"- Adoro quando você sente frio com 22º lá fora. Adoro que leve uma hora e meia pra pedir um sanduíche. Adoro sua ruguinha em cima do nariz ao me olhar como se eu fosse doido. Adoro sentir o seu perfume em minhas roupas depois de passarmos o dia todo juntos. E o fato de você ser a última pessoa com quem quero falar antes de dormir. E não é porque estou sozinho ou porque é Ano Novo. Vim aqui hoje porque, quando você percebe que quer passar o resto da vida com alguém, você quer que o resto da sua vida comece o mais rápido possível. - Está vendo? Você não tem jeito, Harry. Você diz as coisas e fica impossível para mim odiar você. E eu te odeio, Harry. Eu odeio mesmo. Odeio você."
"É como se houvesse duas irmãs: a fé e o acaso. Bom, minha fé não pode excluir o acaso, mas o acaso não pode explicar a fé. Minha fé não me permite esperar pelo acaso, e o acaso não me deu essa fé. Então eu li que a vida privada é como uma peça, e eu representei papéis menores do que eu... E ainda sim os represento. Sofro, acredito, sou... Mas ao mesmo tempo eu sei que há uma terceira possibilidade. Como o câncer, ou a loucura. Mas o câncer e a loucura deformam a realidade. A possibilidade que estou dizendo fura a realidade. Porque você olha para mim como se eu precisasse de você, como se eu fosse um espaço vazio pedindo para ser preenchida."
Se Deus é uma doença, alcançado apenas por drogas ou sexo, ou não, só algo simplesmente inexplicável, Andrzej usa todos os recursos possíveis para criar uma atmosfera absolutamente enervante e alucinada (em cada sentido da palavra e da produção), que pode ter fundos de críticas e reflexões ao que chamaram em alguns séculos de "histeria feminina", bem como às relações (de poder/controle) amorosas e aos dramas dos construtos sociais, engolfados num terror psicológico impressionante formulado na degradação humana e nas opressões causadas pela crença e pelo destino. Mesmo com alguns pontos soltos aqui e ali. Porém, a real é uma só: Isabelle Adjani simplesmente ASSOMBROSA aqui. Não consigo explicar o que essa mulher fez nesse filme.
"Como assim? Pelo amor de Deus..." foi minha única reação a cada cena com ela. Um surto, apenas. Mas dos bons (acho).
Mais um grande trabalho de Franz Rogowski num filme sobre questões pouco abordadas no cinema, como o pós-Nazismo na Alemanha nas leis que enquadravam a homossexualidade como crime de "perversão" (apenas uma transição jurídica e burocrática para o mesmo fim de tratamento).
Mas, acima de tudo, é um filme que questiona qual e como se dá a "liberdade" quando posta de frente à opressão: de ir, de vir, de amar, de ser, é um estado físico, emocional ou de espírito? A resposta nunca é das mais fáceis. E o longa demonstra isso muito bem.
Certo, certo... Deixa eu ver se entendi: o cara disse que não se importa em ser visto e marchar com nazistas, racistas e ultranacionalistas, que "conseguir falar com todos" é um "superpoder político" que ele possui e o documentário seguiu por quase uma hora depois sem questionar ou problematizar essa fala??? Tá bom, então...
Se fingirmos que isso não acontece, e que o Daniel não explora quase nada além do circulo de Navalny para falar sobre um contexto enorme e complexo da Rússia, além de por vezes parecer mais um thriller político do que um documentário, é válido pelas denúncias (tão absurdas e escrachadas que parecem realmente ficcionais) e discussões - mesmo que restritas até demais.
Apesar de curto, não deixa de sofrer por sua pouca dinâmica. Mas, no mais, é um documentário lindamente filmado que usa de um abrigo de aves em Nova Dheli para dar asas a algumas discussões interessantes sobre poluição, destruição de habitats naturais, o ambiente urbano como regrador da vida selvagem, sobre conflitos religiosos e políticos e sobre o ar que respiramos como o centro de tudo - inclusive da nossa própria ruína. Valeu a indicação ao Oscar.
Não convence tanto quanto Assunto de Família, pois possui incursões que envolvem um humor melancólico, um thriller policial compassado (até demais) e um drama familiar emulado de denúncia social sobre tráfico de crianças que é faltoso em seu ritmo. Mas se sustenta pelo seu ótimo elenco e pela sensibilidade em tratar uma questão que transpassa todo tipo de relação: abandonar também pode ser visto como um complexo ato de amor?
