uma das melhores coisas que meus olhos já viram em toda minha vida começa propositalmente MUITO BREGA com duplas exposições e efeitos oníricos e depois toma um rumo completamente inesperado. assisti sem saber nada sobre a história (nem sobre os efeitos e as cenas) e foi uma experiência ótima de surpresa com admiração. as personagens são num esquema infantil em que cada uma tem uma característica (e nada mais) e li em algum lugar que os efeitos foram pensados junto da filha do diretor, ou algo assim. o resultado é completamente inusitado e específico, ao mesmo tempo que dá pra comprar pela estética do filme. é muito mais camp do que trash
é muito divertido e consegue entreter como um filme de horror, é parecido com a experiência de ver episódios de suspense de um desenho animado: tem um horror que não choca e ainda por cima é divertido de ver
sensacional! passeando entre a paródia e homenagem, sabe brincar demais com os esteriótipos e absurdos da exploitation criando muita ação gratuita e humor gratuito - depois que você compra a proposta do filme (a primeira cena já é mais que suficiente) você embarca nessa gratuidade sem muita cobrança. a fotografia parece genuinamente setentista, com ótimos figurinos e estilos da cultura negra da época, explorando o universo na trilha sonora e estabelecimentos também. os diálogos a la pornochanchada são demais mas não funcionariam sem uma atuação propositalmente escrachada e é aí que michael jai white brilha demais, atuando "mal" muito bem!!! é bizarro esse ter sido só o segundo filme do scott sanders que não parece produzir muita coisa com frequência... uma pena porque soube ter muito estilo nesse filme e poderia explorar outros tipos de blaxploitation
a premissa tinha potencial pela situação de contrastes rico/pobre dos anos 70 além da "dominação" feminina que o poder financeiro + controle de liberdade da prisão representam. infelizmente o filme não aproveita muito bem e investe num monte de gags do meio pro final que deixam o filme bem cansativo, além do desenvolvimento amoroso ser bem furado
divertidíssimo filme com muita cara do que seria a comédia anos 90 mas que ao mesmo tempo só poderia ter sido feito nos anos 80. o filme sabe não se levar a sério e elvira também brinca com isso muito bem - há diversas piadas sexuais de duplo sentido e muitas situações de humor físico com os peitos. também sabe usar bem os contrastes da cidade interiorana com a "modernidade" de elvira como crítica ao mesmo tempo em que se deixa escrachar, como nos óbvios trejeitos de vilão do tio. souberam encaixar a elvira sendo hostess filme b (a cassandra peterson foi hostess assim como a Vampira, personagem 50s que provavelmente inspirou a criação da elvira). o roteiro sabe usar o fator cômico da bruxaria ao mesmo tempo em que cria suspense com ele, equilibrando muitos gêneros num só filme. muito divertido e uma pena que não teve sequência no cinema na mesma época (o segundo filme foi sair só 13 anos depois)
um trabalho sensacional de stop motion nesse que é só o segundo longa do cinema nacional que usa essa técnica. o universo do angeli e seus personagens parece ter encontrado o tom no ótimo dossiê rê bordosa (2008) e muita coisa de lá aparece aqui, inclusive o tom documental que mistura o mundo real com o mundo dos personagens. a história é criativa e apocalíptica e funcionou até como despedida do angeli que se aposentou 1 ano depois do longa sair. não li as revistas mas mesmo assim o filme funcionou pra mim, creio que não seja um problema tão grande como alguns comentários apontaram. a trilha é muito divertida e a dublagem de nomes conhecidos (cortaz, miklos e abujamra) não descaracteriza os personagens. em conclusao PUNKS NOT DEAD
eu devo ter comentado a mesma coisa em todos os filmes da audrey mas nunca falha: ela sempre atuava como a mesma menina ingênua mas esperta que se mete numa situação amorosa. dito isso, não há problema algum porque era exatamente o que eu esperava do filme.
adoro o billy wilder (e sempre adorei o poster da persiana feito pelo saul bass), mas nunca via esse filme entre seus maiores. seu estilo cômico está presente desde o começo na cena de abertura e nas várias tiradas dos diálogos, mas as escolhas de jornada justificam o "tamanho" do filme em sua filmografia. o uso da música como "personagem" junto de audrey que acontece em sabrina (1954) está aqui também, mas dessa vez ainda mais presente, com ariane sendo musicista e o ótimo trio de músicos do hotel - que geram uma das melhores sequências do filme. outra coisa de sabrina que retorna aqui é a tenebrosa escolha de idade para par romântico de audrey (um clássico em sua filmografia), que contracena aqui com um gary cooper 28 anos mais velho que ela.
o terrível final resume bem os erros nas decisões de jornadas pros personagens, já que eu e a pessoa com que assisti o filme (e várias pessoas nos comentários aqui) torcemos contra o que estava acontecendo
um filme que deveria ser muito mais aclamado e reconhecido na filmografia nacional. numa das maiores atuações do milton gonçalves (muito difícil decidir a maior), a personagem diaba é fascinante pelo ótimo desenvolvimento de roteiro, direção e produção. o universo é definido rapidamente e a trama com vários personagens funciona bem, sem perder o caminho ou criar personagens sem utilidade. todos os personagens parecem perfeitos para seus atores: catitu de nelson xavier num equilíbrio perfeito entre o charmoso e o perigoso, bereco de stepan inexperiente e explosivo mas ambicioso, isa de odete lara forte mas ao mesmo tempo frágil pelas situações de sua vida. o desenvolvimento da mesma história por diversos personagens levam à uma das maiores cenas de encerramentos do cinema nacional. é espetacular!!!
