Para quem não sabe, Cinquenta Tons de Preto é mais uma comédia com o Marlon Wayans que satiriza algum filme que está na boca do povo. O escolhido dessa vez foi o longa-metragem Cinquenta Tons de Cinza, que causou furor no público que havia lido os livros e tristeza aos críticos que puderam analisar o quão fraco é o filme.
Nesse sentido, a paródia funciona muito bem. O diretor Michael Tiddes grava as cenas do mesmo ângulo, enquadramento e estilo ao original, criticando os erros e absurdos do material original. Isso valoriza o valor que o filme teria como uma crítica ao filme. Essa ação consegue dar um destaque maior aos absurdos do original e é um ponto positivo nessa produção.
A produção tem boas sacadas, com referências a outros filmes de Wayans, com destaque para As Branquelas. Além disso, Tiddes consegue ser sarcástico e ácido com algumas piadas diretas ao seu material original. Isso porque não tem como não rir com a sessão de tortura feita com a leitura do livro que foi adaptado.
O problema do filme é o excesso de piadas. Óbvio que algumas funcionam, o problema é que Wayans, que também é roteirista do longa, sabe quais funcionam e acaba as esgotando com a repetição. Isso sem falar nas piadas de cunho racista e homofóbico. Não havia necessidade de se utilizar deste tipo de piada para fazer uma paródia, até porque o material original já renderia boas tiradas.
Em um momento (quando o longa foi lançado) em que se briga por diversidade nas premiações do Oscar e de diversos movimentos sociais ganhando força pelo mundo, piadas como as feitas no filme não cabem mais. Infelizmente essa paródia que tinha tudo para ser a melhor já produzida por Wayans, perde fôlego e simpatia do público por partir para um perfil mais preconceituoso.
Para quem não sabe Sete Homens e Um Destino é um remake de um longa de mesmo nome, lançado em 1960, que, por sua vez, também é uma releitura d'Os Sete Samurais, de 1964. Como não vi o original, e sim os dois últimos, vou trabalhar com eles na construção desta crítica. E, analisando as duas produções, é possível destacar que ambos trabalham muito com a diversidade em seu elenco. Isso porque podemos ver nesse filme um latino, um asiático, um índio e o líder sendo negro.
O filme tem como sua trama a busca de liberdade de colonos de uma região dos Estados Unidos. Os moradores dessa região estão sendo tratados de forma injusta por um tirano. Para escaparem desse regime, essa comunidade vai atrás de Sam Chisolm, interpretado por Denzel Washington, que aceita o serviço e recruta seis parceiros para que eles ajudem Chisolm na proteção e na libertação daquela população. Nesse sentido, tirando alguns pontos, o enredo é bem parecido com o longa de 1960.
Outro ponto positivo dessa produção está no seu elenco. Todos estão muito bem em seus papéis e têm o seu destaque na história. Apesar de ser mais difícil colocar em um bom espaço de tela sete personagens, cada um com as suas peculiaridades, Antoine Fuqua consegue trabalhar bem essa distribuição e todos tem a sua profundidade necessária bem construída. Talvez as surpresas sejam Ethan Hawke e Vincent D'Onófrio, que conseguem deixar o telespectador de queixo caído, seja pela sua interpretação como pela carga que ambos entregam para seus personagens.
A fotografia do filme também merece ser destacado. Tanto ela quando o vestuário dos personagens remete muito aos longas de faroeste que tanto fizeram sucesso no passado. Existem cenas, produzidas em plano aberto, que não é possível se distinguir se estamos vendo um filme atual ou se um western dos anos 60, tamanha a fidelidade utilizada para a produção.
Infelizmente - digo isso pois adoro filmes de faroeste - o longa falhou em alguns pontos. Apesar dos personagens terem sido muito bem construídos, acabou faltando algo que mostrasse o momento onde eles deixaram de trabalhar por dinheiro e realmente se importaram com aquela comunidade. Um dos objetivos do filme foi construir uma história que culminasse em uma boa dose de ação, tiros e batalhas. Não que essas cenas tenham sido boas, até muito pelo contrário, toda a ação da produção é muito bem coreografada e executada, mas faltou algo para que as ações deles combinassem com o sentimento que eles deveriam ter com aquela comunidade.
E é por isso que Sete Homens e Um Destino não consegue entrar na história dos filmes de faroeste, apesar de terem feito um bom trabalho. Porém, mesmo com algumas falhas, as chances do longa conquistar um público que está carente de produções desse gênero é grande e, quem sabe, esse remake possa incentivar os outros estúdios a produzir faroestes novamente.
O longa, que estreia nesta quinta-feira (15) pode ser considerado uma continuação do filme de 1999, apesar de ter mais uma cara de remake. Talvez o que deixe essa produção mais presente na hipótese de uma sequência é que James, interpretado por James Allen McCune, é irmão de Heather Donahue, protagonista da produção original. Esse é o gancho que uni os dois filmes e ignora totalmente o segundo longa da franquia.
Na trama, James encontra evidências de que sua irmã ainda pode estar viva e resolve chamar seus amigos para acompanha-lo nessa busca. E esses amigos resolvem fazer a mesma coisa de 17 anos atrás e gravam tudo que acontece para produzirem um documentário. Pensando no filme como uma sequência, afinal a irmã do protagonista é citada durante o filme, acaba surgindo um questionamento que me incomoda: o quão inteligente é fazer tudo isso de novo? Esse é um ponto negativo da produção, que faz com que a verossimilhança perca sua força.
Esse é um dos pontos que mais me incomoda nos filmes de terror. A burrice dos personagens é algo que faz com que o filme perca o meu interesse e prejudica a experiência. Isso porque eu não consigo ver a realidade acontecendo. Eu sei que é um filme, mas aprecio quando uma produção prioriza a verossimilhança dentro de sua história.
A produção também peca na construção do seu terror. Apesar de ter boas referências ao filme clássico e trabalharem bem com o suspense por trás da bruxa, que permanece presente no imaginário do público durante boa parte do filme, o longa peca na parte dos sustos e do medo. Isso porque todos os momentos onde poderiam acontecer cenas assustadoras, o estopim acaba não sendo a bruxa, mas sim entradas abruptas de personagens em frente a câmera. Isso acaba brochando o público que vai ao cinema querendo se assustar.
Outra coisa que me incomodou durante o filme é o estilo no qual ele é gravado, conhecido como found footage. O objetivo desse método de filmagem é passar a veracidade dos fatos e parecer que o longa realmente é um documentário. Apesar de ser um estilo diferente eu não consigo apreciar. Me incomoda muito essa técnica, ainda mais com as trocas de câmeras desordenadas que foi trabalhada por Adam Wingard. Isso porque o ritmo acaba ficando frenético demais e existem momentos em que até a compreensão do filme é prejudicada.
Apesar disso, o longa é infinitamente superior ao segundo e faz uma boa homenagem ao início da franquia. Não vejo essa produção tendo mais uma sequência, mas creio que a mensagem e o objetivo desse filme foi alcançado. Isso porque, apesar de terem acontecido várias coisas que me incomodaram, acredito que, devido toda a história e a mitologia por trás do primeiro filme, esse longa faz justiça ao seu início.
O filme, baseado em fatos reais, apresenta a história de dois amigos que abrem uma empresa para vender armas ao exército dos Estados Unidos. O problema é que eles assumem compromissos que não conseguem dar conta e, para seguir com essa empresa, acabam tendo que lidar com problemas sérios dentro do universo do tráfico de armas.
Com direção de Todd Philips, Cães de Guerra tem como seus protagonistas Miles Teller e Jonah Hill. Esse elenco já é um dos pontos positivos do filme. O primeiro é um ator em ascensão em Hollywood e repete o nível de Whiplash, fazendo com que o público torça por ele. O destaque e o potencial de Teller é tanto que todo o longa é contado do seu ponto de vista. Já Hill fez o mesmo de sempre, mas de forma bem feita. O papel entregue para ele era o de um cara egoísta e sem escrúpulos e é isso que ele nos entrega. Tirando sua risada (que coisa horrível), o ator consegue apresentar o que já era esperado.
O ponto é que o destaque do elenco fica maior graças a sintonia entre os dois. Eles se completam no filme e a relação deles acaba se tornando verossímil. Enquanto Teller carrega boa parcela da carga dramática do filme, Hill acaba se transformando em uma válvula de escape para a comédia. Isso porque o filme é um misto de ambos os gêneros, tendo cenas que o público dá risada enquanto o assiste.
Uma característica interessante do filme é que ele é todo dividido em atos ou capítulos. Essa construção da um ritmo ao longa e faz com que o público entenda que ele é dividido em pequenos trechos que culminam em uma história coerente e fechada. Outro ponto que vale o destaque é a narração feita por Teller que, como eu disse, é o personagem que dá a visão do filme e essa sacada de usa-lo como locutor também se provou como acertada.
Penso que o filme foi produzido com a vontade do diretor de concorrer ao Oscar de 2017. Só que, dificilmente, o longa será vencedor de alguma categoria. Apesar da trama ter sido bem executada, falta algo para que o filme se torne memorável. Em alguns momentos a produção acaba decaindo e isso prejudica a experiência de quem está no cinema. Não que isso tire a qualidade dele, mas creio que esses pequenos deslizes podem atrapalhar a recepção da academia para uma possível indicação.
O filme foi apresentado no Festival de Gramado e já chega ao circuito nacional nesta quinta-feira (08) com a responsabilidade de ser um dos 17 longas brasileiros que disputam uma vaga no Oscar 2017. E, com certeza, a produção consegue dar conta do recado e o diretor Caíto Ortiz entrega uma das melhores comédias brasileiras produzidas no século XXI.