Quase 10 anos depois, a Ucrânia segue sendo território de guerras, mas o documentário, apesar de cansativo, traz uma perspectiva mais restrita e igualmente devastadora: os efeitos das invasões nas vidas das famílias e das crianças num orfanato.
"Nossa casa é feita de muita tristeza, mas a esperança ainda segue piscando por aqui. Cada criança deixa uma marca duradoura nas paredes esgotadas do abrigo, em nós e nos amigos que elas fazem aqui. Espero que isso signifique algo. Como o ditado diz: 'a esperança é a última que morre'."
"O sol veio e se foi entre rajadas de vento e nevascas que apagaram toda a vida. Neste mundo, vivia um fogo, e neste fogo dois amantes fizeram sua morada. Katia, eu e os vulcões... é uma história de amor."
Sou muito burro por perceber só na última cena que isso aqui é praticamente um remake de Viver, do Kurosawa? De qualquer modo, essa versão é bem "ok" em tudo que se propõe, em um momento parece interminável.
Bill Nighy indicado pela cota dos v3lh0s brancos ingleses (pleonasmo, eu sei) na Academia. Nada mais, nada menos.
"Eu acho a Bíblia perturbadora", concordo. Mas também beira o perturbador como o diretor e o roteirista não seguiram o conselho da cena de abertura do filme: revisem seus textos! Porque isso aqui não foi nada persuasivo, mas claro até demais em um sensacionalismo apelativo de "apitos", uma trilha sonora somada a gritos de "Você vai morrer!", "Procure um hospital!", "Você é nojento!", "Deus pode te salvar!", e etc., toda vez que o protagonista está em dificuldades. Decerto que tudo pode ser encarado como "Nossa, isso é bem real...", mas "As pessoas são incríveis" me quebrou - não da forma positiva.
É quase um "Blonde" não-biográfico, com o personagem sendo guiado por uma redação-macguffin enquanto sofre, sofre e sofre numa via crucis de autoflagelos e autoindulgências, analogias, Moby Dicks e o "caminhar em direção à luz" de uma "Nova Vida" que fora levada pelo mar.
Brendan Fraser está muito bem, fico feliz por ele estar sendo aclamado novamente. Mas o filme não me tocou em nada, e Hong Chau também não. Indicação bem qualquer coisa. Mas ok, gosto dela, então vou aceitar.
Apesar de a Direção de Fotografia estar nas mãos de Zack Snyder em 70% do filme, roteiro, diálogos e atuações (um crime nenhuma delas ter sido indicada ao Oscar), aqui, são atemporais e mais potentes do que qualquer coisa.
"Um dia, cada pessoa de cada filme estará morta, e, neste dia, todos esses filmes serão recuperados, e seus fantasmas vão jantar juntos, e se aventurarão juntos, irão para a floresta, para a guerra juntos... Uma criança nascida daqui a 50 anos vai esbarrar em sua imagem numa tela e vai sentir como se te conhecesse... Como um amigo, ainda que você tenha dado seu último suspiro antes do primeiro dela. Lhe foi dado um presente, seja grato. Seu tempo acabou, mas você passará a eternidade entre anjos e fantasmas."
Um frenesi tão caótico, trágico, real, mágico, sujo e maravilhoso quanto sua trilha sonora (Justin Hurwitz brabíssimo) e como o próprio cinema é - fora das lentes, feixes de luzes e telonas sonhadoras. Subestimado.
Quando as perguntas instigam mais que as repostas, a música é movimento, é física corporal, e traduz todos os sentimentos que palavras não podem exultar, Todd Field mescla a verborragia - que faz com que o filme quase se torne uma palestra ou uma matéria enorme sobre as complexidades e nuances da Quarta Arte - com vários não-ditos e elipses de cabelos ruivos e supostos abusos, digitados ou não, e edições de cancelamentos de Twitter, para formular estudo de personagem tão avolumado que mais parece um documentário. Isto por ser tão bem composto, interpretado e regido em termos da acusada "prepotência" austera e "elitismo" nos discursos, os quais, ao meu ver, entendem-se como tais na narrativa.
