7.0 - Um musical brasileiro, baseado em duas obras: Ópera dos Mendigos, de John Gay, e a Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht, a partir de uma peça musical de Chico Buarque, famoso músico brasileiro. Algo teatral, esta adaptação cinematográfica, realizada por Ruy Guerra, onde assistimos à vida de um pequeno galã e malandro, Max Overseas (Edson Celulari), que acaba seduzido pela jovem Ludmila (Cláudia Ohana), filha do seu maior inimigo (Otto Struedel); isto tudo num cenário de vielas e bares, casas de prostitutas e contrabando, e tendo como pano de fundo a II Guerra Mundial e as duas facções antagónicas que dividiam o Brasil, face ao conflicto: por um lado, o apoio popular aos aliados e aos EUA, por outro, o apoio institucional do governo brasileiro da altura, ao regime nazi alemão. Destaque sobretudo, para os actos musicais da autoria de Chico Buarque e para a presença de outro grande nome da música brasileira: Elba Ramalho (aqui no papel de Margot, uma prostituta mulher/amante de Max).
8.0 - Uma película de Pedro Almodóvar, um pouco mais melodramática do que o habitual neste realizador. A história em si, segue duas irmãs, Raimunda (Penélope Cruz) e Sole (Lola Dueñas), cuja mãe Irene (Carmen Maura) falece, mas de repente, começa a "aparecer-lhes" novamente, como um fantasma ou alguém que morreu e volta à vida para lhe realizarem um último desejo. Trata-se de um filme mais introspectivo, e não tanto cómico como habitual em Almodóvar, com a música de Alberto Iglesias, a ajudar na ambiência da fita.
6.9 - Uma película de difícil leitura, realizada por Nanni Moretti, onde seguimos um homem amnésico (após um acidente de viação), num jogo de pólo aquático, numa espécie de reflexão sobre o Partido Comunista Italiano, e seus respectivos objectivos e desejos para a sociedade, suas hesitações e dúvidas (existenciais?) e seus problemas e esperanças para o futuro. Apesar de a espaços divertido e também surreal, perde-se um bocado na semântica dos seus diálogos, sem deixar de ser interessante!
8.0 - Um filme de terror como já não se faz, onde se notam as limitações do orçamento, mas com um desenvolvimento escorreito. Apesar de não ter grandes figuras, nem grandes interpretações, a história é bem construída e sem pretensiosismos, ou não fosse Clive Barker, o argumentista de serviço. Pode-se dizer que não existe aqui grande intensidade psicológica das personagens, mas a realização de George Pavlou é eficaz, e o filme demonstra logo ao que vem: puro "slasher", com muito sangue e tripas... Pode-se lá pedir melhor...
8.1 - Retrato de uma típica adolescente, filha de imigrantes portugueses, em França, dividida entre um mundo cosmopolita, e um mundo rural, entre França e Portugal, mas também entre o mundo desconhecido, do futuro que a espera no mundo dos adultos, algo próprio da adolescência. Uma película muito interessante, realizada por Laurence Ferreira Barbosa, com bom ritmo e bem desenvolvida, com a excelente interpretação de Paméla Constantino Ramos (Paméla), no papel da adolescente indecisa e dividida, entre as suas raízes e o mundo/sociedade que a acolheu, a si e aos seus familiares. Aconselhável visionamento!
7.9 - Nesta película, realizada por Francisco Manso, entre o drama e a comédia, assistimos ao retorno de um imigrante (André/Flávio Hamilton), à sua comunidade de origem (Cabo Verde), para "limpar" a honra da sua família, manchada pelo próprio irmão e sua própria mulher, que deixou no local, e que se envolveram sexualmente. Da dúvida inicial, à estranheza do retorno às origens, presenciamos aqui, ao condicionamento social local, daquela pequena comunidade, que se sobrepõe ao indivíduo e seu pensamento livre, levando-o a proceder conforme o esperado/desejado por esta, e não pelo bom senso individual. Um filme que se vê relativamente bem, com uma boa interpretação, sobretudo de Flávio Hamilton e do "miúdo" Sandro Gomes, entre o drama, a comédia e o filme de tribunal, mas também com um pouco de crítica social acutilante.
