O filme original veio num momento bom pra problematizar o avanço tecnológico, o quanto as pessoas estavam cada vez mais dependentes da tecnologia - quase tanto quanto suas vidas eram reféns de políticos atendendo interesses espúrios de grandes corporações e grandes esquemas de corrupção. Padilha atualizou a história, continuou o lance e foi além. O tom fascista que Pat Novak dá à ambientação da narrativa é produto da imprensa sensacionalista que ganhou força nos EUA principalmente depois do 11 de setembro. O discurso final dele é assustador em termos políticos por ser tão verossímil (entra em qualquer fórum americano na web falando sobre gepolítica mundial que tu vê) e me deixou ansioso pela continuação.
Agora, olha: senti falta, muita falta, da humanidade do Murphy ter sido explorada de modo mais direto. Digo, tá lá o fato dele alterar o sistema e dar prioridade à investigação do próprio assassinato, tá lá a cena dele conseguindo superar o código vermelho e atirar no Sellars, mas não tá lá o ponto alto que é a percepção disso. Fosse a Claire falando isso enquanto ele desligava, fosse uma frase de efeito do próprio Murphy, fosse qualquer coisa, ia ser sensacional demais principalmente pela mensagem: você pode botar o software e o hardware que quiser, uma pessoa é uma pessoa e sempre será. Quero ver como vão fazer no próximo filme.
Vale a pena, mas não é tão denso quanto o original.
O inspetor-chefe gay que enfrenta a homofobia institucional unindo forças com o policial mais brucutu do departamento chama atenção, tanto quanto a policial dependente química que não abre mão da relação com sua comunidade independente da criminalidade dos amigos. Legal ver um filme de ação abordando mesmo que tangencialmente esses pontos.
Mas, porra, a insistência em usar a homofobia policial e o machismo do personagem do Statham é usada como alívio cômico encheram o saco. Também fiquei meio bolado com a personagem viciada em drogas ser justamente a única negra. De todo modo,
o desenrolar da história prende e cativa. Vale a pena, mas só se você chegar com as expectativas baixas mesmo.
Del Toro é mestre em utilizar de sua ficção para tocar em pontos importantes do mundo ao nosso redor. Esse filme faz isso, afinal: foca em um empreendimento revolucionário bem sucedido durante a Guerra Civil espanhola, independente de o final da Guerra ter sido de vitória militar.
Para contar a história da libertação de Ofelia, Del Toro nos poupa da saber que o sofrimento do menino gago e a angústia de Mercedes foram em vão.
Precisamos de algo bom no que acreditar, não é verdade?
Me chama atenção também a relação que pode ser feita entre Ofelia e seu cotidiano aterrorizante e nós, pessoas ordinárias que atravessam realidades ordinárias dentro de uma realidade social também assustadora.
Ao contar a história dela, que constrói ao seu redor uma verdade fantástica como forma de fugir e se proteger de tanto horror, o filme não fala também de nós e nossa busca por consumir e construir narrativas mais ou menos fantasiosas e especiais que escondam de nossos olhos a dor que nos cerca?
Fiquei bem frustrado com esse filme, principalmente pelo fato dele vir depois do 2.22, que foi simplesmente fantástico. A sensação que fica é de que tiveram que fazer tudo na pressa, correr pra contar a história toda em 95 minutos. Fico no aguardo de que no último filme, Anno consiga consertar isso.
Assisti esse filme num momento em que tava achando que todos esses filmes de investigação policial eram a mesma coisa. Talvez esse pensamento inicial esteja certo, mas, no mínimo, "Dragão Vermelho" justifica a existência do gênero. A parte mais legal é que quem assiste consegue simpatizar tanto com o Will quanto com o Francis, o que acaba criando uma certa dúvida, no final.
Minha única frustração fica foi o Hannibal. Não que a atuação do Hopkins não seja ótima, longe disso. É que na situação em que Lecter se encontra, sendo quem ele é, a personagem desse filme é ostensiva demais com relação a seus sentimentos. Tenho a impressão de que a personagem que Thomas Harris criou cativa justamente pela capacidade de dissimular o que está realmente sentindo e pensando dentro do jogo que cria com sua presa.
A ideia de agentes garantindo que o destino ocorra como deve ocorrer me pareceu muito interessante desde a primeira vez que ouvi falar do filme...mas me decepcionou muito. Digo, o andamento é bacana, mas o que te mantém preso no filme é a ânsia por descobrir a resposta que David Norris procura: porque ele e Elise não podem ficar juntos?
E a narrativa frustra justamente por não dar essa resposta. O lance do "vocês querem porque era o plano, mas não podem porque não é mais" é uma forma preguiçosa e eufêmica para dizer "porque não" e, pfvr, todo mundo sabe que isso não é resposta.
A determinada altura eu já tinha construído uma teoria bem bacana de que os Agentes pertenciam a uma instituição atemporal que viaja no tempo e o próprio Norris havia solicitado/pedido/pagado para que eles impedissem que eles ficassem juntos no passado porque, no futuro, isso teria arrasado sua vida política. Não que o filme devesse seguir meus palpites, mas podia, no mínimo, ficar no mesmo nível de elaboração, não lançar um "porque Deus quis" bizarro desses.
Um dos melhores filmes que já vi, e, sem sombra de dúvidas, uma das melhores atuações também. Christian Bale está, ao meu ver, na melhor atuação da sua carreira quando encara o vazio existencial de Patrick Bateman, playboyzinho yuppie dos anos 80 que finge que trabalha na corretora financeira de seu pai e tenta encontrar alguma emoção na vida enquanto mata pessoas por motivos extremamente fúteis.
