Porra, que elenco ein! E de pensar que Jennifer Lawrence e Julia Roberts quase entram nesse panteão, arrepia mais ainda. E o mérito da produção reside exatamente na dinâmica e malemolência da performance das garotas, escolhidas a dedo para executar personalidades habituais em suas respectivas carreiras; por isso soa tão orgânico. Anne Hathaway e Helena Bonham Carter basicamente fizeram um compilado de seu currículo aí. Entretanto, se sobra atuação falta ápice na trama: as resoluções dos roubos carecem de tensão, uma vez que são explicadas e resolvidas de maneira bem engenhosa mas simples demais, não dando espaço para a possibilidade de dar errado. Então você só espera o momento no final em que o crime será bem sucedido. Dava pra ter ousado mais, senhor Gary Ross, buscando equilíbrio entre ação e humor.
O final tirou toda a magia e ironia da construção narrativa, talvez numa tentativa de Álex de la Iglesia de se distanciar um pouco do original italiano. O que não se faz durante a película, que é basicamente uma reprodução frame a frame da obra-mãe, inclusive o diálogos copiados da mesma forma. No entanto as atuações deste, como do outro, agradam e tornam a experiência tão boa quanto. Há tantas possibilidades de debate a partir disso aqui que eu poderia passar horas conversando com um grupo de amigos sobre (com os celulares no modo avião, claro rs)
Os números musicais desta sequência de Teen Beach Movie ficaram um pouco aquém do esperado, enquanto a trama avança ao aprofundar o choque cultural entre tempos distintos das peripécias juvenis. Debochando não mais a surf music mas o colegial norte-americano, a paródia inova no final (para comédias bobinhas, é claro) e dá um gancho para uma possível finalização de trilogia. Vale a pena conferir a virada de protagonismo para Tanner e Lela.
Como assim não é a Selena Gomez que estrela esta comédia da Disney?
Estive com as expectativas bem baixas para ver esse musical que mais parecia uma tentativa desesperada de preencher o espaço que High School Musical deixou. Mas não é que diverte!? É uma paródia sem pé nem cabeça da cultura dos anos 60, caricaturando o surf, a moda, a música e o próprio cinema (é metalinguagem que você quer, La La Land?). Quem não percebeu isso desde a primeira cena na oficina de surf do vovôzinho devia ter parado ali mesmo. O filme se ridiculariza à todo tempo e, dentro da proposta, alcançou o que queria.
Dura mais do que deveria. A primeira metade mantém um ritmo agradável e um humor orgânico, daí cede o lugar a um chato pseudo draminha com piadas espaçadas, e vai se arrastando até o fim da película. Se cortasse uns trinta minutos, garanto que daria um up no timing cômico. Ao menos o elenco é muito bom, em especial a protagonista Katherine Heigl (que inclusive está a cara de Britney Spears no filme)
Jennie Livingston teve a audácia de descortinar a noite da comunidade afrolatina LGBT nos EUA e levantar uma bandeira caríssima em pleno anos 90. Paris is Burning é um grito feroz de afirmação das identidades marginalizadas, que através de seus corpos e experiências bradam algo como "existimos e resistimos"; ao mesmo tempo em que revela as fragilidades e percalços de meninos e meninas que se agarram às fantasias como forma de escape da vida que os negam. Se por um lado fiquei boquiaberto com a cultura pulsante das figuras apresentadas e a garra de cada uma delas, por outro me tocou bastante a trajetória difícil da maior parte destas crianças. O doc se faz necessário não só pela imersão da cultura pop que se propõe, mas sobretudo pra compreender as formas de vivências transgressoras e suas aspirações. Não me contive de emoção com a Venus Xtravaganza e toda a sua energia de menina; queria poder abraçá-la.
Que projeto gratificante. São Paulo em HI-FI busca resgatar a memória dos tempos áureos da noite LGBT paulistana de forma admirável e prestando uma bela homenagem aos profanos pioneiros da subversão. Perpassa por figuras exóticas e transgressoras afim de celebrar os ambientes e os acontecimentos que marcaram a trajetória da comunidade e garantiram a criação de espaços de coexistência à sociedade. Fico feliz com as entrevistas repletas de nostalgia e orgulho de um passado glorioso. Viva a toda alma queer que vieram antes de nós!
