Acredito que posso abrir esse texto dizendo: que temporada de premiações é essa? Isso porque, até o momento, todos os filmes vistos e que estão indicados ao Oscar 2018 (Dunkirk, A Forma da Água e O Destino de Uma Nação) são ótimas obras do cinema. Para poder seguir nesta maratona, a produção assistida e que será resenhada nesta semana é Lady Bird – A Hora de Voar. E, podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que temos mais um acerto.
Para quem não sabe, o filme conta a história de Christine McPherson, que está no último ano do ensino médio e o que mais deseja é ir fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia firmemente rejeitada por sua mãe. Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo assim. Enquanto sua hora não chega, no entanto, ela se divide entre as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora.
E que filme mais lindo. Primeiro que, antes de começar a escrever, eu acabei aderindo a uma teoria do crítico do canal do YouTube Nerd Rabugento, que diz que, quando uma produção é boa, você não fica desconfortável na cadeira do cinema. E isso é verdade e pode ser testada durante a sessão para a imprensa do filme que foi indicado para várias categorias do Oscar 2018, como melhor filme, melhor direção e melhor atriz.
O longa-metragem é leve e despretensioso, apesar de passar uma mensagem forte sobre empoderamento, força e determinação. Isso tudo completamente verossímil, onde o público pode se identificar e se apegar a personagem principal e aos seus coadjuvantes. Isso sem falar dos diálogos simples e que, em uma história que tinha tudo para parecer batida, conseguem forma algo complexo e ao mesmo tempo simples e compreensível.
Lady Bird – A Hora de Voar surge como uma grata surpresa nesta temporada de premiações. Com uma direção e atuações concisas, a obra consegue alcançar e superar as expectativas. Fica difícil saber se a produção terá força para alcançar algum prêmio nesta temporada, contudo, o filme já tem o peso de ser um dos indicados e consegue lidar muito bem com isso.
Finalmente começamos a temporada mais bela de quem gosta de cinema. Mas não do cinema pipoca e sim de filmes bem desenvolvidos e trabalhados. Isso porque começaram a chegar ao Brasil os filmes indicados ao Oscar 2018. Esse fenômeno acontece todos os anos e visa apresentar ao público brasileiro as grandes produções realizadas em 2017, mas que não é sucesso de bilheteria, apesar de arrancarem elogios da crítica especializada.
Iniciando essa fase aqui no Jornal A Semana, este que vos escreve assistiu ao filme que contem mais indicações neste ano. Sim, estamos falando de A Forma da Água, longa-metragem dirigido por Guillermo del Toro. A produção se passa nos anos 60, durante a corrida espacial, e conta a história de Elisa, que é uma das zeladoras em um laboratório experimental secreto do governo, e que acaba se afeiçoando a uma criatura fantástica mantida presa e maltratada no local. Para executar um arriscado e apaixonado resgate ela recorre ao melhor amigo Giles e à colega de turno Zelda.
E, baseado nesta premissa, que temos a construção de um dos melhores e mais peculiares filmes desta temporada de premiações. Isso porque é meio difícil de acreditar no que acontece durante a fantasia desenvolvida pelo diretor mexicano, porém tudo acaba fazendo sentido. Isso muito graças a verossimilhança desenvolvida por del Toro durante todo o longa-metragem. Apesar de surreal, as ambições de Elisa acabam se encaixando e suas semelhanças com a criatura acabam aproximando ambos os personagens.
Além disso, apesar de ser um filme intenso e rápido – são pouco mais de duas horas que passam voando – a produção consegue mesclar tudo. Todos os personagens são bem desenvolvidos e, mesmo com o tempo gasto na construção de cada um, existem cenas belas e cadenciadas, que fazem com que o público possa se envolver cada vez mais com a bela e peculiar relação dos dois protagonistas da trama.
Não sabemos quantas estatuetas A Forma da Água e o Guillermo del Toro vão receber no Oscar 2018, mas é possível ter certeza de que a produção eleva o mexicano para outro patamar no cinema. Não que suas outras produções não sejam boas, mas essa é acima da média e supera todas as expectativas. Talvez seja por isso que o diretor já vem ganhando prêmios e pode acabar abocanhando mais algum.
Começamos 2018 com um filme bem bom, seguido por um bem fraco. Pensei que agora seria a vez do bem bom novamente. Errado queridos leitores. Isso porque, em Sobrenatural: A Última Chave, voltamos a ter uma produção que fica difícil de defender. A única coisa que podemos dizer é que a franquia chegou ao fim. Pelo menos é o que esperamos.
No longa, que se passa antes do primeiro filme, acompanhamos a doutora Elise Rainier, interpretada por Lin Shaye, que é chamada para resolver o caso de uma assombração no Novo México, localizada justamente na casa em que ela passou a infância. Pois é. Agora descobrimos como tudo isso começou. Talvez agora o público entenda a origem deste universo.
E, iniciando isso, já podemos dizer: que saudade da direção de James Wan. Não digo isso como uma crítica ao trabalho de Adam Robitel, mas é que a qualidade entre os dois é destoante. Enquanto Wan consegue construir filmes de terror com personagens profundos, Robitel constrói tudo voltado para aquele susto clichê de filmes de terror: um grito ou um contraste na iluminação.
E eu digo isso com tristeza, pois gosto dos dois primeiros filmes da franquia e acho que esse último é superior ao terceiro longa-metragem. Os coadjuvantes, principalmente os ajudantes de Elise estão muito bem. E, por mais que isso seja bom, também é ruim. E aqui chegamos ao grande ponto que me preocupa e que me fez se decepcionar com a franquia: a falta de linearidade.
Sinceramente não gosto de filmes que vão e voltam e no tempo, resolvendo contar uma origem no terceiro e quarto filme da franquia. Isso porque, o desenvolvimento do personagem não se encaixa. Falta algo. São aspectos simples e que os produtores não se preocupam, mas que o telespectador quer entender o porquê as atitudes de todos não mudam e amadurecem com o decorrer da franquia.
Infelizmente Sobrenatural: A Última Chave decepciona. Quem vai ao cinema para se assustar e dar um grito, mas se esquecer de tudo 30 minutos depois, pode ir assistir. Agora, quem está acostumado com o terror de Wan ou filmes mais desenvolvidos, não gaste seu dinheiro. Espere que outros filmes de terror tomem o lugar.
Nesta que é a primeira semana de 2018, o filme visto por este que vos escreve, tem uma importância histórica muito grande e, na minha humilde opinião, deveria ter aproveitado o dezembro vermelho e ter sido lançado no ano passado. Digo isso porque, a produção assistida nesta semana chama-se “120 Batimentos por Minuto” e tem como tema principal a luta dos homossexuais contra a AIDS.
Na trama, que se passa no início dos anos 90, na França, acompanha o grupo ativista Act Up, que está intensificando seus esforços para que a sociedade reconheça a importância da prevenção e do tratamento em relação a Aids, que mata cada vez mais há uma década. Recém-chegado ao grupo, Nathan logo fica impressionado com a dedicação de Sean, apesar de seu estado de saúde delicado.
O longa-metragem foi dirigido por Robin Campillo (Eles Voltaram e Meninos do Oriente), que apresentou o a história do Act Up, grupo francês que, nos anos 1990, ficou conhecido por promover ações não-violentas em defesa da prevenção e do tratamento em relação a AIDS. Só que, ao mesmo tempo em que o diretor apresenta a história da organização e suas lutas, Campillo também mostra mais sobre a realidade dos homossexuais da época.
Isso acontece de forma coerente e flui muito natural para quem está acompanhando o filme. Além disso, as atuações seguras fazem com que a obra funcione melhor, pois o telespectador começa a se preocupar com o que vai acontecer com toda a instituição e com os protagonistas da história. Isso faz com que, além de sua importância histórica, o filme humanize a vida e a trajetória de todos os que por ali passaram.
A produção é comovente e muito bem construída, mostrando a realidade crua de quem é portador do vírus HIV e é homossexual. Sem estereótipos e nem medo de mostrar como é a vida de um soro positivo, passando por exemplos de quem está vivendo bem até quem morre por causa da doença. Com certeza é uma grata surpresa para quem inicia 2018 perto de um cinema e longe da praia.
Nesta última semana do ano a pauta é um filme diferente e que chegou às plataformas de streaming – Netflix – na última semana. Como estamos em um período de recesso, mas os leitores não podem ficar sem a dica semanal de filmes, optamos por trazer para os assinantes do Jornal A Semana a crítica de Bright.
O filme, protagonizado por Will Smith e dirigido por David Ayer (dupla que trabalhou junto em Esquadrão Suicida), conta a história de um mundo futurista, onde seres humanos convivem em harmonia com seres fantásticos, como fadas e ogros. Mesmo nesse cenário, infrações da lei acontecem e um policial humano especializado em crimes mágicos é obrigado a trabalhar junto com um orc para evitar que uma poderosa arma caia nas mãos erradas.
Cabe ressaltar, antes de qualquer coisa, que a produção é a mais cara já desenvolvida pela Netflix e que uma sequencia já foi confirmada. Agora vamos às características deste filme que chegou com uma expectativa imensa e, apesar de bom, causou certa decepção em quem esperava algo estrondoso. Isso inclusive é um problema da empresa, que consegue entregar ótimas séries, mas ainda não tem a mesma credibilidade com longas-metragens.
O que podemos dizer que deu certo neste filme? Um dos fatores é a parceria entre os policiais, que faz lembrar produções como Bad Boys e Máquina Mortífera. Isso porque, sem sombra de dúvidas, a relação de parceria e ódio entre os dois funciona muito bem e faz com que o público acredite no que está acontecendo e se preocupe com o futuro dos personagens.
Porém, infelizmente, só a sintonia dos protagonistas não é o suficiente para garantir o sucesso. E o grande problema de Bright está no seu roteiro, escrito por Max Landis, que escreveu a primeira temporada de Dirk Gently. Isso porque parece que existia certa pressa em apresentar todos os conceitos e as mais diversas reviravoltas e problemas.
Parece que faltou um foco e o filme acaba apresentando uma narrativa que tenta ser repleta de reviravoltas, mas acaba sendo anticlimática e cansativa. Infelizmente, a direção resolve ficar desenvolvendo coisas demais e explicando tudo de forma mastigada, sem contar com a inteligência e participação do telespectador que quer curtir aquela experiência junto.
Bright é um filme que gasta tempo demais se explicando e funcionaria muito bem se não fosse a pressa da narrativa. Com o excesso de elementos a serem apresentados de uma vez, acaba que não sobra tempo para um desenvolvimento coerente do que se quer, sobrando apenas tempo para tiros e sangue, com uma reviravolta de conto de fadas.
Quem nunca sonhou em conhecer um ídolo? Pois é, praticamente todos têm o desejo de conhecer alguém que admira. É esse sonho que norteia a história de “Em Busca de Fellini”, longa-metragem dirigido por Taron Lexton e protagonizado pela atriz Ksenia Solo. A produção chegou aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 07/12.
No filme acompanhamos Lucy, que completa 20 anos como uma jovem extremamente tímida, grudada na mãe, e que pouco sai de casa. Por causa disso ela dedica a maior parte do tempo a rever clássicos do diretor Federico Fellini. A grande oportunidade de sair do mundo da fantasia em que sempre viveu se dá numa viagem de autodescoberta à Itália, onde ela visita cenários de seus filmes favoritos e descobre o amor.
Essa é a premissa que permeia todo o filme. A vontade dela de conhecer o mundo e o diretor que ela mais admira: Federico Fellini. Isso porque ela se identifica com uma personagem retrata pelo italiano em suas produções. E o público que está no cinema também passa por essa experiência, graças ao trabalho do diretor Lexton.
O responsável pela obra constrói o filme com trechos e referências o trabalho de Fellini. Isso faz com que o público possa imergir dentro do filme e reconhecer a paixão de Lucy pelo diretor. A produção não é genial, tecnicamente falando. O diretor não opta pela ousadia e sim pelo simplismo. E isso funciona, porque encaixa com a meiguice e inocência da protagonista.
Talvez falte uma linearidade para quem não entende as referências do universo de Fellini. Isso porque a obra é desconstruída e muda de tema de forma brusca. Temos momentos de amor efusivo, luxúrias, sentimentalismo e outros sentimentos de forma muito efusiva. O público pode se sentir confuso ou pressionado pela quantidade de informações jogada na tela.
