Apesar de a Direção de Fotografia estar nas mãos de Zack Snyder em 70% do filme, roteiro, diálogos e atuações (um crime nenhuma delas ter sido indicada ao Oscar), aqui, são atemporais e mais potentes do que qualquer coisa.
"Um dia, cada pessoa de cada filme estará morta, e, neste dia, todos esses filmes serão recuperados, e seus fantasmas vão jantar juntos, e se aventurarão juntos, irão para a floresta, para a guerra juntos... Uma criança nascida daqui a 50 anos vai esbarrar em sua imagem numa tela e vai sentir como se te conhecesse... Como um amigo, ainda que você tenha dado seu último suspiro antes do primeiro dela. Lhe foi dado um presente, seja grato. Seu tempo acabou, mas você passará a eternidade entre anjos e fantasmas."
Um frenesi tão caótico, trágico, real, mágico, sujo e maravilhoso quanto sua trilha sonora (Justin Hurwitz brabíssimo) e como o próprio cinema é - fora das lentes, feixes de luzes e telonas sonhadoras. Subestimado.
Quando as perguntas instigam mais que as repostas, a música é movimento, é física corporal, e traduz todos os sentimentos que palavras não podem exultar, Todd Field mescla a verborragia - que faz com que o filme quase se torne uma palestra ou uma matéria enorme sobre as complexidades e nuances da Quarta Arte - com vários não-ditos e elipses de cabelos ruivos e supostos abusos, digitados ou não, e edições de cancelamentos de Twitter, para formular estudo de personagem tão avolumado que mais parece um documentário. Isto por ser tão bem composto, interpretado e regido em termos da acusada "prepotência" austera e "elitismo" nos discursos, os quais, ao meu ver, entendem-se como tais na narrativa.
Mas um documentário, daqueles que possuem passagens custosas e que parecem longas demais, mas que têm tantas camadas calculadas em explosões e ruídos pontuais que culminam no ato pleonástico de chamar Cate Blanchett de "gigante" em cena ou "possuída pela personagem". Esta que realmente parece real, em todas as vertentes: não poupando nem crianças, nem jovens negros e pangêneros, tampouco idosos, da opressão e de sua paixão por música e por outras coisas profundas como o misticismo da Floresta Amazônica.
Curiosa indicação à Melhor Trilha Sonora, uma vez que ela é, aqui, diegética em completude e as faixas praticamente são picotadas nos momentos de orquestra e ensaio (não deixando de ser fantástica). Mas todas as outras valeram demais. Se bem que, por uma questão de afeição, torcerei pela Yeoh.
Podemos, inadvertidamente, plantar uma flor, regá-la diariamente, cuidar dela com todo o apreço, mas jamais saberemos até onde suas raízes se espalharão, quando e por quem ela será arrancada e como a ausência de suas cores e cheiros será sentida. Tampouco se há culpa para se direcionar. Apenas que a dor e a dúvida sempre vai estar lá, a cada nascer e pôr do sol, variando apenas em intensidade e na busca inevitável por recomeços e por perdão.
Todo mundo sabe que fizeram esse filme - bem contemplativo, quase sem diálogos, diria até que puxado ao experimentalismo, com doses críticas sobre a exploração e maus tratos animais - em honra à memória da minijumentinha de Os Banshees de Inisherin 😓
Mas do nada aparece a Isabelle Huppert??? Enfim, o póbi do burrinho - mais expressivo que Jade Picon e Oscar Nominee moral em Melhor Ator - viajou e teve quase tantas aventuras (aleatórias ou não) quanto a Glória Maria. RIP duplo.
Andrea Riseborough está muito bem num filme que joga no seguro e básico dentro do tema de vícios e "redenções". Porém, ainda prefiro BEM mais a póbi da Danielle Deadwyler: Oscar Nominee moral.
No mais: "Você é o problema da sua vida, não todo o resto." Relatable.
Feito especialmente para uma Sessão da Tarde de luxo (por isso a indicação ao Oscar de Melhor Figurino) com Lesley Manville e Isabelle Huppert contracenando entre sonhos e vestidos.
