Mais uma pérola do Joel Pizzini!O olhar de Joel Pizzini é extremamente poético, desde trabalhos anteriores como "MANUAL DE BARROS" e "CARAMUJO-FLOR" (Este doc. utiliza, inclusive, trechos de CAramujo-flor),e eu gosto de como Pizzini parece propor um elo entre "Sujeito-objeto" (isso ele, com certeza, aprendeu com o poeta Manoel de Barros, uma poética "como se" Zen-budista, unindo-se ao objeto, "chegando a ser" o objeto.----o velho desafio ao pensamento que a poesia tão bem sabe propor---). Ney aqui se entrelaça ao poético, ao sutil, ao sensível. É mais que uma cine-biografia. Ou quer ser mais que ( e como não sou cineasta, nem crítico de cinema --- Deus me livre de participar disto--- limito-me apenas ao poético que este doc. magistralmente carrega). Vale muito a pena para conhecer este símbolo de luta, de resistência e insistência. De alguém que experienciou todas as agruras do momento. O próprio Ney diz quase já no fim:
Primeiro filme da "Trilogia Budista" do diretor Akio Jissoji. Infelizmente não me convenceu. Quer dizer, tem uma excelente fotografia e os movimentos de câmera são muito bonitos. Mas para mim, o filme mostrou-se estranhamente confuso em suas primeiras horas. Gostei, mesmo, dos 30 minutos finais, onde Masao e Ogino-san discutem o Budismo e o nada.Ai sim o filme eleva-se!! Masao apresenta uma excelente visão do budismo como vacuidade, ou nadidade, ora interpelado por Ogino-san e a visão de Nirvana. Um nada originário do ser (no máximo dos máximos o que o filósofo alemão Heidegger dirá a " suspensão do ser no nada"). Masao lança uma definição que eu , particularmente, achei soberba, dessas frases que escreveria na parede do meu quarto:
"Sou obsecado por estátuas budistas porque todas elas te olham com o mesmo sorriso misterioso. Este é exatamente o semblante do nada"
. Mas insisto: parece-me que estes 30 minutos finais são um filme à parte dentro do filme. Ora, não há uma "ligação" entre esta parte e o filme mesmo em si, que foca no erotismo, no profano, no sensual. Ou eu não vi. Ou não quis ver. No máximo, diria que este filme assemelha-se a um "Koan", que, segundo o Budismo, são anedotas que funcionam como um "desafio ao pensamento e à lógica". Talvez seja isso.
Primeiro: é mais velho que minha avó esse pensamento de que o filme "não presta" porque não está "fiel" ao livro. Sempre lembro de um velho poeta, crítico literário e tradutor, Haroldo de Campos, que dizia que toda tradução é uma "transcriação", uma obra nova, outra obra, já que toda tradução sempre põe a perder "algo de" da obra original, ou a "essência", caso queiram usar esta acepção. Pena que o camarada abaixo não deixou-se tocado por este grande filme e toda sua sutileza.
Segundo: agora, sim: que filmaço!!!!! Assisti logo em seguida de HIMIKO, do mesmo Shinoda, um filme mais intimista sobre a deusa do sol e a criação do Japão. Digo que o resultado é muito bom! Mire veja: a história do Japão ergueu-se em um chavão de “país fechado”, uma cultura muito gestual e com o Budismo despontando da China,formando o Zen-Budismo.Eu sempre lembro das palavras de Lévi-Strauss, em um livrinho chamado "A outra face da lua", sobre o Japão, em que ele diz que nosso fascínio pelo Oriente é sempre mediado pelo fato de "as culturas serem por natureza incomensuráveis”. E o Budismo Zen no Japão, até onde eu sei e pesquiso, nunca fui popular "no sentido de atingir todas as massas". Claro que, se você olhar o Budismo Primitivo, Buda estava para os pobres e humildes, levando uma vida nômade e de extrema pobreza (espiritual, sim). É falacioso quem pega esse argumento de que o Budismo não foi "popular" para dizer que tudo no Budismo é "elitismo". Ao contrário, o Budismo é um (não)pensamento extremamente humilde e que realça a cor da vida. Ai sim eu (e muitos pesquisadores do tema) vejo um bom diálogo com certo pensamento cristão. E o filme centraliza-se aí, nesse período em que um Japão estava ainda uma "casa fechada" em sua tradição, vendo a penetração de uma prática religiosa que é o "Outro", o "Outro" querendo abrir as portas dessa casa fechada.
Terceiro e para encerrar essa prosa: da metade do filme pra lá, concordo com o comentário do Daniel abaixo. A tortura física nem chega perto do que se torna a tortura psicológica!! É muito cruel!! Para aqueles que acham que um simples convencimento, um simples persuadir, ou um simples influenciar não podem resultar em uma brutal máquina de tortura psicológica, taí. (Recomendaria este filme para uma jornalista muito em voga, hoje: de nome Raquel Sheherazade). Os diálogos entre o Padre Rodrigues e o Padre Ferreira são muito profundos. A fala de Pe. Ferreira esclare:
"Eu não reneguei [a fé] porque estava pendurado. Fiquei pendurado de cabeça para baixo no poço durante dois dias. Mas eu não proferi uma única palavra contra Deus. A razão pela qual eu renunciei, foi porque Deus não fez nada. Eu rezei, mas Ele não fez nada. Ele se manteve em Silêncio"
. Puts!!! Shinoda fez uma obra mais-que-excelente, entre o cru e o poético. Se Martin Scorcese vai filmar ou não, não quero nem saber. Esse filme já me destruiu suficientemente.