6.5 - Uma mera reconstituição histórica, realizada por Bruno de Almeida, do assassinato de Humberto Delgado, pela PIDE, em Espanha e posterior julgamento dos principais intervenientes, já após o 25 de Abril de 1974. Sem grande brilho, Humberto Delgado merecia mais, do que este mero "fait-divers"!
5.9 - Um aparente filme cómico, de José Fonseca e Costa, que falha redondamente na sua comicidade, talvez devido ao seu argumento rebuscado, apesar de alguns nomes de renome, no seu elenco. Seguimos aqui, a vida do estouvado Lázaro de Jesus (Pedro Lacerda), que apesar da educação rígida e religiosa da sua mãe (Júlia/Elisa Lisboa), faz tudo para transgredir e gozar a vida. Apesar do eventual potencial da história, assistimos aqui a um desolador falhanço nas piadas, que, além de forçadas, chegam ao extremo do mau gosto; ao talento desperdiçado dos actores e actrizes, como os já referidos e também: José Raposo, Rui Morisson, Paula Guedes e Margarida Marinho; mas igualmente a um cenário cinematográfico pobre. A evitar!
6.9 - Um filme algo enigmático, característico da forma de filmar de Teresa Villaverde, sobre o tráfico humano na Europa. Nele, seguimos Sónia (Ana Moreira), uma rapariga a viver em São Petersburgo, Rússia, que desiludida (e desesperada) com a vida de miséria e sem perspectivas na sociedade russa, emigra para o Ocidente, onde arranja trabalho na Alemanha. Mas após uma rusga dos Serviços de Estrangeiros Alemão, acaba por cair nas mãos da prostituição, onde acabamos por assistir à sua degradação física e mental. Em parte, é uma película interessante devido ao assunto retratado, por outro é algo secante e demasiado enigmático na sua leitura/visualização.
7.1 - Um filme algo insípido, entre a comédia e o filme policial, sem convencer em nenhum dos dois estilos cinematográficos. Nem Anna Kendrick, nem Blake Lively (as principais protagonistas da película), parecem inspiradoras ou convincentes, neste argumento algo rebuscado. A história, em si, gira à volta de duas mães, uma simples e contida (Stephanie Smothers/Anna Kendrick) e outra uma empoderada executiva, de carácter selvagem e livre de preconceitos (Emily Nelson/Blake Lively). Esta última desaparece e é Stephanie que toma as rédeas da investigação, com desenvolvimentos que até à própria surpreendem...
7.7 - Uma história baseada em factos reais, de um refugiado afegão gay, que conta os acontecimentos passados numa espécie de entrevista, sendo a estrutura do filme em forma de documentário, de animação e imagem real. Ao drama de se fugir ao seu próprio país (neste caso, o Afeganistão) e ao que já se "conhece", soma-se o drama pessoal de ter de esconder algo mais: a sua homossexualidade; ainda mais sendo de origem de uma sociedade fechada e mais conservadora, como o é a afegã. Interessante como "retrato" puro e duro da realidade vivida por muitos refugiados, a viverem num mundo "desconhecido" e até opressivo e, por vezes, perigoso.
7.8 - Uma história relativamente interessante, filmada por Carlos Saboga, com uma estrutura narrativa e visual, parecida com um álbum fotográfico, na apresentação dos personagens envolvidos na trama. De resto, à excepção deste ponto, nada ou pouco mais se destaca nesta criação cinematográfica, que até se vê bem, mas que acaba meio sem sentido. A história gira à volta de uma jovem, cuja mãe (uma renomada jornalista fotográfica) morreu, e cujo legado são várias fotografias pessoais, de exilados portugueses, em França, com os quais viveu em tempos idos; existindo a possibilidade de um deles ser o seu verdadeiro pai, o que leva esta jovem a fazer essa busca, digamos, por conhecimento da história passada de sua própria mãe.