Se você consegue superar o primeiro filme em qualidade de animação (Aranhaverso fez a escola direitinho, ainda bem), novos personagens (todos com bons arcos fechadinhos e interessantes), dublagem (Wagner Moura Annie Winner moral), referências e em termos de história mesmo (mais coerente e até emocional, mesmo bandeando mais para o tom "conto de fadas" que faltava no primeiro), seu trabalho foi bem feito. Ainda mais para um domingo. E ainda mais pelas promessas que o final traz.
Sempre tive um desejo adormecido de assistir um filme do Steven Spielberg no cinema, e, embora já nos torrents da vida, senti que essa era a oportunidade perfeita de sanar a "dívida" com esse senhor de mente tão genial quanto acalentadora. E foi mesmo, ainda bem, em sua película mais pessoal, como o mesmo diz antes da exibição, sobre sua família e seu cinema, e como ambos o destruíram e o reconstruíram sem o seu controle, mas com todo o seu amor. Havia apenas 8 pessoas na sessão, mas todas puderam presenciar o que é dito antes de um trem bater num carro e chocar um garoto inocente: "Filmes são sonhos que você não consegue esquecer."
Eu certamente não irei esquecer daquela conversa com o tio-avô sobre as artes e percalços de se ter a cabeça dentro da boca de um leão e tentar não partir o coração daqueles que se ama, de um soldado andando sem rumo por sobre os corpos vivos de seu pelotão ao fim das filmagens, das orações para um "Jesus sexy", de uma tarde jovem e agitada na praia, das definições sobre horizontes e interesses, de uma dança campal em camisola transpassada pela luz dos faróis de um carro, pelas chamas de uma fogueira e pelos olhares e lentes vidrados, dos segredos de macaquinhos comendo tomates-cereja, de um tapa marcante nas costas, daquele olhar carregado de uma melancolia inenarrável estampado num rosto forçosamente feliz e daquele jogo marotíssimo de câmera nos últimos segundos do longa - acompanhando um jovem sonhador atravessando, renovado, seu Grand Canyon de estúdios e janelas -, que me deixaram um sorriso indelével no rosto.
Notas de um piano, cliques de unhas vermelhas, pulsos se esvaindo entre a vida e a morte, rolos de fitas cortados... Tudo acontece por uma razão: das lágrimas aos aplausos, da luz à câmera e, finalmente, à ação. Simplesmente Spielberg ❤️
Um pouco além do protocolar, o filme é carregado tanto pela fortíssima e revoltante história real quanto pela grande atuação de Danielle Deadwyler - carregadíssima da dor maternal, geracional e de classe em perder um filho de maneira brutal para um problema que tem a cara pálida, a cor e a raiz violenta do verdadeiro Estados Unidos da América. Até hoje.
"Eu lembrava dele... enquanto meus dedos traçavam a linha dos cabelos dele, e esbarraram nas dobras da sua pálpebra. Ele estava deteriorado e inchado, mas aquelas eram as mesmas partes de um garoto que eu criei e amei. Nada nem ninguém poderia escondê-lo de mim. Uma mãe sabe. Eu sabia que aquele era o meu filho. Emmett Till."
Bastante original e interessante forma de criticar a crítica e a obsessão pelo gourmet e rebuscado (em todas as formas de arte), em vez de prezar pelo básico que agrada a gregos e troianos - mas ainda prefiro meu cuscuz com galinha velha do que pagar caríssimo por emulsões, verduras defumadas e ainda queimar a língua no final.
Explosões de vômito, merda, marxismo vs. capitalismo e inversão de papéis numa discussão bem desconjuntada, mas ainda válida, sobre riqueza, necessidade, demanda, oferta e o poder (de compra ou persuasão) das classes.
Abigail lendária, patrocinada diretamente por Jessie J.
"Why is everybody so obsessed? Money can't buy us happiness Can we all slow down and enjoy right now? Guarantee we'll be feeling alright"
Tecnicamente perfeito em narrativa (a princípio confusa por ser confusa, mas tem validade), atuações e cinematografia, e tem um quê Hitchcockiano que me manteve investido até mesmo quando o seu tom contemplativo - e talvez complacente demais - me fazia sair da trama de idas, vindas, coincidências, investigações, cinzas, neblinas, montanhas e ondas profundamente dilacerantes da condição humana de se perder num amor ou num assassinato (quase um Amor à Flor da Pele envelopado num thriller policial).