A história do filme conta o roubo da Taça Jules Rimet, fato esse que aconteceu em 1983 e que mostra que, desde aquela época, a CBF já era a bagunça que conhecemos hoje. Ortiz constrói o seu longa partindo dessa premissa, inserindo o público dentro da realidade vivida naquela época. E esse escândalo é retratado em uma comédia, gênero que, na teoria, não condiz muito com o momento histórico.
Mas o diretor consegue entregar um filme divertido e que arranca risos do público, mas sem aquele humor pastelão e sim com algo mais sútil e inteligente, fazendo com que o telespectador pense e, mesmo assim, ria da bagunça existente naquele período. Outro fator que auxilia nesse quesito é o elenco, que está afinado e muito bem sintonizado. Todos os atores merecem os parabéns, mas os grandes destaques são Paulo Tiefenthaler, Taís Araújo e Fabio Marcoff.
O trio consegue entregar algo muito bem feito, com sacadas geniais. Esse potencial fica ainda mais aparente quando comparamos os outros trabalhos deles. A versatilidade e potencial de ambos são dignas de nota e conseguem enriquecer a produção. Se tivesse que destacar um dentre os três seria Paulo Tiefenthaler, que entrega um personagem tipico dos anos 70 e 80, com todos o seu estilo e seus trambiques.
A fotografia da série e as paletas de cores utilizadas na produção também valorizam ainda mais a direção do filme e todo o trabalho artístico por trás da história, isso sem falar nos figurinos. Todos esses pontos remetem bem a época e funcionam de forma única na ambientação daquele período. Não existe nenhuma falha nesse quesito.
Um dos poucos pontos negativos da trama está na sua parte final. Nesse momento o enredo do filme foge da resolução do caso e se encaminha para o romance existente na trama. Não que isso seja um problema de fato, até porque o longa se inspira nesse fato histórico, mas não busca retrata-lo com fidelidade. A questão é que a narrativa perde força exatamente porque acaba fugindo um pouco do seu foco inicial. No decorrer do filme é possível ver que existe o destaque para o caso em si, mas ele perde força no final.
Não sei se O Roubo da Taça tem chances ou não de ser o selecionado brasileiro ao Oscar. Na realidade acredito que ele não deve superar Aquarius, mas acho que ele, ao lado de Um Noivo Para Minha Mulher, podem significar um sopro de qualidade e de boa construção narrativa no cinema brasileiro. Tomara que filmes assim conquistem seu espaço e seu público, pois a produção nacional não pode viver somente de comédias sem histórias por trás e que sirvam apenas para forçar um riso de três segundos.
O Homem nas Trevas conta a história de três jovens assaltantes que invadem casas que são asseguradas pela empresa do pai de um deles. Com o sucesso dos furtos, os adolescentes resolvem fazer a sua investida mais ousada: roubar uma grande quantia de dinheiro de um ex-militar cego. O que eles não contavam era com o que o veterano de guerra seria capaz de fazer para proteger o seu dinheiro.
Esse longa-metragem, dirigido pelo uruguaio Fede Alvarez, é uma grata surpresa quando se fala em filmes de suspense. O problema é que só é possível saber disso depois que se assiste ao filme. Isso porque a produção foi vendida como um filme de terror, o que não condiz com o que se vê na tela. É óbvio que o filme tem a sua cota de sustos clichês, mas ele trabalha muito mais com a questão psicológica da tensão.
O suspense presente é um mérito de Alvarez que é o diretor e um dos roteiristas do filme. Durante todo o longa é possível sentir essa tensão e o medo ocasionado pelo ambiente construído pelo uruguaio. As reviravoltas da produção conseguem fazer com que quem está assistindo se sinta desconfortável e apreensivo com tudo que acontece. Esse sentimento é tão forte que existem momentos em que a torcida está toda com os três adolescentes.
Outro elemento que beneficia o suspense é a trilha sonora e, porque não, a falta dela. Alvarez consegue construir bem essa parte e, tanto os sons quanto o silêncio, são bem distribuídos e auxiliam na narrativa desejada. O set de filmagens, apesar de surreal, também combina com a temática e é mais um ponto positivo para a produção.
Destaco o surrealismo porque não é possível se dimensionar o espaço físico da casa. A desproporção dela da visão de fora para a de dentro é gritante e isso fica ainda mais escancarado quando a trama passa a se desenrolar no porão. Eu nunca havia visto um porão tão grande na minha vida e esse espaço não condiz com o resto da casa.
O roteiro do filme é fechado e consegue concluir bem todas as tramas que foram abordadas no início. Apesar de ter seus furos como, por exemplo, quando um dos três assaltantes cai por uma janela que, aparentemente, era bloqueada com barras de ferro, a trama é bem planejada e pensada para fazer com que o suspense prossiga por praticamente todos os 88 minutos do filme. Os problemas foram os clichês presentes no gênero, construindo conceitos surreais e que podem fazer com que o público perca um pouco o interesse.
Todo o elenco está bem no filme. Apesar de não se ter nenhuma interpretação memorável, os atores conseguiram segurar a bronca e entregar toda a carga dramática e tensa que o filme necessitava. Talvez os destaques sejam os dois personagens que tiveram um maior espaço, que foram Jane Levy e Stephen Lang. Eles entregaram cenas fortes e que ficarão na memória de muitas pessoas, seja pela sua intensidade ou por ser trash demais.
Esse talvez tenha sido um dos grandes problemas do filme: o direcionamento trash que é dado na segunda parte do longa. Existem cenas que fogem do comum e causam risos (ou repulsa) a quem assiste. Apesar disso o filme passa fácil como um dos melhores nesse gênero de 2016, seja por não ter medo de ser ousado e visceral como também por conseguir fugir da vala comum em sua conclusão.
Star Trek: Sem Fronteiras, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (01), é o terceiro filme da nova franquia idealizada em 2009, por J.J. Abrams. Digo nova franquia pois essa trilogia não é um reboot e nem um remake dos longas antigos, mas sim uma nova linha temporal dentro do mesmo universo de Jornada das Estrelas. E, com certeza, a produção pode ser sim considerada um grande passo nessa nova visão de uma das franquias de maior sucesso e apelo entre o público nerd.
Nessa produção acompanhamos a história da tripulação Enterprise em seu terceiro ano de missão - no fim do segundo filme eles saíram para uma missão de cinco anos. Mas essa missão, que estava ocorrendo normalmente, acaba por ter uma reviravolta quando Kirk recebe um pedido de socorro para resgate e acaba caindo em uma armadilha planejada por Krall, interpretado pro Idris Elba.
Para quem não conhece muito sobre esse universo, o filme acaba sendo um pouco confuso no início. Mas isso é corrigido em pouco tempo e logo já é possível se familiarizar com nomes e rostos conhecidos e presentes no imaginário dos consumidores de cultura pop. E essa sensação de reconhecer personagens e referências aos filmes antigos é feita de maneira magistral. Todas as referências e homenagens ao material clássico acontece de forma simples, fazendo com que surja o sentimento de nostalgia e, ao mesmo tempo, de felicidade ao poder acompanhar uma nova saga desse universo.
Um dos pontos altos nessa parte mais nostálgica é a homenagem póstuma a Leonard Nimoy (1931 - 2015), o eterno Senhor Spock. A lembrança feita e a maneira com que encerra o arco do personagem é perfeita e consegue mostrar o passagem do bastão entre os dois Spocks que estavam presentes na realidade do filme. Além disso, também existe uma lembrança a morte de Anton Yelchin, que faleceu recentemente e tem um papel de destaque no filme.
Um dos meus medos nessa produção era a direção de Justin Lin, conhecido pelo seu trabalho na franquia Velozes & Furiosos. Como ele era acostumado em um filme com um estilo de filmagem e de edição mais frenético, fiquei receoso de que isso pudesse prejudicar o longa, o que não aconteceu. Principalmente nas cenas de batalhas espaciais, o estilo de Lin foi importante e todas as cenas ficaram muito bem executadas. Isso, com a ajuda dos ótimos efeitos especiais, fez com que o público se sinta inserido naquela realidade.
O elenco como um todo está muito bem. Os grandes destaques são Zachary Quinto e Simon Pegg como, respectivamente, Spock e Scotty. Os dois tem um timing perfeito e casaram muito bem com os seus personagens. Talvez o grande desafio tenha sido o de Quinto, que interpreta um grande papel dentro do universo de Star Trek e que agora terá a responsabilidade de, sozinho, seguir o desafio de dar vida a Spock.
Simon Pegg é uma referência no gênero das comédias e consegue usar de forma simplista e natural o humor que o seu personagem pode explorar. E, como roteirista do filme, Pegg conseguiu também dar um ar mais leve e um destaque maior há outros coadjuvantes do longa. E, felizmente, todos eles deram conta do recado e entregaram uma atuação digna de ser parabenizada. Aqui destaco também Chris Pine (Kirk), Anton Yelchin (Checkov), Karl Urban (Bones) e John Cho (Sulu).
Star Trek: Sem Fronteiras conquista o seu espaço como um dos grandes lançamentos deste ano e fica marcado como um dos melhores filmes da cultura pop já produzidos nos anos 2000. E, com um final que deixa espaços para continuação, a tendência é que essa franquia continue rendendo mais longas e espero que eles consigam manter o nível alcançado com esse lançamento.
A história gira em torno de Cody, interpretado por Jacob Tremblay (O Quarto de Jack). O menino é órfão e acaba de ser adotado pelo casal Jessie e Mark, que foram interpretados por, respectivamente, Kate Bosworth e Thomas Jane, que perderam recententemente o seu filho. O problema é que a criança já foi adotada outras vezes e sempre acaba voltando para o orfanato. O motivo: os sonhos (bons e ruins) dele se tornam realidade. Só que, em seus sonhos, surge o homem-cancro, que assombra a vida de Cody e das pessoas que ele ama.