tudo funciona muito bem nesse universo de personagens e a produção (figurinos, cenários, luzes, maquiagens) sabe explorar isso em muitos detalhes. as cores saturadas, a trilha sonora e os diversos dialetos e gírias gritam anos 70
numa temática bem inesperada - um baile samba-rock de terceira idade - o filme parece ir meio despretensioso na inserção de personagens e até de alguma jornada a se acompanhar. a sensação que dá é de ter ido no clube e vivido essas histórias, não só pelo ar realista das atuações e situações mas também pelo uso da câmera meio voyeurista, uma filmagem meio escondida. stepan nercessian faz um grande personagem, usando seu charme característico muito bem como eudes. cássia kiss e betty faria estão muito bem também. paulinho vilhena faz o cara explosivo de sempre e foi ótimo ver leonardo villar (o pagador de promessas!!!) atuando nesse que foi seu último trabalho. elza soares é, obviamente, impecável nos números musicais - gostaria de ter visto ela além de cantando, atuando também. bodanzky é muito sutil na abordagem e no desenvolvimento da história, numa direção que não faz mais do que o esperado, mas sempre de forma muito bem feita.
já numa fase tenebrosa das produções nacionais da boca, esse filme como ficção em episódios já seria muito ruim e ainda por cima precisou da inserção de sexo explícito pra criar algum chamativo pra época. o primeiro episódio em lisboa (!) é uma bagunça, o david cardoso no auge da sua atuação canastrona consegue ser destronado por uma "portuguesa" que entrega uma atuação ainda pior. a história se arrisca num suspense e acaba saindo ainda pior por se levar a sério. o segundo episódio é tão ruim que é completamente imemorável, naquele bobo humor com travesti. o terceiro episódio com as garotas punks é o melhor, tem ótimas frases de efeito e um visual bem feito. as situações são mais escrachadas e é o mais perto que o filme chega daquele humor sexual absurdo do auge das pornochanchadas. genial ter passado isso no marabá
clássico filme b - desde a proposta (mulher-algo), a curtíssima duração que sempre afeta no desenvolvimento da história e as soluções criativas de baixo orçamento. o começo tem aquele charme característico dos filmes que se passam em escritórios nos anos 50, sempre explorando as modernas mesas de reuniões e salas com vista para arranha-céus - uma solução muito elegante e prática para gravar praticamente tudo num cenário só. a proposta é válida e não se preocupa tanto em se reforçar, acredita quem quer. infelizmente, as melhores cenas do filme - obviamente as cenas em que a mulher-vespa aparece - são curtas e corridas, já que o filme empurra toda sua ação pros 10 ou 15 minutos finais. proposital ou não, o filme pode ter uma interpretação crítica à exploração publicitária e financeira da beleza pela joviedade, fazendo com que mulheres se submetam aos mais arriscados métodos. é divertido, criativo e tem seu charme, mesmo que datado
muito divertido. assisti por pura curiosidade de ver o vince vaughn metido em terror quase 20 anos depois daquele remake de psicose. a cena inicial é muito bem feita e a sensação slasher é ótima - gosto muito mais do terror 70s e 80s justamente por achar que os filmes atuais não sabem valorizar a estética slasher - e o uso de luzes é muito bem feito. dali pra frente não sei se o filme se categoriza exatamente como um terror, cai pra uma comédia adolescente com alguns toques de suspense, mas a ótima cena inicial convence a terminar de assistir. vale a pena porque o filme não se leva tanto a sério e a troca de corpos sempre funciona muito bem, vira um se eu fosse você. é um filme previsível que não incomoda e sabe criar bons momentos em cima dessa estrutura
por algum motivo sempre enrolei pra ver esse filme (e foi engraçado ver que vários comentários daqui falaram a mesma coisa). é um tarantino que faz referência a si - um montão de esteriótipos dos filmes dele mesmo. a temática é bastante inspirada (como sempre) nos filmes b, grindhouse, exploitation etc mas nesse caso a estética também aponta muito essa inspiração, colocando algumas falhas de filme propositais na imagem. dá uma sensação de wannabe 70s e não exatamente de inspiração e tarantino soube controlar isso melhor depois. tem um ritmo bem devagar até chegar em cenas MUITO épicas, uma coisa que ele voltou a fazer nos últimos 2 filmes. e saber da carreira dele acaba pesando negativamente pro filme: parece um filme iniciante, mas o tarantino já tinha reservoir dogs, pulp fiction, jackie brown e os 2 kill bill. a atmosfera e os diálogos são muito bem feitos como de costume. o personagem do kurt russell sabe chamar a atenção pra si e sabe corresponder. uma metade do filme é dele e outra metade é ele se fudendo, o que causa uma satisfação ao fim do filme inegável seria um bom filme do tarantino nos anos 90, mas em 2007 deve muito pra carreira
daqueles filmes que todo mundo conhece e quase ninguém realmente assistiu. pega uma fórmula que vinha dando certo de voltar para os anos 50 (grease, hairspray) e também a usa, mas do jeito john waters: completamente escrachado, irônico, canastrão e sátiro. as cenas musicais são divertidas e o filme roda em volta do johnny depp que faz uma de suas maiores atuações (antes dele ficar preso na fórmula wonka e sparrow). também foi divertido ver o iggy pop atuando. a trilha doo wop e rockabilly é memorável, assim como a cena da vacinação no começo (que timing!). acerta por não se levar tão a sério propositalmente
