O conceito de Stardust, apesar de derivativo de outros filmes, é ótimo. Um fluxo de consciência que passa de maneira não linear por vários momentos da vida do protagonista, em tom semiautobiográfico da vida do próprio Allen.
A obra através disso busca enquadrar-se em duas principais temáticas, sendo a primeira o sentido da vida, e o segundo, uma crítica aos costumes das classes mais ricas, em especial as pseudo-artisticas. Para pontuar algumas cenas que elucidam esses pontos do filme, cito a cena inicial, onde vemos dois trens, um repleto de pessoas ricas e atrativas, e o outro composto por pessoas pobres e miseráveis. Woody Allen tenta passar para o trem das pessoas ricas, mas é barrado. Ao chegarem ao fim da linha, vemos que o destino de ambos os trens era o mesmo: um lixão.
A mensagem é clara, não importa o quão rico você seja, o destino de todos é o mesmo: a morte. Sendo, portanto, o ponto inicial do ensaio sobre a vida que Woody Allen busca traçar. E também, há aqui a ironia, pois, após lutar tanto para chegar ao trem da riqueza e lascívia, durante o filme todo Woody Allen é bombardeado pelo lado ruim dessa ambição. Outro ponto sempre presente no filme, é o de que, mesmo tendo a vida ganha, isso não significa ter uma vida feliz. Levando em conta o diálogo a respeito do filme “ladrões de bicicleta”, onde ele compara a busca por trabalho das classes mais pobres, com a busca por sentido e estabilidade emocional das classes mais ricas, em especial dele próprio.
Sendo, portanto, um filme tão arrojado de significados e metáforas, o que me fez considerá-lo um dos mais fracos que já vi do Allen?
A começar, o filme é extremamente repetitivo em todas as coisas que ele quer dizer. O único motivo para repetir tanto as mesmas coisas seria para alcançar um tom cômico das situações, mas a última coisa que o filme consegue ser é engraçado. E não é nem como se o filme tentasse ser engraçado; Woody Allen fez algumas das melhores comédias de todos os tempos, e durante o filme todo ele se autocrítica tanto pela comédia quanto pela pseudo-intelectualidade de seus novos projetos (novos na época). A impressão que fica, é a de que ele não sabia exatamente que tom queria pra seu ensaio cinematográfico.
Resultado disso, é um filme perdido, cheio de meios debates, com diálogos afetados e dolorosamente derivativos de outros filmes do mesmo diretor. Okay, Allen, entendemos que todo mundo fica te parando pra pedir autógrafos e que você pega uma nova mulher a cada esquina, stop it. Falando assim até pode parecer que sou hater dele; muito pelo contrário, é um dos meus diretores favoritos, mas esse filme realmente é problemático. As referências dele também estão mais óbvias aqui que em outros filmes. A burguesia e subjetividade dos filmes do Bunuel (que não sou lá muito fã), as várias inspirações do cinema de Fellini (em especial 8 ½), o existencialismo de Bergman, que na verdade está em todo filme da fase madura do Allen, entre outros… Mais do que qualquer outro filme do Allen, aqui parecia que ele realmente queria evocar a atmosfera de filmes desses outros diretores, mais do que a sua própria. Um lado bom disso é que, provavelmente, trata-se do filme do diretor mais apurado tecnicamente. As cenas são todas dirigidas com muito cuidado e atenção aos mínimos detalhes, como sombras, enquadramentos e movimentações, detalhes que normalmente o Allen não se preocupa muito e só deixa a câmera seguir o fluxo dos diálogos. Sendo portanto, tecnicamente, o filme mais maduro do Allen, mas também o mais derivativo.
Vale dizer também que os outros filmes do diretor com temáticas parecidas superam, e muito, este, bem como os filmes inspirados nos de Allen lançados postumamente, em especial os de Charlie Kaufman (quem ver este filme e comparar com “Adaptação” ou “Sinedoque, nova york” perceberá o que estou dizendo).
A estrutura do filme pode ser clichê e previsível, mas a execução é primorosa. A começar pela qualidade da animação, cheia de espírito e ideias criativas para composições visuais e fluídez das cenas. O trio protagonista também é excelente, mas com algumas ressalvas. Kubo está perfeito, trabalho de voz impecável e desenvolvimento competente e engajante. A macaca também está ótima, assim como o Besouro, que além de memoráveis, carismáticos e ótimo trabalho de voz, a química contrastante entre a absoluta ordem dela e as trapalhadas dele rende momentos genuinamente hilários.
O problema é quando surge o plot twist, que além de previsível, complica as coisas. Na parte da macaca porque ela deveria saber daquilo o tempo todo pelo o que a história indica, e na parte do bizorro porque o lado dele ser um alívio cômico não casa muito bem com a ideia dele ser o pai do garoto.
Outro problema do filme é o vilão e o final que deram pra ele, que é até um pouco bizarro de se assistir. Tentaram dar a ele um ar meio perturbado com uns tiques excêntricos, mas no final isso tornou-o bem genérico. Se o tivessem mantido como aquele senhor são e manipulativo que ele aparenta ser na primeira cena em que apareceu, guiando Kubo em seu sonho, teria sido um vilão bem mais memorável.
Terminando em uma nota positiva: A trilha sonora é excelente!
Filme baseado nas lendas folclóricas japonesas. O último ser da espécie de criaturas "Kappa" é encontrado por um jovem, e após conseguir enturmar-se com a família, têm de lidar com o impacto que sua aparição trouxe para os tempos modernos.
Com fortes e relevantes críticas a cultura de entretenimento, que constantemente abusa da privacidade e capacidade mental de celebridades e/ou virais, assim como a própria sociedade, que através das constantes fotos e idolatrias reduz preciosas culturas, tradições, ou seres vivos em meros produtos de consumo e entretenimento. Não é raro ir a parques zoológicos e ver pessoas abusando dos limites para conseguir melhores fotos, ou então vendo animais como banais espetáculos; lembro por exemplo, de um parque que fui uma vez, e todos estavam insatisfeitos e resmungões pelo fato do Hipopótamo estar submerso, provavelmente dormindo. Alguns inclusive comentando de jogar algo para acordar o bicho, como se este tivesse a mínima obrigação de estar acordado para suprir os desejos de pessoas vazias e insensíveis a vida animal.
Tendo em vista o quanto cada vez mais coisas assim se popularizam, o filme se mantém extremamente atual, mesmo já tendo sido lançado há mais de 10 anos (acabei de descobrir isso!). A obra então busca uma conscientização a respeito da importância de se preservar a cultura, e não deixar toda a beleza do mundo e dos seres vivos (inclusive humanos) serem reduzidas a descartáveis produtos. Vale a pena destacar também o humor do filme, que consegue ser extremamente engraçado em diversos momentos, uma pitada de humor negro e excelente timing. As cenas mais dramáticas envolvendo o drama de Coo e seu pai também são muito tocantes e memoráveis, apesar de dependerem de uma coincidência absurda que tira o espectador do filme por um momento.
É, não é um filme perfeito. Entre os principais problemas pode-se destacar a animação que fica meio inconsistente em alguns momentos (bem poucos), a trilha sonora que é genérica, esquecível, e às vezes até incomoda; além de que a subtrama envolvendo o bullying e o "interesse romântico" é bem clichê e prejudica a empatia do público pelo menino, que por 2 terços do filme é um completo babaca com a garota. Mas mesmo com esses problemas, sem dúvida vale uma conferida. Ótima animação!