Mas um documentário, daqueles que possuem passagens custosas e que parecem longas demais, mas que têm tantas camadas calculadas em explosões e ruídos pontuais que culminam no ato pleonástico de chamar Cate Blanchett de "gigante" em cena ou "possuída pela personagem". Esta que realmente parece real, em todas as vertentes: não poupando nem crianças, nem jovens negros e pangêneros, tampouco idosos, da opressão e de sua paixão por música e por outras coisas profundas como o misticismo da Floresta Amazônica.
Curiosa indicação à Melhor Trilha Sonora, uma vez que ela é, aqui, diegética em completude e as faixas praticamente são picotadas nos momentos de orquestra e ensaio (não deixando de ser fantástica). Mas todas as outras valeram demais. Se bem que, por uma questão de afeição, torcerei pela Yeoh.
Podemos, inadvertidamente, plantar uma flor, regá-la diariamente, cuidar dela com todo o apreço, mas jamais saberemos até onde suas raízes se espalharão, quando e por quem ela será arrancada e como a ausência de suas cores e cheiros será sentida. Tampouco se há culpa para se direcionar. Apenas que a dor e a dúvida sempre vai estar lá, a cada nascer e pôr do sol, variando apenas em intensidade e na busca inevitável por recomeços e por perdão.
Um Peixe Chamado Wanda
3.5 169 Assista AgoraEntão Jamie Lee Curtis venceu o Oscar por esse filme, né?
Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas
4.0 399 Assista Agora"Um dia serão mortos juntos e enterrados lado a lado. Para poucos, tristeza. Para a lei, um alívio. Mas será a morte para Bonnie e Clyde."
Harry & Sally: Feitos um Para o Outro
3.9 502 Assista Agora"- Adoro quando você sente frio com 22º lá fora. Adoro que leve uma hora e meia pra pedir um sanduíche. Adoro sua ruguinha em cima do nariz ao me olhar como se eu fosse doido. Adoro sentir o seu perfume em minhas roupas depois de passarmos o dia todo juntos. E o fato de você ser a última pessoa com quem quero falar antes de dormir. E não é porque estou sozinho ou porque é Ano Novo. Vim aqui hoje porque, quando você percebe que quer passar o resto da vida com alguém, você quer que o resto da sua vida comece o mais rápido possível.
- Está vendo? Você não tem jeito, Harry. Você diz as coisas e fica impossível para mim odiar você. E eu te odeio, Harry. Eu odeio mesmo. Odeio você."
Um Lugar No Céu
3.5 3 Assista AgoraSimplesmente um musical da década de 40 com um elenco 100% negro. Precioso e foda demais.
Possessão
3.9 588"É como se houvesse duas irmãs: a fé e o acaso. Bom, minha fé não pode excluir o acaso, mas o acaso não pode explicar a fé. Minha fé não me permite esperar pelo acaso, e o acaso não me deu essa fé. Então eu li que a vida privada é como uma peça, e eu representei papéis menores do que eu... E ainda sim os represento. Sofro, acredito, sou... Mas ao mesmo tempo eu sei que há uma terceira possibilidade. Como o câncer, ou a loucura. Mas o câncer e a loucura deformam a realidade. A possibilidade que estou dizendo fura a realidade. Porque você olha para mim como se eu precisasse de você, como se eu fosse um espaço vazio pedindo para ser preenchida."
Se Deus é uma doença, alcançado apenas por drogas ou sexo, ou não, só algo simplesmente inexplicável, Andrzej usa todos os recursos possíveis para criar uma atmosfera absolutamente enervante e alucinada (em cada sentido da palavra e da produção), que pode ter fundos de críticas e reflexões ao que chamaram em alguns séculos de "histeria feminina", bem como às relações (de poder/controle) amorosas e aos dramas dos construtos sociais, engolfados num terror psicológico impressionante formulado na degradação humana e nas opressões causadas pela crença e pelo destino. Mesmo com alguns pontos soltos aqui e ali. Porém, a real é uma só: Isabelle Adjani simplesmente ASSOMBROSA aqui. Não consigo explicar o que essa mulher fez nesse filme.
"Como assim? Pelo amor de Deus..." foi minha única reação a cada cena com ela.
Um surto, apenas. Mas dos bons (acho).
John Wick 4: Baba Yaga
3.9 691 Assista AgoraSuch is life!!!