Desses filmes maravilhosos que aparecem de repente na sua vida e arrasam completamente contigo!!! Há anos que não via um filme tão poético sobre guerras, desde Terrence Malick, em seu "Além da linha vermelha", e até "Iwo Jima", do velho Clint Eastwood. Neste, podemos até dizer que a guerra está em pano de fundo. O filme acerta em cheio na pergunta: O que somos diante da morte? Puts!!! Um checheno e um georgiano, inimigos em disputas pela terra, mas na mesma corda da existência (e como Ivo sabia disso!!!!! Um protagonista que não vê o que está do "lado de fora" do homem, mas o que está "dentro",,!!!) E o final,
Que filme maravilhoso!!!! Daqueles filmes que te enchem de orgulho por ser professor (!!!). E mais: daqueles filmes que têm muito a nos ensinar sobre a vida, o humano e a simplicidade. Lembro-me sempre de uma frase de outro cineasta nipônico, Masahiro Shinoda, que diz que o cinema japonês está concentrado "naquilo que rodeia o ser humano". Penso que este filme de Ozu muito bem traduza essa frase do Shinoda. Entre pai e filho, também muito lembrei , enquanto assistia , do cineasta russo Aleksandr Sokurov, especialmente de um filme seu: PAI E FILHO. A beleza e a poeticidade das relações que têm muito a nos ensinar.. E a frase antológica deste filme: "A felicidade duradoura só surge com a alternância de prazer e dor". Como há Epicuro nisto!!! Um filme para ficar na memória. Para se ver com a familia ,com os bons amigos...
Último filme da trilogia Taisho,de Suzuki. Não me convenceu. Quer dizer, este filme tem toda a beleza de imagens que são próprios de Suzuki, mas o protagonista, enquanto pintor, não me convenceu. Mais parecia um bobo atrapalhado. Os 10 primeiros minutos do filme também ficam muito vagos, talvez pela própria proposta de sonho. Dos filmes da trilogia Taisho, só gostei do primeiro. Li uma entrevista do próprio Suzuki à pesquisadora Lucia Nagib (em um livro chamado "Em torno da Nouvelle Vague Japonesa", Ed. da Unicamp, 1993), uma entrevista muito curta e nada interessante do ponto do vista do cineasta em responder. Talvez o que "ficou" de Suzuki seja esse homem isolado fruto de uma guerra. Se me perguntarei , hoje, se me interesso em ver outros filmes do Suzuki, responderei: não. Pena. Quem sabe daqui a uns outros anos de outros tempos.
Um dos filmes mais lindos que já vi, além de tornar-se o meu favorito do Masahiro Shinoda!! Filme de uma sensibilidade incrível. Enquanto assistia ao nomadismo das mulheres cegas, lembrava-me muito daquilo que um velho crítico literário, Alfredo Bosi, chamou de 'fenomenologia do olhar', ou uma fronteira móvel e aberta entre o mundo externo e o sujeito. Muito me interessa o tema da cegueira porque o poeta é aquele que (como as gozes) vê, sente e experiencia na escuridão. Tanto os poetas quanto as mulheres cegas operam por modulações do olhar. Uma fala de uma das gozes é belíssima (daquelas frases que escreveria na parede do quarto):
"Mas Buda, misericordiosamente, nos fez cegas para que não pudéssemos ver o inferno deste mundo"..
. O encontro deste filme com o pensamento budista é muito forte. Lembro sempre das palavras de um crítico francês do Budismo, Fabrice Midal, em um livro "Quel Bouddhisme pour l'ocident" (2006), que chama atenção para “a crítica do budismo [que] deve ser primeiro uma crítica do olhar”. Ou o "Não-olhar", já que o Budismo é um desafio ao pensamento pelo "Não-pensamento". E como as gozes deste filme corporalizam o Zen-budismo..... As gozes corporalizam ainda o que o mesmo Fabrice Midal chamou o Budismo Zen de "liberdade de abertura para o mundo". Mundo sofrível (como diz a fala da goze). Não foi o sofrimento a primeira identificação do Buda histórico (Dukka) perante a realidade? Diante do sofrimento do mundo (que não há como fugir dele), é que este filme e o pensamento budista se encontram, se enlaçam, um espaço muito rico de convergências. Fiquei fã de Shinoda.
