um filme de muylaert mais próximo de durval discos do que de que horas ela volta. digo isso porque segue uma mesma estrutura da história de gente comum com paixão por música, além da divisão lado a e lado b (em que o b é completamente maluco) se em durval discos teve rita lee em um breve papel, aqui paulo miklos faz dupla com gloria pires no protagonismo - gloria embora um pouco artificial em algumas falas, vai muito melhor que paulo miklos, um pouco travado a história leva um tempo pra engatar e indicar pra onde realmente vai, mas quando VAI é completamente justificável - as situações só fazem sentido se você criasse apego pelos personagens e pelas histórias de cada um. um pouco mais controlado na maluquice (infelizmente) do que durval discos, mas ainda sim um ato surpreendente pro filme o ato de fumar em si não é um graaaande ponto da história pra ter nomeado o filme, mas as situações relacionadas ao parar de fumar geraram uns momentos engraçados. a participação do pereio é ótima!! além dele, a pitty aparece no começo e os abujamras em certo ponto do filme - andré é marido da diretora. marisa orth gera a cena impagável do 1 METRO E 76!!!!! é um bom filme pra passar o tempo. curto, sem grandes profundidades e com bom equilíbrio de tom
sou apaixonado pelo eu te amo (1981) e é inegável como o jabor o usou como fórmula pra fazer eu sei que vou te amar. começando pelo nome, o uso de cena de TV na abertura, o casal num apartamento... é como se fosse o jabor revisitando seu filme anterior de forma menos profundo e até um pouco mais jovem. dito isto, como filme individual vai dizer tudo pra algumas pessoas e nada pra outras. o filme não tem medo nem vergonha de ser extremamente poético e metafórico, flutuando em várias fases do relacionamento entre as duas pessoas. consegue captar completamente a atmosfera de amor, afeto e consideração entre duas pessoas que simplesmente não conseguem mais ficar bem quando estão juntas. os relatos de como eles se sentiram bem fazendo coisas (terríveis) pra si mesmos é muito realista. o ponto do relacionamento em que individual se torna tão reprimido que qualquer ação por si é enorme e memorável. a referência do povo/polvo no final é até engraçada mas encerrar um drama com um trocadilho literal é meio furada, ainda mais pra quem não pegar a referência. fernanda torres é uma atriz espetacular. amo o humor dela mas o realismo que ela consegue dar no drama é incrível. não conhecia o thales pan chacon, por essa atuação parece que tinha muito potencial na carreira
chato. várias histórias que focaram tanto em retratar o "povo real" que não construiram motivo pra acompanhar nenhum dos personagens, que esqueceram que não são reais. parece que quando o dunga de matheus nachtergaele fala sobre "ser a única pessoa normal" ele tá falando de ser o único personagem com o mínimo de desenvolvimento. a personagem da dira paes era bem interessante mas ficou caricata e pouco explorada, como todos os outros que nem interessante eram. a cena de abertura com a kika é ótima, mas acho que foi a única coisa que eu gostei no filme. sacrifício animal pra chocar e mostrar como o filme é "cru" é uma babaquice indescritível. depois disso só piorou, já que as histórias ficavam cada vez mais enfadonhas. a vida real continua se você parar de ver e essa era a sensação no meio do filme - as vezes a gente olha, mas ninguém fica olhando a vida dos outros pela janela por 101 minutos
anna muylaert é um espetáculo. a inserção do espectador no universo dessa família é como a dos empregados: você vê e ouve mas você não existe pra eles. isso é crucial pra sentir as intimidações causadas por bárbara e carlos e suas maneiras passivo agressivas de expressar. karine telles vai sempre muito bem em qualquer papel que se propõe e lourenço mutarelli pra mim é quase uma marca registrada de filme da muylaert (é proibido fumar, e além de tudo, chamada a cobrar) acho que é a segunda vez que vejo regina casé em um drama e nos dois ela apresenta um mesmo problema aqui: uma compulsão humorística facial que muitas vezes tira o tom de cenas sérias. quando se leva a sério, entrega uma personagem muito importante, ainda mais no cinema nacional que sempre esteriotipou empregadas nas pornochanchadas. a jéssica da camila márdila é muito boa, as falas são genuinamente jovens e o jeito de falar e se expressar da atriz também convencem (geralmente cismo com atuação de adolescente pelo jeitão meio artificial de falar). a quebra de "regras" por geração é muito bem explorada. a inserção da cidade é muito bem feita pela diretora, sempre sabendo como filmar, aproveitar e citar locais de são paulo nos seus filmes. a inserção da arquitetura foi uma ótima sacada pras questões do filme é um filme que merece todo o reconhecimento que tem mas não achei o final memorável. pra mim vai estar naqueles filmes que vem a cabeça pelas cenas do meio pro fim (a cena da piscina, a cena do copan, o sorvete do fabinho!!! e coisas assim)
sempre via esse poster como sugestão do filmow e tinha interesse em ver simplesmente pela dupla milhem cortaz & leandra leal, mas não sabia nada da história. ainda sem saber nada eu dei play no filme e acho que é a melhor experiência que se pode ter com ele: o ar de mistério e violência está presente desde o primeiro minuto e o roteiro te fisga muito fácil. o elenco é fenomenal, quem dera que todo filme nacional tivesse uma atriz no nível de karine telles numa personagem secundária. adoro o paulo tiefenthaler que sempre faz ele mesmo (a sorte é que ele mesmo já é um puta personagem). a cena final é muito boa e choca pela ação, mas a criação de tensão nas cenas com a sylvia foi absurdamente bem feita, não dava pra saber o que esperar da rosa e a direção aproveitou isso muito bem. espetáculo da leandra leal em dar tantas caras à rosa. milhem cortaz consegue passar muito bem a dualidade que o bernardo precisava, uma linha tênue entre o carismático e o desprezível é curioso saber que a história original é de 1960 e que o filme não tentou ser explicitamente "de época" ao mesmo tempo que não usa tecnologias ou tenta atualizá-lo. uma ótima sacada, inclusive