“Em Busca de Fellini” é filme de festival. Não será sucesso de bilheteria e nem tem essa pretensão. A obra é simples e tocante. Uma homenagem ao trabalho do diretor italiano e a sua carreira. Apesar de problemas, a obra é autêntica e pessoal para Lexton. E vale a experiência.
Nesta semana o filme que será resenhado se chama “Fala Sério, Mãe!”, dirigido por Pedro Vasconcelos e André Carreira, tendo como protagonistas Ingrid Guimarães e Larissa Manoela. A produção ainda vai demorar um pouco para estrear – 28 de dezembro – mas já é possível adiantar que, apesar da temática, elenco e o preconceito ainda existente com o cinema brasileiro, “Fala Sério, Mãe!” é uma grata surpresa de fim de ano.
Na produção acompanhamos Ângela Cristina, mãe da adolescente Maria de Lourdes, que está tendo a experiência de guiar sua filha durante uma das fases mais complicadas da vida. Ela vive uma montanha-russa de emoções, com medos, frustrações e um caminhão de queixas para descarregar. Por outro lado, Malu, como prefere ser chamada, também tem suas insatisfações. Embora teimosa, sofre com os cuidados excessivos e com o jeito conservador da mãe.
Assim, com essa premissa de construir a relação de mãe e filha, trabalhando os dois pontos de vista, que o filme é construído. Vale lembrar aqui que a produção é baseada em um livro de mesmo nome, escrito por Thalita Rebouças, que também faz uma pontinha no longa-metragem. Outros nomes que aparecem são João Guilherme, Paulo Gustavo e Fábio Junior.
E, sem sombra de dúvidas, é possível afirmar que a produção tem seu potencial. Apesar de cenas clichês, o roteiro é conciso e alcança o seu objetivo de construir a relação de forma verdadeira. As atuações de Ingrid Guimarães e Larissa Manoela, que protagonizam a obra, surpreendem pela intensidade e conexão. Os diretores conseguiram construir de forma verossímil essa amizade.
O nome de Ingrid Guimarães já é consagrado no cinema e na televisão brasileira, então não surpreende essa atuação. Já em Larissa Manoela, é possível ver a evolução dela como atriz. Ainda falta mais experiência e timming para a adolescente, mas seu trabalho e potencial crescem mais a cada projeto em que está envolvida. Com certeza foi uma grata surpresa para quem estava no cinema e pode notar como a atriz conseguiu transitar entre o drama e a comédia.
Obviamente que o filme tem defeitos e falta originalidade em seu projeto. Não estou aqui para defender uma obra que, dificilmente, conseguirá números expressivos e uma sequência. Só que, pensando no público-alvo, nos objetivos propostos e no elenco escolhido, “Fala Sério, Mãe!” consegue sim ser uma grata surpresa para este final de ano.
Para a edição de natal deste espaço, nada melhor do que uma animação para toda a família. E, sem sombra de dúvidas, quem for ao cinema assistir a animação “As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas”, que estreou nesta quinta-feira, 21/12, vai encontrar um filme que alcance este objetivo. E isso não é só pensando nas crianças, mas também nos adultos.
Na animação acompanhamos a história de Tadeo, um pedreiro e aspirante a arqueólogo que “sempre se mete em grandes aventuras”. Contudo, quando ele descobre que o colar do rei Midas, que transformava tudo que tocava em ouro, existiu de verdade, ele logo sai numa jornada com seus amigos rumo a Los Angeles. Mas um problema surge quando Sara, uma de suas amigas, desaparece misteriosamente.
Este é o ponto em que a trama se desenvolve. Isso em todos os aspectos, pois temos neste filme suspense, comédia, aventura, romance e quase todos os gêneros possíveis de se trabalhar no cinema. Tudo isso em menos de 90 minutos de longa-metragem, o que é pouco, apesar de todas as pontas da história ter sido fechada. Essa falta de profundidade afeta um pouco a produção, mas não atrapalha a experiência.
Isso porque a experiência é muito boa para quem está no cinema. O filme é divertido, mesmo com ritmo acelerado. As piadas não são atropeladas e a produção concede o respiro necessário para que se curta o momento. Além disso, a obra serve para desenvolver sentimentos latentes e presentes nesta época de natal, como amizade, amor e companheirismo. Mas esses não são os únicos sentimentos presentes, pois também vemos medo, insegurança e desejo de vitória.
Claramente a obra se inspira em Indiana Jones, apesar de termos referências de outros filmes famosos na cultura pop, como Kong, por exemplo. Entretanto, ele se sustenta sozinho e sem essas referências, mostrando que tem qualidade e comprovando que não é só a Pixar e as outras produtoras dos Estados Unidos que sabem desenvolver trabalhos de qualidade.
Nesta semana temos um filme repleto de nomes conhecidos. Johnny Depp, Michelle Pfeiffe, Penélope Cruz, Willem Dafoe, entre outros nomes renomados do cinema fazem parte da produção, que é dirigida e protagonizada por Kenneth Branagh. Além disso, a obra adapta uma das obras de Agatha Christie. Estamos falando de “Assassinato no Expresso do Oriente”.
A obra, que estreou nesta quinta-feira, 30/11, nos cinemas, conta a história de um assassinato que acontece durante a viagem do Expresso do Oriente. Neste trem está o detetive Hercule Poirot, interpretado por Kenneth Branagh. Ele é procurado pelo personagem de Johnny Depp, que quer contratar seus serviços como segurança. Entretanto, na noite seguinte, ele aparece assassinado.
Neste ponto que a trama começa a se desenrolar. Isso porque Poirot, conhecido como um dos melhores detetives do mundo, resolve investigar o caso. Agora é que vêm os quesitos que merecem ser debatidos, tanto de forma positiva como também de aspectos negativos que a trama apresenta. E talvez essa seja a maior decepção: termos pontos ruins em uma adaptação de Agatha Christie.
Porém, vamos começar com os positivos. Tecnicamente, a direção de Branagh é muito boa. Ele ousa pouco, tendo apenas alguns planos diferenciados. Entretanto, é uma direção segura e correta, fazendo o “feijão com arroz” de forma bem feita. Além disso, a fotografia do filme é linda e isso fica mais claro ainda na tela grande do cinema. Creio que a experiência seja um diferencial que faça melhorar a produção.
Já os problemas estão no roteiro de Michael Green. Isso acontece devido a diversos fatores. Um deles – talvez o mais importante – é a falta de profundidade nos personagens apresentados. Talvez o único que tenha sido mais bem trabalhado é o protagonista Hercule Poirot. Apesar de um elenco recheado de nomes renomados, os coadjuvantes são mal desenvolvidos e servem apenas para compor o conjunto.
Faltam motivações mais concisas, ou melhor, abordadas, faltam explicações, faltam linhas de diálogos mais rebuscadas e até uma atuação mais convincente de alguns atores. Isso atrapalha na construção da verossimilhança e também na relação entre público e filme. Nenhum personagem é construído de tal forma que faça com que o telespectador se preocupe com o que vai acontecer. Falta envolvimento.
Infelizmente, “Assassinato no Expresso do Oriente” não é tão bom quanto muitos esperavam, mas também não é tão ruim ao ponto de ser um fracasso. Falta um desenvolvimento mais coerente e profundo de alguns personagens, mas existe uma experiência técnica visual muito bem executada. Espero que, pelos nomes que ali trabalharam, a produção consiga se sair bem nas bilheterias. Assim poderemos ver mais obras de Agatha Christie sendo adaptadas para o cinema.
Talvez este longa tenha sido a única unanimidade da DC Comics em todo o seu universo até agora. Talvez não, ele foi mesmo. Apesar de não ser um filme perfeito, a produção da Warner finalmente entregou tudo o que os fãs queriam, sem tirar e nem por. Obviamente a obra não é perfeita e tem alguns problemas, seja na computação gráfica ou na construção de seu vilão.
Entretanto, pela primeira vez desde que lançou o seu universo, a DC conseguiu construir um filme coeso, mesclando muito bem os dramas com as brincadeiras e apresentando a personagem que queríamos ver. Ao meu ver, Gal Gadot entrega a Mulher-Maravilha definitiva. Isso indo contra as perspectivas e desconfianças existentes sobre a atuação da israelense. Além disso, o filme é um marco para os movimentos feministas, pois apresenta uma protagonista feminina forte e foi dirigido por uma mulher.
Começamos bem a safra de filmes com a temática natalina em 2017. Com essa frase, dita durante a cabine de imprensa de “Pai em Dose Dupla 2” que iniciamos a crítica de cinema desta semana. O longa-metragem, protagonizado por atores reconhecidos, como Will Ferrell, Mark Wahlberg e Mel Gibson, estreou nesta quinta-feira, 23/11, em todo o país.
Na produção, acompanhamos Brad, interpretado por Will Ferrell; e Dusty, interpretado por Mark Wahlberg. Após os acontecimentos passados, eles conseguem se dar bem e conviver em paz com suas famílias – Brad é casado com a ex-esposa de Dusty e é padrasto dos dois filhos do casal. Entretanto, eles decidem passar o natal todos juntos e com o acréscimo dos avós, interpretados por John Lithgow e Mel Gibson.
E é a partir da chegada dos dois avós que toda a trama se desenrola. Isso porque os dois são totalmente diferentes, seja nos seus perfis como também em suas relações com a família. E está nesse ponto o sucesso do filme: as relações familiares. A produção se sustenta baseada nisso. Temos momentos engraçados, tristes e comoventes que geram a sensação de proximidade com quem está no cinema.
Não que existam famílias tão loucas como as do filme – apesar de que eu não duvido de nada. Mas as sensibilidades que se tratam alguns pontos conseguem fazer com que se encontre a identificação necessária. E os momentos de comédia então? O filme é engraçado e, em alguns momentos hilários, mas sem piadas exageradas ou de mau gosto. É um humor simples e inocente, mas que conquista pelo excelente potencial cômico que o elenco tem.
E isso confirma a minha percepção sobre alguns atores e me surpreende sobre outros. Eu não imaginava Mel Gibson e Mark Wahlberg fazendo comédia juntos e fiquei feliz com o resultado. O timming cômico de ambos e a sintonia da dupla como pai e filho funcionam de forma simples e coerente, fazendo sentido na construção de cada um dos personagens e sua evolução no decorrer da trama.
Como eu disse no início, “Pai em Dose Dupla 2” é o filme que dá início na fase de filmes com temática natalina e, podemos afirmar, que foi com o pé direito. A produção é leve, divertida, que comove e causa risos em quem assiste. Obviamente ele tem problemas, mas apresenta e alcança o seu objetivo: entreter o público que vai ao cinema buscando uma obra família e divertida.
Finalmente o filme que os fãs queriam ver. Acho que isso já resume um pouco do sentimento de quem assistiu “Liga da Justiça”, que estreou nesta quinta-feira nos cinemas de todo o Brasil. Isso porque, pela primeira vez, foi possível ver todos os heróis da editora juntos e com uma essência mais leve e aventuresca.
Digo isso porque o “sombrio e realista” universo que a DC estava construindo no cinema – sem sucesso algum – chegou ao fim. Ou, pelo menos, mudou bastante. Não que a gente não veja mais aquela carga dramática, mas agora o filme se permite brincar um pouco mais e ser mais leve. Mas não do mesmo jeito que as produções da Marvel.
Vemos uma Mulher-Maravilha e um Super-Homem assumindo os seus postos de lideres e também de referências no mundo. Vemos um Batman mais velho e que sente o tempo. Temos um Flash leve e brincalhão, um Ciborgue descobrindo seus poderes e um Aquaman mostrando porque é o Rei dos Oceanos.
Está tudo lá e, para um fã do universo da DC ele funciona. Até para um fã da Marvel ele funciona. Ainda mais para quem queria algo mais leve no cinema. Obviamente que o filme tem problemas e eles não são poucos. Algumas cenas de CGI são mal finalizadas, existem algumas cenas forçadas e/ou desnecessárias.
Mas isso não impede e nem atrapalha a experiência de quem se permite a imersão no universo DC dos cinemas. Agora fica o questionamento de como será a construção do próximo filme, vide os ganchos deixados e o anúncio de que o universo não será interligado igual o da Marvel. E também o que será de Ben Affleck no futuro da DC.
