Fui para a sessão sem nem saber direito do que se tratava o filme. "É um filme de sci-fi com o Tom Cruise", me falaram. O resultado dessa ausência quase completa de informação foi: gostei de Oblivion. A primeira impressão foi a melhor possível, mas repensando encontrei alguns problemas que diminuíram minha simpatia pelo longa.
O principal deles foi a representação das personagens femininas. VIctoria e Julia estão ali desempenhando os mesmos papeis atribuídas às mulheres nas mais diversas narrativas: uma que mantém o que está estabelecido, tentando frear o ímpeto questionador de um homem protagonista, e a outra que o instiga a desafiar as ordens que lhe são dadas. Essa ideia de mulheres como auxiliares no caminho de um homem me incomoda bastante. Um ou outro buraco também me broxaram um pouco (como o Tech 52 conseguiu chegar até os Scavs? e como estes últimos mantiveram um contigente populacional enorme mesmo após a chacina promovida pelos robôs, que se provoram super eficientes em matar pessoas?).
Mas a forma como a história trabalha a ideia de memória é sensacional,
Contando a história de Marighella desde os primórdios, o doc faz com que ao chegar na época de sua atuação enquanto militante (e inimigo número 1 da ditadura) quem assiste sinta um pequeno aperto no coração, por sentir que o pior se aproxima para aquela personagem que parece tão cativante. Filme bem legal, embora, de modo geral, essa proposta de heroicização, de mitificação das pessoas não me agrade muito.
O filme é divertido enquanto terror, mas decepciona. A participação do Del Toro deve ter ficado restrita aos círculos executivos, porque tem uns elementos bem legais na história que poderiam ter sido mais desenvolvidos e foram simplesmente esquecidos:
o sofrimento da Mama, a causa da sua internação, a relação entre os gêmeos Jeff e Luke, a mudança de postura do Luke (que tudo leva a crer que era um artista desapegado) após o desaparecimento do irmão/reencontro com as sobrinhas...
No final das contas fiquei com aquela sensação de um roteiro subaproveitado, de um filme cuja vitória maior é fazer quem está assistindo dar uns pulinhos na cadeira de vez em quando, quando podia fazer bem mais. Recomendo não visse?
Não curti. Quero dizer, é interessante criticar o crescente apetite pelo consumo de coisas cada vez mais "proibidonas" da sociedade estadunidense dos anos 80, mas as metáforas simbólicas do Cronenberg me enchem o saco (menos pelo simbolismo, mais pela misoginia ~não-intencional~). Não diria que foi uma perda de tempo, mas...meh.
Taí um filme que não me agradou nem como paródia. Imagino que talvez tenha funcionado melhor dentro de "Grindhouse", com pouco tempo pra se desenvolver e dentro de uma atmosfera mais zuada, mas algumas das sequências que se pretendiam engraçadas me pareceram simplesmente chatas, quando não ofensivas. Enfim, o Rodriguez podia morrer sem fazer isso.
Já tinha visto as duas continuações aleatoriamente na tv à cabo e curtido um pouco, daí minha curiosidade pelo precursor de toda a história. Assisti "Cubo" e gostei bastante. O recorte brusco na vida daquelas pessoas e o começo "do zero", em que não sabemos nada a respeito delas, nos coloca em pé de igualdade com todas as personagens. É na busca pela fuga que vemos os relacionamentos entre aquelas pessoas se desenvolvendo, e uma série de "por quê?" vem à mente, prendendo quem assiste até o final.
Gostei do filme, e acho que a trilogia funciona de uma maneira legal, se amarra bem (principalmente o primeiro e o terceiro filmes).
Filme legal, e a atuação do Cary Grant realmente cativa - passei as cerca de duas horas bem agoniado com a situação na qual o Roger se encontrava, hahaha. O filme diverte e é interessante pensar em como algumas práticas narrativas e de filmagem que hoje são clichês eram, nesse filme, originalidades. Não entendi algumas coisas que me pareceram furos no roteiro, mas é um filme cacana :)
A visita de uma rede de TV mostra todo o preciosismo existente no interior de cada musicista que compõe uma orquestra. Revoltados, rebelam-se e acabam por colocar em risco a existência da mesma.
A crítica social presente no filme me escapou quase que completamente - se não fosse a minha companheira para alertar-me eu provavelmente seria completamente antipático à obra.
