Humor negro de alta qualidade, banhado em uma violência meio absurda à la Tarantino orientada por trama de besteirol dos anos 2000. Imaginem se o Gaspar Noé ambientasse um conto da Agatha Christie com toques de American Pie e você tem esse filme, hahaha Gostei bastante e a média tá muito inferior ao que ele é, quem quiser uma comédia simples e bem caricata é uma ótima opção.
Hypado por todas as razões sociais possíveis, menos por sua qualidade. A nova estratégia para agradar a crítica e grande parte do público jovem é colocar uma história medíocre como plano de fundo para um problema social em voga. Promising Young Woman não tem nada a dizer, simplesmente isso. Até o seu tom é uma mistura maluca para tentar agradar, sendo uma comédia insossa quando convém e um dramalhão clichê para cativar, embalados numa falsa promessa de vingança violenta. Aliás, eu notei como a premissa engana quando entendi que ela simplesmente
não punia de nenhuma forma os seus assediadores (exceto por um sermão didático muito óbvio).
Quem buscava um Kill Bill e achou textão do Facebook que chore. O roteiro busca elevar a protagonista a ser poderosa e profunda de uma forma que não é, pois além de sua personalidade não transmitir nenhum tipo de força e suas percepções sobre as pessoas serem convenientemente ingênuas, seu passado não é nem um pouco misterioso. Foram 1h30 de pistas bobas para revelar algo que qualquer um já entendeu nos primeiros 30 minutos. E o
que é o assédio e estupro justificados pela vulnerabilidade da vítima
, isso blinda o filme para críticas, afinal, quem criticaria algo que levanta um ponto tão importante para a sociedade contemporânea? Acontece que a arte não deveria ser valorizada só por trazer questionamentos sociais, ainda mais em um assunto como esse, em que não há espaço para dilemas e tudo que veremos é uma encenação didática sobre o que não se deve fazer com uma mulher. Um bom filme envolve todo o aparato técnico, qualidade da atuação, viabilidade da história contada, intenção dos personagens, desenvolvimento interessante das ações... E este não passa de ser mediano na maioria desses aspectos, mas será louvado por todas as outras coisas que não é.
Embalagem legal com conteúdo pobre. A problemática central é muito interessante e, além de abrir muito espaço para explorar o lado sarcástico, ainda te deixa indignado. É raro ver uma "vilã" como protagonista que não justifica seus atos em um passado sofrido ou causa perdida. Marla é minimalistamente gananciosa e submete todas suas escolhas éticas ao desejo de ser rica.
Ótima personagem, carregou o negócio nas costas, certo? Pois é, existem dois problemas nisso: 1 - Tirando sua motivação, a personagem é basicamente uma cópia com detalhezinhos modificados da Amy de Gone Girl. Eu sei, você sabe, os críticos sabem... Não é a toa que se vê aqui embaixo muita gente comparando ambas. Adicione roupas millennial e uma namorada esquecível. Não bastasse isso, até o visual tenta imitar o Fincher,
principalmente naquela cena dela escapando do carro, com apagões ritmados por uma trilha tensa.
2 - A trama quer tornar Marla invencível às custas do espectador, que deve ignorar diversas coisas irrealistas e sem sentido para que a anti-heroína possa ser equivalente ao seu inimigo. Inconcebível que a mulher
venceria uma organização corporativa criminosa só com um taco de baseball (haha, cena ridícula) e sua perspicácia em manipular situações.
Você pode até ignorar esses deslizes no começo pela autoridade que a protagonista cativou, mas no final uma cascata de acontecimentos ilógicos tira qualquer inteligência que a história tentava sustentar.
Começando com a namorada e única pessoa que ela tem relações afetivas não ter sido usada como forma de acordo (tipo de clichê que até os filmes mais chulos de ação já sabem), aí passa para um assassinato mal planejado que resulta nela sobrevivendo mesmo quando todo mundo sabe que não se quebra um vidro de carro submerso, volta para casa e OLHA SÓ, deixaram a namorada viva, que incompetentes! Totalmente plausível para um assassino enfurecido...
Bom, o resto é essa falência de trama. Nenhum personagem além dela é interessante. Ainda sim, por mais sensacional que ela seja, sua "reputação" é inchada por um roteiro que ajuda para que todas as situações se resolvam fácil demais.
Só para nível de observação: é uma nova vertente do cinema atual obras com personagens femininas implicitamente feministas e todos os homens idiotas? Mulheres invencíveis e seus inimigos patéticos, falas ensaiadas sobre o machismo e patriarcado, homens sem qualidades alguma só criando caos na trama. Já deve ser a quarta ou quinta vez que vejo esse padrão se repetindo recentemente, acho que vou chamar de Síndrome de Capitã Marvel kkkk
Nunca esperava encontrar o que encontrei em Rocky, então esse comentário vai ser totalmente afetado kkk Acho que estamos muito mal acostumados com o que seria a trajetória do herói machão atualmente. Nossos símbolos masculinos de vitória geralmente são caras muito confiantes, ricos, charmosos, bonitos e violentos. Claro que temos um Capitão América e outro por aí, mas todo mundo gosta mesmo é do Tony Stark, né não? Esse é o apelo genial que existe nesse filme: Rocky é um perdedor. Não do tipo auto piedoso e frágil, ele é um cara fracassado que se sente sozinho enquanto tenta sobreviver da única forma que sabe. Seu treinamento não é orientado pela sua determinação sobre-humana e seu gênio forte, ele é orientado pelo desespero de perder mais uma oportunidade de mudar de vida. Seu maior objetivo não é o reconhecimento de ser o melhor e sim ser amado por uma mulher. Subestimei demais o Stallone, o cara é genial. Primeiro por investir num roteiro que percebeu muito bem a mudança do cinema durante a década de 70, que passa de algo clássico e teatral para histórias mais maduras e realistas que abordavam a existência humana em suas facetas mais profundas. Segundo por ser o patriarca das franquias de blockbusters testosterona (excluindo 007), dando ao público bastante ambientação, desenvolvimento de personagem e deixando a ação para o final (e ainda acabando no meio do clímax). Eu compreendo quem não gostou de Rocky pelo ritmo lento, falta de animosidade do protagonista, muito blá-blá-blá e pouca porradaria. Mas acho que seria a mesma coisa que não gostar de O Exorcista (mesma década, mesma estrutura) pelos mesmos motivos, sendo que tudo isso faz parte da construção do universo do personagem e do suspense da resolução. Isso basicamente é destruído a partir do terceiro filme e percebe-se a decaída da franquia. Concluindo, gostei demais de Rocky. Não é um filme de ação ou de macho alpha, é um drama sobre a solidão de um homem que não é bom em nada a não ser aguentar porrada.
Estou começando a me acostumar com esse padrão de obras espanholas com apelo popular que envolvem problemas quase impossíveis de resolver, bastante violência e plot twists no final. Me acostumar no bom sentido, porque adoro haha é cheio de furos e meio cansativo aguardar o filme todo para entender o que está acontecendo só no final, mas eu acho um tipo de entretenimento blockbuster bem mais agradável do que as Marvels da vida. Avaliar cinema atualmente é essa loucura: quando tem um componente de fantasia, todo os furos e coisas sem sentido são justificáveis, aceitos, defendidos, "não fale mal da minha franquia favorita". Quando é uma trama realista mas arquitetada em uma premissa hiperbólica e que pode forçar um pouco o nível de credulidade para gerar divertimento, é rebaixada ao lixão do cinema. Na verdade, acho que é só uma questão de dar o que o público quer numa embalagem chamativa. Afinal, ainda que La Casa de Papel pt. 3 tenha tantos furos e conveniências que daria para refazer Abaixo de Zero umas 5 vezes só com eles, ainda sim está com sua notinha 4 brilhando aqui no Filmow. Sei lá, pistolei. Sobre o filme: gostei, é sempre ótimo se distrair e ver
Provavelmente minha segunda novela favorita, fica só atrás de Avenida Brasil (óbvio). Para fins de comparação (ou piada), Sangue Bom é o mais próximos que temos de um dorama e digo isso no bom sentido! Um elenco jovem porém com problemas complexos que envolvem família, valores e traumas munido de uma boa trilha sonora, uma fotografia trabalhada e romances sem grande apelo sexual. É difícil ver evolução de personagem em novelas brasileiras, geralmente eles já chegam prontos e ficam só interagindo em eventos que envolvem traição, vingança, sexo, fofoca e adoção kkkkk Saudades!
Quando eu vi o trailer e tive um vislumbre da ideia ousadíssima, logo pensei: ou vai ser muito bom ou muito ruim. E fico feliz que tenha sido um resultado positivo! É uma trama simples, com episódios pequenos e atores bem entrosados. Não é sensacional mas é um DESTAQUE muito grande para o meio nacional. Muito legal como trouxeram uma narrativa que, embora fantasiosa, tenta se situar o máximo possível na realidade brasileira. Dá até um conforto no coração reconhecer tantos elementos nossos numa obra de tamanha qualidade. Nossa tradição nacional é tão desvalorizada que é mais comum encontrar brasileiros muito mais interessados no folclore nórdico, por exemplo, e que acham que folclore brasileiro é "historinha de criança". Eu me descobri sendo uma dessas pessoas, para ser sincera rs. Não sabia mais do que o básico dos personagens mais conhecidos, assim como desconhecia suas origens e motivações. Ademais, vou ter que bancar a chata aqui e dizer: não tentem comparar recursos de séries brasileiras com as produções gringas. Não seja o fresquinho que dá nota baixa e diz "ai, o CGI é terrível!". Quando você desqualifica essa produção porque tem nos seus ideais as séries americanas ou europeias, isso é insensível e meio estúpido. Não temos metade da verba, estrutura, pós-produção, divulgação e interesse popular pelo formato aqui no Brasil. Somos um país que ainda curte novelas com tramas explícitas, longas e simplistas. Quanto dinheiro e apelo popular se consegue colocar numa premissa como essa da série? Tente nomear mais 5 séries brasileiras no mesmo nível TÉCNICO de Cidade Invisível que não tenha sérios defeitos quando necessita de uma pós-produção boa. Estamos numa situação que nossos melhores diretores ainda não conseguem ter um filme com ÁUDIO bom. Por isso, volto a frisar o quão legal foi a Netflix ter produzido essa série e como ela demonstra um avanço grandioso na qualidade narrativa e técnica das obras nacionais.