7.5 - Uma película algo palavrosa, centrada no diálogo entre as personagens, mais do que em acontecimentos visuais. Trata-se de uma comédia dramática, recheada de um certo cinismo nos diálogos entre os personagens, com questões interpessoais na base do argumento, que gira à volta de traições e desistências (ou não) das mesmas. Isto tudo, no meio de uma pandemia, uma crise económica e uma sublevação popular (uma espécie, portanto, de "fim do mundo"). Um filme actual no discurso, com referências às redes sociais e à já referida pandemia (a que não será alheio a data da sua própria realização), e de certa forma, em como todos os últimos acontecimentos mundiais alteraram ou transformaram as pessoas e o seu modo de agir/estar; mas demasiado teatral na sua essência (desde o número reduzido de personagens ao espaço cénico diminuto), e só a espaços divertido.
7.8 - Um mero filme de acção, realizado por Jaume-Collet Serra, e veículo para Liam Neeson (Taken) "despachar" mais uns bandidos. Desta feita, Bill Marks (Liam Neeson), um agente federal, caído em desgraça e alcoólico, é ameaçado de ser o culpado da morte de um passageiro a cada 20 minutos, se não fôr feita uma transferência de 150 milhões para uma conta bancária. Basicamente, seguimos Bill/Neeson a tentar descobrir e impedir quem ameaça a sua própria vida e a dos restantes passageiros desse vôo, sem grande brilho cinematográfico ou até alarido de efeitos especiais. Uma daquelas películas que, meramente se vê, mas fácilmente se esquece!
8.2 - Um filme de fantasia, sobre a capacidade de uma criança "imaginar" mundos fantasiosos e mágicos. Nesta película, uma rapariga orfã, mas mimada, é enviada e acolhida, numa velha mansão do seu tio, em Inglaterra, após a morte de ambos os pais. Mas, a mansão, assim como o seu tio, escondem alguns segredos, ligados ao passado. A curiosidade e a "imaginação" de Mary (a rapariga orfã) vão fazer o resto, abrindo-lhe todo um mundo mágico, na forma de um jardim secreto. Uma película que se vê bem, que mesmo sem ser espectacular, tem uma história/argumento interessante. O único defeito será faltar-lhe um pouco mais de emoção.
8.3 - Uma ternurenta comédia romântica, em que o principal elo de ligação, entre os seres amados (e os personagens do filme), são os cães - esse animal, já de si, originador de afectos e carinhos quer de crianças, quer de graúdos. De facto, dir-se-ia que o(s) personagen(s) principai(s) deste filme, são da espécie canina, sendo eles o fio condutor desta divertida trama. Além de serem, eles, os cães, o elo de união das personagens humanas. Uma agradável surpresa, esta divertida q.b. comédia de Ken Marino, e com as babes Vanessa Hudgens e Eva Longoria.
8.4 - Um filme surpreendente de João Nuno Pinto, que tinha tudo para se tornar numa daquelas películas de carácter pretensioso e, de certa forma, entediante, tão característico de alguma cinematografia portuguesa, "dita" de qualidade. Mas a edição das imagens, e a sua junção com a banda sonora, aliada a uma impressionante interpretação de João Nunes Monteiro, como Zacarias, um jovem soldado português enviado, na Primeira Guerra Mundial, para combater, em solo africano, nomeadamente em Moçambique, o exército alemão. Mas mais do que vermos um retrato da guerra, puro e duro, vemos uma Viagem e uma espécie de "coming of age", ou seja, uma transformação de um jovem imaturo e pouco experiente, num verdadeiro Homem feito, com a consequente (ou inata) "perda de inocência", perante um cenário abrasador (e opressivo) da natureza e sol africanos. De certa forma, João Nuno Pinto consegue que o espectador "torça" pelo sucesso de Zacarias, perante as peripécias e dificuldades da sua viagem, que o leva, inclusíve, ao limite da sanidade mental. Uma agradável surpresa!
5.0 - Um filme de suposto terror, pretensioso e lento, recheado de uma espécie de esoterismo cinematográfico bacoco, através do desfilar de imagens, planos e até banda sonora a condizer, tudo para criar um terror superficial e pouco convincente. A evitar!
