Uma série que aborda tantos temas, é aberta para interpretações e mete o dedo na ferida em diversos assuntos, tem meu reconhecimento! Minhas impressões nessa segunda temporada ficaram focadas em três grandes pilares:
- 1. MATERNIDADE: A segunda temporada foi permeada por incríveis e deliciosos momentos de mãe e filho. A cena mais sentimental nesse sentido foi aquela em que a Aia Janine [que não tem um olho] estava sentada na janela do hospital, segurando seu bebê no colo e cantarolando uma cação. Foi uma cena muito bonita! June dando luz ao seu bebê ao vivo e a cores também foi uma cena muito interessante de se observar. Eu, particularmente, nunca tinha visto uma cena como essa tão explícita em série de tv ou filme. Atuação brilhante de Elisabeth Moss em uma cena linda e dramática, ao mesmo tempo.
- 2. CÓDIGO DE HAMURABI: Um conjunto de leis e normas criadas na antiga Mesopotâmia, onde se resume em "olho por olho, dente por dente". Uma dessas leis claramente abordadas nessa segunda temporada é aquela onde a menina Eden, de 15 anos, é morta na piscina junto com o segurança. Vejam:
Cód. 129: "Se a esposa de alguém for surpreendida em flagrante com outro homem, ambos devem ser amarrados e jogados dentro d'água. Mas o marido pode perdoar a esposa, assim como o rei perdoa seus escravos". [Podemos encontrar uma descrição similar a essa na Bíblia, em Deuteronomio 22:22. Praise be!] ¬¬
Cód. 200: "Se um homem quebrar o dente de seu igual, o dente dele também deverá ser quebrado". [Ou se preferirem algo mais atual, a Bíblia também tem sua lei similar, em Êxodo 21:23-25. Under His Eye!] ¬¬
A relação arquétipa entre Serena e o Comandante me fez pensar em um jogo de xadrez. A rainha, ao meu ver, é a peça mais forte; mais rápida; pode fazer movimentos em diversos lados. Porém, sua missão é proteger o rei, assim como as demais peças no tabuleiro. A rainha Serena foi a percussora dos fundamentos de Gilead. Ela foi pioneira na fundação de um estado de exceção, onde os direitos humanos deixam de existir e a "verdadeira lei, a lei de Deus" passa a entrar em vigor. Lá pelas tantas, ela tem o dedo cortado, sob ordem do seu "Rei" [e esse dedo cortado é mais uma inspiração de Hamurabi trazida na série. Ou pensando nas Aias, quando elas perdem um olho, ou tem a mão queimada no fogão; ou a pélvis arrancada, no caso da Emily... e que no final, ela se vingou da tia Lydia, dando uma facada. Já não era hora!].
["Eu desisti de tudo por você. E pela causa" - disse Serena para o Comandante, enquanto June segurava uma arma apontada para eles, do sótão. Episódio 11]. Aos poucos, Serena foi percebendo a cagada que ela tava fazendo. Por ora, vamos aguardar qual outra parte do corpo ela vai perder.
- 3. SÍNDROME DE ESTOCOLMO: Definição técnica - "é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo de amor ou amizade perante o seu agressor".
Se isso não resume a cena final, onde June entrega seu bebê para Emily e diz: - Chame ela de Nicole! ... ah, pelo amor de Deus, June!! Ficou louca, mulher? Entendemos que ela talvez queira voltar para resgatar sua filha Hannah. Mas acho que ela esqueceu que sua nova bff Serena mandou o Comandante estuprá-la no final de sua gravidez; apenas porque ela queria seu bebê o quanto antes em seus braços e longe de June. Ela esqueceu, certamente. Porque colocar o nome de Holly, em homenagem a sua mãe que foi trabalhar definhando nas Colônias, ela não quis [só a Moira sabe disso, ok] . Mas ela preferiu o nome dado pela pessoa responsável por todo esse caos em Gilead. [tá serto!] ¬¬
O documentário aborda um tema extremamente relevante para os dias atuais. Pra complementar o conteúdo: "Copenhagen Fashion Summit 2014" - Esse é o nome do evento [que tem no YouTube] em que a Livia Firth [que aparece no documentário] faz crítica às marcas de roupas. Em 10:15 do vídeo, a representante da marca H&M começa a expor sua visão. Em 21:20, a Livia começa a expor a sua [a mesma defendida no documentário]. E elas entram em conflito. O que é interessante de se ver. Não pelo "barraco", mas como ambas defendem fortemente suas causas.
Quem ganha essa disputa: Animes feitos com desenhos à mão Vs Animes computadorizados? [fica aqui a semente pra nossa reflexão]. De qualquer forma, eis aqui um excelente exemplo de que animes feitos com desenhos à mão são lindos de se verem! O cometa de nome Tiamat [que me lembrou de imediato o dragão de cinco cabeças do desenho A Caverna do Dragão] é o fenômeno que rompe com a realidade física e aborda o aspecto de ficção científica, o que foi muito legal de acompanhar. Your Name, além de nos guiar pelas aventuras de dois jovens que trocam de corpos em situações de humor, também nos agracia com uma inteligente imersão cultural japonesa, como a produção milenar do saké. Adorei!
Um Lugar Silencioso, por fora. Gritante, por dentro. A Quiet Place se passa 89 dias após o "evento" que ocasionou o surgimento daquelas criaturas. Teríamos um filme completamente diferente se ele se passasse no dia 1 [caos total, provavelmente. Talvez o nome do filme fosse A Loud Place]. Observamos uma família organizada, unida e focada em manter e restabelecer a humanidade que ainda resta naquele lugar. Seja com jogos de tabuleiro com peças tricotadas pela mãe, seja com um passeio na mata na companhia do pai, ou por um jantar em família! O filme também acerta ao trazer uma atriz deficiente auditiva para um papel do qual requer tal característica. E isso torna o filme ainda mais realista com o seu plano de fundo.
- Na sala secreta que o John Krasinski proibiu a filha de conhecer, tem um quadro com perguntas sobre os "monstros" e algumas características: Características confirmadas: os monstros são cegos e atacam o que que faz barulho. As dúvidas deles: Quantas dessas criaturas existem? Eles são organizados? Porque eles não comem o que matam?
- Bom, sabemos que os tais monstros não comem o que eles caçam. Mas o filme não explica o motivo disso. Nem como a eletricidade ainda é gerada, nem como eles possuem armamento, nem como as outras famílias vizinhas conseguem sobreviver. Mas acredito que essas explicações podem ser levantadas em uma possível continuação do filme. O foco aqui é nos introduzir à sobrevivência de uma família [o que por si só já renderia uma série melhor do que The Walking Dead - fazendo um comparativo entre cenários de sobrevivência].
- Porque eles não vigiaram o filho pequeno, lá no início do filme? Sabendo que qualquer barulho razoavelmente alto poderia atrair aquelas criaturas [e eles já sabendo disso], o menino, sem que os pais vissem, pega um brinquedo que tem musiquinha! Todo o cuidado e engenhosidade do casal em construir um lugar seguro, fica um pouco descreditado quando eles "esquecem" de segurar aquele menino pela mão do início ao fim do passeio [as crianças, as vezes, não possui o mesmo senso de realidade que os adultos. Pra ele, era só um foguete legal].
