Parte da crítica e do público pegou pesado com Vidro, a nota mediana aqui então não é nada justa. M. Night Shyamalan finalizou a trilogia de forma coerente e até poética, além de demonstrar habilidade em amarrar as pontas soltas de uma trama que atravessa uns 20 anos na cinematografia. Também exponenciou a atuação dramática do trio protagonista, a ponto de extrair do subestimado James McAvoy o melhor de si. Shyamalan gênio incompreendido, te amo bb!
Não achei tão bom quanto os dois primeiros, entretanto a relação de Soluço e Banguela tem uma cumplicidade tão gostosinha que não dá pra dizer que há perda de tempo em acompanhar suas peripécias. Além disso o capítulo final sela a saga de maneira efetiva e com dinamismo, evocando valores há tempos sedimentados pelo universo da utopia viking de dragões como fidelidade, liberdade e amor; e ainda emociona pelo amadurecimento de todos os personagens, humanos e bichanos. É um adeus bem agradável.
Guava Island é daquelas obras esteticamente aprazíveis, tanto pela escolha das cores na produção quanto pela simplicidade e beleza dos cenários explorados - ah, as ilhas caribenhas! Há também bons enquadramentos que tornam os objetos e pessoas mais próximos das sensações do público; só daí já valia, em parte, a experiência. Mas a trama dos irmãos Glover nos dá a chance de adentrar numa fábula sobre sobrevivência, arte e sonhos, através da simpática estória de Deni e Kofi, tão qualquer um de nós; ao mesmo tempo em que o "curta" tece críticas sutis à opressão político-social em que americanos (do continente americano) estão submetidos. Faltou talvez um pouco mais de duração pra balancear as duas abordagens, mas entendo que o projeto foi pensando exatamente assim: abrupto e direto. E pelo que se propôs é bão sim, viu!
Como o poeta Belchior entoava na década de 70, "a minha alucinação é suportar o dia-a-dia, e meu delírio é a experiência com coisas reais". Support The Girls versa também sobre este ponto, ao desenhar Lisa como um retrato fidelíssimo de inúmeras mulheres espalhadas neste mundão, trabalhadoras guerreiras toda-sacrifício que suportam os variados pequenos abusos no ambiente profissional e na vida pessoal até o ponto de emergir num delírio. Seu dia atarefado e sua dedicação em cada detalhe criam a empatia necessária para desejar acompanhar sua evolução, até o final previsível mas nem por isso decepcionante. Acredito que parte da bem aventurança deste despretensioso filme está na sintonia entre Rebeca Hall e suas co-protagonistas; tão gostosinha que fico me perguntando se Andrew Bujalski não teria sido mais feliz se tivesse desenvolvido este projeto como série televisiva, e não longa-metragem. Daria pra aproveitar mais do trio de personagens.
Quando o nome de Steve McQueen surge num projeto minha atenção redobra pra averiguar o que vem por aí. Entretanto "As Viúvas" me decepcionou; não pelo filme em si, que é mediano, mas pelas expectativas em torno do longa: de novo um elenco estelar numa narrativa que poderia render cenas memoráveis, após um hiatus de 5 anos do diretor à frente dum trabalho da porra. É uma pena que demora demais para ajustar seu clímax e enche de cenas no corpo da trama que parecem desconexas ou mal justificadas, a exemplo do
momento em que o filho de Veronica (Viola Davis) é assassinado por policiais num grave erro baseado em preconceito. Cena chocante que levantaria uma discussão relevante quanto ao racismo institucionalizado, mas que se perde num contexto em que outras abordagens já foram pinceladas. Se não tinha a intenção de desenvolver, que não jogasse sem qualquer preocupação alinhar com todo o resto.
A produção desta obra é impecável. A riqueza em detalhes da opulência chinesa impressiona, desde os trajes banhados a ouro à estrutura dos palácios revestidos em tecidos vibrantes. Chega a ser tão belo quanto um quadro pintado à mão: estava numa concorrência pau-a-pau com Marie Antoinette em Melhor Figurino no Oscar 2006; e se tivesse ganho, não torceria o nariz não. Quanto à trama, bem, é um engodo sem tamanho que acaba agradando. Um emaranhado de situações dramáticas que nos deixa afim de destrinchar a próxima camada revelada da novela de amor e tragédia. Altamente recomendável!