Nessa adaptação do mito grego para os tempos modernos, muitas mudanças são feitas em relação a lenda original, sendo a mais notável delas, o amor de Orfeu por Eurídice. Enquanto o mito visava demonstrar o máximo que o amor de um homem pode chegar, ao ponto dele ir até o próprio submundo resgatá-la (além de ser um clássico exemplo de herói trovador romântico) aqui isto é totalmente subvertido.
Orfeu não é romântico, pelo contrário. Está a todo momento evitando sua mulher, o que inclusive gera uma genial cena no final, onde ele usa da regra de não poder olhá-la como desculpa para se ausentar ainda mais. É o retrato de um artista desiludido com a vida e suas paixões. Não é difícil traçar o que provavelmente foi a vida de Orfeu antes do filme começar; perdidamente apaixonado por Eurídice, escrevendo-a lindas poesias, até que quando finalmente a teve, cansou-se do romantismo, e reclusou-se de sua arte e sua amada.
Em meio a isso, um novo amor surge em sua vida: A Morte. Que brilhante sacada é por um poeta, literalmente, se apaixonando pela morte. Vemos nas mais inúmeras poesias e poemas, essa relação tão próxima de amor e morte. Os poetas sempre pareciam usar da morte como escapatória para as desilusões amorosas, "ela não me ama, me matarei!" (ala Werther). Nesse filme, podemos refletir que talvez, realmente, o grande amor da vida de tais poetas é a própria morte, não a mulher que os levam ao suicídio.
Esse e muitos outros paralelos podem ser traçados entre a re-imaginação de Cocteau sobre o mito de Orfeu. Junte essas belas alegorias a um dos mais impressionantes usos de efeitos práticos da história do cinema, e o resultado é um clássico do surrealismo.
Agora, não trata-se de um filme perfeito. As várias alegorias falham em encontrar um elo forte entre si; cada uma parece inclusive contradizer a outra. A desilusão romântica representada por Orfeu se perde quando, ao encontrar a morte, se torna exatamente o trovador do qual o filme havia subvertido, proclamando juras de amor eterno a nova paixão. Há também o problema da coerência narrativa, que eu sei, não adianta esperar muito disso em um filme surreal, mas dava pra modificar várias pequenas coisas que parecem avulsas a trama e apenas transgredem o espectador da condução alegórica visada pelo diretor.
O filme visa criar poesia através de imagens. Hoje em dia não é raro filmes tentarem fazer algo assim, mas quase sempre se tornam esses filmes amadores de cineastas que, por não terem orçamento pra fazerem algo coerente, simplesmente saem filmando qualquer coisa e fica uma impressão de vazio e pretenciosismo enfadonho.
Agora, estamos falando de um filme de 1930, onde o conceito de criar poesia usando do cinema era novo e intrigante. O resultado não poderia ter sido melhor. Usando de todos os recursos e técnicas cinematográficas existentes até então, ao longe de 50 minutos, Cocteau vai desde o erótico até a violência explícita, passando pelo fantasioso e o simplesmente estranho, na busca de transmitir uma sensação no espectador.
Talvez o grande mérito do filme é o quanto envelheceu bem. Visualmente o filme se mantém tão impactante e belo quanto deve ter sido em seu lançamento; nem clássicos mais conhecidos como "um cão andaluz" (que tem uma proposta parecida) conseguiram se manter tão bem com o passar dos anos quanto esse.
Porém, pode se argumentar que o filme é vazio de significados, mas discordo. Os temas discutidos aqui são vários, mas nunca é tentado dar uma resposta a qualquer das perguntas levantadas pelo filme. É sabido que, certas emoções e pensamentos, não podem ser transmitidos ou explicados através de palavras, apenas sentidos, individualmente, por cada um. O filme então busca, passando pelo filtro individual de seu criador, tentar nos fazer sentir as questões que o aflige, usando do audiovisual em todo seu potencial.
Boa adaptação do clássico de Rudyard Kipling, mas com uma estrutura um tanto estranha e desconexa, além de umas mudanças de tom abruptas e chocantes que deixa o filme quase perturbador (quem viu o filme sabe do que estou falando. Não sei se essa surpresa deixa o filme melhor pela coragem, ou pior pela falta de noção).
Os personagens não são bem explorados; na verdade fica a sensação de que o roteiro ou era pontual demais, colocando cada um em cada lugar em cada momento exato, ou então, que o filme foi cortado ao extremo, deixando inúmeros personagens sem ter o que fazer ou fazendo apenas o estritamente necessário para que o filme prosseguisse (deuses ex-machina enrustidos), sendo um desperdício de grandes atores que estavam muito investidos em seus papéis.
É foda ter que comparar com o da Disney. Aconteceu mais uma dessas inconveniências em que dois filmes sobre o mesmo tema caem de acontecer na mesma época; a Warner estava planejando sua adaptação bem antes do da Disney. Além de que o foco das duas são bem diferentes, este aqui é uma adaptação do livro, o da Disney é um remake da animação.
Mas não tem jeito, comparar é inevitável com os dois tendo saído tão próximos. As principais virtudes da Disney foram, em primeiro lugar, dar mais atenção a estrutura da história, pois o livro e, consequentemente, a animação clássica, tem estruturas muito difíceis de serem adaptadas. Isso porque trata-se de uma narrativa épica fragmentada em contos não-lineares sobre diferentes temas, saber conectá-las em algo fechado de 2 horas demanda muita atenção e cuidado. Faltou muito disso aqui. Outro ponto que a Disney fez melhor, foi o uso de efeitos especiais, mas que não seria tão relevante caso a história dessa versão tivesse sido melhor contada.
O que fica desse filme pro espectador realmente é a perda de potencial, parece que, por terem feito o filme logo após o sucesso da Disney, estavam todos desmotivados com o produto, e o finalizaram com descaso. Triste, poderia ter sido a adaptação definitiva dos contos de Kipling.
Apesar de adorar o cinema de Herzog, esse filme é definitivamente problemático. A começar pelos pontos positivos: A cinematografia de Herzog sempre belíssima e particular; paisagens capturadas com simplicidade mas, ainda assim, atmosféricas. Sempre transmitindo uma aura poética e natural ao espectador. A história contada é boa por si só, e imagino que o livro que serviu de base pro filme seja ótimo, mas infelizmente é extremamente raro.
Indo para aspectos incômodos do filme: As atuações transitam entre "bem, Herzog estava tentando capturar algo mais realista aqui" e "ok, agora o maluco só ta atuando mal mesmo". Tem poucos momentos que se destacam na parte de atuação, como a cena em que Kaspar vai se apresentar para aquele aristocrático, que mesmo aparecendo pouquíssimo no filme, é extremamente sútil e é a melhor atuação do filme.
A edição também é estranha, com várias cenas se alongando por muito mais tempo do que seria normalmente o necessário. Pode-se argumentar que foi proposital, mas não entendo o propósito em se deixar um longa enfadonho. Só fazendo cortes nos lugares certos o filme diminuiria uns 10 minutos.
