O retorno para a Itália pós-fascista, em reconstrução por ingleses e americanos, deixa alguns dos soldados com saudades da ilha grega. O filme tem uma história interessante, humor típico italiano e sensibilidade vigente nos personagens (especialmente do Tenente com sua habilidade artística aflorada para pintura e do soldado Farina, apaixonado pela belíssima e instigante prostituta local). O filme conta com belíssimas paisagens do mar e da cidade, cenas de danças e sexo. Segundo o texto de Henry Laborit [presente no início do filme]: “Em tempos como estes, a fuga é a única forma de manter-se vivo e continuar sonhando”. O filme é uma produção que faz pensar e repensar nossa função na sociedade. As falas e os diálogos são extremamente existencialistas e belos. O roteiro é delicado e bem escrito, uma re-invenção de como deve se comportar o coração. A fotografia acompanha a grandiosidade minimalista do filme e estabelece o equilíbrio perfeito entre luz e sombra.
O filme tem muita ligação com clássicos antigos que permeiam a história da sétima arte e a mente busca as respostas desejadas. Realmente é um filme que consegue fazer o telespectador viajar e sonhar, um mérito incontestável para o diretor Bernardo Bertolucci. A trama se desenvolve em Paris, 1968, plena revolução que colocou estudantes frente a frente com a polícia e entrou para a história mundial. É no cerne dessa situação política que os três protagonistas dividem a paixão pelo cinema, desejo de mudar o mundo e gosto apurado por vinhos. “Os Sonhadores” é aquele tipo de filme, que por mais que se analise parece que não basta. Retrato antigo de um período que passou, com alusões também muito antigas e bem colocadas. É um sonho quase perfeito que transporta o espectador para uma outra época [época essa, ilusória]. É o mundo visto de um apartamento. É um filme refinado, decadente e exacerbadamente sensual. Um verdadeiro exemplo de direção bem conduzida e engajada. Um roteiro importante e que instiga discussões filosóficas. Uma fotografia excelente, que prima pelos detalhes, conferindo um ar minimalista ao apresentar o apartamento e revelar “os segredos” nele existentes. Uma trilha sonora, regada à Janis Joplin, realmente perfeita e cativante. Bertolucci é Bertolucci, sempre com suas heroínas oscilantes e seus confllitos psicológicos estourando.
Permite que o espectador entre em verdadeiro transe durante todo o filme. É um filme baseado no conto "Rope Burns" de F.X. Toole, que se tornou um filme impecável dentro de uma ótica que foi gerada para ter impacto. Todos os personagens do filme estão e/ou são emocionalmente abalados, fato que desencadeia um clima psicológico que permite a prática boxe como analogia à alguma batalha travada. As lutas no ringue são violentas, com coreografias muito bem desenvolvidas e que imprimem um ar de verossimilhança incrível. O Diretor, Clint Eastwood mantém uma aura obscura e muito bem conduzida no filme, que proporciona o fortalecimento do aspecto emocional da trama. Existem pequenos momentos de leveza na história, nos quais algo cômico acontece e desencadeia a descontração.
É degradante tanto visualmente, quanto psicologicamente. No entanto, a degradação apresentada no final é completamente cabível à trama. A direção de José Jofilly é bem direcionada, principalmente quando voltada para o controle sobre os atores e o pequeno cenário utilizado durante a maior parte do desenvolvimento da trama. A câmera no rosto é capaz de captar todas as nuances dos protagonistas, imprimindo um ar notável de verossimilhança. O roteiro, apesar de adaptado de uma peça teatral, atingiu uma linguagem cinematográfica própria. A atuação de Roberto Bomtempo como Tonho, o rapaz que foi para os EUA em busca de sucesso profissional e se contenta com situações miseráveis, é simples, infantil, ingênua e extremamente convincente. No entanto, a estrela é Débora Falabella, que abandona o seu ar aparente tímido, introvertido e elegante [vide Novelas Globais] e vira um verdadeiro furacão atrás da tela. A facilidade com que ela vai de marginal para menininha indefesa chega a ser impressionante. Paco é um verdadeiro quebra-cabeças, cujas peças são espalhadas pelo filme e passíveis de diversas interpretações. Aconselho que tirem suas próprias conclusões. A fotografia não chama atenção, mas ainda sim é de boa qualidade. A direção de arte e os figurinos despojados funcionam muito bem. “2 Perdidos Numa Noite Suja” é uma história de amor. Não é apaixonante, sutil e singela como alguns esperariam, mas é uma bela história de amor convincente com o mundo violento no qual vivemos.