queria gostar mais da trilogia barulhos da cidade, mas é sempre aquela coisa: começa bem engraçado, vai ficando cansativo no meio e termina insuportável. é um filme propositalmente irritante, barulhento e pastelão que quando tem graça funciona muito mas quando não tem, acaba deixando cansativo. o primeiro episódio com crítica à burocracia brasileira é muito bom, o do bilhar é insuportável, o terceiro é chatinho e o último tem seus momentos engraçados
não faço ideia de como eu cheguei nesse filme mas graças a deus eu cheguei. o trio feminino é muito divertido, a abertura do filme é icônica e a história é uma bobagem boa demais de assistir. adoro a varla com suas frases de efeito e golpes de artes marciais. simplesmente um filme que queria explorar imagens de mulher bonita e acabou sendo feminista
vi uma discussão que basicamente dizia que para os filmes de hq em 2008 havia a abordagem maluca de speed racer e a abordagem sóbria de dark knight - e que infelizmente haviam escolhido a segunda. me deu curiosidade de assistir e ainda mais quando vi que são das diretoras do matrix
o filme realmente tem um visual espetacular de início mas o foco foi tanto nisso que o filme é uma chatice. os personagens não comovem, o speed é absurdamente chato, o plot com o irmão não funciona, a família é irritante - principalmente o irmão mais novo e o macaco. o visual espetacular do começo se mesclando com o roteiro enfadonho só cria cansaço e com umas 1h10 de filme eu já queria que acabasse logo - pra piorar: quase 2h30 de filme numa cena final que ameaça acabar e NUNCA acaba.
sou grande crítico do nolan mas é inegável como a abordagem dele funcionou mais pro cinema justamente por focar em algum roteiro e não somente no visual (o que acontecia nos filmes de hq até então). uma boa abordagem mais cartunesca foi feita no dick tracy (1990)
é um INFELIZMENTE pornô, porque se fosse rodado só como comédia e paródia seria ainda mais espetacular e até conhecido de outra forma. papacu é um cowboy bissexual no brasil anos 80: what a concept. os diálogos são geniais e a direção é surpreendente bem feita. o filme começa com uma sequência icônica de diálogos que consegue segurar por bastante tempo, até que do meio pro final perde um pouco do ritmo e foca mais nas cenas explícitas (o que é justo pra proposta do filme..... né....)
espero que o sergio corbucci tenha assistido esse filme antes de morrer
muito divertido e aesthetics, é uma viagem pro futuro mas com um ar bem sessentista. a jane fonda é explorada pelo corpo e beleza e parece bem confortável na personagem, quem assistiu se incomodou mais que ela. os efeitos são bem divertidos e quando você passa da fase de estranhamento, você viaja junto com o filme. uma experiência cinematográfica completa
a atmosfera sexual é reforçada a todo momento em todas as cenas e nos vários trocadilhos. falar que o filme tem insinuação sexual demais é simplesmente enfiar no cu o contexto histórico de 1968: guerra do vietnã, cultura hippie de amor livre, um ano antes do woodstock. o código hays de ""normas morais"" no cinema foi encerrado em 1968, ano do barbarella. aqui no brasil tavam aprovando o ai-5. se você não entender quão IMPORTANTE é ter qualquer coisa ousada e sexual no cinema no ano de 1968, realmente não vai entender porque barbarella é importante até hoje. o jovem conservador não consegue ver nada sexual no cinema
tudo que tinha pra ser falado desse filme já foi. é um filme explicativo na sua analogia que já é óbvia e mesmo assim foi encarado como uma grande sátira genial. não é. e acabou se levando a sério demais por pensar que era genial também
por mais que tenha achado um filme nota 6 SÓLIDA não vou ficar falando mal porque consigo tirar a importância de que em 2021 em pleno natal um filme gerou discussão na internet exigindo um MÍNIMO de interpretação e crítica das pessoas e não era simplesmente outro filme de boneco. não é ruim e não é bom mas teve sua relevância e contexto histórico
ainda muito engraçado, mas inferior ao primeiro pelo uso meio sofisticado de efeitos e câmera. as melhores cenas são as que parecem sair de algum episódio e o filme cria as gags muito bem justamente por saber disso. aqui a relação parece mais madura e tem uns momentos românticos. rui e vani são um casal icônico na cultura brasileira
geralmente as adaptações de tv pro cinema ficam ruins mas a sacada de ser ANTES do seriado foi muito inteligente, principalmente por permitir a adição dos ótimos evandro mesquita e marisa orth. no mais é um grande episódio (ou seja..... muito bom)