Apesar de ser um grande admirador de Henry Salick e das histórias de Roald Dahl, não consegui gostar muito desse filme. As partes em live action são quase inassistíveis de tão forçadas e enfadonhas (além de quase amadorescas). Quando o filme se torna animação é um alívio, mas ainda assim, não há nada fascinante nem engajante o bastante pra tornar esse filme memorável. As músicas são na maior parte derivativas e esquecíveis.
Imagino que o filme tenha feito parte da vida de milhares de pessoas, ou ainda consiga ter esse efeito mesmo em adultos. Mas definitivamente não foi pra mim, e sei que se tivesse visto na infância poderia gostar mais, mas os grandes filmes infantis pra mim são bons em qualquer época; muitos deles só tenho conhecido recentemente e são fantásticos. Esse aqui, não desceu pra mim.
Seria inocência da minha parte pensar que uma animação infantil pudesse adaptar com extrema fidelidade o clássico literário de Jack London, repleto de violência, selvajeria, crueldade e etc... Na verdade, é estranho pensar a quantidade absurda de produtoras cinematográficas que vêem na bibliografia do escritor um bom local para se tirar filmes infantis; okay, é a história de um lobo-cachorro fofinho, mas isso não é suficiente pra tirar de cena toda a podridão humana e horror animal representado na obra.
Mas isso tudo é irrelevante, estamos analisando o filme e o que nos interressa é se ele conseguiu cumprir seu papel. E digo que sim! A animação é claramente de baixo orçamento, mas isso não a impede de ser muito bela e criativa. A direção e atuações também estão no ponto, principalmente o que diz respeito ao personagem Beauty Smith, que, em uma mistura de Gollum com Steve Buscemi, consegue ser um vilão muito memorável.
Aos problemas do filme, tenho a ressaltar principalmente dois: O primeiro é a incoerência emocional de alguns personagens. O Índio por exemplo, deixa seu amado cachorro para trás sem nem ao menos dizer adeus; enquanto o coronel e sua mulher, em um piscar de olhos, já amam White Fang como se estivessem com ele à décadas. O segundo problema, é como os roteiristas não souberam trabalhar o desenvolvimento intelectual de White Fang. No livro, para cada aprendizado novo do canino, era necessário intensas repetições para que ele compreendesse e se adequasse ao condicionamento. Pedir algo tão denso assim pode ser exagero, mas sem dúvida havia formas melhores de fazer o personagem compreender as coisas ao seu redor do que o jeito que fizeram aqui. É quase como se os humanos conversassem, literalmente, com o cachorro. Como se ele fosse dotado de total capacidade racional humana.
Isso pode não chegar a comprometer o filme porque, de novo, é uma animação infanto-juvenil, mas boa parte da genialidade da obra vem da maneira realista como o protagonista é desenvolvido, o que acabou me decepcionando.
Pré-história é uma das minhas temáticas favoritas, mas também, uma das menos exploradas no cinema, o que faz com que, mesmo este sendo um filme muito aquém do seu potencial, ainda é um dos melhores de seu nicho.
Os grandes problemas do filme estão na criação cultural da tribo, que é bem clichê e esquecível, os efeitos visuais que, na maioria das vezes, é plástico e tiram o espectador da atmosfera; os diálogos que são quase inexistentes, e quando existem são péssimos (aliás, a ausência de diálogos teria feito um bem enorme a história) e também a perda de potencial ao se passar em um mundo pré-histórico.
Mas há muitas virtudes, uma delas é a história envolvente e tocante, tudo que diz respeito a relação homem e lobo é gradual e convincente, as paisagens são belas e há um ótimo trabalho de direção no sentido de dar dimensão as locações, e a luta por sobrêvivencia no filme funciona e entretém. A trilha é clichê mas cumpre muito bem o seu papel, e as atuações são operantes.
Merecia um 3 ou 3,5, mas dou quatro porque, como disse, sou apaixonado pelo tema e esse talvez seja o melhor filme sobre tribos pré-históricas após "A Guerra do Fogo" (Se não considerarmos 2001 parte do subgênero).
Esse é o mais próximo de um filme da Disney feito pelo Monty Python ou pelo Scorsese. Subversivo, objetivo e extremamente engraçado, menos sentimental mal ainda assim com muito coração ❤️
"Multidões são muito mais fáceis de controlar do que indivíduos.."
Nessa ousada e peculiar adaptação da obra e vida de Kafka, Steven Sodenbergh sabe misturar perfeitamente os estilos popularizados pela obra do escritor, mas incluindo também um sábio estudo da vida desse que é um dos personagens mais curiosos e especiais da história da literatura mundial.
Sou suspeito para falar do filme pois Kafka é meu escritor favorito, mas o filme é inegavelmente fascinante, desde a direção perfeccionista impregada por Sodenbergh, passando pela magistral trilha sonora (uma mistura de música onírica com música tradicional Judaica, casando perfeitamente com a atmosfera dos livros, que sempre tem referências ao judaísmo da família do escritor) até a maravilhosa cinematografia, que sabe dosar muito bem o barroco, com o expressionista e com os elementos surreais.
Nota especial tambem, é claro, para a perfeita atuação de Jeromy Irons no papel principal. Filmaço!
Atuações icônicas, cinematografia perfeita (principalmente pelo jogo de luzes e sombras) e boa adaptação do livro, por conseguir torná-lo mais acessível ao público casual sem perder a essência da obra literária.
O longa, porém, sofre pela morbidez narrativa. Trata-se de um filme que, apesar de curto, é lento e enfadonho. Talvez não tenha envelhecido muito bem.
Não há profundidade nos personagens, a narrativa é apressada e não abre espaço para um enfoque maior a elementos importantes da história, ou pra profundidade que o King colocou no livro. Os temas existenciais e o mergulho no personagem principal que há na obra original, é descartado, sobrando apenas uma história de terror eficiente porém vazia e esquecível.
Tinha inúmeros preconceitos com esse filme, mas tive que dar o braço a torcer sobre todos eles.
O que mais gosto nele é que me fez lembrar 2 dos meus contos de "terror" favoritos. Um deles, se não me engano escrito por H.G Wells, fala de um homem que é desafiado a passar uma noite em uma casa considerada mal assombrada. Ele então corre desesperado na noite, se apavora, ouve coisas, sente coisas, até maxucar a cabeça, acordar no outro dia, e perceber que o único agente sobrenatural que ele lutava era o seu próprio medo de que pudesse haver algum.
O outro é o clássico "Entre as paredes de Eryx" de H.P Lovecraft. Um astronauta entra em um labirinto invisivel para pegar a peça preciosa contida no meio dele, e depois não consegue mais sair.
Em ambos, assim como no filme, o que predomina é o desespero crescente, o confronto do fisico com o psicológico, a paranoia e o desgaste. A sutileza é perturbadora, e a invisibilidade do sobrenatural é tão aterradora quanto qualquer vulto fantasmagórico imaginável. A famosa cartilha da "sugestão do horror", ao invés do horror escrachado, agindo mais na imaginação do espectador do que na pura e simples visão.
Não apenas essa manipulação é genial, como os atores e a direção são de um realismo absoluto e angustiante. Outra sacada genial foi tapar as improbabilidades e incoerencias da narrativa colocando profundidade nos personagens, como por exemplo, a estupidez de continuar gravando o documentário mesmo após os eventos sobrenaturais ficarem evidentes, é justificado com a comovente cena da protogonista dizendo que aquilo é tudo que restou para ela em meio ao desespero que se agravou. O filme então transforma suas falhas em ideias que dão camadas a trama.