Achei bacana o comentário de Rafaella (filtra ali por "melhores" que aparece logo, é o que tem mais likes), explicando que o livro deixa evidente que ele matou mesmo as pessoas e o individualismo daquele meio é o que impede que a verdade sobre os assassinatos seja descoberta, mas acho que o final do filme, deixando a veracidade dos acontecimento em aberto, corrobora ainda mais a mensagem do filme. A crítica a esse individualismo é o próprio Bateman e a pequenez das razões que o leva a matar as pessoas imitando os filmes de terror que assiste, está no filme inteiro, nas pessoas não prestando atenção nas outras e as confundindo o tempo todo. Já o final não conclusivo chama atenção justamente pro fio condutor dessa narrativa crítica, que é a crise individual de Bateman, um psicopata individualista numa sociedade individualista que, ironicamente, destrói indivíduos para sustentar-se. Incrivelmente bom, acho que tenho um candidato a entrar nos favoritos aqui, hahaha.
Se o primeiro filme consegue explorar e explicar melhor a situação da Detroit futurista mostrando a gênese do Robocop, este falha quando tenta falar sobre o tráfico de drogas. Tudo parece muito raso,
É impossível assistir a esse filme - uma ficção-científica futurista distópica da década de 80 - e não pensar no atual panorama da segurança pública não apenas do Brasil, como no mundo. A banalização da violência e a sensação generalizada de medo sendo ~~solucionadas~~ com a privatização do setor, a relação entre as empresas privadas e o crime organizado que cria a demanda que motiva sua contratação, o argumento da "pacificação" como desculpa para exterminar as pessoas marginalizadas, tudo isso que é tido como um "futuro dos pesadelos" no filme tem muitos elementos presentes no nosso próprio cotidiano, e isso me assustou, rs.
Mas obviamente, o filme não se resume a isso. É um bom exemplar do que era o paradigma de filmes de ação na década de 80: perseguições de carro, tiroteios infindáveis, e pronto.
A busca do Alex pela sua própria identidade é bacana demais, mesmo. Um ponto altíssimo do filme, na minha opinião, é a personagem da Nancy Allen e a relação dela com o Murphy, de coleguismo e admiração profissional, sem nenhum toque ~~romantico~~. Me surpreendeu de verdade.
O filme é tudo que se pode esperar do diretor: non-sense. Ação bem legal, que prende, e que passa muito a sensação de que o roteiro foi escrito em uma noite de bebedeira com os amigos. A melhor parte pra mim é como o Martin McDonagh se coloca como protagonista do filme - e o fato de ter escolhido Collin Farell para interpretá-lo deve significar alguma coisa, rs. Só é bizarro a misoginia presente em boa parte dos discursos do filme e como o personagem principal (logo, o diretor) parece achar isso engraçado e vê as críticas como "mimimi".
Documentários sobre quedas de ditaduras, propondo análises profundas sobre conjuntura política são interessantes - e comuns. Focar na dinâmica cotidiana das manifestações é um diferencial bem bacana de "The Square". Narrar a trajetória daquelas pessoas e costurá-las de modo que quem assiste consiga imaginar como os horrores do regime de Mubarak atingiam às outras pessoas que não aparecem na tela é algo que já torna o doc digno. Fugir do clichê de enfatizar a importância das redes sociais online para a "primavera árabe" também é legal: o filme mostra elas sendo utilizadas, dá pra sacar como elas foram os locais em que as coisas foram acertadas e registradas, e não precisa repetir a ladainha que todo mundo vê nos noticiários há anos.
Mas tem umas coisas na mensagem do filme que muito me incomodaram. Destacar a participação feminina nas manifestações é massa, mas omitir os milhares de estupros grupais ocorridos na própria praça, pelo próprio grupo de ~revolucionários~ atende a qual interesse? Ao de quem quer o mundo acredite que não existe misoginia dentro desse grupo revolucionário. Se derruba um regime por, dentre outras coisas, as formas pouco transparentes que utilizava para governas e lança-se mão da mesma falta de transparência para se exaltar uma manifestação?
Além disso, se não propor uma "análise definitiva" das manifestações é um ponto positiva no doc, não propor quase que análise alguma é um tiro no pé. Ao se falar das eleições presidenciais vencidas pela Irmandade Muçulmana se fazia necessário falar dos trâmites burocráticos criados que impediram a real criação de novos partidos no Egito - o que resumiu a eleição presidencial a uma escolha do menos pior: o ex primeiro-ministro de Mubarak ou o candidato da Irmandade.
Essas omissões somadas ao discurso final, de que as manifestações tirariam do poder qualquer um que não fossem de seu agrado, me deixaram com um pouco de receio sobre a intenção da obra: se em um primeiro momento o objetivo era reformar as instituições políticas para ter um Estado Democrático de verdade, esse final dá contornos fascistas à essas manifestações, por exaltá-las sem criticar os pontos passíveis de crítica e considerá-las, aparentemente, a única maneira de legítima de se manifestar politicamente hoje no país.
De todo modo, é legal, bem dirigido (inclusive quero ver mais coisas do diretoria), bem bonito, e prende MESMO. Recomendo a quem estiver em dúvida, mas recomendo também atenção para se refletir sobre o filme e seus discursos :)
bacana, os efeitos visuais impressionam, o fato do melhor personagem do filme ser um cara negro é algo histórico nesse segmento e a não existência de um relacionamento amoroso entre Raleigh e Mako também é uma puta conquista.