É um filme inusitado e bem escandaloso, mas será que é tão ruim quanto essa avaliação do Filmow mostra? Tô aqui há uns 7 anos e, nos últimos 2, cada vez mais obras ousadas e incomuns estão com notas extremamente baixas, ainda que tenham vários méritos e características únicas. Isso me faz refletir um pouco sobre a mudança do cinema (ou do ato de qualificar o cinema) durante essa última década... Ademais, eu gosto de Magic Mike e considero parcialmente uma comédia de tão absurda que é a premissa kkk basicamente uma versão de Spring Breakers masculina.
Sou suspeita para falar porque gosto muito da maioria das coisas que o Steven Soderbergh faz, acho ele um diretor autoral muito subestimado, maaaas... O que vem acontecendo nos últimos anos que os filmes dele estão cada vez mais simples (em premissa e em orçamento) e/ou experimentais demais? Para alguém que montou um roteiro e identidade visual tão sensacional como na trilogia Ocean's, ele parece estar cada vez mais desanimado ou sem budget. No entanto, eu gostei de Logan Lucky. Os personagens são simpáticos e o plot, embora nada complicado, prende a atenção pelos detalhes. Ainda sim, admito que é uma obra esquecível e um tanto insossa para o calibre do elenco e diretor. Espero que ele retome o ânimo e realize coisas mais ousadas.
Bom, esse foi o primeiro dorama que eu vi inteiro e só posso dizer que: doeu. Tudo, cada episódio, doeu para cacete e principalmente quando acabou. Para quem assim como eu tinha algum tipo de preconceito com doramas/kdramas e seus atores caricatos, cenas em câmera lenta e enrolação exagerada só peço que ASSISTAM! Esses elementos estão presentes mas não atrapalham em nada os pontos fortes dessa série. Essa construção impecável de personagens numa trama ágil e realista, sem medo de ser cruel, que explora a complexidade da psique humana. É, falando assim parece vago, mas eu sinceramente não sei por onde começar os elogios (e olha que isso não acontece com muita frequência aqui). Os personagens são interessantes e movimentam a narrativa com ações certeiras, preenchendo muito bem cada episódio com acontecimentos relevantes para a trama (algo que infelizmente percebi que não é muito comum nas produções asiáticas tão prolixas). Mesmo a oposição entre personalidades consegue sair do clichê, só é necessário ter paciência para assistir ao desenvolvimento de cada um ali. E essa é a graça da coisa, é muito bonito ver como em 16 episódios de 1h você cria tanta afeição e torce para que as coisas se resolvam. Para mim, essa é a uma das principais funções da arte: Despertar as sensações mais extremas observando realidades inexistentes. Tudo Bem Não Ser Normal faz isso e muito mais. O alívio cômico é ótimo, os personagens coadjuvantes gastam o tempo perfeito da história e tem seus próprios desenvolvimentos paralelos, as pitadas de comédia e sensualidade, os erros e acertos de cada um. Isso porque nem vou me prolongar em quesitos técnicos como fotografia, direção de arte e essas animações tão delicadas inseridas para ilustrar os contos. É, não sabia como começar e, aparentemente, também não sei como acabar kkk Impecável, adulto e doloroso. Provavelmente no meu top 5 de séries da vida. E se você leu até aqui e é um conhecedor de doramas que sejam similares, por favor me indique nesse comentário.
PS: Com doramas assim + cinema de ação, os coreanos vão dominar o mundo.
A função do filme é alcançada (te faz rir e morrer de vergonha alheia), mas é muito palpável como este é um Borat pós-prestígio e com sérias preocupações em agradar as agendas progressistas americanas. Antes, ria-se de toda a nação americana e sua fuleragem característica. Nesse, você ri dos conservadores americanos e suas opiniões fortes que beiram o absurdo. Engraçado, MAS parcialmente direcionado e não tão destemido quanto o personagem nos acostumou.
É, esse é o primeiro filme do Nolan com o qual me decepciono e consigo perceber uma série de defeitos (apontados por outrem em outras obras) se projetando claramente na tela. O primeiro deles é a pretensão e extravagância. A ideia da trama ultrapassa radicalmente a ousadia e beira uma megalomania descompensada, com objetivos tão grandiosos e mal explicados que você simplesmente pensa: "Nossa, é isso mesmo que ele tem que fazer? Mas como?"... E a resposta não vem. Embora o filme seja irritantemente explicativo em alguns pontos chaves do plot (do contrário ninguém entenderia porra nenhuma), os pilares de todos os acontecimentos são cuspidos com tanta rapidez que, enquanto se tenta compreender um dos conceitos - que, a não ser que você seja um físico experiente, são complexos para caralho - uma série de eventos e personagens estão sendo apresentados. Como refletir sobre? Como me interesso por alguma coisa que não me deixaram entender? Ser difícil é completamente diferente de ser intragável e, infelizmente, é isso que Tenet é. Esse artifício de mostrar ações no reverso, por não se tratar de um recurso narrativo que embaralha a ordem lógica de acontecimentos (como Amnésia faz bem) e sim uma inversão na ordem de ações aleatórias, desafia todo o seu aparelho cognitivo a se interessar por algo que ele não está programado para entender. E no meu caso, o desafio foi ignorado com sucesso kkkk nunca vi um enfeite narrativo tão mal sucedido e cansativo, depois da primeira hora ignorei quando essas cenas começavam e divagava até acabarem. Finalizando, mesmo que o plot fosse interessante, todos esses luxos inseridos fossem eficazes, esse universo de entropia reversa fosse verossímil e o tempo de duração fosse menor, Tenet não tem o fator mais importante: geradores de empatia. Os personagens são superficialmente construídos e não despertam afeição alguma, suas falas bem escritas e piadinhas comedidas não os tornam interessantes e nem insubstituíveis. Perceberam que o vilão, Sator, é o único que tem um passado apresentado e uma motivação sincera? Logo, se eu não torço pelo herói da jornada e tampouco entendo qual é essa jornada, o filme se torna um aglomerado extravagante e pretensioso de pessoas correndo para trás. Espero que eu não tenha pego coronavírus por esse filme.
O clima todo do filme é muito nostálgico e retrata bem como uma infância geralmente é: por pior que pareçam as condições ou acontecimentos, nada mancha o seu mundo particular com dor ou pesar. A jornada da Moone é de um pseudo amadurecimento forçado pelas circunstâncias complicadas de sua "família" e no caminho busca levantar algumas questões interessantes de se pensar. A mais bem sucedida é sobre como o papel dos pais é idealizado socialmente como algo quase perfeito e, que quando uma família não cumpre esse tipo de exigência,
, mesmo que não haja negligência para com a criança (exatamente o caso da Moone e sua mãe). Entretanto, de resto, a obra não me transmitiu nada além de certa monotonia e aleatoriedade. É realmente um vislumbre do mundo que a protagonista enxerga intercalado com os eventos do mundo "real" e não se torna uma experiência especial em nenhum momento. Ah sim, há um esforço explícito em culminar a trama nesse final emocionante e tocante, mas para mim não funcionou. As quase 2h se transformaram em 3h e nada demais foi dito.
Nossa, que filme simples e impactante. É incrível como alguns cineastas conseguem passar uma trama pretensiosa de forma não pretensiosa - se é que isso faz sentido, rs - e te fazer sentir instigado sem se decepcionar. I Origins (e seu título original metalinguístico 100x melhor do que esse traduzido clichezão) é uma obra poderosa que trata de temas complexos de uma forma singela, calma e muito autêntica. Não vai se destacar por algum quesito técnico e nem é essa a intenção, a coisa aqui flui 100% ao redor do conteúdo a ser abordado... E que conteúdo, meus amigos! Em 1h40 e com menos de 10 personagens, se você se deixar levar pela trama consegue viajar em problemáticas pilares da existência humana, como amor, fé, a ciência e suas limitações, a probabilidade sendo contestada pelo sentimento, a alma humana, o ser... É um grande filme envolto em uma simplicidade cuidadosa. Daqueles que devem ser revistos periodicamente, ótimo.