O filme tem uma introdução perfeita onde não só consegue transmitir em poucos minutos todas as principais evidências que percorrerão o filme inteiro de maneira objetiva, como também estabele bem o ambiente e os personagens principais, sendo o maior de todos, Virgil.
A atuação de Sidney Poitier é sem dúvida o forte do longa. Astuto, persuasivo, com uma presença fortissíma em todas as cenas que aparece, consegue dizer tudo que precisa apenas com olhar e gestos. É simplesmente ridículo, que o Oscar não tenha sequer indicado Sidney por sua brilhante atuação. Pior ainda foi ter dado o prêmio para o caricato personagem coadjuvante do mesmo filme, atuação que não merecia sequer indicação para coadjuvante.
No geral, porém, o filme ta longe de ser perfeito. A direção se perde na criação de tenção e nas cenas de ação, além de que o embate entre o Tibbs e o delegado vai perdendo força progressivamente a cada vez que ele é repetido, até o ponto de ficar cansativo e sem desenvolver muita coisa. O ano desse filme também foi o ano de um dos meus 10 filmes favoritos, "The Graduate", o que só contribui pra minha conclusão de que não mereceu o Oscar principal, mas a indicação foi justa.
A violência banal, grotesca e caricata aqui assume diversos subtextos. Entre eles, o ódio e amor dos personagens uns pelos outros. Os estudantes aqui estão em constante conflito entre amor e ódio, salvação e sobrevivência, comunidade e autopreservação, desconfiança e amizade... E é através da violência e morte que esses lados desabrocham para mostrar o que há no interior de cada personagem. A violência é um mecanismo de expressão sentimental.
Então, não trata-se só de um filme clichê adolescente pós apocalíptico de pastiches como Jogos Vorazes ou Maze Runner. Battle Royale é visceral, assustador, tenso, divertido e tocante. Cada um a seu devido tempo.
O único ponto negativo creio que seja a quantidade enorme de finais desnecessários. Quanto mais sútil o final fosse, mais eficaz seria o resultado.
Tanto a HQ quanto o filme tem esses exageros de filme escapista sobre caras fodões matando geral. Mas o que faz de ambas as obras superiores a somente mais um filme clichê de vingança, é o que o "escapismo" representa aqui: a dor da perda.
As constantes memórias de sua mulher, os insights solitários e a estética gótica... Tudo dá uma ótima atmosfera de dor, culpa, arrependimento, solidão e perda. Mas a HQ é absolutamente superior por conseguir transmitir isso de uma maneira mais objetiva, e visualmente única.
Já o grande ponto negativo do filme são esses momentos steam punk e grunge da década de noventa que o dataram muito. Ainda assim, é uma adaptação muito digna.
Pqp, esse filme é péssimo em tantos níveis diferentes! Pra tirar logo da reta os pontos positivos, a trilha sonora é bem composta, o conceito da "música" como uma ligação espiritual entre pessoas é boa, os atores mirins coadjuvantes tem talento, e o Robin Williams sempre conseguia dar mais camadas e enriquecer os personagens em que trabalhava.
De resto, o filme é vergonhoso. A começar pelo primeiro encontro dos pais do garoto, que se dá após um diálogo de menos de 5 falas, uma copulada no teto, e pronto. É assim que o filme nos apresenta o grande romance que se seguirá por 2 torturantes horas.
A narrativa do filme nada mais é que uma série de pequenos clichês que nem parecem ter ligação um com outro, que apenas servem pra comover gratuitamente um público médio medíocre. Desde a batida cena de romance bobo da garota tendo que decidir entre o pai e o namorado, pai morrendo de cancer e dizendo o último segredo antes da morte, o ex-jovem pegador que cresce e vira empresário (Aliás, uma cena de 10 segundos que nunca mais é abordada no filme. O que mostra o quanto esse roteiro não tinha a menor noção do que tava fazendo, além de ficar jogando cena cliche ruim.) ai tem o empresário de esquina cuzão que fica abusando dos artistas (Que disperdicio de Robin Williams).
Enfim, o roteiro tem uma estrutura ridícula, okay, mas pelo menos esses cliches são bem feitos? NÃO. É cada diálogo merda que eu sentia vergonha. Tem também um bilhão de cenas e personagens que simplesmente são esquecidos ou perdidos no meio da concha de retalhos.
Por último, o que falar do desserviço a música e músicos que esse filme é. Usaram o único ator mirim do filme que não sabia nenhum instrumento pra ser o protagonista, é tão óbvio que não é ele tocando que chega a ser engraçado.
Aqueles filmes que dão vontade de aplaudir quando vc termina. Tudo aqui é perfeito! Movimentação de câmera precisa e incrivelmente bem coreografada, com direito a alguns dos planos sequência mais brilhantes que eu já vi em qualquer filme. Muita influência Hitchcockiana na forma como o diretor resume muitos detalhes da narrativa com simples passadas de câmera por fotografias ou objetos do cenário, uma trilha sonora e mixagem de som que imerge o espectador dentro das batalhas, de maneira que vc sinta e ouça tudo aquilo que o protagonista ouve.
Além disso, um dos roteiros de ficção cientifica mais bem elaborados do cinema recente, discute inúmeros temas importantes mas sem perder o charme ou a grandeza dramática da obra. Além disso, essa é uma das distopias mais viscerais e bem construídas do cinema. Locações em ruínas, sensação de abandono e perigo iminente... Me lembrou uma mistura da melancolia noir de "Blade Runner" com o caos de "Mad Max". Filmaço!
Animações fantásticas! Criativas, encantadoras e envolventes. O problema são esses interlúdios em live-action enjoativos, arrastados, forçados e em alguns momentos até de mal gosto.
Ótimo filme experimental,visualmente dinâmico, além de trazer discussões interessantissimas a respeito da linguagem, percepções da vida e a evolução humana.
Os problemas são algumas passagens repetitivas e outras tangenciais, mas continua sendo uma experiencia cinematografica bem peculiar e agradável.
Documentário de uma sensibilidade fortissima e cheio de reflexões e momentos marcantes, cada vez mais me apaixono pela obra do Herzog.
Mas como muitos apontaram aqui, muitos momentos do documentário me pareceram artificiais. Eu sei que é difícil crer que o Herzog, humano e focado no realismo como é, teria instruído atores ou entrevistados a seguirem um roteiro, o que além de prejudiar o documentário seria de extremo mal gosto. Mas que fica essa sensasão de artificialidade em diversos momentos fica.
Memórias
4.0 168 Assista AgoraO conceito de Stardust, apesar de derivativo de outros filmes, é ótimo. Um fluxo de consciência que passa de maneira não linear por vários momentos da vida do protagonista, em tom semiautobiográfico da vida do próprio Allen.
A obra através disso busca enquadrar-se em duas principais temáticas, sendo a primeira o sentido da vida, e o segundo, uma crítica aos costumes das classes mais ricas, em especial as pseudo-artisticas. Para pontuar algumas cenas que elucidam esses pontos do filme, cito a cena inicial, onde vemos dois trens, um repleto de pessoas ricas e atrativas, e o outro composto por pessoas pobres e miseráveis. Woody Allen tenta passar para o trem das pessoas ricas, mas é barrado. Ao chegarem ao fim da linha, vemos que o destino de ambos os trens era o mesmo: um lixão.