Mas, na real, a impressão que tive é que a história que Del Toro queria contar ficou espremida e, consequentemente, subaproveitada. Acho que não consegui ser tão cativado por conta dos furos no roteiro
(como assim um buraco dimensional? qual é a dos kaijus? cadê o impacto de toda essa situação na sociedade de modo geral)
e pelo fato de quase 20 anos atrás Evangelion ter abordado situação parecida de um modo bem mais satisfatório - e em um formato que permita isso, sem espremer história pra agradar estúdio e "ganhar mais dinheiro" (entre aspas porque acho que se isso fosse bem desenvolvido geraria MUITO mais lucro).
Muito interessante a forma como o filme aborda esse paradigma de viagem no tempo - do tempo como uma linha, em que cada ação interfere diretamente no futuro. A maquiagem feita no Gordon-Levitt pra que ele fique menos diferente do Wyllys (porque parecido ele não fica nem a pau, rs) também chama atenção. Boa história, bem contada, com um bom final.
Mas acho que os pensamentos do Joe do futuro deveriam ser mais explorados para que na última parte a coisa a situação ficasse mais humana e menos maniqueísta.
O que considerei mais decepcionante foi ficar na cara que se tratava de uma situação sobrenatural cedo demais. Digo, até as crianças devoradas pelo Mr. Boogie aparecerem, haviam dúvidas: seria mesmo uma entidade ou se trataria de um serial killer que levava crianças para treiná-las e transformá-las em novos serial killers? Se tivessem segurado isso um pouco mais, acredito que haveria um clímax mais intenso, o que faria o filme valer mais a pena.
Depois de "Superman Returns" não tinha como olhar sem desconfianças pro filme do Snyder. Assisti sem expectativas apesar da premissa de um ~superman mais adulto~ ter me agradado de primeira. Mas, olha... não.
Terminei de assistir com a impressão de que, de modo geral, a péssima direção de atores do Snyder estragou o roteiro do Nolan. Isso salta aos olhos quando se percebe que o próprio Superman e o Zod são personagens bem escritos mas não tão bem interpretados. Ponto baixíssimo pra Amy Adams como Lois Lane, rs.
Entretanto, o filme diverte. Os movimentos de câmera que Zack Snyder importa muito do universo dos games ajudam a dar dinâmica ao filme e são muito bem utilizados nas sequências de ação. E os easter eggs envolvendo a Lexcorp e a Wayne Enterprise são um fanservice muito bem colocado, hahaha.
Pra quem não tem nada pra fazer em uma tarde de fim de semana, dá pra passar o tempo.
Assistir esse filme tendo "Casino Royale" em mente é um pecado, só gera frustração. A narrativa é bem mais superficial e a tentativa de colocar uma ~mulher forte~ como contraponto a Bond aqui já parece forçada. Funciona no filme anterior com Eva Green, mas a personagem da Olga Kurylenko não me convence, principalmente nos diálogos com o James.
Pra não dizer que o filme é de todo ruim, tem a sequência sensacional da escapada de Bond da opera. A música, os ângulos, a edição daquela cena, fazem o filme valer a pena. A sequência final, que é muito importante pro desenvolvimento do personagem, também é legal. Mas acho que todo o percurso do Bond, entre a raiva e o ~amadurecimento~, digamos assim, poderia ser melhor contado, ser narrado de modo mais envolvente e profundo.
Nunca fui muito com a cara dos filmes do Bond. Aquela coisa de brigas e tiroteios sem uma gota de sangue e nem tirar o cabelo do lugar nunca me convenceu, sabe? Até Cassino Royale.
Craig foi o primeiro cara a fazer Bond parecer real pra mim. Claro que isso tem a ver com todo o projeto do filme: a direção de arte bem contemporânea, a escolha da música tema de Chris Cornell (que na época tinha acabado de sair do Audioslave no auge da banda pra seguir carreira solo), a própria adequação da personagem a um paradigma mais atual de filmes de ação, etc e talz. Tá no cara o charme e a esperteza do personagenm criado pelo Fleming, mas tá também o preparo físico e as habilidade de tiro e luta que se esperaria de um agente especial nos dias de hoje.
E, né, a história é toda bem conduzida. Foi uma revitaliação muito bem feita, focando no desenvolvimento de Bond enquanto personagem mesmo. Só não entendi muito bem porque Vesper trancou o elevador no final. Muito drama, pouco verossímil - e isso pesa em um filme que encanta justamente pela credibilidade.
Enfim, em uma palavra? Sensacional. Assistam, sério mesmo, rs.
Reassisti o filme depois de conferir o remake. A sensação não foi a mesma das outras vezes, quando era mais novo, mas dá pra ver muito bem porque essa obra impulsionou Sam Raimi: além dos sustos (e dos risos), as cenas de perseguiçã são tensas sim, falem o que quiserem, hahaha.
Enquanto assistia o filme, uma pergunta ficou ecoando na minha cabeça: "sério que esse filme foi feito no regime neo-stalinista de Brejnev?". Afinal, a história do psicólogo que viaja para descobrir o que está acontecendo de errado com os astronautas a bordo da estação em órbvita de Solaris e tudo que ele encontra são um convite ao questionamento de tudo que a "Era da Estabilização" proposta pela URSS na época pretendia. Fiquei realmente impressionado. Tarkovsky, no mínimo, era um cara muito bem articulado politicamente pra conseguir financiamento do governo pra esse projeto. Ou então simplesmente fez com que os burocratas soviéticos ficassem apaixonados pela beleza de suas cenas.
Toda a ideia de um planeta que reflete os desejos e anseios de quem o habita é sensacional. O monólogo de Snaut sobre a ciência como uma busca não pelo desconhecido, mas sim pelo que é internamente conhecido é coisa pra nenhumx epistemólogx pós-estruturalista botar defeito. A ideia de uma culpa que machuca e satisfaz ao mesmo tempo também me pareceu bem colocada.
