas relativamente longas, inclusive) são bastante delicadas e bem filmadas, as mesmas estão entre as melhores coisas da série. O sexo é libertador e também revela muito sobre o estado de espírito atual de seus personagens. Os momentos mais íntimos, em geral, são filmados com enorme delicadeza e beleza.
O desenvolvimento do casal protagonista é excelente, sentimos de fato o passar do tempo e acompanhamos como os desvios, turbulências e aprendizados da vida os transformam.
Temos aqui uma série que possui sentimentos, mudanças, afastamentos e reencontros memoráveis. As dores são avassaladores e os momentos de amor mais lindos tão potentes quanto.
"Normal People" é complexa e maravilhosamente bem realizada. A direção, o roteiro, as atuações e a fotografia são de altíssimo nível. Daisy Edgar Jones e Paul Mescal se entregaram e convenceram totalmente.
O amadurecimento de ambos foi bonito de ver. A cena final vai ficar marcada na minha mente e coração.
Veremos raríssimas séries(e também filmes) em 2020 com o mesmo nível de qualidade.
Uma das mais belas e duras obras dos últimos anos.
Mrs. America
4.3 36 Assista AgoraMulheres em marcha.
A luta por igualdade de direitos em toda sua jornada de percalços e vitórias.
Os questionamentos, absurdos e reflexões são poderosos, atingem de forma universal. Acompanhar ativistas feministas x conservadoras é fascinante. A opção de mostrar igualmente, e de forma detalhada, as ações e motivações de ambos os lados funciona bastante.
Igualdade de gênero, questões raciais, sexualidade, sujeira e favores políticos, aborto, independência e os valores/regras que a sociedade impõe e julga são vistos através de 9 ricos episódios, cheios de sensíveis e importantes discussões. "Houston" é fantástico, o maior de todos(um dos melhores do ano), nele vemos um mundo de convicções caindo e sendo transformado de forma genial.
A excelente ambientação e reconstituição histórica chamam bastante a atenção, não podem deixar de serem destacadas.
As atuações são especiais e fundamentais para que tudo funcione tão bem, também encantam.
A divina Cate Blanchett entrega uma das melhores performances de sua grandíssima carreira. A construção de sua personagem é tão formidável que acabamos mais impressionados com a complexidade dessa antagonista do que irritados com suas opiniões controversas.
O forte elenco nos encanta. Margo Mantindale, Rose Byrne, Sarah Paulson, Uzo Aduba, Elizabeth Banks, Ari Graynor, Tracey Ullman e John Slattery são alguns dos ótimos coadjuvantes. Todos estão muito bem e brilham em algum(ns) momento(s).
Minissérie de altíssimo nível. "Mrs. America" é uma das maravilhas de 2020.
Nada Ortodoxa
4.3 334Deixar o passado e se emocionar com o hoje que se vive.
Modos de vidas tradicionais e rigorosos ferem pessoas e relações de diferentes gerações.
Ser livre é reaprender a viver, não há espaço para volta. A solução surge do fundo da alma. Poder respirar o que virá é um presente.
A cena da praia é das coisas mais belas do ano. Vou guardar no coração.
Shira Haas(Esty Shapiro) entrega uma grande atuação. Sentimos sua vontade de abraçar o mundo com tudo de si no presente e sua infelicidade crescente no passado. Performance marcante.
"Unorthodox" merece muito ser vista. Uma das melhores séries/minisséries de 2020(pelo menos até esta metade inicial do ano).
Alta Fidelidade (1ª Temporada)
4.3 137 Assista AgoraNo embalo das músicas e nas confusões dos corações.
A busca da cura e do entendimento dos próprios sentimentos são de fácil identificação. Diferentes amores e apaixonados diálogos sobre clássicos sons/artistas tornam a série bem gostosa de se assistir.
Zoë Kravitz brilha, nos conquista facilmente.
Os coadjuvantes também são interessantes. Gosto de como a série dá espaço para que eles possam se destacar - algo visto, por exemplo, no episódio focado no Simon.
As semelhanças com o cult movie de 2000 são muitas, existem frases e reflexões idênticas utilizadas por meio da quebra da quarta parede(quase certeza que as mesmas também estão no livro, claro). Contudo, sim, a série possui uma cara própria. Os personagens são cheios de falhas, convincentes e esbanjam carisma.