tenho muito mais proximidade com royal tenenbaums (2001) ou darjeeling limited (2007), os filmes que me fizeram fã do diretor - uma grande atenção ao visual, mas com construção profunda de personagens e suas relações. é como assistir a um desenho e perceber que há profundidade por trás dos personagens estranhos e cartunescos. isso foi aumentado em 10x quando wes lançou o ótimo fantastic mr fox (2009) num frenético mix de entretenimento infantil com relações complicadas depois de mr fox, divido a carreira do wes. os filmes seguintes (moonrise, budapest, dogs) são extremamente bem executados e o ápice visual do estilo do diretor, mas sem ter a fisgada emocional que os personagens possuíam. a técnica muito mais presente, mas tirando um espaço emocional importante. nem imaginarava como seria a estrutura do filme, mas tinha um certo receio com dispatch pela grande quantidade de personagens e sabia que ia ser difícil ser cativado por algum personagem no meio de tanta gente. a divisão em contos foi inesperada e interessante, mas ao mesmo tempo muito passageira. wes faz um PORNÔ de técnica cinematográfica: cores saturadas, sem cores, animação, câmera lenta... tudo é extremamente bem feito. mas e as pessoas? gostei por "ser um wes anderson" mas não está entre os grandes do diretor pra mim. tomara que ele reveja o caminho e aposte novamente em tramas menores e mais profundas
mesmo sendo de 1981, a direção perde muito em qualidade pro a mulher que inventou o amor (1980) - nem vou falar de, por exemplo, excitação (1976). representante fiel do "drama erótico" que tinha muita popularidade na época, jean garrett novamente cria uma personagem feminina com força e questões feministas. karina matar o seu "dono" e se libertar da prisão com ajuda de outra mulher carrega muitos simbolismos importantes da libertação feminina como um todo. é um background interessante, mas, se perde nas diversas cenas de sexo quase por "obrigação" da época. é muito irônico que jean garrett tenha tantas personagens femininas poderosas mas na vida pessoal, segundo várias atrizes da época, era machista pra cacete volta a ficar um pouco mais interessante no final, com o
uma das cenas mais bonitas que vi sobre o assunto no cinema nacional. novamente carregada por simbolismos do diretor. divertido ver claudio cunha atuando sem estar também na direção
vi paulo miklos no é proibido fumar (2009) e me interessei de vê-lo atuando em seu filme mais elogiado. não tenho proximidade no trabalho do beto brant então não sabia o que esperar. geralmente não tenho problema algum com filmes de baixo orçamento, inclusive gosto pelas soluções criativas de roteiro e de efeitos. aqui, infelizmente, não há muito disso aqui. o filme começa com potencial pela premissa da história - simples, mas com potencial. a atmosfera violenta é muito bem construída - todos os lugares e as pessoas parecem ameaças e o perigo fica presente em todas as cenas, mesmo que não esteja acontecendo exatamente algo perigoso. a construção dos 3 personagens principais funciona: gilberto é um pilantra que quer resolver a situação com estevão do pior jeito possível, ivan é passivo às ações de gilberto e anísio convence como problema e a solução dos dois - é uma ótima sacada que ele veja como oportunidade de crescer na vida, uma espécie de parasita (2020) mais urbano e violento. a atuação dos 3 convence. dito isso, a construção inicial do filme parece ótima, criando grande expectativa pra o que vai acontecer. o problema é que o filme parece que não sabe direito pra onde ir, criando várias situações pra reforçar os mesmos pontos dos personagens (gilberto pilantra, ivan passivo, anisio solução/problema etc...) e não suficiente, adiciona as mulheres (personagens de malu mader e mariana ximenes) apenas pra reforçar AINDA MAIS - a única função delas na história é essa. pro final começa a encher de cenas urbanas com raps tocando do começo ao fim, parecendo realmente video clipe, como comentaram embaixo. inclusive o próprio sabotage aparece pra fazer um rap. pro contexto da época, deve ter sido importante pelo rap ainda ser algo recente na cultura pop após ganhar força nos anos 90 (o filme é de 2001, o primeiro álbum de sabotage é de 2000) o plot twist do final foi criativo e inesperado, mas não é tão bom a ponto de justificar a grande enrolação que o filme faz pra chegar ali. é um filme curto que por conta dessas voltas enormes, se torna cansativo. uma boa história com algumas decisões ruins
Hausu
3.7 241uma das melhores coisas que meus olhos já viram em toda minha vida
começa propositalmente MUITO BREGA com duplas exposições e efeitos oníricos e depois toma um rumo completamente inesperado. assisti sem saber nada sobre a história (nem sobre os efeitos e as cenas) e foi uma experiência ótima de surpresa com admiração. as personagens são num esquema infantil em que cada uma tem uma característica (e nada mais) e li em algum lugar que os efeitos foram pensados junto da filha do diretor, ou algo assim. o resultado é completamente inusitado e específico, ao mesmo tempo que dá pra comprar pela estética do filme. é muito mais camp do que trash
é muito divertido e consegue entreter como um filme de horror, é parecido com a experiência de ver episódios de suspense de um desenho animado: tem um horror que não choca e ainda por cima é divertido de ver
Black Dynamite
4.0 127sensacional! passeando entre a paródia e homenagem, sabe brincar demais com os esteriótipos e absurdos da exploitation criando muita ação gratuita e humor gratuito - depois que você compra a proposta do filme (a primeira cena já é mais que suficiente) você embarca nessa gratuidade sem muita cobrança. a fotografia parece genuinamente setentista, com ótimos figurinos e estilos da cultura negra da época, explorando o universo na trilha sonora e estabelecimentos também. os diálogos a la pornochanchada são demais mas não funcionariam sem uma atuação propositalmente escrachada e é aí que michael jai white brilha demais, atuando "mal" muito bem!!!