Belo filme! Assisti exatamente após BELEZA E TRISTEZA(1965) e ambos parecem propor um bom diálogo(ou melhor, um diálogo entre Shinoda e Kawabata), principalmente no tocante ao papel da mulher: mulheres que amam, sofrem, se sacrificam. O velho consórcio Amor/sofrimento deste o mito grego de Chronos, com sua foice, decepando o órgão genital de Urano e, da dor do corte e do sêmem misturado ao mar, nascendo Afrodite(Gosto muito da leitura que a Jacqueline de Romilly faz em "A tragédia Grega"). Não obstante, também é bela a composição do filme, começando com o próprio Shinoda discutindo o cenário do filme, além de homens de preto em todo o filme, indo e vindo...como os próprios manipuladores dos bonecos do teatro bunraku.. simplesmente lindo!!!! Há uma exclarecedora e antológica entrevista do Shinoda em um livro da Lucia Nagib, EM TORNO DA NOUVELLE VAGUE JAPONESA,Editora da Unicamp,1993, em que o cineasta fala de seu interesse pela história do Japão e a presença do teatro e do kabuki como a "essência de seu pensamento". Em meio a um Japão destruído pela guerra, uma fala do Shinoda é extremamente exclarecedora para este filme (não é a toa que este filme foi proibido na Inglaterra um certo tempo):
"Quando eu nasci o Japão já estava em guerra, a cidade onde nasci tinha se queimado, em tal contexto eu não podia pensar em fazer filmes sobre a prosperidade do Japão. [...] Eu queria que meus personagens principais se tornassem ferozes, exagerados, pouco claros, pouco civilizados, selvagens. Enfim, queria mostrar violência".
Recomendo este livro da Nagib, este filme, este diretor, tudo..
"- É muito difícil destruir o lar de um homem. - Mais difícil que a arte?"
Arte, loucura, paixão, ruína. Ao assistir ao filme, lembrei muito dos romances de outro escritor nipônico, Yukio Mishima, para o qual a beleza e a ideia de destruição (de si e do mundo) estão sempre juntas. E neste filme, ao terminar, me perguntei: qual o limite para o sacrifício em nome de tais ideais? Meu primeiro filme deste diretor e já me apaixonei..
Lindo!!!Um filme pela ótica de uma larva que, em suas linhas e curvas, fotografa degradações e ruínas (com todo blanchotianismo que há nisto,) de um país no pós-guerra. Um abrir de asas sobre uma casa fechada que está prestes a abrir forçosamente as portas.. Um voo sobre a tradição.. Um ver pelo chão!! PS: Uma fotografia inspiradora! Por que este diretor só realizou 2 filmes? Um voo breve, como um haiKai.. Porém imenso.
Belíssimas imagens! Primeiro filme da trilogia Taisho, traz algo próprio de Suzuki, que é uma disposição quase teatral dos atores em cena -- flertando com o clássico teatro japonês. Este filme toca de modo peculiar no tema da morte e na podridão (decadência). Em dois momentos fica claro: quando a esposa de Aochi diz uma frase lapidar: "As coisas ficam melhores quando começam a apodrecer"; e quando a mesma está comendo um pêssego podre: "Quando começa a apodrecer, fica doce como mel". Que perfeita décadence!!! Confesso que foi difícil atravessar esse filme (gostei mais deste do que o segundo da trilogia, "Kagerô-za"). Mas depois de atravessar é compensador...
Um excelente filme, e um dos melhores que já vi sobre o tema da eutanásia e do direito de morrer. Clara e a liberdade da morte. Um estar-diante-da-morte. Uma vida sem nenhuma relação antipodal com a morte. Clara corporaliza muito bem todas as filosofias da finitude que tanto filósofos e poetas se dedicaram à exaustão. São coisas que eu, particularmente, sempre me pergunto: vale a pena viver? Pena que este filme seja desconhecido.. Vale muito vê-lo, revê-lo..
" - Crianças, vocês estão fumando maconha? - Você é burguesa?"
Filme belíssimo!! Discordo do comentário que "em sua época de lançamento causaria mais polêmica que hoje". Com todo esse fundamentalismo e toda essa coloração conservadora e ditatorial que se inscreve em nosso Brasil atual, vejo mais "polêmica" hoje que na década de 70 que, convenhamos, foi uma década libertária e que faz grande falta (pelas vias do cinema, da literatura, da música, da vida..). O que eu digo para a literatura dos anos 70 eu digo para este filme: poesia-vida!!! E o final... Mais belissimo ainda, como me doeu..
Tendo assistindo ao filme em uma dessas madrugadas de desilusão, o filme já me ganhou nos primeiros minutos: tristeza. "confie no mistério". Insolação (com sua beleza em fotografia e trilha sonora) é um filme do despertar das "tonalidades afetivas", como diz um filósofo alemão, martin heidegger.
O que eu digo para a poesia, digo para este filme: não procure entendê-lo, busque senti-lo. PS: também ando vagando sob o sol, tentando acalmar o animal dentro de nós, morrendo aos poucos, buscando...
Maravilhoso!!!!! Primeiro filme do tão bem falado Carlos Reichenbach que vi, e foi uma experiência impar, pra toda minha vida. Um filme cru e que desfolha o drama de 3 professoras da periferia (periferia aqui muito bem exposta). Filme que eu recomendo muito para certas pessoas otimistas com a educação (que nada mudou) e para certas pessoas que têm uma doce ilusão de que "professores não têm problemas, não sofrem, ou sofrem/reclamam de 'barriga-cheia'. Sofrimento e violência: nos arredores da escola, mas também na vida dos personagens. Ai Reichenbach foi fundo e certeiro!!! Eu, enquanto professor, espero (realmente) não acabar como a professora Rosa:
Diálogos maravilhosos, do "sofrimento não vende bilheteria" à citação shopenhauriana, Woody Allen constrói não só uma (auto)biografia (ou autoficção), como já aproxima o cinema da filosofia. Diálogos. (E que coisa mais linda o protagonista-Allen analisando o Ladri di Biciclette!!!!).