Fellini usa a orquestra e cada pessoa que a integra como uma metáfora para a situação política da Itália. Há quem ache válido, mas o "unificacionismo" esquerdista do qual lança mão para afirmar que nenhuma mudança acontecerá a menos que absolutamente todas as pessoas estejam de acordo não me convence, apesar de concordar que é necessário que haja certa superação do ego.
O que não me escapou, de modo algum, foi o viés elitista que Fellini apresenta ao escolher a Orquestra como "metáfora da sociedade". A ridicularização da personagem relacionada ao sindicato é compreensível dentro da crítica geral que faz a sociedade, mas as alegorias referentes à música refletem uma concepção musical completamente pró-establishment, o que me incomodou bastante.
Filme legal pra se pensar a situação política italiana nas décadas seguintes ao fascismo :)
Gostei do filme, tanto como parte da obra do Tarantino quanto como exemplar de western mesmo. Mas, né, não sou lá grande conhecer dos filmes de bang bang. Me diverti vendo.
Só não curti muito a relação que se desenvolve entre o Schultz e o Django, já tô cansado de ver filmes que mostram negros escravos que tem sua liberdade dada por um branco. Cadê os vários casos de pessoas negras que conquistaram sua liberdade com sangue e suor?
E antes que digam que isso é um problema da indústria e não desse filme em si: ao optar por contar esta história, desta maneira, repetindo esse clichê narrativo, ele corrobora esse posicionamento e essa ideia da necessidade de um "salvador branco" para dar voz e direitos às pessoas negras (vide o indicado ao Oscar do ano passado, "The Help"). Então, sim, o filme também é digno de crítica por esse ponto.
A reação dele ao se deparar com expressões novas é bem engraçada - e quando se pensa que ele se debate com gírias desconhecidas o tempo todo, por ser uma entidade atemporal, a coisa fica ainda mais hilária. E é muito legal perceber como os três atos da histórias se fecham enquanto Chiba percebe o que a vida significa se deparando pela primeira vez com um céu azul.
Enfim, um filme tão doce quanto a chuva que o título menciona :)
Um dos piores filmes que já vi. Consegue até prender o espectador e desenvolver uma narrativa que promete até a metade da história, depois se perde. Só isso já o faria fraco ao meu ver.
Mas, não: eles tinham que colocar uma cena da Libby estuprando um Frank (porque, né, quer coisa mais engraçada do que um homem sendo forçado a fazer sexo com uma mulher? afinal, ~se aconteceu foi pq ele deixou~/ironic) e botar como ápice do perigo que a Sarah corre uma situação em que ela está pra ser estuprada. Depois daí eu desisti de ver o filme.
Não que o roteiro seja ruim, não é isso: a situação do relacionamento dos dois, em que existe amor mas falta compreensão, é bem explorada em sua complexidade e leva a pessoa que assiste a refletir sobre seus próprios relacionamentos (afinal, quem nunca se viu nessa encruzilhada, seja com os pais ou com qualquer outra pessoa?). No entanto, por mais que em alguns momentos Hubert se mostre uma pessoa antipática, sua personalidade é abordada de modo amplo pelo filme, o que não acontece no caso de Chantale. Ela é apenas a mãe, chata, brega, irritante e unidimensional - justamente aquilo que, por mais que uma pessoa tente, dificilmente conseguirá ser. Sinto que o filme me agradaria mais se ela fosse mais trabalhada, assim como o Antonin. Mas a ausência disso é interessante para denunciar o egocentrismo do jovem Hubert, que consegue ver sua própria complexidade mas é incapaz de compreender as nuances alheias, e, quem sabe, do próprio Dolan.
Quando me mostraram o trailer, há uns meses, eu já tinha certeza: isso vai ser bom. O character design está ótimo, apesar dos atores, de modo geral, não se parecerem com as personagens do anime (sentir falta do Sanosuke sendo altão, não vou mentir). A "diferença" mais gritante no que tange ao anime, ao meu ver, está no Kenshin.
