7.9 - Uma mulher, como tantas outras, com o marido a lutar no Ultramar, sem notícias do mesmo e a criar dois filhos, decide fazer algo, quer por si própria, quer por outras na mesma situação (e com a oposição dos seus próprios pais), e ao mesmo tempo, dar alento aos militares, a vivenciarem a dura realidade de uma guerra longe do seu país e dos seus, fazendo mensagens gravadas por familiares dos mesmos e destinados a estes. Um filme, realizado por Sérgio Graciano, tipo "murro no estômago", sobre o sofrimento e angústia, quer dos que ficaram (os familiares), quer dos intervenientes (os militares) na Guerra Colonial, mas também sobre a dúvida/incerteza pessoal sobre como proceder ou o que fazer face aos acontecimentos vivenciados. Muito interessante e com uma óptima interpretação, no papel principal, de Gabriela Barros (no papel de Maria da Luz, baseado em acontecimentos reais).
6.9 - Uma película, realizada por Leonardo António, com uma ambiência e desenvolvimento no campo do suspense e/ou thriller, algo confusa e arrastada, mas com uma parte final intensa. A história segue uma enfermeira de uma unidade de cuidados a pessoas queimadas, com os seus problemas matrimoniais e emotivos próprios, que se envolve com o principal suspeito de uma série de crimes, em que as vítimas são, precisamente, queimadas. Um filme algo "fora-da-caixa", com imagens fortes e duras, acompanhadas por alguns efeitos de câmara também eles algo incomuns (e que reforçam a tensão da trama visualizada), e uma banda sonora, também ela muito adequada às imagens e tensão que percorre o ecrã, da autoria de Rodrigo Leão (N.R. - talvez o elemento de maior qualidade da película - que aparece num "cameo", com a sua actual banda, a interpretar a sua própria música). Destaque, além da banda sonora, para o argumento interessante e a intensidade de algumas imagens e da parte final do filme.
6.9 - Uma pequena curta-metragem, realizada por Jean-Martin Gagnon, que segue um grupo de homens em convívio, num local isolado pela neve do Inverno, e que em tom cómico, e na sequência de um "acontecimento" durante essa estadia, alude aos efeitos negativos do uso de drogas e à consequente "alienação".
8.5 - Uma versão "diferente" da clássica história da Cinderela! Nesta animação, de origem italiana, realizada a 4 mãos por Alessandro Rak, Ivan Cappiello, Marino Guarnieri e Dario Sansone, assistimos à junção do tradicional conto da Cinderela, com elementos futuristas e elementos "tipicamente" italianos, com a história a desenvolver-se num navio ancorado no porto de uma futura e decadente Nápoles, e com uma trama que envolve tráfico de drogas, criminosos/mafiosos e traições amorosas. Apesar do traço, menos bem definido (face à anime japonesa), desta animação, o desenvolvimento e a conjugação da ambiência retro-futurista, aliada à excelente banda sonora original de Antonio Fresa e Luigi Scialdone, tornam esta película muito interessante de visualizar e de notável e surpreendente qualidade!
7.0 - Uma película, realizada por Susanne Bier, que apesar de protagonizada por um par de sucesso, já confirmado anteriormente, no cinema norte-americano, nomeadamente, Bradley Cooper e Jennifer Lawrence (em "Guia Para Um Final Feliz"), foi um tremendo "flop" nas bilheteiras (N.R. - de um orçamento de 30 milhões de dólares, só fez 5 milhões, mundialmente). Apesar da história com algum potencial, e das cenas mais apimentadas ao longo do filme, o seu desenvolvimento é lento, algo "sereno" e pouco movimentado, e até as interpretações deste par e ainda de Rhys Ifans, não "alavancam" a película, que demonstra alguma superficialidade. A história em si, gira à volta de George Pemberton, um madeireiro, cujo casamento com uma mulher loira e bonita, e de carácter forte, ameaça a amizade com o seu sócio, com os seus empregados e até a vida de um filho ilegítimo. O típico filme "não aquece, nem arrefece".
7.9 - Um interessante filme, realizado por Manoel de Oliveira, que se apresenta como uma espécie de retrato da História Mundial, de tempos longínquos aos dias de Hoje, apresentado como uma aula de História de uma mãe (professora universitária, precisamente, desta mesma disciplina) a uma filha pequena, enquanto viajam num cruzeiro pelo Mediterrâneo, a caminho de Bombaim, onde se encontrarão com o marido/pai, respectivamente. Pelo caminho, visitamos velhos monumentos históricos e marcos da Antiguidade, desde Lisboa a Atenas, Istambul e Cairo (entre outras), sempre acompanhados pelo diálogo de explanação histórica, quer entre mãe e filha, quer com encontros com os "locais" dessas geografias. Para finalizar, e sem querer revelar muito das cenas finais (ou seja, sem ser "spoiler"), assistimos a uma talvez "visão pessimista" dos dias de hoje (ou do que estes poderão trazer no futuro!). Além de Leonor Silveira, presença habitual em filmes de Manoel de Oliveira, contamos também com actores de renome internacional, como John Malkovich, Catherine Deneuve, Stefania Sandrelli e Irene Pappas.