Nesta semana, foi visto um dos primeiros filmes fora do eixo de Hollywood desde que esta coluna começou a ser escrita. Na realidade, creio que este seja o segundo, ficando atrás apenas de um filme chileno aqui resenhado. Desta vez, o longa-metragem visto foi o francês “Um Perfil para Dois”, dirigido por Stéphane Robelin, que já havia sido exibido no Festival Varilux.
Na produção, acompanhamos Pierre, interpretado por Pierre Richard, que é um viúvo aposentado que não sai de casa há mais de dois anos. Isso muda quando ele começa a aprender a mexer com a internet. Isso acontece quando ele começa a ter aulas com Alex, que foi contratado por sua filha para ensiná-lo a usar o computador. Com isso, o idoso cria um perfil em um site de relacionamento, conhece Flora e marca um encontro com ela. O problema é que ele usou uma foto de Alex no perfil e não dele.
O filme se define como uma comédia e também como um romance. Acredito que ele consegue se sair muito bem como comédia, mas não tanto como romance. Isso porque, a fórmula de se brincar com a tecnologia para quem já está mais velho, apesar de datada, ainda funciona muito bem e Pierre Richard consegue fazer com que a brincadeira funcione de forma muito crível. Isso sem contar todas as cenas dele tentando fazer parte do romance que ele mesmo criou para Alex e Flora.
Tudo isso é cômico e funciona de forma sútil, mas certeira. O problema do filme é quando ele resolve comprar o romance e aplicar isso a qualquer custo. No início, é aceitável a ideia e tudo funciona. Existem até momentos de comédia romântica que são bonitos e engraçados, como o café da manhã na casa de Pierre. Só que existe um momento em que tudo se torna forçado demais e perde a naturalidade e a simplicidade do início, que fazia com que tudo funcionasse.
No último ato do filme então, nem se fala. Ali ele se perde completamente e perde toda a verossimilhança construída até aquele momento. Ou então eu não devo mais acreditar no amor, pois aquilo não fez sentido algum para mim. Não quero aqui dar spoiler, pois acredito que isso prejudica a experiência, mas o último ato é um ponto fora da curva muito brusco do que estava sendo construído até aquele momento.
“Um Perfil para Dois”, que estreou nesta quinta-feira em todo o Brasil, é simples e sem grandes invenções até boa parte da obra e isso funciona. Quem quiser se divertir no cinema com algo simples e verdadeiro, vai encontrar nesta produção um momento de escape da realidade. O último ato pode incomodar um pouco, mas nada que não possa ser superado se você desligar o cérebro e curtir a experiência do cinema.
Estreia nesta quinta-feira, 02 de novembro, mais um filme protagonizado pelo ator Idris Elba. O britânico vem ganhando destaque nos últimos anos, desde o seu papel na série “Luther” e no filme produzido pela Netflix, “Beasts of No Nation”. Entretanto, em 2017, o ator vem fazendo longas-metragens que não agradam a maioria, como “A Torre Negra” e agora o “Depois Daquela Montanha”.
Na produção acompanhamos Alex, interpretada por Kate Winslet, uma jornalista que está indo preparar seu casamento, e Bem, interpretado por Idris Elba, um doutor voltando de uma conferência médica, iriam pegar o mesmo avião, mas o voo é cancelado e os dois decidem fretar um jatinho. Durante a viagem o piloto sofre um ataque cardíaco e o avião cai em uma região montanhosa coberta por neve.
Entretanto, apesar de um bom elenco e de uma premissa interessante, o filme é fraco e peca em segurar o seu público. Isso pensando no público-alvo da produção visto a trama e os protagonistas, é claro. A direção do Hany Abu-Assad e os roteiros de J. Mills Goodloe e Chris Weitz e todos os três deixam – e muito – a desejar em “Depois Daquela Montanha”.
Digo isso porque está no roteiro o principal problema do filme. Faltam explicações, motivações e verossimilhança na história. Todo o longa-metragem é desenvolvido pelo lado mais óbvio e raso, com cenas que decepcionam o público. E não é por falta de vontade da dupla que protagoniza a produção. Eles tentam e conseguem entregar toda a carga dramática necessária, mas falta algo.
Faltou realismo na trama. Isso sem falar que Abu-Assad não acredita na inteligência do seu público e explica várias vezes e de forma escrachada o romance existente entre o casal, por mais que já tenha sido pressuposto de forma sútil. Isso sem falar no enorme clichê da cena que encerra a produção. Esses problemas prejudicam a experiência e isso é uma pena, visto o elenco.
Seguimos na sequência de filmes de terror – acho que a maioria dos filmes aqui resenhados é do gênero. Nesta semana a produção assistida é “Além da Morte”, que estreou nos cinemas nesta quinta-feira, 19/10, em todo o país. O longa é dirigido por Niels Arden Oplev (Os Homens que Não Amavam as Mulheres) e tem como destaque do elenco Ellen Page (Juno).
Na trama acompanhamos estudantes de medicina que começam a explorar e realizar experiência sobre a quase morte. Quatro dos cinco residentes que protagonizam o filme realizam um procedimento de ter o coração parado e depois revivido. O problema é que eles passam a ter visões, como pesadelos de infância e erros do passado.
Com o passar do filme eles começam a ser afetados fisicamente por essas visões e tem que buscar uma forma de solucionar esse problema. A história é forte e tinha um bom plano de fundo para funcionar. Só faltou avisar o roteirista para que ele criasse uma trama que envolvesse e gerasse preocupação do telespectador com os personagens.
E o problema nem passa pelo elenco, que tem nomes promissores, mas sim pela falta de desenvolvimento das histórias de cada um. Por causa disso, existem cenas forçadas e que insistem em um estereótipo como o do loiro playboy, por exemplo. Isso prejudica uma produção que tem a premissa interessante, mas que perde o fôlego com o decorrer da história.
Para quem não sabe, o filme é um remake de “Linha Mortal”, dos anos 1990. Entretanto, não se tem nenhuma referência saudosista ao longa que não conseguiu alcançar o status de clássico. A única coisa que vem do filme anterior e a participação de Kiefer Sutherland. Esse total esquecimento da produção original já mostra que não existe um grande público fã daquele filme.
E, talvez, ele devesse ter sido deixado assim. Não que o filme não seja bom. Mas falta a construção dos personagens e isso prejudica tanto no desenvolvimento do filme quanto na verossimilhança da história. Ainda mais quando se mexe com algo que já existia. Provavelmente o longa não fará o mesmo sucesso do original e deve cair no limbo. Entretanto, ele encontrará o seu público nas pessoas que gostam de uma produção de terror que abusa dos clichês de sustos.
Nesta semana vamos falar de um filme que estreia somente daqui duas semanas, no dia 09 de novembro. Entretanto, existe toda uma expectativa em cima da produção, que conta em seu elenco com a atriz e youtuber Kéfera Buchmann. Ao lado de Cássio Gabus Mendes ela protagoniza a leve comédia “Gosto Se Discute”.
No longa-metragem acompanhamos um chefe de cozinha que precisa desenvolver um novo cardápio para retomar o sucesso de outrora. O problema é que, durante o processo, ele acaba perdendo seu paladar. Além disso, ele tem a concorrência de um food truck, a pressão do banco para a entrega do estabelecimento e a jovem gerente que quer recuperar o prestígio do local e galgar sucesso em sua carreira.
Como eu disse no início, a produção é uma comédia leve com pequenos momentos de drama. Mas são pequenos mesmo. E isso é uma pena. O filme poderia abordar mais alguns aspectos, mas acaba deixando de lado e abusando da comédia e da brincadeira. Apesar disso, o longa-metragem não é ruim. Ele consegue entreter o público.
Ainda mais se você for um fã do trabalho de Kéfera. No início do filme, quando o drama era mais forte, a atriz parecia mais engessada, porém ela se solta no decorrer da trama e, com a entrada das cenas mais cómicas, é nítida a evolução dela. Acredito que, por seu público estar acostumado com sua versão mais descontraída e alegre, essa sua versão acaba sendo mais bem desenvolvida.
O que mais me incomodou no filme foi a falta da construção dos personagens. Não sei se isso caiu fora no corte final, mas parece que faltam alguns minutos no meio da produção. Isso porque a mudança da relação dos dois protagonistas acontece de uma forma brusca e sem nenhum fundamento. Em um momento eles se odeiam e no outro começam a se ajudar e se amam. Isso acontece sem um desenvolvimento e pode atrapalhar a experiência.
Todavia, mesmo com esse problema, “Gosto Se Discute” consegue encontrar o seu público. Provavelmente será o público que segue o trabalho de Kéfera e acredito que eles vão encontrar uma evolução no trabalho da atriz. Entretanto, não acredito que ela tenha potencial para segurar a produção sozinha ao ponto de garantir uma sequencia.
A crítica desta semana é do longa-metragem “A Morte Te Dá Parabéns”, que estreia nesta quinta-feira, 12/10, em circuito nacional. Antes de irem ao cinema assistir, saibam que ele não é um terror pesado e sim juvenil, com uma pegada leve e que lembra a franquia do “Todo Mundo em Pânico”. Peço que comprem a ideia da galhofa, desliguem o cérebro e se divirtam.
No filme acompanhamos Tree Gelbman, interpretada por Jessica Rothe, que é assassinada e fica presa em um ciclo entre vida e morte. Ela deve resolver o mistério de seu próprio assassinato, ressuscitando várias vezes até descobrir quem foi o responsável pelo crime. Só quando ela compreender o que causou sua morte que poderá conseguir escapar de seu destino trágico.
Esse é o plot do filme. Ele vive nesse loop infinito de morrer e ressuscitar no momento em que acordava no dia do seu aniversário. Todo o filme se passa nestas 24 horas. E é agora que tu defines se vai ver o filme criticamente ou se comprará a ideia para se divertir. Obviamente que ele tem problemas, mas escolhi a segunda opção e a experiência foi ótima.
Mas vamos primeiro aos problemas. Eles estão quase que reunidos em um único local: o roteiro. Isso porque existem diversos furos, erros de continuidade e também questões de verossimilhança que podem atrapalhar a experiência. Além disso, o elenco é irregular e meio canastrão demais. Sem falar que não é explicado o motivo do porque ela revive todos os dias. Isso pode incomodar a experiência.
Porém, caso você opte por desligar o cérebro e aproveitar a produção, terá um filme divertido e leve, que brinca com questões de universidades, causa sustos clichês e apresenta cenas despretensiosas e com um ar de galhofa que era visto nos filmes do “Todo Mundo em Pânico”. Apesar de todos os erros técnicos, “A Morte Te Dá Parabéns” cumpre o seu papel de entreter o público que for assisti-lo.
Estreia na próxima quinta-feira, 12/10, no Dia das Crianças, o longa “Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola”, que adapta o livro escrito por Danilo Gentili – um dos protagonistas do filme. A produção se destaca, e muito, pela atuação de Carlos Villagrán, o eterno Quico do seriado “Chaves”, que aqui interpreta o diretor de uma escola particular.
Na trama acompanhamos Bernardo e Pedro, que são estudantes que enfrentam as clássicas tarefas de cumprir as obrigações escolares, tirar boas notas, ter bom comportamento e cumprir as regras da escola, cada vez mais elaboradas graças ao diretor Ademar. O ponto de virada desta trama é quando um deles encontra o diário escrito por Gentili para provocar o caos na escola sem ser pego e sempre tirando boas notas.
E é basicamente nisso que o longa se baseia pelas suas quase duas horas de duração. O mais incrível e que, para quem se permite a diversão, ele é leve e consegue entreter o público. O problema dele está em questões mais técnicas e de atuação em si, mas ele se mostra ser uma sátira desde o início, ao invés de se levar mais a sério.
É divertido ver Carlos Villagrán atuando e fazendo referências ao seu mais famoso papel e também é legal ver Pedro se tornando popular pelas suas armações pela escola. Querendo ou não, esse era o objetivo de todos nós enquanto estávamos na escola e ver alguém que não era popular conquistando tal feito é muito divertido.
O problema é que param por aí as virtudes do filme. Isso porque temos atuações fracas e construções de diálogos rasas. Isso sem falar que existe um drama por trás dos personagens que não são abordados e isso faz com que o envolvimento emocional praticamente não exista. Apesar de saber que esse não era o objetivo – os próprios atores falam que o filme é ruim – falta algo mais conciso para se comprar a história.
Isso sem falar na falta de verossimilhança que tanto critico e elogio nos filmes. Aqui isso não existe. Eles passam do limite do real e partem para coisas que não podem realmente acontecer. Isso tira um pouco da experiência do filme e também faz com que o público que se vê – ou gostaria – nos personagens, acabe abandonando a ideia.