Meu único problema com a produção foi a famigerada expectativa: esperei mais um texto afiado e escrachado que um compilado de acontecimentos surreais. Em vários momentos não acredito que o humor tenha sido eficaz, como
quando o personagem do John Cena consumiu cerveja pelo ânus e também quando os três pais vão à casa do Austin descobrir seu paradeiro com os pais, que estão transando.
Extravagância demais pra pouco divertimento. Posso contar as escassas vezes que sorri. No entanto, a trama nos cativa de tal forma que pode ser que você não curta o humor presente ali mas pelo menos vai se apegar ao conceito discutido no corpo do roteiro e à postura das personagens diante da temática. Bonzinho.
Que elencão! O time de mulheres que compõe Bridesmaids foram espetaculares, desempenhando seus papeis com textos improvisados no gatilho, expressões corporais certeiras e personalidades realistas, ao ponto de você reconhecer ao menos duas das personagens em pessoas ao seu redor. Da desesperada Kristen Wiig à grotesca Melissa McCarthy, não acredito que nenhuma tenha ficado aquém a uma performance adequada. A trama apela pra escatologia, pra auto-humilhação e pras conveniências de roteiro sem perder o jeito despojado de lidar com as situações: a cena em que as duas amigas da noiva disputam pelo discurso mais emocionante e Annie chapada dentro do avião, por exemplo, me fazem rir toda vez que eu revejo. Por mais comédias com elenco feminino, por favor, pra renovar o gênero.
Em Life of the Party há tudo o que já estamos habituados no college movie: a outsider tentando se encaixar em um universo que aparentemente não é o dela, a relação amorosa improvável, a disputa infantil com a mais popular (com direito a batalha de dança e tudo) e as situações nonsenses da boemia universitária. Ainda há pra se extrair sequências divertidas de tudo isso? Melissa McCarthy mostra que sim. Bom passatempo com personagens interessantes e uma estória até convidativa para um domingo a tarde. Eu ri bastante uma vez ou outra de várias cenas.
Me aprecia filmes que falem com e para alguém. Pode não ser pra todos, pode ser meio de "nicho" mesmo, voltado para um público comercial específico como este o é. Mas ele falou. E falou muito. Love Simon representa para cada adolescente LGBT -que já foi e que ainda o é- a expressão da delícia e da dor de ser quem se é. A descoberta de si mesmo em meio à bombardeios de insegurança e pressão, que já é comum ao homem e mulher da faixa etária do colegial mas pra/o queer se apresenta de uma outra forma. Feliz projeto do Greg Berlanti que me fez ver minha própria estória nas telonas.
Decepcionante. Com o orçamento e a logística que uma produção original da Netflix pode arregimentar, o projeto O Matador escolhe pessimamente diretor/roteirista, usa um CGI pra lá de amador e sub-aproveita os cenários e paisagens do agreste brasileiro. Dos vários aspectos que não funcionam no longa destaco a narração desnecessária que corta todo o longa, por vezes descrevendo exatamente o que está acontecendo em tela, sobrando pouco para que a mensagem imagética fale por si só; além do roteiro confuso que sublinha tramas picotadas e joga personagens (assim como some com eles) sem qualquer preocupação em dar vitalidade para a estória. Enfim, de meia boca pra ruim. Pelo visto dificilmente a Netflix acerta como cinema.
Cansativo e sem atrativos, O Touro Ferdinando pode até discutir a tradição cruel das touradas ao sensibilizar as estórias de animais ao mesmo tempo em que exalta a amizade e a coragem em ser quem se quer, mas esbarra em uma trajetória clichê e um humor extremamente forçado que me desagradaram. A estética e os traços da animação não impressionam, o que é estranho vindo de alguém que fez "Rio". E talvez por ser a mais infantilizada entre as últimas animações lançadas estes anos não me convenceu -mas sem dúvidas deve conquistar um cantinho cativo nos olhares da criançada. E pelo visto é a proposta da produção.
