já ensaiando a temática do intelectual em exílio (que voltaria em dois córregos (1999)), carlão faz um filme de diversas discussões, antagonizadas por roberto miranda como um personagem reacionário básico, o qual executa muito bem, dispara suas absurdas opiniões com muito orgulho. a temática
homossexual foi inesperada, mas provavelmente muito presente em 1984. adoro a cena que o ricardo apanha do parceiro do luiz
entre as diversas sequências de citações filosóficas, o próprio carlão se insere na dublagem de uma delas, gerando pra mim uma das maiores decisões AUTORAIS do cinema nacional
o filme tem ótimos enquadramentos, numa fase a la garrett do carlão (inclusive garrett é o produtor executivo do filme). o poster é belíssimo também
MUITO divertido, desde a premissa da confusão das bagagens às consequências que elas causam. o ritmo e a estética parecem de um desenho animado, com um monte de perseguições, humor físico e coincidências absurdas. é aquele tipo de roteiro que deixa você pensando AH NÃOOOO e responde com AH SIM!!!! barbra streisand está muito bem em par com o carismático ryan o'neal, que faz aquele clássico esteriótipo do professor dos anos 70 que se mete numa confusão que fica cada vez maior. o filme permite que tudo seja tão ridículo e improvável que funciona muito bem, uma das melhores comédias que já vi
o título pra variar é bait, explorando muito mais o pecado do que a tal "possessão". o ótimo benjamin cattan assume um raro papel principal em sua filmografia e executa bem demais, sendo um alcoolatra bastante cruel em sua posição de poder, mas que ao mesmo tempo sabe que é cercado por pessoas tão crueis quanto ele, com destaque pra meyre vieira. a atuação de david cardoso não chega a atrapalhar a trama, que ainda envolve a iniciante nicole puzzi. o plot twist funciona e o filme se segura bem até o final, tendo seus momentos icônicos como a sequência da pintura jogada na piscina + PUTANAS, HOJE É DIA DE FESTA. bizarro como garrett lançou esse filme e o ótimo Excitação no mesmo ano de 1976
ótimo filme do garrett! cruzando várias histórias interligadas pelo hotel, mostra como um funcionário pode interferir no funcionamento de um todo. a crise de joão com tudo que o hotel representa é muito bem atuada, literalmente mesclando os conflitos internos do funcionário causando conflitos internos no hotel. as histórias são todas muito interessantes, principalmente a da malu dahl e suas gravações de voz. o conflito do amigo PUTA também é ótimo, com destaque pra helena ramos. a participação do carlão é divertida e o espanhol do benjamin cattan é terrivelmente hilário, além do personagem com sotaque americano que entra depois. como é óbvio que a produção nacional da boca não teria verba pra botar fogo num prédio, a premissa do "como vão fazer isso?" causa curiosidade até hoje
como de costume, tem momentos muito bem escritos pelo reichenbach. explorando personagens bem esteriotipados, há um contraponto entre o intelectual submisso e o boçal arrogante. o ótimo roberto miranda faz um engravatado babaca enquanto orlando parolini faz um professor com seus diversos problemas de relacionamento, emprego, moradia, etc. tem momentos pesados sobre aborto (inclusive carlão faz uma participação na dublagem, sendo o doutor). infelizmente vi numa qualidade bem baixa, mas parece ter belas cenas visuais
quando li essa sinopse em um filme dirigido por mulher e protagonizado por darlene glória pensei que não teria como eu não amar, mas infelizmente foi um pouco cansativo acompanhar tanta verborragia após a primeira metade. o filme apresenta bem os seus personagens e usa - não sei se propositalmente - a mesma forma de profundidade nos personagens masculinos que o cinema da época usava pras mulheres. a temática é ótima e deve ter sido bastante transgressora, explorando como a submissão causa impacto na vida da mulher. o uso de caetano veloso na trilha é muito bom, usando faixas do álbum transa que tinha acabado de sair. acabei com a sensação de que queria ter gostado mais
um filme muito abaixo de outras comédias contemporâneas. tem um começo criativo e engraçado com a figura do carlos imperial sendo o coronel alexandrão, num enorme contraste com a bela adriana prieto, mas depois da morte o roteiro vira uma bagunça que não é exatamente cômica. insere um monte de planos com o chatíssimo personagem do jardel filho de peruca e claramente exagera nos 100 minutos de duração até um final caótico que não é suficiente pra recuperar o cansaço que o filme causa até ali. as aparições do alexandrão fantasma são engraçadas
um filme com charme setentista e bem longe de ser uma pornochanchada. claudio cunha faz um roteiro simples mas bem objetivo em sua crítica: o pai de família da classe média. claro que o filme insere nudez e humor (principalmente com carlos imperial) quase por obrigação da época, mas não deixa de ser um drama. explorando a mudança pro RJ como uma mudança de vida (as roupas, costumes, etc), a ausência do pai em cena é tão forte quanto sua presença indireta nas proibições à todos. tudo gira em torno dele mesmo não estando lá - e por isso o final é impactante e de alguma forma até recompensador, já que tudo desaba em volta dele.