Great Freedom
4.0 57 Assista AgoraMais um grande trabalho de Franz Rogowski num filme sobre questões pouco abordadas no cinema, como o pós-Nazismo na Alemanha nas leis que enquadravam a homossexualidade como crime de "perversão" (apenas uma transição jurídica e burocrática para o mesmo fim de tratamento).
Mas, acima de tudo, é um filme que questiona qual e como se dá a "liberdade" quando posta de frente à opressão: de ir, de vir, de amar, de ser, é um estado físico, emocional ou de espírito? A resposta nunca é das mais fáceis. E o longa demonstra isso muito bem.
Perigo Próximo
3.4 484 Assista AgoraAshley, o terror dos incels kkkkkkkkk
All the Beauty and the Bloodshed
3.6 23Oscar Winner moral
Navalny
3.5 54 Assista AgoraCerto, certo... Deixa eu ver se entendi: o cara disse que não se importa em ser visto e marchar com nazistas, racistas e ultranacionalistas, que "conseguir falar com todos" é um "superpoder político" que ele possui e o documentário seguiu por quase uma hora depois sem questionar ou problematizar essa fala??? Tá bom, então...
Se fingirmos que isso não acontece, e que o Daniel não explora quase nada além do circulo de Navalny para falar sobre um contexto enorme e complexo da Rússia, além de por vezes parecer mais um thriller político do que um documentário, é válido pelas denúncias (tão absurdas e escrachadas que parecem realmente ficcionais) e discussões - mesmo que restritas até demais.
Tudo o que Respira
3.2 38 Assista AgoraApesar de curto, não deixa de sofrer por sua pouca dinâmica. Mas, no mais, é um documentário lindamente filmado que usa de um abrigo de aves em Nova Dheli para dar asas a algumas discussões interessantes sobre poluição, destruição de habitats naturais, o ambiente urbano como regrador da vida selvagem, sobre conflitos religiosos e políticos e sobre o ar que respiramos como o centro de tudo - inclusive da nossa própria ruína. Valeu a indicação ao Oscar.
Não Fale o Mal
3.6 674"- Por que estão fazendo isso?
- Porque vocês deixaram."
Broker - Uma Nova Chance
3.6 29Não convence tanto quanto Assunto de Família, pois possui incursões que envolvem um humor melancólico, um thriller policial compassado (até demais) e um drama familiar emulado de denúncia social sobre tráfico de crianças que é faltoso em seu ritmo. Mas se sustenta pelo seu ótimo elenco e pela sensibilidade em tratar uma questão que transpassa todo tipo de relação: abandonar também pode ser visto como um complexo ato de amor?
A House Made of Splinters
3.5 21Quase 10 anos depois, a Ucrânia segue sendo território de guerras, mas o documentário, apesar de cansativo, traz uma perspectiva mais restrita e igualmente devastadora: os efeitos das invasões nas vidas das famílias e das crianças num orfanato.
"Nossa casa é feita de muita tristeza, mas a esperança ainda segue piscando por aqui. Cada criança deixa uma marca duradoura nas paredes esgotadas do abrigo, em nós e nos amigos que elas fazem aqui. Espero que isso signifique algo. Como o ditado diz: 'a esperança é a última que morre'."
Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft
3.9 68 Assista Agora"O sol veio e se foi entre rajadas de vento e nevascas que apagaram toda a vida. Neste mundo, vivia um fogo, e neste fogo dois amantes fizeram sua morada. Katia, eu e os vulcões... é uma história de amor."
Viver
3.3 75Sou muito burro por perceber só na última cena que isso aqui é praticamente um remake de Viver, do Kurosawa? De qualquer modo, essa versão é bem "ok" em tudo que se propõe, em um momento parece interminável.
Bill Nighy indicado pela cota dos v3lh0s brancos ingleses (pleonasmo, eu sei) na Academia. Nada mais, nada menos.
A Baleia
4.0 1,0K Assista Agora"Eu acho a Bíblia perturbadora", concordo. Mas também beira o perturbador como o diretor e o roteirista não seguiram o conselho da cena de abertura do filme: revisem seus textos! Porque isso aqui não foi nada persuasivo, mas claro até demais em um sensacionalismo apelativo de "apitos", uma trilha sonora somada a gritos de "Você vai morrer!", "Procure um hospital!", "Você é nojento!", "Deus pode te salvar!", e etc., toda vez que o protagonista está em dificuldades. Decerto que tudo pode ser encarado como "Nossa, isso é bem real...", mas "As pessoas são incríveis" me quebrou - não da forma positiva.