Duas estrelinhas para a atuação do menino Tyler, que conseguiu se destacar em um filme de direção ruim, um plot batido e um roteiro pior ainda [com premissas fracas e sem pé nem cabeça]. Deu pra dar algumas risadas também.
- Como é que os netos nunca viram a foto dos avós antes de visitá-los? - Se a mãe das crianças não falava com seus pais, como os dois foram parar na casa dos "falsos avós"? - Porque dois jovens espertos permanecem na casa de dois idosos estranhos [depois deles saberem que aqueles não eram seus avós de verdade e que eles matavam pessoas?] Pega a mala e cai fora, tchê!
O filme nos inunda com a síntese máxima de amor ao próximo. Observamos pessoas dispostas a arriscarem suas vidas pela vida do outro. É um filme sobre superação, força e coragem. Uma aula de humanidade! De tudo aquilo que se deve negar e tudo aquilo que se deve resgatar... para que tantas outras gerações não precisem contar histórias como essa novamente.
É o tipo de drama que faz questão de prolongar a dor e o sofrimento dos personagens... e não de uma forma que me atraiu. Não sei vocês, mas eu não consegui me conectar com ninguém. Michelle Williams era a única figura feminina de peso no filme e não souberam aproveitá-la, ao meu ver. A experiência de assistir a um filme que nos guia ao sofrimento, tem seu personagem principal interpretado por um ator que parece ser indiferente a ele, me soou desagradável em alguns momentos. Se alguém souber essa parte do filme, por favor, me ajude:
O irmão do Lee Chandler (interpretado pelo Casey Affleck) morre. Ao longo do filme, vamos nos deparando que o sofrimento de Lee é bem maior do que esperávamos [Não posso imaginar como é a dor de perder os filhos em uma casa em chamas]. Lee, além de carregar a dor de uma vida marcada por acontecimentos dolorosos, se depara com a responsabilidade de cuidar de seu sobrinho. Aqui é que consiste a minha dúvida. Na verdade, nem é tanta responsabilidade. Afinal, o rapaz estava quase adulto. Por qual motivo Lee não quis ajudar seu sobrinho e se mudar para a cidade dele? Ao meu ver, essa seria uma boa oportunidade dele resgatar o afeto e o amor pelo resto da família que ainda sobrou. Qual o motivo dele querer negar veemente essa nova fase de sua vida?
Esse é aquele filme que foi um fracasso nos cinemas e um sucesso na Netflix?
A grandiosidade trazida no filme Ex Machina [que inclusive ganhou o Oscar de melhor efeitos visuais, em 2016] pelo diretor Alex Garland, deixou a desejar aqui em Aniquilação. Particularmente, nem a fotografia do filme me agradou. Tais efeitos com cores artificiais me soou como um filme fantasia do que de ficção científica. A qualidade na atuação das atrizes escaladas pode ser questionada também. Esperava bem mais.
O Convite é um thriller que faz crítica ao poder e influência nociva que cultos religiosos têm sobre seus discípulos, bem como a capacidade das pessoas em não questionar o que é correto do ponto de vista ético-moral trazida por tais doutrinas. O clima de suspense que mexe com nosso psicológico é trazido pela diretora Karyn Kusama, que tem feito um ótimo trabalho. Na série O Homem do Castelo Alto, ela consegue ser muito boa na orientação [mostrando desde cenários em grande escala até o foco no enquadramento nos personagens e suas emoções]. Aqui em O Convite, ela cria um clima de tensão desde o início, quando "Will começa a suspeitar que os visitantes têm planos sinistros contra ele".
Um romance colossal que nos inunda com a sensualidade e o erotismo no relacionamento entre duas pessoas diferentes no modo de viver e pensar. A história, inteligente e peculiar, foi feita para tentarmos entender o comportamento humano. A relação entre Hanna e Michael é muito bonita. Ela era uma figura de extrema importância em seu desenvolvimento e parte integral de sua história.
Esse é um filme que emociona e nos impacta de várias formas. Super recomendo.
A personagem da Hanna [interpretada pela brilhante Kate Winslet] fez parte da SS, que foi um grupo liderado por um dos nazistas do mais alto escalão do Terceiro Reich, o Heinrich Himmler. Os oficiais da SS eram identificados pelo símbolo de dois raios brancos nos seus colarinhos pretos [ϟ ϟ]. Essa organização dentro da estrutura das ideias do Führer foi a joia da coroa nazista: A Gestapo, que era o departamento da polícia secreta; o SD [Sicherheitsdienst] que era o serviço de inteligência; a Sicherheitspolizei [conhecida também como SiPo] que era o departamento que controlava as "polícias" da Alemanha; o Einsatzgruppen, que tinha o objetivo de exterminar grupos étnicos, como judeus e ciganos, por exemplo. Todos esses grupos faziam parte da SS, que agia de forma sistemática e organizada, cujo lema era "Meine Ehre heißt Treue" [Minha honra chama-se lealdade]. Hanna fazia parte dela.
Hanna Schmitz mereceu ser condenada? Independentemente dela saber ler ou não, ela agiu por vontade própria no assassinado de inúmeros judeus, direta ou indiretamente [Stanley Milgram está ai pra justificar a obediência nazista]. Uma mistura de pena com repulsa, diria eu. Entretanto, o professor de direito Rohl [interpretado pelo também brilhante Bruno Ganz] levanta a seguinte questão: para provar um homicídio é necessário provar intensão! É a lei, diz ele [não a lei de hoje, mas a lei da época do ocorrido]. A questão não era se aquilo [a morte dos judeus] era correto ou errado, mas se era ilegal. O professor ainda continua o diálogo dizendo que as leis são limitadas. E sob essa ideia ele nos guia para a resposta da pergunta: embora Hanna soubesse do que estava fazendo, embora ela tenha agito por vontade própria, como ela mesma afirmou em seu depoimento, ela tem o amparo da justificativa de que suas ações eram feitas sob a lei [ela era guarda e portanto seu trabalho era se certificar que nenhum judeu fugisse do local] e mesmo com toda essa estrutura lógica, ela é condenada sob a omissão do seu analfabetismo, que poderia mudar seu julgamento.
A partir desse momento, descobrimos que Hanna era uma mulher adulta sem conhecimento sobre a adversidade da vida [impressão minha], sem educação formal, sem intelecto, mas ao mesmo tempo era uma menina por dentro, com paixão pela literatura, pela vida, assim como qualquer outra pessoa. E nessa mescla de ternura e repulsa entre a personagem, nos deparamos com as decisões que o Michael [interpretado pelo ator que fez o Valdemort] teria que fazer. Afinal de contas, eles tinham um histórico sentimental.
Fiquei de coração partido quando ela se suicidou. Achei o final muito singelo entre Michael e sua filha. Ansioso para ler o livro e mergulhar nas nuances dessa história magnífica. Um dos meus favoritos, com certeza!