uma boa comédia que transita entre a ingenuidade e a malícia, muito comum na década de 70. cecil thiré deixa o tatá bastante carismático mesmo com as várias roubadas que se mete no filme e muita coisa só funciona por ele conseguir cativar a ponto de torcer por ele. se tatá pende mais pra malícia, a tereza de adriana prieto é a própria ingenuidade, uma personagem submissa à tia obcecada em procurar um marido rico pra sobrinha. adriana infelizmente faleceu no mesmo ano do lançamento do filme. a história é uma série de bagunças pensadas pra algumas gags serem executadas, como a cena do sofá sendo erguido ou a icônica cena do SENHOR CARECA. o diálogo publicitário do sabonete é muito bom e o filme também poderia ter explorado mais esse tipo de humor. cecil por algum motivo me lembrou o estilo de atuação de falabella, mesmo não tendo vínculo nenhum entre os dois. a presença de wilza carla foi interessante pelo roteiro não usar seu corpo só como piada e finalmente mostrando o carisma que ela tem. o mágico de hugo bidet (nao creditado aqui no filmow) também é bastante carismático junto de carlos leite, criando um bom grupo de amigos "outcasts" pro protagonista.
não há muita nudez nem palavrões, fazendo o filme pender mais pra comédia romântica do que pra pornochanchada mais tradicional
mesmo com todas as problemáticas de machismo (é um filme de 1955!!!!! pelo amor de deus) é um filme muito bem escrito. os diálogos ágeis do billy wilder (que aqui ainda ganham uma certa metalinguagem) exigem muito timing cômico dos atores, inclusive da marilyn monroe como "ingênua", e funcionam muito bem, passeando entre diálogos absurdos (o filho bem pequeno nem conta!!!!), humor físico e passea até pelo humor pastelão, desde a criação dos personagens ao modo de lidar com as situações. a direção claramente não filma sherman com admiração e inclusive é bem debochada com o personagem, um homem completamente igual aos outros daquele período, sem nenhuma maior qualidade ou defeito. é uma história bem amarrada do começo ao fim (mesmo que se enrole um pouco pra desenvolver o seu final levemente frustrante) e com bastante charme nas cenas com marilyn, que nessa personagem que não recebe nem nome cria sua imagem mais marcante como sex symbol do cinema.
brinca com a estrutura de comédia popular das pornochanchadas e transforma os episódios em crônicas. mesmo sendo um pouco irregular no ritmo, tem um ótimo texto que é muitas vezes potencializado pelo personagem de lima duarte, responsável pelas melhores cenas do filme - a cena com o carlos kroeber é ótima (inclusive ele não está creditado no elenco aqui no filmow). os diálogos rápidos e absurdos combinam demais com a sua atuação e o seu jeito de agir e se expressar. a crônica dos idosos tinha potencial cômico e dramático mas não soube explorar muito bem nem um nem outro, mesmo com a boa atuação do jofre soares.
tem uma direção muito bem feita, mesmo que bastante singular na filmografia do joaquim mas no geral dá uma sensação de que tudo poderia ter sido melhor aproveitado por conta da boa ideia inicial, ótimo diretor e ótimo elenco
o primeiro filme de anselmo duarte na direção tem um contexto histórico importantíssimo: as chanchadas (que o consagraram como galã) estavam perdendo a popularidade pro cinema novo, que explorava uma brasilidade completamente contrária às chanchadas americanizadas. anselmo consegue juntar a comédia, o musical e o ritmo da chanchada ao mesmo tempo que explora também certa crítica social de contexto popular, familiar e sobretudo, brasileiro. a televisão, tema chave da história, era também uma novidade no momento, considerando que o primeiro canal de tv do brasil foi inaugurado apenas 7 anos antes do filme. mesmo sem tanto peso, o filme denuncia os esquemas de apostas numa história quase heróica de bom moço x vilões, que obviamente teria um final feliz. mas a previsibilidade não é exatamente um problema e funciona pra deixar o roteiro do filme bem consolidado, criando o universo de zé do lino e fazendo com que a gente torça por ele. anselmo faz uma atuação honesta e odete lara tem grande destaque, antes ainda de ser A odete lara. a personagem da dercy é bem irritante e muitas vezes fora de tom com o filme, mas ao mesmo tempo não soube dizer se foi uma escolha de roteiro ou se é só uma questão pessoal com esse tipo de humor. anselmo soube usar do programa pra encaixar os números musicais da chanchada e apresenta em um deles o ótimo trio irakitan. pelo contexto, os números ficam como parte do programa e não como cenas musicais gratuitas, uma escolha muito inteligente.