é bizarro esse ter sido só o segundo filme do scott sanders que não parece produzir muita coisa com frequência... uma pena porque soube ter muito estilo nesse filme e poderia explorar outros tipos de blaxploitation
As Granfinas e o Camelô
2.4 6a premissa tinha potencial pela situação de contrastes rico/pobre dos anos 70 além da "dominação" feminina que o poder financeiro + controle de liberdade da prisão representam. infelizmente o filme não aproveita muito bem e investe num monte de gags do meio pro final que deixam o filme bem cansativo, além do desenvolvimento amoroso ser bem furado
Elvira, a Rainha das Trevas
3.4 1,4Kdivertidíssimo filme com muita cara do que seria a comédia anos 90 mas que ao mesmo tempo só poderia ter sido feito nos anos 80. o filme sabe não se levar a sério e elvira também brinca com isso muito bem - há diversas piadas sexuais de duplo sentido e muitas situações de humor físico com os peitos. também sabe usar bem os contrastes da cidade interiorana com a "modernidade" de elvira como crítica ao mesmo tempo em que se deixa escrachar, como nos óbvios trejeitos de vilão do tio. souberam encaixar a elvira sendo hostess filme b (a cassandra peterson foi hostess assim como a Vampira, personagem 50s que provavelmente inspirou a criação da elvira). o roteiro sabe usar o fator cômico da bruxaria ao mesmo tempo em que cria suspense com ele, equilibrando muitos gêneros num só filme. muito divertido e uma pena que não teve sequência no cinema na mesma época (o segundo filme foi sair só 13 anos depois)
Bob Cuspe: Nós Não Gostamos de Gente
3.7 39um trabalho sensacional de stop motion nesse que é só o segundo longa do cinema nacional que usa essa técnica. o universo do angeli e seus personagens parece ter encontrado o tom no ótimo dossiê rê bordosa (2008) e muita coisa de lá aparece aqui, inclusive o tom documental que mistura o mundo real com o mundo dos personagens. a história é criativa e apocalíptica e funcionou até como despedida do angeli que se aposentou 1 ano depois do longa sair. não li as revistas mas mesmo assim o filme funcionou pra mim, creio que não seja um problema tão grande como alguns comentários apontaram. a trilha é muito divertida e a dublagem de nomes conhecidos (cortaz, miklos e abujamra) não descaracteriza os personagens. em conclusao PUNKS NOT DEAD
Amor na Tarde
4.0 98 Assista Agoraeu devo ter comentado a mesma coisa em todos os filmes da audrey mas nunca falha: ela sempre atuava como a mesma menina ingênua mas esperta que se mete numa situação amorosa. dito isso, não há problema algum porque era exatamente o que eu esperava do filme.
adoro o billy wilder (e sempre adorei o poster da persiana feito pelo saul bass), mas nunca via esse filme entre seus maiores. seu estilo cômico está presente desde o começo na cena de abertura e nas várias tiradas dos diálogos, mas as escolhas de jornada justificam o "tamanho" do filme em sua filmografia. o uso da música como "personagem" junto de audrey que acontece em sabrina (1954) está aqui também, mas dessa vez ainda mais presente, com ariane sendo musicista e o ótimo trio de músicos do hotel - que geram uma das melhores sequências do filme. outra coisa de sabrina que retorna aqui é a tenebrosa escolha de idade para par romântico de audrey (um clássico em sua filmografia), que contracena aqui com um gary cooper 28 anos mais velho que ela.
o terrível final resume bem os erros nas decisões de jornadas pros personagens, já que eu e a pessoa com que assisti o filme (e várias pessoas nos comentários aqui) torcemos contra o que estava acontecendo
A Rainha Diaba
3.8 60um filme que deveria ser muito mais aclamado e reconhecido na filmografia nacional. numa das maiores atuações do milton gonçalves (muito difícil decidir a maior), a personagem diaba é fascinante pelo ótimo desenvolvimento de roteiro, direção e produção. o universo é definido rapidamente e a trama com vários personagens funciona bem, sem perder o caminho ou criar personagens sem utilidade. todos os personagens parecem perfeitos para seus atores: catitu de nelson xavier num equilíbrio perfeito entre o charmoso e o perigoso, bereco de stepan inexperiente e explosivo mas ambicioso, isa de odete lara forte mas ao mesmo tempo frágil pelas situações de sua vida. o desenvolvimento da mesma história por diversos personagens levam à uma das maiores cenas de encerramentos do cinema nacional. é espetacular!!!