6.9 - Uma película, realizada por Francisco Ferreira e protagonizada por um dos próprios argumentistas (Carlos Soto), para TV, que começa num tom de comédia, cheia de calão e linguagem vernácula, sem grande graça ou comicidade, mas que termina em forma de drama pesado e psicológicamente forte (N. R. - assim ao jeito da vida humana, da inocência, à consciência pesada dos próprios fracassos, falhas ou culpas). A história em si, segue dois amigos que trabalham num videoclube, mas que à parte gerem (ou tentam gerir) um negócio pessoal de estupefacientes, o que tem tudo para correr mal. O melhor do filme será a presença, sempre sensual, de Victoria Guerra, e de uma inesperada personagem, desempenhada por Filomena Cautela.
6.7 - Um filme de Manoel de Oliveira, baseado na obra "Jóia de Família", da escritora e poetisa Agustina Bessa-Luís, que mistura temas contemporâneos com cenários e um ambiente "tradicionalista" das antigas quintas ou solares do Douro de outras épocas. A história em si, gira à volta de amores desencontrados e casamentos de conveniência/"arranjados", traições e também crimes. Pelo meio, diálogos com críticas subjacentes ou implícitas sobre temas actuais e também muito simbolismo. Não sendo um filme fácil, destacam-se as interpretações de Leonor Baldaque e Leonor Silveira e os "violinos" de Shlomo Mintz (N. R. - para mim o melhor da película).
8.6 - Um dos maiores "flops" cinematográficos de 2019, que embora seja um filme de Ficção Científica, onde assistimos à invasão de uma força alienígena que subjuga os líderes terrestres, mas onde temos um toque de "diferença" relativamente ao habitual estilo hollywoodiano, o que talvez tenha sido a razão do seu próprio fracasso nas bilheteiras (N.R. - de um custo de produção de 25 milhões de dólares, esta película, realizada por Rupert Wyatt, apenas rendeu "quase" 9 milhões de dólares!). Em vez de uma película com muita acção e efeitos especiais (ao jeito Marvel), assistimos a algo mais contido, ainda assim com alguma acção e efeitos especiais, mas com maior amplitude psicológica das personagens e da própria história/argumento, com um desenvolvimento mais lento mas seguro, acompanhado de boas e intensas interpretações (sobretudo de John Goodman) e de uma banda sonora sóbria mas bem adequada ao clima cinematográfico da película, escolhida por Rob Simonsen. É de mencionar também a clara alusão e analogia existente na película, a um estado Ditatorial, entre Resistência e Colaboracionismo, entre a Ditadura encapotada de apaziguadora e defensora do bem-estar e paz social e mundial (dos aliens, e seus colaboradores, governantes, a soldo dos mesmos, e seus "bufos"/denunciadores) e a vontade de libertação de um jugo opressor, por parte da "arraia miúda", dos mais afectados na distribuição dos recursos (os lutadores/resistentes), com uns de um lado, e outros de outro, em facções antagónicas. Uma agradável surpresa... apesar da falha nas bilheteiras mundiais!
6.9 - Um filme de comédia ligeira, realizado por Artur Semedo, e protagonizado por Mário Viegas, que começa por um estilo de documentário televisivo, em jeito de entrevistas de um jornalista (aliás verdadeiro: Joaquim Letria), mas que acaba numa série de "flashbacks" a contarem a estranha história de D. Lucas Telmo de Midões, pretendente ao trono das Berlengas, território insular perdido séculos atrás, para D. Afonso Henriques, o Conquistador de Portugal. Tendo como ponto de partida uma espécie de biografia pessoal, passamos a visualizar, nesta película, o desenrolar de alguns episódios relevantes da própria História colectiva de Portugal, em tom jocoso e em jeito de ligeira crítica social. Interessante e, a espaços, com alguma comicidade.
6.9 - Filme que retrata as aventuras e desventuras do navegador português, Fernão Mendes Pinto, a partir dos textos que nos deixou, efectuado e realizado por João Botelho, de forma algo teatral, com apontamentos musicais baseados na obra "Por Este Rio Acima", do músico e compositor português Fausto. Esquecido e relegado para 2º ou 3º plano pelos seus conterrâneos (face a nomes mais sonoros como Luís Vaz de Camões, João de Barros e Fernão Lopes de Castanheda), assistimos também aos seus últimos dias na nossa pátria, terra que o viu nascer, mas que não o reconheceu em vida. Interessante como crónica histórica, mas demasiado teatral e encenado (dir-se-ia, até, "fantasioso demais", um pouco à semelhança da opinião, dada na altura, à obra original de Fernão Mendes Pinto, com o mesmo nome do título deste filme).
7.5 - Antes de mais, uma película "diferente", é a sensação com que ficamos ao visualizar este filme, realizado por Alice Winocour. O tema é sobre a ida ao espaço de uma astronauta, que se separa da sua filha de 8 anos de idade, para prosseguir o seu "sonho de vida": ser astronauta e viajar no Espaço sideral. Podia-se esperar um filme de acção, suspense ou mesmo terror, mas em vez disso, assistimos a toda a problemática que envolve a vida, o esforço pessoal, e os laços que se expõem a um duro teste, perante uma situação que se pode considerar "de limite", pois tal viagem (a espacial), acarreta riscos (de separação, de isolamento, e em último e pior caso, de vida). Um filme interessante, talvez com um ritmo algo lento e contemplativo, mas com bastante força psicológica, chegando ao ponto de ser até emocionante, ao que não é alheio o excepcional e convincente desempenho de Eva Green. A acompanhar, e para destacar também, a música de Ryuichi Sakamoto.