O longa é dirigido por Mike Flanagan, conhecido pelo seu trabalho no filme Hush - A Morte Ouve. O problema da produção está em como ela se vende ao público. Apesar de fornecer a cota dos sustos clichês presentes no gênero, o longa não pode ser considerado um terror, mas sim um suspense com pitadas de drama na busca de desvendar os mistérios do filme: o que é o homem-cancro e porque ele o assombra.
Digo que esses são os dois mistérios do filme, porque o roteiro falha e, em nenhum momento, explica como Cody conquistou esse dom ou de onde ele veio. Ele simplesmente o tem e o telespectador tem que se conformar com isso. A conclusão do filme também foi bem executada, mas o roteiro ficou raso e as pontas não ficam bem explicadas. Na realidade todo o mistério do homem-cancro poderia ter sido melhor trabalhado, até porque, a ideia de Flanagan é boa, mas mal executada.
Mas mesmo que o roteiro não tenha sido tão aprofundado quanto gostaria, a história funciona e é original. Um dos pontos que fizeram com que ela desse certo foi o carisma e potencial de interpretação (e meiguice) de Jacob Tremblay. O ator está perfeito e consegue entregar todas as emoções e conflitos que o personagem passa durante o filme. Kate Bosworth e Thomas Jane também dão conta dos seus papeis. Tanto é que Kate faz conseguiu fazer com que os telespectadores sentissem uma certa repulsa por suas atitudes com a criança (assista e entenda).
Um Namorado Para Minha Mulher é baseado na comédia argentina Un Novio Para Mi Mujer, de 2008. A versão original do longa-metragem foi um sucesso de bilheteria no país e isso acabou chamando a atenção da Paris Filmes à produzir a versão brasileira da história. Antes de mais nada, cabe ressaltar que o filme brasileiro é uma adaptação da história original, com peculiaridades exclusivas da versão nacional.
Na trama acompanhamos o romance de Chico e Nena, interpretados por Caco Ciocler e Ingrid Guimarães. Os dois já são casados há quinze anos e passam por uma crise no seu relacionamento, graças a rotina e a chatice da esposa, que reclama de tudo e de todos. O problema é que Chico não tem coragem de terminar o seu relacionamento e, para isso, contrata um amante para dar em cima de sua mulher e fazer com que ela dê o fim no casamento.
Um dos diferenciais da trama é o roteiro, que não foca apenas na comédia, ao contrário de boa parte das produções nacionais do gênero. Isso porque a história tem o seu lado dramático e ele é muito bem desenvolvido. Nesse quesito Ingrid Guimarães se sai muito bem. Ela é sim uma mulher insuportável (no início do filme) mas, mesmo assim, é possível sentir empatia pela personagem. Talvez seja porque a história desse casal é verossímil e conseguir fazer com que isso aconteça é um ponto positivo não só para esse, como para todos os filmes.
Tanto Caco Ciocler como Domingos Montagner também estão bem em seus papéis de, respectivamente, o marido bobo e o amante canastrão. Existem outros personagens secundários no filme, que tem seus espaços e conseguem dar conta do recado na hora em que ganham destaque, seja Mia Mello em seus diálogos com Nena ou Marcos Veras como o melhor amigo de Chico.
A direção do filme é de Julia Rezende, que consegue construir esse que é um dos melhores longas de comédia produzidos recentemente aqui no país. Toda a história se passa em São Paulo e as locações foram muito bem escolhidas. Outro quesito bem trabalhado foi a trilha sonora. Todas as músicas eram conhecidas do grande público e casavam muito com a trama que estava sendo construída. Isso sem falar no elenco e no trabalho feito em cima de cada um dos personagens, que tem todas as suas premissas básicas apresentadas.
O roteiro tem seus furos como, por exemplo, quando Chico pede para seu amigo Gastão, interpretado por Paulo Vilhena, contratar Nena para participar do seu canal do Youtube, deixando com que ele mesmo pagasse o salário dela. O erro foi que essa subtrama não foi descoberta na conclusão da história. Mas, mesmo com gafes, o roteiro acerta mais e alcança o seu objetivo de contar uma história verossímil e que conquiste a proximidade e atenção desejada.
O filme, produzido pela Universal Pictures, parte de uma premissa básica, que é apresentar para o público o que os seus animais de estimação fazem enquanto você está fora. Nesse sentido a animação consegue construir personagens carismáticos e trabalhar com alguns estereótipos - ao mesmo tempo que desconstrói outros - para que, de forma simples, conquiste o telespectador. O filme foi muito bem produzido e durante boa parte do longa é possível acompanhar como cada animal se sente com relação aos seres humanos e como a criação de cada um faz toda a diferença no comportamento.
Apesar disso, o roteiro não é tão original quanto parece. Alguns pontos lembram outros filmes, como a disputa de Max e Duke pela atenção da sua dona, que nos faz recordar a obra de Toy Story, quando o Woody e o Buzz disputavam a atenção de Andy. Outro fator que nos remete há outro filme é a trama, que foge um pouco do palpável e acaba se tornando surreal, lembrando um pouco Como Cães e Gatos.
E esse surrealismo da trama acabou me incomodando um pouco. Não sei se foi porque esperava algo mais realista, porem acredito que a história, apesar de ter sido muito bem executada, forçou um pouco a barra e fez com que eu perdesse um pouco do meu interesse pelo filme. Creio que o meu gosto pessoal por histórias pelas quais eu possa acreditar tenha prejudicado a experiência.
A trama inocente, já citada anteriormente, funciona e faz com que o público compreenda, sem grandes dificuldades, toda a história. Apesar de preferir os filmes da Pixar e as suas mensagens, acredito que produções mais "fáceis" também tenham o seu espaço e o seu público. E, dentro desse cenário, Pets se sai muito bem e deve ser um filme que vai fazer o telespectador se apaixonar cada vez mais pelos seus mascotes.
A premissa do filme é bem simples:a tímida Vee DeMarco quer mostrar que é uma pessoa com atitude e não uma mera protagonista na vida e, para isso, começa a jogar o game Nerve. Esse jogo desafias os participantes a fazer desafios em troca de premiações, tudo isso filmado pela câmera do seu celular.
Esse é um dos pontos mais interessantes do filme. Toda a construção da história acontece em volta do jogo e nas consequências que ele tem e não em um possível romance entre os dois protagonistas. Isso fez com que eu conseguisse me interessar mais pela história e acompanhar toda a trama que estava sendo construída, afinal, ela não servia como um trampolim para o casal principal.
Toda a ideia desenvolvida pelos diretores faz uma crítica da sociedade na qual vivemos, onde um like ou um view é mais importante do que a própria vida das pessoas. Esse é um ponto onde é possível avaliar todo o conceito no qual o filme foi desenvolvido e não duvido que isso poderia (ou quem sabe já está) sim acontecer na nossa realidade.
Todo esse enredo também fez com que o longa não fique focado no romance dos protagonistas, o que é algo positivo. Apesar de serem carismáticos e darem conta do papel, a discussão que Nerve tenta passar não deveria ser abafada por um romance. E os diretores souberam fazer bem essa mescla e equilibrar o seu lado romântico com a discussão que foi levantada no decorrer do filme.
Mais um ponto positivo da direção de Ariel Schulman e Henry Joost foi a construção de Nerve como um todo. O filme tem um ritmo frenético, com cortes rápidos e cenas sendo construídas através das câmeras dos celulares de quem acompanha o jogo. Isso sem falar na parte da trilha sonora, que foi bem pensada e mostra o cuidado que os diretores tiveram com o filme.
Talvez o único ponto negativo do longa tenha sido a falta de profundidade que a discussão sobre a dependência que a sociedade tem pelas redes sociais e, porque não, pelo seu protagonismo. Creio que o filme poderia ter sido mais longo para que essa discussão pudesse ser melhor trabalhada.
Concluindo, o filme é muito bom e pode ser considerado uma grata surpresa de 2016, seja pela direção, o carisma dos atores e a construção de um roteiro que consegue trabalhar o lado romântico, que é o que vende o longa, com toda a discussão sobre a sociedade. Pena que essa produção pode não receber a devida atenção exatamente porque o público pode pensar que se trata apenas de mais um filme de romance que chega.
Um filme que nos apresenta um dos maiores escândalos descobertos pelo jornalismo. Ficou curioso? Então assista “Spotlight – Segredos Revelados”, filme lançado em janeiro deste ano e que venceu o Oscar de Melhor Filme em 2016. A produção, dirigida por Tom McCarthy, conta a história de um grupo de jornalistas do The Boston Globe que descobriram diversos casos de pedofilia praticada por padres e que era acobertada pela alta cúpula do Vaticano.
Durante a trama podemos acompanhar os jornalistas Michael Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matty Carroll (Brian d'Arcy James), liderados pelo editor Walter Robinson (Michael Keaton); que são a equipe Spotlight, responsável por fazer as grandes reportagens do jornal estadunidense. Ao longo de 2001 os jornalistas trabalharam na pesquisa e apuração de casos que se interligavam, mesmo com os diversos percalços que encontraram pelo caminho.