X-Men (2000) deslocou o tom jocoso e infantilizado das adaptações noventistas de HQs para algo mais substancial e dramático, fincando junto com Blade um segmento do cinema que viria a ser um fenômeno de mercado. Ainda arranha ali um discurso político fiel à proposta original das publicações. Sem dúvidas um marco para as produções de super-heróis, e mesmo às beiras de completar 20 anos de lançamento está longe de soar datado.
Matangi é um convite inspirador a todos para conhecer a trajetória estelar de M.I.A. Sua feroz afirmação com a identidade tâmil e o compromisso com causas em defesa de seu povo em meio à guerra civil tomam conta dos minutos de projeção, o que nos deixa a sensação de que a cantora se tornou uma figura bem necessária em meio ao cenário mainstream da música mundial por seus posicionamentos. Os bastidores da produção de seus álbuns, por sua vez, também revelam uma bagagem cultural autêntica e diversificada, fruto de sua experiência como imigrante do Sri Lanka baseada em Londres e com raízes na Índia. Um híbrido de arte e política que faz falta e que aparece de quando em quando. É uma pena perceber que sua consciência e seu discurso cobraram caro mais tarde por seu trabalho.
É um filme introdutório, afinal de contas, então não dá pra se esperar momentos memoráveis a não ser a exploração da origem da personagem e compreender suas motivações de heroína. Diverte. E Brie Larson provou que dava conta do papel, agora é aguardar as novas vicissitudes de Carol Denvers no Universo Marvel.
Meio enfadonho. Mais de três horas de uma linguagem repetitiva, com entrevistas concentradas em três pessoas com falas arrastadas e sem emoção. No entanto os depoimentos em si trazem detalhes curiosos da capacidade de manipulação do astro pop, causando repulsa em quem assiste quanto a forma sedutora em que MJ arrastava as crianças para o seu convívio. Mesmo se os relatos de abuso sexual sejam fruto de devaneios ou ganância dos acusadores, há tantas situações bizarras que revelam um comportamento incomum em uma relação adulto/criança, que fica difícil analisar todo o caso com a lucidez necessária. De qualquer modo o cantor criou uma teia de interdependência emocional e psicológica com os pequenos de tal forma, que atos contraditórios como sentir nojo pelo abuso sofrido e assimilar as mesmas ações como prova de amor e confiança podem ser compreensíveis e possíveis. Os relatos dos rapazes nos fornecem ambas as sensações e isto pra mim é o suficiente pra dar alguma credibilidade. Lembrem-se: a influência que alguém em posição de poder (um artista, um professor, um pai) exerce sobre outrem pode confundir e embaralhar a leitura de realidade deste último. Havendo abusos ou não, o vínculo de Jackson com as crianças é extremamente problemático e a reflexão sobre os limites desta intimidade ainda permanece válida. Dito isto, o doc não é a reunião cabal de provas contra o acusado de pedofilia Michael Jackson. Mas ao menos dá o benefício da dúvida quanto a um mito que se criou sobre um deus intocável com síndrome de Peter Pan. É preciso ouvir.
A composição visual de Aranhaverso é impressionante ao captar bem efetivamente a magia, cores e dinamismo das histórias em quadrinho e transportá-los para a mídia cinematográfica. Talvez nenhum outra produção de herói até hoje tenha alcançado tal êxito desta forma.
Que maluco! Irresponsabilidade gigantesca em propor um evento megalomaníaco sem logística e estrutura para isso, empurrando um público de milhares de pessoas para uma ilha remota sem qualquer compromisso em garantir o básico para a acomodação dos pagantes, e pelo visto zero preocupação com a sustentabilidade da ilha e os impactos para os habitantes locais. Billy é um ganancioso de bosta, que precisaria encarar a cadeia por um par de anos para reparar minimamente o que fez. E os millennials que se deixaram levar pela fraude carregam sua parcela de responsabilidade, por embarcarem num projeto duvidoso desde o início só pra satisfazer a necessidade de transparecer a felicidade de rede social. Ahhh... Quer saber? Empatia aqui não pra isso. Como o rapaz disse numa parte da entrevista: "É o darwinismo funcionando". Estiveram dispostos a pagar rios de dinheiros cegamente, sem conceder o benefício da dúvida, sem realizar uma pesquisa séria antes de embarcar nessa insanidade. Foram porque podiam pagar e só. Parafraseando Frank Ocean: "Super rich kids with nothing but loose ends".