8.9 - Um filme tipo "feel good movie", com comédia, drama e boa música, realizado por Gurinder Chadha. A narrativa gira à volta de um jovem de origem paquistanesa, a viver em Luton Town, um subúrbio de Londres, numa tradicional família, com um pai rígido na manutenção das tradições originárias. Contudo o jovem aspira a mais e a algo diferente, a nível pessoal e profissional (quer ser escritor), perseguindo os seus sonhos e conhecendo um "Mundo" melhor e maior. Entre dois mundos, e face ao marasmo e falta de perspectivas profissionais e de futuro, acrescida da desconfiança e até racismo da comunidade britânica (ou pelo menos, de parte da mesma), este jovem refugia-se na música de Bruce Springsteen, que aqui se torna o fio condutor da película e da mente do jovem e, também, do seu "crescimento" pessoal. A realizadora Gurinder Chadha alia uma temática já recorrente na sua filmografia, do jovem "deslocado", a viver numa sociedade diferente da dos seus pais, e do equilíbrio complicado entre tradição familiar e "novos costumes", neste caso, à música e letras de Bruce Springsteen, sempre omnipresentes ao longo da película, como uma espécie de força motivadora e condutora desse jovem, e sua respectiva ânsia de mudança e "alargar de horizontes" pessoais. Um filme emocionante e divertido, com a música de qualidade reconhecida do intérprete já citado, mas também de outros clássicos dos anos 80, escolhidos pelo encarregado da banda sonora: A. R. Rahman. Muito aconselhável, pelas razões já citadas mas também pela beleza da "piquena" Nell Williams!
8.5 - Um filme onde se assiste à emancipação de uma mulher (Laura/Marisa Cruz), vítima de um casamento "quase" forçado (estando grávida), de violência doméstica por parte do marido, e de uma sociedade rural, retrógada e repressiva (Portugal dos anos 50/60), que foge para uma cidade, sem o filho recém-nascido (mas não esquecido) e que se transforma numa mulher sensual e desejada pela maioria dos homens, com a ajuda de uma tia "diferente". E até no aspecto visual, essa transformação se dá: do inicial aspecto recatado , à paixão pela diva Marylin Monroe, a quem se acaba por parecer esteticamente, e também fisicamente, na cor loura do cabelo. Pelo meio, temos um filme de visualização fácil, recheado de grandes nomes da nossa praça (Nicolau Breyner à cabeça, mas também, Rui Unas, Marcantonio Del Carlo, João Lagarto, Susana Mendes, Teresa Madruga, e Afonso Pimentel, entre outros), com imagens icónicas em jeito de homenagem (aliás assumida pelo realizador António da Cunha Telles) ao cinema de outros grandes realizadores, uma boa banda sonora escolhida por José Calvário e sensualidade... muita sensualidade!!!
7.5 - Uma película, de Edgar Pêra, de comédia "fácil" e recheada de estereótipos usuais (na linha da temática escolhida), além de figuras conhecidas dos ecrãs portugueses, como: Diogo Morgado, Jorge Corrula, Diana Monteiro, Nuno Melo, Marina Albuquerque, Melânia Gomes, Rui Unas, Nicolau Breyner, José Wallenstein e até Anselmo Ralph e Bárbara Guimarães como "eles próprios". A trama gira à volta da "amnésia" de um escritor de sucesso, gay, que acorda sem se recordar da sua preferência sexual específica, rejeitando, assim, o namorado (de à 5 anos), e tudo o que lhe parece "gay" e até procurando os prazeres heterossexuais. Embora com comédia divertida q.b., o filme demonstra uma superficialidade elevada e uma ligeireza enorme no tratamento do tema em questão.
7.4 - Uma espécie de ficção-científica retro-futurista, realizada por Alice Waddington, onde raparigas rebeldes são "institucionalizadas" à força, numa ilha paradisíaca, para se tornarem jovens submissas e obedientes, a seus pais e/ou futuros maridos, numa sociedade dividida entre "Superiores" e "Inferiores". Apesar da premissa promissora, de análise e crítica social implícita (e relevante) na referida divisão social, e apesar da qualidade cénica da película, esta perde-se numa junção de vários estilos (ora ficção científica, ora romance, ora terror ou thriller) e temas (sociedade, géneros sexuais ou identitários e até outros temas mais esotéricos, estranhos ou fantasiosos ( - N.R. - Se visionarem até ao fim da película irão perceber!), que aliada à fraqueza psicológica dos personagens e à falta de originalidade ( N.R. - Muitas vezes acaba-se a pensar: "Onde é que já vi isto?", embora se diga ou considere, que se tratam de homenagens aos filmes dos anos 80), tornam o filme um verdadeiro "flop"! Vale pelas "babes" (Emma Roberts, Eiza González, Awkwafina e Milla Jovovich) e pela cenografia toda... e pouco mais!
8.9 - Último filme de Luis Buñuel, onde assistimos ao amor, quase obssessivo, entre um senhor já de alguma idade (avançada) e uma jovem e bonita rapariga (dir-se-ia uma espécie de "Lolita" - Conchita - a belíssima Carole Bouquet), sendo ele um homem rico e abastado, e ela uma "simples" criada, de passado e presente duvidosos. Da "repulsa" inicial, por parte da jovem, presenciamos a uma espécie de jogo do "gato e rato", com a jovem a demonstrar abertura para esse amor, mas sempre recusando a concretização "física" do mesmo. Pelo meio, algumas cenas surrealistas (ou não estivéssemos perante um filme de um dos mestres deste género de arte), como a ambiência de um clima de atentados terroristas, numa película com um humor subtil e refinado, numa espécie de retrato do amor entre o Homem e a Mulher e também com alguma crítica social, relativa à diferença entre classes (sociais), à mistura. Muito aconselhável visionamento!