Queria ter gostado mais, me cativado mais, mas não deixa de ter muito valor e qualidade.
"Matar é como fumar: só é difícil na primeira vez."
Não tem a mesma qualidade de roteiro e construção de personagens do primeiro filme, nem intriga tanto por ser carregado de obviedades, mas é igualmente satisfatório por motivos de bilionário se lascando junto aos terrores da OMS - além de ser muito divertido e ter Janelle Monáe
"Silêncio. Se um dia Deus vier à terra, haverá silêncio grande. O silêncio é tal que nem o pensamento pensa. O final foi bastante grandiloquente para a vossa necessidade?
Morrendo ela virou ar. Ar energético? Não sei. Morreu em um instante. O instante é aquele átimo de tempo em que o pneu do carro correndo em alta velocidade toca no chão e depois não toca mais e depois toca de novo. Etc. etc. etc.
No fundo, ela não passara de uma caixinha de música meio desafinada. Eu vos pergunto: Qual o peso da luz? E agora - agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também? Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Sim."
"A Bette Davis, Gena Rowlands, Romy Schneider... A todas as atrizes que interpretam atrizes, a todas as mulheres que atuam, aos homens que atuam e se tornaram mulheres, a todas as pessoas que querem ser mães. À minha mãe."
Fui esperando um romance, recebi depressão. Há desprendimento ou superação? Há liberdade ou seria solidão? Há contato ou simplesmente um vazio compartilhado? Este que faz com que nenhuma estrada seja suficiente para alinhar destinos, que se cruzaram por algum tempo, mas que departiram por caminhos diferentes e sem volta num sentir demais que leva quase até as últimas consequências brutais da fronteira entre o amor e o ciúme obsessivo. Que tão logo se torna um sentir nada ou em demasia impeditivos. Que fazem com que um espelho seja reflexivo o suficiente apenas para se enxergar e enxergar o outro, ouvirem-se sem ensaio, mas nunca se tocarem novamente.
Filme tão bonito quanto triste, como um sorriso revelador entre lágrimas após um desabafo, como largar tudo para se expurgar e esquecer, e atravessar um deserto para tentar salvar quem você ama e que um dia destruiu - num ato último de ternura. Ou ainda como um reencontro consolador depois de anos separados. Algumas coisas simplesmente não são para ser, mas outras sempre podem voltar a se tornar.
Quem sabe até 2030 a gente recupere o Brasil dessa espiral diária de "A gente se fudeu, nega" e dessa Lei de Newton criada em 2017 e instaurada em outubro de 2018 baseada numa Atração Gravitacional de Azar, Desânimo, Insobriedade e Desgraça sem precedentes. O Planeta Vermelho está logo ali, mas por ora podemos dizer que estamos vivos, sempre "dando um jeito" pela resiliência essencial de ser brasileiro, e finalmente próximos de encerrar 4 anos nos quais fomos enfiados em uma escuridão total. As estrelas hão de brilhar nos céus mais uma vez, amém.
Entre Mulheres
3.7 262Apesar de a Direção de Fotografia estar nas mãos de Zack Snyder em 70% do filme, roteiro, diálogos e atuações (um crime nenhuma delas ter sido indicada ao Oscar), aqui, são atemporais e mais potentes do que qualquer coisa.
"Sons. Vigas. Amor. Linguagem. Vento. Mulheres."
Nada de Novo no Front
4.0 615 Assista Agora"Não me livrarei de 2 anos de granada de mão como se fossem um par de meias. Nunca vamos nos livrar do fedor."
Elas Por Elas
2.1 27 Assista AgoraErr...
Babilônia
3.6 334 Assista Agora"Um dia, cada pessoa de cada filme estará morta, e, neste dia, todos esses filmes serão recuperados, e seus fantasmas vão jantar juntos, e se aventurarão juntos, irão para a floresta, para a guerra juntos... Uma criança nascida daqui a 50 anos vai esbarrar em sua imagem numa tela e vai sentir como se te conhecesse... Como um amigo, ainda que você tenha dado seu último suspiro antes do primeiro dela. Lhe foi dado um presente, seja grato. Seu tempo acabou, mas você passará a eternidade entre anjos e fantasmas."