é uma boa história com um bom plot twist mas a construção de personagens não me pegou. não liguei pra absolutamente ninguém, não torci contra nem a favor e sinceramente só ficava esperando a próxima morte, que são muito criativas essa linha de todo mundo parecer suspeito é divertida mas dá um ar meio novelão. a cena da banheira é belíssima e o uso de vermelho saturado é muito bom
john waters não perde o tom desse filme em nenhum momento. um filme muito conciso na sua proposta: uma sátira à família tradicional americana. o filme tem diversas piadas ácidas bem inseridas no roteiro que não possuem exatamente punchlines - são engraçadas pelo contexto ou pelo visual. a kathleen turner tá muito bem e convence como mãe de família e como assassina. o restante do elenco não compromete (destaque no matthew lillard antes de ser o salsicha!!) tem vários cartazes e trechos de filme de terror, inclusive me fez marcar macabro 1958 no Quero Ver muito divertido sem se levar tão a sério. os trechos do começo e do final tentando dar um ar de realismo são criativos
uma das melhores filmes que vi do brian de palma e bizarro como nunca tinha ouvido falar dele. seguindo aquela onda ópera rock dos anos 70 (o queen II saiu em 1973, ziggy stardust em 1972) o filme não é menos grandioso: busca origens no poema trágico de fausto e o leva pra década do rock n roll. o filme consegue transmitir a grandeza e o glamour muito bem. a fotografia contrastada e saturada valoriza a (ótima) maquiagem e figurino do winslow, além das apresentações musicais e cenários grandiosos - provavelmente inspirou muito o rocky horror, que saiu 1 ano depois. o filme é lotado de referências e como é um filme do de palma é óbvio que tem hitchcock aqui. além disso, transita (e muito bem) em diversos gêneros e seus exageros. o filme permite que haja o humor absurdo dos 70s, as ficções científicas b dos anos 50/60, fantasma da ópera, dorian gray e até um pouco de filme trash. a atuação do paul williams (que é muito mais músico do que ator, inclusive é autor de toda a trilha) não compromete e william finley tem muito espaço para seus exageros faciais - o de palma adora, já que dos 14 filmes do finley aqui, 9 são do de palma. foi divertido ver a jessica harper antes de suspiria e ainda cantando, inesperado.
certamente um filme romântico! terrivelmente traduzido aqui na época como O MARICAS, lloyd já mostra que o autor que ensina algo que nem sabe fazer já vem bem antes da internet. a cena correndo contra o tempo e dirigindo TODOS as formas de locomoção é impressionante, mostrando muita ação física num filme de comédia romântica. o começo com avanços no tempo é bem moderno e funciona até hoje
um alfred ainda se tornando hitchcock, com muitas influências do expressionismo alemão - o auge do cinema de horror naquele momento. faz interessante uso das cartelas de diálogo e de luminosos ou jornais com notícias, já indicando como o diretor se adaptaria bem ao filme falado. o roteiro tenta alguma ousadia com diversas cenas sugestivas e
de qualquer forma há ótimo uso dos olhares e de luz/sombra, novamente numa amostra de expressionismo alemão. não chega nem perto da construção de suspense e manipulação que hitchcock seria mestre anos depois, mas funciona como o principal estudo pra chegar lá.
(ps: esse poster da criterion (que tá atualmente como principal) é maravilhoso e usa muitos elementos do filme de forma minimalista, gosto demais)
se não for o primeiro é um dos primeiros a abordar essa temática americana de ir pra faculdade e o "tentar ser popular". começa um pouco menos físico (como é de costume do harold lloyd) e tem muitas piadas de desencontros e sequência de erros (as com o diretor da faculdade são ótimas). pro final o humor físico vai aparecendo mais e são as melhores cenas do filme: o treino do time, o baile com o smoking aos pedaços e, lógico, a grande cena final do futebol americano. tem vários clichês comuns até hoje nos filmes mais americans e é um dos mais engraçados do harold lloyd, não só por impressionar (como no safety last) mas pelas gags bem escritas. 1925 parece ter sido o ano em que lloyd esteve em mais igualdade com chaplin (gold rush, mesmo ano) e keaton (seven chances, mesmo ano)
é pleonasmo elogiar a edição do eisenstein mas é inevitável. fica ainda mais absurdo se comparar o ritmo com outros filmes da mesma época (o gold rush do chaplin é do mesmo ano). os closes em expressões e as cenas de trás pra frente são muito bem executadas - aquela cena da poça é uma das melhores que já vi na vida, aquelas que você fala CINEMA a separação e categorização da narrativa foi uma boa ideia, andou no mesmo ritmo da edição e fez o filme ficar de alguma forma mais "didático" pra qualquer pessoa (considerando como filme de propaganda, é ótimo). os chefes são um pouco caricatos em comparação às outras pessoas, mas provavelmente de forma proposital.
a cena explícita de sacrifício animal é realmente muito pesada, ainda mais pela crueza que é filmada, mas não dá pra considerar a visão atual sobre isso.