O filme diverte e entretêm o seu público, desde que ele resolva desligar o cérebro e comprar a ideia que está sendo vendida. Não será nenhum sucesso de público ou crítica, mas encontrará num público jovem o seu espaço e isso pode ser uma grata surpresa dentro do cenário nacional do cinema.
Antes de lerem essa crítica, preciso que saibam que quem aqui escreve não é o público-alvo desse filme. Agora sim, feito essa primeira frase, vamos ao filme da semana (que estreia em cinco de outubro): “Pica-Pau”. Quem não conhece o famoso pássaro vermelho brincalhão e travesso que fez parte da vida de muitos dos leitores que acompanham este jornal?
Pois é, infelizmente, a ideia do longa não é alcançar esse público através de um viés mais saudosista e sim se modernizar e conquistar um público mais jovem. Apesar de algumas referências ao desenho clássico, existe pouca relação entre o personagem que fez sucesso na TV e o que acompanhamos neste lançamento.
Se ele consegue conquistar as crianças é difícil saber – apesar de que a maioria das crianças que estavam na sessão se divertiu – mas infelizmente faltou material ou até interesse para entreter o público que envelheceu e busca nostalgia com o filme. E isso que estamos falando apenas da busca pelo público-alvo da produção.
Isso porque, quando se analisam as questões técnicas, independente do que se busca, é praticamente unânime que ele deixa muito a desejar. Primeiro na escolha do elenco. Os produtores optaram pelo live-action ao invés de animação, mas entregaram atores fraquíssimos para os papéis de relevância da produção.
E, além das atuações fracas e caricatas, as linhas de diálogo são pobres e óbvias demais, demonstrando assim que o público-alvo do filme é realmente as crianças muito jovens e que, daqui a pouco, não conseguiriam compreender diálogos um pouco mais elaborados. Porém, para o público mais velho, doí nos ouvidos a obviedade e a falta de atuação dos atores.
O novo filme do “Pica-Pau” definitivamente busca apresentar o personagem para um novo público e só saberemos com o tempo se eles acertaram na escolha do seu objetivo. Porém, o longa abriu mão do saudosismo e da nostalgia e isso pode incomodar e muito os antigos fãs. Somente o tempo para sacramentar qual foi a melhor escolha.
Estreou nesta quinta-feira, 14/09, mais um longa estrelado pelo ator Tom Cruise, conhecido pelos seus filmes de ação em franquias como “Missão Impossível” e “Jack Reacher”. Porém, o diferencial deste filme, é que a produção é baseada em uma história real e foge um pouco das cenas de luta que estamos acostumados em ver o ator.
No longa, dirigido por Doug Liman, conhecemos Barry Seal, que é um piloto que trafica drogas e armas para o mítico cartel de Medellín e, recrutado pela CIA, torna-se agente duplo. Em “Feito na América”, é possível acompanhar o surgimento de nomes conhecidos, como o de Pablo Escobar e seus sócios. Além disso, se compreende a ganância e o poder conquistado por Seal como agente duplo.
E, apesar do meu receio com o filme, podemos afirmar que a produção é bem feita e que Tom Cruise surpreende positivamente e consegue dar uma dinâmica diferente para o personagem e fugindo do estereótipo recente de sua carreira. Isso porque, apesar de ser um filme de ação, a história real não permite (até porque não existiu) cenas de luta mirabolantes que perdem a verossimilhança.
Outro ponto positivo fica por conta da direção de Doug Liman, que consegue entregar dinamismo as cenas e a verossimilhança tão importante na construção do clímax do filme. Além disso, toda a escolha de elenco é acertada, principalmente no casal que protagoniza o filme – Tom Cruise e Sarah Wright.
As cenas de ação, principalmente aéreas, são muito bem executadas. Isso graças ao não uso de dublês e nem CGI. Todas as cenas de aviação foram protagonizadas pelo próprio Cruise e isso entrega a qualidade vista em tela. Além disso, outro fato interessante é que Liman não descreve Barry Seal como um vilão e sim como uma pessoa real, não tomando lados e contando a sua história.
Talvez tenha faltado aprofundar um pouco mais o que aconteceu com os personagens no fim do filme. Esse resgate histórico quase sempre se faz presente em produções do gênero e até acontece no filme, mas é pouco utilizado. Além disso, falta espaço para desenvolver os outros personagens e o filme acaba focando apenas no Barry Seal.
O filme desta semana, que estreou nesta quinta-feira, 07/09 é a produção chilena “Uma Mulher Fantástica”. O longa, que já vem chamando a atenção em alguns festivais de cinema pelo mundo tem grandes chances e potencial para estar entre os indicados de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar e também se fazer presente em outras premiações do circuito.
Na trama acompanhamos Marina, uma garçonete transexual que busca o sonho de ser uma cantora de sucesso. Para isso ela estuda canto lírico e se apresenta em clubes do Chile. Entretanto, ainda no início do filme, quando seu namorado falece, Marina tem que conviver com a desconfiança e o preconceito de todos a sua volta.
O que, de cara, é um choque de realidade para quem assiste ao filme, são os preconceitos e os abusos que Marina sofre no seu dia a dia. Isso acontece e é mostrado desde o início do longa, pois acontece em todas as situações, desde momentos simples como uma ida ao médico até quando ela deseja ir no velório de seu namorado.
Na direção está Sebástian Lelio, conhecido pelo seu trabalho no filme “Gloria”. E, mais uma vez, o diretor consegue entregar um projeto digno de nota. A produção é segura e Lelio consegue construir um filme forte e coerente, baseado no grande trabalho de atuação de Veja, que entrega toda a dramaticidade necessária para o papel.
Outro ponto positivo da direção de Lelio é a segurança dele. A ideia de não ousar tanto em planos diferentes e ir por uma opção segura e correta, mostra que menos é mais e entrega assim uma obra simples e intimista, mas com toda uma carga dramática, política e social que é necessária. Ainda mais se pensarmos que o Chile também é um país que debate questões homofóbicas.
“Uma Mulher Fantástica” é um longa necessário em um momento tão conturbado de discussão e fanatismo. Produções como essa têm sim que chegar ao grande público, seja pela sua qualidade técnica como também pelo tema abordado com tanta veemência política e social. Que mais filmes como esse cheguem aos cinemas nacionais.
O filme desta semana, que estreia somente no dia 07 de setembro – data planejada estrategicamente pela divulgação do longa? – se chama “Polícia Federal – A Lei é Para Todos”. Na produção acompanhamos uma série de investigações, que culminaram na Operação Lava Jato, considerado um dos maiores escândalos políticos do Brasil, ao lado do Mensalão.
Na produção, acompanhamos o início desta operação, em 2013, até o momento aonde acontece o vazamento do áudio da ligação entre os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. Na obra, que é adaptação de um livro de mesmo nome, acompanhamos o ponto de vista da Policia Federal sobre o caso, “sem tomar partido”.
Coloco isso entre aspas com certo receio. Primeiro por não ter lido o livro e segundo porque não tenho certeza sobre isso, mas, sem sombra de dúvidas, os casos que ganham maior destaque na produção são os que envolvem o Partido dos Trabalhadores (PT). Outro fator que chama bastante a atenção, positivamente, é o papel contido e discreto de Sérgio Moro, interpretado aqui por Marcelo Serrado.
Porém, apesar de o filme ter um elenco seguro e uma direção coerente, parece que falta algo. Na produção eles parecem estar fazendo um marketing sobre como os policiais são bons e, até nos casos de corrupção de policiais, as cenas são leves e não retratam uma realidade mais suja que pode existir (sem hipocrisia).
Talvez tenha faltado um distanciamento maior dos fatos. Tudo ainda é muito recente e está em andamento. Ainda não é possível retratar esta realidade sem o caso concluído. E isso tende a piorar, visto que uma sequência já foi confirmada e que casos como a JBS podem aparecer neste segundo filme. É arriscado mexer com isso em um período tão curto e transformar em ficção.
Estreou nesta quinta-feira, 24/08, mais uma adaptação literária da carreira do renomado escritor Stephen King. Desta vez o terror deu espaço à fantasia e o livro levado para as telonas foi “A Torre Negra”, que é o primeiro de uma série lançada pelo autor. E, infelizmente, deve ser o único da franquia que será produzido para os cinemas.
Como não li a obra, apesar de apreciar o trabalho de King, não analisarei o longa como uma adaptação e sim como a produção em si. E ele cansa – e como. A ideia do filme e todo o enredo que o cerca é interessante, cheio de mitologias e com uma ideia totalmente diferente do que eu esperava pelo pouco que sabia.
Na trama, uma torre negra protege todo o universo da escuridão e dos demônios. Entretanto, o vilão Walter, interpretado por Matthew McConaughey, tenta dominar os mundos, derrubando a mesma. Porém, para isso, é necessário que ele rapte crianças de almas puras e as “sacrifique” para destruir a torre. Somente depois disso conhecemos os mocinhos, interpretados por Idris Elba e Jake.
Não quero me prolongar muito na trama, até para não tirar a experiência satisfatória de entendê-la. Até porque o problema não é esse e sim a falta de verossimilhança do filme. Para que tudo fique perto, é necessário que o telespectador compre a ideia do diretor, mas fica difícil quando o surrealismo ultrapassa uma barreira elevada de loucura. E isso acontece – e muito – em “A Torre Negra”.
Com certeza, a obra de King tinha uma mitologia única e um universo que poderia tranquilamente ser expandido. Porém, faltou coragem para não pirar com efeitos especiais e loucuras surreais. O que é uma pena, pois existe aí uma franquia em potencial para crescimento.
O filme desta semana, que estreou na quinta-feira, 17/08, é a sequência do que se pode chamar de “universo de terror” desenvolvido por James Wan desde “Invocação do Mal”, apesar de que ele já vem trabalhando com o gênero desde a franquia “Jogos Mortais”. Porém, repetindo o que já havia feito em suas outras séries, Wan deixa a direção e fica na produção do filme, dando espaço para um diretor emergente do terror.
Neste caso o escolhido foi David F. Sandberg, que surgiu para o gênero com um curta-metragem que inspirou o filme – dirigido por ele – “Quando as Luzes se Apagam”, de 2016. E, nessa nova inserção do jovem diretor, podemos ver que, tanto a franquia quanto o trabalho de Sandberg, subiram para outro patamar. Porém, pelo menos para o filme, isso não significa que é uma grande obra, mas sim um bom filme.
Isso porque “Annabelle 2 – A Criação do Mal” funciona bem, mas, infelizmente, segue dependendo de truques baratos de terror na base do susto e não tão bem construído assim. Entretanto, o longa consegue desenvolver easter-eggs e referências do universo que vem sendo desenvolvido desde “Invocação do Mal”, mostrando que Sandberg trabalhou na sequência de um universo de terror, baseado nas histórias do casal Lorraine e Ed Warren.
Na trama que, apesar de ser o segundo filme, conta a origem de Annabelle, podemos acompanhar um casal que vive numa área rural e que sofre com a perda da filha. Doze anos depois, eles passam a receber garotas órfãs para viver na casa, em uma espécie de orfanato. O objetivo disso é aliviar a dor e sofrimento, além de viver a penitência pelos seus atos. Acontece que a presença das meninas acaba alimentando a entidade que já vivia ali.
Apesar de pouco exigir do telespectador – como boa parte dos filmes do gênero – “Annabelle 2 – A Criação do Mal” consegue alcançar o seu objetivo: entreter e render bons sustos. Por mais que se queira mais, o mercado vem aceitando bem o gênero e ainda não existe a saturação por parte do público fiel. O que fica de bom desta história é que deixamos de ter apenas filmes de prelúdio e sim um passo importante para o universo de James Wan e companhia.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraAcredito que posso abrir esse texto dizendo: que temporada de premiações é essa? Isso porque, até o momento, todos os filmes vistos e que estão indicados ao Oscar 2018 (Dunkirk, A Forma da Água e O Destino de Uma Nação) são ótimas obras do cinema. Para poder seguir nesta maratona, a produção assistida e que será resenhada nesta semana é Lady Bird – A Hora de Voar. E, podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que temos mais um acerto.
Para quem não sabe, o filme conta a história de Christine McPherson, que está no último ano do ensino médio e o que mais deseja é ir fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia firmemente rejeitada por sua mãe. Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo assim. Enquanto sua hora não chega, no entanto, ela se divide entre as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora.