Talvez uma das grandes atuações do último ano estejam nesse filme. Mark Ruffalo encarna o jornalista Michael Rezendes e consegue dar a amplitude e a carga dramática que o papel necessitava. Esse é mais um grande trabalho do norte-americano, que consegue transmitir para os aspirantes a profissão um pouco da paixão e da dedicação que um jornalista deve ter. Pelo menos na teoria. Dos outros atores também se destacam os trabalhos de Michael Keaton como o líder do time Spotlight e como o cara que trabalha com avinco e tenta corrigir os erros do passado. A indicada a melhor atriz coadjuvante no Oscar Rachel McAdams faz bem o seu papel, mas sem o mesmo brilho dos dois citados acima, mas com maior destaque que Brian d'Arcy James, que pouco apareceu no longa.
Esse time de atores liderados pelo diretor Tom McCarthy conseguiu um grande trabalho. E é na direção que essa produção também ganhou bons pontos. Apesar de o estadunidense ser conhecido pelas suas comédias, Tom conseguiu levar a história de forma simples, sem ideias mirabolantes ou cenas super produzidas, mas sim de forma delicada e bem feita, com cortes trabalhados e também com cenas e diálogos bem trabalhados.
Um dos pontos mais interessantes dessa apuração para quem estuda jornalismo ou está há pouco tempo no mercado de trabalho é ver os profissionais saindo das redações e indo em busca da verdade, correndo atrás de advogados e batendo de porta em porta para descobrir e confirmar as denúncias que chegavam até a redação. Para nós que estamos em pleno 2016, quinze anos após os eventos retratados no filme, e podermos ver como hoje os jornalistas são cobrados pela instantaneidade e também pela velocidade em se publicar uma matéria, com grandes riscos de se dar uma barrigada, nos faz sentir uma certa inveja por ver equipes que tinham meses para trabalhar em uma grande reportagem. Isso é mostrado em um dos primeiros diálogos do longa-metragem, quando um dos editores do jornal comenta: “A Internet está nos matando”.
Depois de um ano trabalhando nessa grande reportagem, as matérias começaram a ser publicadas em janeiro de 2002 destacando os abusos contra crianças e adolescentes de famílias humildes. Essas matérias foram publicadas ao longo de um ano e o trabalho da equipe Spotlight foi coroado com o prêmio Pulitzer, o Oscar do jornalismo. E, depois de ano, vem o reconhecimento em uma nova mídia, dessa vez no cinema. O filme foi muito bem recebido por todos e, com certeza, deve se tornar um clássico para os aspirantes a profissão de jornalista no mundo todo, além de se tornar um manual de como se fazer uma grande reportagem.
O filme do diretor espanhol Jaume Collet-Serra nos apresenta a jovem Nancy, interpretada por Blake Lively (Gossip Girl), que após perder sua mãe resolve fazer uma aventura e surfar na mesma praia secreta que a matriarca surfava enquanto jovem. E é nesse ambiente que toda a trama se passa.
O local escolhido para ser o set de filmagem é um dos destaques da produção. A paisagem é linda e todo o trabalho de fotografia é bem executado. Toda a natureza em volta ganha destaque em planos aéreos e abertos, que nos apresentam toda a ilha e o mar onde a trama acontece. Outra técnica muito utilizada pelo diretor são os planos fechados em detalhes, como a prancha de surf, o pingente de Nancy e em outros detalhes do filme onde ele se faz valer dessa técnica para abordar importantes momentos durante a construção narrativa.
A escolha do elenco também foi um acerto e Blake Lively consegue entregar uma boa interpretação para a personagem. Durante todo o filme o público se sente apreensivo e acaba se apegando e se preocupando com o que vai acontecer com Nancy. E isso é muito mérito de Blake, que consegue impressionar e se tornar próxima do público em toda a trama.
Um dos pontos que chamaram bastante a atenção é que se consegue visualizar o drama da personagem. O trabalho de maquiagem e de direção deixa bem claro o quanto ela está sofrendo na história, ao contrário de outros filmes onde se nota que personagens passam por diversos perrengues e, no final, estão do mesmo jeito, como se nada tivesse acontecido. Em Águas Rasas não. É possível ver lesões, cortes e sangue que dão um ar mais real para a trama.
Essa preocupação e apego que o público acaba sentindo com a história se dá muito ao roteiro de Anthony Jaswinski e a direção de Jaume Collet-Serra. Os dois são felizes em construir um suspense que te faz sentir medo. Tudo isso aliado a trilha sonora que remete aos suspenses clássicos e que fazem com que os espectadores se sintam apreensivos com a história.
Talvez o único ponto que não vá agradar o público é o fim da trama. Ele não é ruim, mas sim surreal e acaba não condizendo com a construção de toda a história. Essa conclusão poderia ter sido melhor pensada para que os espectadores não se sentissem estupefatos pela loucura que é apresentada. Mas se pensarmos que o filme também homenageia o cinema trash, ele acaba sendo aceito.
Mais uma produção que estréia no cinema brasileiro e que o grande público não vai dar a atenção devido a falta de grandes nomes no elenco. Porém é um longa-metragem que vale a pena e o público que for ao assisti-lo vai poder conferir um bom filme, seja pelo suspense como também pela conclusão que faz referência ao cinema trash que fez e ainda faz sucesso por aí.
Quando as Luzes se Apagam é mais um trabalho que tem a mão de James Wan, diretor de cinema conhecido pelos seus filmes de terror que conquistaram o público nos últimos anos, como A Invocação do Mal e Anabelle. Mas Wan não é o diretor desse longa-metragem e sim o produtor. Quem dirige o filme é o estreante David F. Sandberg, que cumpre bem o papel de construir uma produção que consegue fugir dos clichês que permeiam tantos filmes do gênero.
Para quem não sabe, Quando as Luzes se Apagam é baseado no curta-metragem Lights Out que fez muito sucesso na época em que foi lançado. Basicamente ele se utiliza de jogos de luzes para mostrar como o demônio do filme surge apenas no escuro e some quando as luzes se acendem. E é esse o recurso que mais causam os sustos que acontecem no filme.
O interessante de se notar é que a produção foge dos mesmos planos para mostrar o demônio do longa, sempre surpreendendo, seja pelos locais em que ela surge como também pelas luzes utilizadas para fazer com que o mesmo suma. Esses momentos variados fazem com que o filme surpreenda o telespectador e fuja dos clichês que fazem com que as produções de terror se assemelhem.
Mas, mesmo com tantas cenas surpreendentes, o filme também tem seus clichês. Mas não são cenas que estraguem a experiência. Talvez o grande ponto que possa prejudicar seja o roteiro querendo explicar tudo o que acontece. Esse objetivo até é bom, mas as resoluções para se chegar na explicação são inexplicáveis e fazem com que o público não consiga acreditar no que está acontecendo. Cabe aqui dizer que algo em que eu sempre prezo é a experiência que o filme passa e o potencial que o filme tem para me fazer acreditar no que está acontecendo.
E esse é um ponto que me incomoda, pois os personagens não me passam essa impressão. Talvez seja pelos clichês que surgem em algumas produções de terror, como a burrice dos personagens, que incomoda e tira a veracidade que o filme poderia ter trazido.
O grande diferencial do longa-metragem é o seu vilão. Isso tanto no modo como ele é trabalhado, passando pelo motivo do seu surgimento e indo até a sua conclusão. Essa iniciativa de se construir o demônio em um lado mais psicológico e não tanto de possessão diferencia a trama e a deixa original, se diferenciando dos filmes já conhecidos do grande público.
O filme Ben-Hur, que estreia nessa quinta-feira (18) nos cinemas brasileiros, é um remake de um filme do mesmo nome produzido em 1959, que venceu 11 Oscar. Digo isso para que você entenda a importância do longa-metragem antigo e possa analisar a responsabilidade que Timur Bekmambetov teve para dirigir essa produção.
Isso em uma era onde as séries de TV e filmes são, em sua maioria baseados em remakes e em conceitos requentados da indústria do entretenimento. E é com a ideia de se aproveitar de um grande sucesso do passado e apresentar para os mais novos esse sucesso da época que Ben-Hur foi pensado. O problema é que muitas coisas ficaram apenas no pensamento.
A construção do filme, principalmente no seu roteiro, falha em nos apresentar uma situação em que o público possa se envolver e sentir a preocupação com o futuro dos personagens. Um dos motivos disso acontecer pode ser a escolha do elenco. Tanto Jack Huston como Toby Kebbell dão o seu melhor, mas mesmo assim é pouco e essa falta de carisma de ambos faz com que quem está assistindo não consiga se importar com o futuro dos personagens.
Um dos pontos positivos na escolha do elenco é o brasileiro Rodrigo Santoro. O ator consegue entregar uma atuação digna como Jesus Cristo, estando presente nas cenas mais fortes do filme. Outro ator que participa do filme é Morgan Freeman, mas seu personagem, Ildarin, não fica bem construído e suas motivações para com Ben-Hur não foram bem construídas para condizer com tais atitudes.
A clássica cena das bigas foi bem construída e pode ser considerado o grande momento do filme. Mas, mesmo nessa situação, faltam coisas. Os outros corredores não tiveram um mínimo de suas vidas contadas e acabam servindo apenas como personagens a serem superados pelos irmãos se consagrarem.
Outra grande cena presente no filme é a sequência de Ben-Hur dentro do navio. Todos os cortes e a construção dos pontos de vista do personagem foram muito bem feitos e mostram que o filme tinha sim potencial para ter alcançado algo a mais. E talvez seja isso que cause a decepção de alguns que vão assistir ao longa-metragem.
Cinquenta Tons de Preto
1.6 394Para quem não sabe, Cinquenta Tons de Preto é mais uma comédia com o Marlon Wayans que satiriza algum filme que está na boca do povo. O escolhido dessa vez foi o longa-metragem Cinquenta Tons de Cinza, que causou furor no público que havia lido os livros e tristeza aos críticos que puderam analisar o quão fraco é o filme.