tudo funciona muito bem nesse universo de personagens e a produção (figurinos, cenários, luzes, maquiagens) sabe explorar isso em muitos detalhes. as cores saturadas, a trilha sonora e os diversos dialetos e gírias gritam anos 70
Chega de Saudade
3.5 104numa temática bem inesperada - um baile samba-rock de terceira idade - o filme parece ir meio despretensioso na inserção de personagens e até de alguma jornada a se acompanhar. a sensação que dá é de ter ido no clube e vivido essas histórias, não só pelo ar realista das atuações e situações mas também pelo uso da câmera meio voyeurista, uma filmagem meio escondida. stepan nercessian faz um grande personagem, usando seu charme característico muito bem como eudes. cássia kiss e betty faria estão muito bem também. paulinho vilhena faz o cara explosivo de sempre e foi ótimo ver leonardo villar (o pagador de promessas!!!) atuando nesse que foi seu último trabalho. elza soares é, obviamente, impecável nos números musicais - gostaria de ter visto ela além de cantando, atuando também. bodanzky é muito sutil na abordagem e no desenvolvimento da história, numa direção que não faz mais do que o esperado, mas sempre de forma muito bem feita.
Caçadas Eróticas
2.5 18já numa fase tenebrosa das produções nacionais da boca, esse filme como ficção em episódios já seria muito ruim e ainda por cima precisou da inserção de sexo explícito pra criar algum chamativo pra época. o primeiro episódio em lisboa (!) é uma bagunça, o david cardoso no auge da sua atuação canastrona consegue ser destronado por uma "portuguesa" que entrega uma atuação ainda pior. a história se arrisca num suspense e acaba saindo ainda pior por se levar a sério. o segundo episódio é tão ruim que é completamente imemorável, naquele bobo humor com travesti. o terceiro episódio com as garotas punks é o melhor, tem ótimas frases de efeito e um visual bem feito. as situações são mais escrachadas e é o mais perto que o filme chega daquele humor sexual absurdo do auge das pornochanchadas. genial ter passado isso no marabá
A Mulher Vespa
3.0 25 Assista Agoraclássico filme b - desde a proposta (mulher-algo), a curtíssima duração que sempre afeta no desenvolvimento da história e as soluções criativas de baixo orçamento. o começo tem aquele charme característico dos filmes que se passam em escritórios nos anos 50, sempre explorando as modernas mesas de reuniões e salas com vista para arranha-céus - uma solução muito elegante e prática para gravar praticamente tudo num cenário só.
a proposta é válida e não se preocupa tanto em se reforçar, acredita quem quer. infelizmente, as melhores cenas do filme - obviamente as cenas em que a mulher-vespa aparece - são curtas e corridas, já que o filme empurra toda sua ação pros 10 ou 15 minutos finais.
proposital ou não, o filme pode ter uma interpretação crítica à exploração publicitária e financeira da beleza pela joviedade, fazendo com que mulheres se submetam aos mais arriscados métodos. é divertido, criativo e tem seu charme, mesmo que datado
Freaky: No Corpo de um Assassino
3.2 464muito divertido. assisti por pura curiosidade de ver o vince vaughn metido em terror quase 20 anos depois daquele remake de psicose. a cena inicial é muito bem feita e a sensação slasher é ótima - gosto muito mais do terror 70s e 80s justamente por achar que os filmes atuais não sabem valorizar a estética slasher - e o uso de luzes é muito bem feito. dali pra frente não sei se o filme se categoriza exatamente como um terror, cai pra uma comédia adolescente com alguns toques de suspense, mas a ótima cena inicial convence a terminar de assistir. vale a pena porque o filme não se leva tanto a sério e a troca de corpos sempre funciona muito bem, vira um se eu fosse você. é um filme previsível que não incomoda e sabe criar bons momentos em cima dessa estrutura
tirando aquele segundo final completamente desnecessário. parece que no fim o diretor se incomodou com a previsibilidade
tem boas cenas de terror e bons momentos de comédia e é um filme inegavelmente divertido. se você assiste sem esperar nada é uma ótima experiencia
À Prova de Morte
3.9 2,0K Assista Agorapor algum motivo sempre enrolei pra ver esse filme (e foi engraçado ver que vários comentários daqui falaram a mesma coisa). é um tarantino que faz referência a si - um montão de esteriótipos dos filmes dele mesmo. a temática é bastante inspirada (como sempre) nos filmes b, grindhouse, exploitation etc mas nesse caso a estética também aponta muito essa inspiração, colocando algumas falhas de filme propositais na imagem. dá uma sensação de wannabe 70s e não exatamente de inspiração e tarantino soube controlar isso melhor depois.
tem um ritmo bem devagar até chegar em cenas MUITO épicas, uma coisa que ele voltou a fazer nos últimos 2 filmes. e saber da carreira dele acaba pesando negativamente pro filme: parece um filme iniciante, mas o tarantino já tinha reservoir dogs, pulp fiction, jackie brown e os 2 kill bill.