Não acredito que Julie Powell criou o "Desafio 365 dias de..." do Facebook antes mesmo do próprio Facebook sequer existir HAHAHAH A história é boba e até desinteressante, confesso que só espiei por conta da dupla de protagonistas envolvidas no projeto porque se dependesse do corpo da trama... Mas foi agradável, viu? Em parte pela capacidade da sempre empática Amy Adams em fazer de uma personagem pacata e qualquer-coisa em algo a se admirar e torcer. Por outro lado Meryl Streep afetadíssima, tal qual no posterior Florence Foster Jenkins, é um tanto irritante mas é impossível não se engraçar por suas atuações. Meio que chover no molhado elogiar seu trabalho.
Julie & Julia é um bom passatempo pra se ver num domingo à tarde com a avó e a mãe, exímias cozinheiras, e compartilhar memórias de alimentação e afetos.
A construção visual de Your Name beira ao edênico. Não conheço o trabalho do diretor japonês Makoto Shinkai, mas se há no conjunto de obras do cineasta tal perfeição técnica, com cores vivas e paisagens ricas em detalhes, acredito que preciso dar uma olhadinha mais atenta para o homem. Em Kimi no Na wa esbarramos num conto clichê de linhas temporais e uma narrativa já exaustivamente explorada pela ficção científica ao longo dos últimos anos, no entanto há uma percepção diferencia quanto ao que se quer contar, em vista que aqui os conceitos do gênero acabam cedendo lugar a uma trama mais "pé no chão" e emocional. Diretor e roteirista descortinam sua estória com sinceridade, sensibilidade e interesse, instigando no espectador memória e sentimento a toda sequência. O embaralhado (proposital) roteiro logo revela uma aventura deliciosa de se acompanhar. Dá pra se compreender o sucesso estrondoso que a película fez no Japão e no globo.
O irreverente Bong Joon-ho mais uma vez nos presenteia uma trama criativa e frenética que surpreende mesmo se tratando de uma distopia pós-apocalíptica aparentemente previsível. A alegoria política explícita de Expresso do Amanhã acerta em cheio quando desenha uma crítica à sociedade atual de classes e a desigualdade inerente ao modo de vida que vivemos, apontando e lembrando que as engrenagens que movem a máquina do Wilford não são tão diferentes da nossa máquina; conteúdo grandioso aliado à uma produção impecável e de tremendo estilo, com cenas de ação bem montadas capitaneadas por uma direção certeira e uma trama em crescente que prende a atenção do espectador.
O trabalho de Bong Joon-ho é tão magistral que fez do Chris Evans um atorzão da porra.
Ainda há mil lacunas quanto as motivações dos personagens tanto aqui quanto no documentário Michael Lost and Found. O salto de transformação na vida de Michael, que de ferrenho crítico das doutrinações religiosas e seus discursos anti-gay passa a ser ele um mesmo propagador, é exposto mas não explicado. As crises de ataque de pânico e ansiedade, ao meu ver, não são suficientes. O roteiro peca ao não aprofundar a discussão, uma vez que só retrata o conflito ao invés de permear a trama num estudo do personagem. Como o personagem do Zaquary Quinto, observo o desenrolar da história confuso e desisto. Falta verdade.
Um fôlego de vida dentre as tantas outras produções da Marvel Studios. Não tanto pelos aspectos técnicos ou pelo texto e argumento, mas sobretudo pelo significado e sentimento carregado em cada frame do longa. Uma trama original com força nas tradições africanas sem cair em esteriótipos, discutindo política e sociedade, celebrando a força e a garra de um povo diante das injustiças e mazelas do apocalipse em que vivemos. E, pela primeira vez, um antagonista ausente de arquétipos malignos sem propósito: Eric Killmonger desloca a figura do vilão para o de anti-herói, com motivações e virtudes que estão para além do confronto entre o bem e o mal. Já o protagonista, Pantera Negra, longe de ser um todo-poderoso inalcançável, divide a tela e a dinâmica da luta com três mulheres FODAS. É uma grande produção por todos os elementos narrativos construídos, de cenários, efeitos à desenvolvimento de personagens, mesmo sendo limitado à "categoria" de filme de introdução de universo heroico. Wakanda pode exercer ainda um grande impacto na produção cultural a partir de agora.