preciso rever, mas achei mais fácil de "entrar" nele do que no encouraçado potemkin
um filme muito bem executado por todos os envolvidos. a sacada da fotografia ser de cinema anos 30 é ótima, principalmente pelo tom da atuação da dupla principal. o moses do ryan o'neal consegue manter o ar dos astros do cinema clássico, um durão com certa inocência. essa inocência é ótima pra não destoar da addie - e inclusive potencializar, tanto que levou o oscar. a aventura como dupla na venda de bíblias é tão interessante que dá vontade de querer ver mais até do que o filme mostra.
a questão paterna também não ser revelada é ótima no mesmo ponto. os filmes atualmente tem uma onda explicativa e de entender 100% do filme. a subjetividade aqui enriquece muito mais a história
o meio do filme acaba pesando um pouco no ritmo, muito pela entrada da trixie delight. a "aventura" seguinte é ótima até pra justificar a época - no caso a época da grande depressão e o pós lei seca - e tem um ótimo peso dramático que o filme não só permite como também sustenta. o final é um pouco previsível mas até é desejável que seja, sinceramente. a conclusão e as "não respostas" são bem equilibradas: a jornada futura fica interessante pra imaginar, as perguntas abertas são interessantes para se imaginar as possibilidades e o antes e depois dos personagens são interessantes de acompanhar
a estrutura de rivalidade familiar funciona pra segurar o filme, que não é um dos mais inventivos do buster. a cena conhecendo a virginia e do desenrolar da paixão dos dois é bem inocente e o equilíbrio do humor sabe manter essa inocência, mas que não é das melhores técnicas do buster (o chaplin fazia isso muito melhor......) felizmente há uma impressionante cena no rio (que talvez seja a mais conhecida desse filme) que tem o melhor do humor físico do buster. é impressionante pela força física, pela força da correnteza e até pela forma de como filmaram tantos ângulos em uma correnteza.
é divertido reparar no elenco e ver que tem vários keatons
um dos melhores que vi do buster keaton de equilíbrio do seu estilo: as gags impressionantes com humor físico. as perseguições das noivas é absurdamente impressionante pelo número de figurantes e a sequência das rochas na montanha é ainda mais. são cenas físicas, engraçadas e bonitas (!) na sua forma. o roteiro é uma desculpa pra tudo isso acontecer, então não exige que se leve muito a sério. infelizmente tem algumas piadas racistas (e pra quem assiste comédia muda tem até um certo "costume" com isso), mas foi a primeira vez que vi num filme do buster keaton. nesse ponto foi um choque decepcionante felizmente o filme (e a filmografia) do keaton não se resume a esse tipo de humor e o que se leva do filme são as impressionantes cenas do final do filme com o certo charme romântico & fofo da história
deve ter sido o primeiro (ou um dos) a tratar do assunto de zumbis no cinema, mas é de uma forma meio distante da imagem que se popularizou futuramente. o bela lugosi (que tinha feito dracula 1 ano antes) não apresenta muita diferença do que se sabe dele: a atuação com os olhos, a atmosfera sombria porém misteriosa do personagem... dá uma sensação de ver o drácula fantasiado??? não dá pra levar muito a sério. as representações do haiti são obviamente problemáticas e o roteiro é uma baguncinha imemorável. conseguiu ser lento mesmo tendo 70 minutos. a fotografia é bem bonita e foi uma boa estreia do victor halperin no cinema, que se aposentou 10 anos depois
dá pra usar esse filme como um grande exemplo de bagunça na direção. o elenco é completamente competente pra um filme de comédia (e até a premissa do filme) mas a direção optou por mirar num lado dramático que simplesmente NÃO funciona. o filme se leva a sério demais e faz todos os atores (e diálogos) parecerem piores do que são justamente por serem falados por eles. a cena da briga absurdamente longa e gratuita me lembrou they live (1989)
um dos melhores de 2021. consegue criar uma história atual (usando como parte importante do roteiro muitos elementos atuais: celular, aplicativos, termos de internet, etc) mas que não fica datada, além do contraponto com a tradição familiar judia da personagem principal. o filme sabe criar o desconforto e sabe como rapidamente criar empatia com a danielle na situação (pelo menos pra mim) muito pelo ótimo uso de câmera: as pessoas te encaram e as situações te confrontam inesperadamente, assim como pra ela. todas as problemáticas da personagem se cruzam (e com todo motivo, não de um jeito forçado) principalmente porque todas foram má resolvidas por ela, permitindo que o roteiro crie variações nesses cruzamentos até o encerramento bonitinho. um filme moderno, relatable, jovem mas que sabe como não se deixar ficar datado. me lembrou a ótima atmosfera engraçada e desconfortável do carnage (2012, p*lanski)
quem tá comentando "era só ela não ir" "ela nao tem pq sentir ciume" "era só ela ir embora" é inimigo do cinema. se nada acontecesse nao tinha filme porraaaaaaaaaaaaa
é engraçado como a técnica cinematográfica do jean garrett muda drasticamente dos anos 70 pros 80. nesse filme mais noturno e até mais pessimista, a profundidade de paulo no filme nunca atinge a profundidade que ele supostamente deveria passar (pelas atitudes e falas). paulo é antipático e tem uma motivação um pouco rasa, tanto que é facilmente atingido por qualquer ação da rejane. rejane, por outro lado, convence na sua linha entre rica mimada e jovem rebelde, mas parece superficial em relação ao tratamento feminino de outras obras do diretor. as cenas de sexo (são várias) são completamente burocráticas: longas e sem razão pra isso, simplesmente pela obrigação de época na boca do lixo - é compreensível, mas novamente: não se via isso nas outras obras do diretor. gosto da despedida e das cenas do casal na rádio, estranhamente pouco aproveitadas num filme com um radialista. o filme tenta se aprofundar no casal mas não faz isso bem, ainda tirando espaço de alguma aprofundação do casal como indivíduos. o final, apesar das várias voltas do roteiro, é bem feito e interessante.