A mensagem é clara, não importa o quão rico você seja, o destino de todos é o mesmo: a morte. Sendo, portanto, o ponto inicial do ensaio sobre a vida que Woody Allen busca traçar. E também, há aqui a ironia, pois, após lutar tanto para chegar ao trem da riqueza e lascívia, durante o filme todo Woody Allen é bombardeado pelo lado ruim dessa ambição. Outro ponto sempre presente no filme, é o de que, mesmo tendo a vida ganha, isso não significa ter uma vida feliz. Levando em conta o diálogo a respeito do filme “ladrões de bicicleta”, onde ele compara a busca por trabalho das classes mais pobres, com a busca por sentido e estabilidade emocional das classes mais ricas, em especial dele próprio.
Sendo, portanto, um filme tão arrojado de significados e metáforas, o que me fez considerá-lo um dos mais fracos que já vi do Allen?
A começar, o filme é extremamente repetitivo em todas as coisas que ele quer dizer. O único motivo para repetir tanto as mesmas coisas seria para alcançar um tom cômico das situações, mas a última coisa que o filme consegue ser é engraçado. E não é nem como se o filme tentasse ser engraçado; Woody Allen fez algumas das melhores comédias de todos os tempos, e durante o filme todo ele se autocrítica tanto pela comédia quanto pela pseudo-intelectualidade de seus novos projetos (novos na época). A impressão que fica, é a de que ele não sabia exatamente que tom queria pra seu ensaio cinematográfico.
Resultado disso, é um filme perdido, cheio de meios debates, com diálogos afetados e dolorosamente derivativos de outros filmes do mesmo diretor. Okay, Allen, entendemos que todo mundo fica te parando pra pedir autógrafos e que você pega uma nova mulher a cada esquina, stop it.
Falando assim até pode parecer que sou hater dele; muito pelo contrário, é um dos meus diretores favoritos, mas esse filme realmente é problemático. As referências dele também estão mais óbvias aqui que em outros filmes. A burguesia e subjetividade dos filmes do Bunuel (que não sou lá muito fã), as várias inspirações do cinema de Fellini (em especial 8 ½), o existencialismo de Bergman, que na verdade está em todo filme da fase madura do Allen, entre outros…
Mais do que qualquer outro filme do Allen, aqui parecia que ele realmente queria evocar a atmosfera de filmes desses outros diretores, mais do que a sua própria. Um lado bom disso é que, provavelmente, trata-se do filme do diretor mais apurado tecnicamente. As cenas são todas dirigidas com muito cuidado e atenção aos mínimos detalhes, como sombras, enquadramentos e movimentações, detalhes que normalmente o Allen não se preocupa muito e só deixa a câmera seguir o fluxo dos diálogos. Sendo portanto, tecnicamente, o filme mais maduro do Allen, mas também o mais derivativo.
Vale dizer também que os outros filmes do diretor com temáticas parecidas superam, e muito, este, bem como os filmes inspirados nos de Allen lançados postumamente, em especial os de Charlie Kaufman (quem ver este filme e comparar com “Adaptação” ou “Sinedoque, nova york” perceberá o que estou dizendo).
Kubo e as Cordas Mágicas
4.2 635 Assista AgoraA estrutura do filme pode ser clichê e previsível, mas a execução é primorosa. A começar pela qualidade da animação, cheia de espírito e ideias criativas para composições visuais e fluídez das cenas. O trio protagonista também é excelente, mas com algumas ressalvas. Kubo está perfeito, trabalho de voz impecável e desenvolvimento competente e engajante. A macaca também está ótima, assim como o Besouro, que além de memoráveis, carismáticos e ótimo trabalho de voz, a química contrastante entre a absoluta ordem dela e as trapalhadas dele rende momentos genuinamente hilários.
O problema é quando surge o plot twist, que além de previsível, complica as coisas. Na parte da macaca porque ela deveria saber daquilo o tempo todo pelo o que a história indica, e na parte do bizorro porque o lado dele ser um alívio cômico não casa muito bem com a ideia dele ser o pai do garoto.
Outro problema do filme é o vilão e o final que deram pra ele, que é até um pouco bizarro de se assistir. Tentaram dar a ele um ar meio perturbado com uns tiques excêntricos, mas no final isso tornou-o bem genérico. Se o tivessem mantido como aquele senhor são e manipulativo que ele aparenta ser na primeira cena em que apareceu, guiando Kubo em seu sonho, teria sido um vilão bem mais memorável.
Terminando em uma nota positiva: A trilha sonora é excelente!
Férias de Verão com Coo
4.1 28Filme baseado nas lendas folclóricas japonesas. O último ser da espécie de criaturas "Kappa" é encontrado por um jovem, e após conseguir enturmar-se com a família, têm de lidar com o impacto que sua aparição trouxe para os tempos modernos.
Com fortes e relevantes críticas a cultura de entretenimento, que constantemente abusa da privacidade e capacidade mental de celebridades e/ou virais, assim como a própria sociedade, que através das constantes fotos e idolatrias reduz preciosas culturas, tradições, ou seres vivos em meros produtos de consumo e entretenimento. Não é raro ir a parques zoológicos e ver pessoas abusando dos limites para conseguir melhores fotos, ou então vendo animais como banais espetáculos; lembro por exemplo, de um parque que fui uma vez, e todos estavam insatisfeitos e resmungões pelo fato do Hipopótamo estar submerso, provavelmente dormindo. Alguns inclusive comentando de jogar algo para acordar o bicho, como se este tivesse a mínima obrigação de estar acordado para suprir os desejos de pessoas vazias e insensíveis a vida animal.
Tendo em vista o quanto cada vez mais coisas assim se popularizam, o filme se mantém extremamente atual, mesmo já tendo sido lançado há mais de 10 anos (acabei de descobrir isso!). A obra então busca uma conscientização a respeito da importância de se preservar a cultura, e não deixar toda a beleza do mundo e dos seres vivos (inclusive humanos) serem reduzidas a descartáveis produtos. Vale a pena destacar também o humor do filme, que consegue ser extremamente engraçado em diversos momentos, uma pitada de humor negro e excelente timing. As cenas mais dramáticas envolvendo o drama de Coo e seu pai também são muito tocantes e memoráveis, apesar de dependerem de uma coincidência absurda que tira o espectador do filme por um momento.
É, não é um filme perfeito. Entre os principais problemas pode-se destacar a animação que fica meio inconsistente em alguns momentos (bem poucos), a trilha sonora que é genérica, esquecível, e às vezes até incomoda; além de que a subtrama envolvendo o bullying e o "interesse romântico" é bem clichê e prejudica a empatia do público pelo menino, que por 2 terços do filme é um completo babaca com a garota. Mas mesmo com esses problemas, sem dúvida vale uma conferida. Ótima animação!
Orfeu
4.3 40 Assista AgoraNessa adaptação do mito grego para os tempos modernos, muitas mudanças são feitas em relação a lenda original, sendo a mais notável delas, o amor de Orfeu por Eurídice. Enquanto o mito visava demonstrar o máximo que o amor de um homem pode chegar, ao ponto dele ir até o próprio submundo resgatá-la (além de ser um clássico exemplo de herói trovador romântico) aqui isto é totalmente subvertido.