Já imaginou o tanto de reportagens que expusessem Governos, pessoas e grupos-chaves em um determinado contexto não foram publicadas por conta de um dilema ético/moral/político quanto às consequências de tal ato, semelhante ao visto em The Post? Eu me peguei pensando nisso, uma vez que a impressa e a mídia exerce fundamental importância nos ditames e nas mudanças dos acontecimentos em que se propõe a tocar. O longa do Steven Spielberg tenta levantar a discussão, no entanto é penoso que demore demais em se justificar e alinhar seus personagens, minando um timing considerável da produção e que só vem a decolar nos últimos 40 minutos, quando os embates discursivos entre os jornalistas dá um tom de suspense e emoção. Clássico filme que poderia ter rendido mais, e que ficou no quase-lá.
A celebração da descoberta e dos mistérios do primeiro amor. Me Chame Pelo Seu Nome é belo, não somente pelas paisagens naturais e urbanas de uma cidadela italiana em todo o seu charme, mas sobretudo por desenhar um relacionamento simplório na maneira que se desenrola e intenso no sentimento que acimenta. Mérito do texto de Luca Guadagnino, que recusa os chavões de filmes próximos (o dramalhão, o preconceito, a opressão) para dar lugar a um delicado conto sobre a ligação emocional e espiritual entre duas pessoas. O que pode ser visto como trama escapista, para mim é um estudo das relações agridoce que o amor pode proporcionar. Parabéns também a Timothée Chalamet, que encarna a persona do maravilhado Elio de forma apaixonante, garantindo já seu nome entre as grandes revelações do ano de 2017.
Como disse o personagem de Mario Casas no longa, algo mais ou menos como "O medo nos leva a conhecer quem somos verdadeiramente". É isso que El Bar tenta apresentar, em uma premissa já vista e revista no cinema um cem número de vezes. O que somos capazes de fazer diante do medo do inevitável e do perigo eminente? Reflexão pertinente num misto de terror e comédia social que o espanhol Álex de la Iglesia desenha por aqui, que no entanto se perde em meio a tantas reviravoltas dramáticas num esforço repetitivo de surpreender. A partir da segunda metade se torna arrastada, apesar da ação desenfreada e do tom mais pesado. Fico me perguntando se talvez uma redução de, no mínimo, uns 25min de filme a experiência tivesse sido melhor.
Um olhar delicado sobre empatia. Tudo em Wonder converge para nos emocionar, e mesmo que de forma milimetricamente premeditada, atinge seu objetivo ao descortinar um conto belo sobre o que você pode oferecer ao mundo e ao outro. Não é eufemismo alguém dizer que chorou do primeiro minuto ao último, o menino Auggie causa isso mesmo.
Fui condicionado a detestar a produção por conta das críticas do público e da mídia especializada e, felizmente, Liga da Justiça não é tão descartável quanto pintam. É um bom entretenimento que, sim, apresenta suas falhas (como a bagunça visual que me incomodou em vários momentos) mas entrega um passatempo agradável. Apesar de tudo a DC ainda tem as melhores cenas de lutas, sejam as de corpo-a-corpo bem coreografadas ou as entupidas de efeitos visuais. Só precisa de um idealizador melhor pra orquestrar tudo no ponto.
Um tributo tecnicamente fascinante ao capítulo conduzido pelo Ridley sem perder de vista a originalidade do texto e filosofia de Villeneuve. Tarefa dificílima, ainda mais em época que presenciamos reboots e continuações que lançam por terra a obra originária. Fica aqui a torcida na categoria de fotografia do Oscar 2018, que rivaliza ali com seu oposto Mudbound.