Ah, a decadência da burguesia. O filme traz um grande tema já presente em outras obras do Allen, mas sempre urgente e atual: o contato com a solidão, com a falta (em si e do mundo). A pobre Jasmine (e tantas outras Jasmines no mundo) descobre que a vida vai além do capital. A vida é o aqui e o agora, com todo seu tormento e poesia. Não é a experiência da dura realidade (tema tão bem presente nos filmes de Woody Allen) que faz da literatura uma fuga da realidade, um palco testemunhal? Esse é o Woody Allen que particularmente me interessa. E esse é o Woody Allen tão bem trabalhado em Teoria da Literatura. Eu quero é mais Allen na minha vida!!!
Genial!! Um ótimo filme surrealista com um argumento atual como pano de fundo, sobre a ausência ou como nos colocamos diante da falta. A ausência do cão (Paul) é a nossa falta. E é essa falta que nós temos de "algo" no mundo que nos impulsiona (para criar? Não é essa a mola da arte?) Tudo isto faz sentido na cena final logo depois dos créditos. Quem não viu, (re)veja. Diz tudo!! Esse filme foi um ótimo convite para ver outras obras do diretor e já desde agora admirá-lo. Vale muito!!
filme muito fofo e agradável de se ver, ou como um pequeno ser pode mudar a vida e estreitar laços entre os homens. Os pais de primeira viagem tornam-se tão encantadores (e desastrados, pobre da pequena Marie) que faz do filme um belo aprendizado: para quem é ou não é pai. (Só a cena final me saiu estranha, poderia ser deletada).
Um filme envolvente -- não tanto quanto outros du genre policier, polar, ou de l'univers noir, caso queiram comparações. E por ser uma adaptação de um romance homônimo de Virginie Brac (e eu desconhecer tal obra), fico com uma leitura muito superficial. Mas a protagonista Véra parece conduzir bem a trama, embora um pouco pálida. E o final é uma verdade apoteose do filme. Lindo, lindo mesmo. Só achei o filme um pouco curto. Queria mais. Valia mais. E muito (Sempre me interesso por narrativas que circundam a psiquiatria).
Excelente filme. Há muitos Pauls pelo mundo: um casamento inesperado, filhos, ausência, segredos. O filme transita muito bem entre o passado do protagonista em suas memórias de um revolucionário e o drama do presente. Sob a ótica do pai, o inesperado. Sob a ótica da filha, o vazio e a falta do "amor familiar". Ironia da vida: é só a partir do momento
em que a filha cai em depressão e é hospitalizada que o pai cai em si: eu tenho uma familia, eu tenho filhos.
. Dá para se tirar daí a grande lição do filme: filhos devem/deviam ser nossos melhores amigos, amor e doação. Paul percebe a tempo que filhos não são objetos como sua câmera fotográfica. Que haja amor!
Pais e filhos deviam assistir a este filme. Não só pelo tema da diversidade. Como também da construção de maturidade. Ora, a passagem p/ a maturidade nada mais é que construir pontes. Pontes que ligam o Eu ao mundo. E, ao meu ver, o filme constrói um ótimo espaço para a questão da adolescência, das descobertas, da subjetividade, do amor, do ódio, dos diálogos consigo e com o mundo etc.
Sempre digo e repito: Não me agrada (no filmow e em qualquer outro lugar) essa crítica abnóxia e tola de abraçar-se 'num balão de ego inflado e querer ser melhor que o diretor com o intuito de depreciação gratuita. Concordemos ou não: o filme tem problemas. Tem um final abrupto. É irritante o excesso de grito do Xavier (Quer dizer, foi a meu ouvido) etc. Com efeito, prefiro a boa via de julgar a exegese, a narrativa. Sem ressentimentos. Sem afetações. E ao meu ver, Xavier Dolan tem talento e terá um bom caminho cinematográfico -- assim espero, de coração. Que as pontes do cinema de Dolan continuem crescendo.
Sabia que eu e a Jean Seberg tínhamos afinidades, afora o nascimento em um fatídico 13 de novembro. A dor. A solidão. A tristeza. O abandono. O mundo não tem espaço para a tristeza. Por isso nos isolamos, com um sorriso de pedra no rosto. 80 silenciosos minutos. Mudos. Dolorosos como a própria vida.