um bom sem grandes destaques mas que ainda funciona muito bem pela boa história que propõe. uma boa escolha pra apresentar essa fase do cinema pra quem desconhece
típica comédia anos 50, parece que havia uma tentativa de inserir marilyn em grupos de protagonismo - no mesmo ano de 1953 ela fazia dupla com jane russell em gentlemen prefer blondes e aqui ela faz parte de um trio. além disso, há certa semelhança na abordagem da marilyn como personagem, um mix de ingenuidade com esperteza. o trio, claro, se completa em suas personalidades e é muito carismático na abordagem disso, mesmo com as intenções duvidosas de cada uma. lauren bacall rouba a cena em muitos momentos, fazendo a mais madura delas. a direção de jean negulesco é muito charmosa e o roteiro tem um bom timing cômico, que sabe explorar duplos sentidos, trocadilhos e humor físico, algo que billy wilder usaria com a própria marilyn em seven year itch anos depois, se tornando um mestre desse tipo de filme. tem muito glamour, charme e elegância, além de bom humor e certa ingenuidade, como de costume nos 50s
bem novelesco, o filme acompanha jardel mello num ótimo personagem. sua atuação sóbria funciona muito pra jornada do julio garcia, que vive numa gangorra de emoções que nunca são expostas aos outros personagens - vide a cena do john herbert rezando antes do jantar que o jardel consegue dizer um milhão de coisas só com o olhar, até cortar pra ele xingando sozinho dentro de um carro. o filme aposta em várias reviravoltas e trocas de casais e se torna um melodrama bem consistente na proposta, com o cunha sem medo de explorar vários clichês dramáticos. cunha, aliás, tem uma equipe ótima com ele: carlos reichenbach, jean garrett, jairo ferreira, além dos já consolidados atores john herbert, malu dahl e o próprio jardel
filme despretensioso e bem sessão da tarde numa temática bem interessante de heavy metal, numa visão de mundo adolescente para um público adolescente. é uma espécie de nova geração do escola do rock (2003) - na abordagem do filme em ensinar lições de vida e apresentar bandas pro público - e espero que sirva pra muita gente se interessar pelo gênero, assim como escola de rock fez comigo na adolescência. não tem muito o que analisar seriamente, já que o próprio filme não se leva tão a sério assim
esse parece ser o filme da vida da ninja thyberg, que já tinha estudado a mesma história num curta metragem antes de fazer desse o seu primeiro filme. o que é bem irônico já que com o que parecia tanto preparo ainda gerou um filme com problemas complicados na sua temática. o filme opta por ser explícito e acaba caindo no eterno ponto da exploitation: estou deixando claro que é uma exposição negativa ou no fim ainda serve pra alimentar o problema que eu estou tentando expor? e por usar sexo explícito + estética pornográfica o filme acaba produzindo sua própria pornografia da atriz - ou seja, gera conteúdo pornográfico de fetiche pra quem consome pornografia, uma eterna contradição na escolha de muitas cenas. apesar disso, a sensação de intimidação e desconforto é bem passada pela ótima sofia kappel, também em seu primeiro filme (!!!) a atriz, claro, não tem culpa de outro problema grave: a motivação da bella é completamente vazia, do começo ao fim. é tão vazia que o próprio roteiro coloca outras personagens para questionar e ela não sabe responder, assim como o próprio filme não sabe. e nessa a gente acompanha uma jornada que não sabe bem como acompanhar: não vou torcer pra ela ficar grande na indústria - já que a indústria é colocada como problemática desde o início, indo na contramão de filmes de crime, por exemplo, que apresentam um início muito glamouroso e válido - mas ao mesmo tempo ela não parece querer sair da indústria e tenta cada vez mais se inserir nela - devo torcer contra a protagonista? mas se eu torcer contra eu vou estar também fazendo com que ela se dê mal na indústria? enfim, a indústria sempre ganha? aprofundando nisso, ficou pior ainda quando vi após o filme que muitos atores da indústria pornográfica participam do filme, o que não faz sentido nenhum se considerar a suposta proposta de denúncia que o filme faria. quando o filme produz cena explícita, insere atores do meio e tenta emplacar uma jornada crescente da bella ele acaba denunciando o que?
nada. o filme fica em cima do muro numa temática delicada, mesmo apresentando diversos contras e nenhum pró por 109 minutos. a problemática argumentativa do "você que quis fazer isso" que é usada várias vezes contra a protagonista, parece ser um consenso no próprio roteiro, já que aparentemente ela poderia sair da indústria a qualquer momento. tem uma escolha estética e temática interessantíssima, ainda mais com direção feminina, mas é tão problemático na abordagem que acaba sendo decepcionante e até contraditório, já que ainda por cima serviu pra exibir várias imagens explícitas da estreante sofia kappel.