ps: muito do certo "desleixo" da direção aqui é porque A Noite do Amor Eterno foi realizado e lançado pelo garrett também no mesmo ano de 1982
como era de costume na boca do lixo, o título do filme surfa em qualquer coisa polêmica que estivesse em alta. aqui no caso são os SNUFF que, claro, teve um "vítimas do prazer" acrescentado pra dar algum tom erótico. bingo de boca do lixo a história e a premissa são bem interessantes. cláudio cunha é criativo na direção e o roteiro cria bem seus personagens e principalmente suas funções na história. o problema é o rumo que a história segue do meio pro final: a premissa cria - e bem - a tensão pro momento da
morte real, mas enrola e vai se distanciando, ao mesmo tempo que se distancia dos próprios personagens: os gringos deixam de fingir do nada, ninguém nota as reações exageradas do bob para as cenas de morte, além do romance desesperado. o final acaba indo pra uma direção bem oposta do que o filme promete
filmes sobre filmes geralmente mostram críticas dos realizadores e aqui tem duas bem pontuais: o produtor questionando se entrariam no filme se ele não fosse gringo e vereza desconfiando do filme simplesmente por não ter cena de sexo
presunçoso. não impressiona, não avança, não insere o espectador na história. todos os diálogos são explicações de alguma coisa dos planetas e todos os diálogos só servem pra dar prosseguimento (a cena da nave é o "melhor" exemplo disso, todas as falas são perguntas pra serem respondidas pela liet kynes, parece apresentação de trabalho). o visual e criação de universo foram revolucionários, mas no contexto de 2021 não apresenta nada que não tenha acontecido em um star wars da vida. o filme é relativamente longo e optou por ter um ritmo lento (o que não é exatamente um problema, amo o jeito que scorsese faz isso, por exemplo) mas se perde na lentidão e fica simplesmente massante - o villeneuve fez a mesma coisa no seu interminável blade runner (2049 é a quantidade de horas do filme). o filme dura mais do que parece e não traz nenhuma recompensa, apostando na sequência - que obviamente seria confirmada. talvez no futuro esse filme fique mais popular quando for possível assistir a história completa, mas como filme único simplesmente não rolou
jean garrett é certamente um dos diretores mais subestimados do cinema nacional, correndo por fora até no meio da própria boca do lixo: simplesmente não dá pra esperar que um filme chamado Excitação com roteiro do onipresente ody fraga seja um ÓTIMO suspense. um filme que constrói sua história e a ligação entre personagens muito bem, dando profundidade do passado de cada um e indiretamente tratando de algumas temáticas sobre controle, machismo, casamento, etc. o meio da boca do lixo (e do próprio cinema dos 70s) obriga o filme a inserir algumas cenas mais sensuais, mas até que não ficam tão fora de contexto. o ritmo é propositalmente lento para criar a atmosfera sufocante da helena e suas "alucinações" e o diretor recompensa o espectador com um ÓTIMO encerramento, elétrico, explosivo e alucinante (lembra o que tarantino fez no once upon a time in hollywood, guardadas as devidas proporções) a direção cria ótimos enquadramentos, característicos do jean garrett. a cena da forca no começo, o espelho atrás da cabeça de helena... além disso há alguns efeitos datados mas que funcionam pra quem estiver acostumado. sem dúvidas é um dos melhores suspenses nacionais
o jeffrey wright faz um basquiat simpático e meio irresponsável com a sua vida no geral. o filme soube abordar como o basquiat sempre esteve "por ali" e só foi levado a sério após o andy warhol - numa atuação bem caricata do bowie - descobrir seu trabalho. o momento da descoberta com a fama acabou sendo muito "fácil" mas provavelmente teve essa velocidade pela relevância do andy warhol na época. as relações entre os dois (que é muito profunda) acaba ficando rasa, como quase tudo que o filme optou mostrar da vida e da carreira do artista. não conseguiu mostrar o tamanho do trabalho nem da vida do basquiat, mas não é exatamente um filme ruim
esse filme sempre esteve naquela categoria de "vi mas não vi" (filmes que geralmente estavam pela tv e você já viu vários pedaços). resolvi assistir sabendo daquela clássica cena da casa mas esperava mais cenas desse trash proposital que o filme propõe ali. acaba sendo um ponto isolado. o filme tem uma questão filosófica do envelhecer e se tornar imortal e acaba terminando até com uma certa lição de moral, mas sem deixar de ser engraçado. algumas sacadas no texto são ótimas, inclusive aquela cena do jim morrison aparecendo e o bruce willis respondendo OH YEAH. tem uma aparição do sydney pollack como médico e que sempre me fez achar que o filme era dirigido por ele
É Proibido Fumar
3.1 256um filme de muylaert mais próximo de durval discos do que de que horas ela volta. digo isso porque segue uma mesma estrutura da história de gente comum com paixão por música, além da divisão lado a e lado b (em que o b é completamente maluco)
se em durval discos teve rita lee em um breve papel, aqui paulo miklos faz dupla com gloria pires no protagonismo - gloria embora um pouco artificial em algumas falas, vai muito melhor que paulo miklos, um pouco travado
a história leva um tempo pra engatar e indicar pra onde realmente vai, mas quando VAI é completamente justificável - as situações só fazem sentido se você criasse apego pelos personagens e pelas histórias de cada um. um pouco mais controlado na maluquice (infelizmente) do que durval discos, mas ainda sim um ato surpreendente pro filme
o ato de fumar em si não é um graaaande ponto da história pra ter nomeado o filme, mas as situações relacionadas ao parar de fumar geraram uns momentos engraçados.
a participação do pereio é ótima!! além dele, a pitty aparece no começo e os abujamras em certo ponto do filme - andré é marido da diretora. marisa orth gera a cena impagável do 1 METRO E 76!!!!!