Dia desses numa discussão em minha casa, minha mãe se queixou de ter ser sacrificado demais pela família a ponto de não ter alcançado uma grande realização pessoal. Ela olhava para minhas irmãs que montaram uma empresa juntas e viajam para fora do estado inúmeras vezes ao ano e pra mim, professor de História pelo Estado do Ceará. Ela, bom, reduziu a sua vida a ser mãe e... esposa. Dedicada a um mulherengo egoísta e inconstante. Glenn Close em uma entrevista afirmou que sua mãe por várias vezes se lamentava por nunca ter alcançado uma grande realização pessoal. Talvez seja aí onde reside o olhar frustrado e ressentido que a atriz imprime na personagem. Das inúmeras mulheres por trás dos bastidores. Da alma que amarga em arrependimentos. Close engole a trama mal resolvida de uma forma que brilha sozinha, distante, acuada. Aplausos para o conjunto da obra desta mulher!
SPIKE LEE. Ácido, direto, político e genial! Graças a suas mãos certeiras e o incansável discurso inflado contra o racismo planificado e institucionalizado nos EUA nos concede o achado que é Infiltrado na Klan. O longa é intrigante pela história em si e pela narrativa tensa que o envolve, fazendo com que as duas horas e tanto passem despercebidas pelo espectador. A construção dos personagens e dos diálogos estão no ponto, tanto que até os esteriótipos não chegam a incomodar (pelo contrário, o preconceituoso lunático parece cada vez mais uma figura real aqui do outro lado da tela, vide Brasil 2019). E o final é de uma sacada realista que dói. E dói muito. Temos aqui uma obra que faz parte da safra de filmes NECESSÁRIOS para se repensar a sociedade que criamos.
A entrega de Rami Malek é louvável. Encarna a persona de Freddie Mercury de uma forma única, impressionando pela semelhança da performance corporal do ícone nos palcos, tal qual fez Jennifer Lopez com Selena Quintanilla em 1997. A sequência final que reproduz o Live Aid chega a arrepiar: musical, emotiva e excitante, como boa parte das cenas musicadas do longa. Ao final a produção não é tão horripilante quanto pintam os críticos, no entanto não chega a ser tão indispensável como os amantes comemoram. Falta consistência da história, mas sobra música. E isso me agradou.
Os elementos que fizeram do primeiro Deadpool um grande sucesso aqui estão de volta: a metalinguagem beirando ao absurdo, o humor nonsense e a violência explícita faz da saga uma aventura gostosa de se ver. Não decepcionou. As inúmeras referências e quebras da quarta parede foram sensacionais.
Um fôlego no emaranhado universo compartilhado da Marvel. Ant-Man, tanto o primeiro quanto esse, funcionam muito bem isolados. É independente, não há necessidade de se justificar ante aos acontecimentos de outros longas, não é entupido de referências para costurar as tramas paralelas. Foi divertido, com efeitos bacanas que valeriam o ingresso do cinema.
Então é mais um filme sobre uma besta incontrolável com sede de matança que por acaso tenta destruir os homens e suas cidades? E que em algum ponto "se converte" para uma causa maior, transformando-se de antagonista em anti-herói? É... Falhou repetidamente. Para uma obra hollywoodiana em que se gasta rios de dinheiro em produção esperava-se efeitos que não parecessem de 1994. Nem com uma trama tão... genérica. Como um passatempo vale, até porque Tom Hardy não vacila, no entanto é mais uma obra esquecível do subgênero.
