Como sempre, em filmes do Rob Letterman, vale pelas referências à cultura pop. Achei uma graça o papo da "lagoa da amizade" e subtrairia completamente a dancinha ridícula do final. Exageros à parte, é sempre bom lembrar da infância, por mais que as referências tecnológicas do filmes sejam muito atuais e o tornem muito "modernoso".
Inegavelmente, um clássico. Datado para a crise econômica da época e muito bom. A melhor parte do roteiro, envolvendo Bud Fox como o interrogado: "- Ainda sai com aquela francesa sedutora? - Não. Ela fez a pergunta errada. - E qual foi a pergunta? - O que você está pensando?" =D
Muito interessante e dinâmico. Uma boa fábula, capaz de prender a atenção com afinco. Peca um pouco pela edição, que em algumas cenas deveria ser mais precisa. O ruim é o gostinho de quero mais até que a continuação saia... =P
Uma das sessões mais cheias de coisas paranormais que eu já assisti na minha vida, ahahahah. Excelente filme! Um grande exemplo de obra prima barata e bem construída. Capaz de render horas de interpretações e discussões acerca.
Uma graça! Pisa um pouco no clichê da temática, mas não deixa que o desinteresse tome conta em nenhum momento. Pontos altos para as aparições de Jane Birkin, assim como pela ótima trilha sonora, que flerta entre Jane Birkin e Etta James. :)
“Criação” é um filme extremamente delicado e acessível para leigos. Fica longe de abordar com detalhes toda a importância que o naturalista Charles Robert Darwin teve para a Biologia, a enorme importância para a Teoria da Evolução ou mesmo o quanto foi um cientista produtivo e visionário. No entanto, não deixa de possuir vários méritos ao tocar em um tema tão importante e menosprezado de sua vida. Trata de uma forma muito contundente sobre a sua vida pessoal, seus conflitos internos e externos, assim como situações de perdas e ganhos importantes no processo da sobrevivência. Aborda como foco específico, os processos que precederam a publicação da “Origem das Espécies” (1859) e inevitavelmente sucederam a viagem com o Beagle (1831 - 1836). Na trama, estão evidentes os conflitos de interesses com a sociedade que o cercava e com as teorias que por ele eram aceitas antes que conseguisse enxergar as bases do desenvolvimento dos seres vivos. No entanto, aborda primordialmente o conflito gerado com a sua própria esposa e com a educação que deveria ser fornecida aos seus filhos. É incrivelmente poético e justamente por isso, torna bastante palpável e acessível aquela fagulha de evolucionismo atrelada a essa pequena parte da história pessoal do naturalista. A cena do orangotango é um grande exemplo desse lirismo. Pode passar longe de ser uma aula de biologia ou mesmo um retrato histórico fiel, mas é bastante interessante e merece ser assistido. Em termos técnicos, a atuação de Paul Bettany, a fotografia e a construção de cenário são pontos altos para uma reconstrução de época fidedigna.
Apesar da Jessica Lange, duvido bastante que seja tão bom quanto o de 1976. É uma história muito complexa e densa para que seja abordada em menos de 90 minutos.
Sempre é desesperador o diagnóstico de uma criança com autismo, principalmente para os pais. Isso ocorre diretamente pela incompreensão que cerca os portadores e pelo modo como a sociedade os encara, entre algo que transita e flerta com a piedade e menosprezo. Como imaginar isso no final da década de 50? Se hoje em dia, o portador ainda está imerso em um leque de desconhecimento muito abrangente, com toda a certeza isso era uma realidade muito mais catastrófica 60 anos atrás. E é nesse patamar de temporalidade que se encaixa a história verídica de Temple Grandin, uma autista fabulosa e inteligentíssima, que superou as dificuldades e se tornou pós-doutora em ciência animal, apesar dos enormes percalços ao longo da vida “Temple Grandin” (2010) é a cinebiografia de uma mulher homônima, produzida pela HBO para ser exibida exclusivamente por via televisiva. Nenhum merchandising em cima e muita qualidade. Concorreu recentemente a 15 emmys e arrebatou sete deles. O mais merecido deles foi o conferido Claire Danes, que interpreta de “corpo e alma” a protagonista. Não bastasse isso, tudo ainda se confirma com o depoimento inserido nos créditos finais da própria Temple Grandin. Com uma direção de arte e maquiagem fabulosas, uma fotografia muito bem contextualizada e uma direção precisa, é um filme que qualquer pessoa de bom gosto deve assistir. Nada para mudar a vida, mas sim para permitir encará-la de uma forma mais tranqüila e menos preconceituosa. Amparado por um elenco coadjuvante muito competente, é um drama super agradável de ser assistido. Não é à toa que ganhou tantos prêmios, pois se trata de uma história completamente cativante e que não permite que a “peteca caia” ao longo dos mais de 100 minutos de duração. Completamente recomendável, apesar de relativamente inacessível.