a escolha da dupla monroe/russell não poderia ser melhor: monroe usa uma falsa ingenuidade que explora sua beleza e russell usa sua inteligência pra ironizar as situações. no estilão das comédias anos 50, a dupla é muito potencializada pelos rápidos diálogos cômicos, além das exageradas situações criarem muito espaço pros números musicais. o filme é espetaculoso com muito glamour e charme não só na temática, mas nos figurinos, no estilo musical e também no uso belíssimo da fotografia technicolor, com destaque ao uso de cores dos rosas e vermelhos muito saturados
o filme que gerou o termo. não se apresenta exatamente como um suspense mas a crescente presença do sutil gregory anton (em ótima atuação do charles boyer) vai definindo todos os caminhos do filme, desde as pequenas ações até as ações maiores pro final. em contraponto ao boyer, ingrid bergman usa a sutileza pra fragilizar a sua personagem e sabe explorar a dúvida de sua sanidade. o design de produção é maravilhoso, cria um universo do século 19 de maneira genuína sem entrar em facilitações. falando em facilitações, o terço final infelizmente parece ter sido um pouco corrido e tira a sutileza dos personagens que vinha até ali, transformando o gregory em um vilão total e paula numa busca de vingança, acompanhada do policial que parece ter se dedicado até demais pela solução, se for analisar o contexto. de qualquer forma um ótimo filme de suspense dramático, com uma visão muito interessante sobre manipulação pra 1944
visto na sexta feira 13 da reabertura da cinemateca. uma experiência inesquecível por tudo que carregava na data, na reabertura, num retorno do mojica, na recuperação do filme perdido e em ver um material inédito. o filme tem o visual bastante prejudicado pelo baixo orçamento mas em compensação os efeitos visuais do final são incríveis, inclusive dá pra dizer que foram até potencializados pela filmagem de menos qualidade. a construção da história segue bem o manual de historinhas de terror, um pouco menos imprevisível do que os grandes filmes do mojica, mas ainda assim gera curiosidade pra ver o encerramento. mojica é genial
victor lima é subestimadíssimo, tanto como diretor, tanto como roteirista. nesse filme de 1969 - pós chanchada e pré pornochanchada - ele consegue fazer um retrato de época interessantíssimo: as visões da cidade de são paulo em transformação pelas milhares de obras. a cidade que entrava de vez no modernismo (vale lembrar que muito da iconicidade de sp começou ali, o copan é de 66, o edifício italia de 65) e a filmagem não parece ter uma opinião sobre isso, ao mesmo tempo que admira, também mostra seus problemas. essa mesma visão passa pro personagem do otello zeloni, que vive a cidade intensamente nos restaurantes de calçada e os cinemas de rua ao mesmo tempo que reclama das obras na faria lima. como de costume, victor lima pega um personagem extremamente comum e o insere numa situação cada vez mais absurda, passeando entre a comédia e o suspense (e a graça do próprio suspense). golias é quase uma participação especial e provavelmente o nome no título foi mais uma ação de marketing (e ainda bem, pra variar o humor dele não combina com o humor do filme)
sempre tive um pé atrás com o bergman porque geralmente os fãs do cinema dele são as pessoas mais pretensiosas possíveis, mas dei uma chance ao persona e fui surpreendido positivamente é um filme que não perde o bom ritmo, mesmo que seja contemplativo em muitos momentos - não tem aquela mania atual dos filmes contemplativos com meia hora de NADA na tela. esse bom ritmo me fisgou rapidamente na história que é muito bem escrita explorando a dualidade e a psicologia. o filme tem várias interpretações do que a "persona" do título pode representar (são a mesma pessoa? a alma é uma criação da vogler?) e achei muito melhor a escolha de dar mais aberturas do que explicações. a edição é muito boa e sabe explorar esse onirismo presente no filme, com toques até bastante experimentais pra esse tipo de cinema. filme pra rever diversas vezes
completamente numa vibe expressionista, o filme explora as perspectivas e planos abertos enormes do teatro e os subsolos escuros. tanto a máscara como a maquiagem de lon chaney são muito bem feitas e devem ter sido bem assustadoras na época, sendo muito valorizada pela icônica cena da revelação do rosto. mesmo assim, o envolvimento romântico não me convenceu e a atriz principal me deu uma sensação de deslocamento com os outros atores, sendo muito mais expressiva e teatral do que o resto do elenco - o que infelizmente acabou fazendo com que eu não me convencesse de torcer por ela na história. a aparição no baile com a máscara de caveira e a queda do lustre são cenas muito marcantes e muitas produções posteriores com certeza usaram de referência. a imagem que eu tinha do fantasma era a dos remakes mais recentes em que ele é mais charmoso, ao contrário do fantasma de lon chaney que é mais monstruoso
muito divertido em sua temática, mas a animação ainda não foi a melhor forma pra explorar o universo do angeli considerando o que seria feito depois em stop motion. tem momentos muito engraçados dos contrastes da família hippie e rê bordosa dublada por rita lee é um show a parte. a trilha cheia de júpiter maçã é ótima e a aparição de um raulzito com voz de tom zé foi bem inesperada. ainda assim, o roteiro não consegue se aprofundar muito e parece enrolar um pouco a história pra chegar nos curtos 81 minutos, perdendo um pouco o ritmo do começo e por algum motivo, sendo meio corrido no final
um documento lindo de como o brasil é enorme e a gente não percebe. os depoimentos são muito fortes ao mesmo tempo em que são muito naturais, não parece rolar nenhuma manipulação pra parecer mais dramático ou algo assim. a seleção de curtas é muito boa e até descobri alguns assistindo os trechos daqui. provavelmente uma experiência que os diretores nunca vão esquecer e ao mesmo tempo que quem assistiu também não vai. é sempre uma imagem maravilhosa pra mim a de uma pessoa maravilhada ao ver uma grande tela de cinema. é uma coisa que não valorizamos e até subestimamos o seu poder - "o cinema vai morrer com a tv, com o streaming" etc. o cinema é muito poderoso e o brasil também e o cinema brasileiro deveria ser muito mais valorizado e incentivado
Extremos do Prazer
4.1 9já ensaiando a temática do intelectual em exílio (que voltaria em dois córregos (1999)), carlão faz um filme de diversas discussões, antagonizadas por roberto miranda como um personagem reacionário básico, o qual executa muito bem, dispara suas absurdas opiniões com muito orgulho. a temática
homossexual foi inesperada, mas provavelmente muito presente em 1984. adoro a cena que o ricardo apanha do parceiro do luiz
entre as diversas sequências de citações filosóficas, o próprio carlão se insere na dublagem de uma delas, gerando pra mim uma das maiores decisões AUTORAIS do cinema nacional
o filme tem ótimos enquadramentos, numa fase a la garrett do carlão (inclusive garrett é o produtor executivo do filme). o poster é belíssimo também
Essa Pequena é uma Parada
4.0 66 Assista AgoraMUITO divertido, desde a premissa da confusão das bagagens às consequências que elas causam. o ritmo e a estética parecem de um desenho animado, com um monte de perseguições, humor físico e coincidências absurdas. é aquele tipo de roteiro que deixa você pensando AH NÃOOOO e responde com AH SIM!!!!