Olho Nu
3.9 36Mais uma pérola do Joel Pizzini!O olhar de Joel Pizzini é extremamente poético, desde trabalhos anteriores como "MANUAL DE BARROS" e "CARAMUJO-FLOR" (Este doc. utiliza, inclusive, trechos de CAramujo-flor),e eu gosto de como Pizzini parece propor um elo entre "Sujeito-objeto" (isso ele, com certeza, aprendeu com o poeta Manoel de Barros, uma poética "como se" Zen-budista, unindo-se ao objeto, "chegando a ser" o objeto.----o velho desafio ao pensamento que a poesia tão bem sabe propor---). Ney aqui se entrelaça ao poético, ao sutil, ao sensível. É mais que uma cine-biografia. Ou quer ser mais que ( e como não sou cineasta, nem crítico de cinema --- Deus me livre de participar disto--- limito-me apenas ao poético que este doc. magistralmente carrega). Vale muito a pena para conhecer este símbolo de luta, de resistência e insistência. De alguém que experienciou todas as agruras do momento. O próprio Ney diz quase já no fim:
"O que me importa é não estar vencido"
"Tive uma sorte na vida: ter sido filho de militar. Já fui transgressor"
This Transient Life
4.1 8Primeiro filme da "Trilogia Budista" do diretor Akio Jissoji. Infelizmente não me convenceu. Quer dizer, tem uma excelente fotografia e os movimentos de câmera são muito bonitos. Mas para mim, o filme mostrou-se estranhamente confuso em suas primeiras horas. Gostei, mesmo, dos 30 minutos finais, onde Masao e Ogino-san discutem o Budismo e o nada.Ai sim o filme eleva-se!! Masao apresenta uma excelente visão do budismo como vacuidade, ou nadidade, ora interpelado por Ogino-san e a visão de Nirvana. Um nada originário do ser (no máximo dos máximos o que o filósofo alemão Heidegger dirá a " suspensão do ser no nada"). Masao lança uma definição que eu , particularmente, achei soberba, dessas frases que escreveria na parede do meu quarto:
"Sou obsecado por estátuas budistas porque todas elas te olham com o mesmo sorriso misterioso. Este é exatamente o semblante do nada"
Mas insisto: parece-me que estes 30 minutos finais são um filme à parte dentro do filme. Ora, não há uma "ligação" entre esta parte e o filme mesmo em si, que foca no erotismo, no profano, no sensual. Ou eu não vi. Ou não quis ver. No máximo, diria que este filme assemelha-se a um "Koan", que, segundo o Budismo, são anedotas que funcionam como um "desafio ao pensamento e à lógica". Talvez seja isso.
Silêncio
4.0 11Primeiro: é mais velho que minha avó esse pensamento de que o filme "não presta" porque não está "fiel" ao livro. Sempre lembro de um velho poeta, crítico literário e tradutor, Haroldo de Campos, que dizia que toda tradução é uma "transcriação", uma obra nova, outra obra, já que toda tradução sempre põe a perder "algo de" da obra original, ou a "essência", caso queiram usar esta acepção. Pena que o camarada abaixo não deixou-se tocado por este grande filme e toda sua sutileza.
Segundo: agora, sim: que filmaço!!!!! Assisti logo em seguida de HIMIKO, do mesmo Shinoda, um filme mais intimista sobre a deusa do sol e a criação do Japão. Digo que o resultado é muito bom! Mire veja: a história do Japão ergueu-se em um chavão de “país fechado”, uma cultura muito gestual e com o Budismo despontando da China,formando o Zen-Budismo.Eu sempre lembro das palavras de Lévi-Strauss, em um livrinho chamado "A outra face da lua", sobre o Japão, em que ele diz que nosso fascínio pelo Oriente é sempre mediado pelo fato de "as culturas serem por natureza incomensuráveis”. E o Budismo Zen no Japão, até onde eu sei e pesquiso, nunca fui popular "no sentido de atingir todas as massas". Claro que, se você olhar o Budismo Primitivo, Buda estava para os pobres e humildes, levando uma vida nômade e de extrema pobreza (espiritual, sim). É falacioso quem pega esse argumento de que o Budismo não foi "popular" para dizer que tudo no Budismo é "elitismo". Ao contrário, o Budismo é um (não)pensamento extremamente humilde e que realça a cor da vida. Ai sim eu (e muitos pesquisadores do tema) vejo um bom diálogo com certo pensamento cristão. E o filme centraliza-se aí, nesse período em que um Japão estava ainda uma "casa fechada" em sua tradição, vendo a penetração de uma prática religiosa que é o "Outro", o "Outro" querendo abrir as portas dessa casa fechada.
Terceiro e para encerrar essa prosa: da metade do filme pra lá, concordo com o comentário do Daniel abaixo. A tortura física nem chega perto do que se torna a tortura psicológica!! É muito cruel!! Para aqueles que acham que um simples convencimento, um simples persuadir, ou um simples influenciar não podem resultar em uma brutal máquina de tortura psicológica, taí. (Recomendaria este filme para uma jornalista muito em voga, hoje: de nome Raquel Sheherazade). Os diálogos entre o Padre Rodrigues e o Padre Ferreira são muito profundos. A fala de Pe. Ferreira esclare:
"Eu não reneguei [a fé] porque estava pendurado. Fiquei pendurado de cabeça para baixo no poço durante dois dias. Mas eu não proferi uma única palavra contra Deus. A razão pela qual eu renunciei, foi porque Deus não fez nada. Eu rezei, mas Ele não fez nada. Ele se manteve em Silêncio"
Shinoda fez uma obra mais-que-excelente, entre o cru e o poético. Se Martin Scorcese vai filmar ou não, não quero nem saber. Esse filme já me destruiu suficientemente.