8.0 - Uma película, realizada por Jorge Pelicano, que partindo de uma temática "complicada" ou polémica, como é a homossexualidade e a pornografia, nos fornece uma imagem pungente da solidão, da falta ou dificuldade de comunicação entre gerações diferentes (entre pais, filhos e família) e, sobretudo, da "força" do Amor maternal. Neste filme, meio-documental, meio-ficcionado, acompanhamos a história de uma mãe (que embora nem seja a "biológica"), que apesar da repulsa inicial da descoberta de o seu filho ser gay e também actor pornográfico, tenta estabelecer laços duradouros com este filho, apesar também do seu afastamento físico (ou geográfico) e comunicacional. Assistimos, com demonstrada mestria, a ambos os lados da questão, o da mãe e também ao do filho, e no seu término, a uma espécie de "reencontro" final. Uma surpresa, interessante e até emotiva.
8.0 - Uma película de terror portuguesa, realizada por Tiago Guedes e Frederico Serra, um pouco ao estilo de "Os Outros/The Others" e das temáticas de casas amaldiçoadas por acontecimentos macabros do passado. Recheado de actores e actrizes portuguesas já com algum destaque, tais como: Adriano Luz, Manuela Couto, Sara Carinhas, Afonso Pimentel, José Pinto, João Pedro Vaz, Elisa Lisboa, Filipe Duarte, Miguel Borges, Sara Barradas (entre outros...), é um filme que tenta juntar as velhas crenças e lendas do Interior de Portugal (com "bruxas, exorcismos, possessões, Diabo e Deus"), por um lado, e a dúvida ou rejeição científica/pensamento racional, por outro lado. Interessante história e desenvolvimento, mas com pouco (ou nenhum) "susto". Curiosidades: o argumento é de Rodrigo Guedes de Carvalho, conhecidíssimo jornalista da TV em Portugal, e também escritor literário. É também o irmão mais velho do próprio realizador Tiago Guedes.
8.0 - Uma surpresa esta comédia, de João Botelho, protagonizada por Rogério Samora e com a companhia de várias actrizes (e actores) de renome em Portugal. Trata-se de uma película em que acompanhamos um motorista (algo estouvado) e seu patrão (algo temeroso), em viagem de carro, em que vão contando as histórias de amores (e sobretudo desamores) e traições amorosas que viveram ou que ouvem da boca de outros personagens, tudo em tom jocoso e divertido, numa espécie de crítica ou reflexão (negativa) sobre o Amor, um pouco na linha daquela "velha frase/pensamento" : "O Amor é a doença dos tolos"!
3.8 - Uma película, de Pedro Costa, que se poderá chamar de "esquisita", não só pela ambiência e imagens nela visualizadas, como também pelos diálogos quase inexistentes, ou que a existirem, são monocórdicos e esquálidos. Tal deve-se, em parte (ou mesmo, devido a esta mesmíssima razão) ao tema retratado: a miséria, a pobreza extrema, o desespero e até a depressão (pessoal e também social).
5.7 - Uma película, realizada por Pedro Costa, com uma temática e imagética algo sombria e pesada. Tendo como ponto de partida a morte de um imigrante de Cabo Verde, assistimos à vinda da sua esposa ("que lá ficou", e que chega agora a Portugal, já depois do marido estar enterrado), numa espécie de crítica social da pobreza, desespero, degradação, abandono e condições de vida destes imigrantes em Portugal (ou na Europa), ao aliar as imagens escuras, sombrias, pesadas, recheadas de ambiência negra (tal como a cor dos próprios), aos diálogos/pensamentos/vivências dos personagens. Demasiado longo, experimental e difícil de visualizar.
7.0 - Um filme baseado em factos reais (de práticas abusivas, por parte dos Serviços de Assistência Social Britânicos, sobre famílias emigrantes), realizado por Ana Rocha (uma conhecida actriz portuguesa), e protagonizado por Lúcia Moniz (numa excelente interpretação) e Ruben Garcia (outra boa interpretação, mas mais secundária ou de menor impacto), que opta por uma abordagem quase documental, embora ficcionada. De facto, embora a referida ficção, seja baseada na realidade, a cinematografia usada e o tom do filme parece mais de um formato documental. Destaque para o tema, e sua importância, e para o desempenho multi-premiado de Lúcia Moniz (dentro e fora de fronteiras, inclusíve no Reino Unido).
4.5 - Uma película, de Catarina Vasconcelos, feita sobretudo, de imagens montadas, a acompanhar textos e cartas de um casal, ele embarcado, ela em terra, a cuidar dos filhos. Demasiado autoral e recheado de metáforas filosóficas, muitas vezes ou a maior parte delas, de difícil compreensão ou decifração. Apenas interessante numa ou outra alegoria imagética.