8.1 - Um filme sobre o amor e a fonte de inspiração de John Keats, escritor e poeta inglês, que morreria arruinado e ainda jovem de idade, mas cuja obra se tornaria imortal. Nesta película, seguimos os últimos dias de John Keats e o amor crescente para com Fanny Brawnee, e como este contribuiu para a sua obra literária. Trata-se, enfim, de um filme romântico, de Jane Campion (realizadora, mais conhecida por "O Piano"), que falha na intensidade desse amor retratado, faltando-lhe a "chama da paixão". Embora se veja bem, e seja eficaz como entretenimento, apenas não se torna "apaixonante"!
5.5 - Um daqueles filmes só possíveis na filmografia portuguesa, com "tudo à mistura", temas meio esotéricos ou dúbios, e diálogos ou argumentos estranhos. Neste "ovni" da cinematografia portuguesa, realizado por Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, começamos com a linguagem açoriana ao longo de toda a película, um personagem com clara inspiração em Cristiano Ronaldo, passando por temas sociais muito actuais, como a crise dos refugiados, as modificações genéticas, até à ganância desmedida, à ignorância (pessoal) grassante e neo-fascismos, e até um pouco de ficção científica. Uma "salganhada" que acaba por não ser mais do que isso: uma "salganhada"!
8.4 - Um multi-premiado filme do mestre Bong Joon-Ho, aqui numa espécie de homenagem a todas as verdadeiras mães, com o seu amor incondicional pelos seus filhos, façam ou sejam, o que eles querem/são. A história gira à volta de uma mãe super-protectora, que tudo faz para proteger o seu querido filho, mentalmente deficiente/atrasado, que foi acusado da morte de uma jovem. Assim, e face a um sistema judicial, com caso encerrado, esta mãe enceta a sua própria investigação policial, disposta a tudo... até matar... pela inocência do filho. Um drama em tom policial/criminal, com o tradicional humor inteligente e bem doseado de Bong Joon-Ho, num argumento forte, interessante e, por vezes, polémico.
8.4 - Mais um filme com a mestria cinematográfica de Bong Joon-Ho, relevante em pequenas cenas marcantes da película e da história retratada (baseada em factos reais), e pelo seu desenvolvimento geral seguro e eficaz, no que concerne o interesse do espectador na película. A história é a de uma investigação policial de uma série de assassinatos violentos de mulheres (que além de mortas, são violadas), por dois detectives locais, detentores de métodos pouco legais e/ou duvidosos e por um polícia vindo da capital, mais cerebral e cumpridor das normas, o que irá provocar alguns atritos entre ambos, embora o objetivo comum. Mais uma vez, uma película entre a comédia e o drama, com um desenvolvimento forte e pincelada com pequenos toques de mestria na manipulação das imagens fílmicas, nesta que é a 2ª longa-metragem de Bong Joon-Ho.
7.0 - Um filme, de Adriano Mendes, sobre a vivência urbana, de uma jovem, à procura de emprego, numa Lisboa recheada de estrangeiros e turistas. Vivencia-se, aqui, uma realidade depressiva, num filme que não fornece respostas imediatas, mas antes põe questões e dúvidas ao espectador, com as eventuais respostas a serem dadas pela reflexão deste, sobre o que é visionado. Interessante, mas algo arrastado.
8.4 - Um filme de Bong Joon-Ho, entre a comédia e o drama, sobre um professor desempregado e irritado com o ladrar constante de um cão de um vizinho, ao ponto de pensar em esganá-lo. De outro lado, uma jovem e entediada rapariga, entre a depressão e o alheamento e um homem das limpezas do prédio, com comportamentos estranhos. Uma película cheia de reviravoltas e enganos entre os personagens, mas filmada já com alguma mestria por Bong Joon-Ho, nesta que é a sua primeira longa-metragem. Divertido e escorreito na narrativa e cenografia, de um típico ambiente urbano moderno.
Ópera do Malandro
3.6 517.0 - Um musical brasileiro, baseado em duas obras: Ópera dos Mendigos, de John Gay, e a Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht, a partir de uma peça musical de Chico Buarque, famoso músico brasileiro.