Tangerinas
4.3 243Desses filmes maravilhosos que aparecem de repente na sua vida e arrasam completamente contigo!!! Há anos que não via um filme tão poético sobre guerras, desde Terrence Malick, em seu "Além da linha vermelha", e até "Iwo Jima", do velho Clint Eastwood. Neste, podemos até dizer que a guerra está em pano de fundo. O filme acerta em cheio na pergunta: O que somos diante da morte? Puts!!! Um checheno e um georgiano, inimigos em disputas pela terra, mas na mesma corda da existência (e como Ivo sabia disso!!!!! Um protagonista que não vê o que está do "lado de fora" do homem, mas o que está "dentro",,!!!) E o final,
onde Ivo enterra o georgiano (que, por ter seu filho morto por um georgiano, logo o Nika seria um "inimigo) ao lado do filho, meu deus!!
"É uma guerra contra as minhas tangerinas. Estão lutando pela terra onde minhas tangerinas crescem"
Era Uma Vez Um Pai
4.2 17 Assista AgoraQue filme maravilhoso!!!! Daqueles filmes que te enchem de orgulho por ser professor (!!!). E mais: daqueles filmes que têm muito a nos ensinar sobre a vida, o humano e a simplicidade. Lembro-me sempre de uma frase de outro cineasta nipônico, Masahiro Shinoda, que diz que o cinema japonês está concentrado "naquilo que rodeia o ser humano". Penso que este filme de Ozu muito bem traduza essa frase do Shinoda. Entre pai e filho, também muito lembrei , enquanto assistia , do cineasta russo Aleksandr Sokurov, especialmente de um filme seu: PAI E FILHO. A beleza e a poeticidade das relações que têm muito a nos ensinar.. E a frase antológica deste filme: "A felicidade duradoura só surge com a alternância de prazer e dor". Como há Epicuro nisto!!! Um filme para ficar na memória. Para se ver com a familia ,com os bons amigos...
Yumeji
3.5 2Último filme da trilogia Taisho,de Suzuki. Não me convenceu. Quer dizer, este filme tem toda a beleza de imagens que são próprios de Suzuki, mas o protagonista, enquanto pintor, não me convenceu. Mais parecia um bobo atrapalhado. Os 10 primeiros minutos do filme também ficam muito vagos, talvez pela própria proposta de sonho. Dos filmes da trilogia Taisho, só gostei do primeiro. Li uma entrevista do próprio Suzuki à pesquisadora Lucia Nagib (em um livro chamado "Em torno da Nouvelle Vague Japonesa", Ed. da Unicamp, 1993), uma entrevista muito curta e nada interessante do ponto do vista do cineasta em responder. Talvez o que "ficou" de Suzuki seja esse homem isolado fruto de uma guerra. Se me perguntarei , hoje, se me interesso em ver outros filmes do Suzuki, responderei: não. Pena. Quem sabe daqui a uns outros anos de outros tempos.
Balada de Orin
4.0 4Um dos filmes mais lindos que já vi, além de tornar-se o meu favorito do Masahiro Shinoda!! Filme de uma sensibilidade incrível. Enquanto assistia ao nomadismo das mulheres cegas, lembrava-me muito daquilo que um velho crítico literário, Alfredo Bosi, chamou de 'fenomenologia do olhar', ou uma fronteira móvel e aberta entre o mundo externo e o sujeito. Muito me interessa o tema da cegueira porque o poeta é aquele que (como as gozes) vê, sente e experiencia na escuridão. Tanto os poetas quanto as mulheres cegas operam por modulações do olhar. Uma fala de uma das gozes é belíssima (daquelas frases que escreveria na parede do quarto):
"Mas Buda, misericordiosamente, nos fez cegas para que não pudéssemos ver o inferno deste mundo"..
O encontro deste filme com o pensamento budista é muito forte. Lembro sempre das palavras de um crítico francês do Budismo, Fabrice Midal, em um livro "Quel Bouddhisme pour l'ocident" (2006), que chama atenção para “a crítica do budismo [que] deve ser primeiro uma crítica do olhar”. Ou o "Não-olhar", já que o Budismo é um desafio ao pensamento pelo "Não-pensamento". E como as gozes deste filme corporalizam o Zen-budismo..... As gozes corporalizam ainda o que o mesmo Fabrice Midal chamou o Budismo Zen de "liberdade de abertura para o mundo". Mundo sofrível (como diz a fala da goze). Não foi o sofrimento a primeira identificação do Buda histórico (Dukka) perante a realidade? Diante do sofrimento do mundo (que não há como fugir dele), é que este filme e o pensamento budista se encontram, se enlaçam, um espaço muito rico de convergências. Fiquei fã de Shinoda.
Duplo Suicídio em Amijima
4.2 11Belo filme! Assisti exatamente após BELEZA E TRISTEZA(1965) e ambos parecem propor um bom diálogo(ou melhor, um diálogo entre Shinoda e Kawabata), principalmente no tocante ao papel da mulher: mulheres que amam, sofrem, se sacrificam. O velho consórcio Amor/sofrimento deste o mito grego de Chronos, com sua foice, decepando o órgão genital de Urano e, da dor do corte e do sêmem misturado ao mar, nascendo Afrodite(Gosto muito da leitura que a Jacqueline de Romilly faz em "A tragédia Grega"). Não obstante, também é bela a composição do filme, começando com o próprio Shinoda discutindo o cenário do filme, além de homens de preto em todo o filme, indo e vindo...como os próprios manipuladores dos bonecos do teatro bunraku.. simplesmente lindo!!!!