barbra streisand está muito bem em par com o carismático ryan o'neal, que faz aquele clássico esteriótipo do professor dos anos 70 que se mete numa confusão que fica cada vez maior. o filme permite que tudo seja tão ridículo e improvável que funciona muito bem, uma das melhores comédias que já vi
Possuídas pelo Pecado
3.5 25o título pra variar é bait, explorando muito mais o pecado do que a tal "possessão". o ótimo benjamin cattan assume um raro papel principal em sua filmografia e executa bem demais, sendo um alcoolatra bastante cruel em sua posição de poder, mas que ao mesmo tempo sabe que é cercado por pessoas tão crueis quanto ele, com destaque pra meyre vieira. a atuação de david cardoso não chega a atrapalhar a trama, que ainda envolve a iniciante nicole puzzi. o plot twist funciona e o filme se segura bem até o final, tendo seus momentos icônicos como a sequência da pintura jogada na piscina + PUTANAS, HOJE É DIA DE FESTA. bizarro como garrett lançou esse filme e o ótimo Excitação no mesmo ano de 1976
Noite em Chamas
3.4 11ótimo filme do garrett! cruzando várias histórias interligadas pelo hotel, mostra como um funcionário pode interferir no funcionamento de um todo. a crise de joão com tudo que o hotel representa é muito bem atuada, literalmente mesclando os conflitos internos do funcionário causando conflitos internos no hotel. as histórias são todas muito interessantes, principalmente a da malu dahl e suas gravações de voz. o conflito do amigo PUTA também é ótimo, com destaque pra helena ramos. a participação do carlão é divertida e o espanhol do benjamin cattan é terrivelmente hilário, além do personagem com sotaque americano que entra depois. como é óbvio que a produção nacional da boca não teria verba pra botar fogo num prédio, a premissa do "como vão fazer isso?" causa curiosidade até hoje
o incêndio foi muito bem executado! ao contrário daquela morte da malu
Amor, Palavra Prostituta
3.8 14como de costume, tem momentos muito bem escritos pelo reichenbach. explorando personagens bem esteriotipados, há um contraponto entre o intelectual submisso e o boçal arrogante. o ótimo roberto miranda faz um engravatado babaca enquanto orlando parolini faz um professor com seus diversos problemas de relacionamento, emprego, moradia, etc. tem momentos pesados sobre aborto (inclusive carlão faz uma participação na dublagem, sendo o doutor). infelizmente vi numa qualidade bem baixa, mas parece ter belas cenas visuais
Os Homens que Eu Tive
3.4 13quando li essa sinopse em um filme dirigido por mulher e protagonizado por darlene glória pensei que não teria como eu não amar, mas infelizmente foi um pouco cansativo acompanhar tanta verborragia após a primeira metade. o filme apresenta bem os seus personagens e usa - não sei se propositalmente - a mesma forma de profundidade nos personagens masculinos que o cinema da época usava pras mulheres. a temática é ótima e deve ter sido bastante transgressora, explorando como a submissão causa impacto na vida da mulher. o uso de caetano veloso na trilha é muito bom, usando faixas do álbum transa que tinha acabado de sair. acabei com a sensação de que queria ter gostado mais
A Viúva Virgem
2.8 21um filme muito abaixo de outras comédias contemporâneas. tem um começo criativo e engraçado com a figura do carlos imperial sendo o coronel alexandrão, num enorme contraste com a bela adriana prieto, mas depois da morte o roteiro vira uma bagunça que não é exatamente cômica. insere um monte de planos com o chatíssimo personagem do jardel filho de peruca e claramente exagera nos 100 minutos de duração até um final caótico que não é suficiente pra recuperar o cansaço que o filme causa até ali. as aparições do alexandrão fantasma são engraçadas
Amada amante
3.4 16um filme com charme setentista e bem longe de ser uma pornochanchada. claudio cunha faz um roteiro simples mas bem objetivo em sua crítica: o pai de família da classe média. claro que o filme insere nudez e humor (principalmente com carlos imperial) quase por obrigação da época, mas não deixa de ser um drama. explorando a mudança pro RJ como uma mudança de vida (as roupas, costumes, etc), a ausência do pai em cena é tão forte quanto sua presença indireta nas proibições à todos. tudo gira em torno dele mesmo não estando lá - e por isso o final é impactante e de alguma forma até recompensador, já que tudo desaba em volta dele.