Oito Mulheres e um Segredo
3.6 1,1K Assista AgoraPorra, que elenco ein! E de pensar que Jennifer Lawrence e Julia Roberts quase entram nesse panteão, arrepia mais ainda. E o mérito da produção reside exatamente na dinâmica e malemolência da performance das garotas, escolhidas a dedo para executar personalidades habituais em suas respectivas carreiras; por isso soa tão orgânico. Anne Hathaway e Helena Bonham Carter basicamente fizeram um compilado de seu currículo aí. Entretanto, se sobra atuação falta ápice na trama: as resoluções dos roubos carecem de tensão, uma vez que são explicadas e resolvidas de maneira bem engenhosa mas simples demais, não dando espaço para a possibilidade de dar errado. Então você só espera o momento no final em que o crime será bem sucedido. Dava pra ter ousado mais, senhor Gary Ross, buscando equilíbrio entre ação e humor.
Perfeitos Desconhecidos
3.4 193O final tirou toda a magia e ironia da construção narrativa, talvez numa tentativa de Álex de la Iglesia de se distanciar um pouco do original italiano. O que não se faz durante a película, que é basicamente uma reprodução frame a frame da obra-mãe, inclusive o diálogos copiados da mesma forma. No entanto as atuações deste, como do outro, agradam e tornam a experiência tão boa quanto. Há tantas possibilidades de debate a partir disso aqui que eu poderia passar horas conversando com um grupo de amigos sobre (com os celulares no modo avião, claro rs)
Teen Beach 2
3.2 40 Assista AgoraOs números musicais desta sequência de Teen Beach Movie ficaram um pouco aquém do esperado, enquanto a trama avança ao aprofundar o choque cultural entre tempos distintos das peripécias juvenis. Debochando não mais a surf music mas o colegial norte-americano, a paródia inova no final (para comédias bobinhas, é claro) e dá um gancho para uma possível finalização de trilogia. Vale a pena conferir a virada de protagonismo para Tanner e Lela.
Teen Beach Movie
3.0 109 Assista AgoraComo assim não é a Selena Gomez que estrela esta comédia da Disney?
Estive com as expectativas bem baixas para ver esse musical que mais parecia uma tentativa desesperada de preencher o espaço que High School Musical deixou. Mas não é que diverte!? É uma paródia sem pé nem cabeça da cultura dos anos 60, caricaturando o surf, a moda, a música e o próprio cinema (é metalinguagem que você quer, La La Land?). Quem não percebeu isso desde a primeira cena na oficina de surf do vovôzinho devia ter parado ali mesmo. O filme se ridiculariza à todo tempo e, dentro da proposta, alcançou o que queria.
Ligeiramente Grávidos
3.0 553 Assista AgoraDura mais do que deveria. A primeira metade mantém um ritmo agradável e um humor orgânico, daí cede o lugar a um chato pseudo draminha com piadas espaçadas, e vai se arrastando até o fim da película. Se cortasse uns trinta minutos, garanto que daria um up no timing cômico. Ao menos o elenco é muito bom, em especial a protagonista Katherine Heigl (que inclusive está a cara de Britney Spears no filme)
Paris is Burning
4.5 242Jennie Livingston teve a audácia de descortinar a noite da comunidade afrolatina LGBT nos EUA e levantar uma bandeira caríssima em pleno anos 90. Paris is Burning é um grito feroz de afirmação das identidades marginalizadas, que através de seus corpos e experiências bradam algo como "existimos e resistimos"; ao mesmo tempo em que revela as fragilidades e percalços de meninos e meninas que se agarram às fantasias como forma de escape da vida que os negam. Se por um lado fiquei boquiaberto com a cultura pulsante das figuras apresentadas e a garra de cada uma delas, por outro me tocou bastante a trajetória difícil da maior parte destas crianças. O doc se faz necessário não só pela imersão da cultura pop que se propõe, mas sobretudo pra compreender as formas de vivências transgressoras e suas aspirações. Não me contive de emoção com a Venus Xtravaganza e toda a sua energia de menina; queria poder abraçá-la.
São Paulo em Hi-Fi
4.3 48Que projeto gratificante. São Paulo em HI-FI busca resgatar a memória dos tempos áureos da noite LGBT paulistana de forma admirável e prestando uma bela homenagem aos profanos pioneiros da subversão. Perpassa por figuras exóticas e transgressoras afim de celebrar os ambientes e os acontecimentos que marcaram a trajetória da comunidade e garantiram a criação de espaços de coexistência à sociedade. Fico feliz com as entrevistas repletas de nostalgia e orgulho de um passado glorioso. Viva a toda alma queer que vieram antes de nós!