Um frenesi tão caótico, trágico, real, mágico, sujo e maravilhoso quanto sua trilha sonora (Justin Hurwitz brabíssimo) e como o próprio cinema é - fora das lentes, feixes de luzes e telonas sonhadoras. Subestimado.
Império da Luz
3.3 66 Assista AgoraErrrrrrrrrrr
Tár
3.7 396 Assista AgoraQuando as perguntas instigam mais que as repostas, a música é movimento, é física corporal, e traduz todos os sentimentos que palavras não podem exultar, Todd Field mescla a verborragia - que faz com que o filme quase se torne uma palestra ou uma matéria enorme sobre as complexidades e nuances da Quarta Arte - com vários não-ditos e elipses de cabelos ruivos e supostos abusos, digitados ou não, e edições de cancelamentos de Twitter, para formular estudo de personagem tão avolumado que mais parece um documentário. Isto por ser tão bem composto, interpretado e regido em termos da acusada "prepotência" austera e "elitismo" nos discursos, os quais, ao meu ver, entendem-se como tais na narrativa.
Mas um documentário, daqueles que possuem passagens custosas e que parecem longas demais, mas que têm tantas camadas calculadas em explosões e ruídos pontuais que culminam no ato pleonástico de chamar Cate Blanchett de "gigante" em cena ou "possuída pela personagem". Esta que realmente parece real, em todas as vertentes: não poupando nem crianças, nem jovens negros e pangêneros, tampouco idosos, da opressão e de sua paixão por música e por outras coisas profundas como o misticismo da Floresta Amazônica.
Curiosa indicação à Melhor Trilha Sonora, uma vez que ela é, aqui, diegética em completude e as faixas praticamente são picotadas nos momentos de orquestra e ensaio (não deixando de ser fantástica). Mas todas as outras valeram demais. Se bem que, por uma questão de afeição, torcerei pela Yeoh.
Close
4.2 543 Assista AgoraPodemos, inadvertidamente, plantar uma flor, regá-la diariamente, cuidar dela com todo o apreço, mas jamais saberemos até onde suas raízes se espalharão, quando e por quem ela será arrancada e como a ausência de suas cores e cheiros será sentida. Tampouco se há culpa para se direcionar. Apenas que a dor e a dúvida sempre vai estar lá, a cada nascer e pôr do sol, variando apenas em intensidade e na busca inevitável por recomeços e por perdão.
A Menina Silenciosa
4.0 131"- Você não precisa dizer nada. Sempre se lembre disso. Muitas pessoas perderam a chance de não dizer nada, e perderam muita coisa por causa disso."
Eo
3.3 97 Assista AgoraTodo mundo sabe que fizeram esse filme - bem contemplativo, quase sem diálogos, diria até que puxado ao experimentalismo, com doses críticas sobre a exploração e maus tratos animais - em honra à memória da minijumentinha de Os Banshees de Inisherin 😓
Mas do nada aparece a Isabelle Huppert??? Enfim, o póbi do burrinho - mais expressivo que Jade Picon e Oscar Nominee moral em Melhor Ator - viajou e teve quase tantas aventuras (aleatórias ou não) quanto a Glória Maria. RIP duplo.
Se Meu Apartamento Falasse
4.3 422 Assista Agora"- O que foi?
- É o espelho, está quebrado.
- Eu sei, eu gosto dele assim. Mostra como eu me sinto por dentro."
A Sorte Grande
3.4 89 Assista AgoraAndrea Riseborough está muito bem num filme que joga no seguro e básico dentro do tema de vícios e "redenções". Porém, ainda prefiro BEM mais a póbi da Danielle Deadwyler: Oscar Nominee moral.
No mais: "Você é o problema da sua vida, não todo o resto." Relatable.
Sra. Harris vai a Paris
3.6 92 Assista AgoraFeito especialmente para uma Sessão da Tarde de luxo (por isso a indicação ao Oscar de Melhor Figurino) com Lesley Manville e Isabelle Huppert contracenando entre sonhos e vestidos.