a atmosfera e os diálogos são muito bem feitos como de costume. o personagem do kurt russell sabe chamar a atenção pra si e sabe corresponder. uma metade do filme é dele e outra metade é ele se fudendo, o que causa uma satisfação ao fim do filme inegável
seria um bom filme do tarantino nos anos 90, mas em 2007 deve muito pra carreira
Cry-Baby
3.6 518 Assista Agoradaqueles filmes que todo mundo conhece e quase ninguém realmente assistiu. pega uma fórmula que vinha dando certo de voltar para os anos 50 (grease, hairspray) e também a usa, mas do jeito john waters: completamente escrachado, irônico, canastrão e sátiro. as cenas musicais são divertidas e o filme roda em volta do johnny depp que faz uma de suas maiores atuações (antes dele ficar preso na fórmula wonka e sparrow). também foi divertido ver o iggy pop atuando.
a trilha doo wop e rockabilly é memorável, assim como a cena da vacinação no começo (que timing!). acerta por não se levar tão a sério propositalmente
As 1001 Posições do Amor
2.9 11queria gostar mais da trilogia barulhos da cidade, mas é sempre aquela coisa: começa bem engraçado, vai ficando cansativo no meio e termina insuportável. é um filme propositalmente irritante, barulhento e pastelão que quando tem graça funciona muito mas quando não tem, acaba deixando cansativo. o primeiro episódio com crítica à burocracia brasileira é muito bom, o do bilhar é insuportável, o terceiro é chatinho e o último tem seus momentos engraçados
Faster, Pussycat! Kill! Kill!
3.8 244não faço ideia de como eu cheguei nesse filme mas graças a deus eu cheguei. o trio feminino é muito divertido, a abertura do filme é icônica e a história é uma bobagem boa demais de assistir. adoro a varla com suas frases de efeito e golpes de artes marciais. simplesmente um filme que queria explorar imagens de mulher bonita e acabou sendo feminista
Speed Racer
2.8 411 Assista Agoravi uma discussão que basicamente dizia que para os filmes de hq em 2008 havia a abordagem maluca de speed racer e a abordagem sóbria de dark knight - e que infelizmente haviam escolhido a segunda. me deu curiosidade de assistir e ainda mais quando vi que são das diretoras do matrix
o filme realmente tem um visual espetacular de início mas o foco foi tanto nisso que o filme é uma chatice. os personagens não comovem, o speed é absurdamente chato, o plot com o irmão não funciona, a família é irritante - principalmente o irmão mais novo e o macaco. o visual espetacular do começo se mesclando com o roteiro enfadonho só cria cansaço e com umas 1h10 de filme eu já queria que acabasse logo - pra piorar: quase 2h30 de filme numa cena final que ameaça acabar e NUNCA acaba.
sou grande crítico do nolan mas é inegável como a abordagem dele funcionou mais pro cinema justamente por focar em algum roteiro e não somente no visual (o que acontecia nos filmes de hq até então). uma boa abordagem mais cartunesca foi feita no dick tracy (1990)
Um Pistoleiro Chamado Papaco
3.5 241é um INFELIZMENTE pornô, porque se fosse rodado só como comédia e paródia seria ainda mais espetacular e até conhecido de outra forma. papacu é um cowboy bissexual no brasil anos 80: what a concept. os diálogos são geniais e a direção é surpreendente bem feita. o filme começa com uma sequência icônica de diálogos que consegue segurar por bastante tempo, até que do meio pro final perde um pouco do ritmo e foca mais nas cenas explícitas (o que é justo pra proposta do filme..... né....)
espero que o sergio corbucci tenha assistido esse filme antes de morrer
Barbarella
3.2 277 Assista Agoramuito divertido e aesthetics, é uma viagem pro futuro mas com um ar bem sessentista. a jane fonda é explorada pelo corpo e beleza e parece bem confortável na personagem, quem assistiu se incomodou mais que ela. os efeitos são bem divertidos e quando você passa da fase de estranhamento, você viaja junto com o filme. uma experiência cinematográfica completa
a atmosfera sexual é reforçada a todo momento em todas as cenas e nos vários trocadilhos. falar que o filme tem insinuação sexual demais é simplesmente enfiar no cu o contexto histórico de 1968: guerra do vietnã, cultura hippie de amor livre, um ano antes do woodstock. o código hays de ""normas morais"" no cinema foi encerrado em 1968, ano do barbarella. aqui no brasil tavam aprovando o ai-5. se você não entender quão IMPORTANTE é ter qualquer coisa ousada e sexual no cinema no ano de 1968, realmente não vai entender porque barbarella é importante até hoje. o jovem conservador não consegue ver nada sexual no cinema
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista Agoratudo que tinha pra ser falado desse filme já foi. é um filme explicativo na sua analogia que já é óbvia e mesmo assim foi encarado como uma grande sátira genial. não é. e acabou se levando a sério demais por pensar que era genial também
por mais que tenha achado um filme nota 6 SÓLIDA não vou ficar falando mal porque consigo tirar a importância de que em 2021 em pleno natal um filme gerou discussão na internet exigindo um MÍNIMO de interpretação e crítica das pessoas e não era simplesmente outro filme de boneco. não é ruim e não é bom mas teve sua relevância e contexto histórico
Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas
3.1 903ainda muito engraçado, mas inferior ao primeiro pelo uso meio sofisticado de efeitos e câmera. as melhores cenas são as que parecem sair de algum episódio e o filme cria as gags muito bem justamente por saber disso. aqui a relação parece mais madura e tem uns momentos românticos. rui e vani são um casal icônico na cultura brasileira
Os Normais: O Filme
3.3 471geralmente as adaptações de tv pro cinema ficam ruins mas a sacada de ser ANTES do seriado foi muito inteligente, principalmente por permitir a adição dos ótimos evandro mesquita e marisa orth. no mais é um grande episódio (ou seja..... muito bom)
A Crônica Francesa
3.5 287 Assista Agoratenho muito mais proximidade com royal tenenbaums (2001) ou darjeeling limited (2007), os filmes que me fizeram fã do diretor - uma grande atenção ao visual, mas com construção profunda de personagens e suas relações. é como assistir a um desenho e perceber que há profundidade por trás dos personagens estranhos e cartunescos. isso foi aumentado em 10x quando wes lançou o ótimo fantastic mr fox (2009) num frenético mix de entretenimento infantil com relações complicadas
depois de mr fox, divido a carreira do wes. os filmes seguintes (moonrise, budapest, dogs) são extremamente bem executados e o ápice visual do estilo do diretor, mas sem ter a fisgada emocional que os personagens possuíam. a técnica muito mais presente, mas tirando um espaço emocional importante.