Demorei muito tempo para aceitar que o hype de Dark era merecido e finalmente me forçar a ficar acordada para ver a série (sim, não recomendo assistir no escuro, muito cansado ou ansioso), já que é um exercício grande de memória e lógica. E esse é um ponto que eu gostaria de ressaltar, antes de qualquer avaliação: Muita gente quer desmerecer Dark como uma mistura pseudo-intelectual de física e filosofia, que simplifica essas áreas e se inspira em referências passadas. Isso é uma tendência comum hoje em dia e, embora todas as opiniões sejam válidas porque são percepções/críticas subjetivas, na MINHA OPINIÃO pode ser uma tentativa gratuita ou até paradoxal de diminuir algo que tem um hype intelectual muito grande. Se inspirar em referências não é sinônimo de demérito ou atenuação da complexidade da obra, do contrário podemos jogar grandes fenômenos atuais (vide Stranger Things e Rick and Morty) nessa lista também. A diferença é que uma grande parte das produções que bebem de referências e conceitos complexos - como física ou filosofia - têm uma vertente mais divertida e voltada ao entretenimento pop (inclusive as duas que citei acima), enquanto Dark opta por ser uma trama densa, sombria e pouco divertida. Além disso, existe uma diferença grande em facilitar conceitos abstratos ou teorias complexas e banalizá-las. Sempre que penso nisso lembro de Interstellar sendo julgado por ser "explicativo demais, fácil demais"(?). Isso é o uso da arte como ferramenta para acessibilizar cultura e ciência em todos os níveis, não sei como pode ser desqualificado só porque uma galera acha "pseudo-algo". Dito isso (após defender o peixe rs), Dark foi uma das séries mais coesas e interessantes que eu já vi. O projeto inteiro é impressionante em suas questões de lógica e reviravoltas, respeitando categoricamente cada um dos seus personagens e suas trajetórias narrativas. É muito bom assistir algo que promete uma complexidade quase impossível de ser resolvida e no fim obter todas as respostas (claro que devem haver furos, mas nada que impacte a conclusão geral). E sim, você terá todas as respostas, só terá que ser muito paciente e atento. Exemplificando, enquanto assistia à segunda temporada eu tive diversas perguntas que só seriam respondidas lá pelo penúltimo episódio da terceira. Todos os atores são muito afiados em todas suas versões, a reconstrução temporal é bem feita, a trilha sonora integra o sentido da obra, a fotografia é linda, até mesmo a atenção em montar um elenco alternativo parecido... É tecnicamente muito bem feita e com um roteiro ousado. Agora, sinceramente, no meio dessa última temporada eu comecei a temer pelo desfecho porque odiei a ideia dos
já era complicado demais e não gostei de como muitas coisas foram apresentadas ao mesmo tempo nos 3 primeiros episódios. Mas, de novo, tem que ser paciente kkk. Os
precisam existir para concluir toda a genealogia e motivações dos protagonistas e, embora pudessem ter apresentado alguns conceitos com mais calma, o formato de 10 episódios e o número de coisas a serem resolvidas espremem o tempo de tela. Agora,
não dá para defender. Desde a primeira temporada em sofria com essa personagem e ainda mais quando percebi que ela seria fundamental para a trama. Acho ela muito quadrada e a atuação da Lisa Vicari soa meio intensa em um sentido de ser repetitiva, entende? Terminei a série sem gostar dela e nessa temporada seus "vícios expressivos" me encheram o saco (todo episódio ela chorando, refletindo longamente sobre questões óbvias e falando as mesmas coisas). O desfecho veio muito rápido e pode parecer um Deus ex machina para muitos, não julgo pois também desgostei um pouco no princípio. Porém, se analisar atentamente, eles dão indícios
desde a primeira temporada, reforçando novamente todo o cuidado dos idealizadores em não inserir plot twists infundados. Finalizando, porque essa porra ficou longa e séria demais, é uma série linda em seu cuidado com contradições ou furos lógicos, seus embasamentos filosóficos permeando os espaços vazios que a ciência e racionalidade não preenchem, sua didática em destrinchar a própria narrativa e sua qualidade técnica. Ao meu ver, um dos melhores originais Netflix e uma das minhas séries favoritas.
Uma das minisséries mais subestimadas dos últimos anos, para não ser radical e dizer que foi ignorada tanto pelo público como pelas premiações. O enredo se desenvolve de forma direta, dinâmica e em cima de uma premissa bem básica, o que a princípio pode parecer que tornará a série repetitiva. Felizmente, isso não acontece, em grande parte graças ao formato certeiro de minissérie e o roteiro bem enxuto. As atuações são ótimas, com um grande destaque para o Christopher Abbott (John Snow do mediterrâneo para os mais íntimos) e sendo fortalecidas pela ótima reconstituição de época. Além disso, é sempre muito interessante ver outras facetas da Segunda Guerra no cinema/tv (nesse caso, fora do eixo desembarque da Normandia/combates extravagantes), um tema que cá entre nós, já está saturado. Com sorte, Catch-22 traz um frescor diferente para o evento histórico e retrata a maior problemática de toda guerra: o fator humano. Eu fui atraída por pensar que fosse uma série de comédia sobre o evento mais sangrento do século passado - e realmente é, com um humor negro elegante - mas, com o passar da trama e o desenvolvimento dos plots, vai se tornando cada vez mais agridoce até chegar em um final muito
Resumindo: comecei rindo caralhos e terminei chorando de soluçar (puta que pariu último episódio!!). Arte boa serve para isso, né? Recomendo demais, essa série merece crescer e ser mais reconhecida como a preciosidade que é.
É tão triste para mim ter que escrever uma resenha tão desfavorável e amargurada sobre uma das melhores séries que eu já assisti. E o pior foi ter decaído tanto, tão rápido e justamente no ápice da trama. Impossível reconhecer os elementos que fizeram as duas temporadas anteriores (serem tão boas) nesta terceira. E tudo bem quem achou a segunda chata, foi realmente muito densa, bagunçada temporalmente e contemplativa... Mas nem se compara com essa bagunça esquizofrênica e cheia de furos. Os episódios iniciais já trazem uma aura diferente à trama, porém nada que comprometa o interesse ou a lógica dos fatos. Do 3º ao 4º, você começa a pensar que pouca coisa aconteceu e já está no meio da temporada. Do 5º em diante, a impaciência e decepção começam a fluir. Não vou apontar cada furo da história, quem quiser discutir sobre ou saber mais é só buscar pelo excelente vídeo da Carol Moreira no YouTube. Se você não viu pelo menos uma meia dúzia, você não prestou atenção direito, SÉRIO! Agora, se tratando de macro problemas... *Não há consistência nas ações e nos personagens, eles agem sem sentido quando convém ao roteiro e são manipulados para que o plot seja agradável ao mesmo tempo que desafiador (esse-finalzinho-pau-mole-do-caralho-meu-deus-perdi-tempo-vendo-essa-bosta). *Tentativa de dinamizar a trama introduzindo elementos bem mal cuidados de ação, vide: efeitos especiais grandes, cenas de luta mal coreografadas a cada maldito episódio, embates de personagens bad-ass com uma atmosfera de video game etc. *Um desafio muito grande para ser resolvido de uma forma tão meia boca. É natural de algumas tramas pretensiosas colocar uma problemática fodida, sem aparente forma de resolução para que o público continue assistindo justamente pela curiosidade em saber como aquilo será solucionado. E, em alguns vários casos, ou você força os limites da realidade da história para resolver ou mete um Deus ex machina lá e passa a inteligência do público na bunda (sim, estou puta). Westworld conseguiu fazer os dois, parabéns! Tudo que precisaria ser explicado como um planejamento ou uma força especial foi colocado na tecnologia e, aparentemente, todo mundo pode produzir um anfitrião e sua pérola só entendendo como a máquina funciona e tendo um tablet multifuncional perto; Gente, alguém lembra como era complicado construir um anfitrião? A própria série CONSTRUIU esse universo, esses desafios. Eles bugavam constantemente, seus custos de manutenção eram caros, só conseguiam interagir se seus loops estivessem perfeitos... Mas nessa temporada, qualquer um faz
um anfitrião consciente revolucionário em menos de 30 minutos ;)
*Diálogos superficiais, sem grande profundidade, sem grande relevância, repetitivos até se tornarem vazios ("eu vou salvar o mundo blá blá"); *Dramatização excessiva, tentativa de esconder a história do personagem até ele se tornar irritantemente irrelevante (vide Caleb, Aaron Paul mal usado para caralho); *Rendição dos personagens
(e quando você resolve tornar a anti-heroína motriz da série uma salvadora, dá aquela leve sensação de que perdemos tempo acompanhando uma mentira besta)
. O Ed Harris himself achou uma bela merda o que fizeram com o Homem de Preto, então não acho que sou a única insatisfeita. É isso, a HBO está fazendo cursinho para estragar as séries de uma temporada para outra. Agora só resta Euphoria.
De forma coesa (porque já perdi 2h35 da minha vida vendo): * Não é eficiente como filme de guerra, o que de fato nem parece ser o viés da trama, mas se você espera ver embates emocionates, certa adrenalina ou contextualização da Guerra do Vietnã... Esqueça. O que aparece é bem superficial e rápido. * Não é envolvente enquanto plot. Você sabe o que querem e entende toda a justificativa por trás, vai acompanhando achando que se desdobrará em algo a mais e no fim era só o que pensou mesmo. Ah sim, com uma tentativa de reviravolta bem porca e previsível. * Não é um ativismo inteligente. Digo isso no sentido de conectar qualquer um ao que está sendo dito ali, inclusive aqueles que mais precisariam entender, os próprios racistas enrustidos/americanos ultraconservadores. As frases mais marcantes sobre isso (sim, isso inclui aquele monólogo que o Spike Lee se esforçou muito para que viralize) veem do personagem mais confuso e pouco condundente da trama e, francamente, confundem. Paul é problemático, irritante, previsível e intolerante de várias maneiras - inclusive xenófobo - então colocar ele para o clímax ideológico do filme pode passar uma ideia ambígua.
Colocar uma rendição clichê no fim não muda a essência.
* Não há um motor convincente para impulsionar a trama, aí introduzem um personagem problema (Paul) que é responsável por TODA ação estúpida e maluca que acarretará em desafios. Ah sim, e
os brancos europeus exploradores malditos não confiáveis + os vietcongues ressentidos não confiáveis e miseráveis ajudam em atrapalhar a vida dos pobres heróis.
Resumindo, Spike Lee não é sutil em seu cinema de protesto. Tampouco é efetivo. Se usasse todas as referências históricas e culturais para fazer algo menos pretensioso e longo, provavelmente um documentário, não duvido que seria bom e relevante para a causa que movimenta toda sua arte. Entretanto, Da 5 Blood é entediante em sua duração, confuso em sua mensagem, sem grandes atributos técnicos que elevem a atmosfera e pretensioso demais para passar tão pouca inovação. Mesmo assim, pelo contexto atual muito problemático, provavelmente será aclamado pela crítica, boa parte do público jovem e premiações.