Levemente chato. Os números musicais isolados, retirados do contexto da obra em si, são espetaculares: seja pela interpretação vocal magnífica ou pelas coreografias bem executadas, as sequências encantam e dão vivacidade ao filme. Mas de resto nada funciona. A trama não aprofunda seus personagens, concede cenas mornas e sem emoção e ainda por cima o elenco não atende às expectativas. Prefiro continuar assistindo aos clipes das cenas musicadas da trupe, como "The Greatest Show", "This Is Me" e "From Now On"
Se uma sessão termina com soluços e aplausos de quase todos da plateia, é preciso dizer algo mais? A Star is Born emociona bastante, seja na tristeza da trajetória decadente de Jackson Maine ou na vivacidade da ascensão da tímida Ally, assim como também na química e relação problemática entre as personagens. Mérito em maior parte do diretor debutante Bradley Cooper, sagaz e ambicioso nas tomadas e cortes, aproximando-nos da explosiva vida de músicos e da intimidade das estrelas (que são acima de tudo humanos e Brad quer nos lembrar disso à todo momento). Como ator também abrilhanta talvez na performance de sua carreira, sensibilizando pela tocante história que paira entre o alcoolismo e a conturbação. Lady Gaga como estreante impressiona, certamente por se despir da personagem megalomaníaca de estrela pop pra dar vida a uma simples garçonete com aspirações de cantora. E a trilha? Magnífica. Sem dúvidas a melhor do ano. Eu espero ver esse longa nas temporadas de premiações.
Desde o primeiro filme da franquia James DeMonaco flerta com os aspectos sociopsicológicos da violência, numa tentativa de tecer um raio-x da hipocrisia e barbárie humana e expor dilemas ético-morais bastante palpáveis (para um futuro distópico que de forma alguma se distância do atual). Dá pra se perceber que o roteirista e idealizador quer, nas entrelinhas do horror exibicionista, deixar uma alerta quanto à capacidade humana de se auto-destruir. No entanto mais uma vez fica no plano da intenção, só arranhando a superfície da trama, não aprofundando a temática e se entregando a uma salada narrativa mal executada com atores fraquíssimos em seus personagens desinteressantes. Sofrível. Quase cochilei em algum ponto na metade do longa.
Por onde anda essa produção? Cancelaram a distribuição comercial? Um filme que reúne Helena Bonham Carter, Jeffrey Tambor e Hilary Swank (marcando o retorno desse monstro da atuação) num projeto que tem sido desenvolvido há, no mínimo, duas décadas devia estar em primeiro nas apostas da corrida pelo Oscar e outros festivais mundo à fora. Triste!
O diretor irlandês John Carney (Sing Street, Once) mostrou, numa filmografia até curta, que sabe conduzir um projeto em que tudo acontece como o esperado sem cair na pieguice e recorrer ao clichê. E Begin Again, assim como os outros, é assim: um filme cativante e leve, que homenageia a música e seu potencial terápico na vida daqueles que a se entregam. Mark Ruffalo e Keira Knightley defendem suas personagens com verdade, elevando a qualidade da trama. Típico feel good movie pra se ver após um dia estressante.
Não é tão ruim quanto bordam por aí, pelo contrário. A sintonia e química entre os atores agradam, a trama é inusitada e igualmente divertida rendendo sequências tresloucadas (as vezes forçadas, mas cinema tá aí pra extrapolar) e a mensagem ao final nos enche de nostalgia. A vontade que dá é de tentar contactar os antigos amigos de infância e chamar pra uma partida de carimba (queimada pra maioria de vocês rs.). Esperava bem menos e curti o que vi.
**Jon Hamm parece ter gostado da experiência de encabeçar projetos mais despojados, Jeremy Renner provou que o Arqueiro ainda não saiu dele e Hannibal Buress e Isla Ficher imprimem velhos arquétipos que ainda proporcionam ótimas piadas. Ótimo cast.**
Vidro
3.5 1,3K Assista AgoraParte da crítica e do público pegou pesado com Vidro, a nota mediana aqui então não é nada justa. M. Night Shyamalan finalizou a trilogia de forma coerente e até poética, além de demonstrar habilidade em amarrar as pontas soltas de uma trama que atravessa uns 20 anos na cinematografia. Também exponenciou a atuação dramática do trio protagonista, a ponto de extrair do subestimado James McAvoy o melhor de si. Shyamalan gênio incompreendido, te amo bb!