Suite Francesa realmente é um filme baseado nos manuscritos de Irène Némirovsky. Antes de ser levada para Auschwitz, ela deixou essa história com suas filhas. Como sabemos historicamente, a França foi tomada, por um breve momento, pelas forças obscuras do nazismo. Tal ocupação mostrada no filme é baseada em fatos reais sim [embora alguns discordem], mas a história, de fato, pode ter sido um romance baseado na realidade que a autora presenciou.
Esse é aquele tipo de filme que eu espero um show de atuação dos personagens, dada a época em que a história se passa e o plano de fundo: ocupação nazista, em 1940.
A atuação de Michelle Williams é exponencialmente melhor aqui em Suite Francesa do que em Manchester à Beira-Mar [onde eu não entendo até hoje o motivo dessa indicação dela de melhor atriz coadjuvante ao Oscar. Mas esse é outro debate]. A personagem Lucile é introspectiva, sutil e até de certa forma retraída, justificado pela pela firme liderança de sua sogra Madame Angellier [interpretada pela excelente Kristin Scott Thomas], mas ela também é muito combativa e determinada a enfrentar alguns problemas para alcançar alguns objetivos.
Matthias Schoenaerts, que já vem treinado por papéis anteriores em ser soldado ou oficial de alguma instituição nacional, consegue trazer aquela energia de "sou nazista, mas não sei o porquê" [dada a escolha de Sofia que ele teve que fazer]. Sam Riley é consistente na atuação e fundamental para o desfecho da trama.
Esse é o slogan que é apresentado no trailer. E o filme caminha sob esse enquadramento. Ao cair da noite, o terror psicológico se assola pela casa, sob a paranoia do personagem Paul, que demonstra atitudes sugestivas.
Alguns pontos: - O uso da máscara de ar: um sinal de medo do personagem Paul [interpretado pelo Joel Edgerton] com o que está lá fora, mas podemos perceber que ele não usa ela em vários momentos.
- O surgimento da nova família: Paul questiona o outro homem se ele tem ideia do que está "lá fora", mas o rapaz, que amarrado ao tronco de árvore, nega saber de algo. Aqui mora a chave para toda a minha suspeita quanto a sanidade do personagem principal. Paul trancafia todos em sua casa sob a suspeita de haver algo de terrível lá fora durante a noite.
A trama não nos mostra de verdade o que acontece naquele lugar quando a noite cai. Nosso próprio psicológico completa as suspeitas que os próprios personagens vão levantando no filme: sonho, pesadelo, paranoia, realidade, treta... e chegamos a um final trágico, com pessoas sob a influência do medo.
Michael Moore já venceu o César de melhor filme estrangeiro e o Oscar de melhor filme documentário por "Bowling for Columbine", em 2001. Ele sabe o que faz e tem conteúdo reflexivo em seus materiais. Nos faz refletir sobre certas condutas da sociedade, governos, empresas e organizações. Se ele não "causar" em seus filmes, não é Michael Moore.
Em Capitalismo: Uma História de Amor, sob uma certa ironia no título, ele faz crítica à crise americana [vide: "A Crise do Subprime é uma crise financeira desencadeada em 24 de julho de 2007, a partir da queda do índice Dow Jones motivada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco"]. Comenta-se que esse é um dos maiores "roubos" da história, e ninguém coloca holofote nisso. Moore não faz disso um escândalo, apenas aponta o dedo para aquilo que pra ele já é praxe.
Confesso que estou tendo dificuldades para gostar da atuação da Jennifer Lawrence após seu papel em mother! [onde, na minha opinião, Darren Aronofsky conseguiu fazer uma limpa naquelas exageradas expressões que ela vinha carregando desde O Lado bom da Vida, Trapaça, Joy.. e por aí vai].
Operação Red Sparrow prometeu ser aquela peça russa com muita vodka, rancor e nudez, onde a personagem principal, que de boba não tem nada, é mais cruel que o bandido do filme. Mas talvez eu tenha me precipitado vendo o trailer.
O sotaque quebrado nunca funciona em filme nenhum [a narrativa, na minha opinião, deveria usar uma atriz russa que soubesse falar inglês ou usar a americana Jennifer Lawrence falando inglês mesmo, sem aquela pretensão de nos guiar para uma atmosfera de " personagens estrangeiros falando inglês com sotaque" ¬¬
Sob a trama: nada demais. Um plot legal com muita sedução. Exceto pelo clima de dúvida quanto ao caráter dos personagens e a não linearidade de suas ações [foi isso que me manteve preso ao filme para tentar entender o que os levou a fazer certas ações e qual seriam seus respectivos finais].
Estrelinhas para a Charlotte Rampling, que faz meus olhos brilharem quando a vejo em cena. Aquele estoicismo que ela carrega nas suas expressões é de matar!
S02 E08 - Comandante Fred Waterford lê a bíblia antes de tratar sua esposa com honra:
"Esposas, submetam-se aos seus maridos como ao Senhor. Maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres. Tratem-nas com honra, como parte mais frágil." (1 Pedro 3:1-7).
Sabe a parte que tava escrito "Tratem-nas com honra"? Pois é, até hoje, muitos desses conservadores tendem a ocultar certas partes e usar outras a seus benefícios:
Serena, como parte do sistema em que ela ajudou a fundar, se curva para receber uma bela surra de cinta do seu marido! Por quê? Porque a Palavra diz que ela deve ser tratada com honra, então certamente a interpretação das palavras arcaicas de Pedro é: bata na mulher!
Assim como no seu outro filme, Miss Sloane [ou na livre tradução brasileira, Armas na Mesa], Jessica Chastain consegue ser aquela personagem firme e destemida que gostamos de apreciar nas telinhas [torrent, YouTube ou no live stream], sem ser caricata. Aqui, em Molly's Game, ela consegue concorrer ao Globo de Ouro por um papel onde o próprio diretor, o Aaron Sorkin, afirmou em entrevista que ela era a atriz "ideal para seu filme". Por quê? Porque ela pode, né amigos! Chastain consegue se consagrar cada dia mais como uma atriz sólida, focada e comprometida com suas bandeiras [agora como roteirista e produtora do seu mais novo filme: 355. Digamos que ela teve a ideia de produzir um filme com uma versão mais feminista de "As Panteras", ou um "Missão Impossível" mostrando que assim como o homem tem culhões, a mulher tem grelo duro sim!
Idris Elba está impecável também. Acho impressionante como ele consegue ser uma presença forte em cena, mesmo sendo um personagem secundário na história.
O filme é muito bom, mas talvez tenha ficado um material técnico demais. A edição favoreceu o roteiro, que trouxe diálogos rápidos e inteligentes, mas sabe aquela pegada emocional que nos gruda e faz a gente se afeiçoar com tais personagens? Pois é, acho que faltou um pouco disso aqui. Mas eles até fazem alguns momentos de emoção [que eram requeridos], como na cena final, quando ela e o pai desabafam um com o outro. Foi uma cena importantíssima para que a gente conseguisse ver um pouco de humanidade naquela máquina humana, a Molly Bloom. Afinal, ela quase nunca dormia, vivia para ser uma campeã; não para provar a alguém que ela superou sua "contusão", mas porque essa característica era parte de seu caráter. Por ser uma história verídica, é quase inacreditável o que aconteceu [pelo menos pra mim].