Mas o que comprometeu de modo bem forte a minha percepção do filme foi, ao meu ver, a negligência com que Hari foi tratada. Ela representa questões muito impotantes: a do tornar-se humanx, da memória enquanto "ilha de edição", o peso da imortalidade...tudo isso fica relegado ao segundo plano enquanto a narrativa se foca na confusão mental de homens que não conseguem lidar com a reprodução dos seus desejos (que sim, é algo bem interessante, mas que não precisaria colocar a existência de Hari e os temas que ela traz consigo para escanteio). Mesmo que isso já estivesse ausente no livro que inspirou o filme, acho que se tratam de pontos cuja ideia de "adaptação" pareceria uma boa desculpa para não se ater fielmente. Além dessa "sombra temática", a forma como isso implica na reprodução do tropo da "mulher no congelador" (uma personagem feminina sendo sacrificada, de algum modo, para que o desenvolvimento de uma personagem masculina seja priorizado) me irritou um pouco.
Mas Solaris é um bom filme, bonito, bem conduzido. E um belo exemplo de como, ao contrário do que costumamos pensar, o cinema soviético inspirou o estadunidense, principalmente nas questões estéticas.
Evitei ver qualquer coisa sobre o remake para não estragar a experiência. Fui ao cinema sabendo apenas de dois detalhes: Diablo Cody tinha participado da construção do roteiro (o que não é legal), e Fede Alvarez era o comandante da expedição que tinha como objetivo ressucitar a franquia que tornou Sam Raimi reconhecido (o que é bem legal). E, bom...gostei do filme.
Não tanto quanto achei que gostaria, é verdade. Os trabalhos anteriores do diretor uruguaio, apesar de pequenos, mostram uma habilidade em posicionar e movimentar as câmeras que vi sendo pouco utilizada em "Evil Dead" - não sei se por escolha do próprio ou se por imposição do estúdio e/ou dos produtores, visando manter a ~coesão~ do gênero, só sei que se Alvarez tivesse mantido a câmera seguindo os pés do David na cena em que ele encontra o corpo do cachorro teríamos umas das cenas mais icônicas da história do cinema de horror.
Mas o cara mostra suas credenciais: o gore é bem encaixado, a trasheira está bem costurada (claro, com os furinhos no roteiro e os ~defeitos visuais~ necessários para que a audiência dê risada e perceba que estamos falando, sim, de Evil Dead - ainda que décadas depois, e com um orçamento alguns milhões de dólares mais caro). A solução que encontraram pra tornar a cena da árvore menos problemática do que a do filme original me pareceu bem pensada: manteve elementos suficientes pra lembrar a cena de 81, mas tirando um pouco do que seria desnecessário para os dias de hoje. Não foi perfeito, acho que a ideia da parada entrando pela vagina da guria poderia ter sido substituída por algo mais trash, a árvore segurando ela e o demônio entrando pelas veias e tal.
Tô ansioso pela continuação, pra ver o que mais o Alvarez pode fazer depois de se sentir mais à vontade com o mundo criado pelo Raimi e, claro, pra ver Ash de volta à ação!
Me indicaram muito esse filme, durante muito tempo, e pude entender o motivo. História tocante, comovente, inspiradora e com atuações bem verdadeiras. Filmaço :)
A mãe e os filhos sentados na sala de estar, sem trocar uma palavra sequer...até que o barulho da porta abrindo vai enchendo de tensão o cômodo. É a primeira cena do filme, que já sintetiza o que o filme fez comigo ao longo dos 90 minutos de história.
Fiquei tenso por todo o filme, e senti muita pena da Jess. Além de ser violentada por seu pai, ainda tinha que lidar com a idiotice do irmão. Por sinal, o fato do Tom sair como herói em um momento de ~lucidez~ me incomodou. Ele foi muito importante pra deixar a vida da Jess pior do que já estava. A forma como exigiu explicações e como a culpou pela violência que ela sofria (que, aos olhos dele, nem era violência)...as coisas ficaram meio soltas, colocadas de uma forma um pouco leviana, ao meu ver, por se tratar de um problema tão grave e, infelizmente, tão comum que é a violência sexual em ambiente doméstico.
Mas achei muito interessante o fato do pai deles criar toda uma lógica dentro de sua cabeça em que o mundo estava contra ele e que todos aqueles absurdos protagonizados por ele não passavam de invenção. Aquilo não era transtorno psicológico: era um homem que se achava no direito de fazer qualquer coisa criando uma situação em que até o que ele considerava absurdo parecia aceitável diante de seus preceitos morais. E, nossa...horrível o lance do bebê.
Gostei de Tim Roth como diretor, rege de forma muito satisfatória a narrativa. A direção de fotografia também é muito boa, assim como as atuações. Filme muito bom, apesar de forte e entristecedor.
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraO filme original veio num momento bom pra problematizar o avanço tecnológico, o quanto as pessoas estavam cada vez mais dependentes da tecnologia - quase tanto quanto suas vidas eram reféns de políticos atendendo interesses espúrios de grandes corporações e grandes esquemas de corrupção. Padilha atualizou a história, continuou o lance e foi além. O tom fascista que Pat Novak dá à ambientação da narrativa é produto da imprensa sensacionalista que ganhou força nos EUA principalmente depois do 11 de setembro. O discurso final dele é assustador em termos políticos por ser tão verossímil (entra em qualquer fórum americano na web falando sobre gepolítica mundial que tu vê) e me deixou ansioso pela continuação.