nem imaginarava como seria a estrutura do filme, mas tinha um certo receio com dispatch pela grande quantidade de personagens e sabia que ia ser difícil ser cativado por algum personagem no meio de tanta gente. a divisão em contos foi inesperada e interessante, mas ao mesmo tempo muito passageira. wes faz um PORNÔ de técnica cinematográfica: cores saturadas, sem cores, animação, câmera lenta... tudo é extremamente bem feito. mas e as pessoas?
gostei por "ser um wes anderson" mas não está entre os grandes do diretor pra mim. tomara que ele reveja o caminho e aposte novamente em tramas menores e mais profundas
Karina, Objeto de Prazer
3.3 15mesmo sendo de 1981, a direção perde muito em qualidade pro a mulher que inventou o amor (1980) - nem vou falar de, por exemplo, excitação (1976). representante fiel do "drama erótico" que tinha muita popularidade na época, jean garrett novamente cria uma personagem feminina com força e questões feministas. karina matar o seu "dono" e se libertar da prisão com ajuda de outra mulher carrega muitos simbolismos importantes da libertação feminina como um todo. é um background interessante, mas, se perde nas diversas cenas de sexo quase por "obrigação" da época. é muito irônico que jean garrett tenha tantas personagens femininas poderosas mas na vida pessoal, segundo várias atrizes da época, era machista pra cacete
volta a ficar um pouco mais interessante no final, com o
assassinato de lucas
e a linda cena do
casamento na montanha
uma das cenas mais bonitas que vi sobre o assunto no cinema nacional. novamente carregada por simbolismos do diretor.
divertido ver claudio cunha atuando sem estar também na direção
O Invasor
3.6 171vi paulo miklos no é proibido fumar (2009) e me interessei de vê-lo atuando em seu filme mais elogiado. não tenho proximidade no trabalho do beto brant então não sabia o que esperar. geralmente não tenho problema algum com filmes de baixo orçamento, inclusive gosto pelas soluções criativas de roteiro e de efeitos. aqui, infelizmente, não há muito disso aqui.
o filme começa com potencial pela premissa da história - simples, mas com potencial. a atmosfera violenta é muito bem construída - todos os lugares e as pessoas parecem ameaças e o perigo fica presente em todas as cenas, mesmo que não esteja acontecendo exatamente algo perigoso.
a construção dos 3 personagens principais funciona: gilberto é um pilantra que quer resolver a situação com estevão do pior jeito possível, ivan é passivo às ações de gilberto e anísio convence como problema e a solução dos dois - é uma ótima sacada que ele veja como oportunidade de crescer na vida, uma espécie de parasita (2020) mais urbano e violento. a atuação dos 3 convence.
dito isso, a construção inicial do filme parece ótima, criando grande expectativa pra o que vai acontecer. o problema é que o filme parece que não sabe direito pra onde ir, criando várias situações pra reforçar os mesmos pontos dos personagens (gilberto pilantra, ivan passivo, anisio solução/problema etc...) e não suficiente, adiciona as mulheres (personagens de malu mader e mariana ximenes) apenas pra reforçar AINDA MAIS - a única função delas na história é essa.
pro final começa a encher de cenas urbanas com raps tocando do começo ao fim, parecendo realmente video clipe, como comentaram embaixo. inclusive o próprio sabotage aparece pra fazer um rap. pro contexto da época, deve ter sido importante pelo rap ainda ser algo recente na cultura pop após ganhar força nos anos 90 (o filme é de 2001, o primeiro álbum de sabotage é de 2000)
o plot twist do final foi criativo e inesperado, mas não é tão bom a ponto de justificar a grande enrolação que o filme faz pra chegar ali. é um filme curto que por conta dessas voltas enormes, se torna cansativo. uma boa história com algumas decisões ruins