Algo teatral, esta adaptação cinematográfica, realizada por Ruy Guerra, onde assistimos à vida de um pequeno galã e malandro, Max Overseas (Edson Celulari), que acaba seduzido pela jovem Ludmila (Cláudia Ohana), filha do seu maior inimigo (Otto Struedel); isto tudo num cenário de vielas e bares, casas de prostitutas e contrabando, e tendo como pano de fundo a II Guerra Mundial e as duas facções antagónicas que dividiam o Brasil, face ao conflicto: por um lado, o apoio popular aos aliados e aos EUA, por outro, o apoio institucional do governo brasileiro da altura, ao regime nazi alemão.
Destaque sobretudo, para os actos musicais da autoria de Chico Buarque e para a presença de outro grande nome da música brasileira: Elba Ramalho (aqui no papel de Margot, uma prostituta mulher/amante de Max).
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4.1 1,1K Assista Agora8.0 - Uma película de Pedro Almodóvar, um pouco mais melodramática do que o habitual neste realizador. A história em si, segue duas irmãs, Raimunda (Penélope Cruz) e Sole (Lola Dueñas), cuja mãe Irene (Carmen Maura) falece, mas de repente, começa a "aparecer-lhes" novamente, como um fantasma ou alguém que morreu e volta à vida para lhe realizarem um último desejo.
Trata-se de um filme mais introspectivo, e não tanto cómico como habitual em Almodóvar, com a música de Alberto Iglesias, a ajudar na ambiência da fita.
Palombella Rossa
4.0 46.9 - Uma película de difícil leitura, realizada por Nanni Moretti, onde seguimos um homem amnésico (após um acidente de viação), num jogo de pólo aquático, numa espécie de reflexão sobre o Partido Comunista Italiano, e seus respectivos objectivos e desejos para a sociedade, suas hesitações e dúvidas (existenciais?) e seus problemas e esperanças para o futuro. Apesar de a espaços divertido e também surreal, perde-se um bocado na semântica dos seus diálogos, sem deixar de ser interessante!
Monster: A Ressurreição do Mal
2.7 448.0 - Um filme de terror como já não se faz, onde se notam as limitações do orçamento, mas com um desenvolvimento escorreito. Apesar de não ter grandes figuras, nem grandes interpretações, a história é bem construída e sem pretensiosismos, ou não fosse Clive Barker, o argumentista de serviço. Pode-se dizer que não existe aqui grande intensidade psicológica das personagens, mas a realização de George Pavlou é eficaz, e o filme demonstra logo ao que vem: puro "slasher", com muito sangue e tripas... Pode-se lá pedir melhor...
Todos os Sonhos do Mundo
3.6 18.1 - Retrato de uma típica adolescente, filha de imigrantes portugueses, em França, dividida entre um mundo cosmopolita, e um mundo rural, entre França e Portugal, mas também entre o mundo desconhecido, do futuro que a espera no mundo dos adultos, algo próprio da adolescência.
Uma película muito interessante, realizada por Laurence Ferreira Barbosa, com bom ritmo e bem desenvolvida, com a excelente interpretação de Paméla Constantino Ramos (Paméla), no papel da adolescente indecisa e dividida, entre as suas raízes e o mundo/sociedade que a acolheu, a si e aos seus familiares. Aconselhável visionamento!
Os Dois Irmãos
3.5 17.9 - Nesta película, realizada por Francisco Manso, entre o drama e a comédia, assistimos ao retorno de um imigrante (André/Flávio Hamilton), à sua comunidade de origem (Cabo Verde), para "limpar" a honra da sua família, manchada pelo próprio irmão e sua própria mulher, que deixou no local, e que se envolveram sexualmente. Da dúvida inicial, à estranheza do retorno às origens, presenciamos aqui, ao condicionamento social local, daquela pequena comunidade, que se sobrepõe ao indivíduo e seu pensamento livre, levando-o a proceder conforme o esperado/desejado por esta, e não pelo bom senso individual.
Um filme que se vê relativamente bem, com uma boa interpretação, sobretudo de Flávio Hamilton e do "miúdo" Sandro Gomes, entre o drama, a comédia e o filme de tribunal, mas também com um pouco de crítica social acutilante.
Operação Outono
4.0 16.5 - Uma mera reconstituição histórica, realizada por Bruno de Almeida, do assassinato de Humberto Delgado, pela PIDE, em Espanha e posterior julgamento dos principais intervenientes, já após o 25 de Abril de 1974.