Agora, olha: senti falta, muita falta, da humanidade do Murphy ter sido explorada de modo mais direto. Digo, tá lá o fato dele alterar o sistema e dar prioridade à investigação do próprio assassinato, tá lá a cena dele conseguindo superar o código vermelho e atirar no Sellars, mas não tá lá o ponto alto que é a percepção disso. Fosse a Claire falando isso enquanto ele desligava, fosse uma frase de efeito do próprio Murphy, fosse qualquer coisa, ia ser sensacional demais principalmente pela mensagem: você pode botar o software e o hardware que quiser, uma pessoa é uma pessoa e sempre será. Quero ver como vão fazer no próximo filme.
Vale a pena, mas não é tão denso quanto o original.
Blitz
3.1 353 Assista AgoraEsperei apenas tiros, investigação e perseguição. Não é que me surpreendi?
O inspetor-chefe gay que enfrenta a homofobia institucional unindo forças com o policial mais brucutu do departamento chama atenção, tanto quanto a policial dependente química que não abre mão da relação com sua comunidade independente da criminalidade dos amigos. Legal ver um filme de ação abordando mesmo que tangencialmente esses pontos.
Mas, porra, a insistência em usar a homofobia policial e o machismo do personagem do Statham é usada como alívio cômico encheram o saco. Também fiquei meio bolado com a personagem viciada em drogas ser justamente a única negra. De todo modo,
O Labirinto do Fauno
4.2 2,9KDel Toro é mestre em utilizar de sua ficção para tocar em pontos importantes do mundo ao nosso redor. Esse filme faz isso, afinal: foca em um empreendimento revolucionário bem sucedido durante a Guerra Civil espanhola, independente de o final da Guerra ter sido de vitória militar.
Para contar a história da libertação de Ofelia, Del Toro nos poupa da saber que o sofrimento do menino gago e a angústia de Mercedes foram em vão.
Me chama atenção também a relação que pode ser feita entre Ofelia e seu cotidiano aterrorizante e nós, pessoas ordinárias que atravessam realidades ordinárias dentro de uma realidade social também assustadora.
Ao contar a história dela, que constrói ao seu redor uma verdade fantástica como forma de fugir e se proteger de tanto horror, o filme não fala também de nós e nossa busca por consumir e construir narrativas mais ou menos fantasiosas e especiais que escondam de nossos olhos a dor que nos cerca?
Ernest e Célestine
4.4 319Se esse filme fosse uma palavra, seria "amor".
Lindo, fofo e ainda passa às crianças uma mensagem muito bonita e necessária.
<3
Evangelion 3.33: Você (Não) Pode Refazer
3.9 108 Assista AgoraFiquei bem frustrado com esse filme, principalmente pelo fato dele vir depois do 2.22, que foi simplesmente fantástico. A sensação que fica é de que tiveram que fazer tudo na pressa, correr pra contar a história toda em 95 minutos. Fico no aguardo de que no último filme, Anno consiga consertar isso.
Dragão Vermelho
4.0 894 Assista AgoraAssisti esse filme num momento em que tava achando que todos esses filmes de investigação policial eram a mesma coisa. Talvez esse pensamento inicial esteja certo, mas, no mínimo, "Dragão Vermelho" justifica a existência do gênero. A parte mais legal é que quem assiste consegue simpatizar tanto com o Will quanto com o Francis, o que acaba criando uma certa dúvida, no final.
Minha única frustração fica foi o Hannibal. Não que a atuação do Hopkins não seja ótima, longe disso. É que na situação em que Lecter se encontra, sendo quem ele é, a personagem desse filme é ostensiva demais com relação a seus sentimentos. Tenho a impressão de que a personagem que Thomas Harris criou cativa justamente pela capacidade de dissimular o que está realmente sentindo e pensando dentro do jogo que cria com sua presa.
Demônio
2.9 1,7K Assista AgoraComecei a assistir pela galhofa do nome, e não é que me supreendi? Bem bacaninha, típico filme pra assistir de tarde e passar o tempo, legal :)
Os Agentes do Destino
3.5 1,1K Assista AgoraA ideia de agentes garantindo que o destino ocorra como deve ocorrer me pareceu muito interessante desde a primeira vez que ouvi falar do filme...mas me decepcionou muito. Digo, o andamento é bacana, mas o que te mantém preso no filme é a ânsia por descobrir a resposta que David Norris procura: porque ele e Elise não podem ficar juntos?
E a narrativa frustra justamente por não dar essa resposta. O lance do "vocês querem porque era o plano, mas não podem porque não é mais" é uma forma preguiçosa e eufêmica para dizer "porque não" e, pfvr, todo mundo sabe que isso não é resposta.
A determinada altura eu já tinha construído uma teoria bem bacana de que os Agentes pertenciam a uma instituição atemporal que viaja no tempo e o próprio Norris havia solicitado/pedido/pagado para que eles impedissem que eles ficassem juntos no passado porque, no futuro, isso teria arrasado sua vida política. Não que o filme devesse seguir meus palpites, mas podia, no mínimo, ficar no mesmo nível de elaboração, não lançar um "porque Deus quis" bizarro desses.
É legal pra passar o tempo, e só, rs.
Psicopata Americano
3.7 1,9K Assista AgoraUm dos melhores filmes que já vi, e, sem sombra de dúvidas, uma das melhores atuações também. Christian Bale está, ao meu ver, na melhor atuação da sua carreira quando encara o vazio existencial de Patrick Bateman, playboyzinho yuppie dos anos 80 que finge que trabalha na corretora financeira de seu pai e tenta encontrar alguma emoção na vida enquanto mata pessoas por motivos extremamente fúteis.