O Som que Desce na Terra
4.5 17.9 - Uma mulher, como tantas outras, com o marido a lutar no Ultramar, sem notícias do mesmo e a criar dois filhos, decide fazer algo, quer por si própria, quer por outras na mesma situação (e com a oposição dos seus próprios pais), e ao mesmo tempo, dar alento aos militares, a vivenciarem a dura realidade de uma guerra longe do seu país e dos seus, fazendo mensagens gravadas por familiares dos mesmos e destinados a estes. Um filme, realizado por Sérgio Graciano, tipo "murro no estômago", sobre o sofrimento e angústia, quer dos que ficaram (os familiares), quer dos intervenientes (os militares) na Guerra Colonial, mas também sobre a dúvida/incerteza pessoal sobre como proceder ou o que fazer face aos acontecimentos vivenciados. Muito interessante e com uma óptima interpretação, no papel principal, de Gabriela Barros (no papel de Maria da Luz, baseado em acontecimentos reais).
O Frágil Som do Meu Motor
2.8 16.9 - Uma película, realizada por Leonardo António, com uma ambiência e desenvolvimento no campo do suspense e/ou thriller, algo confusa e arrastada, mas com uma parte final intensa. A história segue uma enfermeira de uma unidade de cuidados a pessoas queimadas, com os seus problemas matrimoniais e emotivos próprios, que se envolve com o principal suspeito de uma série de crimes, em que as vítimas são, precisamente, queimadas. Um filme algo "fora-da-caixa", com imagens fortes e duras, acompanhadas por alguns efeitos de câmara também eles algo incomuns (e que reforçam a tensão da trama visualizada), e uma banda sonora, também ela muito adequada às imagens e tensão que percorre o ecrã, da autoria de Rodrigo Leão (N.R. - talvez o elemento de maior qualidade da película - que aparece num "cameo", com a sua actual banda, a interpretar a sua própria música). Destaque, além da banda sonora, para o argumento interessante e a intensidade de algumas imagens e da parte final do filme.
Pharmakon
3.0 16.9 - Uma pequena curta-metragem, realizada por Jean-Martin Gagnon, que segue um grupo de homens em convívio, num local isolado pela neve do Inverno, e que em tom cómico, e na sequência de um "acontecimento" durante essa estadia, alude aos efeitos negativos do uso de drogas e à consequente "alienação".
A Gata Cinderela
2.8 48.5 - Uma versão "diferente" da clássica história da Cinderela! Nesta animação, de origem italiana, realizada a 4 mãos por Alessandro Rak, Ivan Cappiello, Marino Guarnieri e Dario Sansone, assistimos à junção do tradicional conto da Cinderela, com elementos futuristas e elementos "tipicamente" italianos, com a história a desenvolver-se num navio ancorado no porto de uma futura e decadente Nápoles, e com uma trama que envolve tráfico de drogas, criminosos/mafiosos e traições amorosas. Apesar do traço, menos bem definido (face à anime japonesa), desta animação, o desenvolvimento e a conjugação da ambiência retro-futurista, aliada à excelente banda sonora original de Antonio Fresa e Luigi Scialdone, tornam esta película muito interessante de visualizar e de notável e surpreendente qualidade!
Serena
2.7 293 Assista Agora7.0 - Uma película, realizada por Susanne Bier, que apesar de protagonizada por um par de sucesso, já confirmado anteriormente, no cinema norte-americano, nomeadamente, Bradley Cooper e Jennifer Lawrence (em "Guia Para Um Final Feliz"), foi um tremendo "flop" nas bilheteiras (N.R. - de um orçamento de 30 milhões de dólares, só fez 5 milhões, mundialmente). Apesar da história com algum potencial, e das cenas mais apimentadas ao longo do filme, o seu desenvolvimento é lento, algo "sereno" e pouco movimentado, e até as interpretações deste par e ainda de Rhys Ifans, não "alavancam" a película, que demonstra alguma superficialidade. A história em si, gira à volta de George Pemberton, um madeireiro, cujo casamento com uma mulher loira e bonita, e de carácter forte, ameaça a amizade com o seu sócio, com os seus empregados e até a vida de um filho ilegítimo. O típico filme "não aquece, nem arrefece".
Um Filme Falado
3.6 387.9 - Um interessante filme, realizado por Manoel de Oliveira, que se apresenta como uma espécie de retrato da História Mundial, de tempos longínquos aos dias de Hoje, apresentado como uma aula de História de uma mãe (professora universitária, precisamente, desta mesma disciplina) a uma filha pequena, enquanto viajam num cruzeiro pelo Mediterrâneo, a caminho de Bombaim, onde se encontrarão com o marido/pai, respectivamente. Pelo caminho, visitamos velhos monumentos históricos e marcos da Antiguidade, desde Lisboa a Atenas, Istambul e Cairo (entre outras), sempre acompanhados pelo diálogo de explanação histórica, quer entre mãe e filha, quer com encontros com os "locais" dessas geografias. Para finalizar, e sem querer revelar muito das cenas finais (ou seja, sem ser "spoiler"), assistimos a uma talvez "visão pessimista" dos dias de hoje (ou do que estes poderão trazer no futuro!). Além de Leonor Silveira, presença habitual em filmes de Manoel de Oliveira, contamos também com actores de renome internacional, como John Malkovich, Catherine Deneuve, Stefania Sandrelli e Irene Pappas.
Videovigilância
3.0 16.9 - Uma película, realizada por Francisco Ferreira e protagonizada por um dos próprios argumentistas (Carlos Soto), para TV, que começa num tom de comédia, cheia de calão e linguagem vernácula, sem grande graça ou comicidade, mas que termina em forma de drama pesado e psicológicamente forte (N. R. - assim ao jeito da vida humana, da inocência, à consciência pesada dos próprios fracassos, falhas ou culpas). A história em si, segue dois amigos que trabalham num videoclube, mas que à parte gerem (ou tentam gerir) um negócio pessoal de estupefacientes, o que tem tudo para correr mal. O melhor do filme será a presença, sempre sensual, de Victoria Guerra, e de uma inesperada personagem, desempenhada por Filomena Cautela.