Orfeu não é romântico, pelo contrário. Está a todo momento evitando sua mulher, o que inclusive gera uma genial cena no final, onde ele usa da regra de não poder olhá-la como desculpa para se ausentar ainda mais. É o retrato de um artista desiludido com a vida e suas paixões. Não é difícil traçar o que provavelmente foi a vida de Orfeu antes do filme começar; perdidamente apaixonado por Eurídice, escrevendo-a lindas poesias, até que quando finalmente a teve, cansou-se do romantismo, e reclusou-se de sua arte e sua amada.
Em meio a isso, um novo amor surge em sua vida: A Morte. Que brilhante sacada é por um poeta, literalmente, se apaixonando pela morte. Vemos nas mais inúmeras poesias e poemas, essa relação tão próxima de amor e morte. Os poetas sempre pareciam usar da morte como escapatória para as desilusões amorosas, "ela não me ama, me matarei!" (ala Werther). Nesse filme, podemos refletir que talvez, realmente, o grande amor da vida de tais poetas é a própria morte, não a mulher que os levam ao suicídio.
Esse e muitos outros paralelos podem ser traçados entre a re-imaginação de Cocteau sobre o mito de Orfeu. Junte essas belas alegorias a um dos mais impressionantes usos de efeitos práticos da história do cinema, e o resultado é um clássico do surrealismo.
Agora, não trata-se de um filme perfeito. As várias alegorias falham em encontrar um elo forte entre si; cada uma parece inclusive contradizer a outra. A desilusão romântica representada por Orfeu se perde quando, ao encontrar a morte, se torna exatamente o trovador do qual o filme havia subvertido, proclamando juras de amor eterno a nova paixão. Há também o problema da coerência narrativa, que eu sei, não adianta esperar muito disso em um filme surreal, mas dava pra modificar várias pequenas coisas que parecem avulsas a trama e apenas transgredem o espectador da condução alegórica visada pelo diretor.
O Sangue de um Poeta
4.2 44O filme visa criar poesia através de imagens. Hoje em dia não é raro filmes tentarem fazer algo assim, mas quase sempre se tornam esses filmes amadores de cineastas que, por não terem orçamento pra fazerem algo coerente, simplesmente saem filmando qualquer coisa e fica uma impressão de vazio e pretenciosismo enfadonho.
Agora, estamos falando de um filme de 1930, onde o conceito de criar poesia usando do cinema era novo e intrigante. O resultado não poderia ter sido melhor. Usando de todos os recursos e técnicas cinematográficas existentes até então, ao longe de 50 minutos, Cocteau vai desde o erótico até a violência explícita, passando pelo fantasioso e o simplesmente estranho, na busca de transmitir uma sensação no espectador.
Talvez o grande mérito do filme é o quanto envelheceu bem. Visualmente o filme se mantém tão impactante e belo quanto deve ter sido em seu lançamento; nem clássicos mais conhecidos como "um cão andaluz" (que tem uma proposta parecida) conseguiram se manter tão bem com o passar dos anos quanto esse.
Porém, pode se argumentar que o filme é vazio de significados, mas discordo. Os temas discutidos aqui são vários, mas nunca é tentado dar uma resposta a qualquer das perguntas levantadas pelo filme. É sabido que, certas emoções e pensamentos, não podem ser transmitidos ou explicados através de palavras, apenas sentidos, individualmente, por cada um. O filme então busca, passando pelo filtro individual de seu criador, tentar nos fazer sentir as questões que o aflige, usando do audiovisual em todo seu potencial.
Mogli: Entre Dois Mundos
3.4 389 Assista AgoraBoa adaptação do clássico de Rudyard Kipling, mas com uma estrutura um tanto estranha e desconexa, além de umas mudanças de tom abruptas e chocantes que deixa o filme quase perturbador (quem viu o filme sabe do que estou falando. Não sei se essa surpresa deixa o filme melhor pela coragem, ou pior pela falta de noção).
Os personagens não são bem explorados; na verdade fica a sensação de que o roteiro ou era pontual demais, colocando cada um em cada lugar em cada momento exato, ou então, que o filme foi cortado ao extremo, deixando inúmeros personagens sem ter o que fazer ou fazendo apenas o estritamente necessário para que o filme prosseguisse (deuses ex-machina enrustidos), sendo um desperdício de grandes atores que estavam muito investidos em seus papéis.
É foda ter que comparar com o da Disney. Aconteceu mais uma dessas inconveniências em que dois filmes sobre o mesmo tema caem de acontecer na mesma época; a Warner estava planejando sua adaptação bem antes do da Disney. Além de que o foco das duas são bem diferentes, este aqui é uma adaptação do livro, o da Disney é um remake da animação.
Mas não tem jeito, comparar é inevitável com os dois tendo saído tão próximos. As principais virtudes da Disney foram, em primeiro lugar, dar mais atenção a estrutura da história, pois o livro e, consequentemente, a animação clássica, tem estruturas muito difíceis de serem adaptadas. Isso porque trata-se de uma narrativa épica fragmentada em contos não-lineares sobre diferentes temas, saber conectá-las em algo fechado de 2 horas demanda muita atenção e cuidado. Faltou muito disso aqui. Outro ponto que a Disney fez melhor, foi o uso de efeitos especiais, mas que não seria tão relevante caso a história dessa versão tivesse sido melhor contada.
O que fica desse filme pro espectador realmente é a perda de potencial, parece que, por terem feito o filme logo após o sucesso da Disney, estavam todos desmotivados com o produto, e o finalizaram com descaso. Triste, poderia ter sido a adaptação definitiva dos contos de Kipling.
O Enigma de Kaspar Hauser
4.0 328Apesar de adorar o cinema de Herzog, esse filme é definitivamente problemático.
A começar pelos pontos positivos: A cinematografia de Herzog sempre belíssima e particular; paisagens capturadas com simplicidade mas, ainda assim, atmosféricas. Sempre transmitindo uma aura poética e natural ao espectador. A história contada é boa por si só, e imagino que o livro que serviu de base pro filme seja ótimo, mas infelizmente é extremamente raro.
Indo para aspectos incômodos do filme: As atuações transitam entre "bem, Herzog estava tentando capturar algo mais realista aqui" e "ok, agora o maluco só ta atuando mal mesmo". Tem poucos momentos que se destacam na parte de atuação, como a cena em que Kaspar vai se apresentar para aquele aristocrático, que mesmo aparecendo pouquíssimo no filme, é extremamente sútil e é a melhor atuação do filme.
A edição também é estranha, com várias cenas se alongando por muito mais tempo do que seria normalmente o necessário. Pode-se argumentar que foi proposital, mas não entendo o propósito em se deixar um longa enfadonho. Só fazendo cortes nos lugares certos o filme diminuiria uns 10 minutos.
James e o Pêssego Gigante
3.8 467 Assista AgoraApesar de ser um grande admirador de Henry Salick e das histórias de Roald Dahl, não consegui gostar muito desse filme. As partes em live action são quase inassistíveis de tão forçadas e enfadonhas (além de quase amadorescas). Quando o filme se torna animação é um alívio, mas ainda assim, não há nada fascinante nem engajante o bastante pra tornar esse filme memorável. As músicas são na maior parte derivativas e esquecíveis.