No filme não vemos um cara bem-humorado, brincalhão, e doce. Takeru interpreta um Kenshin sereno, sim, mas muito perturbado pela culpa. Apesar do voto de não mais matar, o "ruroni" é muito duro consigo mesmo quando se trata das suas memórias e de toda a dor que inflingiu. Isso ajudou a dar um ar mais adulto ao personagem - e a, acredito, impedir que o filme fosse reprovado no "teste dos 15 anos", já que quase todo mundo aqui assitiu o anime na infância, nos idos dos anos 90, e hoje são adultos, como o Kenshin do Takeru.
Gostei bastante também do Jin-e no filme. Apesar de não haver uma menção direta a isso, a forma como a personagem lida com o peso de ser "o sobrevivente" meio que escorre da tela em todas as cenas em que aparece.
Enfim, uma ótima adaptação. Tomara que adaptem os outros arcos também. Se seguir esse padrão de qualidade, será, no mínimo, maravilhoso.
Alguns podem considerar um filme monótono, mas eu particularmente fiquei batante comovido. A história do homem sem nome que vaga com seu filho em buscar de sobrevivência no meio de um mundo destruído já envolve, em si, elementos que tenderiam a cativar...mas vai além. Envoltos em nuvens cinzas, se abrigando de terremotos, fugindo de pessoas que os devorariam e tomados pelo medo seriam eles tão diferentes de nós? Estaria esse mundo "arrasado" tão distante do nosso, em pleno funcionamento?
Filme interessantíssimo e bom ponto de partida para se discutir os problemas nas representações femininas nos produtos midiáticos, mas que é preciso ser visto com cuidado.
Dois pontos em particular me chamaram bastante a atenção, e acho bem problemáticos:
1) o filme fala da ditadura da magreza e tal...mas sempre associa isso a "perfeição". "As mulheres são cobradas para terem o corpo perfeito", falam o tempo todo. E rebatem isso lançando mão daquela afirmação de que "é preciso valorizar o intelecto". Isso é complicado porque, bem, estabelece uma oposição que não precisa existir. Mas o que torna isso intolerável ao meu ver é que reforça a ideia de que o único corpo bonito, o único corpo "perfeito" é aquele propagandeado pelas mídias. Esse é o tipo de questão que uma abordagem de positivação corporal, chamando atenção para as diversas e infinitas formas de beleza contidas em cada formatação corporal existente, me pareceria mais eficiente e direta na solução do problema.
2) O que me deixou puto mesmo foi a fala de um homem no final do filme, que foi conversar com uma mulher sobre a situação das mulheres e ela disse que "pior é a situação dos homens". Okay, válido e necessário falar sobre como o sexismo pressiona homens com papéis de gênero também inalcançáveis para que sejam felizes, mas mesmo com essa ~~cobrança~~ o mundo ainda é masculino e o poder é dos homens. Isso poderia ter sido abordado de outra forma, sem colocar os homens opressores como coitadinhos (fiquei com essa impressão, de que o objetivo era fazera pessoa que assiste pensar "oh, ele é assim apenas porque foi educado para tal, também é uma vítima) e sem mudar o foco da coisa.
Muito bom! Tem alguns dos melhores diálogos que já vi e é realmente uma aula e roteiro, como já falaram. A falta de agência da Buttercup me incomodou pra caramba, no entanto.
Legalzinho...e só. Vale a pena pra ver Jackie Chan e Jet Li compartilhando um discípulo. E o Jet Li tá simplesmente IMPAGÁVEL na pele do Rei Macaco, mesmo, hahaha. Mas é bem fraquinho
Curti bastante o filme. Tirando uma ou outra piadinha desnecessariamente ofensiva, a história prende, as personagens cativam e os diálogos são tocantes. Achei bem bacana :)
Piper Perabo se apaixonando pela Cersei Lannister. Esse filme definitivamente vale a pena e colocou o meu eu de hoje em contato com meu eu de outrora, hahaha.
Curti a narrativa e as músicas, além do show a parte que é o Dr. Frank. No entanto, a representação negativa de pessoas trans* como loucas desvairadas é ofensiva e me incomodou um pouco.
Gostei muito de, no final, o Dr. ter sido o responsável pela libertação da Janet e do Brad de tudo o que os reprimia, incentivando ela a explorar sua sexualidade e ele a decobrir a sensualidade que existia debaixo daquele homem normatizado.