Nesse sentido, a paródia funciona muito bem. O diretor Michael Tiddes grava as cenas do mesmo ângulo, enquadramento e estilo ao original, criticando os erros e absurdos do material original. Isso valoriza o valor que o filme teria como uma crítica ao filme. Essa ação consegue dar um destaque maior aos absurdos do original e é um ponto positivo nessa produção.
A produção tem boas sacadas, com referências a outros filmes de Wayans, com destaque para As Branquelas. Além disso, Tiddes consegue ser sarcástico e ácido com algumas piadas diretas ao seu material original. Isso porque não tem como não rir com a sessão de tortura feita com a leitura do livro que foi adaptado.
O problema do filme é o excesso de piadas. Óbvio que algumas funcionam, o problema é que Wayans, que também é roteirista do longa, sabe quais funcionam e acaba as esgotando com a repetição. Isso sem falar nas piadas de cunho racista e homofóbico. Não havia necessidade de se utilizar deste tipo de piada para fazer uma paródia, até porque o material original já renderia boas tiradas.
Em um momento (quando o longa foi lançado) em que se briga por diversidade nas premiações do Oscar e de diversos movimentos sociais ganhando força pelo mundo, piadas como as feitas no filme não cabem mais. Infelizmente essa paródia que tinha tudo para ser a melhor já produzida por Wayans, perde fôlego e simpatia do público por partir para um perfil mais preconceituoso.
Sete Homens e Um Destino
3.6 575 Assista AgoraPara quem não sabe Sete Homens e Um Destino é um remake de um longa de mesmo nome, lançado em 1960, que, por sua vez, também é uma releitura d'Os Sete Samurais, de 1964. Como não vi o original, e sim os dois últimos, vou trabalhar com eles na construção desta crítica. E, analisando as duas produções, é possível destacar que ambos trabalham muito com a diversidade em seu elenco. Isso porque podemos ver nesse filme um latino, um asiático, um índio e o líder sendo negro.
O filme tem como sua trama a busca de liberdade de colonos de uma região dos Estados Unidos. Os moradores dessa região estão sendo tratados de forma injusta por um tirano. Para escaparem desse regime, essa comunidade vai atrás de Sam Chisolm, interpretado por Denzel Washington, que aceita o serviço e recruta seis parceiros para que eles ajudem Chisolm na proteção e na libertação daquela população. Nesse sentido, tirando alguns pontos, o enredo é bem parecido com o longa de 1960.
Outro ponto positivo dessa produção está no seu elenco. Todos estão muito bem em seus papéis e têm o seu destaque na história. Apesar de ser mais difícil colocar em um bom espaço de tela sete personagens, cada um com as suas peculiaridades, Antoine Fuqua consegue trabalhar bem essa distribuição e todos tem a sua profundidade necessária bem construída. Talvez as surpresas sejam Ethan Hawke e Vincent D'Onófrio, que conseguem deixar o telespectador de queixo caído, seja pela sua interpretação como pela carga que ambos entregam para seus personagens.
A fotografia do filme também merece ser destacado. Tanto ela quando o vestuário dos personagens remete muito aos longas de faroeste que tanto fizeram sucesso no passado. Existem cenas, produzidas em plano aberto, que não é possível se distinguir se estamos vendo um filme atual ou se um western dos anos 60, tamanha a fidelidade utilizada para a produção.
Infelizmente - digo isso pois adoro filmes de faroeste - o longa falhou em alguns pontos. Apesar dos personagens terem sido muito bem construídos, acabou faltando algo que mostrasse o momento onde eles deixaram de trabalhar por dinheiro e realmente se importaram com aquela comunidade. Um dos objetivos do filme foi construir uma história que culminasse em uma boa dose de ação, tiros e batalhas. Não que essas cenas tenham sido boas, até muito pelo contrário, toda a ação da produção é muito bem coreografada e executada, mas faltou algo para que as ações deles combinassem com o sentimento que eles deveriam ter com aquela comunidade.
E é por isso que Sete Homens e Um Destino não consegue entrar na história dos filmes de faroeste, apesar de terem feito um bom trabalho. Porém, mesmo com algumas falhas, as chances do longa conquistar um público que está carente de produções desse gênero é grande e, quem sabe, esse remake possa incentivar os outros estúdios a produzir faroestes novamente.
Bruxa de Blair
2.4 1,0K Assista AgoraO longa, que estreia nesta quinta-feira (15) pode ser considerado uma continuação do filme de 1999, apesar de ter mais uma cara de remake. Talvez o que deixe essa produção mais presente na hipótese de uma sequência é que James, interpretado por James Allen McCune, é irmão de Heather Donahue, protagonista da produção original. Esse é o gancho que uni os dois filmes e ignora totalmente o segundo longa da franquia.
Na trama, James encontra evidências de que sua irmã ainda pode estar viva e resolve chamar seus amigos para acompanha-lo nessa busca. E esses amigos resolvem fazer a mesma coisa de 17 anos atrás e gravam tudo que acontece para produzirem um documentário. Pensando no filme como uma sequência, afinal a irmã do protagonista é citada durante o filme, acaba surgindo um questionamento que me incomoda: o quão inteligente é fazer tudo isso de novo? Esse é um ponto negativo da produção, que faz com que a verossimilhança perca sua força.
Esse é um dos pontos que mais me incomoda nos filmes de terror. A burrice dos personagens é algo que faz com que o filme perca o meu interesse e prejudica a experiência. Isso porque eu não consigo ver a realidade acontecendo. Eu sei que é um filme, mas aprecio quando uma produção prioriza a verossimilhança dentro de sua história.
A produção também peca na construção do seu terror. Apesar de ter boas referências ao filme clássico e trabalharem bem com o suspense por trás da bruxa, que permanece presente no imaginário do público durante boa parte do filme, o longa peca na parte dos sustos e do medo. Isso porque todos os momentos onde poderiam acontecer cenas assustadoras, o estopim acaba não sendo a bruxa, mas sim entradas abruptas de personagens em frente a câmera. Isso acaba brochando o público que vai ao cinema querendo se assustar.
Outra coisa que me incomodou durante o filme é o estilo no qual ele é gravado, conhecido como found footage. O objetivo desse método de filmagem é passar a veracidade dos fatos e parecer que o longa realmente é um documentário. Apesar de ser um estilo diferente eu não consigo apreciar. Me incomoda muito essa técnica, ainda mais com as trocas de câmeras desordenadas que foi trabalhada por Adam Wingard. Isso porque o ritmo acaba ficando frenético demais e existem momentos em que até a compreensão do filme é prejudicada.
Apesar disso, o longa é infinitamente superior ao segundo e faz uma boa homenagem ao início da franquia. Não vejo essa produção tendo mais uma sequência, mas creio que a mensagem e o objetivo desse filme foi alcançado. Isso porque, apesar de terem acontecido várias coisas que me incomodaram, acredito que, devido toda a história e a mitologia por trás do primeiro filme, esse longa faz justiça ao seu início.
Cães de Guerra
3.6 312 Assista AgoraO filme, baseado em fatos reais, apresenta a história de dois amigos que abrem uma empresa para vender armas ao exército dos Estados Unidos. O problema é que eles assumem compromissos que não conseguem dar conta e, para seguir com essa empresa, acabam tendo que lidar com problemas sérios dentro do universo do tráfico de armas.
Com direção de Todd Philips, Cães de Guerra tem como seus protagonistas Miles Teller e Jonah Hill. Esse elenco já é um dos pontos positivos do filme. O primeiro é um ator em ascensão em Hollywood e repete o nível de Whiplash, fazendo com que o público torça por ele. O destaque e o potencial de Teller é tanto que todo o longa é contado do seu ponto de vista. Já Hill fez o mesmo de sempre, mas de forma bem feita. O papel entregue para ele era o de um cara egoísta e sem escrúpulos e é isso que ele nos entrega. Tirando sua risada (que coisa horrível), o ator consegue apresentar o que já era esperado.
O ponto é que o destaque do elenco fica maior graças a sintonia entre os dois. Eles se completam no filme e a relação deles acaba se tornando verossímil. Enquanto Teller carrega boa parcela da carga dramática do filme, Hill acaba se transformando em uma válvula de escape para a comédia. Isso porque o filme é um misto de ambos os gêneros, tendo cenas que o público dá risada enquanto o assiste.
Uma característica interessante do filme é que ele é todo dividido em atos ou capítulos. Essa construção da um ritmo ao longa e faz com que o público entenda que ele é dividido em pequenos trechos que culminam em uma história coerente e fechada. Outro ponto que vale o destaque é a narração feita por Teller que, como eu disse, é o personagem que dá a visão do filme e essa sacada de usa-lo como locutor também se provou como acertada.
Penso que o filme foi produzido com a vontade do diretor de concorrer ao Oscar de 2017. Só que, dificilmente, o longa será vencedor de alguma categoria. Apesar da trama ter sido bem executada, falta algo para que o filme se torne memorável. Em alguns momentos a produção acaba decaindo e isso prejudica a experiência de quem está no cinema. Não que isso tire a qualidade dele, mas creio que esses pequenos deslizes podem atrapalhar a recepção da academia para uma possível indicação.
O Roubo da Taça
3.2 98O filme foi apresentado no Festival de Gramado e já chega ao circuito nacional nesta quinta-feira (08) com a responsabilidade de ser um dos 17 longas brasileiros que disputam uma vaga no Oscar 2017. E, com certeza, a produção consegue dar conta do recado e o diretor Caíto Ortiz entrega uma das melhores comédias brasileiras produzidas no século XXI.