Poderia começar a minha crítica longa e chorona a essa temporada de várias formas, mas vou pegar em um ponto recorrente nos comentários aqui do Filmow por motivos de: que mulherzinha superestimada, rs. Gente, sinto muito, mas a série não decaiu porque a Phoebe W. não é mais a roteirista principal. Ela não o é desde a primeira temporada e que nem por isso a segunda teve uma decaída em qualidade tão grande. Só observar pelas notas do Rotten, Metacritic e até aqui do Filmow que a decaída da 1 para 2 nem se compara da 2 para a 3. Se a intenção (como dito pela própria produtora executiva/escritora principal dessa temporada) era aprofundar os personagens, sem "consertá-los", acho que o tiro saiu pela culatra. Aprofundar não significa DRAMATIZAR ou construir aquela típica, clichê e destruidora de tramas REDENÇÃO de vilões (ressalto que
isso aconteceu com TODOS os principais vilanizados,
quase ao mesmo tempo). Sinceramente, acho que dois conceitos fundamentais tiraram a série dos trilhos nessa temporada: pieguice disfarçada de ironia e previsibilidade. A pieguice está presente desde dessa capa escrota até certos detalhezinhos, como a cena da dança (observe o "disfarçado de ironia" pois é para parecer satírico, mas o humor não rola), personagem moral aleatória (oi Yara de GOT) falando coisas infantis do tipo
(lembra seriamente filmes de romance adolescente dos anos 90). Parece ingênuo, porém isso modificou toda a atmosfera da série de algo anti-heroico e descolado para... Previsível? Você pode escolher entre um vasto leque:
O plot da morte de Kenny, a tentativa fracassada de criar tensão sobre a morte do Konstantin no final da temporada, a Irina se tornando uma Villanellezinha enquanto a própria Villanelle está se tornando humana e não quer mais matar, o Niko quase ser morto MAS HEY ele obviamente não vai morrer pois isso seria imprevisível né?
hehe, dentre outros... Outras grandes âncoras que ajudaram a afundar a trama:
1 - Conveniências do roteiro para a história chegar onde querem (sempre aconteceu, porém muito mais sutil e menos frequente);
2 - Humor desregulado em piadas ou tentativa de tornar personagens excêntricos, com falas aleatórias que pareceriam engraçadas se fossem bem escritas (talvez aqui realmente a Phoebe tenha feito grande falta, já que é especialista nisso);
3 - Incongruências entre papéis e ações: Os personagens não agem mais de acordo com o que são, ponto. Só observar a cena PATÉTICA, tão ruim e clichê que nem parece da série,
da Vilanelle matando a Rhian. Ambas são assassinas FODAS, treinadas pela mesma INSTITUIÇÃO, se desentendem e saem no TAPA ? (alô, preguiçosos, pelo menos uma coreografia simples de luta seria bom), uma delas mal reage ?? e sem estar seriamente ferida, para e fica implorando por perdão antes de ser jogada numa linha de trem ??? da qual, novamente lembrando que POR NÃO ESTAR SERIAMENTE FERIDA, poderia sair facilmente ????. Essa mesma que é cotada como uma das melhores assassinas do grupo, de repente estar implorando pela vida porque levou dois tapas na cara...
Isso faz sentido? Ou era só mais uma cena necessária e manipularam os personagens para chegar lá?
4 - Personagens cada vez mais caricatos: É, era engraçado os gritinhos, rosnadas ou caretas da Villanelle... QUANDO ELES NÃO ACONTECIAM EM TODO MALDITO EPISÓDIO. Até a atuação da Jodie caiu um pouco por isso, a assassina parece caricata demais (talvez outro traço do humor desregulado) e não satisfeito, o roteiro inclui o Konstantin com aqueles sustos sequenciais muito vergonha alheia. Enfim, basicamente tudo isso unido por uma história vaga - que buscou desenvolver mais personagens do que as ações destes em si - levou a temporada a ser preenchida por nada além de plots previsiveis, humor ruim e personagens negando a si mesmos para serem mais palatáveis. Se notar atentamente, o season finale voltou para o mesmo da segunda temporada, tirando que
Fiquei uns meses sem entrar no Filmow e quando voltei tomei um baita susto com algumas das notas mais recentes injustiçando filmes como este a se igualaram com produções B patéticas. Entre Realidades pode ter um gosto de película indie, meio estranha e parada mostrando seus personagens viajados em uma trama que não parece evoluir... Porém está longe, na minha opinião, de uma nota que desvalorize tanto a originalidade, atuações e - por que não? - a coragem em fazer algo fora da caixa. Lendo os comentários eu percebi que muita gente deu nota baixa por não entender ou achar que não havia bom entrelaçamento lógico, salvo alguns casos mais raros reclamando de questões como execução ou ritmo. Será que o intuito da obra era ser lógica? Ou um retrato ambíguo e quase surrealista sob a perspectiva de uma pessoa não tão certa de sua sanidade mas que ao mesmo tempo não quer negar a si mesma? E o final, embora possa parecer frustrante por não entregar respostas óbvias, é a apogeu de toda trajetória da protagonista. O melhor de criações tão desprendidas de explicações é que quem as aprecia pode interpretar de tantas maneiras diferentes. Eu, por exemplo, não sei ao certo se o filme trata realmente de alguém com transtornos mentais ou é uma fábula moderna sobre conspirações hereditárias. Essa conversação ambivalente entre uma visão materialista/social e uma metafísica/fantasiosa tornam o final
uma possível uma morte ou perda total da sanidade (materialista) ou a confirmação do que achávamos ser uma mentira o tempo todo.
Uma obra direta, neutra mas muito abrangente e que tenta oferecer uma experiência bem peculiar. Pena que a maioria das pessoas não parece ter apreciado (ainda).
Com referências claras a Tarantino, Goddard oferece um pequeno conto que embora seja muito satisfatório, necessitava de um pouco mais de imprevisibilidade em seu desfecho. A habilidade narrativa que busca dinamizar a história (que poderia entediar facilmente) conversa muito bem com os personagens bem construídos, interagindo sempre de forma realista e inteligente. Já a identidade visual e trilha sonora tornam a trama muito atrativa do ponto de vista estético. Não me senti incomodada com a simplicidade do roteiro, entretanto tenho que admitir que o final merecia ser um pouco mais grandioso para destacar toda essa coesão técnica. É como construir uma casa muito bonita porém sem móveis, rs. Talvez uma característica que o diretor optou por não seguir à risca de sua inspiração Tarantinesca, o ritmo frenético, tenha prejudicado ao estender um pouco mais do que necessário certas partes (assim como, na minha opinião, quando Tarantino não se utilizou deste recurso em Os Oito Odiados fadou o filme a ser enfadonho). No mais, é uma boa obra, muito bem feita e de um realizador que vem mostrando cada vez mais sua autoralidade de maneira bem executada. Não se deixe desanimar pela nota e dê uma chance.
Produções adolescentes com senso de humor refinado e personagens inteligentes é tão raro e tão gostoso de assistir! Dá para, literalmente, juntar pessoas 10 pessoas de qualquer idade em uma sala e retirar risadas, lágrimas e vergonha alheia (por que não?) desde que se deixem levar pela história e relevem, é claro, a superficialidade desta. Sex Education e Eu Nunca... são os carros-chefe da Netflix voltada para jovens adultos, feliz de ter mais uma temporada a aguardar ♥ Assistam com a família, irmãos mais novos ou sozinhos. Vale a pena.
Foi uma tremenda surpresa prazerosa descobrir mais uma rara grande produção nacional. Não desvalorizando as toneladas de conteúdos produzidos na tv aberta, no cinema (agora investindo pesado em comédias) ou nos documentários. É que Sob Pressão trouxe um cheiro de frescor e flexibilidade narrativa, pois pode ser consumido ou ao menos atrair a atenção de qualquer país/cultura por ser uma história simples e universal. É claro que não é a premissa mais original possível, prole de E.R., House e Grey's Anatomy. Entretanto, é muito interessante e dinâmica ao mesmo tempo que traz uma faceta didática sobre um bem comum a todos: saúde. Infelizmente, senti uma grande frustração ao ver o nível da série decaindo E MUITO com as temporadas. Da primeira para a segunda foi algo sutil e facilmente disfarçado com uma nova problemática da saúde como ferramenta
. Contudo, não dá para negar que a carga dramática aumentou a ponto de beirar uma excessividade bem característica das nossas produções novelescas. Agora, da 2ª para a 3ª a questão se agravou e muito. Creio que o encerramento da temporada anterior desenharia um final digno e implacável, mas quando algo agrada sempre se criam prolongamentos desnecessários. Aliás, a decisão de voltar atrás com o encerramento da série nesta última temporada pelos bons índices, todavia dando uma pausa para que os atores possam investir em outros projetos de interesse (estariam cansados já? rs) demonstra que a prioridade se tornou colher os bons frutos até que a colheita seque. Não me estendendo demais e resumindo de forma bem coesa os principais pontos que me incomodaram: 1 - Excesso de carga dramática do casal protagonista; 2 - O drama citado acima se centra nas mesmas questões desde o início
(Carolina instável emocional se corta, Evandro explosivo se droga)
e passa a impressão que embora tenham superado momentaneamente seus problemas, os personagens não evoluíram em nada; 3 - Falta de alívio cômico e tramas paralelas que trouxessem mais versatilidade (saudades Amir kkkk), com uma enfoque quase exclusivo no casal protagonista; 4 - Personagens cada vez mais próximos de um ideal de perfeição heroica moral, optando por ações idealistas ao invés de pragmáticas (ex:
proteger um jurado de morte dentro de um hospital, para salvar UMA VIDA e colocar todos ali presentes em risco
). Enfim, acabei desanimando e desistindo de ver, ainda mais quando 7 episódios pareciam 12 e era só a metade (porque o que lucra também merece mais episódios, claro). Vai, muito provavelmente, se tornar o que as outras séries citadas acima se tornaram: tramas tão longas que se tornam quase tradicionais, roteiro prezando estender os acontecimentos e comover explicitamente o telespectador com histórias pouco elaborada. Tudo isso em um recorte temporal tão grande que daqui alguns anos teremos um elenco quase que totalmente novo + roteiristas com outros objetivos trabalhando em uma série que agora se tornou apenas um nome, uma marca. É, criamos nosso Grey's Anatomy... O que não é necessariamente ruim mas que tende a decair em questões narrativas e técnicas para priorizar o essencial: se manter com audiência.
Todos os Meus Amigos Estão Mortos
3.0 170Humor negro de alta qualidade, banhado em uma violência meio absurda à la Tarantino orientada por trama de besteirol dos anos 2000.