Ainda Agarro Esta Vizinha
2.9 8uma boa comédia que transita entre a ingenuidade e a malícia, muito comum na década de 70. cecil thiré deixa o tatá bastante carismático mesmo com as várias roubadas que se mete no filme e muita coisa só funciona por ele conseguir cativar a ponto de torcer por ele. se tatá pende mais pra malícia, a tereza de adriana prieto é a própria ingenuidade, uma personagem submissa à tia obcecada em procurar um marido rico pra sobrinha. adriana infelizmente faleceu no mesmo ano do lançamento do filme.
a história é uma série de bagunças pensadas pra algumas gags serem executadas, como a cena do sofá sendo erguido ou a icônica cena do SENHOR CARECA. o diálogo publicitário do sabonete é muito bom e o filme também poderia ter explorado mais esse tipo de humor.
cecil por algum motivo me lembrou o estilo de atuação de falabella, mesmo não tendo vínculo nenhum entre os dois. a presença de wilza carla foi interessante pelo roteiro não usar seu corpo só como piada e finalmente mostrando o carisma que ela tem. o mágico de hugo bidet (nao creditado aqui no filmow) também é bastante carismático junto de carlos leite, criando um bom grupo de amigos "outcasts" pro protagonista.
não há muita nudez nem palavrões, fazendo o filme pender mais pra comédia romântica do que pra pornochanchada mais tradicional
O Pecado Mora ao Lado
3.7 421 Assista Agoramesmo com todas as problemáticas de machismo (é um filme de 1955!!!!! pelo amor de deus) é um filme muito bem escrito. os diálogos ágeis do billy wilder (que aqui ainda ganham uma certa metalinguagem) exigem muito timing cômico dos atores, inclusive da marilyn monroe como "ingênua", e funcionam muito bem, passeando entre diálogos absurdos (o filho bem pequeno nem conta!!!!), humor físico e passea até pelo humor pastelão, desde a criação dos personagens ao modo de lidar com as situações.
a direção claramente não filma sherman com admiração e inclusive é bem debochada com o personagem, um homem completamente igual aos outros daquele período, sem nenhuma maior qualidade ou defeito. é uma história bem amarrada do começo ao fim (mesmo que se enrole um pouco pra desenvolver o seu final levemente frustrante) e com bastante charme nas cenas com marilyn, que nessa personagem que não recebe nem nome cria sua imagem mais marcante como sex symbol do cinema.
Guerra Conjugal
3.4 14brinca com a estrutura de comédia popular das pornochanchadas e transforma os episódios em crônicas. mesmo sendo um pouco irregular no ritmo, tem um ótimo texto que é muitas vezes potencializado pelo personagem de lima duarte, responsável pelas melhores cenas do filme - a cena com o carlos kroeber é ótima (inclusive ele não está creditado no elenco aqui no filmow). os diálogos rápidos e absurdos combinam demais com a sua atuação e o seu jeito de agir e se expressar. a crônica dos idosos tinha potencial cômico e dramático mas não soube explorar muito bem nem um nem outro, mesmo com a boa atuação do jofre soares.
tem uma direção muito bem feita, mesmo que bastante singular na filmografia do joaquim mas no geral dá uma sensação de que tudo poderia ter sido melhor aproveitado por conta da boa ideia inicial, ótimo diretor e ótimo elenco
Absolutamente Certo
3.7 16o primeiro filme de anselmo duarte na direção tem um contexto histórico importantíssimo: as chanchadas (que o consagraram como galã) estavam perdendo a popularidade pro cinema novo, que explorava uma brasilidade completamente contrária às chanchadas americanizadas. anselmo consegue juntar a comédia, o musical e o ritmo da chanchada ao mesmo tempo que explora também certa crítica social de contexto popular, familiar e sobretudo, brasileiro. a televisão, tema chave da história, era também uma novidade no momento, considerando que o primeiro canal de tv do brasil foi inaugurado apenas 7 anos antes do filme.
mesmo sem tanto peso, o filme denuncia os esquemas de apostas numa história quase heróica de bom moço x vilões, que obviamente teria um final feliz. mas a previsibilidade não é exatamente um problema e funciona pra deixar o roteiro do filme bem consolidado, criando o universo de zé do lino e fazendo com que a gente torça por ele. anselmo faz uma atuação honesta e odete lara tem grande destaque, antes ainda de ser A odete lara. a personagem da dercy é bem irritante e muitas vezes fora de tom com o filme, mas ao mesmo tempo não soube dizer se foi uma escolha de roteiro ou se é só uma questão pessoal com esse tipo de humor.
anselmo soube usar do programa pra encaixar os números musicais da chanchada e apresenta em um deles o ótimo trio irakitan. pelo contexto, os números ficam como parte do programa e não como cenas musicais gratuitas, uma escolha muito inteligente.
um bom sem grandes destaques mas que ainda funciona muito bem pela boa história que propõe. uma boa escolha pra apresentar essa fase do cinema pra quem desconhece
Como Agarrar Um Milionário
3.7 162típica comédia anos 50, parece que havia uma tentativa de inserir marilyn em grupos de protagonismo - no mesmo ano de 1953 ela fazia dupla com jane russell em gentlemen prefer blondes e aqui ela faz parte de um trio. além disso, há certa semelhança na abordagem da marilyn como personagem, um mix de ingenuidade com esperteza. o trio, claro, se completa em suas personalidades e é muito carismático na abordagem disso, mesmo com as intenções duvidosas de cada uma. lauren bacall rouba a cena em muitos momentos, fazendo a mais madura delas.
a direção de jean negulesco é muito charmosa e o roteiro tem um bom timing cômico, que sabe explorar duplos sentidos, trocadilhos e humor físico, algo que billy wilder usaria com a própria marilyn em seven year itch anos depois, se tornando um mestre desse tipo de filme.