Sem muito dinheiro, uma emissora [ABC] decidiu contratar dois formadores de opinião [o conservador William F. Buckley Jr. e o progressista Gore Vidal] para, pela primeira vez na televisão americana, construir um debate com ideologias opostas no âmbito de um noticiário. Resultado:
Falhas do sistema educacional podem sem amplamente discutidas com esse material.
A Instituição [escola cristã retratada no filme] é tida como um verdadeiro santuário de terror, por aqueles que a frequentam. Wolfgang [personagem principal] é tido como um jovem de vida problemática e de atitude rebelde, porém tais elementos de sua personalidade nada mais são do que partes de uma imagem formada por aqueles alemães que já possuem um tradicional e ortodoxo estilo de vida, onde a obediência e o culto à autoridade é protocolo a ser seguido.
O filme retrata inúmeros assuntos, como abuso infantil, educação e sistema, autoridade, ritos e doutrinas religiosas, incesto... mas é muito sufocante perceber que a narrativa se encaminha para atitudes cíclicas. O personagem, embora não concordasse com os abusos sofridos e provocados, se "conformou" com aquele lugar até poder, finalmente, ter sua liberdade. Sua personalidade já não era a mesma. Era um rapaz modificado, assim como centenas de outros garotos que foram trancafiados naquele manicômio.
Jeremy Rifkin diluiu algumas perguntas feitas pela plateia em utopias também [se contrapondo com sua própria negação dessa ideia]. Quando perguntado sobre grandes monopólios e a dificuldade de governos em combater a rígida força de empresas atreladas à Segunda Revolução Industrial, ele simplesmente induz o ouvinte a acreditar que a geração Millennial, por si só, fará um movimento com mesma força, mesma intensidade, mas sentido contrário ao que os big bosses vem fazendo. Não acredita em utopias, mas induz a plateia a crer que tudo dará certo porque é intrínseco dessa geração ser subversiva. Outra questão abordada foi sobre o uso da água, mas ele manteve a resposta na superficialidade, ao meu ver.
Achei os dados científicos trazidos por ele de grande relevância. Suas experiências com a Angela Merkel foram realmente importantes para endossar o assunto.
A pergunta que eu gostaria de fazer a ele era sobre alguns lugares do planeta [como a Índia, por exemplo] que usam biomassa para ter acesso à eletricidade, ainda não possuem energia elétrica do modo convencional como nós [por usinas hidrelétricas, reatores nucleares, queima de combustíveis fósseis ou outras fontes de energia limpa]. Imaginemos uma elevação na condição humana dessas pessoas que ainda vivem em outra realidade àquela demonstrada no documentário. O aumento de emissão de CO2 aumentaria mais do que exponencialmente (como é comentado no documentário Before The Flood). Me parece que a Terceira Revolução Industrial alavanca apenas uma parcela do planeta. Em um sentido macro e metafórico, funciona mudar a realidade de apenas um lado da ponte para a manutenção de um planeta melhor ?
Há tantos pontos que eu gostaria de expandir: a relação dos países integrantes dos BRICS com esse cenário revolucionário trazido pelo economista; o papel da ONU frente ao crescente investimento em armas nucleares; A pergunta sobre o lado psicológico que foi feita por um senhor da plateia foi incrível, pois como condicionar as pessoas a um movimento se não há mudança na visão de mundo? [mas eu realmente não tenho dados nem informações substanciais para me aprofundar no debate. Porém fica aqui a semente para a nossa reflexão].
O título do filme na livre tradução brasileira ficou genial [melhor que o original, inclusive].
É um filme com muitas mensagens e muito conteúdo reflexivo. O filme se perde em muitos pontos, cresce em outros. Um roteiro que tinha inúmeras opções de desfecho e opta por mostrar a crença e descrença dos personagens no que tange a vida/ pós vida.
A atuação da atriz principal foi prejudicada pelo roteiro, que se apequenou frente à premissa de que ela era assassina, e isso por si só bastaria [engano]. Olga estava o tempo todo tentando demonstrar desconforto, solidão de espírito, não se afeiçoava com ninguém [raras exceções]. Não houve desenvolvimento da personagem. A carta que ela escreve [e que está transcrito em um dos comentário aqui em baixo] foi, ao meu ver, o momento mais importante do filme, pois faz síntese a toda a tragédia que ela vivia dentro de si mesma. Fora isso, não há aprofundamento das questões que a perturbavam.
A sinopse diz que ela era membro de uma família de coração frio. Eu, particularmente, discordo pelo que nos foi mostrado. O roteiro peca em não desenvolver a relação de Olga com a família.
É muito desolador perceber que uma pessoa chega a essa conclusão:
"Sou incapaz de criar e fazer parte de um relacionamento humano. Sou um ser humano destruído. Um ser humano destruído por pessoas. Portanto, tenho uma escolha: me matar, ou matar outras pessoas."
Um filme tocante com pitadas de humor, tornando o que era drama pesado em aprendizado. Achei muito interessante a luta pela vida do personagem; a luta da esposa amorosa e guerreira; os amigos leais que estava sempre presentes! É um filme muito bonito que mexe com nosso sentido de empatia! Recomendo.
Achei um filme singelo. Não há todo aquele brilhantismo e exuberância como é retratado em A Paixão de Cristo, por exemplo. O foco aqui é expor visões diferentes da história, seja pelos olhos de Jesus, de Judas, Pedro ou da própria Maria Madalena. Gostei muito das questões levantadas acerca das justificativas reais de alguns fatos. Não conheço essa parte da história com profundidade para poder discursar sobre, mas o filme me instigou a pesquisar alguns pontos e certamente o farei. Um final poético como esse teve meu reconhecimento!
O Conto da Aia (2ª Temporada)
4.5 1,2K Assista AgoraUma série que aborda tantos temas, é aberta para interpretações e mete o dedo na ferida em diversos assuntos, tem meu reconhecimento! Minhas impressões nessa segunda temporada ficaram focadas em três grandes pilares:
- 1. MATERNIDADE:
A segunda temporada foi permeada por incríveis e deliciosos momentos de mãe e filho. A cena mais sentimental nesse sentido foi aquela em que a Aia Janine [que não tem um olho] estava sentada na janela do hospital, segurando seu bebê no colo e cantarolando uma cação. Foi uma cena muito bonita!
June dando luz ao seu bebê ao vivo e a cores também foi uma cena muito interessante de se observar. Eu, particularmente, nunca tinha visto uma cena como essa tão explícita em série de tv ou filme. Atuação brilhante de Elisabeth Moss em uma cena linda e dramática, ao mesmo tempo.