E que filme mais lindo. Primeiro que, antes de começar a escrever, eu acabei aderindo a uma teoria do crítico do canal do YouTube Nerd Rabugento, que diz que, quando uma produção é boa, você não fica desconfortável na cadeira do cinema. E isso é verdade e pode ser testada durante a sessão para a imprensa do filme que foi indicado para várias categorias do Oscar 2018, como melhor filme, melhor direção e melhor atriz.
O longa-metragem é leve e despretensioso, apesar de passar uma mensagem forte sobre empoderamento, força e determinação. Isso tudo completamente verossímil, onde o público pode se identificar e se apegar a personagem principal e aos seus coadjuvantes. Isso sem falar dos diálogos simples e que, em uma história que tinha tudo para parecer batida, conseguem forma algo complexo e ao mesmo tempo simples e compreensível.
Lady Bird – A Hora de Voar surge como uma grata surpresa nesta temporada de premiações. Com uma direção e atuações concisas, a obra consegue alcançar e superar as expectativas. Fica difícil saber se a produção terá força para alcançar algum prêmio nesta temporada, contudo, o filme já tem o peso de ser um dos indicados e consegue lidar muito bem com isso.
A Forma da Água
3.9 2,7KFinalmente começamos a temporada mais bela de quem gosta de cinema. Mas não do cinema pipoca e sim de filmes bem desenvolvidos e trabalhados. Isso porque começaram a chegar ao Brasil os filmes indicados ao Oscar 2018. Esse fenômeno acontece todos os anos e visa apresentar ao público brasileiro as grandes produções realizadas em 2017, mas que não é sucesso de bilheteria, apesar de arrancarem elogios da crítica especializada.
Iniciando essa fase aqui no Jornal A Semana, este que vos escreve assistiu ao filme que contem mais indicações neste ano. Sim, estamos falando de A Forma da Água, longa-metragem dirigido por Guillermo del Toro. A produção se passa nos anos 60, durante a corrida espacial, e conta a história de Elisa, que é uma das zeladoras em um laboratório experimental secreto do governo, e que acaba se afeiçoando a uma criatura fantástica mantida presa e maltratada no local. Para executar um arriscado e apaixonado resgate ela recorre ao melhor amigo Giles e à colega de turno Zelda.
E, baseado nesta premissa, que temos a construção de um dos melhores e mais peculiares filmes desta temporada de premiações. Isso porque é meio difícil de acreditar no que acontece durante a fantasia desenvolvida pelo diretor mexicano, porém tudo acaba fazendo sentido. Isso muito graças a verossimilhança desenvolvida por del Toro durante todo o longa-metragem. Apesar de surreal, as ambições de Elisa acabam se encaixando e suas semelhanças com a criatura acabam aproximando ambos os personagens.
Além disso, apesar de ser um filme intenso e rápido – são pouco mais de duas horas que passam voando – a produção consegue mesclar tudo. Todos os personagens são bem desenvolvidos e, mesmo com o tempo gasto na construção de cada um, existem cenas belas e cadenciadas, que fazem com que o público possa se envolver cada vez mais com a bela e peculiar relação dos dois protagonistas da trama.
Não sabemos quantas estatuetas A Forma da Água e o Guillermo del Toro vão receber no Oscar 2018, mas é possível ter certeza de que a produção eleva o mexicano para outro patamar no cinema. Não que suas outras produções não sejam boas, mas essa é acima da média e supera todas as expectativas. Talvez seja por isso que o diretor já vem ganhando prêmios e pode acabar abocanhando mais algum.
Sobrenatural: A Última Chave
2.9 477 Assista AgoraComeçamos 2018 com um filme bem bom, seguido por um bem fraco. Pensei que agora seria a vez do bem bom novamente. Errado queridos leitores. Isso porque, em Sobrenatural: A Última Chave, voltamos a ter uma produção que fica difícil de defender. A única coisa que podemos dizer é que a franquia chegou ao fim. Pelo menos é o que esperamos.
No longa, que se passa antes do primeiro filme, acompanhamos a doutora Elise Rainier, interpretada por Lin Shaye, que é chamada para resolver o caso de uma assombração no Novo México, localizada justamente na casa em que ela passou a infância. Pois é. Agora descobrimos como tudo isso começou. Talvez agora o público entenda a origem deste universo.
E, iniciando isso, já podemos dizer: que saudade da direção de James Wan. Não digo isso como uma crítica ao trabalho de Adam Robitel, mas é que a qualidade entre os dois é destoante. Enquanto Wan consegue construir filmes de terror com personagens profundos, Robitel constrói tudo voltado para aquele susto clichê de filmes de terror: um grito ou um contraste na iluminação.
E eu digo isso com tristeza, pois gosto dos dois primeiros filmes da franquia e acho que esse último é superior ao terceiro longa-metragem. Os coadjuvantes, principalmente os ajudantes de Elise estão muito bem. E, por mais que isso seja bom, também é ruim. E aqui chegamos ao grande ponto que me preocupa e que me fez se decepcionar com a franquia: a falta de linearidade.
Sinceramente não gosto de filmes que vão e voltam e no tempo, resolvendo contar uma origem no terceiro e quarto filme da franquia. Isso porque, o desenvolvimento do personagem não se encaixa. Falta algo. São aspectos simples e que os produtores não se preocupam, mas que o telespectador quer entender o porquê as atitudes de todos não mudam e amadurecem com o decorrer da franquia.
Infelizmente Sobrenatural: A Última Chave decepciona. Quem vai ao cinema para se assustar e dar um grito, mas se esquecer de tudo 30 minutos depois, pode ir assistir. Agora, quem está acostumado com o terror de Wan ou filmes mais desenvolvidos, não gaste seu dinheiro. Espere que outros filmes de terror tomem o lugar.
120 Batimentos por Minuto
4.0 190 Assista AgoraNesta que é a primeira semana de 2018, o filme visto por este que vos escreve, tem uma importância histórica muito grande e, na minha humilde opinião, deveria ter aproveitado o dezembro vermelho e ter sido lançado no ano passado. Digo isso porque, a produção assistida nesta semana chama-se “120 Batimentos por Minuto” e tem como tema principal a luta dos homossexuais contra a AIDS.
Na trama, que se passa no início dos anos 90, na França, acompanha o grupo ativista Act Up, que está intensificando seus esforços para que a sociedade reconheça a importância da prevenção e do tratamento em relação a Aids, que mata cada vez mais há uma década. Recém-chegado ao grupo, Nathan logo fica impressionado com a dedicação de Sean, apesar de seu estado de saúde delicado.
O longa-metragem foi dirigido por Robin Campillo (Eles Voltaram e Meninos do Oriente), que apresentou o a história do Act Up, grupo francês que, nos anos 1990, ficou conhecido por promover ações não-violentas em defesa da prevenção e do tratamento em relação a AIDS. Só que, ao mesmo tempo em que o diretor apresenta a história da organização e suas lutas, Campillo também mostra mais sobre a realidade dos homossexuais da época.
Isso acontece de forma coerente e flui muito natural para quem está acompanhando o filme. Além disso, as atuações seguras fazem com que a obra funcione melhor, pois o telespectador começa a se preocupar com o que vai acontecer com toda a instituição e com os protagonistas da história. Isso faz com que, além de sua importância histórica, o filme humanize a vida e a trajetória de todos os que por ali passaram.
A produção é comovente e muito bem construída, mostrando a realidade crua de quem é portador do vírus HIV e é homossexual. Sem estereótipos e nem medo de mostrar como é a vida de um soro positivo, passando por exemplos de quem está vivendo bem até quem morre por causa da doença. Com certeza é uma grata surpresa para quem inicia 2018 perto de um cinema e longe da praia.
Bright
3.1 804 Assista AgoraNesta última semana do ano a pauta é um filme diferente e que chegou às plataformas de streaming – Netflix – na última semana. Como estamos em um período de recesso, mas os leitores não podem ficar sem a dica semanal de filmes, optamos por trazer para os assinantes do Jornal A Semana a crítica de Bright.
O filme, protagonizado por Will Smith e dirigido por David Ayer (dupla que trabalhou junto em Esquadrão Suicida), conta a história de um mundo futurista, onde seres humanos convivem em harmonia com seres fantásticos, como fadas e ogros. Mesmo nesse cenário, infrações da lei acontecem e um policial humano especializado em crimes mágicos é obrigado a trabalhar junto com um orc para evitar que uma poderosa arma caia nas mãos erradas.
Cabe ressaltar, antes de qualquer coisa, que a produção é a mais cara já desenvolvida pela Netflix e que uma sequencia já foi confirmada. Agora vamos às características deste filme que chegou com uma expectativa imensa e, apesar de bom, causou certa decepção em quem esperava algo estrondoso. Isso inclusive é um problema da empresa, que consegue entregar ótimas séries, mas ainda não tem a mesma credibilidade com longas-metragens.
O que podemos dizer que deu certo neste filme? Um dos fatores é a parceria entre os policiais, que faz lembrar produções como Bad Boys e Máquina Mortífera. Isso porque, sem sombra de dúvidas, a relação de parceria e ódio entre os dois funciona muito bem e faz com que o público acredite no que está acontecendo e se preocupe com o futuro dos personagens.
Porém, infelizmente, só a sintonia dos protagonistas não é o suficiente para garantir o sucesso. E o grande problema de Bright está no seu roteiro, escrito por Max Landis, que escreveu a primeira temporada de Dirk Gently. Isso porque parece que existia certa pressa em apresentar todos os conceitos e as mais diversas reviravoltas e problemas.
Parece que faltou um foco e o filme acaba apresentando uma narrativa que tenta ser repleta de reviravoltas, mas acaba sendo anticlimática e cansativa. Infelizmente, a direção resolve ficar desenvolvendo coisas demais e explicando tudo de forma mastigada, sem contar com a inteligência e participação do telespectador que quer curtir aquela experiência junto.
Bright é um filme que gasta tempo demais se explicando e funcionaria muito bem se não fosse a pressa da narrativa. Com o excesso de elementos a serem apresentados de uma vez, acaba que não sobra tempo para um desenvolvimento coerente do que se quer, sobrando apenas tempo para tiros e sangue, com uma reviravolta de conto de fadas.
Em Busca de Fellini
3.0 20Quem nunca sonhou em conhecer um ídolo? Pois é, praticamente todos têm o desejo de conhecer alguém que admira. É esse sonho que norteia a história de “Em Busca de Fellini”, longa-metragem dirigido por Taron Lexton e protagonizado pela atriz Ksenia Solo. A produção chegou aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 07/12.
No filme acompanhamos Lucy, que completa 20 anos como uma jovem extremamente tímida, grudada na mãe, e que pouco sai de casa. Por causa disso ela dedica a maior parte do tempo a rever clássicos do diretor Federico Fellini. A grande oportunidade de sair do mundo da fantasia em que sempre viveu se dá numa viagem de autodescoberta à Itália, onde ela visita cenários de seus filmes favoritos e descobre o amor.
Essa é a premissa que permeia todo o filme. A vontade dela de conhecer o mundo e o diretor que ela mais admira: Federico Fellini. Isso porque ela se identifica com uma personagem retrata pelo italiano em suas produções. E o público que está no cinema também passa por essa experiência, graças ao trabalho do diretor Lexton.
O responsável pela obra constrói o filme com trechos e referências o trabalho de Fellini. Isso faz com que o público possa imergir dentro do filme e reconhecer a paixão de Lucy pelo diretor. A produção não é genial, tecnicamente falando. O diretor não opta pela ousadia e sim pelo simplismo. E isso funciona, porque encaixa com a meiguice e inocência da protagonista.
Talvez falte uma linearidade para quem não entende as referências do universo de Fellini. Isso porque a obra é desconstruída e muda de tema de forma brusca. Temos momentos de amor efusivo, luxúrias, sentimentalismo e outros sentimentos de forma muito efusiva. O público pode se sentir confuso ou pressionado pela quantidade de informações jogada na tela.
“Em Busca de Fellini” é filme de festival. Não será sucesso de bilheteria e nem tem essa pretensão. A obra é simples e tocante. Uma homenagem ao trabalho do diretor italiano e a sua carreira. Apesar de problemas, a obra é autêntica e pessoal para Lexton. E vale a experiência.
Fala Sério, Mãe!