O Princípio da Incerteza
3.9 26.7 - Um filme de Manoel de Oliveira, baseado na obra "Jóia de Família", da escritora e poetisa Agustina Bessa-Luís, que mistura temas contemporâneos com cenários e um ambiente "tradicionalista" das antigas quintas ou solares do Douro de outras épocas. A história em si, gira à volta de amores desencontrados e casamentos de conveniência/"arranjados", traições e também crimes. Pelo meio, diálogos com críticas subjacentes ou implícitas sobre temas actuais e também muito simbolismo. Não sendo um filme fácil, destacam-se as interpretações de Leonor Baldaque e Leonor Silveira e os "violinos" de Shlomo Mintz (N. R. - para mim o melhor da película).
A Rebelião
2.6 126 Assista Agora8.6 - Um dos maiores "flops" cinematográficos de 2019, que embora seja um filme de Ficção Científica, onde assistimos à invasão de uma força alienígena que subjuga os líderes terrestres, mas onde temos um toque de "diferença" relativamente ao habitual estilo hollywoodiano, o que talvez tenha sido a razão do seu próprio fracasso nas bilheteiras (N.R. - de um custo de produção de 25 milhões de dólares, esta película, realizada por Rupert Wyatt, apenas rendeu "quase" 9 milhões de dólares!). Em vez de uma película com muita acção e efeitos especiais (ao jeito Marvel), assistimos a algo mais contido, ainda assim com alguma acção e efeitos especiais, mas com maior amplitude psicológica das personagens e da própria história/argumento, com um desenvolvimento mais lento mas seguro, acompanhado de boas e intensas interpretações (sobretudo de John Goodman) e de uma banda sonora sóbria mas bem adequada ao clima cinematográfico da película, escolhida por Rob Simonsen. É de mencionar também a clara alusão e analogia existente na película, a um estado Ditatorial, entre Resistência e Colaboracionismo, entre a Ditadura encapotada de apaziguadora e defensora do bem-estar e paz social e mundial (dos aliens, e seus colaboradores, governantes, a soldo dos mesmos, e seus "bufos"/denunciadores) e a vontade de libertação de um jugo opressor, por parte da "arraia miúda", dos mais afectados na distribuição dos recursos (os lutadores/resistentes), com uns de um lado, e outros de outro, em facções antagónicas. Uma agradável surpresa... apesar da falha nas bilheteiras mundiais!
O Rei das Berlengas
4.0 16.9 - Um filme de comédia ligeira, realizado por Artur Semedo, e protagonizado por Mário Viegas, que começa por um estilo de documentário televisivo, em jeito de entrevistas de um jornalista (aliás verdadeiro: Joaquim Letria), mas que acaba numa série de "flashbacks" a contarem a estranha história de D. Lucas Telmo de Midões, pretendente ao trono das Berlengas, território insular perdido séculos atrás, para D. Afonso Henriques, o Conquistador de Portugal. Tendo como ponto de partida uma espécie de biografia pessoal, passamos a visualizar, nesta película, o desenrolar de alguns episódios relevantes da própria História colectiva de Portugal, em tom jocoso e em jeito de ligeira crítica social. Interessante e, a espaços, com alguma comicidade.
Peregrinação
2.4 36.9 - Filme que retrata as aventuras e desventuras do navegador português, Fernão Mendes Pinto, a partir dos textos que nos deixou, efectuado e realizado por João Botelho, de forma algo teatral, com apontamentos musicais baseados na obra "Por Este Rio Acima", do músico e compositor português Fausto. Esquecido e relegado para 2º ou 3º plano pelos seus conterrâneos (face a nomes mais sonoros como Luís Vaz de Camões, João de Barros e Fernão Lopes de Castanheda), assistimos também aos seus últimos dias na nossa pátria, terra que o viu nascer, mas que não o reconheceu em vida. Interessante como crónica histórica, mas demasiado teatral e encenado (dir-se-ia, até, "fantasioso demais", um pouco à semelhança da opinião, dada na altura, à obra original de Fernão Mendes Pinto, com o mesmo nome do título deste filme).
A Jornada
3.4 51 Assista Agora7.5 - Antes de mais, uma película "diferente", é a sensação com que ficamos ao visualizar este filme, realizado por Alice Winocour. O tema é sobre a ida ao espaço de uma astronauta, que se separa da sua filha de 8 anos de idade, para prosseguir o seu "sonho de vida": ser astronauta e viajar no Espaço sideral. Podia-se esperar um filme de acção, suspense ou mesmo terror, mas em vez disso, assistimos a toda a problemática que envolve a vida, o esforço pessoal, e os laços que se expõem a um duro teste, perante uma situação que se pode considerar "de limite", pois tal viagem (a espacial), acarreta riscos (de separação, de isolamento, e em último e pior caso, de vida). Um filme interessante, talvez com um ritmo algo lento e contemplativo, mas com bastante força psicológica, chegando ao ponto de ser até emocionante, ao que não é alheio o excepcional e convincente desempenho de Eva Green. A acompanhar, e para destacar também, a música de Ryuichi Sakamoto.