Boa primeira temporada. Tomara que tenhamos outras, há espaço para melhora.
Better Things (3ª Temporada)
4.2 8 Assista AgoraFantasmas e dilemas do passado, presente e do futuro.
Sam vê de perto as filhas crescendo, se reaproximando e se afastando. Dedicar-se inteiramente as mesmas não é algo que garanta que a super mãe se dê bem com suas crias.
Protegê-las dos perigos do mundo é ainda menos possível. Cedo ou tarde, todas criarão suas próprias asas e voarão por conta própria.
Acompanhar cada uma dessas relações tão complexas e fascinantes é um presente para o espectador.
Envelhecer pode não apenas ser um processo de sentir que seu corpo/saúde está mudando e de tomar decisões mais seguras por já se conhecer muito bem. Passos e sensações novas, que antes seriam inimagináveis, sempre podem acontecer.
A indecisão e o medo do novo independem da idade, são tão atemporais e inevitáveis quanto os fantasmas presentes em nossas existências.
Uma temporada sobre engolir a dor e demonstrar amor dando espaço a quem se ama.
Um ano sobre entender seus medos, fraquezas e fantasmas. Por maiores que sejam as dificuldades e enorme desgaste, deve-se sempre seguir em frente.
Sam merece todo o amor do mundo. Merece justamente por ser gente como a gente igual a qualquer um de nós.
Outra bela temporada da grande "Better Things". A série de Pamela Adlon é indiscutivelmente uma das joias da atualidade.
Ozark (2ª Temporada)
4.2 198 Assista AgoraLaços que ditam destinos e o sangue inevitável.
"Ozark" não brinca em serviço. Definitivamente, comprovamos na temporada que vacilar com os aliados(e pessoas mais próximas) é tão grave quanto com os inimigos.
Famílias e sócios convivem numa rotina na qual o crescimento/poder e o perigo real estão inevitavelmente ligados.
Vidas são destruídas ferozmente, de variadas maneiras, por conta de decisões e ligações controversas. Chantagens, planos e alianças interferem decisivamente em quaisquer relações. O jogo de sobrevivência não poupa ninguém. A série é deveras corajosa, não pensa duas vezes em se desfazer de personagens importantes para que sua trama avance.
Laços são rompidos e outros fortalecidos. Fortalecidos até quando? Não se pode botar a mão no fogo por ninguém, é um fato.
"Ozark" mostra que não sujar as mãos e entender no que estão envolvidos não são opções possíveis no mundo desses personagens.
Julia Garner e Laura Linney são os grandes destaques. Duas performances fortes que super dão conta de alavancar suas ricas personagens. Wendy mostrou do que é capaz e Ruth continua sendo a figura mais imprevisível e fascinante.
Bela segunda temporada. "Ozark" aqui se firma como um dos melhores dramas da TV na atualidade.
O terceiro ano promete.
The Good Place (3ª Temporada)
4.0 195*Spoilers abaixo!*
Risco e recompensa.
"The Good Place" fez uma escolha arriscadíssima ao levar seus personagens de volta à Terra, poderia claramente tudo desandar e perder certo sentido. Felizmente isso não aconteceu.
O que vimos foi o crescimento da série.
A estrutura repetitiva de flashbacks e reinicializações foi deixada de lado, permitindo assim que o programa desenvolvesse melhor Eleanor, Chidi e cia. O esperado estranhamento não aconteceu e a obra ganhou em ritmo.
A trama tornou-se mais empolgante e urgente. As ações tiveram consequências e geraram reflexões claramente mais sentidas. Os episódios ganharam nitidamente mais liberdade para explorar as inúmeras possibilidades do universo.
O humor esteve ótimo como nunca. O elenco e o texto só melhoram.
As emoções também aconteceram de forma mais intensa, vimos os personagens se abrindo, crescendo e entendendo de maneira comovente.
Se nas duas primeiras temporadas Michael e Janet claramente se destacaram, agora vimos um maior equilíbrio nesse sentido. Eleanor, que é a protagonista, cresceu nitidamente como personagem, tornou-se uma figura realmente mais humana. Ainda assim, o espírito de equipe foi mais forte do que qualquer destaque individual.