3.1 278Nesta semana o filme que será resenhado se chama “Fala Sério, Mãe!”, dirigido por Pedro Vasconcelos e André Carreira, tendo como protagonistas Ingrid Guimarães e Larissa Manoela. A produção ainda vai demorar um pouco para estrear – 28 de dezembro – mas já é possível adiantar que, apesar da temática, elenco e o preconceito ainda existente com o cinema brasileiro, “Fala Sério, Mãe!” é uma grata surpresa de fim de ano.
Na produção acompanhamos Ângela Cristina, mãe da adolescente Maria de Lourdes, que está tendo a experiência de guiar sua filha durante uma das fases mais complicadas da vida. Ela vive uma montanha-russa de emoções, com medos, frustrações e um caminhão de queixas para descarregar. Por outro lado, Malu, como prefere ser chamada, também tem suas insatisfações. Embora teimosa, sofre com os cuidados excessivos e com o jeito conservador da mãe.
Assim, com essa premissa de construir a relação de mãe e filha, trabalhando os dois pontos de vista, que o filme é construído. Vale lembrar aqui que a produção é baseada em um livro de mesmo nome, escrito por Thalita Rebouças, que também faz uma pontinha no longa-metragem. Outros nomes que aparecem são João Guilherme, Paulo Gustavo e Fábio Junior.
E, sem sombra de dúvidas, é possível afirmar que a produção tem seu potencial. Apesar de cenas clichês, o roteiro é conciso e alcança o seu objetivo de construir a relação de forma verdadeira. As atuações de Ingrid Guimarães e Larissa Manoela, que protagonizam a obra, surpreendem pela intensidade e conexão. Os diretores conseguiram construir de forma verossímil essa amizade.
O nome de Ingrid Guimarães já é consagrado no cinema e na televisão brasileira, então não surpreende essa atuação. Já em Larissa Manoela, é possível ver a evolução dela como atriz. Ainda falta mais experiência e timming para a adolescente, mas seu trabalho e potencial crescem mais a cada projeto em que está envolvida. Com certeza foi uma grata surpresa para quem estava no cinema e pode notar como a atriz conseguiu transitar entre o drama e a comédia.
Obviamente que o filme tem defeitos e falta originalidade em seu projeto. Não estou aqui para defender uma obra que, dificilmente, conseguirá números expressivos e uma sequência. Só que, pensando no público-alvo, nos objetivos propostos e no elenco escolhido, “Fala Sério, Mãe!” consegue sim ser uma grata surpresa para este final de ano.
As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas
3.1 25Para a edição de natal deste espaço, nada melhor do que uma animação para toda a família. E, sem sombra de dúvidas, quem for ao cinema assistir a animação “As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas”, que estreou nesta quinta-feira, 21/12, vai encontrar um filme que alcance este objetivo. E isso não é só pensando nas crianças, mas também nos adultos.
Na animação acompanhamos a história de Tadeo, um pedreiro e aspirante a arqueólogo que “sempre se mete em grandes aventuras”. Contudo, quando ele descobre que o colar do rei Midas, que transformava tudo que tocava em ouro, existiu de verdade, ele logo sai numa jornada com seus amigos rumo a Los Angeles. Mas um problema surge quando Sara, uma de suas amigas, desaparece misteriosamente.
Este é o ponto em que a trama se desenvolve. Isso em todos os aspectos, pois temos neste filme suspense, comédia, aventura, romance e quase todos os gêneros possíveis de se trabalhar no cinema. Tudo isso em menos de 90 minutos de longa-metragem, o que é pouco, apesar de todas as pontas da história ter sido fechada. Essa falta de profundidade afeta um pouco a produção, mas não atrapalha a experiência.
Isso porque a experiência é muito boa para quem está no cinema. O filme é divertido, mesmo com ritmo acelerado. As piadas não são atropeladas e a produção concede o respiro necessário para que se curta o momento. Além disso, a obra serve para desenvolver sentimentos latentes e presentes nesta época de natal, como amizade, amor e companheirismo. Mas esses não são os únicos sentimentos presentes, pois também vemos medo, insegurança e desejo de vitória.
Claramente a obra se inspira em Indiana Jones, apesar de termos referências de outros filmes famosos na cultura pop, como Kong, por exemplo. Entretanto, ele se sustenta sozinho e sem essas referências, mostrando que tem qualidade e comprovando que não é só a Pixar e as outras produtoras dos Estados Unidos que sabem desenvolver trabalhos de qualidade.
Assassinato no Expresso do Oriente
3.4 938 Assista AgoraNesta semana temos um filme repleto de nomes conhecidos. Johnny Depp, Michelle Pfeiffe, Penélope Cruz, Willem Dafoe, entre outros nomes renomados do cinema fazem parte da produção, que é dirigida e protagonizada por Kenneth Branagh. Além disso, a obra adapta uma das obras de Agatha Christie. Estamos falando de “Assassinato no Expresso do Oriente”.
A obra, que estreou nesta quinta-feira, 30/11, nos cinemas, conta a história de um assassinato que acontece durante a viagem do Expresso do Oriente. Neste trem está o detetive Hercule Poirot, interpretado por Kenneth Branagh. Ele é procurado pelo personagem de Johnny Depp, que quer contratar seus serviços como segurança. Entretanto, na noite seguinte, ele aparece assassinado.
Neste ponto que a trama começa a se desenrolar. Isso porque Poirot, conhecido como um dos melhores detetives do mundo, resolve investigar o caso. Agora é que vêm os quesitos que merecem ser debatidos, tanto de forma positiva como também de aspectos negativos que a trama apresenta. E talvez essa seja a maior decepção: termos pontos ruins em uma adaptação de Agatha Christie.
Porém, vamos começar com os positivos. Tecnicamente, a direção de Branagh é muito boa. Ele ousa pouco, tendo apenas alguns planos diferenciados. Entretanto, é uma direção segura e correta, fazendo o “feijão com arroz” de forma bem feita. Além disso, a fotografia do filme é linda e isso fica mais claro ainda na tela grande do cinema. Creio que a experiência seja um diferencial que faça melhorar a produção.
Já os problemas estão no roteiro de Michael Green. Isso acontece devido a diversos fatores. Um deles – talvez o mais importante – é a falta de profundidade nos personagens apresentados. Talvez o único que tenha sido mais bem trabalhado é o protagonista Hercule Poirot. Apesar de um elenco recheado de nomes renomados, os coadjuvantes são mal desenvolvidos e servem apenas para compor o conjunto.
Faltam motivações mais concisas, ou melhor, abordadas, faltam explicações, faltam linhas de diálogos mais rebuscadas e até uma atuação mais convincente de alguns atores. Isso atrapalha na construção da verossimilhança e também na relação entre público e filme. Nenhum personagem é construído de tal forma que faça com que o telespectador se preocupe com o que vai acontecer. Falta envolvimento.
Infelizmente, “Assassinato no Expresso do Oriente” não é tão bom quanto muitos esperavam, mas também não é tão ruim ao ponto de ser um fracasso. Falta um desenvolvimento mais coerente e profundo de alguns personagens, mas existe uma experiência técnica visual muito bem executada. Espero que, pelos nomes que ali trabalharam, a produção consiga se sair bem nas bilheterias. Assim poderemos ver mais obras de Agatha Christie sendo adaptadas para o cinema.
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraTalvez este longa tenha sido a única unanimidade da DC Comics em todo o seu universo até agora. Talvez não, ele foi mesmo. Apesar de não ser um filme perfeito, a produção da Warner finalmente entregou tudo o que os fãs queriam, sem tirar e nem por. Obviamente a obra não é perfeita e tem alguns problemas, seja na computação gráfica ou na construção de seu vilão.
Entretanto, pela primeira vez desde que lançou o seu universo, a DC conseguiu construir um filme coeso, mesclando muito bem os dramas com as brincadeiras e apresentando a personagem que queríamos ver. Ao meu ver, Gal Gadot entrega a Mulher-Maravilha definitiva. Isso indo contra as perspectivas e desconfianças existentes sobre a atuação da israelense. Além disso, o filme é um marco para os movimentos feministas, pois apresenta uma protagonista feminina forte e foi dirigido por uma mulher.
Pai em Dose Dupla 2
3.1 180 Assista AgoraComeçamos bem a safra de filmes com a temática natalina em 2017. Com essa frase, dita durante a cabine de imprensa de “Pai em Dose Dupla 2” que iniciamos a crítica de cinema desta semana. O longa-metragem, protagonizado por atores reconhecidos, como Will Ferrell, Mark Wahlberg e Mel Gibson, estreou nesta quinta-feira, 23/11, em todo o país.
Na produção, acompanhamos Brad, interpretado por Will Ferrell; e Dusty, interpretado por Mark Wahlberg. Após os acontecimentos passados, eles conseguem se dar bem e conviver em paz com suas famílias – Brad é casado com a ex-esposa de Dusty e é padrasto dos dois filhos do casal. Entretanto, eles decidem passar o natal todos juntos e com o acréscimo dos avós, interpretados por John Lithgow e Mel Gibson.
E é a partir da chegada dos dois avós que toda a trama se desenrola. Isso porque os dois são totalmente diferentes, seja nos seus perfis como também em suas relações com a família. E está nesse ponto o sucesso do filme: as relações familiares. A produção se sustenta baseada nisso. Temos momentos engraçados, tristes e comoventes que geram a sensação de proximidade com quem está no cinema.
Não que existam famílias tão loucas como as do filme – apesar de que eu não duvido de nada. Mas as sensibilidades que se tratam alguns pontos conseguem fazer com que se encontre a identificação necessária. E os momentos de comédia então? O filme é engraçado e, em alguns momentos hilários, mas sem piadas exageradas ou de mau gosto. É um humor simples e inocente, mas que conquista pelo excelente potencial cômico que o elenco tem.
E isso confirma a minha percepção sobre alguns atores e me surpreende sobre outros. Eu não imaginava Mel Gibson e Mark Wahlberg fazendo comédia juntos e fiquei feliz com o resultado. O timming cômico de ambos e a sintonia da dupla como pai e filho funcionam de forma simples e coerente, fazendo sentido na construção de cada um dos personagens e sua evolução no decorrer da trama.
Como eu disse no início, “Pai em Dose Dupla 2” é o filme que dá início na fase de filmes com temática natalina e, podemos afirmar, que foi com o pé direito. A produção é leve, divertida, que comove e causa risos em quem assiste. Obviamente ele tem problemas, mas apresenta e alcança o seu objetivo: entreter o público que vai ao cinema buscando uma obra família e divertida.
Liga da Justiça
3.3 2,5K Assista AgoraFinalmente o filme que os fãs queriam ver. Acho que isso já resume um pouco do sentimento de quem assistiu “Liga da Justiça”, que estreou nesta quinta-feira nos cinemas de todo o Brasil. Isso porque, pela primeira vez, foi possível ver todos os heróis da editora juntos e com uma essência mais leve e aventuresca.
Digo isso porque o “sombrio e realista” universo que a DC estava construindo no cinema – sem sucesso algum – chegou ao fim. Ou, pelo menos, mudou bastante. Não que a gente não veja mais aquela carga dramática, mas agora o filme se permite brincar um pouco mais e ser mais leve. Mas não do mesmo jeito que as produções da Marvel.
Vemos uma Mulher-Maravilha e um Super-Homem assumindo os seus postos de lideres e também de referências no mundo. Vemos um Batman mais velho e que sente o tempo. Temos um Flash leve e brincalhão, um Ciborgue descobrindo seus poderes e um Aquaman mostrando porque é o Rei dos Oceanos.
Está tudo lá e, para um fã do universo da DC ele funciona. Até para um fã da Marvel ele funciona. Ainda mais para quem queria algo mais leve no cinema. Obviamente que o filme tem problemas e eles não são poucos. Algumas cenas de CGI são mal finalizadas, existem algumas cenas forçadas e/ou desnecessárias.
Mas isso não impede e nem atrapalha a experiência de quem se permite a imersão no universo DC dos cinemas. Agora fica o questionamento de como será a construção do próximo filme, vide os ganchos deixados e o anúncio de que o universo não será interligado igual o da Marvel. E também o que será de Ben Affleck no futuro da DC.
Um Perfil para Dois
3.5 34 Assista AgoraNesta semana, foi visto um dos primeiros filmes fora do eixo de Hollywood desde que esta coluna começou a ser escrita. Na realidade, creio que este seja o segundo, ficando atrás apenas de um filme chileno aqui resenhado. Desta vez, o longa-metragem visto foi o francês “Um Perfil para Dois”, dirigido por Stéphane Robelin, que já havia sido exibido no Festival Varilux.