“Terra de Sonhos” é um daqueles raros filmes que se centra decisivamente na forma como observamos a morte e como essa experiência pode ser enriquecedora futuramente. As personagens são as entidades simbólicas do sonho americano: triunfar contra tudo e todos, mesmo em condições sócio-econômicas deploráveis. A condição fatal que assombra a trama é filmada partindo da descrença na melhor tradição das fábulas americanas e o olhar desfeito de uma família amputada pelas dificuldades infligidas. Dificuldades essas, que tentam ser “maquiadas”, na família em questão, pelos pais (Paddy Considine, pai; e Samantha Morton, mãe) perante as duas crianças (Sarah Bolger e Emma Bolger). O filme, parte da instigante premissa de ver na fábula uma ação modificadora da realidade – ou seja, apresenta a família-foco da narrativa como apenas mais uma, e Nova York como qualquer outra cidade, tornando a situação homogênea o suficiente para suscitar diversas interpretações. Isso permite que a trama que possa ter ocorrido (ou ainda possa ocorrer) em qualquer lugar, a despeito do título original (In America). Todo o sofrimento e tristeza caminham de forma encantadora ao longo da construção do roteiro, e finalizam como uma fonte inesgotável de vida e de fantasia.
Pop até dizer chega. E delicado como todas as boas e grandes (ou nem tanto assim) histórias de amor. Um presente de 90 minutos, cheio de diálogos inteligentes, citações pop, e um realismo intermitente, que pode tanto divertir, como apenas se fazer presente, ou ainda tocar o coração de maneira branda. Não é à toa que Matheus Souza se dá tão bem ao dirigir esse filme. Afinal de contas, todos já viveram situações que remetem às vontades de fugir do cotidiano, assim como aquelas que têm o poder de deixar “perdido” perante a decisão a ser tomada e as conseqüências dessa ação. Digno de tentar compreender os caminhos retos ou tortuosos do amor, através de diálogos encaixados e frases perfeitamente cabíveis de serem utilizadas em algum momento da vida real. Matheus Souza consegue criar algo peculiar dentro do mais do mesmo cotidiano. É através de pessoas com sonhos e ideais reais, que a despedida e a perspectiva do recomeço são encaradas. Nada de exageros. É um filme feito na fórmula certa para conquistar. Um filme delicado, que surgiu como um trabalho de faculdade (PUC-RJ) e que discretamente, com seus encaixes na realidade da juventude brasileira, conseguiu arrecadar elogios da crítica, premiação do público e a Menção Honrosa no Festival de Cinema do Rio.
Quando o mundo dos sonhos se transforma em realidade, ou quando o conto de fadas acaba e a realidade é jogada no peito. É nesse tipo de imaginário que se desenvolve a trama do filme. Mesmo que o imaginário possa levar ao reino desconhecido, ele também é conhecedor de todas as falhas e deslizes de Max (Max Records) e não pode absolvê-lo disso. Por mais que Max seja somente um menino e tente se enganar, coisa que frenquentemente todos fazem, as pedras vão caindo ao longo dessa jornada e a realidade sendo exposta, obrigando-o a enfrentá-la. O roteiro segue o ritmo da obra americana infantil homônima de Maurice Sendak. Torna-se contagiante pela pulsação das ações mais primitivas da infância. É muito eficiente na materialização da imaginação de uma criança em toda a sua completude: a ilha, cheia de monstros e perigos, é na realidade um universo aonde todas as vontades de Max reinam absolutas e sem barreiras. Spike Jonze transita com eficiência pela consciência humana, assim como já fez em vários trabalhos anteriores. Aqui, em “Onde Vivem os Monstros”, a diferença é que as crises existenciais são provenientes de um garoto. Toda a bagunça presente no filme, não é mais que um artefato para afastar a solidão. Trata-se de um filme que não é para crianças, e sim, sobre crianças. Não só aquelas literais, mas todas aquelas que se interessem em embarcar em um mundo imaginário de fantasia. Com grande destaque para a eficiente trilha sonora de Karen O, é um filme que será mais compreendido e apreciado por adultos.