Não Vai Dar
3.1 141 Assista AgoraMeu único problema com a produção foi a famigerada expectativa: esperei mais um texto afiado e escrachado que um compilado de acontecimentos surreais. Em vários momentos não acredito que o humor tenha sido eficaz, como
quando o personagem do John Cena consumiu cerveja pelo ânus e também quando os três pais vão à casa do Austin descobrir seu paradeiro com os pais, que estão transando.
Missão Madrinha de Casamento
3.2 1,7K Assista AgoraQue elencão! O time de mulheres que compõe Bridesmaids foram espetaculares, desempenhando seus papeis com textos improvisados no gatilho, expressões corporais certeiras e personalidades realistas, ao ponto de você reconhecer ao menos duas das personagens em pessoas ao seu redor. Da desesperada Kristen Wiig à grotesca Melissa McCarthy, não acredito que nenhuma tenha ficado aquém a uma performance adequada. A trama apela pra escatologia, pra auto-humilhação e pras conveniências de roteiro sem perder o jeito despojado de lidar com as situações: a cena em que as duas amigas da noiva disputam pelo discurso mais emocionante e Annie chapada dentro do avião, por exemplo, me fazem rir toda vez que eu revejo. Por mais comédias com elenco feminino, por favor, pra renovar o gênero.
Alma da Festa
3.1 143 Assista AgoraEm Life of the Party há tudo o que já estamos habituados no college movie: a outsider tentando se encaixar em um universo que aparentemente não é o dela, a relação amorosa improvável, a disputa infantil com a mais popular (com direito a batalha de dança e tudo) e as situações nonsenses da boemia universitária. Ainda há pra se extrair sequências divertidas de tudo isso? Melissa McCarthy mostra que sim. Bom passatempo com personagens interessantes e uma estória até convidativa para um domingo a tarde. Eu ri bastante uma vez ou outra de várias cenas.
Com Amor, Simon
4.0 1,2K Assista AgoraMe aprecia filmes que falem com e para alguém. Pode não ser pra todos, pode ser meio de "nicho" mesmo, voltado para um público comercial específico como este o é. Mas ele falou. E falou muito. Love Simon representa para cada adolescente LGBT -que já foi e que ainda o é- a expressão da delícia e da dor de ser quem se é. A descoberta de si mesmo em meio à bombardeios de insegurança e pressão, que já é comum ao homem e mulher da faixa etária do colegial mas pra/o queer se apresenta de uma outra forma. Feliz projeto do Greg Berlanti que me fez ver minha própria estória nas telonas.
O Matador
3.3 222 Assista AgoraDecepcionante. Com o orçamento e a logística que uma produção original da Netflix pode arregimentar, o projeto O Matador escolhe pessimamente diretor/roteirista, usa um CGI pra lá de amador e sub-aproveita os cenários e paisagens do agreste brasileiro. Dos vários aspectos que não funcionam no longa destaco a narração desnecessária que corta todo o longa, por vezes descrevendo exatamente o que está acontecendo em tela, sobrando pouco para que a mensagem imagética fale por si só; além do roteiro confuso que sublinha tramas picotadas e joga personagens (assim como some com eles) sem qualquer preocupação em dar vitalidade para a estória. Enfim, de meia boca pra ruim. Pelo visto dificilmente a Netflix acerta como cinema.
O Touro Ferdinando
3.7 440 Assista AgoraCansativo e sem atrativos, O Touro Ferdinando pode até discutir a tradição cruel das touradas ao sensibilizar as estórias de animais ao mesmo tempo em que exalta a amizade e a coragem em ser quem se quer, mas esbarra em uma trajetória clichê e um humor extremamente forçado que me desagradaram. A estética e os traços da animação não impressionam, o que é estranho vindo de alguém que fez "Rio". E talvez por ser a mais infantilizada entre as últimas animações lançadas estes anos não me convenceu -mas sem dúvidas deve conquistar um cantinho cativo nos olhares da criançada. E pelo visto é a proposta da produção.