A saga sobre tornar-se alguém melhor e chegar ao "Bom Lugar" nos conquista mais e mais. Não faltaram belos episódios. Aprendemos que quanto mais Janets melhor e nos emocionamos de forma inesperada com o bonito final.
Bela temporada, a maior até aqui. A série parece ter encontrado o melhor tom e equilíbrio para potencializar seus temas.
Que venha a última temporada.
BoJack Horseman (5ª Temporada)
4.5 193 Assista Agora*Leves/possíveis spoilers abaixo!*
A solidez impressionante de uma série consolidadíssima. O auge narrativo/estético de "BoJack Horseman".
Seres falhos que se cobram(mais cedo ou mais tarde) caminham como podem na imprevisibilidade do cotidiano. A galeria de personagens fascinantes nos conquistam mais e mais com suas características únicas.
As relações e seus finais verdadeiramente trágicos e imensamente tristes nos pegam de jeito. Há fins e também reaproximações. E também milagres, sonhos que já pareciam impossíveis tornando-se reais quando menos se esperava.
BoJack parecia diferente, nitidamente dava sinais de que tentava se tornar alguém melhor. Contudo, sua sina de se auto sabotar sempre reaparece de forma mais forte. Os dois últimos episódios foram grandes pancadas emocionais. Pode acontecer de tudo com o personagem no último ano.
Princess Carolyn segue sendo a profissional incansável e a batalhadora que nunca desiste também de seus sonhos mais pessoais. Depois de tantas frustrações, veio, finalmente, o que ela mais esperava. Não torcer pela personagem é difícil.
Diane se encontrando e também se perdendo, Todd crescendo(dentro do possível) e nos fazendo rir como sempre e Mr. Peanutbutter, no seu jeito avoado de ser, refletindo mais sobre si mesmo e suas relações também tiveram seus momentos valiosos.
"Free Churro", "The Dog Days Are Over" e "The Showstopper" são episódios que mostram o nível enorme que a série é capaz de alcançar. Um trio poderoso que certamente está entre os melhores de toda a animação.
"BoJack Horseman" segue entregando temporadas que comprovam que é indiscutivelmente uma das melhores séries dos últimos 10 anos. A animação segue abordando temas seríssimos e desenvolvendo personagens com gigantesca sensibilidade e potência.
Brilhante temporada. E vamos para a última. Assistir a essa obra é uma experiência incrível.
Better Things (2ª Temporada)
4.4 20 Assista AgoraDe grande estreante em 2016 à uma das obras-primas de 2017.
Ciclos que se encerram(para o bem e para o mal), aventuras do coração e tentativas frustradas, respirar e se entender, relações difíceis que fazem rir e chorar, a crueldade e dureza do tempo e da memória e o amor mostrando o que realmente importa.
Uma temporada de imensos sentimentos e sensações. A sensibilidade segue impressionando bastante. A humanidade dos personagens é absurdamente palpável.
Que roteiro, direção e personagens belíssimos! A delicadeza da construção e a força do que é criado dentro dos muitos temas de "Better Things" tornam o programa deveras especial.
"Eulogy" e "White Rock" foram os episódios mais brilhantes, duas grandes joias para se ver e rever. "Graduation" encerrou maravilhosamente a temporada, mostrou o quanto o amor e a presença das pessoas mais importantes são capazes de confortar o coração e mudar o estado de espírito de qualquer pessoa.
Série lindíssima. "Better Things" é uma dessas raridades que temos a obrigação de falar sobre, de externar essa sensação ótima que ela nos dá e convencer o máximo de pessoas a assisti-la.
Sam.♡
Max.♡
Frankie.♡
Duke.♡
Fabulosa temporada. Palmas infinitas para Pamela Adlon.
Rick and Morty (4ª Temporada)
4.3 205 Assista AgoraDimensões insanas e infinitas possibilidades.
Mesmo em sua temporada menos memorável, a animação segue impressionando ao atirar para todos os lados com muita criatividade.
A série ri de si própria e das questões mais absurdas e espinhosas do mundo através de um humor bem especial.