Sem grande brilho, Humberto Delgado merecia mais, do que este mero "fait-divers"!
Axilas
1.9 25.9 - Um aparente filme cómico, de José Fonseca e Costa, que falha redondamente na sua comicidade, talvez devido ao seu argumento rebuscado, apesar de alguns nomes de renome, no seu elenco.
Seguimos aqui, a vida do estouvado Lázaro de Jesus (Pedro Lacerda), que apesar da educação rígida e religiosa da sua mãe (Júlia/Elisa Lisboa), faz tudo para transgredir e gozar a vida.
Apesar do eventual potencial da história, assistimos aqui a um desolador falhanço nas piadas, que, além de forçadas, chegam ao extremo do mau gosto; ao talento desperdiçado dos actores e actrizes, como os já referidos e também: José Raposo, Rui Morisson, Paula Guedes e Margarida Marinho; mas igualmente a um cenário cinematográfico pobre. A evitar!
Transe
3.2 46.9 - Um filme algo enigmático, característico da forma de filmar de Teresa Villaverde, sobre o tráfico humano na Europa. Nele, seguimos Sónia (Ana Moreira), uma rapariga a viver em São Petersburgo, Rússia, que desiludida (e desesperada) com a vida de miséria e sem perspectivas na sociedade russa, emigra para o Ocidente, onde arranja trabalho na Alemanha. Mas após uma rusga dos Serviços de Estrangeiros Alemão, acaba por cair nas mãos da prostituição, onde acabamos por assistir à sua degradação física e mental.
Em parte, é uma película interessante devido ao assunto retratado, por outro é algo secante e demasiado enigmático na sua leitura/visualização.
Um Pequeno Favor
3.3 694 Assista Agora7.1 - Um filme algo insípido, entre a comédia e o filme policial, sem convencer em nenhum dos dois estilos cinematográficos. Nem Anna Kendrick, nem Blake Lively (as principais protagonistas da película), parecem inspiradoras ou convincentes, neste argumento algo rebuscado. A história, em si, gira à volta de duas mães, uma simples e contida (Stephanie Smothers/Anna Kendrick) e outra uma empoderada executiva, de carácter selvagem e livre de preconceitos (Emily Nelson/Blake Lively). Esta última desaparece e é Stephanie que toma as rédeas da investigação, com desenvolvimentos que até à própria surpreendem...
Flee: Nenhum Lugar Para Chamar de Lar
4.3 129 Assista Agora7.7 - Uma história baseada em factos reais, de um refugiado afegão gay, que conta os acontecimentos passados numa espécie de entrevista, sendo a estrutura do filme em forma de documentário, de animação e imagem real.
Ao drama de se fugir ao seu próprio país (neste caso, o Afeganistão) e ao que já se "conhece", soma-se o drama pessoal de ter de esconder algo mais: a sua homossexualidade; ainda mais sendo de origem de uma sociedade fechada e mais conservadora, como o é a afegã. Interessante como "retrato" puro e duro da realidade vivida por muitos refugiados, a viverem num mundo "desconhecido" e até opressivo e, por vezes, perigoso.
Photo
3.5 17.8 - Uma história relativamente interessante, filmada por Carlos Saboga, com uma estrutura narrativa e visual, parecida com um álbum fotográfico, na apresentação dos personagens envolvidos na trama. De resto, à excepção deste ponto, nada ou pouco mais se destaca nesta criação cinematográfica, que até se vê bem, mas que acaba meio sem sentido. A história gira à volta de uma jovem, cuja mãe (uma renomada jornalista fotográfica) morreu, e cujo legado são várias fotografias pessoais, de exilados portugueses, em França, com os quais viveu em tempos idos; existindo a possibilidade de um deles ser o seu verdadeiro pai, o que leva esta jovem a fazer essa busca, digamos, por conhecimento da história passada de sua própria mãe.