Proposta bacana, mas gostaria de saber mais de como foi a via da Heidemarie logo que ela decidiu abrir mão do dinheiro e dos bens. Seria bacana que tivesse isso, até pra mostrar as pessoas que é algo que pode ser feito praticamente (e como os privilégios dela enquanto branca, de classe alta e com vida profissional estável ajudaram ela nessa decisão).
Nem tenho como não favoritar. Wes Anderson conta uma história simples e cativante usando sua já conhecida estética: fotografia centralizada, tomadas amplas, muitas cores e uma boa distribuição de formas. Tocou no fundo do meu coração, de verdade.
Tanto que até algumas coisas que estão sendo (ou deveriam estar sendo) bem problematizadas a partir do filme, como a sexualização infantil, me pareceram leves e especiais...não sei explicar direito. A ausência de personagens não brancas no filme também me incomodou um pouco.
Mas absolutamente todas as atuações do filme estão acima da média. Acho que é um bom filme a ser assistido por quem quer recuperar sua fé no amor :)
Filme muito sensível. Assistí-lo foi uma experiência enriquecedora para mim. A fotografia, a trilha sonora, e, acima de tudo, as interpretações fizeram com que a apreciação que tive da obra fosse tão única que nem penso em assistí-lo novamente e apenas navegar nas lembranças que e leituras que tenho dele.
Só não dou 5 estrelas porque achei que os discursos em torno da personagem Vanessa muito cissexistas, ofensivos à identidade de pessoas trans* e desnecessários.
Oblivion
3.2 1,7K Assista AgoraFui para a sessão sem nem saber direito do que se tratava o filme. "É um filme de sci-fi com o Tom Cruise", me falaram. O resultado dessa ausência quase completa de informação foi: gostei de Oblivion. A primeira impressão foi a melhor possível, mas repensando encontrei alguns problemas que diminuíram minha simpatia pelo longa.
O principal deles foi a representação das personagens femininas. VIctoria e Julia estão ali desempenhando os mesmos papeis atribuídas às mulheres nas mais diversas narrativas: uma que mantém o que está estabelecido, tentando frear o ímpeto questionador de um homem protagonista, e a outra que o instiga a desafiar as ordens que lhe são dadas. Essa ideia de mulheres como auxiliares no caminho de um homem me incomoda bastante. Um ou outro buraco também me broxaram um pouco (como o Tech 52 conseguiu chegar até os Scavs? e como estes últimos mantiveram um contigente populacional enorme mesmo após a chacina promovida pelos robôs, que se provoram super eficientes em matar pessoas?).
Mas a forma como a história trabalha a ideia de memória é sensacional,
principalmente a conclusão a que (me) leva: a memória é importante, só que é muito mais importante aquilo que você faz com/em nome dela.
Marighella
4.1 112Contando a história de Marighella desde os primórdios, o doc faz com que ao chegar na época de sua atuação enquanto militante (e inimigo número 1 da ditadura) quem assiste sinta um pequeno aperto no coração, por sentir que o pior se aproxima para aquela personagem que parece tão cativante. Filme bem legal, embora, de modo geral, essa proposta de heroicização, de mitificação das pessoas não me agrade muito.
Mama
3.0 2,8K Assista AgoraO filme é divertido enquanto terror, mas decepciona. A participação do Del Toro deve ter ficado restrita aos círculos executivos, porque tem uns elementos bem legais na história que poderiam ter sido mais desenvolvidos e foram simplesmente esquecidos:
o sofrimento da Mama, a causa da sua internação, a relação entre os gêmeos Jeff e Luke, a mudança de postura do Luke (que tudo leva a crer que era um artista desapegado) após o desaparecimento do irmão/reencontro com as sobrinhas...
No final das contas fiquei com aquela sensação de um roteiro subaproveitado, de um filme cuja vitória maior é fazer quem está assistindo dar uns pulinhos na cadeira de vez em quando, quando podia fazer bem mais. Recomendo não visse?
Videodrome: A Síndrome do Vídeo
3.7 546 Assista AgoraNão curti. Quero dizer, é interessante criticar o crescente apetite pelo consumo de coisas cada vez mais "proibidonas" da sociedade estadunidense dos anos 80, mas as metáforas simbólicas do Cronenberg me enchem o saco (menos pelo simbolismo, mais pela misoginia ~não-intencional~). Não diria que foi uma perda de tempo, mas...meh.