O filme retrata com eficiência como nem sempre o que aparenta ser, é o essencial. O quanto o que se vê prioritariamente como pouco afável pode se tornar acolhedor e amável. Mostra bem o quanto os “porcos-espinhos” da história são solitários, cultos em demasia e por isso, desiludidos com a sociedade ao redor. Nesse caso, a referência direta é à Renée (Josiane Balasko) e à Paloma (Garance Le Guillermic), ambas enojadas pelo que a vida anda lhes oferecendo. Com uma narrativa inteligente, ácida e chocante (visto que demonstra a vontade de suicídio de uma criança), Mona Achache delineia as formas e os personagens ásperos ao mesmo tempo em que realiza essa construção de maneira que a narrativa decorra de forma suave e divertida. Se a intenção era discorrer sobre a insignificância do ser humano, ela foi alcançada com êxito. Com um final em aberto, decorrente de uma reviravolta que o encaminha para a cumplicidade com o espectador, destaca o poder de escolha e figura como uma demonstração de respeito a todos aqueles que estão às margens dos padrões de felicidade convencionais.
Michael Cuesta, aclamado pela série televisiva “Dexter”, demonstra com muita realidade e com bastante competência, o quanto a juventude americana pode ser bizarra e desajustada em “12 Anos e Pouca Ilusão”. A história das crianças de 12 anos abaladas pela morte de um amigo foge da previsibilidade e acaba conquistando o telespectador. O filme figura como um interessante retrato de uma fase pela qual todos já passaram ou irão passar, que trilha o autoconhecimento e a formação de opiniões próprias. Afirma que cada pessoa é única, pois andou por percursos e viveu coisas diferentes de qualquer outro. Além disso, engloba com naturalidade as mais diversas maneiras de lidar com os sentimentos de vingança e aflição ocasionados pela perda de um parceiro de jornada rumo à maturidade.
É resultado das consequências de ações procedentes de pequenos atos. Ações essas que podem ser intrinsecamente responsáveis por modificar radicalmente o rumo de várias vidas, mas principalmente de Nemo Nobody (Jared Leto, em excelente atuação). Trata-se antes de qualquer coisa, de um filme extremamente realista dentro de um imaginário que pode figurar como absurdo, mas está longe de ser. Não é nenhuma produção megalomaníaca e nem foi realizado por nomes consagrados dentro da indústria do cinema, mas é impresso em uma qualidade que poderia categorizá-lo dentro de quaisquer desses dois patamares. Conta com um roteiro primoroso, auxiliado por uma trilha sonora que parece delimitar as ações do protagonista, encaixando-se perfeitamente e auxiliando no desenvolvimento da trama. Impossível não ficar se indagando sobre destino e fatalidade após assistir “Sr. Ninguém”. Apresenta-se como aquele amontoado de emoções, que afloram em algum momento e parecem brincar com o intelecto, fazendo-o indagar cada nova ação ou possibilidade de decisão. Existencialismo super dinâmico, bem moldado e inspirador. Um belo filme, cheio de despretensão.