Na produção, acompanhamos Pierre, interpretado por Pierre Richard, que é um viúvo aposentado que não sai de casa há mais de dois anos. Isso muda quando ele começa a aprender a mexer com a internet. Isso acontece quando ele começa a ter aulas com Alex, que foi contratado por sua filha para ensiná-lo a usar o computador. Com isso, o idoso cria um perfil em um site de relacionamento, conhece Flora e marca um encontro com ela. O problema é que ele usou uma foto de Alex no perfil e não dele.
O filme se define como uma comédia e também como um romance. Acredito que ele consegue se sair muito bem como comédia, mas não tanto como romance. Isso porque, a fórmula de se brincar com a tecnologia para quem já está mais velho, apesar de datada, ainda funciona muito bem e Pierre Richard consegue fazer com que a brincadeira funcione de forma muito crível. Isso sem contar todas as cenas dele tentando fazer parte do romance que ele mesmo criou para Alex e Flora.
Tudo isso é cômico e funciona de forma sútil, mas certeira. O problema do filme é quando ele resolve comprar o romance e aplicar isso a qualquer custo. No início, é aceitável a ideia e tudo funciona. Existem até momentos de comédia romântica que são bonitos e engraçados, como o café da manhã na casa de Pierre. Só que existe um momento em que tudo se torna forçado demais e perde a naturalidade e a simplicidade do início, que fazia com que tudo funcionasse.
No último ato do filme então, nem se fala. Ali ele se perde completamente e perde toda a verossimilhança construída até aquele momento. Ou então eu não devo mais acreditar no amor, pois aquilo não fez sentido algum para mim. Não quero aqui dar spoiler, pois acredito que isso prejudica a experiência, mas o último ato é um ponto fora da curva muito brusco do que estava sendo construído até aquele momento.
“Um Perfil para Dois”, que estreou nesta quinta-feira em todo o Brasil, é simples e sem grandes invenções até boa parte da obra e isso funciona. Quem quiser se divertir no cinema com algo simples e verdadeiro, vai encontrar nesta produção um momento de escape da realidade. O último ato pode incomodar um pouco, mas nada que não possa ser superado se você desligar o cérebro e curtir a experiência do cinema.
Depois Daquela Montanha
3.2 389 Assista AgoraEstreia nesta quinta-feira, 02 de novembro, mais um filme protagonizado pelo ator Idris Elba. O britânico vem ganhando destaque nos últimos anos, desde o seu papel na série “Luther” e no filme produzido pela Netflix, “Beasts of No Nation”. Entretanto, em 2017, o ator vem fazendo longas-metragens que não agradam a maioria, como “A Torre Negra” e agora o “Depois Daquela Montanha”.
Na produção acompanhamos Alex, interpretada por Kate Winslet, uma jornalista que está indo preparar seu casamento, e Bem, interpretado por Idris Elba, um doutor voltando de uma conferência médica, iriam pegar o mesmo avião, mas o voo é cancelado e os dois decidem fretar um jatinho. Durante a viagem o piloto sofre um ataque cardíaco e o avião cai em uma região montanhosa coberta por neve.
Entretanto, apesar de um bom elenco e de uma premissa interessante, o filme é fraco e peca em segurar o seu público. Isso pensando no público-alvo da produção visto a trama e os protagonistas, é claro. A direção do Hany Abu-Assad e os roteiros de J. Mills Goodloe e Chris Weitz e todos os três deixam – e muito – a desejar em “Depois Daquela Montanha”.
Digo isso porque está no roteiro o principal problema do filme. Faltam explicações, motivações e verossimilhança na história. Todo o longa-metragem é desenvolvido pelo lado mais óbvio e raso, com cenas que decepcionam o público. E não é por falta de vontade da dupla que protagoniza a produção. Eles tentam e conseguem entregar toda a carga dramática necessária, mas falta algo.
Faltou realismo na trama. Isso sem falar que Abu-Assad não acredita na inteligência do seu público e explica várias vezes e de forma escrachada o romance existente entre o casal, por mais que já tenha sido pressuposto de forma sútil. Isso sem falar no enorme clichê da cena que encerra a produção. Esses problemas prejudicam a experiência e isso é uma pena, visto o elenco.
Além da Morte
2.6 497 Assista AgoraSeguimos na sequência de filmes de terror – acho que a maioria dos filmes aqui resenhados é do gênero. Nesta semana a produção assistida é “Além da Morte”, que estreou nos cinemas nesta quinta-feira, 19/10, em todo o país. O longa é dirigido por Niels Arden Oplev (Os Homens que Não Amavam as Mulheres) e tem como destaque do elenco Ellen Page (Juno).
Na trama acompanhamos estudantes de medicina que começam a explorar e realizar experiência sobre a quase morte. Quatro dos cinco residentes que protagonizam o filme realizam um procedimento de ter o coração parado e depois revivido. O problema é que eles passam a ter visões, como pesadelos de infância e erros do passado.
Com o passar do filme eles começam a ser afetados fisicamente por essas visões e tem que buscar uma forma de solucionar esse problema. A história é forte e tinha um bom plano de fundo para funcionar. Só faltou avisar o roteirista para que ele criasse uma trama que envolvesse e gerasse preocupação do telespectador com os personagens.
E o problema nem passa pelo elenco, que tem nomes promissores, mas sim pela falta de desenvolvimento das histórias de cada um. Por causa disso, existem cenas forçadas e que insistem em um estereótipo como o do loiro playboy, por exemplo. Isso prejudica uma produção que tem a premissa interessante, mas que perde o fôlego com o decorrer da história.
Para quem não sabe, o filme é um remake de “Linha Mortal”, dos anos 1990. Entretanto, não se tem nenhuma referência saudosista ao longa que não conseguiu alcançar o status de clássico. A única coisa que vem do filme anterior e a participação de Kiefer Sutherland. Esse total esquecimento da produção original já mostra que não existe um grande público fã daquele filme.
E, talvez, ele devesse ter sido deixado assim. Não que o filme não seja bom. Mas falta a construção dos personagens e isso prejudica tanto no desenvolvimento do filme quanto na verossimilhança da história. Ainda mais quando se mexe com algo que já existia. Provavelmente o longa não fará o mesmo sucesso do original e deve cair no limbo. Entretanto, ele encontrará o seu público nas pessoas que gostam de uma produção de terror que abusa dos clichês de sustos.
Gosto Se Discute
2.2 118Nesta semana vamos falar de um filme que estreia somente daqui duas semanas, no dia 09 de novembro. Entretanto, existe toda uma expectativa em cima da produção, que conta em seu elenco com a atriz e youtuber Kéfera Buchmann. Ao lado de Cássio Gabus Mendes ela protagoniza a leve comédia “Gosto Se Discute”.
No longa-metragem acompanhamos um chefe de cozinha que precisa desenvolver um novo cardápio para retomar o sucesso de outrora. O problema é que, durante o processo, ele acaba perdendo seu paladar. Além disso, ele tem a concorrência de um food truck, a pressão do banco para a entrega do estabelecimento e a jovem gerente que quer recuperar o prestígio do local e galgar sucesso em sua carreira.
Como eu disse no início, a produção é uma comédia leve com pequenos momentos de drama. Mas são pequenos mesmo. E isso é uma pena. O filme poderia abordar mais alguns aspectos, mas acaba deixando de lado e abusando da comédia e da brincadeira. Apesar disso, o longa-metragem não é ruim. Ele consegue entreter o público.
Ainda mais se você for um fã do trabalho de Kéfera. No início do filme, quando o drama era mais forte, a atriz parecia mais engessada, porém ela se solta no decorrer da trama e, com a entrada das cenas mais cómicas, é nítida a evolução dela. Acredito que, por seu público estar acostumado com sua versão mais descontraída e alegre, essa sua versão acaba sendo mais bem desenvolvida.
O que mais me incomodou no filme foi a falta da construção dos personagens. Não sei se isso caiu fora no corte final, mas parece que faltam alguns minutos no meio da produção. Isso porque a mudança da relação dos dois protagonistas acontece de uma forma brusca e sem nenhum fundamento. Em um momento eles se odeiam e no outro começam a se ajudar e se amam. Isso acontece sem um desenvolvimento e pode atrapalhar a experiência.
Todavia, mesmo com esse problema, “Gosto Se Discute” consegue encontrar o seu público. Provavelmente será o público que segue o trabalho de Kéfera e acredito que eles vão encontrar uma evolução no trabalho da atriz. Entretanto, não acredito que ela tenha potencial para segurar a produção sozinha ao ponto de garantir uma sequencia.
A Morte Te Dá Parabéns
3.3 1,5K Assista AgoraA crítica desta semana é do longa-metragem “A Morte Te Dá Parabéns”, que estreia nesta quinta-feira, 12/10, em circuito nacional. Antes de irem ao cinema assistir, saibam que ele não é um terror pesado e sim juvenil, com uma pegada leve e que lembra a franquia do “Todo Mundo em Pânico”. Peço que comprem a ideia da galhofa, desliguem o cérebro e se divirtam.
No filme acompanhamos Tree Gelbman, interpretada por Jessica Rothe, que é assassinada e fica presa em um ciclo entre vida e morte. Ela deve resolver o mistério de seu próprio assassinato, ressuscitando várias vezes até descobrir quem foi o responsável pelo crime. Só quando ela compreender o que causou sua morte que poderá conseguir escapar de seu destino trágico.
Esse é o plot do filme. Ele vive nesse loop infinito de morrer e ressuscitar no momento em que acordava no dia do seu aniversário. Todo o filme se passa nestas 24 horas. E é agora que tu defines se vai ver o filme criticamente ou se comprará a ideia para se divertir. Obviamente que ele tem problemas, mas escolhi a segunda opção e a experiência foi ótima.
Mas vamos primeiro aos problemas. Eles estão quase que reunidos em um único local: o roteiro. Isso porque existem diversos furos, erros de continuidade e também questões de verossimilhança que podem atrapalhar a experiência. Além disso, o elenco é irregular e meio canastrão demais. Sem falar que não é explicado o motivo do porque ela revive todos os dias. Isso pode incomodar a experiência.
Porém, caso você opte por desligar o cérebro e aproveitar a produção, terá um filme divertido e leve, que brinca com questões de universidades, causa sustos clichês e apresenta cenas despretensiosas e com um ar de galhofa que era visto nos filmes do “Todo Mundo em Pânico”. Apesar de todos os erros técnicos, “A Morte Te Dá Parabéns” cumpre o seu papel de entreter o público que for assisti-lo.
Como se Tornar o Pior Aluno da Escola
2.5 340Estreia na próxima quinta-feira, 12/10, no Dia das Crianças, o longa “Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola”, que adapta o livro escrito por Danilo Gentili – um dos protagonistas do filme. A produção se destaca, e muito, pela atuação de Carlos Villagrán, o eterno Quico do seriado “Chaves”, que aqui interpreta o diretor de uma escola particular.
Na trama acompanhamos Bernardo e Pedro, que são estudantes que enfrentam as clássicas tarefas de cumprir as obrigações escolares, tirar boas notas, ter bom comportamento e cumprir as regras da escola, cada vez mais elaboradas graças ao diretor Ademar. O ponto de virada desta trama é quando um deles encontra o diário escrito por Gentili para provocar o caos na escola sem ser pego e sempre tirando boas notas.
E é basicamente nisso que o longa se baseia pelas suas quase duas horas de duração. O mais incrível e que, para quem se permite a diversão, ele é leve e consegue entreter o público. O problema dele está em questões mais técnicas e de atuação em si, mas ele se mostra ser uma sátira desde o início, ao invés de se levar mais a sério.
É divertido ver Carlos Villagrán atuando e fazendo referências ao seu mais famoso papel e também é legal ver Pedro se tornando popular pelas suas armações pela escola. Querendo ou não, esse era o objetivo de todos nós enquanto estávamos na escola e ver alguém que não era popular conquistando tal feito é muito divertido.
O problema é que param por aí as virtudes do filme. Isso porque temos atuações fracas e construções de diálogos rasas. Isso sem falar que existe um drama por trás dos personagens que não são abordados e isso faz com que o envolvimento emocional praticamente não exista. Apesar de saber que esse não era o objetivo – os próprios atores falam que o filme é ruim – falta algo mais conciso para se comprar a história.