Julie & Julia
3.6 1,1K Assista AgoraNão acredito que Julie Powell criou o "Desafio 365 dias de..." do Facebook antes mesmo do próprio Facebook sequer existir HAHAHAH A história é boba e até desinteressante, confesso que só espiei por conta da dupla de protagonistas envolvidas no projeto porque se dependesse do corpo da trama... Mas foi agradável, viu? Em parte pela capacidade da sempre empática Amy Adams em fazer de uma personagem pacata e qualquer-coisa em algo a se admirar e torcer. Por outro lado Meryl Streep afetadíssima, tal qual no posterior Florence Foster Jenkins, é um tanto irritante mas é impossível não se engraçar por suas atuações. Meio que chover no molhado elogiar seu trabalho.
Julie & Julia é um bom passatempo pra se ver num domingo à tarde com a avó e a mãe, exímias cozinheiras, e compartilhar memórias de alimentação e afetos.
Seu Nome
4.5 1,4K Assista AgoraA construção visual de Your Name beira ao edênico. Não conheço o trabalho do diretor japonês Makoto Shinkai, mas se há no conjunto de obras do cineasta tal perfeição técnica, com cores vivas e paisagens ricas em detalhes, acredito que preciso dar uma olhadinha mais atenta para o homem. Em Kimi no Na wa esbarramos num conto clichê de linhas temporais e uma narrativa já exaustivamente explorada pela ficção científica ao longo dos últimos anos, no entanto há uma percepção diferencia quanto ao que se quer contar, em vista que aqui os conceitos do gênero acabam cedendo lugar a uma trama mais "pé no chão" e emocional. Diretor e roteirista descortinam sua estória com sinceridade, sensibilidade e interesse, instigando no espectador memória e sentimento a toda sequência. O embaralhado (proposital) roteiro logo revela uma aventura deliciosa de se acompanhar. Dá pra se compreender o sucesso estrondoso que a película fez no Japão e no globo.
Expresso do Amanhã
3.5 1,3K Assista grátisO irreverente Bong Joon-ho mais uma vez nos presenteia uma trama criativa e frenética que surpreende mesmo se tratando de uma distopia pós-apocalíptica aparentemente previsível. A alegoria política explícita de Expresso do Amanhã acerta em cheio quando desenha uma crítica à sociedade atual de classes e a desigualdade inerente ao modo de vida que vivemos, apontando e lembrando que as engrenagens que movem a máquina do Wilford não são tão diferentes da nossa máquina; conteúdo grandioso aliado à uma produção impecável e de tremendo estilo, com cenas de ação bem montadas capitaneadas por uma direção certeira e uma trama em crescente que prende a atenção do espectador.
O trabalho de Bong Joon-ho é tão magistral que fez do Chris Evans um atorzão da porra.
Eu Sou Michael
2.6 174Ainda há mil lacunas quanto as motivações dos personagens tanto aqui quanto no documentário Michael Lost and Found. O salto de transformação na vida de Michael, que de ferrenho crítico das doutrinações religiosas e seus discursos anti-gay passa a ser ele um mesmo propagador, é exposto mas não explicado. As crises de ataque de pânico e ansiedade, ao meu ver, não são suficientes. O roteiro peca ao não aprofundar a discussão, uma vez que só retrata o conflito ao invés de permear a trama num estudo do personagem. Como o personagem do Zaquary Quinto, observo o desenrolar da história confuso e desisto. Falta verdade.
Pantera Negra
4.2 2,3K Assista AgoraUm fôlego de vida dentre as tantas outras produções da Marvel Studios. Não tanto pelos aspectos técnicos ou pelo texto e argumento, mas sobretudo pelo significado e sentimento carregado em cada frame do longa. Uma trama original com força nas tradições africanas sem cair em esteriótipos, discutindo política e sociedade, celebrando a força e a garra de um povo diante das injustiças e mazelas do apocalipse em que vivemos. E, pela primeira vez, um antagonista ausente de arquétipos malignos sem propósito: Eric Killmonger desloca a figura do vilão para o de anti-herói, com motivações e virtudes que estão para além do confronto entre o bem e o mal. Já o protagonista, Pantera Negra, longe de ser um todo-poderoso inalcançável, divide a tela e a dinâmica da luta com três mulheres FODAS. É uma grande produção por todos os elementos narrativos construídos, de cenários, efeitos à desenvolvimento de personagens, mesmo sendo limitado à "categoria" de filme de introdução de universo heroico. Wakanda pode exercer ainda um grande impacto na produção cultural a partir de agora.