- 2. CÓDIGO DE HAMURABI:
Um conjunto de leis e normas criadas na antiga Mesopotâmia, onde se resume em "olho por olho, dente por dente". Uma dessas leis claramente abordadas nessa segunda temporada é aquela onde a menina Eden, de 15 anos, é morta na piscina junto com o segurança. Vejam:
Cód. 129: "Se a esposa de alguém for surpreendida em flagrante com outro homem, ambos devem ser amarrados e jogados dentro d'água. Mas o marido pode perdoar a esposa, assim como o rei perdoa seus escravos". [Podemos encontrar uma descrição similar a essa na Bíblia, em Deuteronomio 22:22. Praise be!] ¬¬
Cód. 200: "Se um homem quebrar o dente de seu igual, o dente dele também deverá ser quebrado". [Ou se preferirem algo mais atual, a Bíblia também tem sua lei similar, em Êxodo 21:23-25. Under His Eye!] ¬¬
A relação arquétipa entre Serena e o Comandante me fez pensar em um jogo de xadrez. A rainha, ao meu ver, é a peça mais forte; mais rápida; pode fazer movimentos em diversos lados. Porém, sua missão é proteger o rei, assim como as demais peças no tabuleiro. A rainha Serena foi a percussora dos fundamentos de Gilead. Ela foi pioneira na fundação de um estado de exceção, onde os direitos humanos deixam de existir e a "verdadeira lei, a lei de Deus" passa a entrar em vigor. Lá pelas tantas, ela tem o dedo cortado, sob ordem do seu "Rei" [e esse dedo cortado é mais uma inspiração de Hamurabi trazida na série. Ou pensando nas Aias, quando elas perdem um olho, ou tem a mão queimada no fogão; ou a pélvis arrancada, no caso da Emily... e que no final, ela se vingou da tia Lydia, dando uma facada. Já não era hora!].
["Eu desisti de tudo por você. E pela causa" - disse Serena para o Comandante, enquanto June segurava uma arma apontada para eles, do sótão. Episódio 11]. Aos poucos, Serena foi percebendo a cagada que ela tava fazendo. Por ora, vamos aguardar qual outra parte do corpo ela vai perder.
- 3. SÍNDROME DE ESTOCOLMO:
Definição técnica - "é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo de amor ou amizade perante o seu agressor".
Se isso não resume a cena final, onde June entrega seu bebê para Emily e diz: - Chame ela de Nicole! ... ah, pelo amor de Deus, June!! Ficou louca, mulher? Entendemos que ela talvez queira voltar para resgatar sua filha Hannah. Mas acho que ela esqueceu que sua nova bff Serena mandou o Comandante estuprá-la no final de sua gravidez; apenas porque ela queria seu bebê o quanto antes em seus braços e longe de June. Ela esqueceu, certamente. Porque colocar o nome de Holly, em homenagem a sua mãe que foi trabalhar definhando nas Colônias, ela não quis [só a Moira sabe disso, ok] . Mas ela preferiu o nome dado pela pessoa responsável por todo esse caos em Gilead. [tá serto!] ¬¬
O Verdadeiro Custo
4.5 132 Assista AgoraO documentário aborda um tema extremamente relevante para os dias atuais.
Pra complementar o conteúdo: "Copenhagen Fashion Summit 2014" - Esse é o nome do evento [que tem no YouTube] em que a Livia Firth [que aparece no documentário] faz crítica às marcas de roupas. Em 10:15 do vídeo, a representante da marca H&M começa a expor sua visão. Em 21:20, a Livia começa a expor a sua [a mesma defendida no documentário]. E elas entram em conflito. O que é interessante de se ver. Não pelo "barraco", mas como ambas defendem fortemente suas causas.
A escravidão acabou mesmo ou só mudou de roupa?
Seu Nome
4.5 1,4K Assista AgoraQuem ganha essa disputa: Animes feitos com desenhos à mão Vs Animes computadorizados? [fica aqui a semente pra nossa reflexão]. De qualquer forma, eis aqui um excelente exemplo de que animes feitos com desenhos à mão são lindos de se verem!
O cometa de nome Tiamat [que me lembrou de imediato o dragão de cinco cabeças do desenho A Caverna do Dragão] é o fenômeno que rompe com a realidade física e aborda o aspecto de ficção científica, o que foi muito legal de acompanhar. Your Name, além de nos guiar pelas aventuras de dois jovens que trocam de corpos em situações de humor, também nos agracia com uma inteligente imersão cultural japonesa, como a produção milenar do saké. Adorei!
Call me by...
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraUm Lugar Silencioso, por fora. Gritante, por dentro. A Quiet Place se passa 89 dias após o "evento" que ocasionou o surgimento daquelas criaturas. Teríamos um filme completamente diferente se ele se passasse no dia 1 [caos total, provavelmente. Talvez o nome do filme fosse A Loud Place]. Observamos uma família organizada, unida e focada em manter e restabelecer a humanidade que ainda resta naquele lugar. Seja com jogos de tabuleiro com peças tricotadas pela mãe, seja com um passeio na mata na companhia do pai, ou por um jantar em família! O filme também acerta ao trazer uma atriz deficiente auditiva para um papel do qual requer tal característica. E isso torna o filme ainda mais realista com o seu plano de fundo.
Algumas considerações:
- Na sala secreta que o John Krasinski proibiu a filha de conhecer, tem um quadro com perguntas sobre os "monstros" e algumas características:
Características confirmadas: os monstros são cegos e atacam o que que faz barulho.
As dúvidas deles: Quantas dessas criaturas existem? Eles são organizados? Porque eles não comem o que matam?
- Bom, sabemos que os tais monstros não comem o que eles caçam. Mas o filme não explica o motivo disso. Nem como a eletricidade ainda é gerada, nem como eles possuem armamento, nem como as outras famílias vizinhas conseguem sobreviver. Mas acredito que essas explicações podem ser levantadas em uma possível continuação do filme. O foco aqui é nos introduzir à sobrevivência de uma família [o que por si só já renderia uma série melhor do que The Walking Dead - fazendo um comparativo entre cenários de sobrevivência].
- Porque eles não vigiaram o filho pequeno, lá no início do filme? Sabendo que qualquer barulho razoavelmente alto poderia atrair aquelas criaturas [e eles já sabendo disso], o menino, sem que os pais vissem, pega um brinquedo que tem musiquinha! Todo o cuidado e engenhosidade do casal em construir um lugar seguro, fica um pouco descreditado quando eles "esquecem" de segurar aquele menino pela mão do início ao fim do passeio [as crianças, as vezes, não possui o mesmo senso de realidade que os adultos. Pra ele, era só um foguete legal].
Shhh
A Visita
3.3 1,6K Assista AgoraDuas estrelinhas para a atuação do menino Tyler, que conseguiu se destacar em um filme de direção ruim, um plot batido e um roteiro pior ainda [com premissas fracas e sem pé nem cabeça]. Deu pra dar algumas risadas também.
- Como é que os netos nunca viram a foto dos avós antes de visitá-los?
- Se a mãe das crianças não falava com seus pais, como os dois foram parar na casa dos "falsos avós"?
- Porque dois jovens espertos permanecem na casa de dois idosos estranhos [depois deles saberem que aqueles não eram seus avós de verdade e que eles matavam pessoas?] Pega a mala e cai fora, tchê!