Imagino que o filme tenha feito parte da vida de milhares de pessoas, ou ainda consiga ter esse efeito mesmo em adultos. Mas definitivamente não foi pra mim, e sei que se tivesse visto na infância poderia gostar mais, mas os grandes filmes infantis pra mim são bons em qualquer época; muitos deles só tenho conhecido recentemente e são fantásticos. Esse aqui, não desceu pra mim.
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraHollywood > Produz qualquer filme que pareça um episódio marromeno de Twilight Zone
Jovens na internet > OMG! BEST ORIGINAL MOVIE OF ALL TIME!!!!
Caninos Brancos
3.8 38 Assista AgoraSeria inocência da minha parte pensar que uma animação infantil pudesse adaptar com extrema fidelidade o clássico literário de Jack London, repleto de violência, selvajeria, crueldade e etc...
Na verdade, é estranho pensar a quantidade absurda de produtoras cinematográficas que vêem na bibliografia do escritor um bom local para se tirar filmes infantis; okay, é a história de um lobo-cachorro fofinho, mas isso não é suficiente pra tirar de cena toda a podridão humana e horror animal representado na obra.
Mas isso tudo é irrelevante, estamos analisando o filme e o que nos interressa é se ele conseguiu cumprir seu papel. E digo que sim! A animação é claramente de baixo orçamento, mas isso não a impede de ser muito bela e criativa. A direção e atuações também estão no ponto, principalmente o que diz respeito ao personagem Beauty Smith, que, em uma mistura de Gollum com Steve Buscemi, consegue ser um vilão muito memorável.
Aos problemas do filme, tenho a ressaltar principalmente dois: O primeiro é a incoerência emocional de alguns personagens. O Índio por exemplo, deixa seu amado cachorro para trás sem nem ao menos dizer adeus; enquanto o coronel e sua mulher, em um piscar de olhos, já amam White Fang como se estivessem com ele à décadas.
O segundo problema, é como os roteiristas não souberam trabalhar o desenvolvimento intelectual de White Fang. No livro, para cada aprendizado novo do canino, era necessário intensas repetições para que ele compreendesse e se adequasse ao condicionamento. Pedir algo tão denso assim pode ser exagero, mas sem dúvida havia formas melhores de fazer o personagem compreender as coisas ao seu redor do que o jeito que fizeram aqui. É quase como se os humanos conversassem, literalmente, com o cachorro. Como se ele fosse dotado de total capacidade racional humana.
Isso pode não chegar a comprometer o filme porque, de novo, é uma animação infanto-juvenil, mas boa parte da genialidade da obra vem da maneira realista como o protagonista é desenvolvido, o que acabou me decepcionando.
Alfa
3.4 296 Assista AgoraPré-história é uma das minhas temáticas favoritas, mas também, uma das menos exploradas no cinema, o que faz com que, mesmo este sendo um filme muito aquém do seu potencial, ainda é um dos melhores de seu nicho.
Os grandes problemas do filme estão na criação cultural da tribo, que é bem clichê e esquecível, os efeitos visuais que, na maioria das vezes, é plástico e tiram o espectador da atmosfera; os diálogos que são quase inexistentes, e quando existem são péssimos (aliás, a ausência de diálogos teria feito um bem enorme a história) e também a perda de potencial ao se passar em um mundo pré-histórico.
Mas há muitas virtudes, uma delas é a história envolvente e tocante, tudo que diz respeito a relação homem e lobo é gradual e convincente, as paisagens são belas e há um ótimo trabalho de direção no sentido de dar dimensão as locações, e a luta por sobrêvivencia no filme funciona e entretém. A trilha é clichê mas cumpre muito bem o seu papel, e as atuações são operantes.
Merecia um 3 ou 3,5, mas dou quatro porque, como disse, sou apaixonado pelo tema e esse talvez seja o melhor filme sobre tribos pré-históricas após "A Guerra do Fogo" (Se não considerarmos 2001 parte do subgênero).
A Nova Onda do Imperador
3.7 684 Assista AgoraEsse é o mais próximo de um filme da Disney feito pelo Monty Python ou pelo Scorsese. Subversivo, objetivo e extremamente engraçado, menos sentimental mal ainda assim com muito coração ❤️
Kafka
3.6 32"Multidões são muito mais fáceis de controlar do que indivíduos.."
Nessa ousada e peculiar adaptação da obra e vida de Kafka, Steven Sodenbergh sabe misturar perfeitamente os estilos popularizados pela obra do escritor, mas incluindo também um sábio estudo da vida desse que é um dos personagens mais curiosos e especiais da história da literatura mundial.
Sou suspeito para falar do filme pois Kafka é meu escritor favorito, mas o filme é inegavelmente fascinante, desde a direção perfeccionista impregada por Sodenbergh, passando pela magistral trilha sonora (uma mistura de música onírica com música tradicional Judaica, casando perfeitamente com a atmosfera dos livros, que sempre tem referências ao judaísmo da família do escritor) até a maravilhosa cinematografia, que sabe dosar muito bem o barroco, com o expressionista e com os elementos surreais.
Nota especial tambem, é claro, para a perfeita atuação de Jeromy Irons no papel principal. Filmaço!
Drácula
3.9 295 Assista AgoraAtuações icônicas, cinematografia perfeita (principalmente pelo jogo de luzes e sombras) e boa adaptação do livro, por conseguir torná-lo mais acessível ao público casual sem perder a essência da obra literária.
O longa, porém, sofre pela morbidez narrativa. Trata-se de um filme que, apesar de curto, é lento e enfadonho. Talvez não tenha envelhecido muito bem.
Cemitério Maldito
3.7 1,1K Assista AgoraO filme é uma adaptação fiel e divertida. Só.
Não há profundidade nos personagens, a narrativa é apressada e não abre espaço para um enfoque maior a elementos importantes da história, ou pra profundidade que o King colocou no livro. Os temas existenciais e o mergulho no personagem principal que há na obra original, é descartado, sobrando apenas uma história de terror eficiente porém vazia e esquecível.
A Bruxa de Blair
3.1 1,6KTinha inúmeros preconceitos com esse filme, mas tive que dar o braço a torcer sobre todos eles.
O que mais gosto nele é que me fez lembrar 2 dos meus contos de "terror" favoritos. Um deles, se não me engano escrito por H.G Wells, fala de um homem que é desafiado a passar uma noite em uma casa considerada mal assombrada. Ele então corre desesperado na noite, se apavora, ouve coisas, sente coisas, até maxucar a cabeça, acordar no outro dia, e perceber que o único agente sobrenatural que ele lutava era o seu próprio medo de que pudesse haver algum.
O outro é o clássico "Entre as paredes de Eryx" de H.P Lovecraft. Um astronauta entra em um labirinto invisivel para pegar a peça preciosa contida no meio dele, e depois não consegue mais sair.
Em ambos, assim como no filme, o que predomina é o desespero crescente, o confronto do fisico com o psicológico, a paranoia e o desgaste. A sutileza é perturbadora, e a invisibilidade do sobrenatural é tão aterradora quanto qualquer vulto fantasmagórico imaginável. A famosa cartilha da "sugestão do horror", ao invés do horror escrachado, agindo mais na imaginação do espectador do que na pura e simples visão.