Imaginem se o Gaspar Noé ambientasse um conto da Agatha Christie com toques de American Pie e você tem esse filme, hahaha
Gostei bastante e a média tá muito inferior ao que ele é, quem quiser uma comédia simples e bem caricata é uma ótima opção.
Bela Vingança
3.8 1,3K Assista AgoraHypado por todas as razões sociais possíveis, menos por sua qualidade. A nova estratégia para agradar a crítica e grande parte do público jovem é colocar uma história medíocre como plano de fundo para um problema social em voga.
Promising Young Woman não tem nada a dizer, simplesmente isso. Até o seu tom é uma mistura maluca para tentar agradar, sendo uma comédia insossa quando convém e um dramalhão clichê para cativar, embalados numa falsa promessa de vingança violenta.
Aliás, eu notei como a premissa engana quando entendi que ela simplesmente
não punia de nenhuma forma os seus assediadores (exceto por um sermão didático muito óbvio).
O roteiro busca elevar a protagonista a ser poderosa e profunda de uma forma que não é, pois além de sua personalidade não transmitir nenhum tipo de força e suas percepções sobre as pessoas serem convenientemente ingênuas, seu passado não é nem um pouco misterioso. Foram 1h30 de pistas bobas para revelar algo que qualquer um já entendeu nos primeiros 30 minutos.
E o
plot twist
e sua luta perdida,
Basicamente assisti à construção de um projeto de justiça e empoderamento que nunca saiu da cabeça da mulher.
Como aborda uma questão delicadíssima social,
que é o assédio e estupro justificados pela vulnerabilidade da vítima
Acontece que a arte não deveria ser valorizada só por trazer questionamentos sociais, ainda mais em um assunto como esse, em que não há espaço para dilemas e tudo que veremos é uma encenação didática sobre o que não se deve fazer com uma mulher. Um bom filme envolve todo o aparato técnico, qualidade da atuação, viabilidade da história contada, intenção dos personagens, desenvolvimento interessante das ações... E este não passa de ser mediano na maioria desses aspectos, mas será louvado por todas as outras coisas que não é.
Eu Me Importo
3.3 1,2K Assista AgoraEmbalagem legal com conteúdo pobre.
A problemática central é muito interessante e, além de abrir muito espaço para explorar o lado sarcástico, ainda te deixa indignado. É raro ver uma "vilã" como protagonista que não justifica seus atos em um passado sofrido ou causa perdida. Marla é minimalistamente gananciosa e submete todas suas escolhas éticas ao desejo de ser rica.
Ótima personagem, carregou o negócio nas costas, certo? Pois é, existem dois problemas nisso:
1 - Tirando sua motivação, a personagem é basicamente uma cópia com detalhezinhos modificados da Amy de Gone Girl. Eu sei, você sabe, os críticos sabem... Não é a toa que se vê aqui embaixo muita gente comparando ambas. Adicione roupas millennial e uma namorada esquecível. Não bastasse isso, até o visual tenta imitar o Fincher,
principalmente naquela cena dela escapando do carro, com apagões ritmados por uma trilha tensa.
2 - A trama quer tornar Marla invencível às custas do espectador, que deve ignorar diversas coisas irrealistas e sem sentido para que a anti-heroína possa ser equivalente ao seu inimigo. Inconcebível que a mulher
venceria uma organização corporativa criminosa só com um taco de baseball (haha, cena ridícula) e sua perspicácia em manipular situações.
Você pode até ignorar esses deslizes no começo pela autoridade que a protagonista cativou, mas no final uma cascata de acontecimentos ilógicos tira qualquer inteligência que a história tentava sustentar.
Começando com a namorada e única pessoa que ela tem relações afetivas não ter sido usada como forma de acordo (tipo de clichê que até os filmes mais chulos de ação já sabem), aí passa para um assassinato mal planejado que resulta nela sobrevivendo mesmo quando todo mundo sabe que não se quebra um vidro de carro submerso, volta para casa e OLHA SÓ, deixaram a namorada viva, que incompetentes! Totalmente plausível para um assassino enfurecido...
Bom, o resto é essa falência de trama. Nenhum personagem além dela é interessante. Ainda sim, por mais sensacional que ela seja, sua "reputação" é inchada por um roteiro que ajuda para que todas as situações se resolvam fácil demais.
Só para nível de observação: é uma nova vertente do cinema atual obras com personagens femininas implicitamente feministas e todos os homens idiotas? Mulheres invencíveis e seus inimigos patéticos, falas ensaiadas sobre o machismo e patriarcado, homens sem qualidades alguma só criando caos na trama. Já deve ser a quarta ou quinta vez que vejo esse padrão se repetindo recentemente, acho que vou chamar de Síndrome de Capitã Marvel kkkk
Rocky: Um Lutador
4.1 847 Assista AgoraNunca esperava encontrar o que encontrei em Rocky, então esse comentário vai ser totalmente afetado kkk
Acho que estamos muito mal acostumados com o que seria a trajetória do herói machão atualmente. Nossos símbolos masculinos de vitória geralmente são caras muito confiantes, ricos, charmosos, bonitos e violentos. Claro que temos um Capitão América e outro por aí, mas todo mundo gosta mesmo é do Tony Stark, né não?
Esse é o apelo genial que existe nesse filme: Rocky é um perdedor. Não do tipo auto piedoso e frágil, ele é um cara fracassado que se sente sozinho enquanto tenta sobreviver da única forma que sabe. Seu treinamento não é orientado pela sua determinação sobre-humana e seu gênio forte, ele é orientado pelo desespero de perder mais uma oportunidade de mudar de vida. Seu maior objetivo não é o reconhecimento de ser o melhor e sim ser amado por uma mulher.
Subestimei demais o Stallone, o cara é genial. Primeiro por investir num roteiro que percebeu muito bem a mudança do cinema durante a década de 70, que passa de algo clássico e teatral para histórias mais maduras e realistas que abordavam a existência humana em suas facetas mais profundas. Segundo por ser o patriarca das franquias de blockbusters testosterona (excluindo 007), dando ao público bastante ambientação, desenvolvimento de personagem e deixando a ação para o final (e ainda acabando no meio do clímax).
Eu compreendo quem não gostou de Rocky pelo ritmo lento, falta de animosidade do protagonista, muito blá-blá-blá e pouca porradaria. Mas acho que seria a mesma coisa que não gostar de O Exorcista (mesma década, mesma estrutura) pelos mesmos motivos, sendo que tudo isso faz parte da construção do universo do personagem e do suspense da resolução. Isso basicamente é destruído a partir do terceiro filme e percebe-se a decaída da franquia.
Concluindo, gostei demais de Rocky. Não é um filme de ação ou de macho alpha, é um drama sobre a solidão de um homem que não é bom em nada a não ser aguentar porrada.
Abaixo de Zero
3.3 195Estou começando a me acostumar com esse padrão de obras espanholas com apelo popular que envolvem problemas quase impossíveis de resolver, bastante violência e plot twists no final.
Me acostumar no bom sentido, porque adoro haha é cheio de furos e meio cansativo aguardar o filme todo para entender o que está acontecendo só no final, mas eu acho um tipo de entretenimento blockbuster bem mais agradável do que as Marvels da vida.
Avaliar cinema atualmente é essa loucura: quando tem um componente de fantasia, todo os furos e coisas sem sentido são justificáveis, aceitos, defendidos, "não fale mal da minha franquia favorita". Quando é uma trama realista mas arquitetada em uma premissa hiperbólica e que pode forçar um pouco o nível de credulidade para gerar divertimento, é rebaixada ao lixão do cinema.
Na verdade, acho que é só uma questão de dar o que o público quer numa embalagem chamativa. Afinal, ainda que La Casa de Papel pt. 3 tenha tantos furos e conveniências que daria para refazer Abaixo de Zero umas 5 vezes só com eles, ainda sim está com sua notinha 4 brilhando aqui no Filmow.
Sei lá, pistolei.
Sobre o filme: gostei, é sempre ótimo se distrair e ver
filho da puta sendo fuzilado.
Sangue Bom
3.6 86Provavelmente minha segunda novela favorita, fica só atrás de Avenida Brasil (óbvio).
Para fins de comparação (ou piada), Sangue Bom é o mais próximos que temos de um dorama e digo isso no bom sentido! Um elenco jovem porém com problemas complexos que envolvem família, valores e traumas munido de uma boa trilha sonora, uma fotografia trabalhada e romances sem grande apelo sexual.
É difícil ver evolução de personagem em novelas brasileiras, geralmente eles já chegam prontos e ficam só interagindo em eventos que envolvem traição, vingança, sexo, fofoca e adoção kkkkk
Saudades!
Cidade Invisível (1ª Temporada)
4.0 751Quando eu vi o trailer e tive um vislumbre da ideia ousadíssima, logo pensei: ou vai ser muito bom ou muito ruim.
E fico feliz que tenha sido um resultado positivo! É uma trama simples, com episódios pequenos e atores bem entrosados. Não é sensacional mas é um DESTAQUE muito grande para o meio nacional.
Muito legal como trouxeram uma narrativa que, embora fantasiosa, tenta se situar o máximo possível na realidade brasileira. Dá até um conforto no coração reconhecer tantos elementos nossos numa obra de tamanha qualidade.
Nossa tradição nacional é tão desvalorizada que é mais comum encontrar brasileiros muito mais interessados no folclore nórdico, por exemplo, e que acham que folclore brasileiro é "historinha de criança". Eu me descobri sendo uma dessas pessoas, para ser sincera rs. Não sabia mais do que o básico dos personagens mais conhecidos, assim como desconhecia suas origens e motivações.
Ademais, vou ter que bancar a chata aqui e dizer: não tentem comparar recursos de séries brasileiras com as produções gringas. Não seja o fresquinho que dá nota baixa e diz "ai, o CGI é terrível!". Quando você desqualifica essa produção porque tem nos seus ideais as séries americanas ou europeias, isso é insensível e meio estúpido. Não temos metade da verba, estrutura, pós-produção, divulgação e interesse popular pelo formato aqui no Brasil. Somos um país que ainda curte novelas com tramas explícitas, longas e simplistas. Quanto dinheiro e apelo popular se consegue colocar numa premissa como essa da série?