The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista AgoraJá imaginou o tanto de reportagens que expusessem Governos, pessoas e grupos-chaves em um determinado contexto não foram publicadas por conta de um dilema ético/moral/político quanto às consequências de tal ato, semelhante ao visto em The Post? Eu me peguei pensando nisso, uma vez que a impressa e a mídia exerce fundamental importância nos ditames e nas mudanças dos acontecimentos em que se propõe a tocar. O longa do Steven Spielberg tenta levantar a discussão, no entanto é penoso que demore demais em se justificar e alinhar seus personagens, minando um timing considerável da produção e que só vem a decolar nos últimos 40 minutos, quando os embates discursivos entre os jornalistas dá um tom de suspense e emoção. Clássico filme que poderia ter rendido mais, e que ficou no quase-lá.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraA celebração da descoberta e dos mistérios do primeiro amor. Me Chame Pelo Seu Nome é belo, não somente pelas paisagens naturais e urbanas de uma cidadela italiana em todo o seu charme, mas sobretudo por desenhar um relacionamento simplório na maneira que se desenrola e intenso no sentimento que acimenta. Mérito do texto de Luca Guadagnino, que recusa os chavões de filmes próximos (o dramalhão, o preconceito, a opressão) para dar lugar a um delicado conto sobre a ligação emocional e espiritual entre duas pessoas. O que pode ser visto como trama escapista, para mim é um estudo das relações agridoce que o amor pode proporcionar. Parabéns também a Timothée Chalamet, que encarna a persona do maravilhado Elio de forma apaixonante, garantindo já seu nome entre as grandes revelações do ano de 2017.
O Bar
3.2 568Como disse o personagem de Mario Casas no longa, algo mais ou menos como "O medo nos leva a conhecer quem somos verdadeiramente". É isso que El Bar tenta apresentar, em uma premissa já vista e revista no cinema um cem número de vezes. O que somos capazes de fazer diante do medo do inevitável e do perigo eminente? Reflexão pertinente num misto de terror e comédia social que o espanhol Álex de la Iglesia desenha por aqui, que no entanto se perde em meio a tantas reviravoltas dramáticas num esforço repetitivo de surpreender. A partir da segunda metade se torna arrastada, apesar da ação desenfreada e do tom mais pesado. Fico me perguntando se talvez uma redução de, no mínimo, uns 25min de filme a experiência tivesse sido melhor.
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraUm olhar delicado sobre empatia. Tudo em Wonder converge para nos emocionar, e mesmo que de forma milimetricamente premeditada, atinge seu objetivo ao descortinar um conto belo sobre o que você pode oferecer ao mundo e ao outro. Não é eufemismo alguém dizer que chorou do primeiro minuto ao último, o menino Auggie causa isso mesmo.
Liga da Justiça
3.3 2,5K Assista AgoraFui condicionado a detestar a produção por conta das críticas do público e da mídia especializada e, felizmente, Liga da Justiça não é tão descartável quanto pintam. É um bom entretenimento que, sim, apresenta suas falhas (como a bagunça visual que me incomodou em vários momentos) mas entrega um passatempo agradável. Apesar de tudo a DC ainda tem as melhores cenas de lutas, sejam as de corpo-a-corpo bem coreografadas ou as entupidas de efeitos visuais. Só precisa de um idealizador melhor pra orquestrar tudo no ponto.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraUm tributo tecnicamente fascinante ao capítulo conduzido pelo Ridley sem perder de vista a originalidade do texto e filosofia de Villeneuve. Tarefa dificílima, ainda mais em época que presenciamos reboots e continuações que lançam por terra a obra originária. Fica aqui a torcida na categoria de fotografia do Oscar 2018, que rivaliza ali com seu oposto Mudbound.