Como Treinar o Seu Dragão 3
4.0 498 Assista AgoraNão achei tão bom quanto os dois primeiros, entretanto a relação de Soluço e Banguela tem uma cumplicidade tão gostosinha que não dá pra dizer que há perda de tempo em acompanhar suas peripécias. Além disso o capítulo final sela a saga de maneira efetiva e com dinamismo, evocando valores há tempos sedimentados pelo universo da utopia viking de dragões como fidelidade, liberdade e amor; e ainda emociona pelo amadurecimento de todos os personagens, humanos e bichanos. É um adeus bem agradável.
Guava Island
4.0 248Guava Island é daquelas obras esteticamente aprazíveis, tanto pela escolha das cores na produção quanto pela simplicidade e beleza dos cenários explorados - ah, as ilhas caribenhas! Há também bons enquadramentos que tornam os objetos e pessoas mais próximos das sensações do público; só daí já valia, em parte, a experiência. Mas a trama dos irmãos Glover nos dá a chance de adentrar numa fábula sobre sobrevivência, arte e sonhos, através da simpática estória de Deni e Kofi, tão qualquer um de nós; ao mesmo tempo em que o "curta" tece críticas sutis à opressão político-social em que americanos (do continente americano) estão submetidos. Faltou talvez um pouco mais de duração pra balancear as duas abordagens, mas entendo que o projeto foi pensando exatamente assim: abrupto e direto. E pelo que se propôs é bão sim, viu!
Support The Girls
3.5 47Como o poeta Belchior entoava na década de 70, "a minha alucinação é suportar o dia-a-dia, e meu delírio é a experiência com coisas reais". Support The Girls versa também sobre este ponto, ao desenhar Lisa como um retrato fidelíssimo de inúmeras mulheres espalhadas neste mundão, trabalhadoras guerreiras toda-sacrifício que suportam os variados pequenos abusos no ambiente profissional e na vida pessoal até o ponto de emergir num delírio. Seu dia atarefado e sua dedicação em cada detalhe criam a empatia necessária para desejar acompanhar sua evolução, até o final previsível mas nem por isso decepcionante. Acredito que parte da bem aventurança deste despretensioso filme está na sintonia entre Rebeca Hall e suas co-protagonistas; tão gostosinha que fico me perguntando se Andrew Bujalski não teria sido mais feliz se tivesse desenvolvido este projeto como série televisiva, e não longa-metragem. Daria pra aproveitar mais do trio de personagens.
As Viúvas
3.4 410 Assista AgoraQuando o nome de Steve McQueen surge num projeto minha atenção redobra pra averiguar o que vem por aí. Entretanto "As Viúvas" me decepcionou; não pelo filme em si, que é mediano, mas pelas expectativas em torno do longa: de novo um elenco estelar numa narrativa que poderia render cenas memoráveis, após um hiatus de 5 anos do diretor à frente dum trabalho da porra. É uma pena que demora demais para ajustar seu clímax e enche de cenas no corpo da trama que parecem desconexas ou mal justificadas, a exemplo do
momento em que o filho de Veronica (Viola Davis) é assassinado por policiais num grave erro baseado em preconceito. Cena chocante que levantaria uma discussão relevante quanto ao racismo institucionalizado, mas que se perde num contexto em que outras abordagens já foram pinceladas. Se não tinha a intenção de desenvolver, que não jogasse sem qualquer preocupação alinhar com todo o resto.
Pecou pelo excesso. As vezes menos é mais, mesmo!
A Maldição da Flor Dourada
3.7 129 Assista AgoraA produção desta obra é impecável. A riqueza em detalhes da opulência chinesa impressiona, desde os trajes banhados a ouro à estrutura dos palácios revestidos em tecidos vibrantes. Chega a ser tão belo quanto um quadro pintado à mão: estava numa concorrência pau-a-pau com Marie Antoinette em Melhor Figurino no Oscar 2006; e se tivesse ganho, não torceria o nariz não. Quanto à trama, bem, é um engodo sem tamanho que acaba agradando. Um emaranhado de situações dramáticas que nos deixa afim de destrinchar a próxima camada revelada da novela de amor e tragédia. Altamente recomendável!
X-Men: O Filme
3.5 903 Assista AgoraX-Men (2000) deslocou o tom jocoso e infantilizado das adaptações noventistas de HQs para algo mais substancial e dramático, fincando junto com Blade um segmento do cinema que viria a ser um fenômeno de mercado. Ainda arranha ali um discurso político fiel à proposta original das publicações. Sem dúvidas um marco para as produções de super-heróis, e mesmo às beiras de completar 20 anos de lançamento está longe de soar datado.