Katy Perry!
O 12º Homem
4.0 66 Assista AgoraO filme nos inunda com a síntese máxima de amor ao próximo. Observamos pessoas dispostas a arriscarem suas vidas pela vida do outro. É um filme sobre superação, força e coragem. Uma aula de humanidade! De tudo aquilo que se deve negar e tudo aquilo que se deve resgatar... para que tantas outras gerações não precisem contar histórias como essa novamente.
Sete Vidas de um Homem
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraÉ o tipo de drama que faz questão de prolongar a dor e o sofrimento dos personagens... e não de uma forma que me atraiu. Não sei vocês, mas eu não consegui me conectar com ninguém. Michelle Williams era a única figura feminina de peso no filme e não souberam aproveitá-la, ao meu ver. A experiência de assistir a um filme que nos guia ao sofrimento, tem seu personagem principal interpretado por um ator que parece ser indiferente a ele, me soou desagradável em alguns momentos.
Se alguém souber essa parte do filme, por favor, me ajude:
O irmão do Lee Chandler (interpretado pelo Casey Affleck) morre. Ao longo do filme, vamos nos deparando que o sofrimento de Lee é bem maior do que esperávamos [Não posso imaginar como é a dor de perder os filhos em uma casa em chamas]. Lee, além de carregar a dor de uma vida marcada por acontecimentos dolorosos, se depara com a responsabilidade de cuidar de seu sobrinho. Aqui é que consiste a minha dúvida. Na verdade, nem é tanta responsabilidade. Afinal, o rapaz estava quase adulto. Por qual motivo Lee não quis ajudar seu sobrinho e se mudar para a cidade dele? Ao meu ver, essa seria uma boa oportunidade dele resgatar o afeto e o amor pelo resto da família que ainda sobrou. Qual o motivo dele querer negar veemente essa nova fase de sua vida?
Lágrimas à Beira-Mar
Aniquilação
3.4 1,6K Assista AgoraEsse é aquele filme que foi um fracasso nos cinemas e um sucesso na Netflix?
A grandiosidade trazida no filme Ex Machina [que inclusive ganhou o Oscar de melhor efeitos visuais, em 2016] pelo diretor Alex Garland, deixou a desejar aqui em Aniquilação. Particularmente, nem a fotografia do filme me agradou. Tais efeitos com cores artificiais me soou como um filme fantasia do que de ficção científica. A qualidade na atuação das atrizes escaladas pode ser questionada também. Esperava bem mais.
Aniquilando expectativas
O Convite
3.3 1,1KO Convite é um thriller que faz crítica ao poder e influência nociva que cultos religiosos têm sobre seus discípulos, bem como a capacidade das pessoas em não questionar o que é correto do ponto de vista ético-moral trazida por tais doutrinas.
O clima de suspense que mexe com nosso psicológico é trazido pela diretora Karyn Kusama, que tem feito um ótimo trabalho. Na série O Homem do Castelo Alto, ela consegue ser muito boa na orientação [mostrando desde cenários em grande escala até o foco no enquadramento nos personagens e suas emoções]. Aqui em O Convite, ela cria um clima de tensão desde o início, quando "Will começa a suspeitar que os visitantes têm planos sinistros contra ele".
O Cálice de Vinho
O Leitor
4.1 1,8K Assista AgoraUm romance colossal que nos inunda com a sensualidade e o erotismo no relacionamento entre duas pessoas diferentes no modo de viver e pensar. A história, inteligente e peculiar, foi feita para tentarmos entender o comportamento humano. A relação entre Hanna e Michael é muito bonita. Ela era uma figura de extrema importância em seu desenvolvimento e parte integral de sua história.
Esse é um filme que emociona e nos impacta de várias formas. Super recomendo.
A personagem da Hanna [interpretada pela brilhante Kate Winslet] fez parte da SS, que foi um grupo liderado por um dos nazistas do mais alto escalão do Terceiro Reich, o Heinrich Himmler. Os oficiais da SS eram identificados pelo símbolo de dois raios brancos nos seus colarinhos pretos [ϟ ϟ]. Essa organização dentro da estrutura das ideias do Führer foi a joia da coroa nazista: A Gestapo, que era o departamento da polícia secreta; o SD [Sicherheitsdienst] que era o serviço de inteligência; a Sicherheitspolizei [conhecida também como SiPo] que era o departamento que controlava as "polícias" da Alemanha; o Einsatzgruppen, que tinha o objetivo de exterminar grupos étnicos, como judeus e ciganos, por exemplo. Todos esses grupos faziam parte da SS, que agia de forma sistemática e organizada, cujo lema era "Meine Ehre heißt Treue" [Minha honra chama-se lealdade]. Hanna fazia parte dela.
Hanna Schmitz mereceu ser condenada? Independentemente dela saber ler ou não, ela agiu por vontade própria no assassinado de inúmeros judeus, direta ou indiretamente [Stanley Milgram está ai pra justificar a obediência nazista]. Uma mistura de pena com repulsa, diria eu. Entretanto, o professor de direito Rohl [interpretado pelo também brilhante Bruno Ganz] levanta a seguinte questão: para provar um homicídio é necessário provar intensão! É a lei, diz ele [não a lei de hoje, mas a lei da época do ocorrido]. A questão não era se aquilo [a morte dos judeus] era correto ou errado, mas se era ilegal. O professor ainda continua o diálogo dizendo que as leis são limitadas. E sob essa ideia ele nos guia para a resposta da pergunta: embora Hanna soubesse do que estava fazendo, embora ela tenha agito por vontade própria, como ela mesma afirmou em seu depoimento, ela tem o amparo da justificativa de que suas ações eram feitas sob a lei [ela era guarda e portanto seu trabalho era se certificar que nenhum judeu fugisse do local] e mesmo com toda essa estrutura lógica, ela é condenada sob a omissão do seu analfabetismo, que poderia mudar seu julgamento.
A partir desse momento, descobrimos que Hanna era uma mulher adulta sem conhecimento sobre a adversidade da vida [impressão minha], sem educação formal, sem intelecto, mas ao mesmo tempo era uma menina por dentro, com paixão pela literatura, pela vida, assim como qualquer outra pessoa. E nessa mescla de ternura e repulsa entre a personagem, nos deparamos com as decisões que o Michael [interpretado pelo ator que fez o Valdemort] teria que fazer. Afinal de contas, eles tinham um histórico sentimental.
Fiquei de coração partido quando ela se suicidou. Achei o final muito singelo entre Michael e sua filha. Ansioso para ler o livro e mergulhar nas nuances dessa história magnífica. Um dos meus favoritos, com certeza!
O inventor do Audiobook
Suite Francesa
3.6 259 Assista AgoraSuite Francesa realmente é um filme baseado nos manuscritos de Irène Némirovsky. Antes de ser levada para Auschwitz, ela deixou essa história com suas filhas. Como sabemos historicamente, a França foi tomada, por um breve momento, pelas forças obscuras do nazismo. Tal ocupação mostrada no filme é baseada em fatos reais sim [embora alguns discordem], mas a história, de fato, pode ter sido um romance baseado na realidade que a autora presenciou.