Não apenas essa manipulação é genial, como os atores e a direção são de um realismo absoluto e angustiante. Outra sacada genial foi tapar as improbabilidades e incoerencias da narrativa colocando profundidade nos personagens, como por exemplo, a estupidez de continuar gravando o documentário mesmo após os eventos sobrenaturais ficarem evidentes, é justificado com a comovente cena da protogonista dizendo que aquilo é tudo que restou para ela em meio ao desespero que se agravou. O filme então transforma suas falhas em ideias que dão camadas a trama.
No Calor da Noite
4.0 139 Assista AgoraO filme tem uma introdução perfeita onde não só consegue transmitir em poucos minutos todas as principais evidências que percorrerão o filme inteiro de maneira objetiva, como também estabele bem o ambiente e os personagens principais, sendo o maior de todos, Virgil.
A atuação de Sidney Poitier é sem dúvida o forte do longa. Astuto, persuasivo, com uma presença fortissíma em todas as cenas que aparece, consegue dizer tudo que precisa apenas com olhar e gestos. É simplesmente ridículo, que o Oscar não tenha sequer indicado Sidney por sua brilhante atuação. Pior ainda foi ter dado o prêmio para o caricato personagem coadjuvante do mesmo filme, atuação que não merecia sequer indicação para coadjuvante.
No geral, porém, o filme ta longe de ser perfeito. A direção se perde na criação de tenção e nas cenas de ação, além de que o embate entre o Tibbs e o delegado vai perdendo força progressivamente a cada vez que ele é repetido, até o ponto de ficar cansativo e sem desenvolver muita coisa. O ano desse filme também foi o ano de um dos meus 10 filmes favoritos, "The Graduate", o que só contribui pra minha conclusão de que não mereceu o Oscar principal, mas a indicação foi justa.
Batalha Real
3.6 588 Assista AgoraA violência banal, grotesca e caricata aqui assume diversos subtextos. Entre eles, o ódio e amor dos personagens uns pelos outros. Os estudantes aqui estão em constante conflito entre amor e ódio, salvação e sobrevivência, comunidade e autopreservação, desconfiança e amizade... E é através da violência e morte que esses lados desabrocham para mostrar o que há no interior de cada personagem. A violência é um mecanismo de expressão sentimental.
Então, não trata-se só de um filme clichê adolescente pós apocalíptico de pastiches como Jogos Vorazes ou Maze Runner. Battle Royale é visceral, assustador, tenso, divertido e tocante. Cada um a seu devido tempo.
O único ponto negativo creio que seja a quantidade enorme de finais desnecessários. Quanto mais sútil o final fosse, mais eficaz seria o resultado.
O Corvo
3.8 691Tanto a HQ quanto o filme tem esses exageros de filme escapista sobre caras fodões matando geral. Mas o que faz de ambas as obras superiores a somente mais um filme clichê de vingança, é o que o "escapismo" representa aqui: a dor da perda.
As constantes memórias de sua mulher, os insights solitários e a estética gótica... Tudo dá uma ótima atmosfera de dor, culpa, arrependimento, solidão e perda. Mas a HQ é absolutamente superior por conseguir transmitir isso de uma maneira mais objetiva, e visualmente única.
Já o grande ponto negativo do filme são esses momentos steam punk e grunge da década de noventa que o dataram muito. Ainda assim, é uma adaptação muito digna.
O Som do Coração
3.9 1,5K Assista AgoraPqp, esse filme é péssimo em tantos níveis diferentes! Pra tirar logo da reta os pontos positivos, a trilha sonora é bem composta, o conceito da "música" como uma ligação espiritual entre pessoas é boa, os atores mirins coadjuvantes tem talento, e o Robin Williams sempre conseguia dar mais camadas e enriquecer os personagens em que trabalhava.
De resto, o filme é vergonhoso. A começar pelo primeiro encontro dos pais do garoto, que se dá após um diálogo de menos de 5 falas, uma copulada no teto, e pronto. É assim que o filme nos apresenta o grande romance que se seguirá por 2 torturantes horas.
A narrativa do filme nada mais é que uma série de pequenos clichês que nem parecem ter ligação um com outro, que apenas servem pra comover gratuitamente um público médio medíocre. Desde a batida cena de romance bobo da garota tendo que decidir entre o pai e o namorado, pai morrendo de cancer e dizendo o último segredo antes da morte, o ex-jovem pegador que cresce e vira empresário (Aliás, uma cena de 10 segundos que nunca mais é abordada no filme. O que mostra o quanto esse roteiro não tinha a menor noção do que tava fazendo, além de ficar jogando cena cliche ruim.) ai tem o empresário de esquina cuzão que fica abusando dos artistas (Que disperdicio de Robin Williams).
Enfim, o roteiro tem uma estrutura ridícula, okay, mas pelo menos esses cliches são bem feitos? NÃO. É cada diálogo merda que eu sentia vergonha. Tem também um bilhão de cenas e personagens que simplesmente são esquecidos ou perdidos no meio da concha de retalhos.
Por último, o que falar do desserviço a música e músicos que esse filme é. Usaram o único ator mirim do filme que não sabia nenhum instrumento pra ser o protagonista, é tão óbvio que não é ele tocando que chega a ser engraçado.
Filhos da Esperança
3.9 940 Assista AgoraAqueles filmes que dão vontade de aplaudir quando vc termina. Tudo aqui é perfeito! Movimentação de câmera precisa e incrivelmente bem coreografada, com direito a alguns dos planos sequência mais brilhantes que eu já vi em qualquer filme. Muita influência Hitchcockiana na forma como o diretor resume muitos detalhes da narrativa com simples passadas de câmera por fotografias ou objetos do cenário, uma trilha sonora e mixagem de som que imerge o espectador dentro das batalhas, de maneira que vc sinta e ouça tudo aquilo que o protagonista ouve.
Além disso, um dos roteiros de ficção cientifica mais bem elaborados do cinema recente, discute inúmeros temas importantes mas sem perder o charme ou a grandeza dramática da obra. Além disso, essa é uma das distopias mais viscerais e bem construídas do cinema. Locações em ruínas, sensação de abandono e perigo iminente... Me lembrou uma mistura da melancolia noir de "Blade Runner" com o caos de "Mad Max". Filmaço!
Música e Fantasia
4.2 19Animações fantásticas! Criativas, encantadoras e envolventes. O problema são esses interlúdios em live-action enjoativos, arrastados, forçados e em alguns momentos até de mal gosto.
O Homem Que é Alto é Feliz?
4.0 9Ótimo filme experimental,visualmente dinâmico, além de trazer discussões interessantissimas a respeito da linguagem, percepções da vida e a evolução humana.
Os problemas são algumas passagens repetitivas e outras tangenciais, mas continua sendo uma experiencia cinematografica bem peculiar e agradável.
O Homem-Urso
4.1 141 Assista AgoraDocumentário de uma sensibilidade fortissima e cheio de reflexões e momentos marcantes, cada vez mais me apaixono pela obra do Herzog.
Mas como muitos apontaram aqui, muitos momentos do documentário me pareceram artificiais. Eu sei que é difícil crer que o Herzog, humano e focado no realismo como é, teria instruído atores ou entrevistados a seguirem um roteiro, o que além de prejudiar o documentário seria de extremo mal gosto. Mas que fica essa sensasão de artificialidade em diversos momentos fica.