É o segundo filme a trilogia dirigida por Park Chan-wook, roteirizado por Park Chan-wook/Hwang Jo-yun/Lim Joon-hoon, com uma belíssima fotografia de Jung Jung-hoon e que representa a reconstrução de uma vida a partir da violência (algo bem atual, não?). Nada mais é que uma história de amor, baseada em uma história de muita ação e vingança. O primeiro capítulo da trilogia da vingança do diretor Park Chan-wook, "Sympathy for Mr. Vengeance" (“Boksuneun Naui Geot”, 2002) foi considerado o melhor filme de 2002 por Harry Knowles. Logo no início de “Old boy”, somos instalados na história de um homem “comum”. O roteiro, brilhantemente costurado, vagueia de um primeiro momento no qual ele está no topo de um prédio, depois na delegacia cometendo toda espécie de insanidades, e posteriormente em um quarto-prisão onde é enclausurado por 15 anos. A partir daí, o ritmo frenético toma conta da narrativa e podemos perceber o real desenvolvimento de um personagem que é humano (não se encaixa como herói e nem como vilão) e que faz com que o espectador torça pelo personagem dele – no caso Oh Dae-su, personagem baseado em um manga japonês (de Tsuchiya Garon e Minegishi Nobuaki) e vivido excelentemente pelo coreano Min-Sik Choi. "Old boy" é um filme que segura a atenção, pois consiste em uma ação bem humorada, recheada de cenas absurdamente violentas em sua primeira metade. No entanto, é um filme que consegue deixar para trás a violência excessiva e transformar-se em uma tragédia admirável, digna de qualquer vislumbração que priorize roteiro e direção. Uma história que preza o cuidado na composição dos planos e destaca-se pelas bizarrices. Realmente aconselho que assistam à essa história de amor, que instiga o espectador a surpreender-se cada vez mais com a proximidade do final e com as revelações baseadas na reconstrução de uma vida. É inevitável não sair do cinema em estado de choque.
A escolha de por atores britânicos e norte-americanos pouco famosos (apesar de talentosos), dá ao filme uma sensação agradável mistura: seja de sotaques, seja de interpretações. Martin Freeman (“Simplesmente Amor”) vive o protagonista e parece bastante à vontade no papel. Além dos já citados, o núcleo de personagens principais ainda contém: Trillian (a bela Zooey Deschanel), Zaphod Bebblebrox (Sam Rockwell, excêntrico e cômico), e o simpático, existencialista e deprimido robô Marvin “Marv” (voz de Alan Rickman). A direção de Garth Jennings procura captar a obra literária, ao invés de apenas produzir um “blockbuster”. Apesar de ser um filme comercial, não é nenhum pouco apelativo. Como qualquer adaptação, suprime algumas passagens do livro, mas ainda sim apresenta um roteiro bem conduzido e adaptado.
A tensão causada pelo roteiro é maravilhosamente angustiante. O roteirista/diretor (Joshua Marston) realmente conseguiu imprimir um resultado fabuloso ao ser tão meticuloso, e conseguiu transportar o público para a viajem de Maria. Uma visão humana que precisa ser vislumbrada.
É um filme delicioso, leve, e bom; muito bom. Dirigido pelo húngaro István Szabó, é um filme cativante que se desenvolve a partir do amor pelo teatro e o fascínio que as divas exercem sobre o seu público. A história é baseada em um romance pouco conhecido de W Somerset Maugham intitulado “Theatre”, de 1937, que já foi adaptado para o cinema diversas vezes. O roteiro, adaptado por Ronald Harwood, apresenta Julia Lambert (Annette Bening) como a estrela do West End londrino em 1938. A atriz demonstra gradual desinteresse pela carreira com a perda da vitalidade, no entanto, ao envolver-se com um fã bem mais jovem, o interesse pelo palco é retomado. Com o desenrolar da trama, um quadrângulo amoroso é formado e um embate no palco de teatro é inevitável. Annette Bening surpreende e apresenta o seu auge (justificando National Board of Review, o Globo de Ouro e a indicação ao Oscar), ao vivenciar uma mulher radiante e durona, mas que em seus momentos privados permite que transpareça a vulnerabilidade e inconsistência. Uma “Júlia” que ao lado do marido Michael (Jeremy Irons) virou um acordo de carreiras dependentes e vidas separadas, dando espaço para que o jovem Tom Fennel (Shaun Evans) arrebate a atriz. O filme apresenta uma montagem fantástica, uma direção de arte impecável e uma fotografia belíssima, condizente com a época na qual o filme é ambientado. A trilha sonora, irritantemente romântica, também remete muito à época de desenvolvimento da trama. É uma obra gratificante do início ao fim, repleto de cenas absurdamente teatrais e emotivas.