Planeta Terror
3.7 1,1KTaí um filme que não me agradou nem como paródia. Imagino que talvez tenha funcionado melhor dentro de "Grindhouse", com pouco tempo pra se desenvolver e dentro de uma atmosfera mais zuada, mas algumas das sequências que se pretendiam engraçadas me pareceram simplesmente chatas, quando não ofensivas. Enfim, o Rodriguez podia morrer sem fazer isso.
Cubo
3.3 879 Assista AgoraJá tinha visto as duas continuações aleatoriamente na tv à cabo e curtido um pouco, daí minha curiosidade pelo precursor de toda a história. Assisti "Cubo" e gostei bastante. O recorte brusco na vida daquelas pessoas e o começo "do zero", em que não sabemos nada a respeito delas, nos coloca em pé de igualdade com todas as personagens. É na busca pela fuga que vemos os relacionamentos entre aquelas pessoas se desenvolvendo, e uma série de "por quê?" vem à mente, prendendo quem assiste até o final.
Gostei do filme, e acho que a trilogia funciona de uma maneira legal, se amarra bem (principalmente o primeiro e o terceiro filmes).
Intriga Internacional
4.1 348 Assista AgoraFilme legal, e a atuação do Cary Grant realmente cativa - passei as cerca de duas horas bem agoniado com a situação na qual o Roger se encontrava, hahaha. O filme diverte e é interessante pensar em como algumas práticas narrativas e de filmagem que hoje são clichês eram, nesse filme, originalidades. Não entendi algumas coisas que me pareceram furos no roteiro, mas é um filme cacana :)
Ensaio de Orquestra
4.0 45 Assista AgoraA visita de uma rede de TV mostra todo o preciosismo existente no interior de cada musicista que compõe uma orquestra. Revoltados, rebelam-se e acabam por colocar em risco a existência da mesma.
A crítica social presente no filme me escapou quase que completamente - se não fosse a minha companheira para alertar-me eu provavelmente seria completamente antipático à obra.
Fellini usa a orquestra e cada pessoa que a integra como uma metáfora para a situação política da Itália. Há quem ache válido, mas o "unificacionismo" esquerdista do qual lança mão para afirmar que nenhuma mudança acontecerá a menos que absolutamente todas as pessoas estejam de acordo não me convence, apesar de concordar que é necessário que haja certa superação do ego.
O que não me escapou, de modo algum, foi o viés elitista que Fellini apresenta ao escolher a Orquestra como "metáfora da sociedade". A ridicularização da personagem relacionada ao sindicato é compreensível dentro da crítica geral que faz a sociedade, mas as alegorias referentes à música refletem uma concepção musical completamente pró-establishment, o que me incomodou bastante.
Filme legal pra se pensar a situação política italiana nas décadas seguintes ao fascismo :)
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraGostei do filme, tanto como parte da obra do Tarantino quanto como exemplar de western mesmo. Mas, né, não sou lá grande conhecer dos filmes de bang bang. Me diverti vendo.
Só não curti muito a relação que se desenvolve entre o Schultz e o Django, já tô cansado de ver filmes que mostram negros escravos que tem sua liberdade dada por um branco. Cadê os vários casos de pessoas negras que conquistaram sua liberdade com sangue e suor?
E antes que digam que isso é um problema da indústria e não desse filme em si: ao optar por contar esta história, desta maneira, repetindo esse clichê narrativo, ele corrobora esse posicionamento e essa ideia da necessidade de um "salvador branco" para dar voz e direitos às pessoas negras (vide o indicado ao Oscar do ano passado, "The Help"). Então, sim, o filme também é digno de crítica por esse ponto.
Sweet Rain
4.0 53Bem legal a proposta de falar sobre morte usando um shinigami como uma figura antropomorfizada e tão humana.
A reação dele ao se deparar com expressões novas é bem engraçada - e quando se pensa que ele se debate com gírias desconhecidas o tempo todo, por ser uma entidade atemporal, a coisa fica ainda mais hilária. E é muito legal perceber como os três atos da histórias se fecham enquanto Chiba percebe o que a vida significa se deparando pela primeira vez com um céu azul.
Super
3.4 603Um dos piores filmes que já vi. Consegue até prender o espectador e desenvolver uma narrativa que promete até a metade da história, depois se perde. Só isso já o faria fraco ao meu ver.