Matangi / Maya / M.I.A.
4.6 77 Assista AgoraMatangi é um convite inspirador a todos para conhecer a trajetória estelar de M.I.A. Sua feroz afirmação com a identidade tâmil e o compromisso com causas em defesa de seu povo em meio à guerra civil tomam conta dos minutos de projeção, o que nos deixa a sensação de que a cantora se tornou uma figura bem necessária em meio ao cenário mainstream da música mundial por seus posicionamentos. Os bastidores da produção de seus álbuns, por sua vez, também revelam uma bagagem cultural autêntica e diversificada, fruto de sua experiência como imigrante do Sri Lanka baseada em Londres e com raízes na Índia. Um híbrido de arte e política que faz falta e que aparece de quando em quando. É uma pena perceber que sua consciência e seu discurso cobraram caro mais tarde por seu trabalho.
Capitã Marvel
3.7 1,9K Assista AgoraÉ um filme introdutório, afinal de contas, então não dá pra se esperar momentos memoráveis a não ser a exploração da origem da personagem e compreender suas motivações de heroína. Diverte. E Brie Larson provou que dava conta do papel, agora é aguardar as novas vicissitudes de Carol Denvers no Universo Marvel.
Deixando Neverland
3.4 245Meio enfadonho. Mais de três horas de uma linguagem repetitiva, com entrevistas concentradas em três pessoas com falas arrastadas e sem emoção. No entanto os depoimentos em si trazem detalhes curiosos da capacidade de manipulação do astro pop, causando repulsa em quem assiste quanto a forma sedutora em que MJ arrastava as crianças para o seu convívio. Mesmo se os relatos de abuso sexual sejam fruto de devaneios ou ganância dos acusadores, há tantas situações bizarras que revelam um comportamento incomum em uma relação adulto/criança, que fica difícil analisar todo o caso com a lucidez necessária. De qualquer modo o cantor criou uma teia de interdependência emocional e psicológica com os pequenos de tal forma, que atos contraditórios como sentir nojo pelo abuso sofrido e assimilar as mesmas ações como prova de amor e confiança podem ser compreensíveis e possíveis. Os relatos dos rapazes nos fornecem ambas as sensações e isto pra mim é o suficiente pra dar alguma credibilidade. Lembrem-se: a influência que alguém em posição de poder (um artista, um professor, um pai) exerce sobre outrem pode confundir e embaralhar a leitura de realidade deste último. Havendo abusos ou não, o vínculo de Jackson com as crianças é extremamente problemático e a reflexão sobre os limites desta intimidade ainda permanece válida.
Dito isto, o doc não é a reunião cabal de provas contra o acusado de pedofilia Michael Jackson. Mas ao menos dá o benefício da dúvida quanto a um mito que se criou sobre um deus intocável com síndrome de Peter Pan. É preciso ouvir.
Homem-Aranha: No Aranhaverso
4.4 1,5K Assista AgoraA composição visual de Aranhaverso é impressionante ao captar bem efetivamente a magia, cores e dinamismo das histórias em quadrinho e transportá-los para a mídia cinematográfica. Talvez nenhum outra produção de herói até hoje tenha alcançado tal êxito desta forma.
FYRE Festival: Fiasco no Caribe
3.6 227Que maluco! Irresponsabilidade gigantesca em propor um evento megalomaníaco sem logística e estrutura para isso, empurrando um público de milhares de pessoas para uma ilha remota sem qualquer compromisso em garantir o básico para a acomodação dos pagantes, e pelo visto zero preocupação com a sustentabilidade da ilha e os impactos para os habitantes locais. Billy é um ganancioso de bosta, que precisaria encarar a cadeia por um par de anos para reparar minimamente o que fez. E os millennials que se deixaram levar pela fraude carregam sua parcela de responsabilidade, por embarcarem num projeto duvidoso desde o início só pra satisfazer a necessidade de transparecer a felicidade de rede social. Ahhh... Quer saber? Empatia aqui não pra isso. Como o rapaz disse numa parte da entrevista: "É o darwinismo funcionando". Estiveram dispostos a pagar rios de dinheiros cegamente, sem conceder o benefício da dúvida, sem realizar uma pesquisa séria antes de embarcar nessa insanidade. Foram porque podiam pagar e só. Parafraseando Frank Ocean: "Super rich kids with nothing but loose ends".