Muitíssimo agradável! Afinal de contas sempre é prazeroso se deparar com um filme que conta com um belo roteiro e uma ótima interpretação. A estória de Chance, que é o jardineiro vivido magistralmente por Peter Sellers, realmente representa uma estória de oportunidades (“chances”), tanto aquelas perdidas como as aproveitadas. Concentra-se numa estória com temporalidade muito bem definida, tendo início, meio e fim muito bem entrelaçados. Peters Sellers é absolutamente convincente no papel de um jardineiro que teve uma vida de reclusão cuidando de um jardim e que só conhece o mundo através do que assiste na televisão. Ao ser forçado a sair desse mundo, demonstra toda a sua ingenuidade e a estória vira um misto de drama e ficção. Nela, todas as ações e declarações do protagonista são encaradas como metáforas quando não passam de situações literais. Para completar o grande time, Shirley Maclaine complementa o elenco de uma forma sutil e impositiva. A partir daí, aquele homem singular, de sinceridade desconcertante, por ser elegante e bem educado, é confundido com um homem da alta sociedade; o que condiz perfeitamente com os seus modos excêntricos. É nessa atmosfera que ele irá ser considerado um homem misterioso e muito influente, influenciando inclusive em escolhas presidenciais; e ao mesmo tempo, não deixará de ser o simples jardineiro que sempre foi ao longo da vida. É um filme exclusivo, que ocupa um lugar único, inerente na história do cinema, com toda a peculiaridade que isso pode representar. Um grande exemplo de como o cinema de Hal Ashby é gritantemente interpretativo e dado ao que cada plano-sequência pode representar.
Para quem gosta de cinema europeu, é um prato cheio. Cheio de gargalhadas! Tem tudo de mais exagerado que pode existir em uma comédia européia, e tudo de mais caricato que podemos observar em filmes que tratam comicamente sobre relacionamentos homossexuais. Por tratar sobre um chef de cozinha, impossível não fazer referência à animação da Pixar muito bem sucedida, Ratatouille. O foco é completamente diferente e a animação é muito mais bem construída que a comédia espanhola em questão, no entanto, a temática central é praticamente a mesma e funciona para o seu propósito em ambos os casos. Trata-se de um aglomerado de clichês, batido com cautela em uma batedeira (ou um liquidificador?), por divertidos 111 minutos, que funcionam bem quando o propósito é arrancar risadas dos telespectadores de forma espontânea. Temas como problemas pessoais devido ao excesso de trabalho, medo de assumir o homossexualismo, pavor de uma paternidade indesejada e opressão familiar, direcionam a trama para desfechos previsíveis que funcionam bem para o propósito de divertir.
A partir dessa ótica, pode-se imaginar o que leva um pai de uma menina de seis anos a chamá-la de cética, assim como, um assistente de cozinha a falar que atrizes que filmes pornôs deveriam ser indicadas ao Oscar, pois fazem coisas que jamais a Meryl Streep faria. É para quem está disposto a se divertir com observações tão particulares quanto às citadas que o filme se direciona.
Nada demais e muito bem sucedido quando a proposta é diversão.
As estórias dos protagonistas se cruzam durante um dos funerais que os dois frequentam, mesmo que por motivos diferentes. Para Maude (a excelente Ruth Gordon), o ciclo da vida completo necessita da morte. Assim, uma vida vivida plenamente, não tem o direito de temer essa etapa e daí a busca natural por isso em funerais. E é a felicidade latente advinda da busca pela morte, que ela transmite a Harold (Bud Cort), um garoto mimado, alienado e que vê no bizarro uma maneira de chamar a atenção, ao simular diversos suicídios. É nessa atmosfera que estas duas excêntricas personagens vão desenvolver uma forte amizade. Maude ensina a Harold a ver a vida de uma maneira otimista e ele assume que finalmente encontrou a noiva procurada por muito tempo. Apresenta-se como uma obra nos moldes que conhecemos para Wes Anderson (não é à toa que sabidamente, Hal Ashby é um dos principais inspiradores de Wes Anderson) e que pode ser considerada completamente atemporal. É uma cativante lição de vida, com tom de auto-ajuda e que consegue se desprender desse estereótipo graças à construção delicada e bem conduzida dos protagonistas, que roubam as cenas de uma forma nada usual. 90 minutos da mais pura felicidade. Trata-se de uma estória cheia de humor negro, com cenas minimalistas e fabulosas. Definitivamente, é conduzido pelo contraste entre o mórbido e o hilário, e esse é o principal marco do filme. Apresenta de forma delineada e incrivelmente descontraída, o drama psicológico que deveria figurar entre gerações normalmente tão díspares da forma mais natural que se pode imaginar.
O encontro de três seres que delegam poder demais aqueles que amam, fazendo com que isso os afete e machuque imensamente. Cinema simples e que funciona bem, mas que não deixa de ser cheio de estranhismos. Nele, o corte está diretamente conectado ao ritmo do filme e conduz a uma rotina asfixiante. Perde, por precipitar as interpretações que podem surgir, escancarando com profundidade as relações humanas e as complicações inerentes a elas, inviabilizando uma identificação do espectador com a trama.
Bem bobinho e infantil. Para crianças das décadas atuais, arrebatado de tecnologias ultra modernas. Por se tratar de Garfield, sempre vale a pena, mesmo que pouco.