Achei bacana o comentário de Rafaella (filtra ali por "melhores" que aparece logo, é o que tem mais likes), explicando que o livro deixa evidente que ele matou mesmo as pessoas e o individualismo daquele meio é o que impede que a verdade sobre os assassinatos seja descoberta, mas acho que o final do filme, deixando a veracidade dos acontecimento em aberto, corrobora ainda mais a mensagem do filme. A crítica a esse individualismo é o próprio Bateman e a pequenez das razões que o leva a matar as pessoas imitando os filmes de terror que assiste, está no filme inteiro, nas pessoas não prestando atenção nas outras e as confundindo o tempo todo. Já o final não conclusivo chama atenção justamente pro fio condutor dessa narrativa crítica, que é a crise individual de Bateman, um psicopata individualista numa sociedade individualista que, ironicamente, destrói indivíduos para sustentar-se. Incrivelmente bom, acho que tenho um candidato a entrar nos favoritos aqui, hahaha.
RoboCop 2
3.0 270 Assista AgoraSe o primeiro filme consegue explorar e explicar melhor a situação da Detroit futurista mostrando a gênese do Robocop, este falha quando tenta falar sobre o tráfico de drogas. Tudo parece muito raso,
e até o personagem do guri (que poderia ser bem desenvolvido)
Pra mim, só vale demonstra mais da coragem e da iniciativa da Lewis e pela frase final do Murphy, afirmando sua condição de humano.
RoboCop: O Policial do Futuro
3.6 683 Assista AgoraÉ impossível assistir a esse filme - uma ficção-científica futurista distópica da década de 80 - e não pensar no atual panorama da segurança pública não apenas do Brasil, como no mundo. A banalização da violência e a sensação generalizada de medo sendo ~~solucionadas~~ com a privatização do setor, a relação entre as empresas privadas e o crime organizado que cria a demanda que motiva sua contratação, o argumento da "pacificação" como desculpa para exterminar as pessoas marginalizadas, tudo isso que é tido como um "futuro dos pesadelos" no filme tem muitos elementos presentes no nosso próprio cotidiano, e isso me assustou, rs.
Mas obviamente, o filme não se resume a isso. É um bom exemplar do que era o paradigma de filmes de ação na década de 80: perseguições de carro, tiroteios infindáveis, e pronto.
A busca do Alex pela sua própria identidade é bacana demais, mesmo. Um ponto altíssimo do filme, na minha opinião, é a personagem da Nancy Allen e a relação dela com o Murphy, de coleguismo e admiração profissional, sem nenhum toque ~~romantico~~. Me surpreendeu de verdade.
Sete Psicopatas e um Shih Tzu
3.4 600O filme é tudo que se pode esperar do diretor: non-sense. Ação bem legal, que prende, e que passa muito a sensação de que o roteiro foi escrito em uma noite de bebedeira com os amigos. A melhor parte pra mim é como o Martin McDonagh se coloca como protagonista do filme - e o fato de ter escolhido Collin Farell para interpretá-lo deve significar alguma coisa, rs. Só é bizarro a misoginia presente em boa parte dos discursos do filme e como o personagem principal (logo, o diretor) parece achar isso engraçado e vê as críticas como "mimimi".
A Praça Tahrir
4.4 90Documentários sobre quedas de ditaduras, propondo análises profundas sobre conjuntura política são interessantes - e comuns. Focar na dinâmica cotidiana das manifestações é um diferencial bem bacana de "The Square". Narrar a trajetória daquelas pessoas e costurá-las de modo que quem assiste consiga imaginar como os horrores do regime de Mubarak atingiam às outras pessoas que não aparecem na tela é algo que já torna o doc digno. Fugir do clichê de enfatizar a importância das redes sociais online para a "primavera árabe" também é legal: o filme mostra elas sendo utilizadas, dá pra sacar como elas foram os locais em que as coisas foram acertadas e registradas, e não precisa repetir a ladainha que todo mundo vê nos noticiários há anos.
Mas tem umas coisas na mensagem do filme que muito me incomodaram. Destacar a participação feminina nas manifestações é massa, mas omitir os milhares de estupros grupais ocorridos na própria praça, pelo próprio grupo de ~revolucionários~ atende a qual interesse? Ao de quem quer o mundo acredite que não existe misoginia dentro desse grupo revolucionário. Se derruba um regime por, dentre outras coisas, as formas pouco transparentes que utilizava para governas e lança-se mão da mesma falta de transparência para se exaltar uma manifestação?
Além disso, se não propor uma "análise definitiva" das manifestações é um ponto positiva no doc, não propor quase que análise alguma é um tiro no pé. Ao se falar das eleições presidenciais vencidas pela Irmandade Muçulmana se fazia necessário falar dos trâmites burocráticos criados que impediram a real criação de novos partidos no Egito - o que resumiu a eleição presidencial a uma escolha do menos pior: o ex primeiro-ministro de Mubarak ou o candidato da Irmandade.
Essas omissões somadas ao discurso final, de que as manifestações tirariam do poder qualquer um que não fossem de seu agrado, me deixaram com um pouco de receio sobre a intenção da obra: se em um primeiro momento o objetivo era reformar as instituições políticas para ter um Estado Democrático de verdade, esse final dá contornos fascistas à essas manifestações, por exaltá-las sem criticar os pontos passíveis de crítica e considerá-las, aparentemente, a única maneira de legítima de se manifestar politicamente hoje no país.