é um bom filme pra passar o tempo. curto, sem grandes profundidades e com bom equilíbrio de tom
Eu Sei Que Vou Te Amar
3.6 140sou apaixonado pelo eu te amo (1981) e é inegável como o jabor o usou como fórmula pra fazer eu sei que vou te amar. começando pelo nome, o uso de cena de TV na abertura, o casal num apartamento... é como se fosse o jabor revisitando seu filme anterior de forma menos profundo e até um pouco mais jovem. dito isto, como filme individual vai dizer tudo pra algumas pessoas e nada pra outras. o filme não tem medo nem vergonha de ser extremamente poético e metafórico, flutuando em várias fases do relacionamento entre as duas pessoas. consegue captar completamente a atmosfera de amor, afeto e consideração entre duas pessoas que simplesmente não conseguem mais ficar bem quando estão juntas. os relatos de como eles se sentiram bem fazendo coisas (terríveis) pra si mesmos é muito realista. o ponto do relacionamento em que individual se torna tão reprimido que qualquer ação por si é enorme e memorável.
a referência do povo/polvo no final é até engraçada mas encerrar um drama com um trocadilho literal é meio furada, ainda mais pra quem não pegar a referência.
fernanda torres é uma atriz espetacular. amo o humor dela mas o realismo que ela consegue dar no drama é incrível. não conhecia o thales pan chacon, por essa atuação parece que tinha muito potencial na carreira
Amarelo Manga
3.8 543 Assista Agorachato. várias histórias que focaram tanto em retratar o "povo real" que não construiram motivo pra acompanhar nenhum dos personagens, que esqueceram que não são reais. parece que quando o dunga de matheus nachtergaele fala sobre "ser a única pessoa normal" ele tá falando de ser o único personagem com o mínimo de desenvolvimento. a personagem da dira paes era bem interessante mas ficou caricata e pouco explorada, como todos os outros que nem interessante eram. a cena de abertura com a kika é ótima, mas acho que foi a única coisa que eu gostei no filme. sacrifício animal pra chocar e mostrar como o filme é "cru" é uma babaquice indescritível. depois disso só piorou, já que as histórias ficavam cada vez mais enfadonhas. a vida real continua se você parar de ver e essa era a sensação no meio do filme - as vezes a gente olha, mas ninguém fica olhando a vida dos outros pela janela por 101 minutos
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista Agoraanna muylaert é um espetáculo. a inserção do espectador no universo dessa família é como a dos empregados: você vê e ouve mas você não existe pra eles. isso é crucial pra sentir as intimidações causadas por bárbara e carlos e suas maneiras passivo agressivas de expressar. karine telles vai sempre muito bem em qualquer papel que se propõe e lourenço mutarelli pra mim é quase uma marca registrada de filme da muylaert (é proibido fumar, e além de tudo, chamada a cobrar)
acho que é a segunda vez que vejo regina casé em um drama e nos dois ela apresenta um mesmo problema aqui: uma compulsão humorística facial que muitas vezes tira o tom de cenas sérias. quando se leva a sério, entrega uma personagem muito importante, ainda mais no cinema nacional que sempre esteriotipou empregadas nas pornochanchadas.
a jéssica da camila márdila é muito boa, as falas são genuinamente jovens e o jeito de falar e se expressar da atriz também convencem (geralmente cismo com atuação de adolescente pelo jeitão meio artificial de falar). a quebra de "regras" por geração é muito bem explorada.
a inserção da cidade é muito bem feita pela diretora, sempre sabendo como filmar, aproveitar e citar locais de são paulo nos seus filmes. a inserção da arquitetura foi uma ótima sacada pras questões do filme
é um filme que merece todo o reconhecimento que tem mas não achei o final memorável. pra mim vai estar naqueles filmes que vem a cabeça pelas cenas do meio pro fim (a cena da piscina, a cena do copan, o sorvete do fabinho!!! e coisas assim)
O Lobo Atrás da Porta
4.0 1,3K Assista Agorasempre via esse poster como sugestão do filmow e tinha interesse em ver simplesmente pela dupla milhem cortaz & leandra leal, mas não sabia nada da história. ainda sem saber nada eu dei play no filme e acho que é a melhor experiência que se pode ter com ele: o ar de mistério e violência está presente desde o primeiro minuto e o roteiro te fisga muito fácil. o elenco é fenomenal, quem dera que todo filme nacional tivesse uma atriz no nível de karine telles numa personagem secundária. adoro o paulo tiefenthaler que sempre faz ele mesmo (a sorte é que ele mesmo já é um puta personagem).