É o filme de Jean-Pierre Jeunet (“Delicatessen”, “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”), que foi motivo de briga judicial após ser acusado de como “o primeiro passo hollywoodiano” da Warner na “corrida” pelo Cesar (o mais importante prêmio cinematográfico francês). Dirigido por Jean-Pierre Jeunet, e adaptado com a colaboração de Guillaume Laurant e Sébastien Japrisot, o romance desenvolve-se na França do final da 1ª Guerra Mundial e conta a história da busca comovente, envolvente, triste e engraçada de uma mulher persistente (Malthilde, vivida por Audrey Tautou) por seu noivo (Manech, Gaspard Ulliel), desaparecido nas trincheiras. O rapaz era um dos 5 soldados franceses que foram submetidos à corte marcial sob circunstâncias duvidosas e foram expulsos de uma trincheira aliada, por se auto-mutilarem, para uma morte quase certa em campo inimigo. Em “Eterno amor”, a história é cheia de idas e vindas, pequenos detalhes e pontos de vista. Mathilde (Tatou) é persistente e intuitivamente nunca desiste de buscar pelo noivo e pelo pelotão de desertores abandonados à morte, tornando o mistério da busca cada vez maior. Os documentos oficiais são todos confidenciais e devido às dificuldades, Mathilde começa a vasculhar a vida passada de cada um dos “parceiros” de seu noivo, para tentar chegar à Manech.
O percurso de Ray Charles é apresentado por uma narrativa cuidadosa, que é capaz de captar momentos emocionantes e descontraídos. Jamie Foxx é o grande responsável pela brilhante interpretação de Ray Charles e pelos prêmios aos quais foi indicado, assim como pelos que recebeu. A fotografia impressiona e enaltece o valor do grande ícone musical que foi Ray Charles. Juro que nem senti passar os 153 minutos de projeção. E ressalto como único ponto negativo a “viagem” sentimental e nostálgica ao final da narrativa, um exagero desnecessário sob meu ponto de vista.
Nove anos depois, agora em “Antes do Pôr-do-Sol”, eles se reencontram em Paris na ocasião em que Jesse está promovendo o seu livro, que conta sua história ao lado de Celine. Ela aparece em um dos eventos de lançamento do livro. Ele então a convida para uma nova conversa, sendo que desta vez eles têm apenas uma hora e meia, antes dele pegar o seu vôo de volta para Nova York. Ao caminharem juntos pelas ruas de Paris, a câmera segue os dois protagonistas por uma das cidades mais belas do mundo, em “takes” muito simples, lembrando a política dinamarquesa do Dogma 95. Após nove anos, o tom da conversa mudou e naturalmente, ao tom sonhador do primeiro filme são adicionadas às experiências de vida e certa melancolia (causada principalmente pelo desencontro anterior). O filme é centrado nos diálogos do casal, através dos quais relembram histórias da noite em Viena, desvendam o obscuro do desencontro e demonstram a mesma inocência. É um programa que realmente conquista o telespectador, impossibilitando a falta de interesse no desenvolver da trama. “Antes do Pôr-do-Sol” é muito mais simples do que “Antes do Amanhecer” e ainda sim extremamente cativante. O diretor, Richard Linklater, parece flagrar o momento em que o amor caminha na direção da perfeição. Possui uma trilha sonora leve e encantadora. É um filme comovente e sincero, belo e simples.
Justin Bieber: Never Say Never
2.4 1,7K Assista Agora"só assisto se ele morrer no final" [74]
As Viagens de Gulliver
2.6 920Como sempre, em filmes do Rob Letterman, vale pelas referências à cultura pop. Achei uma graça o papo da "lagoa da amizade" e subtrairia completamente a dancinha ridícula do final. Exageros à parte, é sempre bom lembrar da infância, por mais que as referências tecnológicas do filmes sejam muito atuais e o tornem muito "modernoso".
O Discurso do Rei
4.0 2,6K Assista AgoraBastou o trailler maravilhoso, com legenda amarela *-*, para despertar completamente o interesse. =D
Gente Grande
3.3 1,6K Assista Agora"- Tartaruga malvada!". Essa é a parte mais engraçada, hehehe
Fora isso, dá vontade de ir ao Beach Park. ;)
Machete
3.6 1,5K Assista AgoraMuito boa, é a entrevista com o Robert Rodriguez e o Danny Trejo:
"...quase como Rambo, que é o único que poderia endireitar isso..." :)
Wall Street: Poder e Cobiça
3.7 246 Assista AgoraInegavelmente, um clássico. Datado para a crise econômica da época e muito bom.