Apaixonante! Um Louis Garrel talentoso e um Christophe Honoré digno de que se preste muita atenção. Um romance que flui com a maior naturalidade que relacionamentos afetivos podem possuir. Contempla o amor na suas mais diversas formas e mostra o quanto, eventualmente, pode ser ridiculamente simples, tudo que normalmente é tão complicado. Demonstra com sutileza e verossimilhança, que as complicações não devem advir dos agentes do amor e sim de todos aqueles que se intrometem entre eles. Pois no filme, nada poderia ser mais simples que a vontade de amar e ser amado, do protagonista, Ismael. Conta com canções poeticamente encaixadas, que figuram como diálogos. Belas melodias que traduzem momentos especiais e que levam o espectador ao sorriso bobo e aos olhos brilhantes. Daquele tipo, que só possível de se enxergar, em quem ainda se permite crer no amor.
Após ler o livro (homônimo, John Boyne, 2006) e rever o filme, ouso tecer uma opinião mais concreta sobre os dois, visto que ambos são lindos e completamente tocantes. O livro, apesar de simples e inocente (mais ainda que o filme) é muito menos sensacionalista e permite que o leitor chegue às suas próprias conclusões de uma forma muito mais frouxa, ganhando inúmeros pontos nesse quesito. O filme, apesar de figurar como uma adaptação pode ser considerado extremamente bem realizado e direcionado. Torna real o imaginário e talvez por isso seja muito mais ultrajante que a estória da onde foi adaptado. Ainda pode ser considerado como um reflexo bobo e pouco real de uma situação tão importante historicamente como foi o holocausto, mas é justamente por isso que foge da mesmice dos filmes sobre a temática. É aonde tem o seu mérito, ao enfocar o relacionamento humano de amizade, entre duas figuras tão inocentes e honestas. Nada para mudar a nossa vida, mas também fica muito longe de passar despercebido ou ser facilmente esquecido.
O cinema uruguaio tem se revelado um exemplo de intimismo que deu certo. Ganha pontos mais uma vez com esse filme, que tem tudo mais simples e econômico, mas figura com um filme bacana de ser visto. Roteiro direto e eficiente no que se propõe. =]
Nesse primeiro filme de Denis Decourt, aonde ele é diretor e co-roteirista, podemos nos deparar com uma estória cheia de tensão e drama. Pode parecer que não é nada demais e figurar como uma película completamente despojada de fórmulas de sucesso, mas não permite que a “peteca caia” durante nenhum dos 85 minutos de filme. É um filme lotado de subtextos e permite que várias leituras sejam obtidas. É algo que merece ser assistido várias vezes e que foca todo o seu sucesso, assim como o seu fracasso, na previsibilidade da trama. Esperar e imaginar como a vingança acontecerá é o mais intrigante e sedutor de tudo. Um belo exemplo de cinema simples e bem conduzido. Um filme simples, para ser sempre lembrado.
Há filmes para entreter e filmes para passar mensagem. “Cerejeiras em flor” trata de um dos casos no qual o cinema pode ser utilizado em um formato tocante para contar uma estória dramática. Consistiria em uma trama convencional de perda, se não houvesse uma reviravolta grande e bem calcada quando o protagonista redescobre a vida ao lado de uma dançarina de butô. É um filme que fala com propriedade de assuntos delicados e latentes, que envolvem envelhecimento e morte. É tão competente no que se propõe, que mesmo que o assunto não seja dos mais agradáveis, a trama flui de uma forma leve e cativante, evidenciando ainda, de uma forma bem sutil a importância que a floração das cerejeiras tem no Japão. Para completar, ainda abusa de uma fotografia fabulosa de cenários naturais, o que ao se tratar de Japão, gera excelentes frutos.
Bom! A clássica estória dos dilemas familiares. Conta com boas atuações e retrata com fidelidade as falhas humanas. Ganha ponto por fugir completamente do esquema hollywoodiano . =] Sem falar que essa imagem do cartaz é belíssima.
Mediterrâneo
3.7 45O retorno para a Itália pós-fascista, em reconstrução por ingleses e americanos, deixa alguns dos soldados com saudades da ilha grega. O filme tem uma história interessante, humor típico italiano e sensibilidade vigente nos personagens (especialmente do Tenente com sua habilidade artística aflorada para pintura e do soldado Farina, apaixonado pela belíssima e instigante prostituta local). O filme conta com belíssimas paisagens do mar e da cidade, cenas de danças e sexo.
Segundo o texto de Henry Laborit [presente no início do filme]: “Em tempos como estes, a fuga é a única forma de manter-se vivo e continuar sonhando”. O filme é uma produção que faz pensar e repensar nossa função na sociedade. As falas e os diálogos são extremamente existencialistas e belos. O roteiro é delicado e bem escrito, uma re-invenção de como deve se comportar o coração. A fotografia acompanha a grandiosidade minimalista do filme e estabelece o equilíbrio perfeito entre luz e sombra.