a cena final é muito boa e choca pela ação, mas a criação de tensão nas cenas com a sylvia foi absurdamente bem feita, não dava pra saber o que esperar da rosa e a direção aproveitou isso muito bem. espetáculo da leandra leal em dar tantas caras à rosa. milhem cortaz consegue passar muito bem a dualidade que o bernardo precisava, uma linha tênue entre o carismático e o desprezível
é curioso saber que a história original é de 1960 e que o filme não tentou ser explicitamente "de época" ao mesmo tempo que não usa tecnologias ou tenta atualizá-lo. uma ótima sacada, inclusive
Seis Mulheres Para o Assassino
3.9 90é uma boa história com um bom plot twist mas a construção de personagens não me pegou. não liguei pra absolutamente ninguém, não torci contra nem a favor e sinceramente só ficava esperando a próxima morte, que são muito criativas
essa linha de todo mundo parecer suspeito é divertida mas dá um ar meio novelão. a cena da banheira é belíssima e o uso de vermelho saturado é muito bom
Mamãe é de Morte
3.5 296john waters não perde o tom desse filme em nenhum momento. um filme muito conciso na sua proposta: uma sátira à família tradicional americana. o filme tem diversas piadas ácidas bem inseridas no roteiro que não possuem exatamente punchlines - são engraçadas pelo contexto ou pelo visual.
a kathleen turner tá muito bem e convence como mãe de família e como assassina. o restante do elenco não compromete (destaque no matthew lillard antes de ser o salsicha!!)
tem vários cartazes e trechos de filme de terror, inclusive me fez marcar macabro 1958 no Quero Ver
muito divertido sem se levar tão a sério. os trechos do começo e do final tentando dar um ar de realismo são criativos
O Fantasma do Paraíso
3.8 104uma das melhores filmes que vi do brian de palma e bizarro como nunca tinha ouvido falar dele. seguindo aquela onda ópera rock dos anos 70 (o queen II saiu em 1973, ziggy stardust em 1972) o filme não é menos grandioso: busca origens no poema trágico de fausto e o leva pra década do rock n roll.
o filme consegue transmitir a grandeza e o glamour muito bem. a fotografia contrastada e saturada valoriza a (ótima) maquiagem e figurino do winslow, além das apresentações musicais e cenários grandiosos - provavelmente inspirou muito o rocky horror, que saiu 1 ano depois.
o filme é lotado de referências e como é um filme do de palma é óbvio que tem hitchcock aqui. além disso, transita (e muito bem) em diversos gêneros e seus exageros. o filme permite que haja o humor absurdo dos 70s, as ficções científicas b dos anos 50/60, fantasma da ópera, dorian gray e até um pouco de filme trash. a atuação do paul williams (que é muito mais músico do que ator, inclusive é autor de toda a trilha) não compromete e william finley tem muito espaço para seus exageros faciais - o de palma adora, já que dos 14 filmes do finley aqui, 9 são do de palma.
foi divertido ver a jessica harper antes de suspiria e ainda cantando, inesperado.
Girl Shy
4.2 5 Assista Agoracertamente um filme romântico! terrivelmente traduzido aqui na época como O MARICAS, lloyd já mostra que o autor que ensina algo que nem sabe fazer já vem bem antes da internet. a cena correndo contra o tempo e dirigindo TODOS as formas de locomoção é impressionante, mostrando muita ação física num filme de comédia romântica. o começo com avanços no tempo é bem moderno e funciona até hoje
O Pensionista
3.9 80 Assista Agoraum alfred ainda se tornando hitchcock, com muitas influências do expressionismo alemão - o auge do cinema de horror naquele momento. faz interessante uso das cartelas de diálogo e de luminosos ou jornais com notícias, já indicando como o diretor se adaptaria bem ao filme falado. o roteiro tenta alguma ousadia com diversas cenas sugestivas e
ao não revelar o vilão no final
mas pela repetição e até obviedade acaba sendo previsível que
o inquilino não é o assassino
de qualquer forma há ótimo uso dos olhares e de luz/sombra, novamente numa amostra de expressionismo alemão. não chega nem perto da construção de suspense e manipulação que hitchcock seria mestre anos depois, mas funciona como o principal estudo pra chegar lá.
(ps: esse poster da criterion (que tá atualmente como principal) é maravilhoso e usa muitos elementos do filme de forma minimalista, gosto demais)
O Calouro
3.9 17 Assista Agorase não for o primeiro é um dos primeiros a abordar essa temática americana de ir pra faculdade e o "tentar ser popular". começa um pouco menos físico (como é de costume do harold lloyd) e tem muitas piadas de desencontros e sequência de erros (as com o diretor da faculdade são ótimas). pro final o humor físico vai aparecendo mais e são as melhores cenas do filme: o treino do time, o baile com o smoking aos pedaços e, lógico, a grande cena final do futebol americano. tem vários clichês comuns até hoje nos filmes mais americans e é um dos mais engraçados do harold lloyd, não só por impressionar (como no safety last) mas pelas gags bem escritas. 1925 parece ter sido o ano em que lloyd esteve em mais igualdade com chaplin (gold rush, mesmo ano) e keaton (seven chances, mesmo ano)
A Greve
4.1 62 Assista Agoraé pleonasmo elogiar a edição do eisenstein mas é inevitável. fica ainda mais absurdo se comparar o ritmo com outros filmes da mesma época (o gold rush do chaplin é do mesmo ano). os closes em expressões e as cenas de trás pra frente são muito bem executadas - aquela cena da poça é uma das melhores que já vi na vida, aquelas que você fala CINEMA
a separação e categorização da narrativa foi uma boa ideia, andou no mesmo ritmo da edição e fez o filme ficar de alguma forma mais "didático" pra qualquer pessoa (considerando como filme de propaganda, é ótimo). os chefes são um pouco caricatos em comparação às outras pessoas, mas provavelmente de forma proposital.
a cena explícita de sacrifício animal é realmente muito pesada, ainda mais pela crueza que é filmada, mas não dá pra considerar a visão atual sobre isso.