A melhor parte do roteiro, envolvendo Bud Fox como o interrogado:
"- Ainda sai com aquela francesa sedutora?
- Não. Ela fez a pergunta errada.
- E qual foi a pergunta?
- O que você está pensando?"
=D
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1
4.2 3,1K Assista AgoraMuito interessante e dinâmico. Uma boa fábula, capaz de prender a atenção com afinco. Peca um pouco pela edição, que em algumas cenas deveria ser mais precisa.
O ruim é o gostinho de quero mais até que a continuação saia... =P
O Teste Decisivo
3.6 381Uma das sessões mais cheias de coisas paranormais que eu já assisti na minha vida, ahahahah.
Excelente filme! Um grande exemplo de obra prima barata e bem construída. Capaz de render horas de interpretações e discussões acerca.
A Cabeça de Mamãe
3.3 5Uma graça! Pisa um pouco no clichê da temática, mas não deixa que o desinteresse tome conta em nenhum momento. Pontos altos para as aparições de Jane Birkin, assim como pela ótima trilha sonora, que flerta entre Jane Birkin e Etta James. :)
Criação
3.7 353“Criação” é um filme extremamente delicado e acessível para leigos. Fica longe de abordar com detalhes toda a importância que o naturalista Charles Robert Darwin teve para a Biologia, a enorme importância para a Teoria da Evolução ou mesmo o quanto foi um cientista produtivo e visionário. No entanto, não deixa de possuir vários méritos ao tocar em um tema tão importante e menosprezado de sua vida. Trata de uma forma muito contundente sobre a sua vida pessoal, seus conflitos internos e externos, assim como situações de perdas e ganhos importantes no processo da sobrevivência.
Aborda como foco específico, os processos que precederam a publicação da “Origem das Espécies” (1859) e inevitavelmente sucederam a viagem com o Beagle (1831 - 1836). Na trama, estão evidentes os conflitos de interesses com a sociedade que o cercava e com as teorias que por ele eram aceitas antes que conseguisse enxergar as bases do desenvolvimento dos seres vivos. No entanto, aborda primordialmente o conflito gerado com a sua própria esposa e com a educação que deveria ser fornecida aos seus filhos. É incrivelmente poético e justamente por isso, torna bastante palpável e acessível aquela fagulha de evolucionismo atrelada a essa pequena parte da história pessoal do naturalista. A cena do orangotango é um grande exemplo desse lirismo.
Pode passar longe de ser uma aula de biologia ou mesmo um retrato histórico fiel, mas é bastante interessante e merece ser assistido. Em termos técnicos, a atuação de Paul Bettany, a fotografia e a construção de cenário são pontos altos para uma reconstrução de época fidedigna.
Sybil
4.1 70Apesar da Jessica Lange, duvido bastante que seja tão bom quanto o de 1976. É uma história muito complexa e densa para que seja abordada em menos de 90 minutos.
Temple Grandin
4.3 336 Assista AgoraSempre é desesperador o diagnóstico de uma criança com autismo, principalmente para os pais. Isso ocorre diretamente pela incompreensão que cerca os portadores e pelo modo como a sociedade os encara, entre algo que transita e flerta com a piedade e menosprezo. Como imaginar isso no final da década de 50? Se hoje em dia, o portador ainda está imerso em um leque de desconhecimento muito abrangente, com toda a certeza isso era uma realidade muito mais catastrófica 60 anos atrás. E é nesse patamar de temporalidade que se encaixa a história verídica de Temple Grandin, uma autista fabulosa e inteligentíssima, que superou as dificuldades e se tornou pós-doutora em ciência animal, apesar dos enormes percalços ao longo da vida
“Temple Grandin” (2010) é a cinebiografia de uma mulher homônima, produzida pela HBO para ser exibida exclusivamente por via televisiva. Nenhum merchandising em cima e muita qualidade. Concorreu recentemente a 15 emmys e arrebatou sete deles. O mais merecido deles foi o conferido Claire Danes, que interpreta de “corpo e alma” a protagonista. Não bastasse isso, tudo ainda se confirma com o depoimento inserido nos créditos finais da própria Temple Grandin.