Gato de Botas 2: O Último Pedido
4.1 452 Assista AgoraSe você consegue superar o primeiro filme em qualidade de animação (Aranhaverso fez a escola direitinho, ainda bem), novos personagens (todos com bons arcos fechadinhos e interessantes), dublagem (Wagner Moura Annie Winner moral), referências e em termos de história mesmo (mais coerente e até emocional, mesmo bandeando mais para o tom "conto de fadas" que faltava no primeiro), seu trabalho foi bem feito. Ainda mais para um domingo. E ainda mais pelas promessas que o final traz.
RRR: Revolta, Rebelião, Revolução
4.1 324 Assista AgoraPura e simplesmente um épico decolonial. Amamos ver.
Os Fabelmans
4.0 389Sempre tive um desejo adormecido de assistir um filme do Steven Spielberg no cinema, e, embora já nos torrents da vida, senti que essa era a oportunidade perfeita de sanar a "dívida" com esse senhor de mente tão genial quanto acalentadora. E foi mesmo, ainda bem, em sua película mais pessoal, como o mesmo diz antes da exibição, sobre sua família e seu cinema, e como ambos o destruíram e o reconstruíram sem o seu controle, mas com todo o seu amor. Havia apenas 8 pessoas na sessão, mas todas puderam presenciar o que é dito antes de um trem bater num carro e chocar um garoto inocente: "Filmes são sonhos que você não consegue esquecer."
Eu certamente não irei esquecer daquela conversa com o tio-avô sobre as artes e percalços de se ter a cabeça dentro da boca de um leão e tentar não partir o coração daqueles que se ama, de um soldado andando sem rumo por sobre os corpos vivos de seu pelotão ao fim das filmagens, das orações para um "Jesus sexy", de uma tarde jovem e agitada na praia, das definições sobre horizontes e interesses, de uma dança campal em camisola transpassada pela luz dos faróis de um carro, pelas chamas de uma fogueira e pelos olhares e lentes vidrados, dos segredos de macaquinhos comendo tomates-cereja, de um tapa marcante nas costas, daquele olhar carregado de uma melancolia inenarrável estampado num rosto forçosamente feliz e daquele jogo marotíssimo de câmera nos últimos segundos do longa - acompanhando um jovem sonhador atravessando, renovado, seu Grand Canyon de estúdios e janelas -, que me deixaram um sorriso indelével no rosto.
Notas de um piano, cliques de unhas vermelhas, pulsos se esvaindo entre a vida e a morte, rolos de fitas cortados... Tudo acontece por uma razão: das lágrimas aos aplausos, da luz à câmera e, finalmente, à ação. Simplesmente Spielberg ❤️
Till: A Busca por Justiça
3.7 67 Assista AgoraUm pouco além do protocolar, o filme é carregado tanto pela fortíssima e revoltante história real quanto pela grande atuação de Danielle Deadwyler - carregadíssima da dor maternal, geracional e de classe em perder um filho de maneira brutal para um problema que tem a cara pálida, a cor e a raiz violenta do verdadeiro Estados Unidos da América. Até hoje.
"Eu lembrava dele... enquanto meus dedos traçavam a linha dos cabelos dele, e esbarraram nas dobras da sua pálpebra. Ele estava deteriorado e inchado, mas aquelas eram as mesmas partes de um garoto que eu criei e amei. Nada nem ninguém poderia escondê-lo de mim. Uma mãe sabe. Eu sabia que aquele era o meu filho. Emmett Till."
O Menu
3.6 1,0K Assista AgoraBastante original e interessante forma de criticar a crítica e a obsessão pelo gourmet e rebuscado (em todas as formas de arte), em vez de prezar pelo básico que agrada a gregos e troianos - mas ainda prefiro meu cuscuz com galinha velha do que pagar caríssimo por emulsões, verduras defumadas e ainda queimar a língua no final.
Triângulo da Tristeza
3.6 731 Assista AgoraExplosões de vômito, merda, marxismo vs. capitalismo e inversão de papéis numa discussão bem desconjuntada, mas ainda válida, sobre riqueza, necessidade, demanda, oferta e o poder (de compra ou persuasão) das classes.