De todo modo, é legal, bem dirigido (inclusive quero ver mais coisas do diretoria), bem bonito, e prende MESMO. Recomendo a quem estiver em dúvida, mas recomendo também atenção para se refletir sobre o filme e seus discursos :)
Círculo de Fogo
3.8 2,6K Assista AgoraDepois de mais de seis meses de tanto estardalhaço, resolvi assistir o filme. É
bacana, os efeitos visuais impressionam, o fato do melhor personagem do filme ser um cara negro é algo histórico nesse segmento e a não existência de um relacionamento amoroso entre Raleigh e Mako também é uma puta conquista.
(como assim um buraco dimensional? qual é a dos kaijus? cadê o impacto de toda essa situação na sociedade de modo geral)
Looper: Assassinos do Futuro
3.6 2,1KMuito interessante a forma como o filme aborda esse paradigma de viagem no tempo - do tempo como uma linha, em que cada ação interfere diretamente no futuro. A maquiagem feita no Gordon-Levitt pra que ele fique menos diferente do Wyllys (porque parecido ele não fica nem a pau, rs) também chama atenção. Boa história, bem contada, com um bom final.
Mas acho que os pensamentos do Joe do futuro deveriam ser mais explorados para que na última parte a coisa a situação ficasse mais humana e menos maniqueísta.
A Entidade
3.2 2,3K Assista AgoraO filme prende, não tem como negar isso. Mas é fraco. Pode ser resumido em uma frase: Ethan Hawke descobrindo coisas e ficando assustado.
O que considerei mais decepcionante foi ficar na cara que se tratava de uma situação sobrenatural cedo demais. Digo, até as crianças devoradas pelo Mr. Boogie aparecerem, haviam dúvidas: seria mesmo uma entidade ou se trataria de um serial killer que levava crianças para treiná-las e transformá-las em novos serial killers? Se tivessem segurado isso um pouco mais, acredito que haveria um clímax mais intenso, o que faria o filme valer mais a pena.
O Homem de Aço
3.6 3,9K Assista AgoraDepois de "Superman Returns" não tinha como olhar sem desconfianças pro filme do Snyder. Assisti sem expectativas apesar da premissa de um ~superman mais adulto~ ter me agradado de primeira. Mas, olha... não.
Terminei de assistir com a impressão de que, de modo geral, a péssima direção de atores do Snyder estragou o roteiro do Nolan. Isso salta aos olhos quando se percebe que o próprio Superman e o Zod são personagens bem escritos mas não tão bem interpretados. Ponto baixíssimo pra Amy Adams como Lois Lane, rs.
Entretanto, o filme diverte. Os movimentos de câmera que Zack Snyder importa muito do universo dos games ajudam a dar dinâmica ao filme e são muito bem utilizados nas sequências de ação. E os easter eggs envolvendo a Lexcorp e a Wayne Enterprise são um fanservice muito bem colocado, hahaha.
Pra quem não tem nada pra fazer em uma tarde de fim de semana, dá pra passar o tempo.
007: Quantum of Solace
3.4 683 Assista AgoraAssistir esse filme tendo "Casino Royale" em mente é um pecado, só gera frustração. A narrativa é bem mais superficial e a tentativa de colocar uma ~mulher forte~ como contraponto a Bond aqui já parece forçada. Funciona no filme anterior com Eva Green, mas a personagem da Olga Kurylenko não me convence, principalmente nos diálogos com o James.
Pra não dizer que o filme é de todo ruim, tem a sequência sensacional da escapada de Bond da opera. A música, os ângulos, a edição daquela cena, fazem o filme valer a pena. A sequência final, que é muito importante pro desenvolvimento do personagem, também é legal. Mas acho que todo o percurso do Bond, entre a raiva e o ~amadurecimento~, digamos assim, poderia ser melhor contado, ser narrado de modo mais envolvente e profundo.
007: Cassino Royale
3.8 881 Assista AgoraNunca fui muito com a cara dos filmes do Bond. Aquela coisa de brigas e tiroteios sem uma gota de sangue e nem tirar o cabelo do lugar nunca me convenceu, sabe? Até Cassino Royale.
Craig foi o primeiro cara a fazer Bond parecer real pra mim. Claro que isso tem a ver com todo o projeto do filme: a direção de arte bem contemporânea, a escolha da música tema de Chris Cornell (que na época tinha acabado de sair do Audioslave no auge da banda pra seguir carreira solo), a própria adequação da personagem a um paradigma mais atual de filmes de ação, etc e talz. Tá no cara o charme e a esperteza do personagenm criado pelo Fleming, mas tá também o preparo físico e as habilidade de tiro e luta que se esperaria de um agente especial nos dias de hoje.
E, né, a história é toda bem conduzida. Foi uma revitaliação muito bem feita, focando no desenvolvimento de Bond enquanto personagem mesmo. Só não entendi muito bem porque Vesper trancou o elevador no final. Muito drama, pouco verossímil - e isso pesa em um filme que encanta justamente pela credibilidade.
Enfim, em uma palavra? Sensacional. Assistam, sério mesmo, rs.
Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio
3.8 1,4K Assista AgoraReassisti o filme depois de conferir o remake. A sensação não foi a mesma das outras vezes, quando era mais novo, mas dá pra ver muito bem porque essa obra impulsionou Sam Raimi: além dos sustos (e dos risos), as cenas de perseguiçã são tensas sim, falem o que quiserem, hahaha.
Solaris
4.2 369 Assista AgoraEnquanto assistia o filme, uma pergunta ficou ecoando na minha cabeça: "sério que esse filme foi feito no regime neo-stalinista de Brejnev?". Afinal, a história do psicólogo que viaja para descobrir o que está acontecendo de errado com os astronautas a bordo da estação em órbvita de Solaris e tudo que ele encontra são um convite ao questionamento de tudo que a "Era da Estabilização" proposta pela URSS na época pretendia. Fiquei realmente impressionado. Tarkovsky, no mínimo, era um cara muito bem articulado politicamente pra conseguir financiamento do governo pra esse projeto. Ou então simplesmente fez com que os burocratas soviéticos ficassem apaixonados pela beleza de suas cenas.