É quase um "Blonde" não-biográfico, com o personagem sendo guiado por uma redação-macguffin enquanto sofre, sofre e sofre numa via crucis de autoflagelos e autoindulgências, analogias, Moby Dicks e o "caminhar em direção à luz" de uma "Nova Vida" que fora levada pelo mar.
Brendan Fraser está muito bem, fico feliz por ele estar sendo aclamado novamente. Mas o filme não me tocou em nada, e Hong Chau também não. Indicação bem qualquer coisa. Mas ok, gosto dela, então vou aceitar.
Entre Mulheres
3.7 262Apesar de a Direção de Fotografia estar nas mãos de Zack Snyder em 70% do filme, roteiro, diálogos e atuações (um crime nenhuma delas ter sido indicada ao Oscar), aqui, são atemporais e mais potentes do que qualquer coisa.
"Sons. Vigas. Amor. Linguagem. Vento. Mulheres."
Nada de Novo no Front
4.0 611 Assista Agora"Não me livrarei de 2 anos de granada de mão como se fossem um par de meias. Nunca vamos nos livrar do fedor."
Elas Por Elas
2.1 26 Assista AgoraErr...
Babilônia
3.6 332 Assista Agora"Um dia, cada pessoa de cada filme estará morta, e, neste dia, todos esses filmes serão recuperados, e seus fantasmas vão jantar juntos, e se aventurarão juntos, irão para a floresta, para a guerra juntos... Uma criança nascida daqui a 50 anos vai esbarrar em sua imagem numa tela e vai sentir como se te conhecesse... Como um amigo, ainda que você tenha dado seu último suspiro antes do primeiro dela. Lhe foi dado um presente, seja grato. Seu tempo acabou, mas você passará a eternidade entre anjos e fantasmas."
Um frenesi tão caótico, trágico, real, mágico, sujo e maravilhoso quanto sua trilha sonora (Justin Hurwitz brabíssimo) e como o próprio cinema é - fora das lentes, feixes de luzes e telonas sonhadoras. Subestimado.
Império da Luz
3.3 65 Assista AgoraErrrrrrrrrrr
Tár
3.7 394 Assista AgoraQuando as perguntas instigam mais que as repostas, a música é movimento, é física corporal, e traduz todos os sentimentos que palavras não podem exultar, Todd Field mescla a verborragia - que faz com que o filme quase se torne uma palestra ou uma matéria enorme sobre as complexidades e nuances da Quarta Arte - com vários não-ditos e elipses de cabelos ruivos e supostos abusos, digitados ou não, e edições de cancelamentos de Twitter, para formular estudo de personagem tão avolumado que mais parece um documentário. Isto por ser tão bem composto, interpretado e regido em termos da acusada "prepotência" austera e "elitismo" nos discursos, os quais, ao meu ver, entendem-se como tais na narrativa.
Mas um documentário, daqueles que possuem passagens custosas e que parecem longas demais, mas que têm tantas camadas calculadas em explosões e ruídos pontuais que culminam no ato pleonástico de chamar Cate Blanchett de "gigante" em cena ou "possuída pela personagem". Esta que realmente parece real, em todas as vertentes: não poupando nem crianças, nem jovens negros e pangêneros, tampouco idosos, da opressão e de sua paixão por música e por outras coisas profundas como o misticismo da Floresta Amazônica.
Curiosa indicação à Melhor Trilha Sonora, uma vez que ela é, aqui, diegética em completude e as faixas praticamente são picotadas nos momentos de orquestra e ensaio (não deixando de ser fantástica). Mas todas as outras valeram demais. Se bem que, por uma questão de afeição, torcerei pela Yeoh.
Close
4.2 472 Assista AgoraPodemos, inadvertidamente, plantar uma flor, regá-la diariamente, cuidar dela com todo o apreço, mas jamais saberemos até onde suas raízes se espalharão, quando e por quem ela será arrancada e como a ausência de suas cores e cheiros será sentida. Tampouco se há culpa para se direcionar. Apenas que a dor e a dúvida sempre vai estar lá, a cada nascer e pôr do sol, variando apenas em intensidade e na busca inevitável por recomeços e por perdão.