Abigail lendária, patrocinada diretamente por Jessie J.
"Why is everybody so obsessed?
Money can't buy us happiness
Can we all slow down and enjoy right now?
Guarantee we'll be feeling alright"
Decisão de Partir
3.6 143Tecnicamente perfeito em narrativa (a princípio confusa por ser confusa, mas tem validade), atuações e cinematografia, e tem um quê Hitchcockiano que me manteve investido até mesmo quando o seu tom contemplativo - e talvez complacente demais - me fazia sair da trama de idas, vindas, coincidências, investigações, cinzas, neblinas, montanhas e ondas profundamente dilacerantes da condição humana de se perder num amor ou num assassinato (quase um Amor à Flor da Pele envelopado num thriller policial).
Queria ter gostado mais, me cativado mais, mas não deixa de ter muito valor e qualidade.
"Matar é como fumar: só é difícil na primeira vez."
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
3.5 653 Assista AgoraNão tem a mesma qualidade de roteiro e construção de personagens do primeiro filme, nem intriga tanto por ser carregado de obviedades, mas é igualmente satisfatório por motivos de bilionário se lascando junto aos terrores da OMS - além de ser muito divertido e ter Janelle Monáe
explodindo tudo
A Hora da Estrela
3.9 517"Silêncio.
Se um dia Deus vier à terra, haverá silêncio grande. O silêncio é tal que nem o pensamento pensa.
O final foi bastante grandiloquente para a vossa necessidade?
Morrendo ela virou ar. Ar energético? Não sei. Morreu em um instante. O instante é aquele átimo de tempo em que o pneu do carro correndo em alta velocidade toca no chão e depois não toca mais e depois toca de novo. Etc. etc. etc.
Eu vos pergunto: Qual o peso da luz?
E agora - agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também?
Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Sim."
Tudo Sobre Minha Mãe
4.2 1,3K Assista Agora"A Bette Davis, Gena Rowlands, Romy Schneider... A todas as atrizes que interpretam atrizes, a todas as mulheres que atuam, aos homens que atuam e se tornaram mulheres, a todas as pessoas que querem ser mães. À minha mãe."
Paris, Texas
4.3 699 Assista Agora"Era mais fácil quando eu apenas te imaginava."
Fui esperando um romance, recebi depressão. Há desprendimento ou superação? Há liberdade ou seria solidão? Há contato ou simplesmente um vazio compartilhado? Este que faz com que nenhuma estrada seja suficiente para alinhar destinos, que se cruzaram por algum tempo, mas que departiram por caminhos diferentes e sem volta num sentir demais que leva quase até as últimas consequências brutais da fronteira entre o amor e o ciúme obsessivo. Que tão logo se torna um sentir nada ou em demasia impeditivos. Que fazem com que um espelho seja reflexivo o suficiente apenas para se enxergar e enxergar o outro, ouvirem-se sem ensaio, mas nunca se tocarem novamente.
Filme tão bonito quanto triste, como um sorriso revelador entre lágrimas após um desabafo, como largar tudo para se expurgar e esquecer, e atravessar um deserto para tentar salvar quem você ama e que um dia destruiu - num ato último de ternura. Ou ainda como um reencontro consolador depois de anos separados. Algumas coisas simplesmente não são para ser, mas outras sempre podem voltar a se tornar.
Wim, valeu por fechar meu ano assim.
Marte Um
4.1 303 Assista AgoraQuem sabe até 2030 a gente recupere o Brasil dessa espiral diária de "A gente se fudeu, nega" e dessa Lei de Newton criada em 2017 e instaurada em outubro de 2018 baseada numa Atração Gravitacional de Azar, Desânimo, Insobriedade e Desgraça sem precedentes. O Planeta Vermelho está logo ali, mas por ora podemos dizer que estamos vivos, sempre "dando um jeito" pela resiliência essencial de ser brasileiro, e finalmente próximos de encerrar 4 anos nos quais fomos enfiados em uma escuridão total. As estrelas hão de brilhar nos céus mais uma vez, amém.