Há uma exclarecedora e antológica entrevista do Shinoda em um livro da Lucia Nagib, EM TORNO DA NOUVELLE VAGUE JAPONESA,Editora da Unicamp,1993, em que o cineasta fala de seu interesse pela história do Japão e a presença do teatro e do kabuki como a "essência de seu pensamento". Em meio a um Japão destruído pela guerra, uma fala do Shinoda é extremamente exclarecedora para este filme (não é a toa que este filme foi proibido na Inglaterra um certo tempo):
"Quando eu nasci o Japão já estava em guerra, a cidade onde nasci tinha se queimado, em tal contexto eu não podia pensar em fazer filmes sobre a prosperidade do Japão. [...] Eu queria que meus personagens principais se tornassem ferozes, exagerados, pouco claros, pouco civilizados, selvagens. Enfim, queria mostrar violência".
Beleza e Tristeza
3.8 9"- É muito difícil destruir o lar de um homem.
- Mais difícil que a arte?"
Arte, loucura, paixão, ruína. Ao assistir ao filme, lembrei muito dos romances de outro escritor nipônico, Yukio Mishima, para o qual a beleza e a ideia de destruição (de si e do mundo) estão sempre juntas. E neste filme, ao terminar, me perguntei: qual o limite para o sacrifício em nome de tais ideais? Meu primeiro filme deste diretor e já me apaixonei..
O Silêncio Não Tem Asas
4.3 10Lindo!!!Um filme pela ótica de uma larva que, em suas linhas e curvas, fotografa degradações e ruínas (com todo blanchotianismo que há nisto,) de um país no pós-guerra. Um abrir de asas sobre uma casa fechada que está prestes a abrir forçosamente as portas.. Um voo sobre a tradição.. Um ver pelo chão!!
PS: Uma fotografia inspiradora! Por que este diretor só realizou 2 filmes? Um voo breve, como um haiKai.. Porém imenso.
Zigeunerweisen
3.6 2Belíssimas imagens! Primeiro filme da trilogia Taisho, traz algo próprio de Suzuki, que é uma disposição quase teatral dos atores em cena -- flertando com o clássico teatro japonês. Este filme toca de modo peculiar no tema da morte e na podridão (decadência). Em dois momentos fica claro: quando a esposa de Aochi diz uma frase lapidar: "As coisas ficam melhores quando começam a apodrecer"; e quando a mesma está comendo um pêssego podre: "Quando começa a apodrecer, fica doce como mel". Que perfeita décadence!!! Confesso que foi difícil atravessar esse filme (gostei mais deste do que o segundo da trilogia, "Kagerô-za"). Mas depois de atravessar é compensador...
Clara S'en Va Mourrir
5.0 1Um excelente filme, e um dos melhores que já vi sobre o tema da eutanásia e do direito de morrer. Clara e a liberdade da morte. Um estar-diante-da-morte. Uma vida sem nenhuma relação antipodal com a morte. Clara corporaliza muito bem todas as filosofias da finitude que tanto filósofos e poetas se dedicaram à exaustão. São coisas que eu, particularmente, sempre me pergunto: vale a pena viver? Pena que este filme seja desconhecido.. Vale muito vê-lo, revê-lo..
Miquette
3.8 1Uma das cenas mais lindas que já vi na vida, a da
declaração de amor de Urbain a Miquette, e a do beijo na ponte!!!!!!!!!!
Domingo Maldito
3.6 42" - Crianças, vocês estão fumando maconha?
- Você é burguesa?"
Filme belíssimo!! Discordo do comentário que "em sua época de lançamento causaria mais polêmica que hoje". Com todo esse fundamentalismo e toda essa coloração conservadora e ditatorial que se inscreve em nosso Brasil atual, vejo mais "polêmica" hoje que na década de 70 que, convenhamos, foi uma década libertária e que faz grande falta (pelas vias do cinema, da literatura, da música, da vida..). O que eu digo para a literatura dos anos 70 eu digo para este filme: poesia-vida!!!
E o final... Mais belissimo ainda, como me doeu..
"Buscava uma pessoa corajosa e engenhosa. E ele não era. Mas era algo. Éramos algo"
Insolação
3.3 115Tendo assistindo ao filme em uma dessas madrugadas de desilusão, o filme já me ganhou nos primeiros minutos: tristeza. "confie no mistério". Insolação (com sua beleza em fotografia e trilha sonora) é um filme do despertar das "tonalidades afetivas", como diz um filósofo alemão, martin heidegger.
O que eu digo para a poesia, digo para este filme: não procure entendê-lo, busque senti-lo.
PS: também ando vagando sob o sol, tentando acalmar o animal dentro de nós, morrendo aos poucos, buscando...
Anjos do Arrabalde
3.8 34Maravilhoso!!!!! Primeiro filme do tão bem falado Carlos Reichenbach que vi, e foi uma experiência impar, pra toda minha vida. Um filme cru e que desfolha o drama de 3 professoras da periferia (periferia aqui muito bem exposta). Filme que eu recomendo muito para certas pessoas otimistas com a educação (que nada mudou) e para certas pessoas que têm uma doce ilusão de que "professores não têm problemas, não sofrem, ou sofrem/reclamam de 'barriga-cheia'. Sofrimento e violência: nos arredores da escola, mas também na vida dos personagens. Ai Reichenbach foi fundo e certeiro!!!