Isso sem falar na falta de verossimilhança que tanto critico e elogio nos filmes. Aqui isso não existe. Eles passam do limite do real e partem para coisas que não podem realmente acontecer. Isso tira um pouco da experiência do filme e também faz com que o público que se vê – ou gostaria – nos personagens, acabe abandonando a ideia.
O filme diverte e entretêm o seu público, desde que ele resolva desligar o cérebro e comprar a ideia que está sendo vendida. Não será nenhum sucesso de público ou crítica, mas encontrará num público jovem o seu espaço e isso pode ser uma grata surpresa dentro do cenário nacional do cinema.
Pica-Pau: O Filme
2.5 195 Assista AgoraAntes de lerem essa crítica, preciso que saibam que quem aqui escreve não é o público-alvo desse filme. Agora sim, feito essa primeira frase, vamos ao filme da semana (que estreia em cinco de outubro): “Pica-Pau”. Quem não conhece o famoso pássaro vermelho brincalhão e travesso que fez parte da vida de muitos dos leitores que acompanham este jornal?
Pois é, infelizmente, a ideia do longa não é alcançar esse público através de um viés mais saudosista e sim se modernizar e conquistar um público mais jovem. Apesar de algumas referências ao desenho clássico, existe pouca relação entre o personagem que fez sucesso na TV e o que acompanhamos neste lançamento.
Se ele consegue conquistar as crianças é difícil saber – apesar de que a maioria das crianças que estavam na sessão se divertiu – mas infelizmente faltou material ou até interesse para entreter o público que envelheceu e busca nostalgia com o filme. E isso que estamos falando apenas da busca pelo público-alvo da produção.
Isso porque, quando se analisam as questões técnicas, independente do que se busca, é praticamente unânime que ele deixa muito a desejar. Primeiro na escolha do elenco. Os produtores optaram pelo live-action ao invés de animação, mas entregaram atores fraquíssimos para os papéis de relevância da produção.
E, além das atuações fracas e caricatas, as linhas de diálogo são pobres e óbvias demais, demonstrando assim que o público-alvo do filme é realmente as crianças muito jovens e que, daqui a pouco, não conseguiriam compreender diálogos um pouco mais elaborados. Porém, para o público mais velho, doí nos ouvidos a obviedade e a falta de atuação dos atores.
O novo filme do “Pica-Pau” definitivamente busca apresentar o personagem para um novo público e só saberemos com o tempo se eles acertaram na escolha do seu objetivo. Porém, o longa abriu mão do saudosismo e da nostalgia e isso pode incomodar e muito os antigos fãs. Somente o tempo para sacramentar qual foi a melhor escolha.
Feito na América
3.6 356 Assista AgoraEstreou nesta quinta-feira, 14/09, mais um longa estrelado pelo ator Tom Cruise, conhecido pelos seus filmes de ação em franquias como “Missão Impossível” e “Jack Reacher”. Porém, o diferencial deste filme, é que a produção é baseada em uma história real e foge um pouco das cenas de luta que estamos acostumados em ver o ator.
No longa, dirigido por Doug Liman, conhecemos Barry Seal, que é um piloto que trafica drogas e armas para o mítico cartel de Medellín e, recrutado pela CIA, torna-se agente duplo. Em “Feito na América”, é possível acompanhar o surgimento de nomes conhecidos, como o de Pablo Escobar e seus sócios. Além disso, se compreende a ganância e o poder conquistado por Seal como agente duplo.
E, apesar do meu receio com o filme, podemos afirmar que a produção é bem feita e que Tom Cruise surpreende positivamente e consegue dar uma dinâmica diferente para o personagem e fugindo do estereótipo recente de sua carreira. Isso porque, apesar de ser um filme de ação, a história real não permite (até porque não existiu) cenas de luta mirabolantes que perdem a verossimilhança.
Outro ponto positivo fica por conta da direção de Doug Liman, que consegue entregar dinamismo as cenas e a verossimilhança tão importante na construção do clímax do filme. Além disso, toda a escolha de elenco é acertada, principalmente no casal que protagoniza o filme – Tom Cruise e Sarah Wright.
As cenas de ação, principalmente aéreas, são muito bem executadas. Isso graças ao não uso de dublês e nem CGI. Todas as cenas de aviação foram protagonizadas pelo próprio Cruise e isso entrega a qualidade vista em tela. Além disso, outro fato interessante é que Liman não descreve Barry Seal como um vilão e sim como uma pessoa real, não tomando lados e contando a sua história.
Talvez tenha faltado aprofundar um pouco mais o que aconteceu com os personagens no fim do filme. Esse resgate histórico quase sempre se faz presente em produções do gênero e até acontece no filme, mas é pouco utilizado. Além disso, falta espaço para desenvolver os outros personagens e o filme acaba focando apenas no Barry Seal.
Uma Mulher Fantástica
4.1 423 Assista AgoraO filme desta semana, que estreou nesta quinta-feira, 07/09 é a produção chilena “Uma Mulher Fantástica”. O longa, que já vem chamando a atenção em alguns festivais de cinema pelo mundo tem grandes chances e potencial para estar entre os indicados de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar e também se fazer presente em outras premiações do circuito.
Na trama acompanhamos Marina, uma garçonete transexual que busca o sonho de ser uma cantora de sucesso. Para isso ela estuda canto lírico e se apresenta em clubes do Chile. Entretanto, ainda no início do filme, quando seu namorado falece, Marina tem que conviver com a desconfiança e o preconceito de todos a sua volta.
O que, de cara, é um choque de realidade para quem assiste ao filme, são os preconceitos e os abusos que Marina sofre no seu dia a dia. Isso acontece e é mostrado desde o início do longa, pois acontece em todas as situações, desde momentos simples como uma ida ao médico até quando ela deseja ir no velório de seu namorado.
Na direção está Sebástian Lelio, conhecido pelo seu trabalho no filme “Gloria”. E, mais uma vez, o diretor consegue entregar um projeto digno de nota. A produção é segura e Lelio consegue construir um filme forte e coerente, baseado no grande trabalho de atuação de Veja, que entrega toda a dramaticidade necessária para o papel.
Outro ponto positivo da direção de Lelio é a segurança dele. A ideia de não ousar tanto em planos diferentes e ir por uma opção segura e correta, mostra que menos é mais e entrega assim uma obra simples e intimista, mas com toda uma carga dramática, política e social que é necessária. Ainda mais se pensarmos que o Chile também é um país que debate questões homofóbicas.
“Uma Mulher Fantástica” é um longa necessário em um momento tão conturbado de discussão e fanatismo. Produções como essa têm sim que chegar ao grande público, seja pela sua qualidade técnica como também pelo tema abordado com tanta veemência política e social. Que mais filmes como esse cheguem aos cinemas nacionais.
Polícia Federal: A Lei é Para Todos
3.1 321O filme desta semana, que estreia somente no dia 07 de setembro – data planejada estrategicamente pela divulgação do longa? – se chama “Polícia Federal – A Lei é Para Todos”. Na produção acompanhamos uma série de investigações, que culminaram na Operação Lava Jato, considerado um dos maiores escândalos políticos do Brasil, ao lado do Mensalão.
Na produção, acompanhamos o início desta operação, em 2013, até o momento aonde acontece o vazamento do áudio da ligação entre os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. Na obra, que é adaptação de um livro de mesmo nome, acompanhamos o ponto de vista da Policia Federal sobre o caso, “sem tomar partido”.
Coloco isso entre aspas com certo receio. Primeiro por não ter lido o livro e segundo porque não tenho certeza sobre isso, mas, sem sombra de dúvidas, os casos que ganham maior destaque na produção são os que envolvem o Partido dos Trabalhadores (PT). Outro fator que chama bastante a atenção, positivamente, é o papel contido e discreto de Sérgio Moro, interpretado aqui por Marcelo Serrado.
Porém, apesar de o filme ter um elenco seguro e uma direção coerente, parece que falta algo. Na produção eles parecem estar fazendo um marketing sobre como os policiais são bons e, até nos casos de corrupção de policiais, as cenas são leves e não retratam uma realidade mais suja que pode existir (sem hipocrisia).
Talvez tenha faltado um distanciamento maior dos fatos. Tudo ainda é muito recente e está em andamento. Ainda não é possível retratar esta realidade sem o caso concluído. E isso tende a piorar, visto que uma sequência já foi confirmada e que casos como a JBS podem aparecer neste segundo filme. É arriscado mexer com isso em um período tão curto e transformar em ficção.
A Torre Negra
2.6 839 Assista AgoraEstreou nesta quinta-feira, 24/08, mais uma adaptação literária da carreira do renomado escritor Stephen King. Desta vez o terror deu espaço à fantasia e o livro levado para as telonas foi “A Torre Negra”, que é o primeiro de uma série lançada pelo autor. E, infelizmente, deve ser o único da franquia que será produzido para os cinemas.
Como não li a obra, apesar de apreciar o trabalho de King, não analisarei o longa como uma adaptação e sim como a produção em si. E ele cansa – e como. A ideia do filme e todo o enredo que o cerca é interessante, cheio de mitologias e com uma ideia totalmente diferente do que eu esperava pelo pouco que sabia.
Na trama, uma torre negra protege todo o universo da escuridão e dos demônios. Entretanto, o vilão Walter, interpretado por Matthew McConaughey, tenta dominar os mundos, derrubando a mesma. Porém, para isso, é necessário que ele rapte crianças de almas puras e as “sacrifique” para destruir a torre. Somente depois disso conhecemos os mocinhos, interpretados por Idris Elba e Jake.
Não quero me prolongar muito na trama, até para não tirar a experiência satisfatória de entendê-la. Até porque o problema não é esse e sim a falta de verossimilhança do filme. Para que tudo fique perto, é necessário que o telespectador compre a ideia do diretor, mas fica difícil quando o surrealismo ultrapassa uma barreira elevada de loucura. E isso acontece – e muito – em “A Torre Negra”.
Com certeza, a obra de King tinha uma mitologia única e um universo que poderia tranquilamente ser expandido. Porém, faltou coragem para não pirar com efeitos especiais e loucuras surreais. O que é uma pena, pois existe aí uma franquia em potencial para crescimento.
Annabelle 2: A Criação do Mal
3.3 1,1K Assista AgoraO filme desta semana, que estreou na quinta-feira, 17/08, é a sequência do que se pode chamar de “universo de terror” desenvolvido por James Wan desde “Invocação do Mal”, apesar de que ele já vem trabalhando com o gênero desde a franquia “Jogos Mortais”. Porém, repetindo o que já havia feito em suas outras séries, Wan deixa a direção e fica na produção do filme, dando espaço para um diretor emergente do terror.
Neste caso o escolhido foi David F. Sandberg, que surgiu para o gênero com um curta-metragem que inspirou o filme – dirigido por ele – “Quando as Luzes se Apagam”, de 2016. E, nessa nova inserção do jovem diretor, podemos ver que, tanto a franquia quanto o trabalho de Sandberg, subiram para outro patamar. Porém, pelo menos para o filme, isso não significa que é uma grande obra, mas sim um bom filme.
Isso porque “Annabelle 2 – A Criação do Mal” funciona bem, mas, infelizmente, segue dependendo de truques baratos de terror na base do susto e não tão bem construído assim. Entretanto, o longa consegue desenvolver easter-eggs e referências do universo que vem sendo desenvolvido desde “Invocação do Mal”, mostrando que Sandberg trabalhou na sequência de um universo de terror, baseado nas histórias do casal Lorraine e Ed Warren.
Na trama que, apesar de ser o segundo filme, conta a origem de Annabelle, podemos acompanhar um casal que vive numa área rural e que sofre com a perda da filha. Doze anos depois, eles passam a receber garotas órfãs para viver na casa, em uma espécie de orfanato. O objetivo disso é aliviar a dor e sofrimento, além de viver a penitência pelos seus atos. Acontece que a presença das meninas acaba alimentando a entidade que já vivia ali.
Apesar de pouco exigir do telespectador – como boa parte dos filmes do gênero – “Annabelle 2 – A Criação do Mal” consegue alcançar o seu objetivo: entreter e render bons sustos. Por mais que se queira mais, o mercado vem aceitando bem o gênero e ainda não existe a saturação por parte do público fiel. O que fica de bom desta história é que deixamos de ter apenas filmes de prelúdio e sim um passo importante para o universo de James Wan e companhia.