Os Sonhadores
4.1 2,0K Assista AgoraO filme tem muita ligação com clássicos antigos que permeiam a história da sétima arte e a mente busca as respostas desejadas. Realmente é um filme que consegue fazer o telespectador viajar e sonhar, um mérito incontestável para o diretor Bernardo Bertolucci.
A trama se desenvolve em Paris, 1968, plena revolução que colocou estudantes frente a frente com a polícia e entrou para a história mundial. É no cerne dessa situação política que os três protagonistas dividem a paixão pelo cinema, desejo de mudar o mundo e gosto apurado por vinhos.
“Os Sonhadores” é aquele tipo de filme, que por mais que se analise parece que não basta. Retrato antigo de um período que passou, com alusões também muito antigas e bem colocadas. É um sonho quase perfeito que transporta o espectador para uma outra época [época essa, ilusória]. É o mundo visto de um apartamento. É um filme refinado, decadente e exacerbadamente sensual.
Um verdadeiro exemplo de direção bem conduzida e engajada. Um roteiro importante e que instiga discussões filosóficas. Uma fotografia excelente, que prima pelos detalhes, conferindo um ar minimalista ao apresentar o apartamento e revelar “os segredos” nele existentes. Uma trilha sonora, regada à Janis Joplin, realmente perfeita e cativante.
Bertolucci é Bertolucci, sempre com suas heroínas oscilantes e seus confllitos psicológicos estourando.
Menina de Ouro
4.2 1,8K Assista AgoraPermite que o espectador entre em verdadeiro transe durante todo o filme. É um filme baseado no conto "Rope Burns" de F.X. Toole, que se tornou um filme impecável dentro de uma ótica que foi gerada para ter impacto.
Todos os personagens do filme estão e/ou são emocionalmente abalados, fato que desencadeia um clima psicológico que permite a prática boxe como analogia à alguma batalha travada.
As lutas no ringue são violentas, com coreografias muito bem desenvolvidas e que imprimem um ar de verossimilhança incrível. O Diretor, Clint Eastwood mantém uma aura obscura e muito bem conduzida no filme, que proporciona o fortalecimento do aspecto emocional da trama. Existem pequenos momentos de leveza na história, nos quais algo cômico acontece e desencadeia a descontração.
2 Perdidos Numa Noite Suja
3.3 123 Assista AgoraÉ degradante tanto visualmente, quanto psicologicamente. No entanto, a degradação apresentada no final é completamente cabível à trama. A direção de José Jofilly é bem direcionada, principalmente quando voltada para o controle sobre os atores e o pequeno cenário utilizado durante a maior parte do desenvolvimento da trama. A câmera no rosto é capaz de captar todas as nuances dos protagonistas, imprimindo um ar notável de verossimilhança.
O roteiro, apesar de adaptado de uma peça teatral, atingiu uma linguagem cinematográfica própria. A atuação de Roberto Bomtempo como Tonho, o rapaz que foi para os EUA em busca de sucesso profissional e se contenta com situações miseráveis, é simples, infantil, ingênua e extremamente convincente. No entanto, a estrela é Débora Falabella, que abandona o seu ar aparente tímido, introvertido e elegante [vide Novelas Globais] e vira um verdadeiro furacão atrás da tela. A facilidade com que ela vai de marginal para menininha indefesa chega a ser impressionante. Paco é um verdadeiro quebra-cabeças, cujas peças são espalhadas pelo filme e passíveis de diversas interpretações. Aconselho que tirem suas próprias conclusões.
A fotografia não chama atenção, mas ainda sim é de boa qualidade. A direção de arte e os figurinos despojados funcionam muito bem.
“2 Perdidos Numa Noite Suja” é uma história de amor. Não é apaixonante, sutil e singela como alguns esperariam, mas é uma bela história de amor convincente com o mundo violento no qual vivemos.
Terra de Sonhos
4.0 111“Terra de Sonhos” é um daqueles raros filmes que se centra decisivamente na forma como observamos a morte e como essa experiência pode ser enriquecedora futuramente. As personagens são as entidades simbólicas do sonho americano: triunfar contra tudo e todos, mesmo em condições sócio-econômicas deploráveis.
A condição fatal que assombra a trama é filmada partindo da descrença na melhor tradição das fábulas americanas e o olhar desfeito de uma família amputada pelas dificuldades infligidas. Dificuldades essas, que tentam ser “maquiadas”, na família em questão, pelos pais (Paddy Considine, pai; e Samantha Morton, mãe) perante as duas crianças (Sarah Bolger e Emma Bolger).