tem muito glamour, charme e elegância, além de bom humor e certa ingenuidade, como de costume nos 50s
O Gosto do Pecado
3.0 9bem novelesco, o filme acompanha jardel mello num ótimo personagem. sua atuação sóbria funciona muito pra jornada do julio garcia, que vive numa gangorra de emoções que nunca são expostas aos outros personagens - vide a cena do john herbert rezando antes do jantar que o jardel consegue dizer um milhão de coisas só com o olhar, até cortar pra ele xingando sozinho dentro de um carro. o filme aposta em várias reviravoltas e trocas de casais e se torna um melodrama bem consistente na proposta, com o cunha sem medo de explorar vários clichês dramáticos. cunha, aliás, tem uma equipe ótima com ele: carlos reichenbach, jean garrett, jairo ferreira, além dos já consolidados atores john herbert, malu dahl e o próprio jardel
Metal Lords
3.5 309 Assista Agorafilme despretensioso e bem sessão da tarde numa temática bem interessante de heavy metal, numa visão de mundo adolescente para um público adolescente. é uma espécie de nova geração do escola do rock (2003) - na abordagem do filme em ensinar lições de vida e apresentar bandas pro público - e espero que sirva pra muita gente se interessar pelo gênero, assim como escola de rock fez comigo na adolescência. não tem muito o que analisar seriamente, já que o próprio filme não se leva tão a sério assim
Pleasure
3.4 113 Assista Agoraesse parece ser o filme da vida da ninja thyberg, que já tinha estudado a mesma história num curta metragem antes de fazer desse o seu primeiro filme. o que é bem irônico já que com o que parecia tanto preparo ainda gerou um filme com problemas complicados na sua temática.
o filme opta por ser explícito e acaba caindo no eterno ponto da exploitation: estou deixando claro que é uma exposição negativa ou no fim ainda serve pra alimentar o problema que eu estou tentando expor? e por usar sexo explícito + estética pornográfica o filme acaba produzindo sua própria pornografia da atriz - ou seja, gera conteúdo pornográfico de fetiche pra quem consome pornografia, uma eterna contradição na escolha de muitas cenas. apesar disso, a sensação de intimidação e desconforto é bem passada pela ótima sofia kappel, também em seu primeiro filme (!!!)
a atriz, claro, não tem culpa de outro problema grave: a motivação da bella é completamente vazia, do começo ao fim. é tão vazia que o próprio roteiro coloca outras personagens para questionar e ela não sabe responder, assim como o próprio filme não sabe. e nessa a gente acompanha uma jornada que não sabe bem como acompanhar: não vou torcer pra ela ficar grande na indústria - já que a indústria é colocada como problemática desde o início, indo na contramão de filmes de crime, por exemplo, que apresentam um início muito glamouroso e válido - mas ao mesmo tempo ela não parece querer sair da indústria e tenta cada vez mais se inserir nela - devo torcer contra a protagonista? mas se eu torcer contra eu vou estar também fazendo com que ela se dê mal na indústria? enfim, a indústria sempre ganha?
aprofundando nisso, ficou pior ainda quando vi após o filme que muitos atores da indústria pornográfica participam do filme, o que não faz sentido nenhum se considerar a suposta proposta de denúncia que o filme faria. quando o filme produz cena explícita, insere atores do meio e tenta emplacar uma jornada crescente da bella ele acaba denunciando o que?
nada.
o filme fica em cima do muro numa temática delicada, mesmo apresentando diversos contras e nenhum pró por 109 minutos. a problemática argumentativa do "você que quis fazer isso" que é usada várias vezes contra a protagonista, parece ser um consenso no próprio roteiro, já que aparentemente ela poderia sair da indústria a qualquer momento. tem uma escolha estética e temática interessantíssima, ainda mais com direção feminina, mas é tão problemático na abordagem que acaba sendo decepcionante e até contraditório, já que ainda por cima serviu pra exibir várias imagens explícitas da estreante sofia kappel.