A Esposa
3.8 557 Assista AgoraDia desses numa discussão em minha casa, minha mãe se queixou de ter ser sacrificado demais pela família a ponto de não ter alcançado uma grande realização pessoal. Ela olhava para minhas irmãs que montaram uma empresa juntas e viajam para fora do estado inúmeras vezes ao ano e pra mim, professor de História pelo Estado do Ceará. Ela, bom, reduziu a sua vida a ser mãe e... esposa. Dedicada a um mulherengo egoísta e inconstante. Glenn Close em uma entrevista afirmou que sua mãe por várias vezes se lamentava por nunca ter alcançado uma grande realização pessoal. Talvez seja aí onde reside o olhar frustrado e ressentido que a atriz imprime na personagem. Das inúmeras mulheres por trás dos bastidores. Da alma que amarga em arrependimentos. Close engole a trama mal resolvida de uma forma que brilha sozinha, distante, acuada. Aplausos para o conjunto da obra desta mulher!
Infiltrado na Klan
4.3 1,9K Assista AgoraSPIKE LEE. Ácido, direto, político e genial! Graças a suas mãos certeiras e o incansável discurso inflado contra o racismo planificado e institucionalizado nos EUA nos concede o achado que é Infiltrado na Klan. O longa é intrigante pela história em si e pela narrativa tensa que o envolve, fazendo com que as duas horas e tanto passem despercebidas pelo espectador. A construção dos personagens e dos diálogos estão no ponto, tanto que até os esteriótipos não chegam a incomodar (pelo contrário, o preconceituoso lunático parece cada vez mais uma figura real aqui do outro lado da tela, vide Brasil 2019). E o final é de uma sacada realista que dói. E dói muito. Temos aqui uma obra que faz parte da safra de filmes NECESSÁRIOS para se repensar a sociedade que criamos.
Bohemian Rhapsody
4.1 2,2K Assista AgoraA entrega de Rami Malek é louvável. Encarna a persona de Freddie Mercury de uma forma única, impressionando pela semelhança da performance corporal do ícone nos palcos, tal qual fez Jennifer Lopez com Selena Quintanilla em 1997. A sequência final que reproduz o Live Aid chega a arrepiar: musical, emotiva e excitante, como boa parte das cenas musicadas do longa. Ao final a produção não é tão horripilante quanto pintam os críticos, no entanto não chega a ser tão indispensável como os amantes comemoram. Falta consistência da história, mas sobra música. E isso me agradou.
Deadpool 2
3.8 1,3K Assista AgoraOs elementos que fizeram do primeiro Deadpool um grande sucesso aqui estão de volta: a metalinguagem beirando ao absurdo, o humor nonsense e a violência explícita faz da saga uma aventura gostosa de se ver. Não decepcionou. As inúmeras referências e quebras da quarta parede foram sensacionais.
Homem-Formiga e a Vespa
3.6 989 Assista AgoraUm fôlego no emaranhado universo compartilhado da Marvel. Ant-Man, tanto o primeiro quanto esse, funcionam muito bem isolados. É independente, não há necessidade de se justificar ante aos acontecimentos de outros longas, não é entupido de referências para costurar as tramas paralelas. Foi divertido, com efeitos bacanas que valeriam o ingresso do cinema.
Venom
3.1 1,4K Assista AgoraEntão é mais um filme sobre uma besta incontrolável com sede de matança que por acaso tenta destruir os homens e suas cidades? E que em algum ponto "se converte" para uma causa maior, transformando-se de antagonista em anti-herói? É... Falhou repetidamente. Para uma obra hollywoodiana em que se gasta rios de dinheiro em produção esperava-se efeitos que não parecessem de 1994. Nem com uma trama tão... genérica. Como um passatempo vale, até porque Tom Hardy não vacila, no entanto é mais uma obra esquecível do subgênero.