O filme, parte da instigante premissa de ver na fábula uma ação modificadora da realidade – ou seja, apresenta a família-foco da narrativa como apenas mais uma, e Nova York como qualquer outra cidade, tornando a situação homogênea o suficiente para suscitar diversas interpretações. Isso permite que a trama que possa ter ocorrido (ou ainda possa ocorrer) em qualquer lugar, a despeito do título original (In America).
Todo o sofrimento e tristeza caminham de forma encantadora ao longo da construção do roteiro, e finalizam como uma fonte inesgotável de vida e de fantasia.
Apenas o Fim
3.7 1,1K Assista AgoraPop até dizer chega. E delicado como todas as boas e grandes (ou nem tanto assim) histórias de amor. Um presente de 90 minutos, cheio de diálogos inteligentes, citações pop, e um realismo intermitente, que pode tanto divertir, como apenas se fazer presente, ou ainda tocar o coração de maneira branda. Não é à toa que Matheus Souza se dá tão bem ao dirigir esse filme. Afinal de contas, todos já viveram situações que remetem às vontades de fugir do cotidiano, assim como aquelas que têm o poder de deixar “perdido” perante a decisão a ser tomada e as conseqüências dessa ação.
Digno de tentar compreender os caminhos retos ou tortuosos do amor, através de diálogos encaixados e frases perfeitamente cabíveis de serem utilizadas em algum momento da vida real. Matheus Souza consegue criar algo peculiar dentro do mais do mesmo cotidiano. É através de pessoas com sonhos e ideais reais, que a despedida e a perspectiva do recomeço são encaradas. Nada de exageros. É um filme feito na fórmula certa para conquistar.
Um filme delicado, que surgiu como um trabalho de faculdade (PUC-RJ) e que discretamente, com seus encaixes na realidade da juventude brasileira, conseguiu arrecadar elogios da crítica, premiação do público e a Menção Honrosa no Festival de Cinema do Rio.
Amantes Constantes
3.6 135 Assista AgoraEnfadonho e arrastadíssimo
Não Amarás
4.2 297 Assista AgoraEsses filmes do decálogo, são ultrajantes. Deixam qualquer ser humano pensativo
Trair e Coçar, é Só Começar
3.1 307Para quem assistiu sem querer, ao mesmo tempo em que montava o aquário e arrumava o quarto, até que foi uma boa. ;)
Onde Vivem os Monstros
3.8 2,4K Assista AgoraQuando o mundo dos sonhos se transforma em realidade, ou quando o conto de fadas acaba e a realidade é jogada no peito. É nesse tipo de imaginário que se desenvolve a trama do filme. Mesmo que o imaginário possa levar ao reino desconhecido, ele também é conhecedor de todas as falhas e deslizes de Max (Max Records) e não pode absolvê-lo disso. Por mais que Max seja somente um menino e tente se enganar, coisa que frenquentemente todos fazem, as pedras vão caindo ao longo dessa jornada e a realidade sendo exposta, obrigando-o a enfrentá-la.
O roteiro segue o ritmo da obra americana infantil homônima de Maurice Sendak. Torna-se contagiante pela pulsação das ações mais primitivas da infância. É muito eficiente na materialização da imaginação de uma criança em toda a sua completude: a ilha, cheia de monstros e perigos, é na realidade um universo aonde todas as vontades de Max reinam absolutas e sem barreiras. Spike Jonze transita com eficiência pela consciência humana, assim como já fez em vários trabalhos anteriores. Aqui, em “Onde Vivem os Monstros”, a diferença é que as crises existenciais são provenientes de um garoto. Toda a bagunça presente no filme, não é mais que um artefato para afastar a solidão. Trata-se de um filme que não é para crianças, e sim, sobre crianças. Não só aquelas literais, mas todas aquelas que se interessem em embarcar em um mundo imaginário de fantasia. Com grande destaque para a eficiente trilha sonora de Karen O, é um filme que será mais compreendido e apreciado por adultos.
Muito Além do Jardim
4.1 267 Assista AgoraMuitíssimo agradável! Afinal de contas sempre é prazeroso se deparar com um filme que conta com um belo roteiro e uma ótima interpretação. A estória de Chance, que é o jardineiro vivido magistralmente por Peter Sellers, realmente representa uma estória de oportunidades (“chances”), tanto aquelas perdidas como as aproveitadas. Concentra-se numa estória com temporalidade muito bem definida, tendo início, meio e fim muito bem entrelaçados.