Esse é aquele tipo de filme que eu espero um show de atuação dos personagens, dada a época em que a história se passa e o plano de fundo: ocupação nazista, em 1940.
A atuação de Michelle Williams é exponencialmente melhor aqui em Suite Francesa do que em Manchester à Beira-Mar [onde eu não entendo até hoje o motivo dessa indicação dela de melhor atriz coadjuvante ao Oscar. Mas esse é outro debate]. A personagem Lucile é introspectiva, sutil e até de certa forma retraída, justificado pela pela firme liderança de sua sogra Madame Angellier [interpretada pela excelente Kristin Scott Thomas], mas ela também é muito combativa e determinada a enfrentar alguns problemas para alcançar alguns objetivos.
Matthias Schoenaerts, que já vem treinado por papéis anteriores em ser soldado ou oficial de alguma instituição nacional, consegue trazer aquela energia de "sou nazista, mas não sei o porquê" [dada a escolha de Sofia que ele teve que fazer]. Sam Riley é consistente na atuação e fundamental para o desfecho da trama.
Sonata à Francesa
Ao Cair da Noite
3.1 977 Assista Agora"O medo transforma homens em monstros"
Esse é o slogan que é apresentado no trailer. E o filme caminha sob esse enquadramento. Ao cair da noite, o terror psicológico se assola pela casa, sob a paranoia do personagem Paul, que demonstra atitudes sugestivas.
Alguns pontos:
- O uso da máscara de ar: um sinal de medo do personagem Paul [interpretado pelo Joel Edgerton] com o que está lá fora, mas podemos perceber que ele não usa ela em vários momentos.
- O surgimento da nova família: Paul questiona o outro homem se ele tem ideia do que está "lá fora", mas o rapaz, que amarrado ao tronco de árvore, nega saber de algo. Aqui mora a chave para toda a minha suspeita quanto a sanidade do personagem principal. Paul trancafia todos em sua casa sob a suspeita de haver algo de terrível lá fora durante a noite.
A trama não nos mostra de verdade o que acontece naquele lugar quando a noite cai. Nosso próprio psicológico completa as suspeitas que os próprios personagens vão levantando no filme: sonho, pesadelo, paranoia, realidade, treta... e chegamos a um final trágico, com pessoas sob a influência do medo.
It Comes The Paranoia
Capitalismo: Uma História de Amor
4.0 221Michael Moore já venceu o César de melhor filme estrangeiro e o Oscar de melhor filme documentário por "Bowling for Columbine", em 2001. Ele sabe o que faz e tem conteúdo reflexivo em seus materiais. Nos faz refletir sobre certas condutas da sociedade, governos, empresas e organizações. Se ele não "causar" em seus filmes, não é Michael Moore.
Em Capitalismo: Uma História de Amor, sob uma certa ironia no título, ele faz crítica à crise americana [vide: "A Crise do Subprime é uma crise financeira desencadeada em 24 de julho de 2007, a partir da queda do índice Dow Jones motivada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco"]. Comenta-se que esse é um dos maiores "roubos" da história, e ninguém coloca holofote nisso. Moore não faz disso um escândalo, apenas aponta o dedo para aquilo que pra ele já é praxe.
Capitalismo: Uma História de...
Operação Red Sparrow
3.3 598 Assista AgoraConfesso que estou tendo dificuldades para gostar da atuação da Jennifer Lawrence após seu papel em mother! [onde, na minha opinião, Darren Aronofsky conseguiu fazer uma limpa naquelas exageradas expressões que ela vinha carregando desde O Lado bom da Vida, Trapaça, Joy.. e por aí vai].
Operação Red Sparrow prometeu ser aquela peça russa com muita vodka, rancor e nudez, onde a personagem principal, que de boba não tem nada, é mais cruel que o bandido do filme. Mas talvez eu tenha me precipitado vendo o trailer.
O sotaque quebrado nunca funciona em filme nenhum [a narrativa, na minha opinião, deveria usar uma atriz russa que soubesse falar inglês ou usar a americana Jennifer Lawrence falando inglês mesmo, sem aquela pretensão de nos guiar para uma atmosfera de " personagens estrangeiros falando inglês com sotaque" ¬¬
Sob a trama: nada demais. Um plot legal com muita sedução. Exceto pelo clima de dúvida quanto ao caráter dos personagens e a não linearidade de suas ações [foi isso que me manteve preso ao filme para tentar entender o que os levou a fazer certas ações e qual seriam seus respectivos finais].
Estrelinhas para a Charlotte Rampling, que faz meus olhos brilharem quando a vejo em cena. Aquele estoicismo que ela carrega nas suas expressões é de matar!
Operação Art of Seduction
O Conto da Aia (2ª Temporada)
4.5 1,2K Assista AgoraS02 E08 - Comandante Fred Waterford lê a bíblia antes de tratar sua esposa com honra:
"Esposas, submetam-se aos seus maridos como ao Senhor. Maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres. Tratem-nas com honra, como parte mais frágil." (1 Pedro 3:1-7).
Sabe a parte que tava escrito "Tratem-nas com honra"? Pois é, até hoje, muitos desses conservadores tendem a ocultar certas partes e usar outras a seus benefícios:
Serena, como parte do sistema em que ela ajudou a fundar, se curva para receber uma bela surra de cinta do seu marido! Por quê? Porque a Palavra diz que ela deve ser tratada com honra, então certamente a interpretação das palavras arcaicas de Pedro é: bata na mulher!
A Grande Jogada
3.7 342 Assista AgoraAssim como no seu outro filme, Miss Sloane [ou na livre tradução brasileira, Armas na Mesa], Jessica Chastain consegue ser aquela personagem firme e destemida que gostamos de apreciar nas telinhas [torrent, YouTube ou no live stream], sem ser caricata. Aqui, em Molly's Game, ela consegue concorrer ao Globo de Ouro por um papel onde o próprio diretor, o Aaron Sorkin, afirmou em entrevista que ela era a atriz "ideal para seu filme". Por quê? Porque ela pode, né amigos! Chastain consegue se consagrar cada dia mais como uma atriz sólida, focada e comprometida com suas bandeiras [agora como roteirista e produtora do seu mais novo filme: 355. Digamos que ela teve a ideia de produzir um filme com uma versão mais feminista de "As Panteras", ou um "Missão Impossível" mostrando que assim como o homem tem culhões, a mulher tem grelo duro sim!
Minhas impressões do filme:
Idris Elba está impecável também. Acho impressionante como ele consegue ser uma presença forte em cena, mesmo sendo um personagem secundário na história.
O filme é muito bom, mas talvez tenha ficado um material técnico demais. A edição favoreceu o roteiro, que trouxe diálogos rápidos e inteligentes, mas sabe aquela pegada emocional que nos gruda e faz a gente se afeiçoar com tais personagens? Pois é, acho que faltou um pouco disso aqui. Mas eles até fazem alguns momentos de emoção [que eram requeridos], como na cena final, quando ela e o pai desabafam um com o outro. Foi uma cena importantíssima para que a gente conseguisse ver um pouco de humanidade naquela máquina humana, a Molly Bloom. Afinal, ela quase nunca dormia, vivia para ser uma campeã; não para provar a alguém que ela superou sua "contusão", mas porque essa característica era parte de seu caráter. Por ser uma história verídica, é quase inacreditável o que aconteceu [pelo menos pra mim].