O Rei do Show
3.9 897 Assista AgoraLevemente chato. Os números musicais isolados, retirados do contexto da obra em si, são espetaculares: seja pela interpretação vocal magnífica ou pelas coreografias bem executadas, as sequências encantam e dão vivacidade ao filme. Mas de resto nada funciona. A trama não aprofunda seus personagens, concede cenas mornas e sem emoção e ainda por cima o elenco não atende às expectativas. Prefiro continuar assistindo aos clipes das cenas musicadas da trupe, como "The Greatest Show", "This Is Me" e "From Now On"
Nasce Uma Estrela
4.0 2,4K Assista AgoraSe uma sessão termina com soluços e aplausos de quase todos da plateia, é preciso dizer algo mais? A Star is Born emociona bastante, seja na tristeza da trajetória decadente de Jackson Maine ou na vivacidade da ascensão da tímida Ally, assim como também na química e relação problemática entre as personagens. Mérito em maior parte do diretor debutante Bradley Cooper, sagaz e ambicioso nas tomadas e cortes, aproximando-nos da explosiva vida de músicos e da intimidade das estrelas (que são acima de tudo humanos e Brad quer nos lembrar disso à todo momento). Como ator também abrilhanta talvez na performance de sua carreira, sensibilizando pela tocante história que paira entre o alcoolismo e a conturbação. Lady Gaga como estreante impressiona, certamente por se despir da personagem megalomaníaca de estrela pop pra dar vida a uma simples garçonete com aspirações de cantora. E a trilha? Magnífica. Sem dúvidas a melhor do ano. Eu espero ver esse longa nas temporadas de premiações.
A Primeira Noite de Crime
2.7 551 Assista AgoraDesde o primeiro filme da franquia James DeMonaco flerta com os aspectos sociopsicológicos da violência, numa tentativa de tecer um raio-x da hipocrisia e barbárie humana e expor dilemas ético-morais bastante palpáveis (para um futuro distópico que de forma alguma se distância do atual). Dá pra se perceber que o roteirista e idealizador quer, nas entrelinhas do horror exibicionista, deixar uma alerta quanto à capacidade humana de se auto-destruir. No entanto mais uma vez fica no plano da intenção, só arranhando a superfície da trama, não aprofundando a temática e se entregando a uma salada narrativa mal executada com atores fraquíssimos em seus personagens desinteressantes. Sofrível. Quase cochilei em algum ponto na metade do longa.
55 Passos
3.9 40 Assista AgoraPor onde anda essa produção? Cancelaram a distribuição comercial? Um filme que reúne Helena Bonham Carter, Jeffrey Tambor e Hilary Swank (marcando o retorno desse monstro da atuação) num projeto que tem sido desenvolvido há, no mínimo, duas décadas devia estar em primeiro nas apostas da corrida pelo Oscar e outros festivais mundo à fora. Triste!
Mesmo se Nada der Certo
4.0 1,9K Assista AgoraO diretor irlandês John Carney (Sing Street, Once) mostrou, numa filmografia até curta, que sabe conduzir um projeto em que tudo acontece como o esperado sem cair na pieguice e recorrer ao clichê. E Begin Again, assim como os outros, é assim: um filme cativante e leve, que homenageia a música e seu potencial terápico na vida daqueles que a se entregam. Mark Ruffalo e Keira Knightley defendem suas personagens com verdade, elevando a qualidade da trama. Típico feel good movie pra se ver após um dia estressante.
Te Peguei!
3.3 238 Assista AgoraNão é tão ruim quanto bordam por aí, pelo contrário. A sintonia e química entre os atores agradam, a trama é inusitada e igualmente divertida rendendo sequências tresloucadas (as vezes forçadas, mas cinema tá aí pra extrapolar) e a mensagem ao final nos enche de nostalgia. A vontade que dá é de tentar contactar os antigos amigos de infância e chamar pra uma partida de carimba (queimada pra maioria de vocês rs.). Esperava bem menos e curti o que vi.
**Jon Hamm parece ter gostado da experiência de encabeçar projetos mais despojados, Jeremy Renner provou que o Arqueiro ainda não saiu dele e Hannibal Buress e Isla Ficher imprimem velhos arquétipos que ainda proporcionam ótimas piadas. Ótimo cast.**