Peters Sellers é absolutamente convincente no papel de um jardineiro que teve uma vida de reclusão cuidando de um jardim e que só conhece o mundo através do que assiste na televisão. Ao ser forçado a sair desse mundo, demonstra toda a sua ingenuidade e a estória vira um misto de drama e ficção. Nela, todas as ações e declarações do protagonista são encaradas como metáforas quando não passam de situações literais. Para completar o grande time, Shirley Maclaine complementa o elenco de uma forma sutil e impositiva. A partir daí, aquele homem singular, de sinceridade desconcertante, por ser elegante e bem educado, é confundido com um homem da alta sociedade; o que condiz perfeitamente com os seus modos excêntricos. É nessa atmosfera que ele irá ser considerado um homem misterioso e muito influente, influenciando inclusive em escolhas presidenciais; e ao mesmo tempo, não deixará de ser o simples jardineiro que sempre foi ao longo da vida. É um filme exclusivo, que ocupa um lugar único, inerente na história do cinema, com toda a peculiaridade que isso pode representar. Um grande exemplo de como o cinema de Hal Ashby é gritantemente interpretativo e dado ao que cada plano-sequência pode representar.
À Moda da Casa
3.6 34Para quem gosta de cinema europeu, é um prato cheio. Cheio de gargalhadas! Tem tudo de mais exagerado que pode existir em uma comédia européia, e tudo de mais caricato que podemos observar em filmes que tratam comicamente sobre relacionamentos homossexuais. Por tratar sobre um chef de cozinha, impossível não fazer referência à animação da Pixar muito bem sucedida, Ratatouille. O foco é completamente diferente e a animação é muito mais bem construída que a comédia espanhola em questão, no entanto, a temática central é praticamente a mesma e funciona para o seu propósito em ambos os casos.
Trata-se de um aglomerado de clichês, batido com cautela em uma batedeira (ou um liquidificador?), por divertidos 111 minutos, que funcionam bem quando o propósito é arrancar risadas dos telespectadores de forma espontânea. Temas como problemas pessoais devido ao excesso de trabalho, medo de assumir o homossexualismo, pavor de uma paternidade indesejada e opressão familiar, direcionam a trama para desfechos previsíveis que funcionam bem para o propósito de divertir.
A partir dessa ótica, pode-se imaginar o que leva um pai de uma menina de seis anos a chamá-la de cética, assim como, um assistente de cozinha a falar que atrizes que filmes pornôs deveriam ser indicadas ao Oscar, pois fazem coisas que jamais a Meryl Streep faria. É para quem está disposto a se divertir com observações tão particulares quanto às citadas que o filme se direciona.
Ensina-me a Viver
4.3 874 Assista AgoraAs estórias dos protagonistas se cruzam durante um dos funerais que os dois frequentam, mesmo que por motivos diferentes. Para Maude (a excelente Ruth Gordon), o ciclo da vida completo necessita da morte. Assim, uma vida vivida plenamente, não tem o direito de temer essa etapa e daí a busca natural por isso em funerais. E é a felicidade latente advinda da busca pela morte, que ela transmite a Harold (Bud Cort), um garoto mimado, alienado e que vê no bizarro uma maneira de chamar a atenção, ao simular diversos suicídios. É nessa atmosfera que estas duas excêntricas personagens vão desenvolver uma forte amizade. Maude ensina a Harold a ver a vida de uma maneira otimista e ele assume que finalmente encontrou a noiva procurada por muito tempo.
Apresenta-se como uma obra nos moldes que conhecemos para Wes Anderson (não é à toa que sabidamente, Hal Ashby é um dos principais inspiradores de Wes Anderson) e que pode ser considerada completamente atemporal. É uma cativante lição de vida, com tom de auto-ajuda e que consegue se desprender desse estereótipo graças à construção delicada e bem conduzida dos protagonistas, que roubam as cenas de uma forma nada usual.
90 minutos da mais pura felicidade. Trata-se de uma estória cheia de humor negro, com cenas minimalistas e fabulosas. Definitivamente, é conduzido pelo contraste entre o mórbido e o hilário, e esse é o principal marco do filme. Apresenta de forma delineada e incrivelmente descontraída, o drama psicológico que deveria figurar entre gerações normalmente tão díspares da forma mais natural que se pode imaginar.
Week-End à Francesa
3.8 108Tenso, caótico e colorido. Pesado e brutalmente realista, exalando desprezo por todos os cantos.
7 Anos
2.9 4 Assista AgoraO encontro de três seres que delegam poder demais aqueles que amam, fazendo com que isso os afete e machuque imensamente. Cinema simples e que funciona bem, mas que não deixa de ser cheio de estranhismos. Nele, o corte está diretamente conectado ao ritmo do filme e conduz a uma rotina asfixiante. Perde, por precipitar as interpretações que podem surgir, escancarando com profundidade as relações humanas e as complicações inerentes a elas, inviabilizando uma identificação do espectador com a trama.