A Música da Minha Vida
3.6 107 Assista Agora8.9 - Um filme tipo "feel good movie", com comédia, drama e boa música, realizado por Gurinder Chadha. A narrativa gira à volta de um jovem de origem paquistanesa, a viver em Luton Town, um subúrbio de Londres, numa tradicional família, com um pai rígido na manutenção das tradições originárias. Contudo o jovem aspira a mais e a algo diferente, a nível pessoal e profissional (quer ser escritor), perseguindo os seus sonhos e conhecendo um "Mundo" melhor e maior. Entre dois mundos, e face ao marasmo e falta de perspectivas profissionais e de futuro, acrescida da desconfiança e até racismo da comunidade britânica (ou pelo menos, de parte da mesma), este jovem refugia-se na música de Bruce Springsteen, que aqui se torna o fio condutor da película e da mente do jovem e, também, do seu "crescimento" pessoal. A realizadora Gurinder Chadha alia uma temática já recorrente na sua filmografia, do jovem "deslocado", a viver numa sociedade diferente da dos seus pais, e do equilíbrio complicado entre tradição familiar e "novos costumes", neste caso, à música e letras de Bruce Springsteen, sempre omnipresentes ao longo da película, como uma espécie de força motivadora e condutora desse jovem, e sua respectiva ânsia de mudança e "alargar de horizontes" pessoais. Um filme emocionante e divertido, com a música de qualidade reconhecida do intérprete já citado, mas também de outros clássicos dos anos 80, escolhidos pelo encarregado da banda sonora: A. R. Rahman. Muito aconselhável, pelas razões já citadas mas também pela beleza da "piquena" Nell Williams!
Kiss Me
3.5 18.5 - Um filme onde se assiste à emancipação de uma mulher (Laura/Marisa Cruz), vítima de um casamento "quase" forçado (estando grávida), de violência doméstica por parte do marido, e de uma sociedade rural, retrógada e repressiva (Portugal dos anos 50/60), que foge para uma cidade, sem o filho recém-nascido (mas não esquecido) e que se transforma numa mulher sensual e desejada pela maioria dos homens, com a ajuda de uma tia "diferente". E até no aspecto visual, essa transformação se dá: do inicial aspecto recatado , à paixão pela diva Marylin Monroe, a quem se acaba por parecer esteticamente, e também fisicamente, na cor loura do cabelo. Pelo meio, temos um filme de visualização fácil, recheado de grandes nomes da nossa praça (Nicolau Breyner à cabeça, mas também, Rui Unas, Marcantonio Del Carlo, João Lagarto, Susana Mendes, Teresa Madruga, e Afonso Pimentel, entre outros), com imagens icónicas em jeito de homenagem (aliás assumida pelo realizador António da Cunha Telles) ao cinema de outros grandes realizadores, uma boa banda sonora escolhida por José Calvário e sensualidade... muita sensualidade!!!
Virados do avesso
2.4 37.5 - Uma película, de Edgar Pêra, de comédia "fácil" e recheada de estereótipos usuais (na linha da temática escolhida), além de figuras conhecidas dos ecrãs portugueses, como: Diogo Morgado, Jorge Corrula, Diana Monteiro, Nuno Melo, Marina Albuquerque, Melânia Gomes, Rui Unas, Nicolau Breyner, José Wallenstein e até Anselmo Ralph e Bárbara Guimarães como "eles próprios". A trama gira à volta da "amnésia" de um escritor de sucesso, gay, que acorda sem se recordar da sua preferência sexual específica, rejeitando, assim, o namorado (de à 5 anos), e tudo o que lhe parece "gay" e até procurando os prazeres heterossexuais. Embora com comédia divertida q.b., o filme demonstra uma superficialidade elevada e uma ligeireza enorme no tratamento do tema em questão.
Presas no Paraíso
2.5 1267.4 - Uma espécie de ficção-científica retro-futurista, realizada por Alice Waddington, onde raparigas rebeldes são "institucionalizadas" à força, numa ilha paradisíaca, para se tornarem jovens submissas e obedientes, a seus pais e/ou futuros maridos, numa sociedade dividida entre "Superiores" e "Inferiores". Apesar da premissa promissora, de análise e crítica social implícita (e relevante) na referida divisão social, e apesar da qualidade cénica da película, esta perde-se numa junção de vários estilos (ora ficção científica, ora romance, ora terror ou thriller) e temas (sociedade, géneros sexuais ou identitários e até outros temas mais esotéricos, estranhos ou fantasiosos ( - N.R. - Se visionarem até ao fim da película irão perceber!), que aliada à fraqueza psicológica dos personagens e à falta de originalidade ( N.R. - Muitas vezes acaba-se a pensar: "Onde é que já vi isto?", embora se diga ou considere, que se tratam de homenagens aos filmes dos anos 80), tornam o filme um verdadeiro "flop"! Vale pelas "babes" (Emma Roberts, Eiza González, Awkwafina e Milla Jovovich) e pela cenografia toda... e pouco mais!
Esse Obscuro Objeto do Desejo
4.2 878.9 - Último filme de Luis Buñuel, onde assistimos ao amor, quase obssessivo, entre um senhor já de alguma idade (avançada) e uma jovem e bonita rapariga (dir-se-ia uma espécie de "Lolita" - Conchita - a belíssima Carole Bouquet), sendo ele um homem rico e abastado, e ela uma "simples" criada, de passado e presente duvidosos. Da "repulsa" inicial, por parte da jovem, presenciamos a uma espécie de jogo do "gato e rato", com a jovem a demonstrar abertura para esse amor, mas sempre recusando a concretização "física" do mesmo. Pelo meio, algumas cenas surrealistas (ou não estivéssemos perante um filme de um dos mestres deste género de arte), como a ambiência de um clima de atentados terroristas, numa película com um humor subtil e refinado, numa espécie de retrato do amor entre o Homem e a Mulher e também com alguma crítica social, relativa à diferença entre classes (sociais), à mistura. Muito aconselhável visionamento!