Tente nomear mais 5 séries brasileiras no mesmo nível TÉCNICO de Cidade Invisível que não tenha sérios defeitos quando necessita de uma pós-produção boa. Estamos numa situação que nossos melhores diretores ainda não conseguem ter um filme com ÁUDIO bom.
Por isso, volto a frisar o quão legal foi a Netflix ter produzido essa série e como ela demonstra um avanço grandioso na qualidade narrativa e técnica das obras nacionais.
Magic Mike
3.0 1,3K Assista AgoraÉ um filme inusitado e bem escandaloso, mas será que é tão ruim quanto essa avaliação do Filmow mostra?
Tô aqui há uns 7 anos e, nos últimos 2, cada vez mais obras ousadas e incomuns estão com notas extremamente baixas, ainda que tenham vários méritos e características únicas. Isso me faz refletir um pouco sobre a mudança do cinema (ou do ato de qualificar o cinema) durante essa última década...
Ademais, eu gosto de Magic Mike e considero parcialmente uma comédia de tão absurda que é a premissa kkk basicamente uma versão de Spring Breakers masculina.
Logan Lucky: Roubo em Família
3.4 254 Assista AgoraSou suspeita para falar porque gosto muito da maioria das coisas que o Steven Soderbergh faz, acho ele um diretor autoral muito subestimado, maaaas...
O que vem acontecendo nos últimos anos que os filmes dele estão cada vez mais simples (em premissa e em orçamento) e/ou experimentais demais? Para alguém que montou um roteiro e identidade visual tão sensacional como na trilogia Ocean's, ele parece estar cada vez mais desanimado ou sem budget.
No entanto, eu gostei de Logan Lucky. Os personagens são simpáticos e o plot, embora nada complicado, prende a atenção pelos detalhes. Ainda sim, admito que é uma obra esquecível e um tanto insossa para o calibre do elenco e diretor.
Espero que ele retome o ânimo e realize coisas mais ousadas.
Tudo Bem Não Ser Normal
4.5 184Bom, esse foi o primeiro dorama que eu vi inteiro e só posso dizer que: doeu. Tudo, cada episódio, doeu para cacete e principalmente quando acabou.
Para quem assim como eu tinha algum tipo de preconceito com doramas/kdramas e seus atores caricatos, cenas em câmera lenta e enrolação exagerada só peço que ASSISTAM! Esses elementos estão presentes mas não atrapalham em nada os pontos fortes dessa série. Essa construção impecável de personagens numa trama ágil e realista, sem medo de ser cruel, que explora a complexidade da psique humana.
É, falando assim parece vago, mas eu sinceramente não sei por onde começar os elogios (e olha que isso não acontece com muita frequência aqui).
Os personagens são interessantes e movimentam a narrativa com ações certeiras, preenchendo muito bem cada episódio com acontecimentos relevantes para a trama (algo que infelizmente percebi que não é muito comum nas produções asiáticas tão prolixas).
Mesmo a oposição entre personalidades consegue sair do clichê, só é necessário ter paciência para assistir ao desenvolvimento de cada um ali. E essa é a graça da coisa, é muito bonito ver como em 16 episódios de 1h você cria tanta afeição e torce para que as coisas se resolvam.
Para mim, essa é a uma das principais funções da arte: Despertar as sensações mais extremas observando realidades inexistentes.
Tudo Bem Não Ser Normal faz isso e muito mais. O alívio cômico é ótimo, os personagens coadjuvantes gastam o tempo perfeito da história e tem seus próprios desenvolvimentos paralelos, as pitadas de comédia e sensualidade, os erros e acertos de cada um. Isso porque nem vou me prolongar em quesitos técnicos como fotografia, direção de arte e essas animações tão delicadas inseridas para ilustrar os contos.
É, não sabia como começar e, aparentemente, também não sei como acabar kkk
Impecável, adulto e doloroso. Provavelmente no meu top 5 de séries da vida. E se você leu até aqui e é um conhecedor de doramas que sejam similares, por favor me indique nesse comentário.
PS: Com doramas assim + cinema de ação, os coreanos vão dominar o mundo.
Borat: Fita de Cinema Seguinte
3.6 551 Assista AgoraA função do filme é alcançada (te faz rir e morrer de vergonha alheia), mas é muito palpável como este é um Borat pós-prestígio e com sérias preocupações em agradar as agendas progressistas americanas.
Antes, ria-se de toda a nação americana e sua fuleragem característica. Nesse, você ri dos conservadores americanos e suas opiniões fortes que beiram o absurdo.
Engraçado, MAS parcialmente direcionado e não tão destemido quanto o personagem nos acostumou.
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraÉ, esse é o primeiro filme do Nolan com o qual me decepciono e consigo perceber uma série de defeitos (apontados por outrem em outras obras) se projetando claramente na tela.
O primeiro deles é a pretensão e extravagância. A ideia da trama ultrapassa radicalmente a ousadia e beira uma megalomania descompensada, com objetivos tão grandiosos e mal explicados que você simplesmente pensa: "Nossa, é isso mesmo que ele tem que fazer? Mas como?"... E a resposta não vem.
Embora o filme seja irritantemente explicativo em alguns pontos chaves do plot (do contrário ninguém entenderia porra nenhuma), os pilares de todos os acontecimentos são cuspidos com tanta rapidez que, enquanto se tenta compreender um dos conceitos - que, a não ser que você seja um físico experiente, são complexos para caralho - uma série de eventos e personagens estão sendo apresentados. Como refletir sobre? Como me interesso por alguma coisa que não me deixaram entender?
Ser difícil é completamente diferente de ser intragável e, infelizmente, é isso que Tenet é. Esse artifício de mostrar ações no reverso, por não se tratar de um recurso narrativo que embaralha a ordem lógica de acontecimentos (como Amnésia faz bem) e sim uma inversão na ordem de ações aleatórias, desafia todo o seu aparelho cognitivo a se interessar por algo que ele não está programado para entender. E no meu caso, o desafio foi ignorado com sucesso kkkk nunca vi um enfeite narrativo tão mal sucedido e cansativo, depois da primeira hora ignorei quando essas cenas começavam e divagava até acabarem.
Finalizando, mesmo que o plot fosse interessante, todos esses luxos inseridos fossem eficazes, esse universo de entropia reversa fosse verossímil e o tempo de duração fosse menor, Tenet não tem o fator mais importante: geradores de empatia. Os personagens são superficialmente construídos e não despertam afeição alguma, suas falas bem escritas e piadinhas comedidas não os tornam interessantes e nem insubstituíveis. Perceberam que o vilão, Sator, é o único que tem um passado apresentado e uma motivação sincera? Logo, se eu não torço pelo herói da jornada e tampouco entendo qual é essa jornada, o filme se torna um aglomerado extravagante e pretensioso de pessoas correndo para trás.
Espero que eu não tenha pego coronavírus por esse filme.
Projeto Flórida
4.1 1,0KO clima todo do filme é muito nostálgico e retrata bem como uma infância geralmente é: por pior que pareçam as condições ou acontecimentos, nada mancha o seu mundo particular com dor ou pesar.
A jornada da Moone é de um pseudo amadurecimento forçado pelas circunstâncias complicadas de sua "família" e no caminho busca levantar algumas questões interessantes de se pensar. A mais bem sucedida é sobre como o papel dos pais é idealizado socialmente como algo quase perfeito e, que quando uma família não cumpre esse tipo de exigência,
acaba sendo separada ao meio
Entretanto, de resto, a obra não me transmitiu nada além de certa monotonia e aleatoriedade. É realmente um vislumbre do mundo que a protagonista enxerga intercalado com os eventos do mundo "real" e não se torna uma experiência especial em nenhum momento.
Ah sim, há um esforço explícito em culminar a trama nesse final emocionante e tocante, mas para mim não funcionou. As quase 2h se transformaram em 3h e nada demais foi dito.
O Universo No Olhar
4.2 1,3KNossa, que filme simples e impactante. É incrível como alguns cineastas conseguem passar uma trama pretensiosa de forma não pretensiosa - se é que isso faz sentido, rs - e te fazer sentir instigado sem se decepcionar.
I Origins (e seu título original metalinguístico 100x melhor do que esse traduzido clichezão) é uma obra poderosa que trata de temas complexos de uma forma singela, calma e muito autêntica. Não vai se destacar por algum quesito técnico e nem é essa a intenção, a coisa aqui flui 100% ao redor do conteúdo a ser abordado... E que conteúdo, meus amigos!
Em 1h40 e com menos de 10 personagens, se você se deixar levar pela trama consegue viajar em problemáticas pilares da existência humana, como amor, fé, a ciência e suas limitações, a probabilidade sendo contestada pelo sentimento, a alma humana, o ser... É um grande filme envolto em uma simplicidade cuidadosa.
Daqueles que devem ser revistos periodicamente, ótimo.
Dark (3ª Temporada)
4.3 1,3KDemorei muito tempo para aceitar que o hype de Dark era merecido e finalmente me forçar a ficar acordada para ver a série (sim, não recomendo assistir no escuro, muito cansado ou ansioso), já que é um exercício grande de memória e lógica.
E esse é um ponto que eu gostaria de ressaltar, antes de qualquer avaliação: Muita gente quer desmerecer Dark como uma mistura pseudo-intelectual de física e filosofia, que simplifica essas áreas e se inspira em referências passadas.
Isso é uma tendência comum hoje em dia e, embora todas as opiniões sejam válidas porque são percepções/críticas subjetivas, na MINHA OPINIÃO pode ser uma tentativa gratuita ou até paradoxal de diminuir algo que tem um hype intelectual muito grande.
Se inspirar em referências não é sinônimo de demérito ou atenuação da complexidade da obra, do contrário podemos jogar grandes fenômenos atuais (vide Stranger Things e Rick and Morty) nessa lista também. A diferença é que uma grande parte das produções que bebem de referências e conceitos complexos - como física ou filosofia - têm uma vertente mais divertida e voltada ao entretenimento pop (inclusive as duas que citei acima), enquanto Dark opta por ser uma trama densa, sombria e pouco divertida.