"The Vat of Acid Episode" é o meu episódio favorito da season, esse realmente é sensacional. "Childrick of Mort", "Star Mort: Rickturn of the Jerri" e "The Old Man and the Seat" também são belos exemplos do alto nível que "Rick and Morty" pode alcançar.
O final e suas questões em aberto merecem elogios. Um quarto ano muito bom.
Que tenhamos novas temporadas.
The Good Place (2ª Temporada)
4.1 262 Assista Agora"Spoilers abaixo!".
A melhoria do ser numa jornada de surpresas e muitas possibilidades.
Tornar-se alguém melhor e chegar ao "Bom Lugar". Essas questões são o que movem a trama e personagens. Contudo, a jornada é o ouro da série. Acompanhar os caminhos inusitados e as figuras excêntricas que protagonizam a obra errando e acertando é delicioso.
A parte visual e cenários tornam-se muito atraentes por conta do fator mágico/divino que entra em ação. As soluções são inventivas e muito divertidas.
Michael, Janet, Eleanor, Tahani, Chidi e Jason seguem nos conquistando(alguns individualmente e outros coletivamente).
Não curti tanto o ousado caminho escolhido pelo episódio final, mas espero ser surpreendido positivamente.
Uma nova competente temporada. Pode acontecer de tudo em "The Good Place".
Arremesso Final
4.7 187 Assista AgoraUm time, jogador e era históricas.
Respiramos o processo de construção de um Chicago vencedor e vemos o craque obstinado se tornar o maior jogador de todos os tempos.
O fantástico coadjuvante/melhor parceiro, o louco indispensável e o mágico perfeccionista comandados por um técnico brilhante que soube encontrar a melhor forma de todos brilharem como equipe. Uma reunião de talentos e grandes trabalhadores excepcionais.
Todas as grandes derrotas e vitórias, do ano de estreia até o último, de Michael Jordan no Chicago Bulls são contadas através de depoimentos e imagens carregadas de peso e memórias que marcaram os entrevistados. Acompanhamos uma década e meia muitíssimo ricas para o Basquete mundial.
Rever grandes craques, esquadrões e histórias despertam sentimentos nostálgicos nos espectador; conhecer coisas novas sobre os mesmos enriquece a experiência e surpreende ao nos darmos conta de que tudo que envolve essa era especial é ainda mais complexo do que imaginávamos.
E mesmo aqueles que nada conhecem do esporte e desse super time vão se render aos acontecimentos impressionantes, narrativa eficiente e inteligente, ritmo empolgante(a montagem é excelente) e figuras interessantes que participam e protagonizam o documentário.
Das acusações polêmicas e desavenças com a mídia às cobranças implacáveis aos companheiros de elenco. Do desgaste físico e mental às vitórias épicas inacreditáveis.
A jornada de MJ é deveras única e especial.
O homem que se tornou lenda e parte da cultura mundial é tão cheio de falhas e dono de atitudes bem questionáveis como qualquer um de nós.
A beleza de "The Last Dance" está tanto na grandiosidade de detalhes nos quais vemos cada fabulosa vitória do fantástico Chicago quanto na sensibilidade ao mostrar as pequenas coisas que fazem diferença e as verdades mais íntimas dos protagonistas que o grande público não costuma ter acesso.
Um fascinante mergulho pelas quadras, bastidores, mentes e corações de uma geração que mudou o esporte e ganhou o mundo.
Belíssimo documentário.
Better Things (1ª Temporada)
4.1 25 Assista AgoraSer mãe por inteiro.
O cotidiano explorado com simplicidade tocante e beleza impressionante.
Sam é uma mãe em tempo integral. Conciliar sua vida maternal com a carreira de atriz e os encontros com os parceiros sexuais é uma tarefa hercúlea. A rotina da protagonista mostra-se igualmente atrapalhada e fascinante.
A relação com cada filha é muito particular. Diferentes idades, pessoas e personalidades exigem um jogo de cintura absurdo. Sam faz o que pode e nos conquista(esbanja dedicação e afeto), por mais erros que cometa - e ela comete muitos.