A história do filme conta o roubo da Taça Jules Rimet, fato esse que aconteceu em 1983 e que mostra que, desde aquela época, a CBF já era a bagunça que conhecemos hoje. Ortiz constrói o seu longa partindo dessa premissa, inserindo o público dentro da realidade vivida naquela época. E esse escândalo é retratado em uma comédia, gênero que, na teoria, não condiz muito com o momento histórico.
Mas o diretor consegue entregar um filme divertido e que arranca risos do público, mas sem aquele humor pastelão e sim com algo mais sútil e inteligente, fazendo com que o telespectador pense e, mesmo assim, ria da bagunça existente naquele período. Outro fator que auxilia nesse quesito é o elenco, que está afinado e muito bem sintonizado. Todos os atores merecem os parabéns, mas os grandes destaques são Paulo Tiefenthaler, Taís Araújo e Fabio Marcoff.
O trio consegue entregar algo muito bem feito, com sacadas geniais. Esse potencial fica ainda mais aparente quando comparamos os outros trabalhos deles. A versatilidade e potencial de ambos são dignas de nota e conseguem enriquecer a produção. Se tivesse que destacar um dentre os três seria Paulo Tiefenthaler, que entrega um personagem tipico dos anos 70 e 80, com todos o seu estilo e seus trambiques.
A fotografia da série e as paletas de cores utilizadas na produção também valorizam ainda mais a direção do filme e todo o trabalho artístico por trás da história, isso sem falar nos figurinos. Todos esses pontos remetem bem a época e funcionam de forma única na ambientação daquele período. Não existe nenhuma falha nesse quesito.
Um dos poucos pontos negativos da trama está na sua parte final. Nesse momento o enredo do filme foge da resolução do caso e se encaminha para o romance existente na trama. Não que isso seja um problema de fato, até porque o longa se inspira nesse fato histórico, mas não busca retrata-lo com fidelidade. A questão é que a narrativa perde força exatamente porque acaba fugindo um pouco do seu foco inicial. No decorrer do filme é possível ver que existe o destaque para o caso em si, mas ele perde força no final.
Não sei se O Roubo da Taça tem chances ou não de ser o selecionado brasileiro ao Oscar. Na realidade acredito que ele não deve superar Aquarius, mas acho que ele, ao lado de Um Noivo Para Minha Mulher, podem significar um sopro de qualidade e de boa construção narrativa no cinema brasileiro. Tomara que filmes assim conquistem seu espaço e seu público, pois a produção nacional não pode viver somente de comédias sem histórias por trás e que sirvam apenas para forçar um riso de três segundos.
O Homem nas Trevas
3.7 1,9K Assista AgoraO Homem nas Trevas conta a história de três jovens assaltantes que invadem casas que são asseguradas pela empresa do pai de um deles. Com o sucesso dos furtos, os adolescentes resolvem fazer a sua investida mais ousada: roubar uma grande quantia de dinheiro de um ex-militar cego. O que eles não contavam era com o que o veterano de guerra seria capaz de fazer para proteger o seu dinheiro.
Esse longa-metragem, dirigido pelo uruguaio Fede Alvarez, é uma grata surpresa quando se fala em filmes de suspense. O problema é que só é possível saber disso depois que se assiste ao filme. Isso porque a produção foi vendida como um filme de terror, o que não condiz com o que se vê na tela. É óbvio que o filme tem a sua cota de sustos clichês, mas ele trabalha muito mais com a questão psicológica da tensão.
O suspense presente é um mérito de Alvarez que é o diretor e um dos roteiristas do filme. Durante todo o longa é possível sentir essa tensão e o medo ocasionado pelo ambiente construído pelo uruguaio. As reviravoltas da produção conseguem fazer com que quem está assistindo se sinta desconfortável e apreensivo com tudo que acontece. Esse sentimento é tão forte que existem momentos em que a torcida está toda com os três adolescentes.
Outro elemento que beneficia o suspense é a trilha sonora e, porque não, a falta dela. Alvarez consegue construir bem essa parte e, tanto os sons quanto o silêncio, são bem distribuídos e auxiliam na narrativa desejada. O set de filmagens, apesar de surreal, também combina com a temática e é mais um ponto positivo para a produção.
Destaco o surrealismo porque não é possível se dimensionar o espaço físico da casa. A desproporção dela da visão de fora para a de dentro é gritante e isso fica ainda mais escancarado quando a trama passa a se desenrolar no porão. Eu nunca havia visto um porão tão grande na minha vida e esse espaço não condiz com o resto da casa.
O roteiro do filme é fechado e consegue concluir bem todas as tramas que foram abordadas no início. Apesar de ter seus furos como, por exemplo, quando um dos três assaltantes cai por uma janela que, aparentemente, era bloqueada com barras de ferro, a trama é bem planejada e pensada para fazer com que o suspense prossiga por praticamente todos os 88 minutos do filme. Os problemas foram os clichês presentes no gênero, construindo conceitos surreais e que podem fazer com que o público perca um pouco o interesse.
Todo o elenco está bem no filme. Apesar de não se ter nenhuma interpretação memorável, os atores conseguiram segurar a bronca e entregar toda a carga dramática e tensa que o filme necessitava. Talvez os destaques sejam os dois personagens que tiveram um maior espaço, que foram Jane Levy e Stephen Lang. Eles entregaram cenas fortes e que ficarão na memória de muitas pessoas, seja pela sua intensidade ou por ser trash demais.
Esse talvez tenha sido um dos grandes problemas do filme: o direcionamento trash que é dado na segunda parte do longa. Existem cenas que fogem do comum e causam risos (ou repulsa) a quem assiste. Apesar disso o filme passa fácil como um dos melhores nesse gênero de 2016, seja por não ter medo de ser ousado e visceral como também por conseguir fugir da vala comum em sua conclusão.
Star Trek: Sem Fronteiras
3.8 566 Assista AgoraStar Trek: Sem Fronteiras, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (01), é o terceiro filme da nova franquia idealizada em 2009, por J.J. Abrams. Digo nova franquia pois essa trilogia não é um reboot e nem um remake dos longas antigos, mas sim uma nova linha temporal dentro do mesmo universo de Jornada das Estrelas. E, com certeza, a produção pode ser sim considerada um grande passo nessa nova visão de uma das franquias de maior sucesso e apelo entre o público nerd.
Nessa produção acompanhamos a história da tripulação Enterprise em seu terceiro ano de missão - no fim do segundo filme eles saíram para uma missão de cinco anos. Mas essa missão, que estava ocorrendo normalmente, acaba por ter uma reviravolta quando Kirk recebe um pedido de socorro para resgate e acaba caindo em uma armadilha planejada por Krall, interpretado pro Idris Elba.
Para quem não conhece muito sobre esse universo, o filme acaba sendo um pouco confuso no início. Mas isso é corrigido em pouco tempo e logo já é possível se familiarizar com nomes e rostos conhecidos e presentes no imaginário dos consumidores de cultura pop. E essa sensação de reconhecer personagens e referências aos filmes antigos é feita de maneira magistral. Todas as referências e homenagens ao material clássico acontece de forma simples, fazendo com que surja o sentimento de nostalgia e, ao mesmo tempo, de felicidade ao poder acompanhar uma nova saga desse universo.
Um dos pontos altos nessa parte mais nostálgica é a homenagem póstuma a Leonard Nimoy (1931 - 2015), o eterno Senhor Spock. A lembrança feita e a maneira com que encerra o arco do personagem é perfeita e consegue mostrar o passagem do bastão entre os dois Spocks que estavam presentes na realidade do filme. Além disso, também existe uma lembrança a morte de Anton Yelchin, que faleceu recentemente e tem um papel de destaque no filme.
Um dos meus medos nessa produção era a direção de Justin Lin, conhecido pelo seu trabalho na franquia Velozes & Furiosos. Como ele era acostumado em um filme com um estilo de filmagem e de edição mais frenético, fiquei receoso de que isso pudesse prejudicar o longa, o que não aconteceu. Principalmente nas cenas de batalhas espaciais, o estilo de Lin foi importante e todas as cenas ficaram muito bem executadas. Isso, com a ajuda dos ótimos efeitos especiais, fez com que o público se sinta inserido naquela realidade.
O elenco como um todo está muito bem. Os grandes destaques são Zachary Quinto e Simon Pegg como, respectivamente, Spock e Scotty. Os dois tem um timing perfeito e casaram muito bem com os seus personagens. Talvez o grande desafio tenha sido o de Quinto, que interpreta um grande papel dentro do universo de Star Trek e que agora terá a responsabilidade de, sozinho, seguir o desafio de dar vida a Spock.
Simon Pegg é uma referência no gênero das comédias e consegue usar de forma simplista e natural o humor que o seu personagem pode explorar. E, como roteirista do filme, Pegg conseguiu também dar um ar mais leve e um destaque maior há outros coadjuvantes do longa. E, felizmente, todos eles deram conta do recado e entregaram uma atuação digna de ser parabenizada. Aqui destaco também Chris Pine (Kirk), Anton Yelchin (Checkov), Karl Urban (Bones) e John Cho (Sulu).
Star Trek: Sem Fronteiras conquista o seu espaço como um dos grandes lançamentos deste ano e fica marcado como um dos melhores filmes da cultura pop já produzidos nos anos 2000. E, com um final que deixa espaços para continuação, a tendência é que essa franquia continue rendendo mais longas e espero que eles consigam manter o nível alcançado com esse lançamento.
O Sono da Morte
3.2 575 Assista AgoraA história gira em torno de Cody, interpretado por Jacob Tremblay (O Quarto de Jack). O menino é órfão e acaba de ser adotado pelo casal Jessie e Mark, que foram interpretados por, respectivamente, Kate Bosworth e Thomas Jane, que perderam recententemente o seu filho. O problema é que a criança já foi adotada outras vezes e sempre acaba voltando para o orfanato. O motivo: os sonhos (bons e ruins) dele se tornam realidade. Só que, em seus sonhos, surge o homem-cancro, que assombra a vida de Cody e das pessoas que ele ama.