Com uma direção de arte e maquiagem fabulosas, uma fotografia muito bem contextualizada e uma direção precisa, é um filme que qualquer pessoa de bom gosto deve assistir. Nada para mudar a vida, mas sim para permitir encará-la de uma forma mais tranqüila e menos preconceituosa. Amparado por um elenco coadjuvante muito competente, é um drama super agradável de ser assistido. Não é à toa que ganhou tantos prêmios, pois se trata de uma história completamente cativante e que não permite que a “peteca caia” ao longo dos mais de 100 minutos de duração. Completamente recomendável, apesar de relativamente inacessível.
Eu Odeio o Dia dos Namorados
2.6 441 Assista AgoraEu só gostei da música do Tim Hanauer. :)
O Porco Espinho
4.3 366O filme retrata com eficiência como nem sempre o que aparenta ser, é o essencial. O quanto o que se vê prioritariamente como pouco afável pode se tornar acolhedor e amável. Mostra bem o quanto os “porcos-espinhos” da história são solitários, cultos em demasia e por isso, desiludidos com a sociedade ao redor. Nesse caso, a referência direta é à Renée (Josiane Balasko) e à Paloma (Garance Le Guillermic), ambas enojadas pelo que a vida anda lhes oferecendo.
Com uma narrativa inteligente, ácida e chocante (visto que demonstra a vontade de suicídio de uma criança), Mona Achache delineia as formas e os personagens ásperos ao mesmo tempo em que realiza essa construção de maneira que a narrativa decorra de forma suave e divertida.
Se a intenção era discorrer sobre a insignificância do ser humano, ela foi alcançada com êxito. Com um final em aberto, decorrente de uma reviravolta que o encaminha para a cumplicidade com o espectador, destaca o poder de escolha e figura como uma demonstração de respeito a todos aqueles que estão às margens dos padrões de felicidade convencionais.
12 Anos e Pouca Ilusão
3.9 9Michael Cuesta, aclamado pela série televisiva “Dexter”, demonstra com muita realidade e com bastante competência, o quanto a juventude americana pode ser bizarra e desajustada em “12 Anos e Pouca Ilusão”. A história das crianças de 12 anos abaladas pela morte de um amigo foge da previsibilidade e acaba conquistando o telespectador. O filme figura como um interessante retrato de uma fase pela qual todos já passaram ou irão passar, que trilha o autoconhecimento e a formação de opiniões próprias. Afirma que cada pessoa é única, pois andou por percursos e viveu coisas diferentes de qualquer outro. Além disso, engloba com naturalidade as mais diversas maneiras de lidar com os sentimentos de vingança e aflição ocasionados pela perda de um parceiro de jornada rumo à maturidade.
Sr. Ninguém
4.3 2,7KÉ resultado das consequências de ações procedentes de pequenos atos. Ações essas que podem ser intrinsecamente responsáveis por modificar radicalmente o rumo de várias vidas, mas principalmente de Nemo Nobody (Jared Leto, em excelente atuação). Trata-se antes de qualquer coisa, de um filme extremamente realista dentro de um imaginário que pode figurar como absurdo, mas está longe de ser.
Não é nenhuma produção megalomaníaca e nem foi realizado por nomes consagrados dentro da indústria do cinema, mas é impresso em uma qualidade que poderia categorizá-lo dentro de quaisquer desses dois patamares. Conta com um roteiro primoroso, auxiliado por uma trilha sonora que parece delimitar as ações do protagonista, encaixando-se perfeitamente e auxiliando no desenvolvimento da trama.
Impossível não ficar se indagando sobre destino e fatalidade após assistir “Sr. Ninguém”. Apresenta-se como aquele amontoado de emoções, que afloram em algum momento e parecem brincar com o intelecto, fazendo-o indagar cada nova ação ou possibilidade de decisão. Existencialismo super dinâmico, bem moldado e inspirador. Um belo filme, cheio de despretensão.