preciso rever, mas achei mais fácil de "entrar" nele do que no encouraçado potemkin
Lua de Papel
4.3 156 Assista Agoraum filme muito bem executado por todos os envolvidos. a sacada da fotografia ser de cinema anos 30 é ótima, principalmente pelo tom da atuação da dupla principal. o moses do ryan o'neal consegue manter o ar dos astros do cinema clássico, um durão com certa inocência. essa inocência é ótima pra não destoar da addie - e inclusive potencializar, tanto que levou o oscar.
a aventura como dupla na venda de bíblias é tão interessante que dá vontade de querer ver mais até do que o filme mostra.
a questão paterna também não ser revelada é ótima no mesmo ponto. os filmes atualmente tem uma onda explicativa e de entender 100% do filme. a subjetividade aqui enriquece muito mais a história
o meio do filme acaba pesando um pouco no ritmo, muito pela entrada da trixie delight. a "aventura" seguinte é ótima até pra justificar a época - no caso a época da grande depressão e o pós lei seca - e tem um ótimo peso dramático que o filme não só permite como também sustenta.
o final é um pouco previsível mas até é desejável que seja, sinceramente. a conclusão e as "não respostas" são bem equilibradas: a jornada futura fica interessante pra imaginar, as perguntas abertas são interessantes para se imaginar as possibilidades e o antes e depois dos personagens são interessantes de acompanhar
Nossa Hospitalidade
4.2 53 Assista Agoraa estrutura de rivalidade familiar funciona pra segurar o filme, que não é um dos mais inventivos do buster. a cena conhecendo a virginia e do desenrolar da paixão dos dois é bem inocente e o equilíbrio do humor sabe manter essa inocência, mas que não é das melhores técnicas do buster (o chaplin fazia isso muito melhor......)
felizmente há uma impressionante cena no rio (que talvez seja a mais conhecida desse filme) que tem o melhor do humor físico do buster. é impressionante pela força física, pela força da correnteza e até pela forma de como filmaram tantos ângulos em uma correnteza.
é divertido reparar no elenco e ver que tem vários keatons
Sete Oportunidades
4.1 62um dos melhores que vi do buster keaton de equilíbrio do seu estilo: as gags impressionantes com humor físico. as perseguições das noivas é absurdamente impressionante pelo número de figurantes e a sequência das rochas na montanha é ainda mais. são cenas físicas, engraçadas e bonitas (!) na sua forma. o roteiro é uma desculpa pra tudo isso acontecer, então não exige que se leve muito a sério.
infelizmente tem algumas piadas racistas (e pra quem assiste comédia muda tem até um certo "costume" com isso), mas foi a primeira vez que vi num filme do buster keaton. nesse ponto foi um choque decepcionante
felizmente o filme (e a filmografia) do keaton não se resume a esse tipo de humor e o que se leva do filme são as impressionantes cenas do final do filme com o certo charme romântico & fofo da história
Zumbi Branco
3.5 67 Assista Agoradeve ter sido o primeiro (ou um dos) a tratar do assunto de zumbis no cinema, mas é de uma forma meio distante da imagem que se popularizou futuramente. o bela lugosi (que tinha feito dracula 1 ano antes) não apresenta muita diferença do que se sabe dele: a atuação com os olhos, a atmosfera sombria porém misteriosa do personagem... dá uma sensação de ver o drácula fantasiado??? não dá pra levar muito a sério. as representações do haiti são obviamente problemáticas e o roteiro é uma baguncinha imemorável. conseguiu ser lento mesmo tendo 70 minutos.
a fotografia é bem bonita e foi uma boa estreia do victor halperin no cinema, que se aposentou 10 anos depois
O Dilema
2.8 235 Assista Agoradá pra usar esse filme como um grande exemplo de bagunça na direção. o elenco é completamente competente pra um filme de comédia (e até a premissa do filme) mas a direção optou por mirar num lado dramático que simplesmente NÃO funciona. o filme se leva a sério demais e faz todos os atores (e diálogos) parecerem piores do que são justamente por serem falados por eles. a cena da briga absurdamente longa e gratuita me lembrou they live (1989)
muito ruim por opção própria
Shiva Baby
3.8 261 Assista Agoraum dos melhores de 2021. consegue criar uma história atual (usando como parte importante do roteiro muitos elementos atuais: celular, aplicativos, termos de internet, etc) mas que não fica datada, além do contraponto com a tradição familiar judia da personagem principal. o filme sabe criar o desconforto e sabe como rapidamente criar empatia com a danielle na situação (pelo menos pra mim) muito pelo ótimo uso de câmera: as pessoas te encaram e as situações te confrontam inesperadamente, assim como pra ela. todas as problemáticas da personagem se cruzam (e com todo motivo, não de um jeito forçado) principalmente porque todas foram má resolvidas por ela, permitindo que o roteiro crie variações nesses cruzamentos até o encerramento bonitinho. um filme moderno, relatable, jovem mas que sabe como não se deixar ficar datado. me lembrou a ótima atmosfera engraçada e desconfortável do carnage (2012, p*lanski)
quem tá comentando "era só ela não ir" "ela nao tem pq sentir ciume" "era só ela ir embora" é inimigo do cinema. se nada acontecesse nao tinha filme porraaaaaaaaaaaaa
Tchau, Amor
3.4 10é engraçado como a técnica cinematográfica do jean garrett muda drasticamente dos anos 70 pros 80. nesse filme mais noturno e até mais pessimista, a profundidade de paulo no filme nunca atinge a profundidade que ele supostamente deveria passar (pelas atitudes e falas). paulo é antipático e tem uma motivação um pouco rasa, tanto que é facilmente atingido por qualquer ação da rejane. rejane, por outro lado, convence na sua linha entre rica mimada e jovem rebelde, mas parece superficial em relação ao tratamento feminino de outras obras do diretor. as cenas de sexo (são várias) são completamente burocráticas: longas e sem razão pra isso, simplesmente pela obrigação de época na boca do lixo - é compreensível, mas novamente: não se via isso nas outras obras do diretor.