Revolta
4.2 17.5 - Uma película algo palavrosa, centrada no diálogo entre as personagens, mais do que em acontecimentos visuais. Trata-se de uma comédia dramática, recheada de um certo cinismo nos diálogos entre os personagens, com questões interpessoais na base do argumento, que gira à volta de traições e desistências (ou não) das mesmas. Isto tudo, no meio de uma pandemia, uma crise económica e uma sublevação popular (uma espécie, portanto, de "fim do mundo"). Um filme actual no discurso, com referências às redes sociais e à já referida pandemia (a que não será alheio a data da sua própria realização), e de certa forma, em como todos os últimos acontecimentos mundiais alteraram ou transformaram as pessoas e o seu modo de agir/estar; mas demasiado teatral na sua essência (desde o número reduzido de personagens ao espaço cénico diminuto), e só a espaços divertido.
Sem Escalas
3.5 902 Assista Agora7.8 - Um mero filme de acção, realizado por Jaume-Collet Serra, e veículo para Liam Neeson (Taken) "despachar" mais uns bandidos. Desta feita, Bill Marks (Liam Neeson), um agente federal, caído em desgraça e alcoólico, é ameaçado de ser o culpado da morte de um passageiro a cada 20 minutos, se não fôr feita uma transferência de 150 milhões para uma conta bancária. Basicamente, seguimos Bill/Neeson a tentar descobrir e impedir quem ameaça a sua própria vida e a dos restantes passageiros desse vôo, sem grande brilho cinematográfico ou até alarido de efeitos especiais. Uma daquelas películas que, meramente se vê, mas fácilmente se esquece!
O Jardim Secreto
3.0 91 Assista Agora8.2 - Um filme de fantasia, sobre a capacidade de uma criança "imaginar" mundos fantasiosos e mágicos. Nesta película, uma rapariga orfã, mas mimada, é enviada e acolhida, numa velha mansão do seu tio, em Inglaterra, após a morte de ambos os pais. Mas, a mansão, assim como o seu tio, escondem alguns segredos, ligados ao passado. A curiosidade e a "imaginação" de Mary (a rapariga orfã) vão fazer o resto, abrindo-lhe todo um mundo mágico, na forma de um jardim secreto.
Uma película que se vê bem, que mesmo sem ser espectacular, tem uma história/argumento interessante. O único defeito será faltar-lhe um pouco mais de emoção.
Nossa Vida com Cães
3.5 438.3 - Uma ternurenta comédia romântica, em que o principal elo de ligação, entre os seres amados (e os personagens do filme), são os cães - esse animal, já de si, originador de afectos e carinhos quer de crianças, quer de graúdos. De facto, dir-se-ia que o(s) personagen(s) principai(s) deste filme, são da espécie canina, sendo eles o fio condutor desta divertida trama. Além de serem, eles, os cães, o elo de união das personagens humanas. Uma agradável surpresa, esta divertida q.b. comédia de Ken Marino, e com as babes Vanessa Hudgens e Eva Longoria.
Mosquito
3.7 58.4 - Um filme surpreendente de João Nuno Pinto, que tinha tudo para se tornar numa daquelas películas de carácter pretensioso e, de certa forma, entediante, tão característico de alguma cinematografia portuguesa, "dita" de qualidade. Mas a edição das imagens, e a sua junção com a banda sonora, aliada a uma impressionante interpretação de João Nunes Monteiro, como Zacarias, um jovem soldado português enviado, na Primeira Guerra Mundial, para combater, em solo africano, nomeadamente em Moçambique, o exército alemão.
Mas mais do que vermos um retrato da guerra, puro e duro, vemos uma Viagem e uma espécie de "coming of age", ou seja, uma transformação de um jovem imaturo e pouco experiente, num verdadeiro Homem feito, com a consequente (ou inata) "perda de inocência", perante um cenário abrasador (e opressivo) da natureza e sol africanos. De certa forma, João Nuno Pinto consegue que o espectador "torça" pelo sucesso de Zacarias, perante as peripécias e dificuldades da sua viagem, que o leva, inclusíve, ao limite da sanidade mental. Uma agradável surpresa!
Faz-me Companhia
2.5 15.0 - Um filme de suposto terror, pretensioso e lento, recheado de uma espécie de esoterismo cinematográfico bacoco, através do desfilar de imagens, planos e até banda sonora a condizer, tudo para criar um terror superficial e pouco convincente. A evitar!