Mas, não: eles tinham que colocar uma cena da Libby estuprando um Frank (porque, né, quer coisa mais engraçada do que um homem sendo forçado a fazer sexo com uma mulher? afinal, ~se aconteceu foi pq ele deixou~/ironic) e botar como ápice do perigo que a Sarah corre uma situação em que ela está pra ser estuprada. Depois daí eu desisti de ver o filme.
Kick-Ass: Quebrando Tudo
3.9 2,8K Assista AgoraCurti o filme - mas o Aaron Johnson não me convenceu como nerd fracassado não, viu?
Eu Matei Minha Mãe
3.9 1,3KConduzida de forma surpreendente, a narrativa do jovem que simplesmente não consegue mais viver com sua mãe impressiona mais pela estética.
Não que o roteiro seja ruim, não é isso: a situação do relacionamento dos dois, em que existe amor mas falta compreensão, é bem explorada em sua complexidade e leva a pessoa que assiste a refletir sobre seus próprios relacionamentos (afinal, quem nunca se viu nessa encruzilhada, seja com os pais ou com qualquer outra pessoa?). No entanto, por mais que em alguns momentos Hubert se mostre uma pessoa antipática, sua personalidade é abordada de modo amplo pelo filme, o que não acontece no caso de Chantale. Ela é apenas a mãe, chata, brega, irritante e unidimensional - justamente aquilo que, por mais que uma pessoa tente, dificilmente conseguirá ser. Sinto que o filme me agradaria mais se ela fosse mais trabalhada, assim como o Antonin. Mas a ausência disso é interessante para denunciar o egocentrismo do jovem Hubert, que consegue ver sua própria complexidade mas é incapaz de compreender as nuances alheias, e, quem sabe, do próprio Dolan.
Samurai X: O Filme
4.0 611 Assista AgoraQuando me mostraram o trailer, há uns meses, eu já tinha certeza: isso vai ser bom. O character design está ótimo, apesar dos atores, de modo geral, não se parecerem com as personagens do anime (sentir falta do Sanosuke sendo altão, não vou mentir). A "diferença" mais gritante no que tange ao anime, ao meu ver, está no Kenshin.
No filme não vemos um cara bem-humorado, brincalhão, e doce. Takeru interpreta um Kenshin sereno, sim, mas muito perturbado pela culpa. Apesar do voto de não mais matar, o "ruroni" é muito duro consigo mesmo quando se trata das suas memórias e de toda a dor que inflingiu. Isso ajudou a dar um ar mais adulto ao personagem - e a, acredito, impedir que o filme fosse reprovado no "teste dos 15 anos", já que quase todo mundo aqui assitiu o anime na infância, nos idos dos anos 90, e hoje são adultos, como o Kenshin do Takeru.
Gostei bastante também do Jin-e no filme. Apesar de não haver uma menção direta a isso, a forma como a personagem lida com o peso de ser "o sobrevivente" meio que escorre da tela em todas as cenas em que aparece.
Enfim, uma ótima adaptação. Tomara que adaptem os outros arcos também. Se seguir esse padrão de qualidade, será, no mínimo, maravilhoso.
A Estrada
3.6 1,3K Assista AgoraAlguns podem considerar um filme monótono, mas eu particularmente fiquei batante comovido. A história do homem sem nome que vaga com seu filho em buscar de sobrevivência no meio de um mundo destruído já envolve, em si, elementos que tenderiam a cativar...mas vai além. Envoltos em nuvens cinzas, se abrigando de terremotos, fugindo de pessoas que os devorariam e tomados pelo medo seriam eles tão diferentes de nós? Estaria esse mundo "arrasado" tão distante do nosso, em pleno funcionamento?
Mulheres na Mídia
4.4 52Filme interessantíssimo e bom ponto de partida para se discutir os problemas nas representações femininas nos produtos midiáticos, mas que é preciso ser visto com cuidado.