gosto da despedida e das cenas do casal na rádio, estranhamente pouco aproveitadas num filme com um radialista. o filme tenta se aprofundar no casal mas não faz isso bem, ainda tirando espaço de alguma aprofundação do casal como indivíduos.
o final, apesar das várias voltas do roteiro, é bem feito e interessante.
ps: muito do certo "desleixo" da direção aqui é porque A Noite do Amor Eterno foi realizado e lançado pelo garrett também no mesmo ano de 1982
Snuff, Vítimas do Prazer
2.9 12como era de costume na boca do lixo, o título do filme surfa em qualquer coisa polêmica que estivesse em alta. aqui no caso são os SNUFF que, claro, teve um "vítimas do prazer" acrescentado pra dar algum tom erótico. bingo de boca do lixo
a história e a premissa são bem interessantes. cláudio cunha é criativo na direção e o roteiro cria bem seus personagens e principalmente suas funções na história. o problema é o rumo que a história segue do meio pro final: a premissa cria - e bem - a tensão pro momento da
morte real, mas enrola e vai se distanciando, ao mesmo tempo que se distancia dos próprios personagens: os gringos deixam de fingir do nada, ninguém nota as reações exageradas do bob para as cenas de morte, além do romance desesperado. o final acaba indo pra uma direção bem oposta do que o filme promete
filmes sobre filmes geralmente mostram críticas dos realizadores e aqui tem duas bem pontuais: o produtor questionando se entrariam no filme se ele não fosse gringo e vereza desconfiando do filme simplesmente por não ter cena de sexo
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista Agorapresunçoso. não impressiona, não avança, não insere o espectador na história. todos os diálogos são explicações de alguma coisa dos planetas e todos os diálogos só servem pra dar prosseguimento (a cena da nave é o "melhor" exemplo disso, todas as falas são perguntas pra serem respondidas pela liet kynes, parece apresentação de trabalho). o visual e criação de universo foram revolucionários, mas no contexto de 2021 não apresenta nada que não tenha acontecido em um star wars da vida. o filme é relativamente longo e optou por ter um ritmo lento (o que não é exatamente um problema, amo o jeito que scorsese faz isso, por exemplo) mas se perde na lentidão e fica simplesmente massante - o villeneuve fez a mesma coisa no seu interminável blade runner (2049 é a quantidade de horas do filme).
o filme dura mais do que parece e não traz nenhuma recompensa, apostando na sequência - que obviamente seria confirmada. talvez no futuro esse filme fique mais popular quando for possível assistir a história completa, mas como filme único simplesmente não rolou
Excitação
3.6 29jean garrett é certamente um dos diretores mais subestimados do cinema nacional, correndo por fora até no meio da própria boca do lixo: simplesmente não dá pra esperar que um filme chamado Excitação com roteiro do onipresente ody fraga seja um ÓTIMO suspense. um filme que constrói sua história e a ligação entre personagens muito bem, dando profundidade do passado de cada um e indiretamente tratando de algumas temáticas sobre controle, machismo, casamento, etc. o meio da boca do lixo (e do próprio cinema dos 70s) obriga o filme a inserir algumas cenas mais sensuais, mas até que não ficam tão fora de contexto. o ritmo é propositalmente lento para criar a atmosfera sufocante da helena e suas "alucinações" e o diretor recompensa o espectador com um ÓTIMO encerramento, elétrico, explosivo e alucinante (lembra o que tarantino fez no once upon a time in hollywood, guardadas as devidas proporções)
a direção cria ótimos enquadramentos, característicos do jean garrett. a cena da forca no começo, o espelho atrás da cabeça de helena... além disso há alguns efeitos datados mas que funcionam pra quem estiver acostumado. sem dúvidas é um dos melhores suspenses nacionais
Basquiat - Traços de uma Vida
3.7 111o jeffrey wright faz um basquiat simpático e meio irresponsável com a sua vida no geral. o filme soube abordar como o basquiat sempre esteve "por ali" e só foi levado a sério após o andy warhol - numa atuação bem caricata do bowie - descobrir seu trabalho. o momento da descoberta com a fama acabou sendo muito "fácil" mas provavelmente teve essa velocidade pela relevância do andy warhol na época. as relações entre os dois (que é muito profunda) acaba ficando rasa, como quase tudo que o filme optou mostrar da vida e da carreira do artista. não conseguiu mostrar o tamanho do trabalho nem da vida do basquiat, mas não é exatamente um filme ruim
A Morte lhe Cai Bem
3.7 714 Assista Agoraesse filme sempre esteve naquela categoria de "vi mas não vi" (filmes que geralmente estavam pela tv e você já viu vários pedaços). resolvi assistir sabendo daquela clássica cena da casa mas esperava mais cenas desse trash proposital que o filme propõe ali. acaba sendo um ponto isolado.
o filme tem uma questão filosófica do envelhecer e se tornar imortal e acaba terminando até com uma certa lição de moral, mas sem deixar de ser engraçado. algumas sacadas no texto são ótimas, inclusive aquela cena do jim morrison aparecendo e o bruce willis respondendo OH YEAH. tem uma aparição do sydney pollack como médico e que sempre me fez achar que o filme era dirigido por ele