Toda a ideia de um planeta que reflete os desejos e anseios de quem o habita é sensacional. O monólogo de Snaut sobre a ciência como uma busca não pelo desconhecido, mas sim pelo que é internamente conhecido é coisa pra nenhumx epistemólogx pós-estruturalista botar defeito. A ideia de uma culpa que machuca e satisfaz ao mesmo tempo também me pareceu bem colocada.
Mas o que comprometeu de modo bem forte a minha percepção do filme foi, ao meu ver, a negligência com que Hari foi tratada. Ela representa questões muito impotantes: a do tornar-se humanx, da memória enquanto "ilha de edição", o peso da imortalidade...tudo isso fica relegado ao segundo plano enquanto a narrativa se foca na confusão mental de homens que não conseguem lidar com a reprodução dos seus desejos (que sim, é algo bem interessante, mas que não precisaria colocar a existência de Hari e os temas que ela traz consigo para escanteio). Mesmo que isso já estivesse ausente no livro que inspirou o filme, acho que se tratam de pontos cuja ideia de "adaptação" pareceria uma boa desculpa para não se ater fielmente. Além dessa "sombra temática", a forma como isso implica na reprodução do tropo da "mulher no congelador" (uma personagem feminina sendo sacrificada, de algum modo, para que o desenvolvimento de uma personagem masculina seja priorizado) me irritou um pouco.
Mas Solaris é um bom filme, bonito, bem conduzido. E um belo exemplo de como, ao contrário do que costumamos pensar, o cinema soviético inspirou o estadunidense, principalmente nas questões estéticas.
A Morte do Demônio
3.2 3,9K Assista AgoraEvitei ver qualquer coisa sobre o remake para não estragar a experiência. Fui ao cinema sabendo apenas de dois detalhes: Diablo Cody tinha participado da construção do roteiro (o que não é legal), e Fede Alvarez era o comandante da expedição que tinha como objetivo ressucitar a franquia que tornou Sam Raimi reconhecido (o que é bem legal). E, bom...gostei do filme.
Não tanto quanto achei que gostaria, é verdade. Os trabalhos anteriores do diretor uruguaio, apesar de pequenos, mostram uma habilidade em posicionar e movimentar as câmeras que vi sendo pouco utilizada em "Evil Dead" - não sei se por escolha do próprio ou se por imposição do estúdio e/ou dos produtores, visando manter a ~coesão~ do gênero, só sei que se Alvarez tivesse mantido a câmera seguindo os pés do David na cena em que ele encontra o corpo do cachorro teríamos umas das cenas mais icônicas da história do cinema de horror.
Mas o cara mostra suas credenciais: o gore é bem encaixado, a trasheira está bem costurada (claro, com os furinhos no roteiro e os ~defeitos visuais~ necessários para que a audiência dê risada e perceba que estamos falando, sim, de Evil Dead - ainda que décadas depois, e com um orçamento alguns milhões de dólares mais caro). A solução que encontraram pra tornar a cena da árvore menos problemática do que a do filme original me pareceu bem pensada: manteve elementos suficientes pra lembrar a cena de 81, mas tirando um pouco do que seria desnecessário para os dias de hoje. Não foi perfeito, acho que a ideia da parada entrando pela vagina da guria poderia ter sido substituída por algo mais trash, a árvore segurando ela e o demônio entrando pelas veias e tal.
Tô ansioso pela continuação, pra ver o que mais o Alvarez pode fazer depois de se sentir mais à vontade com o mundo criado pelo Raimi e, claro, pra ver Ash de volta à ação!
Um Sonho de Liberdade
4.6 2,4K Assista AgoraMe indicaram muito esse filme, durante muito tempo, e pude entender o motivo. História tocante, comovente, inspiradora e com atuações bem verdadeiras. Filmaço :)
Zona de Conflito
3.8 18 Assista AgoraA mãe e os filhos sentados na sala de estar, sem trocar uma palavra sequer...até que o barulho da porta abrindo vai enchendo de tensão o cômodo. É a primeira cena do filme, que já sintetiza o que o filme fez comigo ao longo dos 90 minutos de história.
Fiquei tenso por todo o filme, e senti muita pena da Jess. Além de ser violentada por seu pai, ainda tinha que lidar com a idiotice do irmão. Por sinal, o fato do Tom sair como herói em um momento de ~lucidez~ me incomodou. Ele foi muito importante pra deixar a vida da Jess pior do que já estava. A forma como exigiu explicações e como a culpou pela violência que ela sofria (que, aos olhos dele, nem era violência)...as coisas ficaram meio soltas, colocadas de uma forma um pouco leviana, ao meu ver, por se tratar de um problema tão grave e, infelizmente, tão comum que é a violência sexual em ambiente doméstico.
Mas achei muito interessante o fato do pai deles criar toda uma lógica dentro de sua cabeça em que o mundo estava contra ele e que todos aqueles absurdos protagonizados por ele não passavam de invenção. Aquilo não era transtorno psicológico: era um homem que se achava no direito de fazer qualquer coisa criando uma situação em que até o que ele considerava absurdo parecia aceitável diante de seus preceitos morais. E, nossa...horrível o lance do bebê.
Gostei de Tim Roth como diretor, rege de forma muito satisfatória a narrativa. A direção de fotografia também é muito boa, assim como as atuações. Filme muito bom, apesar de forte e entristecedor.