Até que o porno nos separe..
3.6 28.0 - Uma película, realizada por Jorge Pelicano, que partindo de uma temática "complicada" ou polémica, como é a homossexualidade e a pornografia, nos fornece uma imagem pungente da solidão, da falta ou dificuldade de comunicação entre gerações diferentes (entre pais, filhos e família) e, sobretudo, da "força" do Amor maternal. Neste filme, meio-documental, meio-ficcionado, acompanhamos a história de uma mãe (que embora nem seja a "biológica"), que apesar da repulsa inicial da descoberta de o seu filho ser gay e também actor pornográfico, tenta estabelecer laços duradouros com este filho, apesar também do seu afastamento físico (ou geográfico) e comunicacional. Assistimos, com demonstrada mestria, a ambos os lados da questão, o da mãe e também ao do filho, e no seu término, a uma espécie de "reencontro" final. Uma surpresa, interessante e até emotiva.
Coisa Ruim
3.2 268.0 - Uma película de terror portuguesa, realizada por Tiago Guedes e Frederico Serra, um pouco ao estilo de "Os Outros/The Others" e das temáticas de casas amaldiçoadas por acontecimentos macabros do passado. Recheado de actores e actrizes portuguesas já com algum destaque, tais como: Adriano Luz, Manuela Couto, Sara Carinhas, Afonso Pimentel, José Pinto, João Pedro Vaz, Elisa Lisboa, Filipe Duarte, Miguel Borges, Sara Barradas (entre outros...), é um filme que tenta juntar as velhas crenças e lendas do Interior de Portugal (com "bruxas, exorcismos, possessões, Diabo e Deus"), por um lado, e a dúvida ou rejeição científica/pensamento racional, por outro lado. Interessante história e desenvolvimento, mas com pouco (ou nenhum) "susto". Curiosidades: o argumento é de Rodrigo Guedes de Carvalho, conhecidíssimo jornalista da TV em Portugal, e também escritor literário. É também o irmão mais velho do próprio realizador Tiago Guedes.
O Fatalista
4.3 18.0 - Uma surpresa esta comédia, de João Botelho, protagonizada por Rogério Samora e com a companhia de várias actrizes (e actores) de renome em Portugal. Trata-se de uma película em que acompanhamos um motorista (algo estouvado) e seu patrão (algo temeroso), em viagem de carro, em que vão contando as histórias de amores (e sobretudo desamores) e traições amorosas que viveram ou que ouvem da boca de outros personagens, tudo em tom jocoso e divertido, numa espécie de crítica ou reflexão (negativa) sobre o Amor, um pouco na linha daquela "velha frase/pensamento" : "O Amor é a doença dos tolos"!
Ossos
3.8 193.8 - Uma película, de Pedro Costa, que se poderá chamar de "esquisita", não só pela ambiência e imagens nela visualizadas, como também pelos diálogos quase inexistentes, ou que a existirem, são monocórdicos e esquálidos. Tal deve-se, em parte (ou mesmo, devido a esta mesmíssima razão) ao tema retratado: a miséria, a pobreza extrema, o desespero e até a depressão (pessoal e também social).
Vitalina Varela
3.8 24 Assista Agora5.7 - Uma película, realizada por Pedro Costa, com uma temática e imagética algo sombria e pesada. Tendo como ponto de partida a morte de um imigrante de Cabo Verde, assistimos à vinda da sua esposa ("que lá ficou", e que chega agora a Portugal, já depois do marido estar enterrado), numa espécie de crítica social da pobreza, desespero, degradação, abandono e condições de vida destes imigrantes em Portugal (ou na Europa), ao aliar as imagens escuras, sombrias, pesadas, recheadas de ambiência negra (tal como a cor dos próprios), aos diálogos/pensamentos/vivências dos personagens. Demasiado longo, experimental e difícil de visualizar.
Listen
3.3 107.0 - Um filme baseado em factos reais (de práticas abusivas, por parte dos Serviços de Assistência Social Britânicos, sobre famílias emigrantes), realizado por Ana Rocha (uma conhecida actriz portuguesa), e protagonizado por Lúcia Moniz (numa excelente interpretação) e Ruben Garcia (outra boa interpretação, mas mais secundária ou de menor impacto), que opta por uma abordagem quase documental, embora ficcionada. De facto, embora a referida ficção, seja baseada na realidade, a cinematografia usada e o tom do filme parece mais de um formato documental. Destaque para o tema, e sua importância, e para o desempenho multi-premiado de Lúcia Moniz (dentro e fora de fronteiras, inclusíve no Reino Unido).
A Metamorfose dos Pássaros
4.3 414.5 - Uma película, de Catarina Vasconcelos, feita sobretudo, de imagens montadas, a acompanhar textos e cartas de um casal, ele embarcado, ela em terra, a cuidar dos filhos. Demasiado autoral e recheado de metáforas filosóficas, muitas vezes ou a maior parte delas, de difícil compreensão ou decifração. Apenas interessante numa ou outra alegoria imagética.