Luzes da Cidade
4.6 625 Assista AgoraNem parece que dura todo esse tempo, as horas fluem e a gente nem sente, de tão bom que é o filme. Altamente recomendável.
Garfield 3D - Um Super Herói Animal
2.2 54Bem bobinho e infantil. Para crianças das décadas atuais, arrebatado de tecnologias ultra modernas. Por se tratar de Garfield, sempre vale a pena, mesmo que pouco.
A Criança
3.8 91 Assista Agorarealista ao extremo
Canções de Amor
4.1 829 Assista AgoraApaixonante! Um Louis Garrel talentoso e um Christophe Honoré digno de que se preste muita atenção. Um romance que flui com a maior naturalidade que relacionamentos afetivos podem possuir. Contempla o amor na suas mais diversas formas e mostra o quanto, eventualmente, pode ser ridiculamente simples, tudo que normalmente é tão complicado. Demonstra com sutileza e verossimilhança, que as complicações não devem advir dos agentes do amor e sim de todos aqueles que se intrometem entre eles. Pois no filme, nada poderia ser mais simples que a vontade de amar e ser amado, do protagonista, Ismael.
Conta com canções poeticamente encaixadas, que figuram como diálogos. Belas melodias que traduzem momentos especiais e que levam o espectador ao sorriso bobo e aos olhos brilhantes. Daquele tipo, que só possível de se enxergar, em quem ainda se permite crer no amor.
O Menino do Pijama Listrado
4.2 3,7K Assista AgoraApós ler o livro (homônimo, John Boyne, 2006) e rever o filme, ouso tecer uma opinião mais concreta sobre os dois, visto que ambos são lindos e completamente tocantes.
O livro, apesar de simples e inocente (mais ainda que o filme) é muito menos sensacionalista e permite que o leitor chegue às suas próprias conclusões de uma forma muito mais frouxa, ganhando inúmeros pontos nesse quesito.
O filme, apesar de figurar como uma adaptação pode ser considerado extremamente bem realizado e direcionado. Torna real o imaginário e talvez por isso seja muito mais ultrajante que a estória da onde foi adaptado. Ainda pode ser considerado como um reflexo bobo e pouco real de uma situação tão importante historicamente como foi o holocausto, mas é justamente por isso que foge da mesmice dos filmes sobre a temática. É aonde tem o seu mérito, ao enfocar o relacionamento humano de amizade, entre duas figuras tão inocentes e honestas. Nada para mudar a nossa vida, mas também fica muito longe de passar despercebido ou ser facilmente esquecido.
Gigante
3.6 75O cinema uruguaio tem se revelado um exemplo de intimismo que deu certo. Ganha pontos mais uma vez com esse filme, que tem tudo mais simples e econômico, mas figura com um filme bacana de ser visto. Roteiro direto e eficiente no que se propõe. =]
Ao Lado da Pianista
3.6 30Nesse primeiro filme de Denis Decourt, aonde ele é diretor e co-roteirista, podemos nos deparar com uma estória cheia de tensão e drama. Pode parecer que não é nada demais e figurar como uma película completamente despojada de fórmulas de sucesso, mas não permite que a “peteca caia” durante nenhum dos 85 minutos de filme. É um filme lotado de subtextos e permite que várias leituras sejam obtidas. É algo que merece ser assistido várias vezes e que foca todo o seu sucesso, assim como o seu fracasso, na previsibilidade da trama. Esperar e imaginar como a vingança acontecerá é o mais intrigante e sedutor de tudo.
Um belo exemplo de cinema simples e bem conduzido. Um filme simples, para ser sempre lembrado.
Hanami: Cerejeiras em Flor
4.4 291Há filmes para entreter e filmes para passar mensagem. “Cerejeiras em flor” trata de um dos casos no qual o cinema pode ser utilizado em um formato tocante para contar uma estória dramática. Consistiria em uma trama convencional de perda, se não houvesse uma reviravolta grande e bem calcada quando o protagonista redescobre a vida ao lado de uma dançarina de butô. É um filme que fala com propriedade de assuntos delicados e latentes, que envolvem envelhecimento e morte. É tão competente no que se propõe, que mesmo que o assunto não seja dos mais agradáveis, a trama flui de uma forma leve e cativante, evidenciando ainda, de uma forma bem sutil a importância que a floração das cerejeiras tem no Japão. Para completar, ainda abusa de uma fotografia fabulosa de cenários naturais, o que ao se tratar de Japão, gera excelentes frutos.
Em Segredo
3.8 23Bom! A clássica estória dos dilemas familiares. Conta com boas atuações e retrata com fidelidade as falhas humanas. Ganha ponto por fugir completamente do esquema hollywoodiano . =]
Sem falar que essa imagem do cartaz é belíssima.