O relacionamento da personagem principal com a mãe também é bastante rico. Uma relação que complementa bem os ciclos que se repetem nas diferentes gerações, reforçando assim o quanto filhas possuem dificuldade em valorizar as mães da forma que deviam.
Crises de identidade, desgaste, solidão, sexualidade e feminilidade. "Better Things" é um poço de humanidade.
Belíssima temporada de estreia. Já tô apaixonado pelas personagens e dinâmica única da série.
BoJack Horseman (4ª Temporada)
4.5 240 Assista AgoraOutra grande temporada de uma das melhores séries dos últimos anos.
Os novos laços já nascem carregados de dor e traumas.
As antigas relações se deterioram de forma acachapante com o tempo, todas cercadas por sombras enormes.
As auto sabotagens se mostram constantes. As mesmas são causadas por demônios internos, sensações particulares de não merecimento de felicidade e gerações de frustrações e culpas.
Aceitar ao menos parte dos próprios erros e entender o sofrimento alheio pode ser a única solução para se conseguir um raro sorriso de felicidade? É possível.
"The Old Sugarman Place" e "Time's Arrow" são episódios fenomenais. Dois grandes episódios memoráveis que certamente estão entre os melhores de toda a série.
O arco do Todd foi o ponto fraco da temporada. Definitivamente a maior parte dos instantes com o personagem estiveram longe do alto nível costumeiro da série.
A relação do trio BoJack, Hollyhock e Beatrice(mãe do BoJack) foi o grande destaque. Os dois primeiros criaram um relacionamento complexo, cercado por revelações surpreendentes, um desengonçado afeto e sentimentos deveras humanos; a do protagonista com a mãe, em compensação, foi quase sempre dominada por ódio e dor. Algumas sequências que contaram a história trágica de Beatrice foram verdadeiras pancadas emocionais, duras de assistir.
Somos feitos através de nossas escolhas e resultado de nossas histórias e daqueles que vieram antes de nós - para o bem e para o mal.
Belo quarto ano. "BoJack Horseman" novamente mostra aqui o quanto é uma série rica e especial.
Ozark (1ª Temporada)
4.1 394 Assista AgoraLigações perigosas.
Tensão familiar e laços controversos num universo de caos crescente que não dá pistas de avistar um fim.
Ganância, crimes, traições e figuras perigosas com egos enormes não faltam. A galeria de personagens é ótima. A trama não perde tempo, os episódios são recheados de situações que mudam o jogo de figura para a maior parte dos personagens constantemente.
Os personagens mais ameaçadores são importantes ao conferirem tensão à história principal, mas a mesma está presente de diferentes formas na narrativa. As cenas com discussões e questionamentos que envolvem a família protagonista são responsáveis por entregarem boa parte dos momentos mais memoráveis. Filhos se transformam para sempre por causa das atitudes obscuras dos pais; Pais se confrontam por causa de graves quebras de confiança de um com o outro.
Mais do que uma série sobre lavagem de dinheiro e fuga, temos aqui uma interessante obra que fala do caos imparável gerado por ações controversas(para dizer o mínimo) que se sucedem e pequenas mentiras contadas nos nascimentos(e não só neles, claro) de cada relação e negócio.
Mistura deliciosa de "Breaking Bad" com "The Americans". Que bela surpresa é "Ozark".
Grande temporada de estreia.
Laura Linney e Jason Bateman são: ♡.
The Good Place (1ª Temporada)
4.2 519 Assista AgoraO início de uma série deliciosa.
Uma divertida fábula sobre o "bem" e o "mal" presente em cada ser. O paraíso e o inferno ganham outros nomes, retirando assim uma carga dramática mais pesada em torno dos mesmos. A primeira temporada de "The Good Place" fala muito sobre pertencimento.
Os personagens, especialmente a protagonista, reflete sobre o passado e presente e age em razão de tornar sua condição atual digna de estar no "Bom Lugar".
Sempre com um humor muito particular, que nos conquista facilmente(assim como seus personagens), a série cria situações que nos deixa ansiosos após os desfechos de cada episódio e caminha de forma sólida até o seu surpreendente season finale.
O encerramento inteligente dá um novo significado ao título da obra e promete mudar a dinâmica dos episódios.
Bela primeira temporada.