O longa é dirigido por Mike Flanagan, conhecido pelo seu trabalho no filme Hush - A Morte Ouve. O problema da produção está em como ela se vende ao público. Apesar de fornecer a cota dos sustos clichês presentes no gênero, o longa não pode ser considerado um terror, mas sim um suspense com pitadas de drama na busca de desvendar os mistérios do filme: o que é o homem-cancro e porque ele o assombra.
Digo que esses são os dois mistérios do filme, porque o roteiro falha e, em nenhum momento, explica como Cody conquistou esse dom ou de onde ele veio. Ele simplesmente o tem e o telespectador tem que se conformar com isso. A conclusão do filme também foi bem executada, mas o roteiro ficou raso e as pontas não ficam bem explicadas. Na realidade todo o mistério do homem-cancro poderia ter sido melhor trabalhado, até porque, a ideia de Flanagan é boa, mas mal executada.
Mas mesmo que o roteiro não tenha sido tão aprofundado quanto gostaria, a história funciona e é original. Um dos pontos que fizeram com que ela desse certo foi o carisma e potencial de interpretação (e meiguice) de Jacob Tremblay. O ator está perfeito e consegue entregar todas as emoções e conflitos que o personagem passa durante o filme. Kate Bosworth e Thomas Jane também dão conta dos seus papeis. Tanto é que Kate faz conseguiu fazer com que os telespectadores sentissem uma certa repulsa por suas atitudes com a criança (assista e entenda).
Um Namorado Para Minha Mulher
3.1 163Um Namorado Para Minha Mulher é baseado na comédia argentina Un Novio Para Mi Mujer, de 2008. A versão original do longa-metragem foi um sucesso de bilheteria no país e isso acabou chamando a atenção da Paris Filmes à produzir a versão brasileira da história. Antes de mais nada, cabe ressaltar que o filme brasileiro é uma adaptação da história original, com peculiaridades exclusivas da versão nacional.
Na trama acompanhamos o romance de Chico e Nena, interpretados por Caco Ciocler e Ingrid Guimarães. Os dois já são casados há quinze anos e passam por uma crise no seu relacionamento, graças a rotina e a chatice da esposa, que reclama de tudo e de todos. O problema é que Chico não tem coragem de terminar o seu relacionamento e, para isso, contrata um amante para dar em cima de sua mulher e fazer com que ela dê o fim no casamento.
Um dos diferenciais da trama é o roteiro, que não foca apenas na comédia, ao contrário de boa parte das produções nacionais do gênero. Isso porque a história tem o seu lado dramático e ele é muito bem desenvolvido. Nesse quesito Ingrid Guimarães se sai muito bem. Ela é sim uma mulher insuportável (no início do filme) mas, mesmo assim, é possível sentir empatia pela personagem. Talvez seja porque a história desse casal é verossímil e conseguir fazer com que isso aconteça é um ponto positivo não só para esse, como para todos os filmes.
Tanto Caco Ciocler como Domingos Montagner também estão bem em seus papéis de, respectivamente, o marido bobo e o amante canastrão. Existem outros personagens secundários no filme, que tem seus espaços e conseguem dar conta do recado na hora em que ganham destaque, seja Mia Mello em seus diálogos com Nena ou Marcos Veras como o melhor amigo de Chico.
A direção do filme é de Julia Rezende, que consegue construir esse que é um dos melhores longas de comédia produzidos recentemente aqui no país. Toda a história se passa em São Paulo e as locações foram muito bem escolhidas. Outro quesito bem trabalhado foi a trilha sonora. Todas as músicas eram conhecidas do grande público e casavam muito com a trama que estava sendo construída. Isso sem falar no elenco e no trabalho feito em cima de cada um dos personagens, que tem todas as suas premissas básicas apresentadas.
O roteiro tem seus furos como, por exemplo, quando Chico pede para seu amigo Gastão, interpretado por Paulo Vilhena, contratar Nena para participar do seu canal do Youtube, deixando com que ele mesmo pagasse o salário dela. O erro foi que essa subtrama não foi descoberta na conclusão da história. Mas, mesmo com gafes, o roteiro acerta mais e alcança o seu objetivo de contar uma história verossímil e que conquiste a proximidade e atenção desejada.
Pets: A Vida Secreta dos Bichos
3.5 937 Assista AgoraO filme, produzido pela Universal Pictures, parte de uma premissa básica, que é apresentar para o público o que os seus animais de estimação fazem enquanto você está fora. Nesse sentido a animação consegue construir personagens carismáticos e trabalhar com alguns estereótipos - ao mesmo tempo que desconstrói outros - para que, de forma simples, conquiste o telespectador. O filme foi muito bem produzido e durante boa parte do longa é possível acompanhar como cada animal se sente com relação aos seres humanos e como a criação de cada um faz toda a diferença no comportamento.
Apesar disso, o roteiro não é tão original quanto parece. Alguns pontos lembram outros filmes, como a disputa de Max e Duke pela atenção da sua dona, que nos faz recordar a obra de Toy Story, quando o Woody e o Buzz disputavam a atenção de Andy. Outro fator que nos remete há outro filme é a trama, que foge um pouco do palpável e acaba se tornando surreal, lembrando um pouco Como Cães e Gatos.
E esse surrealismo da trama acabou me incomodando um pouco. Não sei se foi porque esperava algo mais realista, porem acredito que a história, apesar de ter sido muito bem executada, forçou um pouco a barra e fez com que eu perdesse um pouco do meu interesse pelo filme. Creio que o meu gosto pessoal por histórias pelas quais eu possa acreditar tenha prejudicado a experiência.
A trama inocente, já citada anteriormente, funciona e faz com que o público compreenda, sem grandes dificuldades, toda a história. Apesar de preferir os filmes da Pixar e as suas mensagens, acredito que produções mais "fáceis" também tenham o seu espaço e o seu público. E, dentro desse cenário, Pets se sai muito bem e deve ser um filme que vai fazer o telespectador se apaixonar cada vez mais pelos seus mascotes.
Nerve: Um Jogo Sem Regras
3.3 1,2K Assista AgoraA premissa do filme é bem simples:a tímida Vee DeMarco quer mostrar que é uma pessoa com atitude e não uma mera protagonista na vida e, para isso, começa a jogar o game Nerve. Esse jogo desafias os participantes a fazer desafios em troca de premiações, tudo isso filmado pela câmera do seu celular.
Esse é um dos pontos mais interessantes do filme. Toda a construção da história acontece em volta do jogo e nas consequências que ele tem e não em um possível romance entre os dois protagonistas. Isso fez com que eu conseguisse me interessar mais pela história e acompanhar toda a trama que estava sendo construída, afinal, ela não servia como um trampolim para o casal principal.
Toda a ideia desenvolvida pelos diretores faz uma crítica da sociedade na qual vivemos, onde um like ou um view é mais importante do que a própria vida das pessoas. Esse é um ponto onde é possível avaliar todo o conceito no qual o filme foi desenvolvido e não duvido que isso poderia (ou quem sabe já está) sim acontecer na nossa realidade.
Todo esse enredo também fez com que o longa não fique focado no romance dos protagonistas, o que é algo positivo. Apesar de serem carismáticos e darem conta do papel, a discussão que Nerve tenta passar não deveria ser abafada por um romance. E os diretores souberam fazer bem essa mescla e equilibrar o seu lado romântico com a discussão que foi levantada no decorrer do filme.
Mais um ponto positivo da direção de Ariel Schulman e Henry Joost foi a construção de Nerve como um todo. O filme tem um ritmo frenético, com cortes rápidos e cenas sendo construídas através das câmeras dos celulares de quem acompanha o jogo. Isso sem falar na parte da trilha sonora, que foi bem pensada e mostra o cuidado que os diretores tiveram com o filme.
Talvez o único ponto negativo do longa tenha sido a falta de profundidade que a discussão sobre a dependência que a sociedade tem pelas redes sociais e, porque não, pelo seu protagonismo. Creio que o filme poderia ter sido mais longo para que essa discussão pudesse ser melhor trabalhada.
Concluindo, o filme é muito bom e pode ser considerado uma grata surpresa de 2016, seja pela direção, o carisma dos atores e a construção de um roteiro que consegue trabalhar o lado romântico, que é o que vende o longa, com toda a discussão sobre a sociedade. Pena que essa produção pode não receber a devida atenção exatamente porque o público pode pensar que se trata apenas de mais um filme de romance que chega.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraUm filme que nos apresenta um dos maiores escândalos descobertos pelo jornalismo. Ficou curioso? Então assista “Spotlight – Segredos Revelados”, filme lançado em janeiro deste ano e que venceu o Oscar de Melhor Filme em 2016. A produção, dirigida por Tom McCarthy, conta a história de um grupo de jornalistas do The Boston Globe que descobriram diversos casos de pedofilia praticada por padres e que era acobertada pela alta cúpula do Vaticano.
Durante a trama podemos acompanhar os jornalistas Michael Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matty Carroll (Brian d'Arcy James), liderados pelo editor Walter Robinson (Michael Keaton); que são a equipe Spotlight, responsável por fazer as grandes reportagens do jornal estadunidense. Ao longo de 2001 os jornalistas trabalharam na pesquisa e apuração de casos que se interligavam, mesmo com os diversos percalços que encontraram pelo caminho.