Dois pontos em particular me chamaram bastante a atenção, e acho bem problemáticos:
1) o filme fala da ditadura da magreza e tal...mas sempre associa isso a "perfeição". "As mulheres são cobradas para terem o corpo perfeito", falam o tempo todo. E rebatem isso lançando mão daquela afirmação de que "é preciso valorizar o intelecto". Isso é complicado porque, bem, estabelece uma oposição que não precisa existir. Mas o que torna isso intolerável ao meu ver é que reforça a ideia de que o único corpo bonito, o único corpo "perfeito" é aquele propagandeado pelas mídias. Esse é o tipo de questão que uma abordagem de positivação corporal, chamando atenção para as diversas e infinitas formas de beleza contidas em cada formatação corporal existente, me pareceria mais eficiente e direta na solução do problema.
2) O que me deixou puto mesmo foi a fala de um homem no final do filme, que foi conversar com uma mulher sobre a situação das mulheres e ela disse que "pior é a situação dos homens". Okay, válido e necessário falar sobre como o sexismo pressiona homens com papéis de gênero também inalcançáveis para que sejam felizes, mas mesmo com essa ~~cobrança~~ o mundo ainda é masculino e o poder é dos homens. Isso poderia ter sido abordado de outra forma, sem colocar os homens opressores como coitadinhos (fiquei com essa impressão, de que o objetivo era fazera pessoa que assiste pensar "oh, ele é assim apenas porque foi educado para tal, também é uma vítima) e sem mudar o foco da coisa.
A Princesa Prometida
3.7 327 Assista AgoraMuito bom! Tem alguns dos melhores diálogos que já vi e é realmente uma aula e roteiro, como já falaram. A falta de agência da Buttercup me incomodou pra caramba, no entanto.
O Reino Proibido
3.2 376 Assista AgoraLegalzinho...e só. Vale a pena pra ver Jackie Chan e Jet Li compartilhando um discípulo. E o Jet Li tá simplesmente IMPAGÁVEL na pele do Rei Macaco, mesmo, hahaha. Mas é bem fraquinho
e eu realmente não entendi a necessidade de se enfiar aquele romance no filme, completamente desnecessário
Na Mira do Chefe
3.7 360Curti bastante o filme. Tirando uma ou outra piadinha desnecessariamente ofensiva, a história prende, as personagens cativam e os diálogos são tocantes. Achei bem bacana :)
Imagine Eu e Você
3.7 742Piper Perabo se apaixonando pela Cersei Lannister. Esse filme definitivamente vale a pena e colocou o meu eu de hoje em contato com meu eu de outrora, hahaha.
The Rocky Horror Picture Show
4.1 1,3K Assista AgoraCurti a narrativa e as músicas, além do show a parte que é o Dr. Frank. No entanto, a representação negativa de pessoas trans* como loucas desvairadas é ofensiva e me incomodou um pouco.
Gostei muito de, no final, o Dr. ter sido o responsável pela libertação da Janet e do Brad de tudo o que os reprimia, incentivando ela a explorar sua sexualidade e ele a decobrir a sensualidade que existia debaixo daquele homem normatizado.
Bom, mas criticável e potencialmente ofensivo :/
Vivendo Sem Dinheiro
4.2 1Proposta bacana, mas gostaria de saber mais de como foi a via da Heidemarie logo que ela decidiu abrir mão do dinheiro e dos bens. Seria bacana que tivesse isso, até pra mostrar as pessoas que é algo que pode ser feito praticamente (e como os privilégios dela enquanto branca, de classe alta e com vida profissional estável ajudaram ela nessa decisão).
Moonrise Kingdom
4.2 2,1K Assista AgoraNem tenho como não favoritar. Wes Anderson conta uma história simples e cativante usando sua já conhecida estética: fotografia centralizada, tomadas amplas, muitas cores e uma boa distribuição de formas. Tocou no fundo do meu coração, de verdade.
Tanto que até algumas coisas que estão sendo (ou deveriam estar sendo) bem problematizadas a partir do filme, como a sexualização infantil, me pareceram leves e especiais...não sei explicar direito. A ausência de personagens não brancas no filme também me incomodou um pouco.
Febre do Rato
4.0 657Filme muito sensível. Assistí-lo foi uma experiência enriquecedora para mim. A fotografia, a trilha sonora, e, acima de tudo, as interpretações fizeram com que a apreciação que tive da obra fosse tão única que nem penso em assistí-lo novamente e apenas navegar nas lembranças que e leituras que tenho dele.
Só não dou 5 estrelas porque achei que os discursos em torno da personagem Vanessa muito cissexistas, ofensivos à identidade de pessoas trans* e desnecessários.