Meu Malvado Favorito
4.0 2,8K Assista AgoraA Agnes é a cara da Boo ("Monstros S/A") e o Vector, a cara da Edna Moda ("Os Incríveis"). Só o que faltou, foi inovarem no layout dos personagens. :)
Oldboy
4.3 2,3K Assista AgoraÉ o segundo filme a trilogia dirigida por Park Chan-wook, roteirizado por Park Chan-wook/Hwang Jo-yun/Lim Joon-hoon, com uma belíssima fotografia de Jung Jung-hoon e que representa a reconstrução de uma vida a partir da violência (algo bem atual, não?). Nada mais é que uma história de amor, baseada em uma história de muita ação e vingança.
O primeiro capítulo da trilogia da vingança do diretor Park Chan-wook, "Sympathy for Mr. Vengeance" (“Boksuneun Naui Geot”, 2002) foi considerado o melhor filme de 2002 por Harry Knowles.
Logo no início de “Old boy”, somos instalados na história de um homem “comum”. O roteiro, brilhantemente costurado, vagueia de um primeiro momento no qual ele está no topo de um prédio, depois na delegacia cometendo toda espécie de insanidades, e posteriormente em um quarto-prisão onde é enclausurado por 15 anos. A partir daí, o ritmo frenético toma conta da narrativa e podemos perceber o real desenvolvimento de um personagem que é humano (não se encaixa como herói e nem como vilão) e que faz com que o espectador torça pelo personagem dele – no caso Oh Dae-su, personagem baseado em um manga japonês (de Tsuchiya Garon e Minegishi Nobuaki) e vivido excelentemente pelo coreano Min-Sik Choi.
"Old boy" é um filme que segura a atenção, pois consiste em uma ação bem humorada, recheada de cenas absurdamente violentas em sua primeira metade. No entanto, é um filme que consegue deixar para trás a violência excessiva e transformar-se em uma tragédia admirável, digna de qualquer vislumbração que priorize roteiro e direção. Uma história que preza o cuidado na composição dos planos e destaca-se pelas bizarrices.
Realmente aconselho que assistam à essa história de amor, que instiga o espectador a surpreender-se cada vez mais com a proximidade do final e com as revelações baseadas na reconstrução de uma vida. É inevitável não sair do cinema em estado de choque.
O Guia do Mochileiro das Galáxias
3.4 1,0KA escolha de por atores britânicos e norte-americanos pouco famosos (apesar de talentosos), dá ao filme uma sensação agradável mistura: seja de sotaques, seja de interpretações. Martin Freeman (“Simplesmente Amor”) vive o protagonista e parece bastante à vontade no papel. Além dos já citados, o núcleo de personagens principais ainda contém: Trillian (a bela Zooey Deschanel), Zaphod Bebblebrox (Sam Rockwell, excêntrico e cômico), e o simpático, existencialista e deprimido robô Marvin “Marv” (voz de Alan Rickman).
A direção de Garth Jennings procura captar a obra literária, ao invés de apenas produzir um “blockbuster”. Apesar de ser um filme comercial, não é nenhum pouco apelativo. Como qualquer adaptação, suprime algumas passagens do livro, mas ainda sim apresenta um roteiro bem conduzido e adaptado.
Maria Cheia de Graça
3.7 138 Assista AgoraA tensão causada pelo roteiro é maravilhosamente angustiante. O roteirista/diretor (Joshua Marston) realmente conseguiu imprimir um resultado fabuloso ao ser tão meticuloso, e conseguiu transportar o público para a viajem de Maria.
Uma visão humana que precisa ser vislumbrada.
Adorável Júlia
3.7 34É um filme delicioso, leve, e bom; muito bom. Dirigido pelo húngaro István Szabó, é um filme cativante que se desenvolve a partir do amor pelo teatro e o fascínio que as divas exercem sobre o seu público.
A história é baseada em um romance pouco conhecido de W Somerset Maugham intitulado “Theatre”, de 1937, que já foi adaptado para o cinema diversas vezes. O roteiro, adaptado por Ronald Harwood, apresenta Julia Lambert (Annette Bening) como a estrela do West End londrino em 1938. A atriz demonstra gradual desinteresse pela carreira com a perda da vitalidade, no entanto, ao envolver-se com um fã bem mais jovem, o interesse pelo palco é retomado. Com o desenrolar da trama, um quadrângulo amoroso é formado e um embate no palco de teatro é inevitável.