Brilho de uma Paixão
3.7 383 Assista Agora8.1 - Um filme sobre o amor e a fonte de inspiração de John Keats, escritor e poeta inglês, que morreria arruinado e ainda jovem de idade, mas cuja obra se tornaria imortal. Nesta película, seguimos os últimos dias de John Keats e o amor crescente para com Fanny Brawnee, e como este contribuiu para a sua obra literária.
Trata-se, enfim, de um filme romântico, de Jane Campion (realizadora, mais conhecida por "O Piano"), que falha na intensidade desse amor retratado, faltando-lhe a "chama da paixão". Embora se veja bem, e seja eficaz como entretenimento, apenas não se torna "apaixonante"!
Diamantino
3.2 335.5 - Um daqueles filmes só possíveis na filmografia portuguesa, com "tudo à mistura", temas meio esotéricos ou dúbios, e diálogos ou argumentos estranhos. Neste "ovni" da cinematografia portuguesa, realizado por Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, começamos com a linguagem açoriana ao longo de toda a película, um personagem com clara inspiração em Cristiano Ronaldo, passando por temas sociais muito actuais, como a crise dos refugiados, as modificações genéticas, até à ganância desmedida, à ignorância (pessoal) grassante e neo-fascismos, e até um pouco de ficção científica. Uma "salganhada" que acaba por não ser mais do que isso: uma "salganhada"!
Mother - A Busca Pela Verdade
4.1 2798.4 - Um multi-premiado filme do mestre Bong Joon-Ho, aqui numa espécie de homenagem a todas as verdadeiras mães, com o seu amor incondicional pelos seus filhos, façam ou sejam, o que eles querem/são. A história gira à volta de uma mãe super-protectora, que tudo faz para proteger o seu querido filho, mentalmente deficiente/atrasado, que foi acusado da morte de uma jovem. Assim, e face a um sistema judicial, com caso encerrado, esta mãe enceta a sua própria investigação policial, disposta a tudo... até matar... pela inocência do filho. Um drama em tom policial/criminal, com o tradicional humor inteligente e bem doseado de Bong Joon-Ho, num argumento forte, interessante e, por vezes, polémico.
Memórias de um Assassino
4.2 366 Assista Agora8.4 - Mais um filme com a mestria cinematográfica de Bong Joon-Ho, relevante em pequenas cenas marcantes da película e da história retratada (baseada em factos reais), e pelo seu desenvolvimento geral seguro e eficaz, no que concerne o interesse do espectador na película. A história é a de uma investigação policial de uma série de assassinatos violentos de mulheres (que além de mortas, são violadas), por dois detectives locais, detentores de métodos pouco legais e/ou duvidosos e por um polícia vindo da capital, mais cerebral e cumpridor das normas, o que irá provocar alguns atritos entre ambos, embora o objetivo comum.
Mais uma vez, uma película entre a comédia e o drama, com um desenvolvimento forte e pincelada com pequenos toques de mestria na manipulação das imagens fílmicas, nesta que é a 2ª longa-metragem de Bong Joon-Ho.
28 1/2 (Vinte e Oito e Meio)
3.5 17.0 - Um filme, de Adriano Mendes, sobre a vivência urbana, de uma jovem, à procura de emprego, numa Lisboa recheada de estrangeiros e turistas. Vivencia-se, aqui, uma realidade depressiva, num filme que não fornece respostas imediatas, mas antes põe questões e dúvidas ao espectador, com as eventuais respostas a serem dadas pela reflexão deste, sobre o que é visionado. Interessante, mas algo arrastado.
Cão que Ladra não Morde
3.6 318.4 - Um filme de Bong Joon-Ho, entre a comédia e o drama, sobre um professor desempregado e irritado com o ladrar constante de um cão de um vizinho, ao ponto de pensar em esganá-lo. De outro lado, uma jovem e entediada rapariga, entre a depressão e o alheamento e um homem das limpezas do prédio, com comportamentos estranhos.
Uma película cheia de reviravoltas e enganos entre os personagens, mas filmada já com alguma mestria por Bong Joon-Ho, nesta que é a sua primeira longa-metragem. Divertido e escorreito na narrativa e cenografia, de um típico ambiente urbano moderno.