Os Homens Preferem as Loiras
3.9 364 Assista Agoraa escolha da dupla monroe/russell não poderia ser melhor: monroe usa uma falsa ingenuidade que explora sua beleza e russell usa sua inteligência pra ironizar as situações. no estilão das comédias anos 50, a dupla é muito potencializada pelos rápidos diálogos cômicos, além das exageradas situações criarem muito espaço pros números musicais. o filme é espetaculoso com muito glamour e charme não só na temática, mas nos figurinos, no estilo musical e também no uso belíssimo da fotografia technicolor, com destaque ao uso de cores dos rosas e vermelhos muito saturados
À Meia Luz
4.1 96 Assista Agorao filme que gerou o termo. não se apresenta exatamente como um suspense mas a crescente presença do sutil gregory anton (em ótima atuação do charles boyer) vai definindo todos os caminhos do filme, desde as pequenas ações até as ações maiores pro final. em contraponto ao boyer, ingrid bergman usa a sutileza pra fragilizar a sua personagem e sabe explorar a dúvida de sua sanidade. o design de produção é maravilhoso, cria um universo do século 19 de maneira genuína sem entrar em facilitações. falando em facilitações, o terço final infelizmente parece ter sido um pouco corrido e tira a sutileza dos personagens que vinha até ali, transformando o gregory em um vilão total e paula numa busca de vingança, acompanhada do policial que parece ter se dedicado até demais pela solução, se for analisar o contexto. de qualquer forma um ótimo filme de suspense dramático, com uma visão muito interessante sobre manipulação pra 1944
A Praga
3.4 13visto na sexta feira 13 da reabertura da cinemateca. uma experiência inesquecível por tudo que carregava na data, na reabertura, num retorno do mojica, na recuperação do filme perdido e em ver um material inédito. o filme tem o visual bastante prejudicado pelo baixo orçamento mas em compensação os efeitos visuais do final são incríveis, inclusive dá pra dizer que foram até potencializados pela filmagem de menos qualidade. a construção da história segue bem o manual de historinhas de terror, um pouco menos imprevisível do que os grandes filmes do mojica, mas ainda assim gera curiosidade pra ver o encerramento. mojica é genial
Golias Contra o Homem das Bolinhas
3.2 15 Assista Agoravictor lima é subestimadíssimo, tanto como diretor, tanto como roteirista. nesse filme de 1969 - pós chanchada e pré pornochanchada - ele consegue fazer um retrato de época interessantíssimo: as visões da cidade de são paulo em transformação pelas milhares de obras. a cidade que entrava de vez no modernismo (vale lembrar que muito da iconicidade de sp começou ali, o copan é de 66, o edifício italia de 65) e a filmagem não parece ter uma opinião sobre isso, ao mesmo tempo que admira, também mostra seus problemas. essa mesma visão passa pro personagem do otello zeloni, que vive a cidade intensamente nos restaurantes de calçada e os cinemas de rua ao mesmo tempo que reclama das obras na faria lima. como de costume, victor lima pega um personagem extremamente comum e o insere numa situação cada vez mais absurda, passeando entre a comédia e o suspense (e a graça do próprio suspense). golias é quase uma participação especial e provavelmente o nome no título foi mais uma ação de marketing (e ainda bem, pra variar o humor dele não combina com o humor do filme)
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista Agorasempre tive um pé atrás com o bergman porque geralmente os fãs do cinema dele são as pessoas mais pretensiosas possíveis, mas dei uma chance ao persona e fui surpreendido positivamente
é um filme que não perde o bom ritmo, mesmo que seja contemplativo em muitos momentos - não tem aquela mania atual dos filmes contemplativos com meia hora de NADA na tela. esse bom ritmo me fisgou rapidamente na história que é muito bem escrita explorando a dualidade e a psicologia. o filme tem várias interpretações do que a "persona" do título pode representar (são a mesma pessoa? a alma é uma criação da vogler?) e achei muito melhor a escolha de dar mais aberturas do que explicações. a edição é muito boa e sabe explorar esse onirismo presente no filme, com toques até bastante experimentais pra esse tipo de cinema. filme pra rever diversas vezes
O Fantasma da Ópera
3.9 82 Assista Agoracompletamente numa vibe expressionista, o filme explora as perspectivas e planos abertos enormes do teatro e os subsolos escuros. tanto a máscara como a maquiagem de lon chaney são muito bem feitas e devem ter sido bem assustadoras na época, sendo muito valorizada pela icônica cena da revelação do rosto. mesmo assim, o envolvimento romântico não me convenceu e a atriz principal me deu uma sensação de deslocamento com os outros atores, sendo muito mais expressiva e teatral do que o resto do elenco - o que infelizmente acabou fazendo com que eu não me convencesse de torcer por ela na história. a aparição no baile com a máscara de caveira e a queda do lustre são cenas muito marcantes e muitas produções posteriores com certeza usaram de referência. a imagem que eu tinha do fantasma era a dos remakes mais recentes em que ele é mais charmoso, ao contrário do fantasma de lon chaney que é mais monstruoso
Wood & Stock - Sexo, Orégano e Rock'n'Roll
3.6 173 Assista Agoramuito divertido em sua temática, mas a animação ainda não foi a melhor forma pra explorar o universo do angeli considerando o que seria feito depois em stop motion. tem momentos muito engraçados dos contrastes da família hippie e rê bordosa dublada por rita lee é um show a parte. a trilha cheia de júpiter maçã é ótima e a aparição de um raulzito com voz de tom zé foi bem inesperada. ainda assim, o roteiro não consegue se aprofundar muito e parece enrolar um pouco a história pra chegar nos curtos 81 minutos, perdendo um pouco o ritmo do começo e por algum motivo, sendo meio corrido no final
Cine Mambembe - O Cinema Descobre o Brasil
4.0 7um documento lindo de como o brasil é enorme e a gente não percebe. os depoimentos são muito fortes ao mesmo tempo em que são muito naturais, não parece rolar nenhuma manipulação pra parecer mais dramático ou algo assim. a seleção de curtas é muito boa e até descobri alguns assistindo os trechos daqui. provavelmente uma experiência que os diretores nunca vão esquecer e ao mesmo tempo que quem assistiu também não vai. é sempre uma imagem maravilhosa pra mim a de uma pessoa maravilhada ao ver uma grande tela de cinema. é uma coisa que não valorizamos e até subestimamos o seu poder - "o cinema vai morrer com a tv, com o streaming" etc. o cinema é muito poderoso e o brasil também e o cinema brasileiro deveria ser muito mais valorizado e incentivado
(off: a laís tava muito bonita