Além disso, existe uma diferença grande em facilitar conceitos abstratos ou teorias complexas e banalizá-las. Sempre que penso nisso lembro de Interstellar sendo julgado por ser "explicativo demais, fácil demais"(?). Isso é o uso da arte como ferramenta para acessibilizar cultura e ciência em todos os níveis, não sei como pode ser desqualificado só porque uma galera acha "pseudo-algo".
Dito isso (após defender o peixe rs), Dark foi uma das séries mais coesas e interessantes que eu já vi. O projeto inteiro é impressionante em suas questões de lógica e reviravoltas, respeitando categoricamente cada um dos seus personagens e suas trajetórias narrativas. É muito bom assistir algo que promete uma complexidade quase impossível de ser resolvida e no fim obter todas as respostas (claro que devem haver furos, mas nada que impacte a conclusão geral).
E sim, você terá todas as respostas, só terá que ser muito paciente e atento. Exemplificando, enquanto assistia à segunda temporada eu tive diversas perguntas que só seriam respondidas lá pelo penúltimo episódio da terceira.
Todos os atores são muito afiados em todas suas versões, a reconstrução temporal é bem feita, a trilha sonora integra o sentido da obra, a fotografia é linda, até mesmo a atenção em montar um elenco alternativo parecido... É tecnicamente muito bem feita e com um roteiro ousado.
Agora, sinceramente, no meio dessa última temporada eu comecei a temer pelo desfecho porque odiei a ideia dos
dois mundos
um mundo só com diversas linhas de tempo
Mas, de novo, tem que ser paciente kkk. Os
dois mundos
Agora,
as "Marthas"
O desfecho veio muito rápido e pode parecer um Deus ex machina para muitos, não julgo pois também desgostei um pouco no princípio. Porém, se analisar atentamente, eles dão indícios
desse mundo original
Finalizando, porque essa porra ficou longa e séria demais, é uma série linda em seu cuidado com contradições ou furos lógicos, seus embasamentos filosóficos permeando os espaços vazios que a ciência e racionalidade não preenchem, sua didática em destrinchar a própria narrativa e sua qualidade técnica.
Ao meu ver, um dos melhores originais Netflix e uma das minhas séries favoritas.
Catch-22
4.2 11Uma das minisséries mais subestimadas dos últimos anos, para não ser radical e dizer que foi ignorada tanto pelo público como pelas premiações.
O enredo se desenvolve de forma direta, dinâmica e em cima de uma premissa bem básica, o que a princípio pode parecer que tornará a série repetitiva. Felizmente, isso não acontece, em grande parte graças ao formato certeiro de minissérie e o roteiro bem enxuto.
As atuações são ótimas, com um grande destaque para o Christopher Abbott (John Snow do mediterrâneo para os mais íntimos) e sendo fortalecidas pela ótima reconstituição de época. Além disso, é sempre muito interessante ver outras facetas da Segunda Guerra no cinema/tv (nesse caso, fora do eixo desembarque da Normandia/combates extravagantes), um tema que cá entre nós, já está saturado. Com sorte, Catch-22 traz um frescor diferente para o evento histórico e retrata a maior problemática de toda guerra: o fator humano.
Eu fui atraída por pensar que fosse uma série de comédia sobre o evento mais sangrento do século passado - e realmente é, com um humor negro elegante - mas, com o passar da trama e o desenvolvimento dos plots, vai se tornando cada vez mais agridoce até chegar em um final muito
pesado e triste.
Resumindo: comecei rindo caralhos e terminei chorando de soluçar (puta que pariu último episódio!!). Arte boa serve para isso, né?
Recomendo demais, essa série merece crescer e ser mais reconhecida como a preciosidade que é.
Westworld (3ª Temporada)
3.6 322É tão triste para mim ter que escrever uma resenha tão desfavorável e amargurada sobre uma das melhores séries que eu já assisti. E o pior foi ter decaído tanto, tão rápido e justamente no ápice da trama.
Impossível reconhecer os elementos que fizeram as duas temporadas anteriores (serem tão boas) nesta terceira. E tudo bem quem achou a segunda chata, foi realmente muito densa, bagunçada temporalmente e contemplativa... Mas nem se compara com essa bagunça esquizofrênica e cheia de furos.
Os episódios iniciais já trazem uma aura diferente à trama, porém nada que comprometa o interesse ou a lógica dos fatos. Do 3º ao 4º, você começa a pensar que pouca coisa aconteceu e já está no meio da temporada. Do 5º em diante, a impaciência e decepção começam a fluir.
Não vou apontar cada furo da história, quem quiser discutir sobre ou saber mais é só buscar pelo excelente vídeo da Carol Moreira no YouTube. Se você não viu pelo menos uma meia dúzia, você não prestou atenção direito, SÉRIO!
Agora, se tratando de macro problemas...
*Não há consistência nas ações e nos personagens, eles agem sem sentido quando convém ao roteiro e são manipulados para que o plot seja agradável ao mesmo tempo que desafiador (esse-finalzinho-pau-mole-do-caralho-meu-deus-perdi-tempo-vendo-essa-bosta).
*Tentativa de dinamizar a trama introduzindo elementos bem mal cuidados de ação, vide: efeitos especiais grandes, cenas de luta mal coreografadas a cada maldito episódio, embates de personagens bad-ass com uma atmosfera de video game etc.
*Um desafio muito grande para ser resolvido de uma forma tão meia boca. É natural de algumas tramas pretensiosas colocar uma problemática fodida, sem aparente forma de resolução para que o público continue assistindo justamente pela curiosidade em saber como aquilo será solucionado. E, em alguns vários casos, ou você força os limites da realidade da história para resolver ou mete um Deus ex machina lá e passa a inteligência do público na bunda (sim, estou puta). Westworld conseguiu fazer os dois, parabéns! Tudo que precisaria ser explicado como um planejamento ou uma força especial foi colocado na tecnologia e, aparentemente, todo mundo pode produzir um anfitrião e sua pérola só entendendo como a máquina funciona e tendo um tablet multifuncional perto;
Gente, alguém lembra como era complicado construir um anfitrião? A própria série CONSTRUIU esse universo, esses desafios. Eles bugavam constantemente, seus custos de manutenção eram caros, só conseguiam interagir se seus loops estivessem perfeitos... Mas nessa temporada, qualquer um faz
um anfitrião consciente revolucionário em menos de 30 minutos ;)
*Diálogos superficiais, sem grande profundidade, sem grande relevância, repetitivos até se tornarem vazios ("eu vou salvar o mundo blá blá");
*Dramatização excessiva, tentativa de esconder a história do personagem até ele se tornar irritantemente irrelevante (vide Caleb, Aaron Paul mal usado para caralho);
*Rendição dos personagens
(e quando você resolve tornar a anti-heroína motriz da série uma salvadora, dá aquela leve sensação de que perdemos tempo acompanhando uma mentira besta)
É isso, a HBO está fazendo cursinho para estragar as séries de uma temporada para outra. Agora só resta Euphoria.
Destacamento Blood
3.8 448 Assista AgoraDe forma coesa (porque já perdi 2h35 da minha vida vendo):
* Não é eficiente como filme de guerra, o que de fato nem parece ser o viés da trama, mas se você espera ver embates emocionates, certa adrenalina ou contextualização da Guerra do Vietnã... Esqueça. O que aparece é bem superficial e rápido.
* Não é envolvente enquanto plot. Você sabe o que querem e entende toda a justificativa por trás, vai acompanhando achando que se desdobrará em algo a mais e no fim era só o que pensou mesmo. Ah sim, com uma tentativa de reviravolta bem porca e previsível.
* Não é um ativismo inteligente. Digo isso no sentido de conectar qualquer um ao que está sendo dito ali, inclusive aqueles que mais precisariam entender, os próprios racistas enrustidos/americanos ultraconservadores. As frases mais marcantes sobre isso (sim, isso inclui aquele monólogo que o Spike Lee se esforçou muito para que viralize) veem do personagem mais confuso e pouco condundente da trama e, francamente, confundem. Paul é problemático, irritante, previsível e intolerante de várias maneiras - inclusive xenófobo - então colocar ele para o clímax ideológico do filme pode passar uma ideia ambígua.
Colocar uma rendição clichê no fim não muda a essência.
* Não há um motor convincente para impulsionar a trama, aí introduzem um personagem problema (Paul) que é responsável por TODA ação estúpida e maluca que acarretará em desafios. Ah sim, e
os brancos europeus exploradores malditos não confiáveis + os vietcongues ressentidos não confiáveis e miseráveis ajudam em atrapalhar a vida dos pobres heróis.
Resumindo, Spike Lee não é sutil em seu cinema de protesto. Tampouco é efetivo. Se usasse todas as referências históricas e culturais para fazer algo menos pretensioso e longo, provavelmente um documentário, não duvido que seria bom e relevante para a causa que movimenta toda sua arte. Entretanto, Da 5 Blood é entediante em sua duração, confuso em sua mensagem, sem grandes atributos técnicos que elevem a atmosfera e pretensioso demais para passar tão pouca inovação.
Mesmo assim, pelo contexto atual muito problemático, provavelmente será aclamado pela crítica, boa parte do público jovem e premiações.
Killing Eve - Dupla Obsessão (3ª Temporada)
3.8 169 Assista AgoraPoderia começar a minha crítica longa e chorona a essa temporada de várias formas, mas vou pegar em um ponto recorrente nos comentários aqui do Filmow por motivos de: que mulherzinha superestimada, rs.
Gente, sinto muito, mas a série não decaiu porque a Phoebe W. não é mais a roteirista principal. Ela não o é desde a primeira temporada e que nem por isso a segunda teve uma decaída em qualidade tão grande. Só observar pelas notas do Rotten, Metacritic e até aqui do Filmow que a decaída da 1 para 2 nem se compara da 2 para a 3.