Eu, enquanto professor, espero (realmente) não acabar como a professora Rosa:
(logo numa aula de literatura, que verossimilhança cruel!!!), atirando-se do penhasco!!!
Memórias
4.0 168 Assista AgoraDiálogos maravilhosos, do "sofrimento não vende bilheteria" à citação shopenhauriana, Woody Allen constrói não só uma (auto)biografia (ou autoficção), como já aproxima o cinema da filosofia. Diálogos.
(E que coisa mais linda o protagonista-Allen analisando o Ladri di Biciclette!!!!).
Blue Jasmine
3.7 1,7K Assista AgoraAh, a decadência da burguesia. O filme traz um grande tema já presente em outras obras do Allen, mas sempre urgente e atual: o contato com a solidão, com a falta (em si e do mundo). A pobre Jasmine (e tantas outras Jasmines no mundo) descobre que a vida vai além do capital. A vida é o aqui e o agora, com todo seu tormento e poesia. Não é a experiência da dura realidade (tema tão bem presente nos filmes de Woody Allen) que faz da literatura uma fuga da realidade, um palco testemunhal? Esse é o Woody Allen que particularmente me interessa. E esse é o Woody Allen tão bem trabalhado em Teoria da Literatura.
Eu quero é mais Allen na minha vida!!!
Wrong
3.2 96Genial!! Um ótimo filme surrealista com um argumento atual como pano de fundo, sobre a ausência ou como nos colocamos diante da falta. A ausência do cão (Paul) é a nossa falta. E é essa falta que nós temos de "algo" no mundo que nos impulsiona (para criar? Não é essa a mola da arte?)
Tudo isto faz sentido na cena final logo depois dos créditos. Quem não viu, (re)veja. Diz tudo!! Esse filme foi um ótimo convite para ver outras obras do diretor e já desde agora admirá-lo. Vale muito!!
Três Homens e um Bebê
2.9 3filme muito fofo e agradável de se ver, ou como um pequeno ser pode mudar a vida e estreitar laços entre os homens. Os pais de primeira viagem tornam-se tão encantadores (e desastrados, pobre da pequena Marie) que faz do filme um belo aprendizado: para quem é ou não é pai.
(Só a cena final me saiu estranha, poderia ser deletada).
Notre Dame des Barjots
3.5 1Um filme envolvente -- não tanto quanto outros du genre policier, polar, ou de l'univers noir, caso queiram comparações. E por ser uma adaptação de um romance homônimo de Virginie Brac (e eu desconhecer tal obra), fico com uma leitura muito superficial. Mas a protagonista Véra parece conduzir bem a trama, embora um pouco pálida. E o final é uma verdade apoteose do filme. Lindo, lindo mesmo. Só achei o filme um pouco curto. Queria mais. Valia mais. E muito (Sempre me interesso por narrativas que circundam a psiquiatria).
Une Vie Française
4.0 1Excelente filme. Há muitos Pauls pelo mundo: um casamento inesperado, filhos, ausência, segredos. O filme transita muito bem entre o passado do protagonista em suas memórias de um revolucionário e o drama do presente. Sob a ótica do pai, o inesperado. Sob a ótica da filha, o vazio e a falta do "amor familiar". Ironia da vida: é só a partir do momento
em que a filha cai em depressão e é hospitalizada que o pai cai em si: eu tenho uma familia, eu tenho filhos.
Eu Matei Minha Mãe
3.9 1,3KPais e filhos deviam assistir a este filme. Não só pelo tema da diversidade. Como também da construção de maturidade. Ora, a passagem p/ a maturidade nada mais é que construir pontes. Pontes que ligam o Eu ao mundo. E, ao meu ver, o filme constrói um ótimo espaço para a questão da adolescência, das descobertas, da subjetividade, do amor, do ódio, dos diálogos consigo e com o mundo etc.
Sempre digo e repito: Não me agrada (no filmow e em qualquer outro lugar) essa crítica abnóxia e tola de abraçar-se 'num balão de ego inflado e querer ser melhor que o diretor com o intuito de depreciação gratuita. Concordemos ou não: o filme tem problemas. Tem um final abrupto. É irritante o excesso de grito do Xavier (Quer dizer, foi a meu ouvido) etc. Com efeito, prefiro a boa via de julgar a exegese, a narrativa. Sem ressentimentos. Sem afetações. E ao meu ver, Xavier Dolan tem talento e terá um bom caminho cinematográfico -- assim espero, de coração. Que as pontes do cinema de Dolan continuem crescendo.
Altas Solidões
4.0 11Sabia que eu e a Jean Seberg tínhamos afinidades, afora o nascimento em um fatídico 13 de novembro. A dor. A solidão. A tristeza. O abandono. O mundo não tem espaço para a tristeza. Por isso nos isolamos, com um sorriso de pedra no rosto. 80 silenciosos minutos. Mudos. Dolorosos como a própria vida.