Poker's Game
Melhores Inimigos
4.1 22Sem muito dinheiro, uma emissora [ABC] decidiu contratar dois formadores de opinião [o conservador William F. Buckley Jr. e o progressista Gore Vidal] para, pela primeira vez na televisão americana, construir um debate com ideologias opostas no âmbito de um noticiário. Resultado:
- "Cale a boca!"
- "criptonazista"
- "sua bicha!" (you queer!)
- "vou socar essa sua maldita cara até você ter de aparecer engessado!"
Pega fogo, cabaré!
Freistatt
4.0 22Falhas do sistema educacional podem sem amplamente discutidas com esse material.
A Instituição [escola cristã retratada no filme] é tida como um verdadeiro santuário de terror, por aqueles que a frequentam. Wolfgang [personagem principal] é tido como um jovem de vida problemática e de atitude rebelde, porém tais elementos de sua personalidade nada mais são do que partes de uma imagem formada por aqueles alemães que já possuem um tradicional e ortodoxo estilo de vida, onde a obediência e o culto à autoridade é protocolo a ser seguido.
O filme retrata inúmeros assuntos, como abuso infantil, educação e sistema, autoridade, ritos e doutrinas religiosas, incesto... mas é muito sufocante perceber que a narrativa se encaminha para atitudes cíclicas. O personagem, embora não concordasse com os abusos sofridos e provocados, se "conformou" com aquele lugar até poder, finalmente, ter sua liberdade. Sua personalidade já não era a mesma. Era um rapaz modificado, assim como centenas de outros garotos que foram trancafiados naquele manicômio.
Sadismo
Os Novos Mutantes
2.6 719 Assista AgoraA nossa brasileira Alice Braga vai peitar essa trilogia X-Men com terror e uma trilha sonora de arrepiar... que trailer, amigos! só vem bb
A Terceira Revolução Industrial: Uma nova e radical economia de …
4.4 1Sobre as utopias:
Jeremy Rifkin diluiu algumas perguntas feitas pela plateia em utopias também [se contrapondo com sua própria negação dessa ideia]. Quando perguntado sobre grandes monopólios e a dificuldade de governos em combater a rígida força de empresas atreladas à Segunda Revolução Industrial, ele simplesmente induz o ouvinte a acreditar que a geração Millennial, por si só, fará um movimento com mesma força, mesma intensidade, mas sentido contrário ao que os big bosses vem fazendo. Não acredita em utopias, mas induz a plateia a crer que tudo dará certo porque é intrínseco dessa geração ser subversiva. Outra questão abordada foi sobre o uso da água, mas ele manteve a resposta na superficialidade, ao meu ver.
Achei os dados científicos trazidos por ele de grande relevância. Suas experiências com a Angela Merkel foram realmente importantes para endossar o assunto.
O problema do condicionamento:
A pergunta que eu gostaria de fazer a ele era sobre alguns lugares do planeta [como a Índia, por exemplo] que usam biomassa para ter acesso à eletricidade, ainda não possuem energia elétrica do modo convencional como nós [por usinas hidrelétricas, reatores nucleares, queima de combustíveis fósseis ou outras fontes de energia limpa]. Imaginemos uma elevação na condição humana dessas pessoas que ainda vivem em outra realidade àquela demonstrada no documentário. O aumento de emissão de CO2 aumentaria mais do que exponencialmente (como é comentado no documentário Before The Flood). Me parece que a Terceira Revolução Industrial alavanca apenas uma parcela do planeta. Em um sentido macro e metafórico, funciona mudar a realidade de apenas um lado da ponte para a manutenção de um planeta melhor ?
Há tantos pontos que eu gostaria de expandir: a relação dos países integrantes dos BRICS com esse cenário revolucionário trazido pelo economista; o papel da ONU frente ao crescente investimento em armas nucleares; A pergunta sobre o lado psicológico que foi feita por um senhor da plateia foi incrível, pois como condicionar as pessoas a um movimento se não há mudança na visão de mundo? [mas eu realmente não tenho dados nem informações substanciais para me aprofundar no debate. Porém fica aqui a semente para a nossa reflexão].
Alabama Monroe
4.3 1,4KO título do filme na livre tradução brasileira ficou genial [melhor que o original, inclusive].
É um filme com muitas mensagens e muito conteúdo reflexivo.
O filme se perde em muitos pontos, cresce em outros. Um roteiro que tinha inúmeras opções de desfecho e opta por mostrar a crença e descrença dos personagens no que tange a vida/ pós vida.
Princess Consuela Bananahammock & Crap Bag
Eu, Olga Hepnarová
3.5 36 Assista AgoraA atuação da atriz principal foi prejudicada pelo roteiro, que se apequenou frente à premissa de que ela era assassina, e isso por si só bastaria [engano]. Olga estava o tempo todo tentando demonstrar desconforto, solidão de espírito, não se afeiçoava com ninguém [raras exceções]. Não houve desenvolvimento da personagem. A carta que ela escreve [e que está transcrito em um dos comentário aqui em baixo] foi, ao meu ver, o momento mais importante do filme, pois faz síntese a toda a tragédia que ela vivia dentro de si mesma. Fora isso, não há aprofundamento das questões que a perturbavam.
A sinopse diz que ela era membro de uma família de coração frio. Eu, particularmente, discordo pelo que nos foi mostrado. O roteiro peca em não desenvolver a relação de Olga com a família.
É muito desolador perceber que uma pessoa chega a essa conclusão:
"Sou incapaz de criar e fazer parte de um relacionamento humano. Sou um ser humano destruído. Um ser humano destruído por pessoas. Portanto, tenho uma escolha: me matar, ou matar outras pessoas."
Eu, Olga Sofredora Hepnarová
Uma Razão Para Viver
3.7 114 Assista AgoraUm filme tocante com pitadas de humor, tornando o que era drama pesado em aprendizado. Achei muito interessante a luta pela vida do personagem; a luta da esposa amorosa e guerreira; os amigos leais que estava sempre presentes! É um filme muito bonito que mexe com nosso sentido de empatia! Recomendo.
Uma Razão para Lutar
Maria Madalena
3.4 166 Assista AgoraAchei um filme singelo. Não há todo aquele brilhantismo e exuberância como é retratado em A Paixão de Cristo, por exemplo. O foco aqui é expor visões diferentes da história, seja pelos olhos de Jesus, de Judas, Pedro ou da própria Maria Madalena. Gostei muito das questões levantadas acerca das justificativas reais de alguns fatos. Não conheço essa parte da história com profundidade para poder discursar sobre, mas o filme me instigou a pesquisar alguns pontos e certamente o farei. Um final poético como esse teve meu reconhecimento!
Maria Inteligente e Subversiva