Se a intenção (como dito pela própria produtora executiva/escritora principal dessa temporada) era aprofundar os personagens, sem "consertá-los", acho que o tiro saiu pela culatra. Aprofundar não significa DRAMATIZAR ou construir aquela típica, clichê e destruidora de tramas REDENÇÃO de vilões (ressalto que
isso aconteceu com TODOS os principais vilanizados,
Sinceramente, acho que dois conceitos fundamentais tiraram a série dos trilhos nessa temporada: pieguice disfarçada de ironia e previsibilidade.
A pieguice está presente desde dessa capa escrota até certos detalhezinhos, como a cena da dança (observe o "disfarçado de ironia" pois é para parecer satírico, mas o humor não rola), personagem moral aleatória (oi Yara de GOT) falando coisas infantis do tipo
"espero que você morra, você é mau"
a caminhadinha no final
Previsível? Você pode escolher entre um vasto leque:
O plot da morte de Kenny, a tentativa fracassada de criar tensão sobre a morte do Konstantin no final da temporada, a Irina se tornando uma Villanellezinha enquanto a própria Villanelle está se tornando humana e não quer mais matar, o Niko quase ser morto MAS HEY ele obviamente não vai morrer pois isso seria imprevisível né?
Outras grandes âncoras que ajudaram a afundar a trama:
1 - Conveniências do roteiro para a história chegar onde querem (sempre aconteceu, porém muito mais sutil e menos frequente);
2 - Humor desregulado em piadas ou tentativa de tornar personagens excêntricos, com falas aleatórias que pareceriam engraçadas se fossem bem escritas (talvez aqui realmente a Phoebe tenha feito grande falta, já que é especialista nisso);
3 - Incongruências entre papéis e ações: Os personagens não agem mais de acordo com o que são, ponto. Só observar a cena PATÉTICA, tão ruim e clichê que nem parece da série,
da Vilanelle matando a Rhian. Ambas são assassinas FODAS, treinadas pela mesma INSTITUIÇÃO, se desentendem e saem no TAPA ? (alô, preguiçosos, pelo menos uma coreografia simples de luta seria bom), uma delas mal reage ?? e sem estar seriamente ferida, para e fica implorando por perdão antes de ser jogada numa linha de trem ??? da qual, novamente lembrando que POR NÃO ESTAR SERIAMENTE FERIDA, poderia sair facilmente ????. Essa mesma que é cotada como uma das melhores assassinas do grupo, de repente estar implorando pela vida porque levou dois tapas na cara...
4 - Personagens cada vez mais caricatos: É, era engraçado os gritinhos, rosnadas ou caretas da Villanelle... QUANDO ELES NÃO ACONTECIAM EM TODO MALDITO EPISÓDIO. Até a atuação da Jodie caiu um pouco por isso, a assassina parece caricata demais (talvez outro traço do humor desregulado) e não satisfeito, o roteiro inclui o Konstantin com aqueles sustos sequenciais muito vergonha alheia.
Enfim, basicamente tudo isso unido por uma história vaga - que buscou desenvolver mais personagens do que as ações destes em si - levou a temporada a ser preenchida por nada além de plots previsiveis, humor ruim e personagens negando a si mesmos para serem mais palatáveis. Se notar atentamente, o season finale voltou para o mesmo da segunda temporada, tirando que
o Kenny está morto, o MI6 não está mais na jogada e os assassinos viraram covardes.
Um desperdício de potencial gigantesco :(
Killing Eve - Dupla Obsessão (3ª Temporada)
3.8 169 Assista AgoraMeu Deus estão MATANDO, diante dos nossos olhos, uma das séries com maior potencial da última década.
Entre Realidades
2.9 307 Assista AgoraFiquei uns meses sem entrar no Filmow e quando voltei tomei um baita susto com algumas das notas mais recentes injustiçando filmes como este a se igualaram com produções B patéticas.
Entre Realidades pode ter um gosto de película indie, meio estranha e parada mostrando seus personagens viajados em uma trama que não parece evoluir... Porém está longe, na minha opinião, de uma nota que desvalorize tanto a originalidade, atuações e - por que não? - a coragem em fazer algo fora da caixa.
Lendo os comentários eu percebi que muita gente deu nota baixa por não entender ou achar que não havia bom entrelaçamento lógico, salvo alguns casos mais raros reclamando de questões como execução ou ritmo.
Será que o intuito da obra era ser lógica? Ou um retrato ambíguo e quase surrealista sob a perspectiva de uma pessoa não tão certa de sua sanidade mas que ao mesmo tempo não quer negar a si mesma? E o final, embora possa parecer frustrante por não entregar respostas óbvias, é a apogeu de toda trajetória da protagonista.
O melhor de criações tão desprendidas de explicações é que quem as aprecia pode interpretar de tantas maneiras diferentes. Eu, por exemplo, não sei ao certo se o filme trata realmente de alguém com transtornos mentais ou é uma fábula moderna sobre conspirações hereditárias. Essa conversação ambivalente entre uma visão materialista/social e uma metafísica/fantasiosa tornam o final
uma possível uma morte ou perda total da sanidade (materialista) ou a confirmação do que achávamos ser uma mentira o tempo todo.
Uma obra direta, neutra mas muito abrangente e que tenta oferecer uma experiência bem peculiar. Pena que a maioria das pessoas não parece ter apreciado (ainda).
Maus Momentos no Hotel Royale
3.6 339 Assista AgoraCom referências claras a Tarantino, Goddard oferece um pequeno conto que embora seja muito satisfatório, necessitava de um pouco mais de imprevisibilidade em seu desfecho.
A habilidade narrativa que busca dinamizar a história (que poderia entediar facilmente) conversa muito bem com os personagens bem construídos, interagindo sempre de forma realista e inteligente. Já a identidade visual e trilha sonora tornam a trama muito atrativa do ponto de vista estético.
Não me senti incomodada com a simplicidade do roteiro, entretanto tenho que admitir que o final merecia ser um pouco mais grandioso para destacar toda essa coesão técnica. É como construir uma casa muito bonita porém sem móveis, rs.
Talvez uma característica que o diretor optou por não seguir à risca de sua inspiração Tarantinesca, o ritmo frenético, tenha prejudicado ao estender um pouco mais do que necessário certas partes (assim como, na minha opinião, quando Tarantino não se utilizou deste recurso em Os Oito Odiados fadou o filme a ser enfadonho).
No mais, é uma boa obra, muito bem feita e de um realizador que vem mostrando cada vez mais sua autoralidade de maneira bem executada. Não se deixe desanimar pela nota e dê uma chance.
Eu Nunca... (1ª Temporada)
4.0 421 Assista AgoraProduções adolescentes com senso de humor refinado e personagens inteligentes é tão raro e tão gostoso de assistir! Dá para, literalmente, juntar pessoas 10 pessoas de qualquer idade em uma sala e retirar risadas, lágrimas e vergonha alheia (por que não?) desde que se deixem levar pela história e relevem, é claro, a superficialidade desta.
Sex Education e Eu Nunca... são os carros-chefe da Netflix voltada para jovens adultos, feliz de ter mais uma temporada a aguardar ♥
Assistam com a família, irmãos mais novos ou sozinhos. Vale a pena.
Sob Pressão (3ª Temporada)
4.5 60Foi uma tremenda surpresa prazerosa descobrir mais uma rara grande produção nacional. Não desvalorizando as toneladas de conteúdos produzidos na tv aberta, no cinema (agora investindo pesado em comédias) ou nos documentários. É que Sob Pressão trouxe um cheiro de frescor e flexibilidade narrativa, pois pode ser consumido ou ao menos atrair a atenção de qualquer país/cultura por ser uma história simples e universal.
É claro que não é a premissa mais original possível, prole de E.R., House e Grey's Anatomy. Entretanto, é muito interessante e dinâmica ao mesmo tempo que traz uma faceta didática sobre um bem comum a todos: saúde.
Infelizmente, senti uma grande frustração ao ver o nível da série decaindo E MUITO com as temporadas. Da primeira para a segunda foi algo sutil e facilmente disfarçado com uma nova problemática da saúde como ferramenta
para processos corruptos
Agora, da 2ª para a 3ª a questão se agravou e muito. Creio que o encerramento da temporada anterior desenharia um final digno e implacável, mas quando algo agrada sempre se criam prolongamentos desnecessários. Aliás, a decisão de voltar atrás com o encerramento da série nesta última temporada pelos bons índices, todavia dando uma pausa para que os atores possam investir em outros projetos de interesse (estariam cansados já? rs) demonstra que a prioridade se tornou colher os bons frutos até que a colheita seque.
Não me estendendo demais e resumindo de forma bem coesa os principais pontos que me incomodaram:
1 - Excesso de carga dramática do casal protagonista;
2 - O drama citado acima se centra nas mesmas questões desde o início
(Carolina instável emocional se corta, Evandro explosivo se droga)
3 - Falta de alívio cômico e tramas paralelas que trouxessem mais versatilidade (saudades Amir kkkk), com uma enfoque quase exclusivo no casal protagonista;
4 - Personagens cada vez mais próximos de um ideal de perfeição heroica moral, optando por ações idealistas ao invés de pragmáticas (ex:
proteger um jurado de morte dentro de um hospital, para salvar UMA VIDA e colocar todos ali presentes em risco
Enfim, acabei desanimando e desistindo de ver, ainda mais quando 7 episódios pareciam 12 e era só a metade (porque o que lucra também merece mais episódios, claro).
Vai, muito provavelmente, se tornar o que as outras séries citadas acima se tornaram: tramas tão longas que se tornam quase tradicionais, roteiro prezando estender os acontecimentos e comover explicitamente o telespectador com histórias pouco elaborada. Tudo isso em um recorte temporal tão grande que daqui alguns anos teremos um elenco quase que totalmente novo + roteiristas com outros objetivos trabalhando em uma série que agora se tornou apenas um nome, uma marca.
É, criamos nosso Grey's Anatomy... O que não é necessariamente ruim mas que tende a decair em questões narrativas e técnicas para priorizar o essencial: se manter com audiência.