Annette Bening surpreende e apresenta o seu auge (justificando National Board of Review, o Globo de Ouro e a indicação ao Oscar), ao vivenciar uma mulher radiante e durona, mas que em seus momentos privados permite que transpareça a vulnerabilidade e inconsistência. Uma “Júlia” que ao lado do marido Michael (Jeremy Irons) virou um acordo de carreiras dependentes e vidas separadas, dando espaço para que o jovem Tom Fennel (Shaun Evans) arrebate a atriz.
O filme apresenta uma montagem fantástica, uma direção de arte impecável e uma fotografia belíssima, condizente com a época na qual o filme é ambientado. A trilha sonora, irritantemente romântica, também remete muito à época de desenvolvimento da trama.
É uma obra gratificante do início ao fim, repleto de cenas absurdamente teatrais e emotivas.
Eterno Amor
3.9 209É o filme de Jean-Pierre Jeunet (“Delicatessen”, “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”), que foi motivo de briga judicial após ser acusado de como “o primeiro passo hollywoodiano” da Warner na “corrida” pelo Cesar (o mais importante prêmio cinematográfico francês).
Dirigido por Jean-Pierre Jeunet, e adaptado com a colaboração de Guillaume Laurant e Sébastien Japrisot, o romance desenvolve-se na França do final da 1ª Guerra Mundial e conta a história da busca comovente, envolvente, triste e engraçada de uma mulher persistente (Malthilde, vivida por Audrey Tautou) por seu noivo (Manech, Gaspard Ulliel), desaparecido nas trincheiras. O rapaz era um dos 5 soldados franceses que foram submetidos à corte marcial sob circunstâncias duvidosas e foram expulsos de uma trincheira aliada, por se auto-mutilarem, para uma morte quase certa em campo inimigo.
Em “Eterno amor”, a história é cheia de idas e vindas, pequenos detalhes e pontos de vista. Mathilde (Tatou) é persistente e intuitivamente nunca desiste de buscar pelo noivo e pelo pelotão de desertores abandonados à morte, tornando o mistério da busca cada vez maior. Os documentos oficiais são todos confidenciais e devido às dificuldades, Mathilde começa a vasculhar a vida passada de cada um dos “parceiros” de seu noivo, para tentar chegar à Manech.
Ray
4.1 517 Assista AgoraO percurso de Ray Charles é apresentado por uma narrativa cuidadosa, que é capaz de captar momentos emocionantes e descontraídos. Jamie Foxx é o grande responsável pela brilhante interpretação de Ray Charles e pelos prêmios aos quais foi indicado, assim como pelos que recebeu. A fotografia impressiona e enaltece o valor do grande ícone musical que foi Ray Charles.
Juro que nem senti passar os 153 minutos de projeção. E ressalto como único ponto negativo a “viagem” sentimental e nostálgica ao final da narrativa, um exagero desnecessário sob meu ponto de vista.
Antes do Pôr-do-Sol
4.2 1,5K Assista AgoraNove anos depois, agora em “Antes do Pôr-do-Sol”, eles se reencontram em Paris na ocasião em que Jesse está promovendo o seu livro, que conta sua história ao lado de Celine. Ela aparece em um dos eventos de lançamento do livro. Ele então a convida para uma nova conversa, sendo que desta vez eles têm apenas uma hora e meia, antes dele pegar o seu vôo de volta para Nova York.
Ao caminharem juntos pelas ruas de Paris, a câmera segue os dois protagonistas por uma das cidades mais belas do mundo, em “takes” muito simples, lembrando a política dinamarquesa do Dogma 95. Após nove anos, o tom da conversa mudou e naturalmente, ao tom sonhador do primeiro filme são adicionadas às experiências de vida e certa melancolia (causada principalmente pelo desencontro anterior). O filme é centrado nos diálogos do casal, através dos quais relembram histórias da noite em Viena, desvendam o obscuro do desencontro e demonstram a mesma inocência. É um programa que realmente conquista o telespectador, impossibilitando a falta de interesse no desenvolver da trama.
“Antes do Pôr-do-Sol” é muito mais simples do que “Antes do Amanhecer” e ainda sim extremamente cativante. O diretor, Richard Linklater, parece flagrar o momento em que o amor caminha na direção da perfeição. Possui uma trilha sonora leve e encantadora. É um filme comovente e sincero, belo e simples.