Talvez uma das grandes atuações do último ano estejam nesse filme. Mark Ruffalo encarna o jornalista Michael Rezendes e consegue dar a amplitude e a carga dramática que o papel necessitava. Esse é mais um grande trabalho do norte-americano, que consegue transmitir para os aspirantes a profissão um pouco da paixão e da dedicação que um jornalista deve ter. Pelo menos na teoria. Dos outros atores também se destacam os trabalhos de Michael Keaton como o líder do time Spotlight e como o cara que trabalha com avinco e tenta corrigir os erros do passado. A indicada a melhor atriz coadjuvante no Oscar Rachel McAdams faz bem o seu papel, mas sem o mesmo brilho dos dois citados acima, mas com maior destaque que Brian d'Arcy James, que pouco apareceu no longa.
Esse time de atores liderados pelo diretor Tom McCarthy conseguiu um grande trabalho. E é na direção que essa produção também ganhou bons pontos. Apesar de o estadunidense ser conhecido pelas suas comédias, Tom conseguiu levar a história de forma simples, sem ideias mirabolantes ou cenas super produzidas, mas sim de forma delicada e bem feita, com cortes trabalhados e também com cenas e diálogos bem trabalhados.
Um dos pontos mais interessantes dessa apuração para quem estuda jornalismo ou está há pouco tempo no mercado de trabalho é ver os profissionais saindo das redações e indo em busca da verdade, correndo atrás de advogados e batendo de porta em porta para descobrir e confirmar as denúncias que chegavam até a redação. Para nós que estamos em pleno 2016, quinze anos após os eventos retratados no filme, e podermos ver como hoje os jornalistas são cobrados pela instantaneidade e também pela velocidade em se publicar uma matéria, com grandes riscos de se dar uma barrigada, nos faz sentir uma certa inveja por ver equipes que tinham meses para trabalhar em uma grande reportagem. Isso é mostrado em um dos primeiros diálogos do longa-metragem, quando um dos editores do jornal comenta: “A Internet está nos matando”.
Depois de um ano trabalhando nessa grande reportagem, as matérias começaram a ser publicadas em janeiro de 2002 destacando os abusos contra crianças e adolescentes de famílias humildes. Essas matérias foram publicadas ao longo de um ano e o trabalho da equipe Spotlight foi coroado com o prêmio Pulitzer, o Oscar do jornalismo. E, depois de ano, vem o reconhecimento em uma nova mídia, dessa vez no cinema. O filme foi muito bem recebido por todos e, com certeza, deve se tornar um clássico para os aspirantes a profissão de jornalista no mundo todo, além de se tornar um manual de como se fazer uma grande reportagem.
Águas Rasas
3.4 1,3K Assista AgoraO filme do diretor espanhol Jaume Collet-Serra nos apresenta a jovem Nancy, interpretada por Blake Lively (Gossip Girl), que após perder sua mãe resolve fazer uma aventura e surfar na mesma praia secreta que a matriarca surfava enquanto jovem. E é nesse ambiente que toda a trama se passa.
O local escolhido para ser o set de filmagem é um dos destaques da produção. A paisagem é linda e todo o trabalho de fotografia é bem executado. Toda a natureza em volta ganha destaque em planos aéreos e abertos, que nos apresentam toda a ilha e o mar onde a trama acontece. Outra técnica muito utilizada pelo diretor são os planos fechados em detalhes, como a prancha de surf, o pingente de Nancy e em outros detalhes do filme onde ele se faz valer dessa técnica para abordar importantes momentos durante a construção narrativa.
A escolha do elenco também foi um acerto e Blake Lively consegue entregar uma boa interpretação para a personagem. Durante todo o filme o público se sente apreensivo e acaba se apegando e se preocupando com o que vai acontecer com Nancy. E isso é muito mérito de Blake, que consegue impressionar e se tornar próxima do público em toda a trama.
Um dos pontos que chamaram bastante a atenção é que se consegue visualizar o drama da personagem. O trabalho de maquiagem e de direção deixa bem claro o quanto ela está sofrendo na história, ao contrário de outros filmes onde se nota que personagens passam por diversos perrengues e, no final, estão do mesmo jeito, como se nada tivesse acontecido. Em Águas Rasas não. É possível ver lesões, cortes e sangue que dão um ar mais real para a trama.
Essa preocupação e apego que o público acaba sentindo com a história se dá muito ao roteiro de Anthony Jaswinski e a direção de Jaume Collet-Serra. Os dois são felizes em construir um suspense que te faz sentir medo. Tudo isso aliado a trilha sonora que remete aos suspenses clássicos e que fazem com que os espectadores se sintam apreensivos com a história.
Talvez o único ponto que não vá agradar o público é o fim da trama. Ele não é ruim, mas sim surreal e acaba não condizendo com a construção de toda a história. Essa conclusão poderia ter sido melhor pensada para que os espectadores não se sentissem estupefatos pela loucura que é apresentada. Mas se pensarmos que o filme também homenageia o cinema trash, ele acaba sendo aceito.
Mais uma produção que estréia no cinema brasileiro e que o grande público não vai dar a atenção devido a falta de grandes nomes no elenco. Porém é um longa-metragem que vale a pena e o público que for ao assisti-lo vai poder conferir um bom filme, seja pelo suspense como também pela conclusão que faz referência ao cinema trash que fez e ainda faz sucesso por aí.
Quando as Luzes se Apagam
3.1 1,1K Assista AgoraQuando as Luzes se Apagam é mais um trabalho que tem a mão de James Wan, diretor de cinema conhecido pelos seus filmes de terror que conquistaram o público nos últimos anos, como A Invocação do Mal e Anabelle. Mas Wan não é o diretor desse longa-metragem e sim o produtor. Quem dirige o filme é o estreante David F. Sandberg, que cumpre bem o papel de construir uma produção que consegue fugir dos clichês que permeiam tantos filmes do gênero.
Para quem não sabe, Quando as Luzes se Apagam é baseado no curta-metragem Lights Out que fez muito sucesso na época em que foi lançado. Basicamente ele se utiliza de jogos de luzes para mostrar como o demônio do filme surge apenas no escuro e some quando as luzes se acendem. E é esse o recurso que mais causam os sustos que acontecem no filme.
O interessante de se notar é que a produção foge dos mesmos planos para mostrar o demônio do longa, sempre surpreendendo, seja pelos locais em que ela surge como também pelas luzes utilizadas para fazer com que o mesmo suma. Esses momentos variados fazem com que o filme surpreenda o telespectador e fuja dos clichês que fazem com que as produções de terror se assemelhem.
Mas, mesmo com tantas cenas surpreendentes, o filme também tem seus clichês. Mas não são cenas que estraguem a experiência. Talvez o grande ponto que possa prejudicar seja o roteiro querendo explicar tudo o que acontece. Esse objetivo até é bom, mas as resoluções para se chegar na explicação são inexplicáveis e fazem com que o público não consiga acreditar no que está acontecendo. Cabe aqui dizer que algo em que eu sempre prezo é a experiência que o filme passa e o potencial que o filme tem para me fazer acreditar no que está acontecendo.
E esse é um ponto que me incomoda, pois os personagens não me passam essa impressão. Talvez seja pelos clichês que surgem em algumas produções de terror, como a burrice dos personagens, que incomoda e tira a veracidade que o filme poderia ter trazido.
O grande diferencial do longa-metragem é o seu vilão. Isso tanto no modo como ele é trabalhado, passando pelo motivo do seu surgimento e indo até a sua conclusão. Essa iniciativa de se construir o demônio em um lado mais psicológico e não tanto de possessão diferencia a trama e a deixa original, se diferenciando dos filmes já conhecidos do grande público.
Ben-Hur
3.2 447 Assista AgoraO filme Ben-Hur, que estreia nessa quinta-feira (18) nos cinemas brasileiros, é um remake de um filme do mesmo nome produzido em 1959, que venceu 11 Oscar. Digo isso para que você entenda a importância do longa-metragem antigo e possa analisar a responsabilidade que Timur Bekmambetov teve para dirigir essa produção.
Isso em uma era onde as séries de TV e filmes são, em sua maioria baseados em remakes e em conceitos requentados da indústria do entretenimento. E é com a ideia de se aproveitar de um grande sucesso do passado e apresentar para os mais novos esse sucesso da época que Ben-Hur foi pensado. O problema é que muitas coisas ficaram apenas no pensamento.
A construção do filme, principalmente no seu roteiro, falha em nos apresentar uma situação em que o público possa se envolver e sentir a preocupação com o futuro dos personagens. Um dos motivos disso acontecer pode ser a escolha do elenco. Tanto Jack Huston como Toby Kebbell dão o seu melhor, mas mesmo assim é pouco e essa falta de carisma de ambos faz com que quem está assistindo não consiga se importar com o futuro dos personagens.
Um dos pontos positivos na escolha do elenco é o brasileiro Rodrigo Santoro. O ator consegue entregar uma atuação digna como Jesus Cristo, estando presente nas cenas mais fortes do filme. Outro ator que participa do filme é Morgan Freeman, mas seu personagem, Ildarin, não fica bem construído e suas motivações para com Ben-Hur não foram bem construídas para condizer com tais atitudes.
A clássica cena das bigas foi bem construída e pode ser considerado o grande momento do filme. Mas, mesmo nessa situação, faltam coisas. Os outros corredores não tiveram um mínimo de suas vidas contadas e acabam servindo apenas como personagens a serem superados pelos irmãos se consagrarem.
Outra grande cena presente no filme é a sequência de Ben-Hur dentro do navio. Todos os cortes e a construção dos pontos de vista do personagem foram muito bem feitos e mostram que o filme tinha sim potencial para ter alcançado algo a mais. E talvez seja isso que cause a decepção de alguns que vão assistir ao longa-metragem.